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Poderes Administrativos

Os poderes administrativos são considerados poderes instrumentais, ou seja, são


os “instrumentos” que permitem à Administração cumprir suas finalidades.

Poder Discricionário

Poder discricionário é o que o Direito concede à Administração, de modo explícito ou


implícito, para a prática de atos administrativos com liberdade na escolha de sua
conveniência, oportunidade e conteúdo.

O juízo de conveniência e oportunidade constitui o denominado mérito administrativo

A faculdade discricionária distingue-se da vinculada pela maior liberdade de ação que é


conferida ao administrador. Se para a prática de um ato vinculado a autoridade pública está
adstrita à lei em todos os seus elementos formadores, para praticar um ato discricionário é
livre, no âmbito em que a lei lhe concede essa faculdade.

A lei, ao regular determinadas situações, definirá a competência do agente mas poderá deixar
a margem de liberdade discricionária de apreciação para a Administração Pública quanto:

 ao momento de realização do ato;


 ao motivo do ato;
 ao conteúdo do ato.

** Verifica-se, portanto que a discricionariedade é sempre relativa e parcial, porque, quanto
à competência, à forma e à finalidade (COM FI FO)do ato, a autoridade está subordinada ao
que a lei dispõe, como para qualquer ato vinculado.

O poder discricionário fundamenta não só a prática, mas também a REVOGAÇÃO de


atos discricionários que a Administração Pública tenha praticado.

Além dos limites impostos expressamente pela própria lei, o poder discricionário também
encontra obstáculo nos princípios administrativos, sobretudo nos princípios da razoabilidade
e da proporcionalidade. Se determinada atuação administrativa ultrapassar esses limites será
considerada arbitrária, o que é sinônimo de conduta ilegal, podendo, assim, ser anulada pela
própria Administração ou pelo Poder Judiciário.

Poder Vinculado

O poder vinculado se relaciona com a prática de atos vinculados, isto é, atos cuja forma de
execução está inteiramente definida na lei.

Os atos vinculados NÃO ADMITEM JUÍZO DE CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE por parte do


administrador público, pois a lei DISCRIMINA TODOS OS ELEMENTOS NECESSÁRIOS À SUA
PRÁTICA.
Na verdade, o poder vinculado não constitui propriamente uma prerrogativa, e sim um dever
que obriga o administrador público a se conduzir rigorosamente em conformidade com os
parâmetros legais.

Poder Disciplinar:

Competente para aplicar sanções àqueles que MANTENHAM UM VÍNCULO ESPECÍFICO COM O
PODER PÚBLICO, interna ou externamente.

O poder disciplinar É CORRELATO COM O PODER HIERÁRQUICO, MAS COM ELE NÃO SE
CONFUNDE. No uso do poder hierárquico, a Administração Pública distribui e escalona as suas
funções executivas; já no uso do poder disciplinar ela controla o desempenho dessas funções.

O poder disciplinar diferencia-se do poder de polícia por decorrer de uma supremacia especial
do Estado sobre aqueles que em razão de uma relação com administração (inclusive
particulares) subordinem-se às normas de funcionamento do serviço ou do estabelecimento.

A doutrina enfatiza que o poder disciplinar da Administração Pública não se confunde com o
poder punitivo do Estado, o qual é exercido pelo PODER JUDICIÁRIO com o objetivo de
reprimir crimes, contravenções e demais infrações de natureza cível e penal previstos em lei.

Com efeito, o poder punitivo do Estado incide sobre QUALQUER PESSOA que pratique algum
ato infrator tipificado em lei, enquanto o poder disciplinar alcança somente pessoas que
POSSUAM ALGUM VÍNCULO JURÍDICO ESPECÍFICO COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, seja
vínculo funcional (ex: servidores e empregados públicos), seja contratual (ex: empresas
particulares contratadas pelo Poder Público ou que firmam convênios de repasse de recursos
públicos).

Informação importante é que, em regra, o poder disciplinar comporta certo grau de


discricionariedade, especialmente no que tange À GRADAÇÃO DA PENALIDADE (ex: valor da
multa, prazo da suspensão etc.) ou mesmo da ESCOLHA DA PENALIDADE a ser aplicada (ex: em
certos casos, a Administração pode escolher se aplica multa, suspensão, advertência etc.).
Porém, deve ser ressaltado que NÃO HÁ DISCRICIONARIEDADE QUANTO AO DEVER DE PUNIR.

Por fim, não é demais lembrar que a aplicação de penalidades administrativas deve ser
sempre devidamente motivada, a fim de assegurar aos interessados o devido direito de
defesa.

Caiu em uma questão:


A aplicação das penas de perda da função pública e de ressarcimento integral do dano em
virtude da prática de ato de improbidade administrativa situa-se no âmbito do poder
disciplinar da administração pública.

Gabarito: O item está errado. O poder disciplinar permite à Administração apurar e aplicar
penalidades administrativas a seus servidores e às demais pessoas sujeitas à disciplina interna
do Poder Público. Já o processamento e o julgamento das ações de improbidade
administrativa, com a consequente aplicação das penas correlatas, de natureza civil e política,
competem ao Poder Judiciário, no exercício do poder punitivo do Estado.

Poder Hierárquico

ORGANIZAÇÃO DA ATUAÇÃO DOS ÓRGÃOS E AGENTES PÚBLICOS

Escalonamento em plano vertical dos órgãos e agentes da Administração que tem como
objetivo a organização da função administrativa

SUPERIOR E SUBORDINADOS (AGENTES PÚBLICOS)

O poder hierárquico confere uma série de prerrogativas aos agentes públicos


hierarquicamente superiores em relação aos seus respectivos subordinados:
a) ordens: expedição de ordens, nos estritos termos da lei, que devem ser cumpridas pelos
subordinados, salvo as ordens manifestamente ilegais;
b) controle ou fiscalização: verificação do cumprimento por parte dos subordinados das ordens
administrativas e das normas vigentes;
c) alteração de competências: nos limites permitidos pela legislação, a autoridade superior
pode alterar competências, notadamente por meio da delegação e da avocação;
d) revisional: possibilidade de rever os atos praticados pelos subordinados para anulá-los,
quando ilegais, ou revogá-los por conveniência e oportunidade, nos termos da respectiva
legislação;
e) resolução de conflitos de atribuições: prerrogativa de resolver, na esfera administrativa,
conflitos positivos ou negativos de atribuições dos órgãos e agentes subordinados; e
f) disciplinar: apurada eventual irregularidade na atuação funcional do subordinado, a
autoridade superior, após o devido processo legal, garantindo a ampla defesa e o
contraditório, deverá aplicar as sanções disciplinares tipificadas na legislação.

O controle hierárquico permite que o superior aprecie todos os aspectos dos atos de seus
subordinados, não se restringindo, assim, a questões de legalidade, mas também abrangendo
o mérito administrativo. Pode o superior, por exemplo, por razões de conveniência e
oportunidade, não concordar com determinada proposta formulada por subordinado seu,
decidindo de forma diversa.

Detalhe é que o controle hierárquico pode ocorrer de ofício ou mediante provocação dos
interessados, por meio de recursos hierárquicos

O superior pode DELEGAR e AVOCAR

DELEGAR: Dar atribuição.


Lei 9784/99-
Um órgão administrativo e seu titular poderão, SE NÃO HOUVER IMPEDIMENTO LEGAL,
delegar PARTE DA SUA COMPETÊNCIA a outros órgãos ou titulares, AINDA QUE ESTES NÃO LHE
SEJAM HIERARQUICAMENTE SUBORDINADOS, quando for conveniente, em razão de
circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.(TSE JT)”

A delegação de competências é um ATO DISCRICIONÁRIO e, por isso, REVOGÁVEL A


QUALQUER TEMPO.

Ressalte-se que a delegação transfere o mero exercício de uma competência, permanecendo


a titularidade dessa competência com a autoridade delegante, a qual não pode renunciar a
suas responsabilidades, visto que elas sempre decorrem de lei.

AVOCAR: Chamar para si.


A avocação é um procedimento SEMPRE: EXCEPCIONAL, MOTIVADO E TEMPORÁRIO.
Ademais, não pode incidir sobre a COMPETÊNCIA DE NATUREZA EXCLUSIVA.

Lei 9784-
“Será permitida, em CARÁTER EXCEPCIONAL e por MOTIVOS RELEVANTES DEVIDAMENTE
JUSTIFICADOS, a avocação TEMPORÁRIA de competência atribuída a órgão hierarquicamente
inferior.”

Obs:
O Poder Hierárquico fundamenta a interposição de RECURSO HIERÁRQUICO PRÓPRIO, que é
aquele dirigido à autoridade imediatamente superior.

Obs 2:

Importante ressaltar que o poder hierárquico não depende de lei que expressamente o
preveja ou que estabeleça o momento do seu exercício ou os aspectos a serem controlados.
Ele é inerente à organização administrativa hierárquica, possuindo caráter IRRESTRITO,
PERMANENTE E AUTOMÁTICO

Caiu na FGV

1. Determinado Estado com base em previsão legal destituiu o presidente de determinada


empresa pública.
Esse ato não é baseado no poder hierárquico, mas naquilo que se chama TUTELA
ADMINISTRATIVA (Que é justamente o controle que a administração direta possui sobre a
administração indireta).
A Adm Indireta não é subordinada hierarquicamente a Adm. Direta.

2. O poder hierárquico tem por objetivo coordenar, controlar e definir as atividades


administrativas, no âmbito interno da Administração.
Esse item é falso. Item de pura maldade... Está CORRETO afirmar que coordenar e controlar
as atividades administrativas são objetivos do poder hierárquico. Mas DEFINIR, NÃO! A
definição da atividade administrativa é feita por meio da NORMA, da Lei, em sentido lato. Por
isso, o item está ERRADO.

Poder Normativo/Poder Regulamentar


Poder de Polícia

Poder Regulamentar

O exercício do poder regulamentar encontra fundamento no art. 84, IV, da Constituição


Federal, consistindo na competência atribuída aos Chefes de Poder Executivo para que
editem NORMAS GERAIS E ABSTRATAS destinadas a detalhar as leis, possibilitando a sua fiel
execução.

Em regra, o exercício do poder regulamentar se materializa na edição de:

§ Decretos e regulamentos, os chamados decretos de execução ou decretos regulamentares,


que têm por objetivo definir procedimentos para a fiel execução das leis, nos termos do art.
84, IV da CF5; ou de
§ Decretos autônomos, que têm como objetivo dispor sobre determinadas matérias de
competência dos Chefes do Executivo, listadas no inciso VI do art. 84 da CF6, as quais não
são disciplinadas em lei.

Obs:

É fato, porém, que no Brasil, além dos Chefes do Poder Executivo, diversos órgãos e
autoridades administrativas, e mesmo entidades da administração indireta, também editam
atos administrativos normativos.

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