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PODERES

ADMINISTRATIVOS
PODERES ADMINISTRATIVOS
O exercício da função administrativa, pelo Estado, exige a necessidade de algumas
prerrogativas e poderes para viabilizá-la. Esse, inclusive, é um viés do regime jurídico
administrativo resultado da supremacia do interesse público.

Ocorre que, para que a Administração Pública alcance o interesse coletivo, é


indispensável que o ente público tenha algumas facilidades, em detrimento do particular,
no exercício de sua atividade.

Estes poderes são instrumentais, ou seja, não são poderes em si mesmos, mas sim
instrumentos por meio dos quais os órgãos e entidades administrativas executam suas
tarefas e cumprem suas funções, buscando sempre o fim coletivo.

Os poderes podem ser:

Vinculados: critérios objetivos definidos em lei, sem margem de escolha.

O Poder Vinculado relaciona-se com a prática de atos vinculados - atos cuja forma
de execução está inteiramente definida na lei, não permitindo juízo de conveniência
e nem de oportunidade por parte do administrador.

Discricionários: existe margem de escolha, ainda que nos limites da lei.

O Poder Discricionário confere prerrogativa para a prática de atos discricionários, isto


é, atos cuja execução admite certa margem de flexibilidade – juízo de conveniência e
oportunidade, o chamado mérito administrativo - por parte dos agentes estatais, mas
sempre dentro dos limites legais, atendendo aos interesses coletivos.

Conceitos Jurídicos Indeterminados

Nem sempre a margem de escolha vem explícita. Pode vir disfarçada com Conceitos
Jurídicos Indeterminados.
Ex: Quando saber que alguém agiu de “boa-fé”? haverá discricionariedade do agente,
que deve se pautar na Razoabilidade.

O judiciário não pode fazer controle de mérito, apenas de legalidade.

ESPÉCIES DE PODERES ADMINISTRATIVOS

> Poder Normativo

> Poder Hierárquico

> Poder Disciplinar

> Poder de Polícia

PODER NORMATIVO/REGULAMENTAR

O Poder Normativo é o poder, conferido à Administração Pública, de expedir atos


administrativos gerais e abstratos com efeitos erga omnes. Não se trata de poder que
permite a edição de leis, mas apenas permite a edição de normas que facilitam a
compreensão e execução das leis.

Ainda acerca do Poder Regulamentar, cumpre esclarecer que o Regulamento e o


Decreto constituem o mesmo ato normativo. Isso porque o Regulamento é o ato
normativo privativo do chefe do Poder Executivo, seja federal, estadual ou municipal, e
Decreto é a sua forma. Em suma, o Regulamento é expedido por meio de Decreto.

O regulamento é ato PRIVATIVO do chefe do poder executivo (Presidente da República,


Governador ou Prefeito)

Para o direito internacional, os regulamentos se dividem entre:

- Executivos: para fiel execução da lei. Ou seja, caso inove o ordenamento jurídico,
haverá violação ao Princípio da Legalidade.

- Autônomos: aquele expedido para substituir o texto legal. Ou seja, inovam o


ordenamento jurídico.
EXCEÇÃO!

STF - Os regulamentos autônomos são vedados no ordenamento jurídico brasileiro, a


não ser pela exceção do art. 84, VI, da Constituição Federal.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

VI – dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento


de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

PODER HIERÁRQUICO

Tal poder não depende de lei, sendo inerente à organização administrativa, possuindo
caráter permanente e automático. Diferente da tutela administrativa que só pode ser
exercida nos termos e limites legais.

O poder hierárquico trata-se de atribuição concedida ao administrador para organizar,


distribuir e principalmente escalonar as funções de seus órgãos.

Vertical: atos de subordinação. Ex: Ministério da Saúde, superior ao SUS.

Horizontal: atos de coordenação. Ex: Ministério da Saúde na Saúde, Ministério da


Economia na economia.

Não existe hierarquia entre pessoas jurídicas DISTINTAS!

Conceitos importantes:

Delegação de competências: a delegação de competências é o ato pelo qual o


superior confere o exercício temporário de alguma atribuição sua a outro agente
público, não necessariamente a um subordinado. É um ato discricionário e, por isso,
revogável a qualquer tempo. A delegação transfere o mero exercício, permanecendo a
titularidade com o superior hierárquico. Não podem ser objeto de delegação:

Edição de atos de caráter normativo;

Decisão de recurso administrativo; e

Matérias de competência exclusiva.

Avocação de competência: ocorre quando o superior toma para si o exercício, também


temporário, de determinada atividade exercida por um subordinado. É ato
discricionário e de caráter excepcional.

PODER DISCIPLINAR

É a possibilidade de a Administração Pública aplicar sanções àqueles submetidos à sua


ordem administrativa interna, quando comentem infrações. Portanto, é o poder de
aplicar sanções àqueles que têm um vínculo especial com a administração pública, que
pode ser de natureza hierárquica ou de natureza contratual.

PODER DE POLÍCIA

É a atividade da Administração Pública que condiciona ou restringe o uso de bens, o


exercício de direitos e a prática de atividade privadas, com vistas a proteger os interesses
gerais da coletividade. Ademais, conforme se depreende, este poder incide sobre bens,
direitos e atividades, e não sobre pessoas.

O poder de polícia decorre do poder extroverso do Estado, haja vista impor obrigações
e regras de conduta aos administrados.

O artigo 78 do Código Tributário Nacional define o poder de polícia como sendo a


“atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e
do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e
aos direitos individuais ou coletivos”.

Existem 02 tipos de polícia:

Polícia judiciária: são corporações especializadas, e incidem sobre pessoas na punição


e prevenção na prática de ilícitos PENAIS. Seu trâmite inicia na esfera administrativa, e
termina na judicial.

Polícia administrativa: Incide sobre bens e direitos, condicionando-os à busca pelo


interesse da coletividade. Se inicia e encerra na esfera administrativa.

O Poder de Polícia pode se manifestar por:

Normas gerais: Aplicadas a todos. Ex: nessa rua ninguém pode estacionar

Atos individuais: Aplicadas a indivíduos específicos. Ex: Aplicação de multa

O Poder de Polícia pode ser:

Preventivo: Ocorre quando o estado quer evitar um prejuízo à coletividade. Ex: Licença,
autorização.

Repressivo: Ocorre quando o estado quer reprimir uma má conduta. Ex: Multa

Os atos do Poder de Polícia podem ser:

Discricionários: É a regra! Existe margem de escolha.

Vinculados: É exceção, mas existe.

Atributos/características:

- Discricionariedade: A discricionariedade consiste na liberdade de escolha da


autoridade pública sobre a conveniência e oportunidade do exercício do poder de
polícia. No entanto, embora a discricionariedade dos atos de polícia seja a regra, em
algumas situações o exercício do poder de polícia é vinculado, não deixando margem
para que a autoridade responsável possa fazer qualquer tipo de opção.

- Imperatividade: poder de impor obrigações ao particular, independentemente de


sua aceitação;

- Coercibilidade/exigibilidade: A coercibilidade é o atributo do poder de polícia que


faz com que o ato seja imposto ao particular, independentemente de sua
concordância. Em outras palavras, o ato de polícia, como manifestação do ius imperii
estatal, não depende da concordância do particular para que seja válido e eficaz. A
coercibilidade é indissociável da autoexecutoridade, e o ato de polícia só é
autoexecutável porque dotado de força coercitiva.

- Auto-executoriedade: Administração exercendo as próprias decisões sem


interferência do Poder Judiciário. Decorre de lei, ou situação de urgência.
Extra!

Conselhos Profissionais

Os conselhos profissionais atuam através do Poder de Polícia, pois eles limitam o


exercício da liberdade profissional.
Ciclos de Polícia

1. Ordem de Polícia: impõe restrições, independente da aceitação;

2. Consentimento de Polícia: a lei autoriza o exercício de determinada atividade


condicionada à aceitabilidade estatal;

3. Fiscalização de Polícia: controla e verifica o cumprimento das atividades submetidas


ao poder de polícia;

4. Sanção de Polícia: aplicação de sanções quando verificado o descumprimento das


normas impostas pelo Poder Público.

CAI EM PROVA!

- O poder de polícia não pode ser delegado a particulares, com exceção dos atos
de fiscalização e consentimento.

Prescrição

As sanções decorrentes do poder de polícia devem ser aplicadas no prazo de 5 ANOS,


contados do ato lesivo, ou no caso de permanente ou continuada, do dia em que cessar.

Art. 1º, da Lei 9.873/99. Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração
Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar
infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração
permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.

Ressalva: Se for instaurado o processo administrativo para aplicação das sanções de


polícia, e este ficar parado por 3 anos, ocorre prescrição intercorrente.

Sendo crime, a prescrição será a da lei penal!


USO E ABUSO DE PODER

O abuso de poder pode acontecer quando o ato administrativo é praticado fora dos
limites legalmente postos, ou em situações nas quais o agente público deixa de exercer
uma atividade imposta a ele por lei.

Podemos dividir em 02:

Excesso de Poder Desvio de Poder/Finalidade


O agente público atua fora dos limites, O agente público atua nos limites da sua
extrapolando sua competência definida em competência, mas visa uma finalidade
lei. diversa daquela que estava prevista
inicialmente.

O abuso de poder enseja a NULIDADE do ato administrativo.

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