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PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CONCEITO

O Direito Administrativo é a esfera do Direito Público que trata dos princípios


e das regras que disciplinam a função administrativa que é exercida por agentes
públicos, órgãos, pessoas jurídicas de Direito Público, assim como atividades que
sejam desempenhadas pela Administração Pública.
Dentro dessa esfera, existem os Poderes da Administração Pública, que se
constituem em verdadeiras prerrogativas, indispensáveis à boa condução da coisa
pública, devendo ser exercidos sempre que o interesse público solicitar. Por isso,
são chamados de “poder-dever”.
Os poderes da Administração Pública decorrem do princípio da supremacia
do interesse público e do princípio da indisponibilidade do interesse público.
O uso desses poderes garante a preservação dos interesses da coletividade.
Eles permitem a aplicação do interesse público, logo, são irrenunciáveis.
Quando determinado agente público usa suas competências fora dos limites
legais pratica Abuso de Poder (gênero). O abuso de poder é gênero, cujas espécies
são:
1. Excesso de poder;
2. Desvio de poder (ou Desvio de Finalidade ou Tredestinação).
No excesso de poder, o agente inicia a conduta dentro da lei, mas, em
momento posterior, ultrapassa os limites, violando razoabilidade e
proporcionalidade. Para doutrina, o excesso de poder ocorre quando o agente
excede os limites de sua competência. Em paralelo, no desvio de poder (ou Desvio
de Finalidade/ Tredestinação) o agente usa os poderes visando interesse alheio.

CARACTERÍSTICA DOS PODERES DA ADMINISTRAÇÃO


1. Visam a consagração do interesse público (primário);
2. Caracterizam-se como prerrogativas dos agentes estatais;
3. São poderes instrumentais;
4. São poderes-deveres (ou deveres-poderes…);
5. São limitados;
6. São irrenunciáveis;
7. Devem ser obrigatoriamente exercidos.
O poder legislativo e o poder judiciário, no exercício da função administrativa
(função atípica), podem exercer os poderes da administração. O exercício dos
poderes da administração encontram-se na lei (princípio da legalidade). Não é
possível renunciar os poderes da administração e devem ser obrigatoriamente
exercidos.

Espécies de Poder
1. Poder Vinculado;
2. Poder Discricionário;
3. Poder Disciplinar;
4. Poder Hierárquico;
5. Poder Regulamentar;
6. Poder de Polícia;

Poder Hierárquico
Conceito
O poder hierárquico é o poder do Executivo de distribuir e escalonar as funções de
seus órgãos.Fala-se que o poder hierárquico está no aspecto organizacional da
Administração Pública.
Também por meio do poder hierárquico, o poder executivo ordena e revisa a
atuação de seus agentes. É importante observar que, como regra, o poder
hierárquico é aplicado no âmbito do poder executivo. Porém, nada impede que o
poder legislativo e judiciário lancem mão do poder hierárquico quando no exercício,
de forma atípica, da função administrativa.
Com base na hierarquia, a instância superior tem o comando e a instância inferior
tem o dever de obediência, devendo, portanto, executar as atividades em
conformidade com as determinações superiores.
Contudo, os subordinados não se submetem a todas as ordens. As ordens
manifestadamente ilegais não devem ser cumpridas pelos subordinados.

Atividades desse poder:


Não há hierarquia, por exemplo, entre diferentes pessoas jurídicas, entre os
Poderes da República ou entre os entes da Administração Direta e as entidades da
Administração Indireta. Neste último caso, há vinculação. Assim, a relação entre
uma secretaria e suas superintendências é de subordinação. Já a relação entre a
União e suas Autarquias é de vinculação (não há hierarquia!).
A doutrina aponta como decorrência do poder hierárquico as prerrogativas,
exercidas pelo superior para seus subordinados, de dar ordens, fiscalizar,
controlar, aplicar sanções, delegar e avocar competências. A prerrogativa de
dar ordens, também chamada de poder de comando, permite que o superior
hierárquico assegure o adequado funcionamento dos serviços sob sua
responsabilidade. Para isso, não só dá ordens diretas, como também edita atos
administrativos ordinatórios, que obriga a todos os agentes subordinados a
executar tarefas neles disciplinada.
 Dar ordens;
 Editar atos normativos com o objetivo de ordenar a atuação dos
subordinados;
 Delegar competências;
 Avocar atribuições;
 Aplicar sanções.
Os servidores são obrigados a acatar e cumprir essas ordens (dever de
obediência), exceto quando manifestamente ilegais.
Lei 8.112/90, Art. 116.  São deveres do servidor:
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;    
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
O poder-dever de fiscalização diz respeito ao acompanhamento
permanente, pelo superior, da atuação de seus subordinados. O poder de controle
inclui a manutenção dos atos válidos, a convalidação de atos com defeitos sanáveis,
a anulação de atos ilegais e a revogação de atos discricionários.
O controle hierárquico é irrestrito, permanente e automático, isto é, não
depende de lei que expressamente o preveja. Ele permite que o superior aprecie
todos os aspectos dos atos de seus subordinados.A aplicação de sanções nem
sempre decorre do poder hierárquico. Somente se aplicam as relativas às infrações
funcionais.
A delegação de competências é revogável a qualquer tempo. Ela confere
ao delegado o mero exercício de uma competência. O agente delegante não pode
renunciar as suas competências ou transferir a titularidade, pois estas decorrem
sempre de lei. A avocação é o ato em que o superior traz para si o exercício
temporário de determinada competência atribuída a um subordinado. Esta
medida é excepcional e deve ser devidamente fundamentada. Não é possível a
avocação quando se tratar de competência exclusiva do subordinado.
Ademais, a Lei do Processo Administrativo n. 9.784/99 prevê dois institutos
relacionados com o poder hierárquico: a delegação e a avocação de competências:
 Delegação de competência(Artigo 12 da Lei 9.784): A lei determina as
atribuições dos agentes e dos órgãos públicos pertencentes à Administração
Pública. Entretanto, para atender a conveniências técnicas, sociais,
econômicas, jurídicas ou territoriais, é possível a quem detém a competência
legal distribuir transitoriamente parcela de suas atribuições por meio do
instituto da delegação. Assim, um órgão administrativo ou seu titular poderão
delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que
estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social,
econômica, jurídica ou territorial e considerar-se-ão editadas pelo delegado.
 Avocação de competência: Diante de motivos relevantes devidamente
justificados, o art. 15 da Lei n. 9.784/99 permite que a autoridade
hierarquicamente superior chame para si a competência de um órgão ou
agente subordinado. É medida excepcional e temporária pela qual
determinada competência administrativa é convocada pela autoridade
superior. Ao contrário da delegação, a avocação só pode ser realizada
dentro de uma mesma linha hierárquica, denominando-se avocação vertical.
Não existe, no direito brasileiro, avocação horizontal, que é aquela realizada
entre órgãos ou agentes dispostos sem subordinação hierárquica.

Condições para uso do poder hierárquico


 Dentro da mesma pessoa jurídica;
 Deve haver subordinação (diferente de vinculação);
 Não se fala em hierarquia entre os Poderes (Executivos, Legislativos e
Judiciários).
Ressalta-se também que quando o ato normativo tem como objetivo ordenar a
atuação dos subordinados, é considerado poder hierárquico e não regulamentar.
Exemplo: quando uma entidade da administração indireta resolve distribuir
internamente suas competências, criando os órgãos públicos, estamos diante de
uma relação hierárquica, uma vez que estamos no âmbito de uma mesma pessoa
jurídica. Quando ocorre a criação de uma autarquia, entidade integrante da
administração pública indireta, não estamos diante de uma relação hierárquica, uma
vez que a subordinação não está presente entre pessoas jurídicas distintas.

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