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Nos termos do 44º/3 são atos ordinários, segundo Freitas do Amaral, aqueles que
atos que não são definitivos (ex. atos preparatórios e atos de execução), atos de
definitivos que não sejam vinculados ou cuja a discricionariedade não tenha significado
ou alcance inovador na orientação geral da entidade pública a que pertence o órgão.
A lei exclui no artigo 45º do CPA a delegação total de poderes, embora alguns
autores o admitam Freitas do Amaral não entende que faça qualquer sentido pois, além
de outras coisas, isso permitiria ao delegado auto sancionar-se.
Quais os requisitos do ato de delegação?
a) Quanto ao conteúdo: a especificação dos poderes delegados, nos termos do
art.º 47/1. A indicação dos poderes delegados deve ser feita positivamente,
ou seja, devem ser enumerados quais os atos que podem ser praticados e
quais os poderes delegados.
Em caso de dúvida na interpretação da delegação de poderes, há que interpretar como se
delegante não quisesses delegar os poderes indelegáveis. Nos termos do art.º 47º/1 2ª
parte deve ainda ser feita referência expressa à norma que atribui o poder delegado, bem
como da norma habilitante da delegação.
b) Quanto à publicação: na falta de disposição especial, a publicação do ato de
delegação deve ser feita nos termos do art.º 47º/2 em conjugação com o 159º.
c) Falta de algum dos requisitos exigidos por lei : os requisitos relativos ao
conteúdo são requisitos de validade, pelo que a sua falta gera a invalidade do
ato de delegação. Quanto à publicação são requisitos de eficácia, donde se a
sua falta implica ineficácia do ato de delegação.
No tocante ao art.º 49º/1 é importante notar que:
Princípio da descentralização;
Princípio da desconcentração;
Princípio da participação dos particulares na gestão da administração.
Adequação;
Necessidade (ou proibição do excesso);
Razoabilidade (ou proporcionalidade em sentido restrito).
Organização Administrativa
As principais funções administrativas do Governo que podemos retirar do 199º são:
O governo é o órgão principal da Administração Pública uma vez que cabe a ele
dirigir a administração direta do Estado, bem como exercer poderes de orientação
(superintendência) sobre a administração indireta do Estado e poderes de controlo
(tutela) sobre a administração autónoma.
A atuação colegial do Governo só é necessária naqueles casos em que a lei
expressamente imponha que a deliberação seja tomada pelo Conselho de Ministros. No
silêncio da lei a ação governativa é sempre de cariz individual (ex. seja o PM, um
Ministro ou um secretário de Estado).
Não há, juridicamente, qualquer forma de hierarquia entre os diferentes
membros do governo. Há relações de supremacia ou subordinação política de uns face
aos outros, mas não há hierarquia em sentido jurídico.
Os Ministros podem exercer os poderes de superior hierárquico sobre todo o
pessoal do seu ministério (ex. diretores gerais, serviços; mas não sobre secretários de
Estado e subsecretários).
Os ministérios são os departamentos da administração central do Estado
dirigidos pelos Ministros respetivos.
São órgãos consultivos da Administração Direta do Estado:
a) a PGR;
b) O Conselho Económico e Social;
c) Conselho Superior de Defesa Nacional;
d) Conselho Superior de Segurança Interna;
e) Etc.
São órgãos de controlo:
a. O tribunal de Contas;
b. Inspeção-Geral de Finanças.
Os serviços de gestão administrativa são os serviços da administração central do
Estado que integrados num ou noutro ministério, desempenham funções administrativas
de gestão que interessam a todos os departamentos da administração central do Estado.
Os órgãos administrativos independentes surgem pois, desde cedo, a
Constituição subtraiu ao Governo pequenos núcleos de funções administrativas que-
pela especial sensibilidade das matérias em causa e, sobretudo, pela sua estreita ligação
à tutela de direitos, liberdades e garantias- requerem um nível de independência política
com a pura e simples integração nas estruturas administrativas do Governo.
São assim órgãos da administração independente, não estando sujeitos por parte
do Governo nem a poderes de direção, superintendência e tutela:
a. O Provedor de Justiça;
b. A Comissão Nacional de Eleições;
c. A Comissão Nacional de Proteção de Dados;
d. Entidade Reguladora da Comunicação Social;
e. Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos;
f. Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República.
A administração periférica é o conjunto de órgãos e serviços de pessoas
coletivas públicas que dispõem de competência limitada a uma área territorial restrita, e
funcionam sob a direção dos correspondentes órgãos centrais.
A transferência dos serviços periféricos dá-se quando, por exemplo, a lei
encarrega as câmaras municipais de dirigir certos serviços periféricos do Estado,
mantendo a natureza de serviços estaduais.
A administração estadual indireta pode ser definida como o conjunto das
entidades públicas que desenvolvem, com personalidade jurídica própria e autonomia
administrativa, ou administrativa e financeira, uma atividade administrativa destinada
à realização de fins do Estado.
Podemos dizer que o instituto público é uma pessoa coletiva pública, de tipo
institucional, criada para assegurar o desempenho de determinadas funções
administrativas de caracter não empresarial, pertencentes ao Estado ou a outra pessoa
coletiva pública.
A missão de qualquer instituto público é assegurar o desempenho de funções
administrativas- não há institutos públicos para o exercício de funções privadas, nem
para o exercício de funções públicas não administrativas. Nos termos do artigo 8º/3 da
Lei Quadro os institutos públicos só podem tratar das matérias específicas que
justificaram a sua criação, não podendo as suas atribuições ser de cariz indeterminado
nem genéricas.
Temos assim 3 tipos de institutos públicos:
Os serviços personalizados;
As fundações públicas;
Os estabelecimentos públicos.
O território;
O agregado populacional;
Os interesses próprios deste;
Órgãos representativos da população.
Regulamento Administrativo
Em administrativo leis orgânicas são aquelas que definem a organização de
determinadas estruturas administrativas.
Uma distinção entre lei e regulamento, classicamente, é que a lei tem carácter
inovador, enquanto o regulamento tem mero carácter concretizador. Isto fazia sentido
até surgir o conceito de regulamento autónomo (ver Freitas do Amaral). Tem que
haver sempre uma lei habilitante para que haja regulamento administrativo (art.º
136º/1 CPA)
Na definição de Freitas do Amaral os regulamentos administrativos são as
normas jurídicas emanadas do poder administrativo por um órgão da Administração
ou por outra entidade pública ou privada para tal habilitada por lei.
Do ponto de vista material, o regulamento consiste em normas jurídicas, é então
uma regra de conduta da vida social dotada de generalidade e abstração. A generalidade
implica que o comando regulamentar se aplica a uma pluralidade de destinatários; a
característica da abstração concretiza-se na circunstância de o comando regulamentar se
aplicar a uma ou mais situações definidas pelos elementos típicos constantes da previsão
normativa.
Do ponto de vista orgânico-formal é, por via de regra, ditado por um órgão de
uma pessoa coletiva pública integrante da AP.
Do ponto de vista funcional o regulamento é emanado no exercício do poder
administrativo.
Segundo Freitas do Amaral os regulamentos independentes ou autónomos são
aqueles regulamentos que os órgãos administrativos elaboram no exercício da sua
competência, para assegurar a realização das suas atribuições específicas, sem cuidar
de desenvolver ou completar nenhuma lei em especial. Na visão do Ilustre autor, estes
são expressão da autonomia com que a lei quer distinguir certas entidades públicas,
confiando na capacidade de autodeterminação e no melhor conhecimento de que
normalmente desfrutam acerca das realidades com que têm de lidar.
Na terminologia de Marcello Caetano o regulamento administrativo é norma
jurídica de caráter geral e execução permanente dimanada de uma autoridade
administrativa competente sobre matéria própria da sua competência.
Relativamente à dependência da lei temos 2 tipos de regulamentos:
Complementares ou de execução: desenvolvem e detalham uma determinada lei,
em cujo texto a sua emissão se encontra expressamente prevista (a sua validade
depende da identificação do diploma legal que regulamenta).
Independentes ou autónomos- não se referem a nenhuma lei em especial (assim só
têm que identificar a norma legal que atribui competência regulamentar ao autor
do mesmo).
Temos 3 importantes limites ao poder regulamentar:
1. Radica na reserva de competência legislativa da AR (art.º 164º e 165º)- nestas
matérias o Governo só pode aprovar regulamentos de execução.
2. O decorrente do artigo 241º da CRP
3. Os regulamentos administrativos não podem ter eficácia retroativa.
A preferência de lei consubstancia-se na ideia de que estão interditas as atuações
administrativas que contrariem a lei; quando tal aconteça prefere-se a lei ao ato da
administração (aquela prevalece sobre este). Contudo, atualmente já não se entende que
a legalidade apenas se identifique com a lei, mas sim com a ordem jurídica globalmente
considerada, falando-se então de um bloco de legalidade. (Art.º 3º/1 do CPA evidencia
isto ao diferenciar a lei e o direito.
A reserva de lei evidencia-se nos artigos 18º, bem como no 166º/2 e 3, já os
artigos 161º, 164º e 165º não podem evidenciar tal reserva porque: 1) respeitam a
reservas de competência e não a uma reserva de forma ou função e 2) visam regular as
relações entre dois órgãos de soberania quanto à função legislativa.