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HIERARQUIA E
PODER HIERÁRQUICO
● Características
a) natureza de ordem pública: pois sua definição é estabelecida pela lei, estando sua alteração
fora do alcance das partes;
● Distribuição de Competências
Todavia, as competências atribuídas pela Constituição a cada entidade da federação são muito
amplas, o que pode gerar alguns conflitos, assim como no exercício das competências
concorrentes. Como mencionado supra, é preciso de uma organização interna dos entes para
exercer essas competências amplas.
O prof. Alexandre Mazza nos leciona que a doutrina classifica as desconcentrações em diversas
espécies, segundo o critério empregado para repartir as competências entre diversos órgãos
públicos:
O STJ, por meio do AgRg no RHC 48222-PR bem explica sobre a desconcentração: “(...) 2. Nos
termos da teoria do órgão, a vontade da pessoa jurídica deve ser atribuída aos órgãos que a
compõe, por meio da desconcentração administrativa. Nessa perspectiva, corolário da teoria do
órgão é a teoria da imputação volitiva, cuja consequência é a imputação da vontade do órgão
público à pessoa jurídica correlata. Os entes federativos manifestam, pois, sua a vontade por
meio de órgãos públicos (...)” (STJ, AgRg no RHC 48222-PR, rel. Min. Ribeiro Dantas, 5a Turma,
j. 16-2-2017, DJe 24-2-2017).
Neste ponto, é importante notar que o poder hierárquico se desenvolve sempre no âmbito de
uma mesma pessoa jurídica. Em outras palavras, não há hierarquia entre pessoas jurídicas
diversas, de modo que o controle finalístico exercido pela Administração direta em relação às
entidades da Administração indireta não é um exemplo de poder hierárquico, mas sim de poder
de tutela. Trata-se de um poder interno, porém permanente, exercido pelos chefes de
repartição sobre seus agentes subordinados e pela administração central em relação aos órgãos
públicos. Envolve atribuições de comando, chefia e direção.
Além disso, a hierarquia justifica a possibilidade de o agente público anular ou revogar atos de
alguém que lhe é subordinado. Justifica também as hipóteses de delegação e avocação de
competência.
Delegar significa uma ampliação de competência. Dessa forma, quem não tinha competência
passa a ter, em virtude da delegação. Exemplo: A delega para B; quem pratica o ato é B. Logo,
quem responde é B. A delegação de competência não depende de hierarquia entre os órgãos,
mas é sempre específica, não sendo admitida delegação na modalidade genérica.
Para parte da doutrina, ainda que não haja previsão legal, seria plenamente possível a delegação
de competência, uma vez que seria decorrência do próprio poder hierárquico do
órgão/entidade, sendo apenas uma técnica de gestão administrativa quando há acúmulo de
serviços.
Sobre o tema, ver a Súmula 150 do STF:
Já a avocação é uma tomada de competência, ou seja, quem não é competente toma para si a
competência. Aqui temos um requisito: só se admite avocação de competência de agente de
hierarquia inferior. Em outras palavras, ocorre quando o agente chama para si a competência
de outro agente, sendo de caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente
justificados, conforme o art. 15 da Lei 9.784 (Lei de Processo Administrativo Federal - Art. 15.
Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a
avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.)
OBS: vale lembrar que a Lei 9.784 expressamente proíbe a delegação de competência (e,
consequentemente, a avocação) nas três situações a seguir:
A DELEGABILIDADE É REGRA.
Questões Objetivas
Gabarito: Alternativa E
Vejamos as assertivas.
Conforme estudado no material, a Lei 9.784 expressamente proíbe a delegação de competência
em três situações, sendo uma delas, no caso de competência exclusiva, definida em lei.
Portanto, a assertiva A está incorreta, vez que tais competências não são passíveis de delegação.
Ademais, estudamos que são características das competências a improrrogabilidade e
imprescritibilidade, logo, a assertiva buscava confundir o candidato ao remover o prefixo “im-”
da assertiva, sendo a B, incorreta.
O art. 14 da Lei 9.784 indica em seu § 2º que o ato de delegação é revogável a qualquer tempo
pela autoridade delegante. Ainda, indicamos no material de estudos que o agente público anular
ou revogar atos de alguém que lhe é subordinado. Sendo a alternativa C incorreta.
A letra D está incorreta, pois, não havendo impedimento legal, o órgão administrativo e seu
titular poderão delegar parte da sua competência, exceto nos casos de: i) edição de atos de
caráter normativo; ii) decisão de recursos administrativos; iii) matérias de competência exclusiva
do órgão ou autoridade.
Portanto, diante de tudo exposto, a assertiva E está correta.
2. (FGV - CGU - Técnico Federal de Finanças e Controle - 2022) Cláudio é servidor público
federal ocupante de cargo efetivo e atualmente exerce a função de superintendente em
órgão que compõe a estrutura do Ministério Alfa. Certo dia, ao chegar no trabalho, Cláudio
foi surpreendido com a publicação no diário oficial de ato administrativo praticado pelo
ministro que é seu superior hierárquico, avocando competência para prática de ato referente
à matéria de competência exclusiva de Cláudio.
Gabarito: Alternativa E
Conforme estudado, a delegação se faz presente quando um agente transfere a outro,
normalmente de plano hierárquico inferior, funções que originariamente lhe são atribuídas. Já
a avocação ocorre quando a autoridade hierarquicamente superior atrai para sua esfera
decisória a prática de ato da competência natural de agente com menor hierarquia. Conforme
estudado e mencionado anteriormente, não podem ser objeto de delegação ou avocação a
edição de atos de caráter normativo; a decisão de recursos administrativos e as matérias de
competência exclusiva do órgão ou autoridade.
As assetivas A, B e C estão incorretas, pois a avocação praticada é ilegal, uma vez que não podem
ser objeto de avocação as matérias de competência exclusiva da autoridade.
A alternativa D está incorreta, pois apesar de indicar corretamente que a prática é ilegal, ainda
que sejam órgãos distintos (Ministério e Superintendência), os dois estão na mesma linha
hierárquica, conforme informou a questão.
Por fim, a alternativa E está CORRETA, pois de fato a avocação praticada é legal. Embora a
avocação decorra do poder hierárquico, não podem ser objeto de avocação as matérias de
competência exclusiva da autoridade.
3. (FGV - FUNSAÚDE - Advogado - 2021) Para que o Estado possa alcançar seus fins, o
ordenamento jurídico confere aos agentes públicos algumas prerrogativas, que são
denominadas poderes administrativos e possuem caráter instrumental, uma vez que têm o
objetivo de possibilitar a consecução do interesse público.
Em matéria de poderes administrativos, é correto afirmar que uma fundação pública
estadual, da área de saúde, instituída com personalidade jurídica de direito privado,
A) não se submete ao poder hierárquico da Secretaria Estadual de Saúde que, contudo,
controla os seus atos pela vinculação ou tutela administrativa.
B) se submete ao poder hierárquico da Secretaria Estadual de Saúde, em razão da
hierarquia externa existente entre as duas citadas pessoas jurídicas.
C) não se submete a qualquer tipo de controle pela Secretaria Estadual de Saúde, pois
ostenta personalidade jurídica de direito privado.
D) se submete ao poder disciplinar da Secretaria Estadual de Saúde, em razão da
hierarquia externa existente entre as duas citadas pessoas jurídicas.
E) se submete ao poder disciplinar da Secretaria Estadual de Saúde, em razão da
desconcentração administrativa existente entre as duas citadas pessoas jurídicas.
Gabarito: Alternativa A
A questão em tela abarca conhecimentos de poder disciplinar, poder hierárquico e
administração pública direta e indireta. Portanto, devemos relembrar que uma fundação pública
é considerada entidade integrante da administração indireta, criada por descentralização
administrativa, sobre a qual recai o controle finalístico, por vinculação, também chamado de
tutela administrativa.
Conforme estudamos, não se pode falar em controle hierárquico entre a administração direta
sobre a indireta, ante a ausência de subordinação entre elas. Portanto, entende-se que as
demais alternativas estão incorretas ( B, C, D e E) e a assertiva A está correta.
Gabarito: Alternativa E
A questão em tela é bem objetiva, pois abarca o conceito de desconcentração. Conforme
estudamos, a assertiva correta é a letra E, pois esse instituto ocorre com a criação de unidades
funcionais, círculos de competências, órgãos públicos, que não possuem personalidade jurídica
própria. Trata-se da distribuição interna de competência no âmbito da mesma pessoa jurídica,
com base na hierarquia.
Não confundir com descentralização, conforme estudado no outro material do curso, que trata
da distribuição de competência entre entidades diferentes, não baseado na hierarquia.
5. (FGV - MPE AL - Técnico do Ministério Público - 2018) O Subsecretário de Estado de
Administração, no regular exercício de suas competências, decidiu instaurar processo
administrativo para aquisição de produtos de limpeza, o que veio a determinar aos seus
subordinados de modo expresso. Ao tomar conhecimento do ocorrido, o Secretário de Estado
de Administração decidiu revogar a decisão tomada, por vê-la como contrária ao interesse
público. Sobre o prisma dos poderes administrativos, o ato praticado pelo Secretário de
Estado é emanação do poder
A) hierárquico, mas foi usado de modo irregular, pois o Secretário deveria suspender o
ato praticado pelo Subsecretário, cabendo a revogação ao Prefeito.
B) hierárquico, mas foi usado de modo irregular, pois só autoriza a anulação de atos
ilegais praticados pelo Subsecretário, não a sua revogação.
C) disciplinar, mas foi usado de modo irregular, pois só autoriza a anulação de atos
ilegais praticados pelo Subsecretário, não a sua revogação.
D) disciplinar, que foi usado de modo regular, pois autoriza a anulação e a revogação dos
atos praticados pelo Subsecretário.
E) hierárquico, que foi usado de modo regular, pois autoriza tanto a anulação como a
revogação dos atos praticados pelo Subsecretário.
Gabarito: Alternativa E
A questão mistura os conceitos de poder disciplinar e poder hierárquico da Administração
Pública. Conforme estudamos, a hierarquia justifica a possibilidade de o agente público anular
ou revogar atos de alguém que lhe é subordinado. Portanto, o agente público envolvido na
questão agiu de forma correta, em decorrência das atribuições do poder hierárquico, conforme
o disposto na assertiva E.
Gabarito: Alternativa C
Estudamos ao longo do material o conceito de “avocação”, fenômeno que ocorre quando o
agente público chama para si competência de outro agente. Já estudamos também o teor do
art. 15 da Lei nº 9.784/1999 que ela será permitida, em caráter excepcional e por motivos
relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão
hierarquicamente inferior.
7. (VUNESP - Prefeitura de Taubaté - Analista Técnico - Área Jurídica - 2023) Hermes é titular
de um órgão administrativo e, nos termos da Lei no 9.784/1999, pretende delegar parte da
sua competência a outros órgãos ou titulares.
Gabarito: Alternativa D
Os parágrafos do Art. 14 da Lei nº 9.784/1999 exigem que:
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação
do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter
ressalva de exercício da atribuição delegada.
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e
considerar-se-ão editadas pelo delegado.
Portanto, a assertiva D indica ipsis litteris que o ato de delegação deverá vir acompanhado das
devidas justificativas, duração, objetivos e recurso cabível, conforme informa a lei.
8. (VUNESP - Câmara de Sertãozinho - Analista - Área: Licitações e Contratos - 2023) “A
respeito da delegação de competência para a realização de atos administrativos é correto
afirmar que
A) não é permitida no ordenamento jurídico brasileiro.
B) apenas se admite no caso de competência para a edição de ato normativo.
C) se admite, em regra, no caso da competência para julgamento de recurso
administrativo.
D) não pode ser revogada antes do término do prazo originalmente estabelecido.
E) a subdelegação depende, em geral, de consentimento da autoridade delegante
original.
Gabarito: Alternativa E
A questão abarca novamente o tema da delegação de competência, e pode ser respondida pela
Lei Federal nº 9.784/99, que trata do processo administrativo, ou pelos conhecimentos
adquiridos com o material. Vejamos cada assertiva:
( ) A avocação poderá ocorrer ainda que a competência seja exclusiva de determinado órgão
subordinado.
Gabarito: Alternativa E
Conforme o conteúdo estudado, as duas primeiras assertivas estão corretas. As duas últimas
estão erradas, nos temos a seguir: i) A atividade avocada não pode ser de competência exclusiva
do subalterno e, ainda, ii) não é permitida a delegação em caso de competência exclusiva
definida em lei.
10. (IBAM - CAU RJ - Advogado - 2023) Quanto aos poderes administrativos, é correto afirmar
que:
A) o poder de polícia é exercido apenas com relação às pessoas sujeitas à disciplina
administrativa
B) o poder hierárquico permite que autoridade hierarquicamente superior delegue toda
e qualquer competência a seus subordinados
C) os atos praticados no exercício do poder administrativo discricionário não estão
sujeitos a nenhum controle pelo Poder Judiciário
D) o exercício do poder de polícia não pode em nenhuma hipótese ser delegado a
pessoas jurídicas de direito privado pertencentes à Administração Pública indireta
E) o poder disciplinar é a prerrogativa da Administração Pública de apurar e sancionar
infrações administrativas praticadas por pessoas sujeitas à disciplina administrativa
Gabarito: Alternativa E
A questão exige conhecimentos de poder de polícia, além de poder hierárquico. Todavia, é
possível respondê-la com os conhecimentos adquiridos nesta apostila, uma vez que o poder
disciplinar
Além disso, é importante notar que o Poder de Polícia, conforme o conceito legal do art. 78,
CTN, pode ser exercido "não apenas" em relação às pessoas sujeitas à disciplina administrativa,
mas também em face dos particulares em geral.
Em relação à assertiva D, vale reforçar que há precedentes do STF sobre o tema: Info 996, Tema
532 (Repercussão Geral)
É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a
pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração
Pública indireta de capital social majoritariamente público que
prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado
e em regime não concorrencial.
STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996).