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COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA: conceito e critérios de distribuição.

HIERARQUIA E
PODER HIERÁRQUICO

O tema de distribuição de competências é mais comumente estudado no âmbito do Direito


Constitucional. A definição de competência, em termos processuais, está ligada a limites e
medidas. Em Constitucional, é o limite ou a medida do poder político na federação. Perante o
Direito Administrativo, é possível conceituar a competência como o poder, definido em lei, para
que um agente público possa realizar determinados atos administrativos. Nos termos de Ferraz
e Dallari: “o poder-dever de decidir o processo administrativo ou de praticar certos atos”.

Faz parte da essência da Administração a ideia de auto-organização dos entes, através de


competências, organismos, diretorias, estabelecimento de responsabilidades, verificando quem
será responsável pelo que. Assim, faz parte da essência do Direito Administrativo discutir o que
seria a organização administrativa, com fulcro na Constituição, nas Leis e Regulamentos.

● Características

As características das competências administrativas estão muito atreladas ao conceito de ato


administrativo, conforme será estudado em material no momento oportuno, conforme previsão
do Edital do concurso.

Em linhas gerais, na análise da competência do ato administrativo, a doutrina identifica certas


características. Nesse ponto, o prof. Alexandre Mazza identifica as seguintes características:

a) natureza de ordem pública: pois sua definição é estabelecida pela lei, estando sua alteração
fora do alcance das partes;

b) não se presume: porque o agente somente terá as competências expressamente outorgadas


pela legislação;

c) improrrogabilidade: diante da falta de uso, a competência não se transfere a outro agente;

d) inderrogabilidade ou irrenunciabilidade: a Administração não pode abrir mão de suas


competências porque são conferidas em benefício do interesse público; (A prova de Analista
Judiciário do TRT/SP considerou CORRETA a afirmação: “Sendo um dos requisitos do ato
administrativo, a competência é irrenunciável”.)

e) obrigatoriedade: o exercício da competência administrativa é um dever para o agente


público;

f) incaducabilidade ou imprescritibilidade: a competência administrativa não se extingue,


exceto por vontade legal;

g) delegabilidade: em regra, a competência administrativa pode ser transferida


temporariamente mediante delegação ou avocação. Porém, são indelegáveis: competências
exclusivas, a edição de atos normativos e a decisão de recursos (art. 13 da Lei n. 9.784/99).

● Distribuição de Competências

A distribuição de competências diz respeito à divisão da capacidade de atuação de cada ente


estatal, em outras palavras, ao criar ou autorizar a criação de entes e órgãos, é necessário definir
o campo de atuação dos mesmos - esse ponto possui forte relação com a ideia de eficiência
administrativa. Uma vez atribuídas as competências gerais atribuídas por meio de lei, o
determinado ente estatal tem poder de detalhamento interno por força de seus atos normativos
próprios. Em suma, distribuir competências é fixar funções e tarefas para cada um dos órgãos
que compõem o Estado e seus entes.

Todavia, as competências atribuídas pela Constituição a cada entidade da federação são muito
amplas, o que pode gerar alguns conflitos, assim como no exercício das competências
concorrentes. Como mencionado supra, é preciso de uma organização interna dos entes para
exercer essas competências amplas.

No âmbito da Administração Direta, existe o processo já estudado da desconcentração. Esse


instituto ocorre com a criação de unidades funcionais, círculos de competências, isto é, os
órgãos públicos, que não possuem personalidade jurídica própria (que fazem parte da respectiva
entidade federativa). Por exemplo, os ministérios, secretarias, subsecretarias, etc.

O prof. Alexandre Mazza nos leciona que a doutrina classifica as desconcentrações em diversas
espécies, segundo o critério empregado para repartir as competências entre diversos órgãos
públicos:

a) desconcentração territorial ou geográfica: é aquela em que as competências são divididas


delimitando as regiões onde cada órgão pode atuar. A característica fundamental dessa espécie
de desconcentração é que cada órgão público detém as mesmas atribuições materiais dos
demais, variando somente o âmbito geográfico de sua atuação. Exemplos: Subprefeituras e
Delegacias de Polícia;

b) desconcentração material ou temática: é a distribuição de competências mediante a


especialização de cada órgão em determinado assunto. Exemplo: Ministérios da União;

c) desconcentração hierárquica ou funcional: utiliza como critério para repartição de


competências a relação de subordinação entre os diversos órgãos. Exemplo: tribunais
administrativos em relação aos órgãos de primeira instância.

O STJ, por meio do AgRg no RHC 48222-PR bem explica sobre a desconcentração: “(...) 2. Nos
termos da teoria do órgão, a vontade da pessoa jurídica deve ser atribuída aos órgãos que a
compõe, por meio da desconcentração administrativa. Nessa perspectiva, corolário da teoria do
órgão é a teoria da imputação volitiva, cuja consequência é a imputação da vontade do órgão
público à pessoa jurídica correlata. Os entes federativos manifestam, pois, sua a vontade por
meio de órgãos públicos (...)” (STJ, AgRg no RHC 48222-PR, rel. Min. Ribeiro Dantas, 5a Turma,
j. 16-2-2017, DJe 24-2-2017).

Há ainda o fenômeno da centralização e descentralização, O primeiro consiste no cumprimento


das competências administrativas por uma única pessoa jurídica governamental, ao passo que
o segundo, conforme já estudado, trata-se do fenômeno em que as competências
administrativas são distribuídas a pessoas jurídicas autônomas, criadas pelo Estado.
Fonte: MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 2022.
Hierarquia e Poder Hierárquico

O princípio da hierarquia na Administração Pública “estabelece as relações de coordenação e


subordinação entre órgãos da Administração Pública Direta”. Consoante a melhor doutrina, “a
subordinação hierárquica só existe relativamente às funções administrativas, não em relação às
legislativas e judiciais”. É a partir da ideia de hierarquia que decorrem as prerrogativas que serão
estudadas a seguir, como: a) rever atos dos subordinados; b) delegar e avocar competências; c)
punir os subordinados.

O poder hierárquico consiste no conjunto de prerrogativas detidas pelos agentes públicos


hierarquicamente superiores em relação aos seus subordinados, o que compreende o poder
de dar ordens, fiscalizar, controlar, aplicar sanções, rever os atos praticados pelos
subordinados, resolver conflitos de atribuições, bem como delegar e avocar competências.

Neste ponto, é importante notar que o poder hierárquico se desenvolve sempre no âmbito de
uma mesma pessoa jurídica. Em outras palavras, não há hierarquia entre pessoas jurídicas
diversas, de modo que o controle finalístico exercido pela Administração direta em relação às
entidades da Administração indireta não é um exemplo de poder hierárquico, mas sim de poder
de tutela. Trata-se de um poder interno, porém permanente, exercido pelos chefes de
repartição sobre seus agentes subordinados e pela administração central em relação aos órgãos
públicos. Envolve atribuições de comando, chefia e direção.

Ademais, cumpre frisar que a hierarquia é uma característica associada ao desempenho da


função administrativa, de modo que não existe hierarquia no exercício das funções típicas do
Executivo e do Legislativo, não existe hierarquia entre a Administração Direta e as entidades
componentes da Administração indireta; e o poder hierárquico não é exercido sobre órgãos
consultivos. E, ainda, também não existe hierarquia entre os Poderes da República e a
Administração e os administrados.

A hierarquia se manifesta por atos de coordenação e por atos de subordinação. Os atos de


subordinação ocorrem de forma vertical. Exemplo: ministério da saúde e SUS. Por sua vez, os
atos por coordenação ocorrem horizontalmente, ou seja, há uma divisão horizontal de
atividades. Exemplo: ministério da saúde, ministério da educação, já que são órgãos de mesmo
escalonamento hierárquico.

Além disso, a hierarquia justifica a possibilidade de o agente público anular ou revogar atos de
alguém que lhe é subordinado. Justifica também as hipóteses de delegação e avocação de
competência.

● Qual a diferença entre “delegação” e “avocação” de competências?

Delegar significa uma ampliação de competência. Dessa forma, quem não tinha competência
passa a ter, em virtude da delegação. Exemplo: A delega para B; quem pratica o ato é B. Logo,
quem responde é B. A delegação de competência não depende de hierarquia entre os órgãos,
mas é sempre específica, não sendo admitida delegação na modalidade genérica.

Para parte da doutrina, ainda que não haja previsão legal, seria plenamente possível a delegação
de competência, uma vez que seria decorrência do próprio poder hierárquico do
órgão/entidade, sendo apenas uma técnica de gestão administrativa quando há acúmulo de
serviços.
Sobre o tema, ver a Súmula 150 do STF:

Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra


ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.

Já a avocação é uma tomada de competência, ou seja, quem não é competente toma para si a
competência. Aqui temos um requisito: só se admite avocação de competência de agente de
hierarquia inferior. Em outras palavras, ocorre quando o agente chama para si a competência
de outro agente, sendo de caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente
justificados, conforme o art. 15 da Lei 9.784 (Lei de Processo Administrativo Federal - Art. 15.
Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a
avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.)

OBS: vale lembrar que a Lei 9.784 expressamente proíbe a delegação de competência (e,
consequentemente, a avocação) nas três situações a seguir:

a. No caso de competência exclusiva, definida em lei;


b. Para decisão de recurso hierárquico;
c. Para edição de atos normativos.

Lei Federal (Lei 9.784/99)


Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Para melhor compreensão e síntese do conteúdo, vejamos o quadro apresentado no Manual de


Direito Administrativo do prof. Alexandre Mazza:

Poder Hierárquico Segundo Hely Lopes Meirelles, é o poder de que dispõe o


Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus
órgãos e ordenar e rever a atuação de seus agentes,
estabelecendo relação de subordinação entre os servidores
do seu quadro de pessoal. É interno, porém permanente,
exercido pelos chefes de repartição sobre seus agentes
subordinados e pela administração central em relação aos
órgãos públicos. Envolve atribuições de comando, chefia e
direção.
DICA: não existe hierarquia entre a Administração Direta e as
entidades componentes da Administração indireta; e o poder
hierárquico não é exercido sobre órgãos consultivos.

INSTITUTOS RELACIONADOS COM O PODER HIERÁRQUICO

DELEGAÇÃO • Distribui temporariamente a


DE competência (representando um
COMPETÊNCIA movimento centrífugo).
• Pode beneficiar agentes e órgãos
públicos subordinados (delegação
vertical) ou não subordinados
(delegação horizontal).
• Nos termos do art. 12 da Lei n.
9.784/99, um órgão administrativo ou
seu titular poderão delegar parte da sua
competência a outros órgãos ou
titulares, ainda que estes não lhe sejam
hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de
circunstâncias de índole técnica, social,
econômica, jurídica ou territorial.

AVOCAÇÃO DE • Concentra a competência


COMPETÊNCIA (movimento centrípeto).
• Só pode ser realizada em relação à
competência de um subordinado. Só
existe avocação vertical.
• Diante de motivos relevantes
devidamente justificados, o art. 15 da
Lei n. 9.784/99 permite que a
autoridade hierarquicamente superior
chame para si a competência de um
órgão ou agente subordinado.

DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA NA LEI N. 9.784/99

O ato de delegação obrigatoriamente especificará:


• as matérias e os poderes transferidos;
• os limites da atuação do delegado;
• a duração da delegação;
• os objetivos da delegação;
• o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da
atribuição delegada.

A DELEGABILIDADE É REGRA.

SÃO EXCEÇÕES PREVISTAS EM LEI:


• edição de ato de caráter normativo;
• decisão em recursos administrativos;
• matérias de competência exclusiva de um órgão ou
autoridade.

SUPERVISÃO / CONTROLE MINISTERIAL

Supervisão/Controle Ministerial é o poder exercido pelos


Ministérios Federais e pelas Secretarias Estaduais e
Municipais sobre órgãos e entidades pertencentes à
Administração Pública Indireta.
DICA: a autonomia das entidades descentralizadas não
permite, em regra, a interposição de recurso hierárquico
dirigido ao Ministro/Secretário de Estado da respectiva
pasta. Mas há casos excepcionais nos quais, por expressa
previsão legal, possibilita-se interposição de recurso contra
decisão das entidades descentralizadas endereçado à
Administração Direta, é o chamado recurso hierárquico
impróprio.

Questões Objetivas

1. (FGV - TCE TO - Auditor de Controle Interno - Área: Administração - 2022) A doutrina de


Direito Administrativo ensina que competência administrativa é a atribuição normativa da
legitimação para a prática de um ato administrativo.

Nesse contexto, em matéria de competência administrativa, é correto afirmar que:


A) as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade podem ser objeto de
delegação;
B) a prescritibilidade e a prorrogabilidade são características desse tipo de competência;
C) a avocação e a delegação de competência não podem ser revogadas transcorrido o
prazo de cento e vinte dias;
D) a delegação de competência é vedada, exceto quando se tratar de edição de atos
normativos e decisão de recursos hierárquicos;
E) a delegação de competência, ato discricionário, pode ser revogada a qualquer tempo
e não implica renúncia de competência.

Gabarito: Alternativa E
Vejamos as assertivas.
Conforme estudado no material, a Lei 9.784 expressamente proíbe a delegação de competência
em três situações, sendo uma delas, no caso de competência exclusiva, definida em lei.
Portanto, a assertiva A está incorreta, vez que tais competências não são passíveis de delegação.
Ademais, estudamos que são características das competências a improrrogabilidade e
imprescritibilidade, logo, a assertiva buscava confundir o candidato ao remover o prefixo “im-”
da assertiva, sendo a B, incorreta.
O art. 14 da Lei 9.784 indica em seu § 2º que o ato de delegação é revogável a qualquer tempo
pela autoridade delegante. Ainda, indicamos no material de estudos que o agente público anular
ou revogar atos de alguém que lhe é subordinado. Sendo a alternativa C incorreta.
A letra D está incorreta, pois, não havendo impedimento legal, o órgão administrativo e seu
titular poderão delegar parte da sua competência, exceto nos casos de: i) edição de atos de
caráter normativo; ii) decisão de recursos administrativos; iii) matérias de competência exclusiva
do órgão ou autoridade.
Portanto, diante de tudo exposto, a assertiva E está correta.

2. (FGV - CGU - Técnico Federal de Finanças e Controle - 2022) Cláudio é servidor público
federal ocupante de cargo efetivo e atualmente exerce a função de superintendente em
órgão que compõe a estrutura do Ministério Alfa. Certo dia, ao chegar no trabalho, Cláudio
foi surpreendido com a publicação no diário oficial de ato administrativo praticado pelo
ministro que é seu superior hierárquico, avocando competência para prática de ato referente
à matéria de competência exclusiva de Cláudio.

No caso em tela, de acordo com a doutrina de Direito Administrativo, a avocação praticada é:


A) legal, desde que tenha sido feita em caráter excepcional e por motivos relevantes
devidamente justificados em processo administrativo;
B) legal, porque houve prévia publicação no diário oficial e o ato de avocação é revogável
a qualquer tempo pela autoridade hierarquicamente superior;
C) legal, porque decorre do poder hierárquico, e as decisões adotadas por delegação
devem mencionar explicitamente essa qualidade e considerar-se-ão editadas pelo
delegado;
D) ilegal, porque não se pode aplicar o poder hierárquico para órgãos distintos, sob pena
de nulidade do ato administrativo de avocação, por vício insanável no elemento da
competência;
E) ilegal, porque, apesar de a avocação decorrer do poder hierárquico, que de fato existe
no caso, não pode haver avocação de matéria de competência exclusiva do agente de
hierarquia inferior.

Gabarito: Alternativa E
Conforme estudado, a delegação se faz presente quando um agente transfere a outro,
normalmente de plano hierárquico inferior, funções que originariamente lhe são atribuídas. Já
a avocação ocorre quando a autoridade hierarquicamente superior atrai para sua esfera
decisória a prática de ato da competência natural de agente com menor hierarquia. Conforme
estudado e mencionado anteriormente, não podem ser objeto de delegação ou avocação a
edição de atos de caráter normativo; a decisão de recursos administrativos e as matérias de
competência exclusiva do órgão ou autoridade.
As assetivas A, B e C estão incorretas, pois a avocação praticada é ilegal, uma vez que não podem
ser objeto de avocação as matérias de competência exclusiva da autoridade.
A alternativa D está incorreta, pois apesar de indicar corretamente que a prática é ilegal, ainda
que sejam órgãos distintos (Ministério e Superintendência), os dois estão na mesma linha
hierárquica, conforme informou a questão.
Por fim, a alternativa E está CORRETA, pois de fato a avocação praticada é legal. Embora a
avocação decorra do poder hierárquico, não podem ser objeto de avocação as matérias de
competência exclusiva da autoridade.

3. (FGV - FUNSAÚDE - Advogado - 2021) Para que o Estado possa alcançar seus fins, o
ordenamento jurídico confere aos agentes públicos algumas prerrogativas, que são
denominadas poderes administrativos e possuem caráter instrumental, uma vez que têm o
objetivo de possibilitar a consecução do interesse público.
Em matéria de poderes administrativos, é correto afirmar que uma fundação pública
estadual, da área de saúde, instituída com personalidade jurídica de direito privado,
A) não se submete ao poder hierárquico da Secretaria Estadual de Saúde que, contudo,
controla os seus atos pela vinculação ou tutela administrativa.
B) se submete ao poder hierárquico da Secretaria Estadual de Saúde, em razão da
hierarquia externa existente entre as duas citadas pessoas jurídicas.
C) não se submete a qualquer tipo de controle pela Secretaria Estadual de Saúde, pois
ostenta personalidade jurídica de direito privado.
D) se submete ao poder disciplinar da Secretaria Estadual de Saúde, em razão da
hierarquia externa existente entre as duas citadas pessoas jurídicas.
E) se submete ao poder disciplinar da Secretaria Estadual de Saúde, em razão da
desconcentração administrativa existente entre as duas citadas pessoas jurídicas.

Gabarito: Alternativa A
A questão em tela abarca conhecimentos de poder disciplinar, poder hierárquico e
administração pública direta e indireta. Portanto, devemos relembrar que uma fundação pública
é considerada entidade integrante da administração indireta, criada por descentralização
administrativa, sobre a qual recai o controle finalístico, por vinculação, também chamado de
tutela administrativa.
Conforme estudamos, não se pode falar em controle hierárquico entre a administração direta
sobre a indireta, ante a ausência de subordinação entre elas. Portanto, entende-se que as
demais alternativas estão incorretas ( B, C, D e E) e a assertiva A está correta.

4. (FGV - Câmara de Aracaju - Assistente Legislativo - 2021) A desconcentração


administrativa pode ser definida como:
A) um instituto jurídico que faz uso da concessão;
B) a transferência de competência, feita por meio de licitação, na modalidade de
concorrência;
C) uma repartição das funções públicas, entre os órgãos ou para órgãos inferiores, sem
manter a hierarquia;
D) a atribuição de personalidade jurídica a uma entidade para que preste serviço público
ou de utilidade pública;
E) a transferência de competência dos órgãos superiores para os órgãos inferiores,
dentro da mesma pessoa jurídica.

Gabarito: Alternativa E
A questão em tela é bem objetiva, pois abarca o conceito de desconcentração. Conforme
estudamos, a assertiva correta é a letra E, pois esse instituto ocorre com a criação de unidades
funcionais, círculos de competências, órgãos públicos, que não possuem personalidade jurídica
própria. Trata-se da distribuição interna de competência no âmbito da mesma pessoa jurídica,
com base na hierarquia.
Não confundir com descentralização, conforme estudado no outro material do curso, que trata
da distribuição de competência entre entidades diferentes, não baseado na hierarquia.
5. (FGV - MPE AL - Técnico do Ministério Público - 2018) O Subsecretário de Estado de
Administração, no regular exercício de suas competências, decidiu instaurar processo
administrativo para aquisição de produtos de limpeza, o que veio a determinar aos seus
subordinados de modo expresso. Ao tomar conhecimento do ocorrido, o Secretário de Estado
de Administração decidiu revogar a decisão tomada, por vê-la como contrária ao interesse
público. Sobre o prisma dos poderes administrativos, o ato praticado pelo Secretário de
Estado é emanação do poder

A) hierárquico, mas foi usado de modo irregular, pois o Secretário deveria suspender o
ato praticado pelo Subsecretário, cabendo a revogação ao Prefeito.
B) hierárquico, mas foi usado de modo irregular, pois só autoriza a anulação de atos
ilegais praticados pelo Subsecretário, não a sua revogação.
C) disciplinar, mas foi usado de modo irregular, pois só autoriza a anulação de atos
ilegais praticados pelo Subsecretário, não a sua revogação.
D) disciplinar, que foi usado de modo regular, pois autoriza a anulação e a revogação dos
atos praticados pelo Subsecretário.
E) hierárquico, que foi usado de modo regular, pois autoriza tanto a anulação como a
revogação dos atos praticados pelo Subsecretário.

Gabarito: Alternativa E
A questão mistura os conceitos de poder disciplinar e poder hierárquico da Administração
Pública. Conforme estudamos, a hierarquia justifica a possibilidade de o agente público anular
ou revogar atos de alguém que lhe é subordinado. Portanto, o agente público envolvido na
questão agiu de forma correta, em decorrência das atribuições do poder hierárquico, conforme
o disposto na assertiva E.

6. (FGV - MRE - Oficial de Chancelaria - 2016) Em matéria de competência administrativa,


consoante ensina a doutrina de Direito Administrativo, o fenômeno da avocação ocorre
quando a autoridade hierarquicamente:
A) superior delega a agente administrativo de plano hierárquico inferior atribuição para
praticar determinado ato;
B) superior convalida ato administrativo praticado por agente administrativo de plano
hierárquico inferior;
C) superior atrai para sua esfera decisória a prática de ato da competência natural de
agente com menor hierarquia;
D) inferior pratica determinado ato administrativo que foge à sua esfera de atribuição,
em caso de grave risco iminente;
E) inferior solicita a seu superior hierárquico autorização para praticar ato
originariamente fora de sua atribuição.

Gabarito: Alternativa C
Estudamos ao longo do material o conceito de “avocação”, fenômeno que ocorre quando o
agente público chama para si competência de outro agente. Já estudamos também o teor do
art. 15 da Lei nº 9.784/1999 que ela será permitida, em caráter excepcional e por motivos
relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão
hierarquicamente inferior.
7. (VUNESP - Prefeitura de Taubaté - Analista Técnico - Área Jurídica - 2023) Hermes é titular
de um órgão administrativo e, nos termos da Lei no 9.784/1999, pretende delegar parte da
sua competência a outros órgãos ou titulares.

Nessa situação hipotética, é correto afirmar que Hermes


A) poderá efetivar a delegação quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial, se não houver impedimento
legal, desde que os destinatários da delegação lhe sejam hierarquicamente
subordinados.
B) goza de autonomia para o ato, ainda que seja presidente de órgão colegiado, limitada
a delegação às matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade, não
podendo, todavia, ser objeto de delegação, entre outros, a edição de atos de caráter
normativo.
C) não poderá efetivar a delegação de competência para decisão de recursos
administrativos, mas, não havendo restrição legal quanto à matéria da delegação,
esta deverá ser feita, em regra, por prazo indeterminado.
D) deverá especificar no ato de delegação, entre outras, a duração e os objetivos da
delegação e o recurso cabível, sendo o ato de delegação revogável a qualquer tempo
pela autoridade delegante.
E) deverá ter o ato de delegação e sua revogação publicados no meio oficial, sendo
vedada eventual ressalva de exercício da atribuição delegada.

Gabarito: Alternativa D
Os parágrafos do Art. 14 da Lei nº 9.784/1999 exigem que:
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação
do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter
ressalva de exercício da atribuição delegada.
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e
considerar-se-ão editadas pelo delegado.
Portanto, a assertiva D indica ipsis litteris que o ato de delegação deverá vir acompanhado das
devidas justificativas, duração, objetivos e recurso cabível, conforme informa a lei.
8. (VUNESP - Câmara de Sertãozinho - Analista - Área: Licitações e Contratos - 2023) “A
respeito da delegação de competência para a realização de atos administrativos é correto
afirmar que
A) não é permitida no ordenamento jurídico brasileiro.
B) apenas se admite no caso de competência para a edição de ato normativo.
C) se admite, em regra, no caso da competência para julgamento de recurso
administrativo.
D) não pode ser revogada antes do término do prazo originalmente estabelecido.
E) a subdelegação depende, em geral, de consentimento da autoridade delegante
original.
Gabarito: Alternativa E
A questão abarca novamente o tema da delegação de competência, e pode ser respondida pela
Lei Federal nº 9.784/99, que trata do processo administrativo, ou pelos conhecimentos
adquiridos com o material. Vejamos cada assertiva:

A letra A está incorreta, pois a delegação de competência é expressamente permitida no


ordenamento, assim como a avocação de competências.
As letra B e C estão incorretas, pois abarcam as hipóteses de vedação da delegação (Art. 13, I e
II), conforme já estudado.
A letra D está incorreta, pois o ato de delegação da competência é ato precário, ou seja, pode
ser revogado a qualquer tempo pela autoridade delegante (Art. 14, parágrafo 2º)
Por fim, a letra E é a assertiva correta.

9. (Instituto Consulplan - SEAS RO - Analista - Área: Direito - 2023) “Sobre o poder


hierárquico, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) Garante à administração pública a possibilidade de se organizar e se estruturar
internamente.

( ) Não há hierarquia entre os entes federativos.

( ) A avocação poderá ocorrer ainda que a competência seja exclusiva de determinado órgão
subordinado.

( ) É perfeitamente possível que ocorra delegação em caso de competência exclusiva definida


em lei.

A sequência está correta em


A) F, V, V, F.
B) V, F, V, V.
C) V, F, F, F.
D) F, F, F, V.
E) V, V, F, F.

Gabarito: Alternativa E
Conforme o conteúdo estudado, as duas primeiras assertivas estão corretas. As duas últimas
estão erradas, nos temos a seguir: i) A atividade avocada não pode ser de competência exclusiva
do subalterno e, ainda, ii) não é permitida a delegação em caso de competência exclusiva
definida em lei.
10. (IBAM - CAU RJ - Advogado - 2023) Quanto aos poderes administrativos, é correto afirmar
que:
A) o poder de polícia é exercido apenas com relação às pessoas sujeitas à disciplina
administrativa
B) o poder hierárquico permite que autoridade hierarquicamente superior delegue toda
e qualquer competência a seus subordinados
C) os atos praticados no exercício do poder administrativo discricionário não estão
sujeitos a nenhum controle pelo Poder Judiciário
D) o exercício do poder de polícia não pode em nenhuma hipótese ser delegado a
pessoas jurídicas de direito privado pertencentes à Administração Pública indireta
E) o poder disciplinar é a prerrogativa da Administração Pública de apurar e sancionar
infrações administrativas praticadas por pessoas sujeitas à disciplina administrativa

Gabarito: Alternativa E
A questão exige conhecimentos de poder de polícia, além de poder hierárquico. Todavia, é
possível respondê-la com os conhecimentos adquiridos nesta apostila, uma vez que o poder
disciplinar
Além disso, é importante notar que o Poder de Polícia, conforme o conceito legal do art. 78,
CTN, pode ser exercido "não apenas" em relação às pessoas sujeitas à disciplina administrativa,
mas também em face dos particulares em geral.
Em relação à assertiva D, vale reforçar que há precedentes do STF sobre o tema: Info 996, Tema
532 (Repercussão Geral)
É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a
pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração
Pública indireta de capital social majoritariamente público que
prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado
e em regime não concorrencial.
STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996).

Isso será devidamente estudado na apostila acerca do poder de polícia.

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