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PODERES

ADMINISTRATIVOS
SUMÁRIO

PODERES ADMINISTRATIVOS��������������������������������������������������������������������������������� 3
PODER HIERÁRQUICO�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������3
PODER DISCIPLINAR���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
PODER REGULAMENTAR���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������6
PODER NORMATIVO�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������7
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PODER HIERÁRQUICO
Está pautado na existência de escalonamento das posições entre os ÓRGÃOS E AGENTES sem-
pre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. Por ele é possível observarmos a relação hierárquica,
ou seja, as relações entre superior e subordinado que são típicas na organização administrativa.
Lembra o que estudamos na descentralização e desconcentração? Na descentralização por
outorga passamos a titularidade e a execução do serviço público para uma pessoa jurídica da Admi-
nistração Indireta mediante lei específica e quando realizamos a técnica de descentralização por
delegação ou colaboração, passamos apenas a execução do serviço público para um particular já
existente mediante contrato ou ato unilateral e que a desconcentração é uma divisão interna de
competências para melhorar o atendimento público sempre dentro de uma mesma pessoa jurídica.
Muito importante relembrar desse estudo porque o poder hierárquico NÃO EXISTE na descentra-
lização, ou seja, só temos o poder hierárquico manifestado dentro de uma mesma pessoa jurídica
(desconcentração).
As prerrogativas pelas quais o superior pode dar ordem, fiscalizar controlar, aplicar sanções,
delegar e avocar competências decorrem do PODER HIERÁRQUICO.
Para materializar a visão do poder hierárquico na própria atuação da administração pública
podemos dar como exemplo a divisão que temos na União em relação ao Presidente da República,
Ministros, Secretários e órgãos subalternos. Você consegue analisar bem que há uma hierarquia
entre eles. O presidente pode dar ordem para os ministros que, por sua vez, podem dar ordens para
os seus subalternos, isso é possível porque temos a manifestação do poder hierárquico!
Muitas questões de prova quando querem abordar esse poder adentram em dois institutos
que estudaremos agora, conhecidos como delegação e avocação descritos na Lei nº 9.784/99 (Lei
de Processo Administrativo Federal).
ͫ DELEGAÇÃO
» Delegar significa dividir PARTE da sua competência originária com outro órgão, frise-
-se que eu não posso delegar a competência inteira, pois a própria Lei nº 9.784/99
estabelece que a competência é irrenunciável, salvo nos casos, na delegação e
avocação.

Lei nº 9.784/99
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi
atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
» A lei estabelece que a delegação pode ser feita entre órgãos de mesma hierarquia ou
entre órgãos subordinados, ou seja, não há de fato uma necessidade de hierarquia,
mas perguntando em prova de qual poder deriva a delegação, você deve marcar
que deriva do poder hierárquico.

Lei nº 9.784/99
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal,
delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe
sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias
de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
» Outro detalhe importante é que o ato de delegação é revogável a qualquer tempo
pela autoridade delegante e ela não pode ser por prazo indeterminado.
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Importantíssimo
Existem atos que não podem ser delegados, são eles: (mnemônico CENORA)
» Matérias de Competência Exclusiva do órgão ou autoridade.
» Edição de atos de caráter Normativo.
» Decisão de Recursos Administrativos.
ͫ AVOCAÇÃO
» A avocação seria o instituto pelo qual um superior hierárquico chama para si uma
competência originária de um órgão subalterno, ela transfere o exercício da com-
petência do órgão inferior para o órgão superior na cadeia hierárquica. Pela própria
natureza do instituto se faz necessário, de fato, a hierarquia.
» Podemos citar como exemplo o próprio governador avocando a competência de
um secretário de segurança ou de chefe de polícia, imagine você como um policial
civil que está abaixo do delegado na cadeia hierárquica, você não pode avocar uma
competência do delegado para fazer o inquérito policial, mas é possível que um
superior hierárquico do delegado avoque uma competência dele, desde que essa
competência não seja exclusiva.

Importantíssimo
» Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente
justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarqui-
camente inferior.

PODER DISCIPLINAR
É o poder que se manifesta quando a Administração Pública aplica sanções a duas classes de
pessoas:

ͫ 1º classe de pessoas: quando a Administração pune INTERNAMENTE os seus servidores


que cometem infrações funcionais, por exemplo: advertência; suspensão; demissão;
destituição de função comissionada; destituição de cargo comissionado; cassação de
aposentadoria e a cassação disponibilidade.
» Ao analisarmos as sanções trazidas pelo ordenamento jurídico, observamos que
a competência para sua prática será dada sempre a quem está acima na escala
hierárquica, por isso é costumeiramente afirmado pela doutrina que quando um
servidor é punido nós temos a manifestação IMEDIATA (direta) do poder disciplinar
e a manifestação MEDIATA (indireta) do poder hierárquico, ou seja: só posso punir
por que estão acima.

importantíssimo
ͫ 2º classe de pessoas: quando a Administração pune os particulares que com ela possuem
UM VÍNCULO JURÍDICO ESPECÍFICO, podemos trazer os seguintes exemplos:
» ESTUDANTES DE ESCOLA PÚBLICA.
» PACIENTES DE HOSPITAL PÚBLICO.
» PRESIDIÁRIOS.
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» CONCESSIONÁRIOS.
» PERMISSIONÁRIOS.
» AUTORIZATÁRIOS DE SERVIÇO PÚBLICO.
Com relação aos que celebram contratos para fornecimento de obras e serviços temos art. 87
da Lei nº 8.666/93 que vai trazer quatro sanções que o poder público pode aplicar aos particulares
que com ela possui um vínculo contratual, são elas:
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração poderá, garantida a
prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções:
I – Advertência;
II – Multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;
III – suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a
Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;
IV – Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública
enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a
reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sem-
pre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido
o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.

A banca Quadrix considerou errada a seguinte afirmativa


ANO:2019 ÓRGÃO: CRA-PA PROVA: Técnico em Administração
O poder disciplinar alcança não apenas agentes submetidos ao regime administrativo,
mas também particulares a ele estranhos.
A afirmativa está errada justamente pela explicação estudada acima, quando a questão
fala que: “particulares a ele estranhou estão sujeitos ao poder disciplinar” torna a afir-
mativa errada – volto a frisar: o particular precisa ter um vínculo jurídico específico para
que o poder disciplinar possa alcançá-lo.
ͫ O PODER DISCIPLINAR NÃO É JUS PUNIENDI
» O poder disciplinar não se confunde com o JUS PUNIENDI do Estado. Muito cuidado
com algumas questões de provas de concurso público, qualquer afirmativa que dis-
ser que aquele que comete algum tipo de crime ao ser punido pelo Estado terá a
manifestação do poder disciplinar estará errada, pois o Poder Disciplinar só capacita
Administração Pública a aplicar sanções na via administrativa.
ͫ O PODER DISCIPLINAR, VIA DE REGRA, É DISCRICIONÁRIO
» Para as questões de concurso público, como regra geral, o candidato deverá consi-
derar que o poder disciplinar é dotado de discricionariedade a respeito de aplica-
ção de penalidades, mas CUIDADO: não há discricionariedade quanto ao dever de
punir o servidor que tenha praticado uma infração disciplinar. Ela se encontra na
gradação da penalidade.
» Exemplo: a suspensão do servidor na esfera federal poderá ser de ATÉ 90 dias e
ela ainda poderá ser convertida em uma multa de 50% por dia de vencimento ou
remuneração caso seja conveniente para a Administração Pública.
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Lei nº 8.112/90
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com adver-
tência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade
de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser
convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou
remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.

Importante!
O excesso que as autoridades administrativas cometerem na aplicação de sanções podem
ser invalidados pelo Poder Judiciário, mas nessas situações não estaremos diante de aná-
lise de conveniência e oportunidade, mas sim de legalidade e legitimidade da sanção.

PODER REGULAMENTAR
É aquele que se manifesta por meio do chefe do poder executivo para editar decretos que
regulamentam as leis, seu objetivo é dar fiel execução a essa. Na esfera federal temos o Presidente;
na esfera estadual temos o Governador e na esfera municipal temos o Prefeito.
Ele não possui caráter originário, mas sim derivado, portanto, o referido poder não tem a
capacidade de inovar no mundo do direito, ou seja: ele não pode criar novos direitos e novas
obrigações. Sua atuação deve se restringir a completar, complementar e explicar aquilo que uma
lei já trouxe ao mundo jurídico. Os atos administrativos normativos devem possuir determinações
gerais e abstratas. A respeito disso, Carvalho Filho (ANO, p. 146) afirma que:
Sob o enfoque de que os atos podem ser originários e derivados, o poder regulamentar é
de natureza derivada (ou secundária): somente é exercido à luz de lei preexistente. Já as leis
constituem atos de natureza originária (ou primária), emanando diretamente da Constituição.
Nesse aspecto, é importante observar que só se considera poder regulamentar típico a atuação
administrativa de complementação de leis, ou atos análogos a elas. Daí seu caráter derivado.
Já Maria Sylvia Zanella di Pietro (2008, p. 256) defende que:
O poder regulamentar como uma das formas pelas quais se expressa a função normativa do
Poder Executivo pode ser definido como o que cabe ao Chefe do Poder Executivo da União,
dos Estados e dos Municípios, de editar normas complementares à lei, para sua fiel execução.
Para doutrina, sua base jurídica se encontra no art. 84 da constituição federal de 1988, que
nos diz o seguinte:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
IV – Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamen-
tos para sua fiel execução;

importantíssimo
Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, o ordenamento jurídico apresenta dois
decretos: o decreto regulamentar e o decreto independente (mais chamado de autônomo), o pri-
meiro complementa a lei e não pode estabelecer situações contra legem ou ultra legem, ou seja:
como dito acima não pode criar novos direitos, obrigações e proibições.
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Agora, o uso do DECRETO AUTÔNOMO pelo Presidente da República decorre da própria Cons-
tituição federal e, por isso, é considerado pela doutrina como fonte primária, não sendo decorrência
do poder regulamentar.
Qualquer afirmativa de prova que disser que o Decreto Autônomo decorre do poder regula-
mentar deverá ser marcada como errada.
Maria Sylvia Zanella di Pietro (2008, p. 256) afirma que:
O regulamento autônomo ou independente inova na ordem jurídica, porque estabelece normas
sobre matérias não disciplinadas em lei; ele não completa nem desenvolve nenhuma lei prévia.
Vicente de Paulo e Marcelo Alexandrino (2019, p. 285) nos mostram que:
Portanto, hoje, a Constituição Federal expressamente prevê a possibilidade de serem edi-
tados decretos como atos primários, isto é, atos que decorrem diretamente do texto cons-
titucional, decretos que não são expedidos em função de alguma lei ou de algum outro ato
infraconstitucional
Segue o texto constitucional:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
VI – Dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento
de despesa nem criação ou extinção de ÓRGÃOS PÚBLICOS;
b) extinção de funções ou cargos públicos, QUANDO VAGOS.

PODER NORMATIVO
A doutrina afirma que o poder normativo é mais genérico, mais abrangente. Sua manifestação
está na possibilidade de outras autoridades editarem atos normativos, enquanto o poder regula-
mentar é exclusivo do chefe do poder executivo, o poder normativo é aquele utilizado por outras
autoridades da administração pública.
Cite-se, por exemplo, o presidente do Senado ou o presidente do Supremo Tribunal Federal – é
inegável que tais figuras públicas são autoridades, mas não são chefes do poder executivo, portanto
quando editarem atos normativos estarão fazendo uso do referido poder normativo.
O texto constitucional em seu art. 87 é utilizado pela doutrina para apresentar o poder nor-
mativo. Segue o que diz nossa Constituição Federal:
Art. 87. Compete ao Ministro de Estado:
II – Expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;

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