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Poderes administrativos: Hierárquico,


disciplinar, regulamentar e de polícia

Poderes administrativos: Hierárquico, disciplinar,


regulamentar e de polícia.

Os poderes administrativos são prerrogativas instrumentais conferidas aos agentes


públicos para que, no desempenho de suas atividades, alcancem o interesse público.

O estudioso José dos Santos define poderes administrativos como “o conjunto de


prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes
administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance seus fins”. Ou seja, para
que sejam realizados os objetivos dos Estados é necessário fornecer poderes aos agentes
estatais.

Lembra-se que muitas vezes a administração pública precisar agir com superioridade
em detrimento ao individual, já que suas atitudes ocasionam um bem coletivo. Como
diria o Homem Aranha, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. Então,
além desses direitos superiores, a administração possui muitos deveres, como o dever da
eficiência, probidade, de prestar contas, entre outros.

Pois, vamos começar o nosso resumo de poderes administrativos com os poderes


vinculado e discricionário.

Poder Administrativo vinculado e discricionário

Muitos autores afirmam que os poderes vinculado e discricionário não são poderes, mas
características dos atos administrativos. Porém, como as bancas cobram esses assuntos
de forma conjunta com outros poderes, vamos vê-los dessa forma.

Poder administrativo vinculado

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O poder vinculado ocorre quando a administração pública não tem margem de liberdade
para o seu exercício. Portanto, quando houver uma situação descriminada na lei, o
agente público deve agir exatamente da forma prevista em lei.

Por exemplo: se um cidadão infringiu determinada lei de trânsito, e nessa lei afirma que
será cobrado o valor de R$ 1.000 reais. O agente público ao verificar a atitude da pessoa
e o descumprimento da lei, deve cobrar o exato valor fixado. Portanto, não há margem
de negociação.

Poder administrativo discricionário

Por outro lado, o poder é discricionário quando o agente público possui uma certa
margem de liberdade no agir. Contudo, a liberdade é dentro dos limites legais da
razoabilidade e da proporcionalidade.

Em geral, fica claro que é uso do poder discricionário quando a lei prevê essa liberdade.
Muitas vezes ela faz isso usando expressões como: “poderá”, “a juízo da autoridade
competente”, “até determinado valor”.

Pode-se falar de discricionariedade também quando são utilizados conceitos jurídicos


indeterminados. Ou seja, que denotam situações em que a autoridade terá liberdade para
enquadrar, ou não, uma situação dentro deste conceito legal. Quando a lei fala em “falta
leve” ou “falta grave” e não determina quais faltas são consideradas leves e quais serão
consideradas graves, temos então uma certa liberdade de decisão do agente público no
enquadramento da situação.

Mas, não confunda! Porque a liberdade do agente público no uso do poder


discricionário tem limitações no próprio ordenamento jurídico.

São limitações:

 a lei: quando a legislação mesmo define limites mínimos e máximos;


 os princípios, em especial os da proporcionalidade e da razoabilidade: um ato
não pode ser desarrazoado, exagerado, desproporcional ao fim que se quer
alcançar.
 Portanto, observe que a discricionariedade não se assemelha ao poder arbitrário.
A discricionariedade é um poder, já a arbitrariedade é uma ilegalidade.

Além desses dois anteriores existem os outros 4 poderes:


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PODER HIERÁRQUICO: ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PODER DISCIPLINAR: APLICAR PUNIÇÃO AOS SEUS SERVIDORES

PODER REGULAMENTAR: CRIAR NORMAS

PODER DE POLÍCIA: RESTRINGIR DIREITOS INDIVIDUAIS EM BENEFÍCIO


DA SOCIEDADE.

Vamos aprofundar cada um destes poderes.

PODER HIERÁRQUICO

O Poder Hierárquico é o instrumento disponibilizado à Administração Pública para


distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus
agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro
pessoal.

O Poder Hierárquico configura um poder de estruturação interna da atividade pública de


uma pessoa jurídica, determinando uma relação de hierarquia e subordinação entre os
seus órgãos e agentes. Tratam-se de prerrogativas oriundas desse poder a delegação e a
avocação de competência.

Contudo, os subordinados não se submetem a todas as ordens. As ordens


manifestadamente ilegais não devem ser cumpridas pelos subordinados.

Condições para uso do poder hierárquico:

 Dentro da mesma pessoa jurídica;


 Deve haver subordinação (diferente de vinculação);
 Não se fala em hierarquia entre os Poderes (Executivos, Legislativos e
Judiciários).
 Ressalta-se também que quando o ato normativo tem como objetivo ordenar a
atuação dos subordinados, é considerado poder hierárquico e não regulamentar.

Todo subordinado deve obedecer seus superiores, isto ocorre devido ao dever de
obediência, respeitando o ordenamento legal, ou seja, não deve praticar atos ilegais ou
ilícitos, mesmo que seu superior hierárquico ordene.

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Pode-se afirmar que estão entre as atividades desse poder:

 Dar ordens;
 Editar atos normativos com o objetivo de ordenar a atuação dos subordinados;
 Delegar competências;
 Avocar atribuições;
 Aplicar sanções.

A delegação de atribuições, uma das manifestações do poder hierárquico, é o ato de


conferir a outro servidor atribuições que, originalmente, eram de competência da
autoridade delegante. Sobre a delegação, podemos afirmar que:

 Não é possível a delegação de atribuições de um Poder a outro, salvo quando


expressamente autorizado pelo texto constitucional, o que ocorre, por
exemplo, quando a Constituição Federal autoriza o Legislativo a delegar ao
Chefe do Executivo a edição de lei.
 Não podem ser delegadas atribuições que a lei fixar como exclusivas de
determinada autoridade.
 A delegação não pode ser recusada pelo subordinado, exceto relativamente a
ordens manifestamente ilegais.
 As atribuições não podem ser subdelegadas sem a expressa autorização do
delegante.

PODER DISCIPLINAR

O poder disciplinar é definido como o poder dever de punir as infrações funcionais dos
servidores e demais pessoas sujeitas a disciplina de órgãos públicos. É o poder que a
Administração Pública pode penalizar seus servidores por infrações funcionais com
objetivo de aperfeiçoar o serviço público.

Mas, não se confunde o poder punitivo com poder disciplinar. Já que o poder punitivo é
mais abrangente, e o poder disciplinar é considerado uma espécie dele.

O poder punitivo é a capacidade do Estado em punir os crimes e contravenções penais.


Enquanto o poder disciplinar e o poder de polícia são a representação do poder punitivo
na administração pública.

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O poder disciplinar atinge os servidores públicos e os particulares que estejam ligados


por algum vínculo jurídico com a administração. Ou seja, uma empresa particular que a
administração pública tenha contratado.

Poder disciplinar x Poder hierárquico

O poder disciplinar pode se relacionar com o poder hierárquico para aplicar determinada
sanções em servidores públicos. Por isso, muitas vezes, pode-se afirmar que a sanção foi
aplicada com base direta no poder disciplinar e indiretamente pelo poder hierárquico.

Mas, não se limita a isso. No caso de uma concessionária (empresa privada com
contrato de concessão com o Estado) realizar determinado ato proibido no contrato, será
penalizada com base no poder disciplinar, mas não terá nenhuma relação com o poder
hierárquico. Afinal, não existe hierarquia entre a administração pública e a
concessionária.

O superior deve punir seu subordinado ou senão incorrerá em crime contra


Administração Pública. O poder disciplinar é interno da Administração e não tem nada a
ver com o poder do Estado com seus cidadãos.

Punição de um funcionário publico por um superior a um inferior é a execução imediata


do Poder Disciplinar e uma execução mediata do Poder Hierárquico.

PODER REGULAMENTAR OU NORMATIVO

É o poder que o Executivo (Presidente, Governadores e Prefeitos) tem para decretar ou


regulamentar leis, ou seja, detalhando a lei para que elas sejam executadas
corretamente.

Segundo José dos Santos Carvalho Filho, o poder regulamentar é “a prerrogativa


conferida à Administração Pública para editar atos gerais para complementar as leis e
permitir a sua efetiva aplicação. A prerrogativa, registre-se, é apenas para complementar
a lei; não pode, pois, a Administração alterá-la a pretexto de estar regulamentando”.

Ressalta-se que esse é o conceito amplo e o mais abordado nas provas. Esse conceito
retrata, na realidade, o poder normativo. Entretanto, o conceito restrito afirma que o

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poder regulamentar trata do poder conferido ao chefe do Poder Executivo (Presidente,


Governadores e Prefeitos) para a edição de normas complementares à lei, permitindo a
sua fiel execução. Ou seja, o poder regulamentar está inserido no poder normativo.

Características gerais do poder regulamentar/normativo:

 Editar atos gerais;


 Complementar as leis;
 Permitir a fiel execução da lei;
 Normas derivadas ou secundárias;
 Não podem inovar no ordenamento jurídico.
 Decreto autônomo

Em regra, o poder regulamentar não pode inovar na ordem jurídica. Mas, existem
situações específica em que será possível inovar no ordenamento jurídico, como é o
caso do decreto autônomo.

Conforme Constituição Federal, compete privativamente ao Presidente da República


dispor mediante decreto sobre:

 Organização e funcionamento da organização e funcionamento da administração


federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos;
 Extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.

Portanto, nesse caso específico, o Chefe do Poder executivo pode abranger assuntos
que, de alguma forma, inovam no mundo jurídico.

PODER DE POLÍCIA

É o poder que tem a Administração Pública de proteger ou restringir o uso de bens,


atividades ou direitos privados em benefício do interesse público. Este poder só deve ser
usado em caso de real ameaça ao interesse público. Este poder é uma maneira de conter
abusos de direito individual.

Hely Lopes Meirelles descreve que o poder de polícia é a faculdade que dispõe a
administração pública de condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades, e

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direitos individuais em benefício da coletividade ou do próprio Estado. Temos também


a seguinte definição dada por Meirelles:

“O Poder de Polícia é, em suma, o conjunto de atribuições concedidas a


Administração para disciplinar e restringir, em favor do interesse público adequando,
direitos e liberdades individuais” (TÁCITO, 1975, apud MEIRELLES, 2002, p. 128).

O poder de Polícia se divide em tipos primários de polícia. Existe a Polícia


Administrativa e Polícia Judiciária.

Polícia administrativa: Tem caráter preventivo para evitar atitudes antissociais e age
sobre bens, direitos ou atividades. Aqui inclui a polícia militar, e órgãos fiscalizadores
como a área do trabalho, saúde, educação e etc…

Polícia judiciária: Tem caráter repressivo e incide sobre pessoas. Seu objetivo é punir
as pessoas no rigor da lei penal.

Aqui inclui a polícia civil e polícia militar.

Características do poder de polícia:

Uma das coisas importantes de saber sobre o poder de polícia são os atributos. Os atos
do poder de polícia têm como principais características a discricionariedade,
autoexecutoriedade e a coercibilidade. E o que isso significa?

Discricionariedade:

O administrador pode agir livremente dentro dos limites da lei em defesa do interesse
público. A discricionariedade deve-se aos pontos em que a lei deixa certa margem de
liberdade para aplicação no caso concreto.

A Lei ortoga ao Agente Publico a possibilidade de tomar a providencia mais adequada


aquela situação. Passa pela conveniência administrativa.

Por exemplo, a lei pode definir que determinado ato esteja sujeito a multa de 200 a 400
reais. Se o sujeito realizou esse determinado ato, deve pagar a multa. Não há
discricionariedade. Mas, quanto ao valor, há uma margem de liberdade.

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Autoexecutoriedade:

É o poder dado à Administração Pública para executar suas decisões sem necessidade
de pedir autorização para a justiça.

A autoexecutoriedade é a faculdade de a Administração decidir e executar diretamente


sua decisão por seus próprios meios, sem intervenção do Poder Judiciário. Não é um
atributo que está presente em todas as medidas de polícia, apenas quando for
expressamente prevista ou for uma medida urgente.

A autoexecutoriedade pode ser dividida em exigibilidade e executoriedade. Qual a


diferença entre as duas? A exigibilidade é o uso de meios indiretos de coação, por
exemplo a imposição de multa. Por outro lado, a executoriedade é um meio direto de
coação, como é o caso da apreensão da mercadoria.

Coercibilidade:

Caso haja resistência por parte do indivíduo, a Administração poderá tomar medidas
coercitiva. Ela tem que tomar cuidado na dose para não incorrer em abuso de poder.

O último atributo é o da coercibilidade. Essa característica torna o ato obrigatório,


independente da vontade do administrado. Logo, não há necessidade de o infrator
concordar com a medida. Se ele convive naquela sociedade, precisa obedecer às regras.

Delegação do Poder de Polícia:

Uma das características básicas do Poder de Polícia é a exclusidade da Administração


Publica direta para ser implementada.

Mas P. J. de Direito Privado podem exercer 2 fazes do Poder de Polícia

O Exercício do o Poder de Polícia se subdivide em 4 fases de fato: Legislação,


Consentimento, Fiscalização e Sanção

Legislação:

Fase de criação de normas

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Consentimento

Verificar que um administrado cumpriu todos os requisitos de uma concessão de ato


vinculado. P. J. de Direito Privado.

Fiscalização

Verificar que um administrado descumpriu algum os requisitos que ele era obrigado a
cumprir. P. J. de Direito Privado.

Sanção

A aplicação por si da sanção. Particulares não podem cumprir essa fase do exercício do
poder de polícia.

Em 2020, o STF decidiu no RE (Recurso Extraordinário) 633.782, que as Empresas


Públicas e as Soc. De Eco. Mistas, que tenham capital social majoritariamente público,
prestem exclusivamente serviço público em regime não concorrencial (Exp.: Correios)

ABUSO DE PODER

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O princípio da supremacia do interesse público justifica o exercício dos poderes


administrativos na estrita medida em que sejam necessários ao atingimento dos fins
públicos.

Dessa forma, o exercício ilegítimo das prerrogativas previstas no ordenamento jurídico


à Administração Pública se caracteriza, de forma genérica, como abuso de poder.

Segundo Fernanda Marinela,

“O abuso de poder é o fenômeno que se verifica sempre que uma autoridade ou um


agente público pratica um ato, ultrapassando os limites de suas atribuições ou
competências, ou se desvia das finalidades administrativas definidas pela lei. Alerte-se
que o administrador sujeita-se aos parâmetros legais, o que significa que a conduta
abusiva não merece ser acolhida no mundo jurídico, devendo ser corrigida, seja pela
própria Administração Pública, seja pelo Poder Judiciário.”

Complementa ainda a autora que o reconhecimento do abuso de poder pode se expressar


tanto na conduta comissiva (no fazer) quanto na conduta omissiva (deixar de fazer).
Portanto, em qualquer uma dessas situações o ato é arbitrário, ilícito e nulo, retirando-se
a legitimidade da conduta do agente público, colocando-o na ilegalidade e, até mesmo,
no crime de abuso de autoridade, conforme o caso.

O abuso de poder desdobra-se em duas categorias:

Excesso de poder:

Quando o agente público atua fora dos limites de sua esfera de competência;

O Agente Público podia aplicar uma mula de R$ 100,00 e aplicou de R$ 1.000,00.

Desvio de poder (desvio de finalidade):

Quando o agente atua dentro de sua esfera de competência, porém de forma contrária à
finalidade explícita ou implícita na lei que determinou ou autorizou o ato. Nesse caso,
será desvio de poder a tanto conduta contrária à finalidade geral (interesse público,
finalidade mediata) quanto à finalidade específica (imediata). Dessa forma, o excesso de
poder se relaciona com o elemento da competência; enquanto o desvio de poder se
refere ao elemento da finalidade.

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