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ADMINISTRATIVO

Poderes administrativos
SUMÁRIO

1. Considerações iniciais................................................................................................................................3
1.1 Características..........................................................................................................................................3
1.2 Uso e Abuso de Poder..............................................................................................................................4
2. Poder vinculado e discricionário.................................................................................................................4
3. Poder hierárquico......................................................................................................................................5
3.1 Avocação e delegação de competências...................................................................................................6
3.2 Prerrogativas e deveres hierárquicos........................................................................................................6
3.3 Subordinação e vinculação.......................................................................................................................7
4. Poder disciplinar........................................................................................................................................8
5. Poder normativo........................................................................................................................................9
5.1 Regulamentos........................................................................................................................................10
5.2 Poder regulamentar e poder regulatório................................................................................................11
5.3 Reserva da Administração......................................................................................................................11
6. Poder de polícia.......................................................................................................................................13
6.1 Características........................................................................................................................................14
6.2 Ciclos de Polícia......................................................................................................................................15
6.3 Atributos................................................................................................................................................17
6.4 Jurisprudência correlata.........................................................................................................................18
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO................................................................................................20
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA.............................................................................................................................20
ATUALIZADO EM 21/06/20231

PODERES ADMINISTRATIVOS

1. Considerações iniciais

Antes de iniciarmos e aprofundarmos os estudos, precisamos conceituar os poderes administrativos,


os quais representam instrumentos, prerrogativas pertencentes ao Estado para satisfazer o interesse público.

Não se confundem com Poderes do Estado (elementos estruturais – Executivo, Legislativo e


Judiciário). Por outro lado, poderes e atos administrativos são assuntos interligados, pois no exercício de um
poder administrativo, o administrador pratica atos administrativos.

1.1 Características

a) São deveres. Não se trata de mera liberdade do administrador. Celso Antônio fala em dever-poder.

b) Irrenunciáveis, em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público. O administrador


exerce função pública, exercendo atividade em nome do interesse do povo, que é o titular do poder. Ele é um
mero representante desse poder, não podendo dispor daquilo que não lhe pertence. Função pública significa
atividade em nome e no interesse do povo.

c) Tem limites previstos em lei. Deve respeitar a regra de competência legal (lei ou CF). É
fundamental que se observe o trinômio – necessidade + proporcionalidade + eficiência.

d) Cabe responsabilização do agente público, seja por ação ou omissão. Se o responsável pela
aplicação do poder disciplinar deixa de aplicar a penalidade também é responsabilidade. A omissão tem que
ser específica, ou seja, aquelas que ocorrem mesmo diante de imposição legal do facere administrativo.
Omissão genérica – cabe ao administrador avaliar a oportunidade para agir. Reserva do possível.

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
1.2 Uso e Abuso de Poder

Destaque-se que, se o exercício desses poderes ultrapassar o caráter da instrumentalidade, sendo


praticados além dos limites do estritamente necessário à busca do interesse público, ocorrerá abuso de poder.

Nesse sentido, a doutrina aponta como abuso de poder situações nas quais a autoridade pública
pratica o ato extrapolando a competência legal ou visando uma finalidade diversa daquela estipulada.

Excesso de poder
Abuso de poder
Desvio de poder
(finalidade)

#SELIGANADIFERENÇA: Excesso x Desvio.


 O excesso de poder ocorre em casos nos quais a autoridade pública atua fora dos limites de sua
competência, ou seja, exorbita ou extrapola a competência que lhe foi atribuída, praticando atos que não
estão previamente estipulados por lei.
 O desvio de poder estará presente sempre que o agente do Estado praticar o ato, até mesmo dentro
dos limites da competência a ele conferida, mas visando a alcançar outra finalidade que não aquela prevista
em lei.

Seja em decorrência de excesso ou desvio de finalidade, o abuso de poder enseja a nulidade


do ato administrativo a ser discutida na esfera administrativa, por meio de impugnação administrativa do ato
ou mediante provocação do Judiciário, em virtude do poder que lhe é conferido de controlar a legalidade da
atuação administrativa.

2. Poder vinculado e discricionário

É uma classificação da doutrina tradicional que é feita de acordo com o grau de liberdade conferido
ao administrador. A doutrina moderna, por sua vez, diz que vinculado e discricionário não é o poder, mas sim
o ato no exercício do poder. Frisa, ainda, que um poder nem é totalmente vinculado, nem totalmente
discricionário.
a) Poder vinculado é aquela situação em que o administrador não tem liberdade, juízo de valor,
conveniência e oportunidade. Preenchidos os requisitos a autoridade tem que praticar o ato. Ex.: licença para
construir, licença para dirigir, concessão de aposentadoria. Não seria necessariamente um poder, como o
discricionário, pois não confere qualquer prerrogativa ao agente administrativo.

b) Poder discricionário – no poder discricionário há a conveniência e oportunidade do administrador.


Essa discricionariedade tem de estar dentro dos limites da lei, sob pena de se tratar de conduta arbitrária,
sendo considerada ilegal. Conveniência: modo de atuação, oportunidade, momento.
 Ex.: permissão de uso de bem público, autorização para veículo acima do peso permitido.

#APROFUNDAMENTO  CONTROLE JUDICIAL DA ATIVIDADE DISCRICIONÁRIA - De acordo com Matheus


Carvalho, o Poder Judiciário não pode e não deve substituir a decisão do administrador, não pode fazer análise
de interesse público, não pode, enfim, julgar o mérito de um ato administrativo discricionário. Isso porque, o
mérito é a área que coincide com o campo opinativo do administrador público, extrapolando aquela de
atuação do Poder Judiciário.
 Contudo, ainda que o ato administrativo seja discricionário, ele fica sujeito a controle jurisdicional no
que diz respeito à sua adequação com a lei, mas nunca na análise meritória.
 Os princípios da razoabilidade e proporcionalidade surgem como instrumento de controle, evitando
excesso de poder e condutas desarrazoadas pelo administrador. Logo, se, a pretexto de interpretar a lei, o
agente pratica ato desproporcional, compete ao judiciário, se provocado, anular esta atuação.

*#OUSESABER #DEOLHONAQUESTÃO
O DEVER DO PODER PÚBLICO DE FORNECER ACESSO À PRÉ-ESCOLA E CRECHE SE SUBMETE A UM JUÍZO DE
DISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA?
Em novembro de 2005, no RE 436.966, o STF reconheceu o direito constitucional à educação, afirmando que é
dever dos municípios oferecer creche e acesso à pré-escola a todas as crianças que precisem, sendo uma
OBRIGAÇÃO CONSTITUCIONAL VINCULANTE, não havendo que se falar em discricionariedade da
Administração Pública. No mesmo diapasão, tem-se o seguinte julgado: AgRg no Resp 1.198.737/RS.

3. Poder hierárquico
É a prerrogativa que garante ao administrador estruturar, escalonar e hierarquizar os seus quadros.
Ele vai organizar, estabelecendo a relação hierárquica de subordinação. O exercício do poder hierárquico traz
algumas faculdades: dar ordens, fiscalizar o cumprimento dos atos praticados pelos subordinados, rever os
atos praticados pelos subordinados, delegar e avocar funções, aplicar sanções e penalidades (exercício de
poder hierárquico e disciplinar, uma vez que o poder disciplinar decorre do poder hierárquico). A delegação é
uma exceção e deve ser justificada. Já a avocação é realizada pelo superior quando a atribuição é da
responsabilidade de outro núcleo de atribuição. Celso Antônio Bandeira de Melo utiliza a expressão “poder do
hierarca”. Para Carvalho hierarquia e disciplina são fato administrativos e não poderes.

3.1 Avocação e delegação de competências

 Avocação: desde que as atribuições não sejam da competência exclusiva do órgão


subordinado, o chefe poderá chamar para si, de forma temporária, a competência que deveria inicialmente ser
exercida pelo agente subalterno.
 Delegação: é a extensão de atribuições de um órgão a outro de mesma hierarquia ou de
hierarquia inferior, desde que não sejam exclusivas. A delegação também é exercida de forma temporária.
Nesse sentido, é importante salientar que a delegação não configura uma transferência, mas sim uma
extensão ou ampliação de competência, ou seja, o agente delegante não perde a competência delegada. É
designada cláusula de reserva essa regra de manutenção da competência pelo agente, mesmo após a
delegação, e esta cláusula está implícita nos atos administrativos de delegação.

o A competência sempre será delegada de forma restritiva, ou seja, o ato de delegação deve ser
expresso em relação à competência delegada e no que tange a indicação do agente que se tornará
competente. Não se admite ato genérico de delegação.
o Súmula 510/STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada,
contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.

Por fim, cumpre salientar que a lei expressamente proíbe a delegação de competência (e
consequentemente a avocação) nas três situações a seguir descritas:
 No caso de competência exclusiva, definida em lei;
 Para decisão de recurso hierárquico;
 Para edição de atos normativos.
3.2 Prerrogativas e deveres hierárquicos

O poder hierárquico confere uma série de prerrogativas aos agentes públicos hierarquicamente
superiores em relação aos seus respectivos subordinados, a saber:
a) Ordens: expedição de ordens, nos estritos termos da lei, que devem ser cumpridas pelos
subordinados, salvo as ordens manifestamente ilegais;
b) Controle ou fiscalização: verificação do cumprimento por parte dos subordinados das ordens
administrativas e das normas vigentes;
c) Alteração de competências: nos limites permitidos pela legislação, a autoridade superior pode
alterar competências, notadamente por meio da delegação e da avocação;
d) Revisional: possibilidade de rever os atos praticados pelos subordinados para anulá-los,
quando ilegais, ou revogá-los por conveniência e oportunidade, nos termos da respectiva legislação;
e) Resolução de conflitos de atribuições: prerrogativa de resolver, na esfera administrativa,
conflitos positivos ou negativos de atribuições dos órgãos e agentes subordinados; e
f) Disciplinar: apurada eventual irregularidade na atuação funcional do subordinado, a
autoridade superior, após o devido processo legal, garantindo a ampla defesa e o contraditório, deverá aplicar
as sanções disciplinares tipificadas na legislação.

As prerrogativas da autoridade superior acarretam o dever de obediência por parte dos agentes
públicos hierarquicamente inferiores. A insubordinação do agente público, caracterizada pelo
descumprimento das determinações superiores, configura infração funcional, punível com a sanção disciplinar
de demissão.

3.3 Subordinação e vinculação2

No âmbito da organização administrativa, existem relações de subordinação e de vinculação que não


se confundem. A relação de subordinação decorre naturalmente da hierarquia existente no interior dos órgãos
e das entidades administrativas, pois há hierarquia em toda e qualquer desconcentração administrativa, seja
entre órgãos da Administração Direta, seja no interior de determinada entidade da Administração Indireta.

2
CAIU NA PGM-CAMPINAS-FCC/2016: o poder hierárquico manifesta-se presente nas relações de desconcentração,
porque há relação de subordinação entre os órgãos da Administração e a Administração central, o que não se replica com
as relações travadas entre esta e os entes da Administração indireta, ainda que se evidencie o poder de tutela.
Portanto, a subordinação tem caráter interno, não havendo que falar em subordinação nas relações
interadministrativas. Por outro lado, a relação de vinculação é encontrada entre entidades da Administração
Indireta e os respectivos entes federados. Entre pessoas jurídicas distintas, em razão da autonomia dessas
entidades, não existe hierarquia, mas apenas os controles previstos expressamente a legislação (vinculação).
Trata-se de relação externa, envolvendo pessoas jurídicas dotadas de personalidade jurídica própria e
autonomia.

4. Poder disciplinar

O poder disciplinar é a prerrogativa reconhecida à Administração para investigar e punir, após o


contraditório e a ampla defesa, os agentes públicos, na hipótese de infração funcional, e os demais
administrados sujeitos à disciplina especial administrativa. O poder disciplinar é exercido por meio do Processo
Administrativo Disciplinar (PAD). Fundado, normalmente, na hierarquia administrativa, o poder disciplinar
relaciona-se com as relações jurídicas especiais administrativas, englobando duas situações:

a) Relações funcionais travadas com agentes públicos, independentemente da natureza do


respectivo vínculo jurídico – legal ou negocial (ex.: demissão do servidor público); e
b) Particulares inseridos em relações jurídicas especiais com a Administração, mas que não são
considerados agentes públicos (ex.: aplicação de multa contratual à empresa contratada pela Administração,
sanções aplicadas aos alunos de escola pública e aos usuários de biblioteca pública etc.).

Ao contrário do poder de polícia, exercido no âmbito de relações jurídicas genéricas entre Estado e
cidadão, o poder disciplinar refere-se às relações jurídicas especiais, decorrentes de vínculos jurídicos
específicos existentes entre o Estado e o particular (Administração – agente público, Administração –
contratado, Administração –usuário de serviços públicos etc.).
 O Poder Disciplinar consiste em um sistema punitivo interno e por isso não se pode confundir
com o sistema punitivo exercido pela justiça penal muito menos com o exercício do Poder de Polícia. As
pessoas que são atingidas por esse Poder possuem uma sujeição especial, um vínculo com a Administração
Pública.

#APROFUNDAMENTO  DISCRICIONARIEDADE DO PODER DISCIPLINAR


É tradicional a afirmação de que o poder disciplinar é discricionário, tendo em vista a menor rigidez da
legislação administrativa, quando comparada à legislação penal, que confere liberdade, sempre regrada
(limitada), para que a autoridade administrativa determine a adequação da conduta ao Estatuto funcional e
escolha, motivadamente, a sanção que deve ser aplicada ao agente.
A tipicidade administrativa, ao contrário da tipicidade penal, é aberta (menos rígida), uma vez que o
legislador, na maioria dos casos, limita-se a definir, genericamente, os deveres que deverão ser respeitados
pelos agentes, estabelecendo sanções que deverão ser aplicadas, com razoabilidade, pela autoridade
competente.
Ressalte-se, no entanto, que a discricionariedade não se confunde com liberdade total ou
arbitrariedade. No exercício de competências discricionárias, a Administração deve respeitar os princípios e
regras vigentes (juridicidade) e, no caso específico da aplicação de sanções, deve observar, especialmente, os
princípios da razoabilidade, da proporcionalidade, do devido processo legal, da ampla defesa e do
contraditório. Ademais, toda e qualquer sanção estatal deve ser necessariamente motivada.
Portanto, discricionariedade sofre sérias limitações na atualidade. A autoridade administrativa, ao
tomar conhecimento de suposta infração funcional, tem o dever-poder de apurar o fato para eventual punição
do agente, inexistindo liberdade na hipótese.

#ATENÇÃO #MAGISTRATURA #MP: Magistratura de membros do MP gozam de independência funcional no


exercício da função institucional, não existindo aqui hierarquia ou subordinação. No entanto, estão sujeitos ao
poder disciplinar, no tocante à disciplina interna da instituição. Ex.: punição pela corregedoria. CNJ? Foi criado
para exercer controle administrativo. Não pode exercer controle jurisdicional.

5. Poder normativo

O poder normativo ou regulamentar é a prerrogativa reconhecida à Administração Pública para


editar atos administrativos gerais para fiel execução das leis. Tradicionalmente, é reconhecida a possibilidade
de órgãos e entidades localizadas institucionalmente fora do âmbito do Poder Legislativo exercerem, também,
poder normativo.

Trata-se, em verdade, de uma consequência do caráter relativo do princípio da separação de poderes


que, segundo a doutrina do checks and balances, permite a cada um dos “Poderes” o exercício de funções
atípicas de forma a controlar o outro “Poder”. Ou seja, cada “Poder” exerce funções típicas, correspondentes
ao seu nome (Poder Executivo executa a lei; o Legislativo cria as leis, inovando na ordem jurídica; e o Judiciário
resolve, com definitividade, as lides, além de controlar a constitucionalidade de leis e atos normativos), bem
como funções atípicas que seriam, em princípio, inerentes aos outros “Poderes” (o Chefe do Executivo pode
exercer poder normativo com caráter inovador mediante a edição, v.g., das medidas provisórias e da lei
delegada, conforme previsto, respectivamente, nos arts. 62 e 68 da CRFB).

O poder normativo da Administração Pública pode ser exercido basicamente por meio da delegação
legislativa ou do próprio poder regulamentar. Enquanto a delegação legislativa possibilita a prática de ato
normativo primário, com força de lei (ex.: medidas provisórias e leis delegadas, previstas, respectivamente,
nos arts. 62 e 68 da CRFB), o poder regulamentar encerra uma atividade administrativa, de cunho normativo
secundário. Em verdade, o poder normativo das entidades administrativas, exercido com fundamento em
norma legal, não decorre da delegação propriamente dita operada pelo legislador, mas, ao contrário, é
inerente à função administrativa e pode ser exercido dentro dos limites fixados em lei.

É conferido à Administração Pública o poder de regulamentar a legislação, esclarecendo-a e


detalhando-a, de forma a possibilitar a sua concretização. Em algumas situações, a própria Constituição da
República confere a possibilidade de a Administração editar regulamentos sem a necessidade de
intermediação legislativa, como se analisará no tópico abaixo.

5.1 Regulamentos

Saliente-se que Regulamento e Decreto são referências ao mesmo ato normativo. Isso porque o
Regulamento é o ato normativo privativo do chefe do Poder Executivo e Decreto é a sua forma. Em outras
palavras, pode-se dizer que o Regulamento é expedido por meio de um Decreto.
 Os regulamentos são atos privativos do chefe do Poder Executivo.

ESPÉCIES DE REGULAMENTO

São aqueles editados para a fiel execução da lei. Este regulamento não pode
Regulamentos
inovar o ordenamento jurídico, mas somente pode complementar a lei. Art. 84,
executivos
IV da CF.

Regulamentos São Regulamentos que atuam substituindo a lei e têm o condão de inovar o
Autônomos ordenamento jurídico, determinando normas sobre matérias não disciplinadas
em lei.

Em consonância com o entendimento majoritário da doutrina e jurisprudência


brasileiras, só são admissíveis duas espécies de Regulamentos Autônomos no
ordenamento jurídico pátrio, quais sejam, as duas situações previstas no art.
84, VI da Carta Magna. São exceções à regra geral de que o chefe do Poder
Executivo edita decretos para fiel execução da lei, sem o caráter de inovação da
ordem jurídica (organização e funcionamento da administração federal, quando
não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos).

5.2 Poder regulamentar e poder regulatório

O poder regulamentar não se confunde com o poder regulatório. De um lado, o poder regulamentar
possui as seguintes características:
a) Competência privativa do chefe do Executivo (art. 84, IV, da CRFB);
b) Envolve a edição de normas gerais para fiel cumprimento da lei;
c) Conteúdo político.

Por outro lado, o poder regulatório apresenta as seguintes características:


a) Competência atribuída às entidades administrativas, com destaque para as agências
reguladoras (art. 174 da CRFB);
b) Engloba o exercício de atividades normativas, executivas e judicantes;
c) Conteúdo técnico.

*Atualizado em 21/06/2023:
#DEOLHONAJURIS: Ofende os arts. 2º e 84, II, da Constituição Federal norma de legislação estadual que
estabelece prazo para o chefe do Poder Executivo apresentar a regulamentação de disposições legais.
Exemplo: Art. 9º O Chefe do Poder Executivo regulamentará a matéria no âmbito da Administração Pública
Estadual no prazo de 90 dias.
Essa previsão é inconstitucional.
STF. Plenário. ADI 4728/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/11/2021 (Info 1037).

5.3 Reserva da Administração

A liberdade de conformação do legislador encontra limites no texto constitucional. Entre esses


limites, costuma-se apontar, no Direito Comparado, a existência da denominada “reserva de administração”
como um verdadeiro “núcleo funcional da administração ‘resistente’ à lei”. Daí a Constituição, em situações
específicas, determinar que o tratamento de determinadas matérias fica adstrito ao âmbito exclusivo da
Administração Pública, não sendo lícita a ingerência do parlamento.

A reserva de administração pode ser dividida em duas categorias:

Fundamenta-se no princípio da separação de poderes e significa que a atuação de


Reserva geral de cada órgão estatal não pode invadir ou cercear o “núcleo essencial” da
administração competência dos outros órgãos, cabendo exclusivamente à Administração
executar as leis, especialmente no exercício da discricionariedade administrativa;

Reserva específica de Quando a Constituição destaca determinadas matérias, submetendo-as à


administração competência exclusiva do Poder Executivo

No Brasil, o Supremo Tribunal Federal já reconheceu a existência de um verdadeiro princípio


constitucional da reserva de administração, com fulcro no princípio da separação de poderes, cujo conteúdo
impediria “a ingerência normativa do Poder Legislativo em matérias sujeitas à exclusiva competência
administrativa do Poder Executivo”.

Na doutrina de Rafael Carvalho, o art. 84, VI, “a”, da CRFB, alterado pela EC 32/2001, consagra
hipótese de reserva de administração, uma vez que a organização da Administração Pública Federal (por
simetria, estadual e local também) deixou de ser tratada por lei e passou para o domínio do regulamento,
evidenciando uma verdadeira deslegalização efetivada pelo próprio texto constitucional. A ideia, como se vê,
foi retirar do legislador essa matéria, transferindo-a, com exclusividade, para o âmbito do regulamento a ser
editado pelo chefe do Executivo. Em consequência, hoje, a atuação legislativa nesse campo é considerada
inconstitucional.

*#SAIBAMAIS: O Poder Executivo Federal pode emitir atos regulamentadores de leis que estão sujeitas ao
controle do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, inclusive quanto à omissão junto a este último. Certo ou
errado?
O poder normativo, também chamado de poder regulamentar, é conferido ao administrador (em geral, ao
chefe do Poder Executivo) para a elaboração de normas que complementem a lei, permitindo, assim, sua
execução.
A doutrina reconhece dois tipos de regulamentos:
a) Regulamento executivo: Previsto no art. 84, IV, da CF/88, o regulamento executivo busca complementar a
lei, para que esta tenha integral execução. Esta espécie não pode inovar na ordem jurídica, mas apenas
detalhar as regras para a fiel execução da lei.
b) Regulamento autônomo: Também chamado de regulamento “independente”, este tem o poder de inovar
na ordem jurídica, não completando lei anterior, mas normatizando matérias até então não foram
disciplinadas por lei. São os previstos no art. 84, VI, da CF/88. No que pese a celeuma sobre o tema, prevalece,
na doutrina, o entendimento de que, no Brasil, o regulamento autônomo pode existir, apenas, de forma
excepcional e quando expressamente autorizado pelo texto constitucional.
A CF assevera no art. 49, V, que o Congresso Nacional tem competência para sustar os atos normativos do
Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.
Da mesma forma, o art. 102 afirma que compete ao STF processar e julgar, originariamente, a ação direta de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade
de lei ou ato normativo federal.
Já sobre o controle na omissão dos atos normativos, o art. 103, §2º, dispõe que: Declarada a
inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao
Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para
fazê-lo em trinta dias.
Assim, é possível que o Poder Judiciário possa determinar a adoção de providências junto ao Poder Executivo,
quando este for omisso, seja através de ADI por omissão, seja por meio de Mandado de Injunção, o que torna
a questão verdadeira.
RESPOSTA: CERTA!

6. Poder de polícia

É a prerrogativa que tem o Estado de restringir, frenar, limitar a atuação do particular em razão do
interesse público. É fruto da compatibilização do interesse público em face do privado.

 Poder de polícia em sentido amplo – qualquer ato de qualquer dos poderes que limite direito
individual (lei, por exemplo).
 Poder de polícia em sentido estrito – somente atividade administrativa.

Não devemos confundir os conceitos de polícia-administrativa (polícia-função) com polícia-


corporação. Esta indica uma unidade administrativa (um órgão administrativo), decorrente do processo de
desconcentração, vinculada ao sistema de segurança pública, cuja função típica é a prevenção de delitos, de
condutas ofensivas à ordem pública, sendo atividade preponderantemente repressiva; aquela (polícia-função)
traduz a ideia de atividade administrativa, sendo exercida por diversos órgãos, além da polícia-corporação,
cuja principal função é a prevenção da perturbação do interesse público, a exemplo da proteção ao patrimônio
público.

#CONCEITOLEGAL: o CTN define o Poder de Polícia como função da Administração Pública de limitar ou
disciplinar direitos, regulando a prática de ato ou abstenção de fatos, em razão do interesse da coletividade,
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, ao exercício de atividades econômicas que
dependem de autorização e concessão, bem como aos direitos individuais e coletivos.

6.1 Características

a) Incide sobre os direitos à liberdade e à propriedade: não retira o direito. O Estado apenas define a
forma de se exercer o direito. Ex.: só pode construir até seis andares. Não há indenização se a sua
manifestação for legítima. Incide sobre bens, direitos e atividades, mas não atinge diretamente as pessoas.

b) Há possibilidade de cobrança de taxa de polícia art. 78 do CTN e não preço público. Taxa é tributo
vinculado à contraprestação estatal, de forma que só pode ser cobrada se houver o efetivo exercício do poder
de polícia. Há exercício do poder de polícia na concessão de licença e também na sua renovação, desde que
diante da existência de estrutura administrativa capaz de verificar a continuidade da existência das condições
para o exercício do poder3.

c) O poder de polícia é, em regra, um poder de polícia negativo, isto é, normalmente no exercício do


poder de polícia há uma abstenção; uma obrigação de não fazer. Ex.: não ultrapassar 60km/h. Contudo,
também pode assumir feições positivas, como, por exemplo, a obrigação de fazer consistente em ajustar
edificações que estejam em descompasso com regras de acessibilidade4.

3
*#CAIUEMPROVA: Peculiaridade que foi cobrada e considerada INCORRETA na prova do TRF3/2016: Segundo o STF, a
taxa de renovação de licença de funcionamento é constitucional, desde que haja o efetivo exercício do poder de polícia,
não bastando para sua demonstração a mera existência de órgão administrativo que possua estrutura e competência
para a realização da atividade de fiscalização. A decisão do STF: “Nos termos da jurisprudência da Corte, a taxa de
renovação de licença de funcionamento é constitucional, desde que haja o efetivo exercício do poder de polícia, o qual
é demonstrado pela mera existência de órgão administrativo que possua estrutura e competência para a realização da
atividade de fiscalização”.

4
*(ATUALIZADO EM 25/05/21) #CAIUEMPROVA: DELEGADO DA PF – 2021 – CEBRASPE: Discorra sobre o poder de polícia
administrativa, abordando os seguintes aspectos:
d) Pode ser praticado em três momentos: preventivo – definir a quilometragem/ fiscalizatório –
condições sanitárias/ repressivo – penalização diante do descumprimento.

e) pode se expressar através de atos normativos (gerais: portarias, resoluções) ou punitivos (multas,
licenças, autorizações).

f) A competência para o exercício do poder de polícia precisa de previsão legal. Se o interesse é


nacional a competência para legislar é da União. Regional do estado e local do município. No caso de
competência concorrente pode haver gestão associada, por meio da celebração de convênio ou consórcios
públicos. Súmula 19 STJ – A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da
União. Súmula 645 STF – É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento
comercial.

g) Fundamento: O poder de polícia é exercício da supremacia geral, ou seja, a atuação do poder


público que não depende de vínculo jurídico anterior. É diferente de supremacia especial, que é a atuação do
poder público que decorre de vínculo jurídico anterior. Ex. pena decorrente de contrato não cumprido.

1 O conceito de poder de polícia administrativa, diferenciando-o de serviço público; O poder de polícia administrativa é
a competência para disciplinar/limitar o exercício da autonomia privada em prol do bem coletivo, de modo a evitar que a
máxima liberdade de cada um reduza a liberdade alheia. Diferencia-se de serviço público porque este apresenta cunho
prestacional, ou seja, busca satisfazer necessidades individuais, enquanto a atividade de poder de polícia busca apenas
evitar que a fruição das liberdades e direitos privados prejudique direitos, interesses e bens alheios.
2 As condicionantes de validade; Como toda competência estatal limitadora de direitos, o poder de polícia é
condicionado pelos princípios da legalidade e da proporcionalidade. O primeiro assegura que somente a lei em sentido
amplo crie limitações a direitos. A atividade de poder de polícia administrativa não pode ser inovadora, deve se
conformar à lei. Já o princípio da proporcionalidade exige que qualquer limitação, para ser válida, seja a) adequada; b)
necessária; e c) compatível com os valores consagrados na Constituição e nas leis. A adequação significa um vínculo de
causalidade lógica entre a providência limitativa adotada e o fim concreto que a justifica. A necessidade impõe a adoção
da providência menos onerosa possível dentre as diversas que se revelarem adequadas. A compatibilidade com a
Constituição e as leis impõe que as providências restritivas jamais suprimam ou ofendam valores ou direitos
fundamentais.
3 A evolução do entendimento do poder de polícia como imposição de deveres de abstenção para o de imposição de
deveres de fazer, apresentando um exemplo; conceito tradicional de poder de polícia reputava que impor restrições à
autonomia privada era suficiente para promover a ordem pública. Essa visão mostrou-se insatisfatória para promover
valores coletivos. Assim, evoluiu-se para entender que o poder de polícia administrativa também pode impor deveres de
atuação em prol dos interesses coletivos. Um exemplo é a segurança das edificações. Os edifícios devem contemplar
saídas de emergência, segundo normas apropriadas. Outro: segurança alimentar, com imposição a comerciantes de
regras para impedir a deterioração de alimentos e o fornecimento de informações adequadas sobre composição e efeitos
dos produtos
4 O contraste entre competência para exercer segurança pública e competência para exercer poder de polícia
administrativa. O STF diferenciou as competências constitucionais atinentes a segurança pública e polícia administrativa,
em recurso extraordinário com repercussão geral. A segurança pública é atribuição exclusiva das organizações policiais
mantidas pela União e pelos estados (art. 144, CF/88). Envolve aspecto específico de preservação da integridade de
pessoas e bens e abrange também muitas atividades de poder de polícia administrativa. Todavia, há outros órgãos que
podem exercer poder de polícia administrativa, ainda que não possam exercer atividades de segurança pública.
#DISCUSSÃO #IMPORTANTE: Ele não pode ser delegado a pessoas privadas, sob pena de comprometer a
segurança jurídica. O STF analisou essa questão na ADI 17171, na qual afirmou que os conselhos de classe não
poderiam fazer parte da esfera privada, por exercerem poder de polícia. No entanto, é possível a delegação de
atos materiais, atos instrumentais e atos preparatórios, através de contrato com pessoas privadas. Elas são
responsáveis unicamente pelas constatações de fato, como, por exemplo, os pardais de trânsito. Pode ser
delegado, no entanto, às pessoas da Administração indireta que exerçam função pública (poder de polícia
delegado. Originário seria o das pessoas políticas), através de previsão legal, apenas para fiscalizar, não
podendo criar qualquer norma. Nesse caso, pouco importa o regime de dos agentes públicos, estatutário ou
celetista.
*(Atualizado em 04/01/2021) #DEOLHONAJURIS #ATENÇÃO:
É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado
integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem
exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. STF. Plenário.
RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996).
*(Atualizado em 03/05/2021) #DIZERODIREITO
O fato de a pessoa jurídica integrante da Administração Pública indireta destinatária da delegação da atividade
de polícia administrativa ser constituída sob a roupagem do regime privado não a impede de exercer a função
pública de polícia administrativa.
O regime jurídico híbrido das estatais prestadoras de serviço público em regime de monopólio é plenamente
compatível com a delegação, nos mesmos termos em que se admite a constitucionalidade do exercício
delegado de atividade de polícia por entidades de regime jurídico de direito público. Isso porque a incidência
de normas de direito público em relação àquelas entidades da Administração indireta tem o condão de as
aproximar do regime de direito público, do regime fazendário e acabar por desempenhar atividade própria do
Estado.
O STJ, ao desdobrar o ciclo de polícia, entende que somente os atos relativos ao consentimento e à fiscalização
são delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder de coerção do Poder Público.
Segundo a teoria do ciclo de polícia, o atributo da coercibilidade é identificado na fase de sanção de polícia e
caracteriza-se pela aptidão que o ato de polícia possui de criar unilateralmente uma obrigação a ser adimplida
pelo seu destinatário.
Apesar da substancialidade da tese, verifica-se que, em relação às estatais prestadoras de serviço público de
atuação própria do Estado e em regime de monopólio, não há razão para o afastamento do atributo da
coercibilidade inerente ao exercício do poder de polícia, sob pena de esvaziamento da finalidade para a qual
aquelas entidades foram criadas.
A Constituição da República, ao autorizar a criação de empresas públicas e sociedades de economia mista que
tenham por objeto exclusivo a prestação de serviços públicos de atuação típica do Estado, autoriza,
consequentemente, a delegação dos meios necessários à realização do serviço público delegado, sob pena de
restar inviabilizada a atuação dessas entidades na prestação de serviços públicos.
Por outro lado, cumpre ressaltar a única fase do ciclo de polícia que, por sua natureza, é absolutamente
indelegável: a ordem de polícia, ou seja, a função legislativa. A competência legislativa é restrita aos entes
públicos previstos na Constituição da República, sendo vedada sua delegação, fora das hipóteses
expressamente autorizadas no tecido constitucional, a pessoas jurídicas de direito privado.
Em suma, os atos de consentimento, de fiscalização e de aplicação de sanções podem ser delegados a
estatais que possam ter um regime jurídico próximo daquele aplicável à Fazenda Pública.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

*(Atualizado em 28/12/2020) Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA deve exigir, na rotulagem dos
produtos alimentícios, a advertência da variação de 20% nos valores nutricionais. STJ. 2ª Turma. REsp
1.537.571-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/09/2016 (Info 677).

*(Atualizado em 19/11/2020): Existem dois tipos de instituições que podem emitir cartões de crédito: 1)
instituições financeiras, que emitem e administram cartões próprios ou de terceiros e concedem
financiamento direto aos portadores; 2) operadoras de cartão de crédito em sentido estrito, que são empresas
não financeiras que emitem e administram cartões próprios ou de terceiros, que não financiam os seus
clientes. As instituições financeiras que emitem e administram cartões próprios ou de terceiros (primeiro tipo
acima) já eram fiscalizadas pelo Bacen, nos termos do art. 10, IX, da Lei nº 4.595/64. Por outro lado, as
operadoras de cartão de crédito em sentido estrito só passaram a ser reguladas e fiscalizadas pelo CMN e pelo
Bacen após a edição da MP 615/2013. Antes da edição da MP 615/2013, não havia dispositivo legal que
obrigasse o CMN a regular e o Bacen a fiscalizar as atividades das operadoras de cartão de crédito em sentido
estrito. Isso porque a intermediação que essas fazem não tem natureza financeira para os fins do art. 17 da Lei
nº 4.595/64. Atualmente, existe previsão legal de normatização e fiscalização das operadoras em sentido
estrito por parte do CMN e do Bacen, quadro que se formou com a edição da MP 615/2013. STJ. 2ª Turma.
REsp 1.359.624-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/03/2020 (Info 674).

O STF definiu a tese de que é constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício do poder de polícia
de trânsito, inclusive para a imposição de sanções administrativas legalmente previstas (ex: multas de
trânsito). STF. Plenário.RE 658570/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,
julgado em 6/8/2015 (Info 793).

*(Atualizado em 03.07.20): #DEOLHONAJURIS: No processo administrativo para imposição de multa de


trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena decorrente da infração. Tais
notificações, se feitas por remessa postal, não precisam ser acompanhadas de aviso de recebimento (AR).
Não há essa exigência no Código de Trânsito Brasileiro nem nas Resoluções do CONTRAN. STJ. 1ª Seção. PUIL
372-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 11/03/2020 (Info 668).

*#STJ: Profissionais de empresas privadas que exerçam atividade de prevenção e combate ao incêndio podem
adotar a nomenclatura “bombeiro civil”. O art. 2º da Lei nº 11.901/2009 dispõe que são “bombeiros civis” os
empregados contratados tanto por empresas públicas quanto privadas que exerçam atividade de prevenção e
combate ao incêndio. A Lei nº 12.664/2012 não revogou a Lei nº 11.901/2009, mas apenas proibiu o uso de
uniformes que possuam insígnias, distintivos e emblemas representativos das instituições públicas. STJ. 1ª
Turma. REsp 1.549.433-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 09/04/2019 (Info 648).
*(Atualizado em 17/10/2020) Lei distrital não pode conferir porte de arma nem determinar o exercício de
atividades de segurança pública a agentes e inspetores de trânsito Importante!!! A Constituição Federal, nos
incisos do art. 144, estabelece quais são os órgãos de segurança pública. Esse rol é taxativo e de observância
obrigatória pelo legislador infraconstitucional. Como consequência, os Estados-membros não podem atribuir o
exercício de atividades de segurança pública a órgãos diversos daqueles previstos na Constituição Federal.
Assim, a lei distrital, ao estabelecer que os agentes de trânsito exercem atividades de segurança pública,
possui vício de inconstitucionalidade material porque violou o rol taxativo dos órgãos encarregados da
segurança pública previsto no art. 144 da CF/88. Compete aos órgãos e agentes de trânsito estaduais, distritais
e municipais o exercício da “segurança viária”, que compreende a educação, engenharia e fiscalização de
trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana
eficiente (art. 144, § 10, da CF/88). As atividades de segurança viária não se confundem com “segurança
pública”. Compete à União, nos termos do art. 21, VI; e 22, I, da Constituição, a definição dos requisitos para a
concessão do porte de arma de fogo e dos possíveis titulares de tal direito, inclusive no que se refere a
servidores públicos estaduais ou municipais, em prol da uniformidade da regulamentação do tema no país,
questão afeta a políticas de segurança pública de âmbito nacional. Desse modo, é inconstitucional a lei distrital
que disponha sobre porte de arma de fogo, criando hipóteses não previstas na legislação federal de regência,
notadamente a Lei federal nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). STF. Plenário. ADI 3996, Rel. Luiz Fux,
julgado em 15/04/2020 (Info 987 – clipping).
*atualizado em 21/06/2023:
É legítimo o poder de polícia conferido à ANATEL para fiscalizar as atividades de radiodifusão
São constitucionais as taxas pagas pelas prestadoras de serviços públicos de radiodifusão ao Fundo de
Fiscalização das Telecomunicações (FISTEL), arrecadadas pela Agência Nacional de Telecomunicações
(ANATEL), conforme previsão da Lei nº 5.070/66, com redação dada pela Lei nº 9.472/97.
O FISTEL, criado pela Lei nº 5.070/66, é composto por diversas fontes, dentre as quais as relativas ao poder de
outorga do direito uso de radiofrequência para qualquer fim, inclusive multas e indenizações, e pelos recursos
das Taxas de Fiscalização de Instalação e de Fiscalização de Funcionamento.
Vale ressaltar que não cabe à ANATEL a outorga dos serviços de radiodifusão, que permanece no âmbito do
Poder Executivo. No entanto, cabe a esta agência reguladora a realização da fiscalização dos aspectos técnicos
de suas estações, que é inerente ao poder de polícia que lhe foi atribuído e, consequentemente, legitima a
imposição das referidas taxas.
STF. Plenário. ADI 4039/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24/6/2022 (Info 1060).

Caso concreto: o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em procedimento fiscalizatório,


apreendeu mercadorias (pescado) de uma empresa em razão do peso líquido do produto comercializado estar
em desacordo com aquele que era informado ao consumidor.
O STJ considerou que é possível que o MAPA, em concorrência com o INMETRO, faça a fiscalização sobre
pesagem de produtos comercializados destinados ao consumidor final.
Seria desarrazoado imaginar que o INMETRO, órgão com estrutura insuficiente para todo o território, fosse o
único a vigiar a saúde e o respeito aos padrões de todos os setores produtivos do Brasil.
STJ. 2ª Turma.REsp 1832357-SC, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 14/06/2022 (Info 742).

O Decreto Presidencial e a Portaria do Ministério das Comunicações estabeleceram que:


a) a área de execução da rádio comunitária deveria ficar limitada ao raio de 1.000 (mil) metros da antena
transmissora; e que
b) os dirigentes da rádio comunitária deveriam residir dentro dessa mesma área.
O STJ concluiu que essas exigências são ilegais porque não encontram amparo na Lei nº 9.612/98, que rege as
rádios comunitárias.
STJ. 2ª Turma. REsp 1955888-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/03/2022 (Info 729).

6.2 Ciclos de Polícia

De acordo com o Prof. Diogo Figueiredo, o poder de polícia pode ser dividido em quatro ciclos:
É a norma legal que estabelece, de forma primária, as restrições e as condições para
ORDEM DE POLÍCIA
o exercício das atividades privadas;
É a anuência do Estado para que o particular desenvolva determinada atividade ou
utilize a propriedade particular. Nesse caso, o consentimento estatal pode ser
dividido em, pelo menos, duas categorias:
Licença: trata-se de ato vinculado por meio do qual a Administração reconhece o
CONSENTIMENTO direito do particular (ex.: licença para dirigir veículo automotor ou para o exercício
DE POLÍCIA de determinada profissão); e
Autorização: é o ato discricionário pelo qual a Administração, após a análise da
conveniência e da oportunidade, faculta o exercício de determinada atividade
privada ou a utilização de bens particulares, sem criação, em regra, de direitos
subjetivos ao particular (ex.: autorização para porte de arma);
É a verificação do cumprimento, pelo particular, da ordem e do consentimento de
FISCALIZAÇÃO DE polícia (ex.: fiscalização de trânsito, fiscalização sanitária etc.). A atividade
POLÍCIA fiscalizatória pode ser iniciada de ofício ou por provocação de qualquer interessado;
e
É a medida coercitiva aplicada ao particular que descumpre a ordem de polícia ou os
SANÇÃO DE POLÍCIA limites impostos no consentimento de polícia (ex.: multa de trânsito, interdição do
estabelecimento comercial irregular, apreensão de mercadorias estragadas etc.).

O que o professor Diogo de Figueiredo vai nos dizer é que algumas fases do ciclo de polícia,
como não se relacionam com o exercício do poder de império, poderiam ser delegadas para particulares, para
pessoas jurídicas de direito privado.
As fases consideradas delegáveis assim o são sob a justificativa de que não envolveriam o
poder de império do Estado.
 Obs.: Somente as fases de ordem de polícia e de fiscalização de polícia estarão
obrigatoriamente presentes em todo e qualquer ciclo de polícia.

*#SAIBAMAIS - Concessionária pública possui poder de polícia?


No intuito de garantir os direitos individuais dos cidadãos e exigir o cumprimento dos seus deveres, o Estado
dispõe de ferramentas para fazer valer a supremacia do interesse público sobre o privado. Através da sua
Administração Pública, o Estado fiscaliza os atos individuais dos seus administrados para que estes não
venham a prejudicar os interesses da sociedade como um todo. O direito-dever que tem o Poder Público de
intervir nas ações ou omissões dos particulares em prol da coletividade é exercido através do seu Poder de
Polícia. Este poder possibilita a limitação do exercício dos direitos e garantias individuais do cidadão diante da
necessidade de tutelar um interesse maior, coletivo.
A doutrina é divergente quanto à possibilidade de delegação de poder de polícia.
O STJ, no REsp 817.534/MG (julg. 10/11/09), discutindo a possibilidade de sociedade de economia mista
(pessoa jurídica de direito privado) exercer o poder de polícia (no caso, aplicação de multa de trânsito por
sociedade de economia mista), esclareceu que as atividades que envolvem o exercício do poder de polícia
podem ser de forma sumária divididas em 4 grupos: (1) Poder de legislar (é a legislação que define
determinada situação); (2) Poder de consentimento (a corporificação da vontade do Poder Público); (3)
Fiscalização; (4) Aplicação de sanção. Segundo o STJ, podem ser transferidos ao particular somente os atos de
consentimento (como a concessão de CNH) e os atos de fiscalização (como instalação de equipamentos
eletrônicos de velocidade).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO: O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT


detém competência para a fiscalização do trânsito nas rodovias e estradas federais, podendo aplicar, em
caráter não exclusivo, penalidade por infração ao Código de Trânsito Brasileiro, consoante se extrai da
conjugada exegese dos arts. 82, § 3º, da Lei nº 10.233/2001 e 21 da Lei nº 9.503/1997 (Código de Trânsito
Brasileiro). STJ. 1ª Seção. REsp 1.588.969-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 28/02/2018 (recurso
repetitivo) (Info 623) #CONCURSOSFEDERAIS

6.3 Atributos

 DISCRICIONARIEDADE - A discricionariedade é compreendida como a liberdade estabelecida


em lei ao administrador para decidir perante o caso concreto e só pode ser reconhecida como atributo do
poder de polícia quando este for entendido em sentido amplo.

 AUTOEXECUTORIEDADE - A autoexecutoriedade está frequentemente presente nas medidas


de polícia onde a Administração pode executar suas próprias decisões sem interferência do Poder Judiciário.

#ATENÇÃO: Ressalte-se, por oportuno, que alguns atos de polícia não possuem o atributo da
autoexecutoriedade. É o caso da multa que não pode ser satisfeita (adimplida) pela vontade unilateral da
Administração e a respectiva cobrança é realizada, normalmente, por meio da propositura da execução fiscal.
 COERCIBILIDADE - A Coercibilidade torna o ato obrigatório, devendo este ser obedecido
independente da vontade do administrado, caso em que a Administração pode usar meios indiretos de
coerção para cumprir a determinação.

6.4 Jurisprudência correlata

Agência de turismo que faça câmbio é equiparada a instituição financeira e está sujeita à fiscalização
do BACEN. A agência de turismo devidamente credenciada para efetuar operações de câmbio é equiparada a
instituição financeira e subordina-se à regular intervenção fiscalizatória do Banco Central. Consideram-se
instituições financeiras as pessoas jurídicas públicas ou privadas que tenham como atividade principal ou
acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda
nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros (art. 17 da Lei nº 4.595/64). STJ. 1ª
Turma. REsp 1.434.625-CE, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 09/04/2019 (Info 647). Obs: esse mesmo
entendimento pode ser aplicado para a seara dos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (art. 1º, I, da Lei
nº 7.492/86): STJ. 5ª Turma. RHC 9.281/PR, Rel. Min. Gilson Dipp, DJe 30/10/2000.

* O Banco Central tem o dever de exercer o controle do crédito e fiscalizar a atividade das
instituições financeiras. O Serasa não é uma instituição financeira, considerando que não exerce coleta,
intermediação nem aplicação de recursos financeiros, nem a custódia de valor de propriedade de terceiros,
seja como atividade principal ou acessória. Logo, não é da atribuição do Banco Central a fiscalização das
atividades do Serasa. STJ. 4ª Turma. REsp 1.178.768-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 1/12/2016
(Info 595).

* Se a ANVISA classificou determinado produto importado como "cosmético", a autoridade


aduaneira não poderá alterar essa classificação para defini-lo como "medicamento". Incumbe à ANVISA
regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública (art. 8º da Lei nº
9.782/99). Assim, é da Agência a atribuição de definir o que é medicamento e o que é cosmético. STJ. 1ª
Turma. REsp 1.555.004-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 16/2/2016 (Info 577).

- Quando se confere a certo e determinado órgão administrativo alguma atribuição operacional,


está-se, ipso facto (por via de consequência), excluindo esta atribuição dos demais órgãos administrativos. Isso
é um dos pilares do funcionamento estatal e abalá-lo seria o mesmo que abrir a porta da Administração para a
confusão, a celeuma e o caos. Cabe à ANVISA não somente a competência para realizar a classificação do
produto, mas também o dever da vigilância sanitária, atribuição que não pertence à autoridade aduaneira,
inclusive porque os seus agentes não dispõem do conhecimento técnico-científico exigido para isso.
- Se a autoridade aduaneira pudesse classificar livremente os produtos importados, é evidente que as
alíquotas aplicadas seriam sempre as mais elevadas. No caso concreto, a ANVISA expediu um parecer
definindo a natureza cosmetológica do sabão antiacne, de modo que se pode considerar na via administrativa
essa questão como uma questão encerrada, até porque o Fisco não é instância revisora das decisões da
ANVISA.

*O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) tem competência para autuar e


aplicar sanções por excesso de velocidade em rodovias e estradas federais. A competência da Polícia
Rodoviária Federal para aplicar multas de trânsito nas rodovias federais não é exclusiva. Se analisarmos o art.
82, § 3º, da Lei nº 10.233/2001, combinado com o art. 21, VI, da Lei nº 9.503/97, veremos que o DNIT detém
competência para aplicar multa por excesso de velocidade. STJ. 1ª Turma. REsp 1.583.822-RS, Rel. Min. Sérgio
Kukina, julgado em 23/6/2016 (Info 586). STJ. 2ª Turma. REsp 1592969/RS, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 05/05/2016.

*A Lei nº 7.102/83 estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares
que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores. O art. 11 dessa Lei prevê que “a propriedade e
a administração das empresas especializadas que vierem a se constituir são vedadas a estrangeiros.” Esse art.
11 deve ser interpretado segundo a Constituição Federal que, desde a EC 6/95, proíbe, em regra, que a lei faça
discriminação entre “empresa brasileira de capital nacional” e “empresa brasileira de capital estrangeiro”. Em
outras palavras, para o texto constitucional atual, em regra, desde que uma empresa seja brasileira
(constituída no Brasil e sujeita às leis brasileiras), a origem do seu capital é irrelevante. Diante disso, a
interpretação atual do art. 11 deve ser a seguinte: • Empresas constituídas no exterior são proibidas de atuar
no setor de segurança privada. • Todavia, empresas que sejam constituídas sob as leis brasileiras e que
tenham sua sede e administração no País são consideradas “empresas brasileiras” (art. 1.126 do Código Civil),
sendo irrelevante que tenham na sua composição societária, direta ou indiretamente, participação ou controle
pelo capital estrangeiro. • Logo, “empresas brasileiras” poderão praticar atividades de segurança privada no
país ainda que tenham sócios estrangeiros. A restrição veiculada pelo art. 11 da Lei nº 7.102/83, de acordo
com a CF/88, não impede a participação de capital estrangeiro nas sociedades nacionais (empresas brasileiras)
que prestam serviço de segurança privada. STJ. 1ª Seção. MS 19.088-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 14/12/2016 (Info 596).
*É obrigatória a prévia fiscalização do camarão in natura, ainda que na condição de matéria-prima,
antes do beneficiamento em outros Estados da Federação, podendo tal atividade ser realizada no próprio
estabelecimento rural onde se desenvolve a carcinicultura. STJ. 1ª Turma. REsp 1.536.399-PI, Rel. Min. Sérgio
Kukina, julgado em 08/02/2018 (Info 620).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: O art. 2º, § 6º, inc. VIII, do Decreto nº 3.179/1999 (redação
original), quando permite a liberação de veículos e embarcações mediante pagamento de multa, não é
compatível com o que dispõe o art. 25, § 4º, da Lei n. 9.605/1998; entretanto, não há ilegalidade quando o
referido dispositivo regulamentar admite a instituição do depositário fiel na figura do proprietário do bem
apreendido por ocasião de infração nos casos em que é apresentada defesa administrativa - anote-se que não
se está defendendo a simplória liberação do veículo, mas a devolução com a instituição de depósito (e os
consectários legais que daí advêm), observado, entretanto, que a liberação só poderá ocorrer caso o veículo
ou a embarcação estejam regulares na forma das legislações de regência (Código de Trânsito Brasileiro, p. ex.).
STJ. 1ª Seção. REsp 1.133.965-BA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 25/04/2018 (recurso
repetitivo) (Info 625).

*(Atualizado em 27/01/2023) #DEOLHONAJURIS - É ilegítimo o ato de autoridade que condiciona a liberação


de veículo retido por realizar transporte irregular de passageiros ao pagamento de multa. AgInt no REsp
2.003.502-MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 24/10/2022,
DJe 4/11/2022. (Info 759 - STJ)

No caso, o Tribunal de origem consignou que a conduta do agente de trânsito de apreender e remover o
veículo é lícita, sendo, portanto, a restituição deste ao proprietário, nos termos do artigo 271, § 1º, do CTB,
condicionada ao prévio pagamento de multas, taxas e despesas com remoção e estada, além de outros
encargos previstos na legislação específica.

Contudo, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento segundo o qual se configura ilegítimo o ato de
autoridade que condiciona a liberação de veículo retido por realizar transporte de passageiros, sem a devida
autorização, ao pagamento da multa, por se tratar de infração prevista no art. 231, VIII, do Código de Trânsito
Brasileiro.

Nesse sentido: "(...) IV. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp
1.144.810/MG, de relatoria do eminente Ministro Teori Albino Zavascki, sob o rito do art. 543-C do CPC/1973,
firmou entendimento no sentido de que a liberação do veículo retido por transporte irregular de passageiros
não está condicionada ao pagamento de multas e despesas com transbordo. (AgInt no AREsp 1.371.903/SP,
Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em 7/5/2019, DJe 13/5/2019).
*#SELIGA#CESPE: A seguinte afirmativa foi considerada correta e foi cobrada no concurso de Juiz/2019: “O
poder de polícia administrativo inclui, no âmbito das agências reguladoras, a possibilidade de tipificar
ineditamente condutas passíveis de sanção, de acordo com o STJ”.
Esse é o entendimento do STJ no REsp 1522520/RN (22/02/2018), para quem as sanções administrativas
aplicadas pelas agências reguladoras, no exercício do seu poder de polícia, NÃO ofendem o princípio da
legalidade, visto que a lei ordinária delega a esses órgãos a competência para editar normas e regulamentos
no âmbito de sua atuação, inclusive tipificar as condutas passíveis de punição, principalmente acerca de
atividades eminentemente técnicas.

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

Não se aplica.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador: Juspovidm, 2015.

GUEDES, Danilo. Ponto a Ponto Concursos - Anotações Pessoais.

FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2014.

OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Método, 2016.

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