Você está na página 1de 114

1. Conceito e classificação dos atos administrativos....................

2
2. Requisitos do ato administrativo............................................23
3. Existência, Validade e Eficácia do Ato Administrativo...........41
4. Atributos do ato administrativo..............................................45
5. Extinção dos atos administrativos..........................................60
6. Teoria das nulidades..............................................................89
7. Teoria dos motivos determinantes........................................100
8. Atos administrativos em espécie...........................................108

Prof.ª Thamiris Felizardo


CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO
Conceito de ato administrativo

-Atos da administração:

• Em geral, todas as pessoas praticam os chamados atos


jurídicos, que são capazes de produzir efeitos relevantes para
o Direito.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
• Quando esses atos que produzem efeitos jurídicos emanam
da administração pública teremos os atos da administração.

• Porém, nem todo ato da administração possui as


características e o tratamento dos atos administrativos, que
são apenas uma das espécies de atos da administração.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

-São atos da administração:

• Atos políticos: regidos pelo Direito Constitucional e


praticados no exercício da função política do Estado.
• Atos sob regime privado ou sem prerrogativas de Estado:
são praticados em igualdade de condições com o particular,
sem o ius imperi.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
• Atos de mera execução ou atos materiais ou fatos
administrativos: manifestações que não carregam nenhum
grau de vontade, de decisão administrativa.

• Atos administrativos: regidos pelo direito administrativo.


CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

- Conceito de atos administrativos

• São atos efetivados no exercício da função administrativa,


sob um regime de direito público e que manifestam a
vontade do Estado ou de quem lhe faça as vezes.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Segundo Hely Lopes Meirelles ato administrativo é toda
manifestação unilateral de vontade da Administração Pública
(ou de particulares no exercício de prerrogativas públicas)
que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir,
resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos,
ou impor obrigações aos administrados ou a si própria (sob o
regime predominante de direito público).
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Notem que particulares também podem editar atos
administrativos! Um exemplo seria o caso das
concessionarias de serviços públicos que podem sancionar
administrativamente o cidadão em determinadas situações,
como expulsar passageiros que nãos estejam se
comportando da forma devida.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Importante ressalvar que não apenas o Poder Executivo
realiza atos administrativos. O Poder Legislativo e Judiciário
quando do exercício de funções administrativas também
editam atos administrativos.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
-Classificação dos Atos Administrativos

• Atos discricionários e vinculados: considera a existência ou


não de discricionariedade na prática do ato:

- Discricionários: conferem margem de atuação ao agente


público.
- Vinculados: possuem seus elementos totalmente definidos
pela lei.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
• Atos de império, atos de gestão e atos de mero expediente:

- Atos de império: são praticados sob regime de direito


público (ius imperii), ou seja, com prerrogativas que colocam
a administração em posição de superioridade. Ex:
desapropriação de bens privados.
- Atos de gestão: são típicos das atividades de administração
de bens e serviços em geral, não há supremacia do interesse
público. Ex: aquisição de bens pela administração pública.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

- Atos de mero expediente: relacionados às rotinas de


andamento dos vários serviços executados pelos órgãos e
entidades administrativos. São caracterizados pela ausência
de conteúdo decisório. Ex: movimentação de processos.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
• Atos gerais e individuais:

- Gerais: não se destinam a indivíduos específicos, ou seja,


são genéricos e abstratos, capazes de alcançar todos os que
se enquadrem em determinada situação prevista
hipoteticamente.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

- Individuais: especificam o(s) indivíduo(s) alcançado(s) pelo


ato, gerando efeitos concretos e direcionados para esses
indivíduos. Exemplo: uma portaria que nomeia 100
servidores é um ato individual (plúrimo).
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
• Atos simples, complexos e compostos: considera o número
de órgãos/autoridades cujas manifestações formam o ato:

- Simples: o ato depende da manifestação de apenas um


órgão. Ex: portaria que aplica suspensão a servidor editada
por Ministro de Estado.
- Complexo: é formado por uma soma de vontades
independentes, cada uma autônoma e com conteúdo próprio.
Ex: aposentadoria de servidor;
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
- Composto: também é formado por duas ou mais vontades,
mas uma delas é principal e a outra é acessória. Exemplo:
homologação, uma autorização que depende de visto de
certa autoridade.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

• Atos restritivos e ampliativos: se um ato administrativo


puder alterar a esfera de direitos do administrado pode ser
necessária a abertura de prazo para a manifestação dos
interessados, oferecendo-se o contraditório e a ampla defesa.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

E isso dependerá do tipo de ato a ser praticado:

- Atos ampliativos: ampliam os direitos do destinatário.

- Atos restritivos: retiram direitos do seu destinatário.


CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

- Espécies de atos administrativos:

• Atos normativos: edição de normas gerais e abstratas


capaz de atingir todos aqueles em idêntica situação
jurídica. Ex: regulamentos, resoluções, deliberações,
instruções, avisos.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

• Atos ordinatórios: ordenam a atividade administrativa de


forma interna, decorrem do poder hierárquico. São
endereçados aos próprios servidores e visam disciplinar o
funcionamento da Administração. Ex: circulares, portarias,
ordem de serviço, memorando, ofício.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

• Atos negociais: são atos em que a Administração concede


algo ao particular, em que a vontade da Administração
coincide com o interesse do administrado. Ex: licença,
permissão, autorização.
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

• Atos enunciativos: atestam ou certificam situações


preexistentes, sem contudo, haver manifestação de
vontade estatal propriamente dita. Atos opinativos
também se enquadram nessa categoria. Ex: certidões,
atestados, apostilas e pareceres.***
Requisitos do ato administrativo - competência, finalidade,
forma, motivo e objeto

Prof.ª Thamiris Felizardo


REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Requisitos ou elementos do ato administrativo

- Para que um ato seja considerado perfeito (completo e acabado)


ele deve ter presentes certos requisitos, ou seja, deve possuir os
elementos indispensáveis à sua formação.

- Quais são esses elementos? Doutrina majoritária utiliza como


base uma definição estabelecida pela Lei da ação popular – Lei nº
4.717/65, que assim dispõe:
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
- Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades
mencionadas no artigo anterior, nos casos de:

o a) incompetência;
o b) vício de forma;
o c) ilegalidade do objeto;
o d) inexistência dos motivos;
o e) desvio de finalidade.
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Macete do poder: COFIFORMO
Os elementos competência, finalidade e forma serão SEMPRE
vinculados, já o motivo e objeto poderão ser vinculados ou
discricionários. Sendo assim, se um ato é vinculado (ex: licença)
todos os elementos serão vinculados. Mas quando o ato é
discricionário (ex: nomeação para cargo em comissão) os
elementos competência, finalidade e forma serão vinculados e
motivo e o objeto serão discricionários.
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
• Competência ou sujeito do ato

-Poder legal conferido ao agente público para o desempenho


específicos das atribuições de seu cargo. Notem que apenas a lei
confere competência as agentes, órgãos e entidades. É
competente quem a lei determina que é. A Constituição federal
também atribui competência.
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO

- É possível que ocorra delegação e avocação de competências,


mera extensão da competência criada mediante autorização legal.

- Sempre um agente praticar ato fora dos limites de sua


competência haverá excesso de poder (espécie de abuso de
poder), estando o ato viciado.
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO

- O vício de competência é, em regra, passível de convalidação


pela autoridade competente, desde que presentes os exigidos.

- É elemento vinculado do ato administrativo.


REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
-Características: exercício obrigatório, irrenunciável (não se pode
abrir mão da competência)l, intransferível (a delegação não
transfere a competência, mas somente em caráter temporário, o
exercício de parte das atribuições do delegante), imprescritível
(não se perde a competência por não exercê-la), improrrogável
(não se adquire a competência por exercer determinada atribuição
de forma contínua, pois apenas a lei confere competência ao
indivíduo).
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
• Forma

-É o instrumento utilizado para a materialização do ato.


- Estão compreendidos na forma tudo o que a lei determina que
deve estar no ato administrativo.
-Pelo princípio da instrumentalidade das formas um ato não perde
sua validade por equívocos como a atribuição equivocada do seu
nome.
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
- O elemento forma é vinculado.
- Lei 9.784/99, art. 22: Os atos do processo administrativo não
dependem de forma determinada senão quando a lei
expressamente a exigir.
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
-A motivação (declaração escrita dos motivos que ensejam a
pratica do ato) integra a forma do ato administrativo.
CUIDADO!!!! Motivação é diferente de motivo! Motivo são os
pressupostos de fato e de direito que levam a pratica do ato. Já a
motivação é a justificativa, a argumentação que motiva a pratica
do ato, a exteriorização dos motivos.
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
-***Teoria dos motivos determinantes: significa que caso seja
comprovada a não ocorrência da situação declarada, ou a
inadequação entre a situação ocorrida e o motivo descrito na lei, o
ato será nulo. A teoria dos motivos determinantes tem aplicação
mesmo que a motivação do ato não fosse obrigatória, mas tenha
sido efetivamente realizada pela administração deverá ser seguida.
O exemplo clássico de seu uso é a exoneração ad nutum.
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Se a Administração praticar o ato alegando falta de verba e, em
seguida, contratar um novo funcionário para a mesma vaga, ele
será nulo, pois o fundamento alegado não se mostrou verdadeiro.
Assim, a partir da motivação, vincula-se a Administração ao
alegado, isto é, ao motivo que acaba sendo determinante.
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
• Finalidade

- É sempre o interesse público, de maneira genérica, mediata.

- Em cada caso, corresponderá a uma finalidade imediata,


específica, como a punição de um servidor, o corte de gastos etc.
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO

- É sempre um elemento vinculado do ato administrativo.

- Quando visa a uma finalidade diversa daquela prevista na lei,


haverá o vício denominado desvio de poder (espécie de abuso de
poder).
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
• Motivo

- São os pressupostos de fato e de direito que ensejam a edição


do ato administrativo.
- Não se confunde com a motivação.
- É elemento que pode apresentar discricionariedade.
- Ex: na desapropriação o motivo é a utilidade pública ou
interesse social entre outros.
REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Objeto

- É o efeito prático que o ato vai gerar, a sua consequência

- Deve ser lícito, possível, determinado ou determinável.


REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO

- Para doutrina majoritária, objeto é o mesmo que conteúdo. Para


outros, haveria distinção no sentido de que o conteúdo é o que o
ato dispõe e o objeto é aquilo sobre o que recai a prática do ato.

- É elemento que pode apresentar discricionariedade.*


Existência, validade e eficácia do ato administrativo

Prof.ª Thamiris Felizardo


EXISTÊNCIA,VALIDADE E EFICÁCIA DO ATO ADMINISTRATIVO
Existência, validade e eficácia do ato administrativo

- Existência ou perfeição: é perfeito o ato que já percorreu


todas as etapas necessárias à sua formação, que já existe. A
lei deve respeitar o “ato perfeito. Ex: portaria de remoção de
servidor que foi escrita, motivada, assinada e publicada.
EXISTÊNCIA,VALIDADE E EFICÁCIA DO ATO ADMINISTRATIVO

- Imperfeito: não completou seu ciclo de formação. Ex:


parecer não assinado. Ainda não existe como ato
administrativo.

- Validade: diz respeito à legalidade do ato, ou seja, deve


estar editado conforme a lei e demais requisitos.
EXISTÊNCIA,VALIDADE E EFICÁCIA DO ATO ADMINISTRATIVO
- Eficácia: eficácia é a capacidade de produzir efeitos. Pode
não coincidir com o aperfeiçoamento do ato, dependendo de
um implemento futuro, como a publicação, por exemplo, para
que os efeitos do ato possam ser produzidos. Um ato inválido
pode ser eficaz, pois em virtude da presunção de legalidade e
imperatividade, um ato administrativo pode produzir seus
efeitos mesmo que possua vícios. Ex: decisão de comissão de
licitação que inabilita licitante.***
Atributos do ato administrativo

Prof.ª Thamiris Felizardo


ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Definição

-São prerrogativas de que os atos administrativos gozam por


decorrerem do poder de império da Administração Pública. A
administração pública pratica os atos administrativos em
condição de superioridade em relação aos particulares, por
serem voltados ao interesse público.
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Os atributos são características presentes nos atos
administrativos em geral.

Antes de mais nada, macete do poder: PITA (presunção de


legitimidade, imperatividade, tipicidade e
autoexecutoriedade).
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Outro detalhe importante é que a doutrina majoritária afirma


que a presunção de legitimidade/veracidade e a tipicidade
estão presentes em TODOS os atos administrativos, já a
imperatividade e a autoexecutoriedade nem sempre.
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

- Presunção de legitimidade: diz respeito a conformidade com


a lei. Assim, ainda que eivado de vícios o ato continuará
eficaz até que se prove o contrário. Trata-se de presunção
relativa (iuris tantum), ou seja, ate que seja produzida prova
em contrário.
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Inerente a esse atributo, tem-se a presunção de veracidade,


que diz respeito aos fatos. Sendo assim, presumem-se
verdadeiros os fatos alegados pela Administração para a
prática de um ato administrativo, ate prova em contrário. Um
dos efeitos da presunção de legitimidade e veracidade é
permitir que os atos produzam efeitos imediatamente.
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Exemplificando: Imagine que um Policial, exercendo


legalmente a função Guarda de Trânsito, enviou ao DETRAN a
informação de que você transgrediu certa norma pertinente.
Nesse caso, caberá a você provar o contrário, sob pena de ter
que arcar com todas as naturais consequências.
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

- Imperatividade: é um atributo dos atos que geram


obrigações aos administrados independentemente de sua
concordância. Decorre do poder extroverso do Estado. A
administração se impõe ao particular, mas nos limites da lei.
Nem todo ato possui imperatividade.
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Ex: desapropriação, interdição de estabelecimento comercial.


Nem todo ato administrativo é dotado deste atributo, como
ocorre, por exemplo, nos atos enunciativos (certidões,
atestados e pareceres).
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
- Autoexecutoriedade: a Administração tem a prerrogativa de
executar seus próprios atos sem necessidade de autorização
do Judiciário. Ex: interdição de estabelecimento comercial,
demolição de obra. A autoexecutoriedade somente é possível,
quando prevista em lei (ex: aplicação de penalidades
disciplinares) ou quando se tratar de medidas urgentes (ex:
demolição de prédio que ameaça a ruir).
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Esse atributo não está presente em todos os atos, como


ocorre, por exemplo, com as multas. Isto porque, caso a
multa não seja paga espontaneamente (ex: multa de
transito), faz se necessário a execução do valor
judicialmente.
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Celso Antônio Bandeira de Mello no seu livro Curso de Direito
Administrativo, faz uma espécie de subdivisão no atributo
Auto-Executoriedade. Para esse Autor a executoriedade “é a
qualidade pela qual o Poder Público pode compelir
materialmente o administrado, sem precisão de buscar
previamente as vias judiciais, ao cumprimento da obrigação
que impôs e exigiu.”
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Já a exigibilidade “é a qualidade em virtude da qual o


Estado, no exercício da função administrativa, pode exigir de
terceiros o cumprimento, a observância, das obrigações que
impôs...”.
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Resumindo: na executoriedade existem meios diretos de


coerção (ex: demolição de obras irregulares), já na
exigibilidade existem meios indiretos de coerção (ex:
multas).
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
- Tipicidade: alguns atos administrativos, para serem
praticados, devem se adequar a certas figuras, certos tipos
pré-determinados para que possam gerar as consequências
prevista em lei. Exemplo: punições administrativas do
servidor público. É uma proteção para os administrados, pois
para cada finalidade que a administração pretende alcançar
existe um ato definido em lei apto a alcançá-lo. A tipicidade
não é referida por toda a doutrina.*
Extinção dos atos administrativos

Prof.ª Thamiris Felizardo


EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
-Segundo os grandes doutrinadores, as principais formas de
invalidação do ato administrativo são:

1) Anulação
2) Revogação
3) Cassação
4) Caducidade
5) Contraposição
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
1) ANULAÇÃO

a) Definição:

Todo ato administrativo para ser válido deve conter os seus


cinco elementos ou requisitos de validade (competência,
finalidade, forma, motivo e objeto) isentos de vícios
(defeitos).
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

O pressuposto da anulação é que o ato possua um vício de


legalidade em algum de seus requisitos de formação. Com
isso, podemos defini-la como sendo o desfazimento de um
ato por motivo de ilegalidade. A anulação decorre do controle
de legalidade dos atos administrativos.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
b) Quem pode ANULAR ato administrativo?

A anulação de um ato que contenha vício de legalidade pode


ocorrer tanto pelo Poder Judiciário (controle externo) quanto
pela própria Administração Pública ( controle interno).
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Como exemplo, podemos citar: ato administrativo expedido
pelo Poder Legislativo poderá ser anulado tanto pelo próprio
Poder Legislativo (Administração Pública) quanto pelo Poder
Judiciário.

A invalidação por via judicial dependerá, sempre, de


provocação do interessado. Já a via administrativa poderá
resultar do Poder de Autotutela do Estado.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
c) Efeitos da Anulação:

Uma vez que o ato administrativo ofende a lei, é lógico


afirmarmos que a invalidação opera efeitos ex-tunc,
retroagindo à origem do ato, ou seja, como bem explicita
Bandeira de Melo: “fulmina o que já ocorreu, no sentido de
que se negam hoje os efeitos de ontem.”
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Ex: Servidor Público é demitido ilegalmente por ato que não
foi por ele praticado. Nesse caso pode a própria
Administração anular esse ato através do exercício da
autotutela (art. 54 da Lei 9784/99) ou pode o servidor
recorrer ao Poder Judiciário e pleitear a anulação do ato.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
A Administração Pública possui o prazo decadencial de 5
anos para anular seus próprios atos, como regra. Porém se o
destinatário estava de má fé (ex: fraudou algum documento
para conseguir o ato ilegal), não existe prazo para
administração anular o ato, podendo faze-lo a qualquer
momento (art. 54, Lei 9.784/99).
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
2) REVOGAÇÃO

a) Definição:
Ocorre no momento em que um ato válido, legítimo e
perfeito torna-se inconveniente e inoportuno ao interesse
público.
O ato não possuía qualquer vício de formação, porém, não
atende mais aos pressupostos de conveniência e
oportunidade.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Além disso, os atos vinculados são classificados, pelos
grandes autores, como atos irrevogáveis, visto que neles a lei
não deixou opção ao administrador, no que tange à valoração
da conveniência e da oportunidade. Sendo assim, concluímos
que a revogação decorre do controle de mérito dos atos
administrativos.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
b) Quem pode REVOGAR ato administrativo?
Por depender de uma avaliação quanto ao momento em que
o ato tornou-se inoportuno e inconveniente, a revogação
caberá à autoridade administrativa no exercício de suas
funções. Seria inadmissível imaginar que o Poder Judiciário
pudesse revogar ato administrativo, pois tal competência
depende da experiência/ vivência do administrador público
que decidirá quanto à oportunidade e conveniência da prática
do ato.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Porém, é importante reforçarmos que, atipicamente, o Poder
Judiciário também emite atos administrativos (quando
exerce a função administrativa). Nesse caso, caberá ao Poder
Judiciário revogar os seus próprios atos administrativos.
Como exemplo, podemos citar: ato administrativo expedido
pelo Poder Legislativo poderá ser revogado, apenas, pelo
próprio Poder Legislativo.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
c) Efeitos da Revogação:
A revogação opera efeitos ex-nunc (proativos), ou seja, a
partir de sua vigência. O ato de revogação não retroagirá os
seus efeitos, pois o ato revogado era perfeitamente válido,
até o momento em que se tornou inoportuno e inconveniente
à Administração Pública.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
d) Atos Irrevogáveis (DECORAR)
-os atos consumados, que já exauriram seus efeitos,
-os atos vinculados, pois nesse o administrador não tem
escolha na prática do ato,
-os atos que geram direitos adquiridos,
-os atos que integram um procedimento administrativo,
-os meros atos administrativos (certidões, pareceres,
atestados).
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

REVOGAÇÃO ANULAÇÃO
Ato Ato ilegal
inconveniente ou
inoportuno
Efeitos ex nunc Efeitos ex tunc

Realizado pela Realizado pela própria


própria Administração ou pelo
Administração Judiciário
Controle do Controle de legalidade
mérito
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, abaixo transcrita,
que cuida do desfazimento do ato administrativo:

A Administração pode anular seus próprios atos, quando


eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se
originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência
e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Ex: Imaginem que o Município X esteja realizando um
procedimento de licitação para construir uma ponte para
ligar duas extremidades de um penhasco. Ocorre que por um
fenômeno qualquer da natureza esse penhasco é soterrado
de areia e não há mais necessidade de construir uma ponte,
visto que agora as duas extremidades estão interligadas.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Neste caso pode o Município revogar a licitação uma vez que


ela se tornou desnecessária. Notem que não se trata de caso
de ilegalidade e sim de conveniência e oportunidade.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
3) CASSAÇÃO

Na verdade a cassação e a anulação de um ato administrativo


possuem efeitos bem semelhantes. A diferença básica é que
na anulação o defeito no ato ocorreu em sua formação, ou
seja, na origem do ato, em um de seus requisitos de
validade; já na cassação, o vício ocorre na execução do ato.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Assim, Celso Antônio Bandeira de Mello define a cassação


como sendo a extinção do ato porque o destinatário
descumpriu condições que deveriam permanecer atendidas a
fim de poder continuar desfrutando da situação jurídica.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Como exemplo, temos a cassação de uma licença, concedida


pelo Poder Público, sob determinadas condições, devido ao
descumprimento de tais condições pelo particular
beneficiário de tal ato.
É importante observarmos que a cassação possui caráter
punitivo (decorre do descumprimento de um ato).
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
4) CADUCIDADE

A caducidade origina-se com uma legislação superveniente


que acarreta a perda de efeitos jurídicos da antiga norma
que respaldava a prática daquele ato.
Diógenes Gasparini define: quando a retirada funda-se no
advento de nova legislação que impede a permanência da
situação anteriormente consentida.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Ocorre, por exemplo, quando há retirada de permissão de


uso de um bem público, decorrente de uma nova lei editada
que proíbe tal uso privativo por particulares. Assim, podemos
afirmar que tal permissão caducou.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
5) CONTRAPOSIÇÃO
Também chamada por alguns autores de derrubada. Quando
um ato deixa de ser válido em virtude da emissão de um
outro ato que gerou efeitos opostos ao seu, dizemos que
ocorreu a contraposição. São atos que possuem efeitos
contrapostos e por isso não podem existir ao mesmo tempo.
Exemplo clássico é a exoneração de um funcionário, que
aniquila os efeitos do ato de nomeação.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

FORMA DE EXTINÇÃO PALAVRA CHAVE


ANULAÇÃO Ilegalidade/Controle de Legalidade/Vício de
Legalidade
REVOGAÇÃO Inconveniente/Inoportuno/Controle de Mérito
CASSAÇÃO Sanção/Caráter Punitivo/Descumpriu a Condição
CADUCIDADE Nova Legislação
CONTRAPOSIÇÃO Efeitos Opostos
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
O ato administrativo ainda se extingue por:

- Natural: o ato naturalmente encerra o seu ciclo, por


exemplo, pelo decurso de certo prazo ou pelo cumprimento
do seu Objeto. EX: gozo de férias pelo servidor, execução de
ordem de demolição e etc.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

- Desaparecimento da pessoa ou da coisa sobre a qual o ato


recai: se a pessoa ou coisa sobre os quais o ato se funda
desaparecer, inevitavelmente estará extinto o ato
administrativo. Ex: licença capacitação é concedida a
servidor mas ele vem a falecer, permissão de utilização de
um bem público é concedida, mas o bem vem a ser destruído.
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
- Renúncia: os atos que geram direitos podem ser extintos
por renúncia de seu interessado.

- Retirada: são os casos mais comuns, em que ocorre uma


extinção “antecipada” do ato, que é retirado do mundo
jurídico. Pode se dar por anulação, revogação, cassação,
caducidade ou contraposição.*
Teoria das nulidades

Prof.ª Thamiris Felizardo


TEORIA DAS NULIDADES
Anulação

- É a retirada do ato administrativo do mundo jurídico por


motivo de ilegalidade, a existência de algum vício.
- Para a maioria, é o mesmo que invalidação.
- O ato ilegal jamais deveria ter produzido efeitos, o que faz a
anulação ter efeitos retroativos (ex tunc).
TEORIA DAS NULIDADES

- Porém, em caso de anulação, ficam protegidos os direitos já


incorporados pelo terceiro de boa-fé (exemplo: servidor cuja
investidura é desconstituída).
- Relação com a autotutela.
- Pode ser determinada pelo Poder Judiciário (CF, art. 5º,
XXXV).
TEORIA DAS NULIDADES
Anulação

- Convalidação: é possível, porém, a convalidação do ato


quando houver defeitos sanáveis, mediante os seguintes
requisitos:

- Não haja prejuízos a terceiros;


TEORIA DAS NULIDADES

- Atenda-se ao interesse público;

- Não se atente contra observância expressa de lei;

- Não tenha sido o ato questionado por quem possa ter sido
prejudicado pelo ato.
TEORIA DAS NULIDADES
Anulação

- A convalidação referenda a prática do ato e mantém seus


efeitos desde a origem.
- A lei 9.784/99, pautada na segurança jurídica, estabelece
prazo decadencial de 5 anos para que a administração anule
os atos administrativos que produzam efeitos favoráveis aos
particulares que tenham agido de boa-fé. É uma outra
hipótese de convalidação.
TEORIA DAS NULIDADES
Revogação

- Somente é possível para atos válidos, lícitos, sem vícios.


- Retira do mundo jurídico atos cuja existência não é
oportuna
e conveniente.
TEORIA DAS NULIDADES
- Só é possível em relação a atos discricionários, ou seja, atos
vinculados não podem ser revogados, bem como os atos
consumados.
- Opera efeitos prospectivos, ou ex nunc, ou seja, que não
retroagem, valem dali em diante.
- Não pode ser efetivada por meio de controle judicial.
TEORIA DAS NULIDADES
Cassação

- O ato é produzido sem nenhum vício, mas surge uma


ilegalidade posterior, superveniente.

- A ilegalidade superveniente decorre de uma conduta do


beneficiário do ato, que deixa de cumprir requisito necessário
à sua manutenção.
TEORIA DAS NULIDADES
Caducidade

- O ato é produzido sem nenhum vício, mas surge uma


ilegalidade posterior, superveniente.

- A ilegalidade superveniente decorre de uma alteração


legislativa.
TEORIA DAS NULIDADES
Contraposição ou derrubada

- Um novo ato extingue os efeitos do ato anterior, por ser


com ele incompatível.*
Teoria dos motivos determinantes

Prof.ª Thamiris Felizardo


TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES
Motivos e motivação

- Motivos são os pressupostos de fato e de direito que ensejam a


edição do ato administrativo.
- Motivação é a explanação, a explicitação dos motivos.
- Motivação é um princípio (Lei 9.784/99, art. 2º).
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES

- Nem sempre, porém, a motivação é obrigatória.


- Sempre que houver motivação ela deve ser verdadeira, sob pena
de nulidade do ato.
- Motivação obrigatória: art. 50 da lei 9.784/99.*
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES

- Nem sempre, porém, a motivação é obrigatória.


- Sempre que houver motivação ela deve ser verdadeira, sob pena
de nulidade do ato.
- Motivação obrigatória: art. 50 da lei 9.784/99. Vejamos:
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção
pública;
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo
licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou
discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação
de ato administrativo.
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES
***Teoria dos motivos determinantes: significa que caso seja
comprovada a não ocorrência da situação declarada, ou a
inadequação entre a situação ocorrida e o motivo descrito na lei, o
ato será nulo. A teoria dos motivos determinantes tem aplicação
mesmo que a motivação do ato não fosse obrigatória, mas tenha
sido efetivamente realizada pela administração deverá ser seguida.
O exemplo clássico de seu uso é a exoneração ad nutum.
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES
Se a Administração praticar o ato alegando falta de verba e, em
seguida, contratar um novo funcionário para a mesma vaga, ele
será nulo, pois o fundamento alegado não se mostrou verdadeiro.
Assim, a partir da motivação, vincula-se a Administração ao
alegado, isto é, ao motivo que acaba sendo determinante.***
Atos administrativos em espécie

Prof.ª Thamiris Felizardo


ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE

Conceitos: Segundo Hely Lopes Meirelles ato administrativo é toda


manifestação unilateral de vontade da Administração Pública (ou de
particulares no exercício de prerrogativas públicas) que, agindo
nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar,
transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
obrigações aos administrados ou a si própria (sob o regime
predominante de direito público).

Importante ressalvar que não apenas o Poder Executivo realiza atos


administrativos. O Poder Legislativo e Judiciário quando do
exercício de funções administrativas também editam atos
administrativos.
ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE

Atos normativos: expressam comandos gerais e abstratos.


Podem ser:

Regulamentos e decretos (Chefe do Executivo).


Avisos (Ministros).
Instruções Normativas (Outros).
Resoluções e deliberações (colegiados).
ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE

Atos ordinatórios: são atos de organização interna, decorrem do


poder hierárquico. São endereçados aos próprios servidores e
visam disciplinar o funcionamento da Administração. Podem ser:

Portarias: normas internas individuais.


Circulares: normas internas gerais.
Ordens de serviço: divisão de trabalho.
Memorandos: comunicação interna.
Ofícios: entre autoridades de órgãos diversos ou entre estas e
particulares.
ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE

Atos enunciativos: não veiculam verdadeira manifestação de


vontade. Podem ser:

Atestados.
Certidões.
Apostila/averbação.
Parecer.
ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE
Atos negociais: pressupõem um acordo de vontades entre a
administração e o particular. Podem ser:

Licença.
Autorização.
Permissão.
Admissão.
ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE

Atos punitivos: são atos por meio dos quais a administração


aplica sanções aos particulares ou a pessoas a ela ligadas por
algum vínculo administrativo.

Você também pode gostar