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Espécie de Atos Administrativos

Existem 5 espécies de atos administrativos que se diferenciam pelo conteúdo do ato

emanado. As espécies dos atos administrativos são representadas pelo seguinte

mnemônico:

NONEP
• Normativo
• Ordinatório
• Negocial
• Enunciativo
• Punitivo

Não basta apenas decorar, é preciso entender o que significa cada uma dessas
espécies, bem como os atos administrativos que as compõem. Isso porque em
questões de prova muitas vezes é apresentado um conceito ou um ato administrativo,
sendo perguntado a qual espécie de ato ele está relacionado.
Atos Normativos
Os atos ou normativos ou gerais são caracterizados pela generalidade e abstração.
Isso significa que tais atos não atingem situações concretas específicas, mas se
destinam a normatizar situações futuras. São atos discricionários e se submetem às
mesmas regras de controle judicial das leis.
Os atos normativos podem ser representados pelo seguinte mnemônico:

R3D2 =
Resoluções
Regulamentos
Regimentos
Decretos
Deliberações
Vamos entender melhor a que se destinam cada um desses atos.
A) Resoluções:
São atos administrativos normativos expedidos pelas altas autoridades do Executivo
(exceto o chefe do Executivo, pois este edita decretos), pelos presidentes dos
tribunais, por órgãos legislativos ou por colegiados administrativos. Eles têm o
propósito de disciplinar matéria de competência específica desses órgãos ou
autoridades, podendo ter efeitos internos e/ou externos.
As resoluções aqui mencionadas não se confundem com as resoluções do art. 59, VII,
da Constituição Federal, pois estas são típicos atos legislativos.
B) Regulamentos:
São atos administrativos destinados a especificar os mandamentos da lei. O
regulamento depende de outro ato para aprová-lo, ou seja, ele não tem eficácia por si
só. Em geral, esse ato de aprovação ou de vigência é um decreto.
Por exemplo, o Decreto 10.030/2019 aprova o Regulamento de Produtos Controlados
– nesse caso, o Regulamento é um anexo do Decreto que o aprovou.
C) Regimentos:
São atos administrativos normativos de efeitos internos, que tratam do
funcionamento de órgãos colegiados ou de corporações legislativas. Como exemplo,
podemos citar o regimento interno do Congresso Nacional.
D) Decretos:
Os decretos executivos ou decretos regulamentares são atos privativos dos chefes do
Poder Executivo (Presidente da República, governadores e prefeitos). Em geral, se
destinam a dar fiel execução às leis. Por isso, constituem a expressão clássica do
poder regulamentar, já que detalham a aplicação de uma lei.
Diferentemente dos decretos executivos, os decretos autônomos, previstos no art. 84,
VI, da Constituição Federal podem inovar na ordem jurídica em relação às matérias ali
previstas.
E) Deliberações:
São atos administrativos normativos ou decisórios adotados por órgãos colegiados,
podendo ser atos gerais ou individuais. Por exemplo, se uma comissão de licitação
aprova as normas para a realização de suas sessões públicas para processar as
licitações, teremos uma deliberação geral (será uma norma). Por outro lado, quando a
mesma comissão de licitação indefere o pedido de habilitação em um processo de
licitação, teremos uma deliberação individual (será um ato de efeitos concretos).
Atos Ordinatórios
Os atos administrativos ordinatórios possuem a finalidade de disciplinar o
funcionamento da Administração e a conduta funcional dos agentes públicos,
portanto, eles têm alcance interno. Nessa linha, o seu fundamento é o poder
hierárquico, pois esses atos são editados por um superior, tendo como destinatários
os seus subordinados.
Os atos ordinatórios podem ser representados pelo seguinte mnemônico:

CAIO PODE =
Circulares
Avisos
Instruções
Ordens de serviços
Portarias
Ofícios
DEspachos
Vamos entender melhor a que se destinam cada um desses atos.

A) Circulares:
São ordens escritas e uniformes expedidas por um superior hierárquico com a
finalidade de atingir e orientar os agentes subordinados em relação ao modo ou
forma de execução de um serviço. Veiculam regras de caráter concreto, ainda que
gerais, uma vez que abrangem uma categoria de subalternos determinados,
encarregados de determinadas atividades.
B) Avisos:
Os avisos são atos administrativos emanados dos Ministros de Estado a respeito de
assuntos afetos aos seus Ministérios. Atualmente, também são utilizados como
instrumento destinado a dar conhecimento de assuntos relacionados à atividade
administrativa.
C) Instruções:
Ato administrativo escrito emanada de um superior hierárquico, cujo objetivo é
estabelecer diretrizes, métodos e procedimentos internos, além de regulamentar
matérias específicas que tenham sido disciplinadas anteriormente. A finalidade das
instruções é orientar os servidores no desempenho de suas funções. Elas tendem a
complementar as determinações de portarias e outras normas.
D) Ordens de serviços:
Determinação especial, expedida pela autoridade competente — como secretários,
dirigentes de empresas públicas e administradores regionais —, com o objetivo de
autorizar os responsáveis por obras ou serviços públicos a iniciar os trabalhos. As
ordens de serviço podem conter também especificações técnicas sobre como deve
ser a execução.
E) Portarias:
São atos internos emanados por chefes de órgãos públicos aos seus subalternos
determinando a realização de atos gerais ou especiais. As portarias servem, entre
outras coisas, para designar servidores para funções e cargos secundários, aplicar
medidas de ordem disciplinar, abrir sindicâncias e processos administrativos.
F) Ofícios:
São comunicações oficiais realizadas pela Administração e destinadas à comunicação
de autoridades entre si, entre subalternos e superiores e entre a Administração e
particular.
G) Despachos:
São decisões proferidas pela autoridade executiva (legislativa ou judiciária, em função
administrativa) em requerimentos e processos administrativos sujeitos à sua
administração.
Atos Negociais
Atos negociais ou de consentimento são aqueles em que a vontade da administração
coincide com a pretensão de um particular. Eles são exigidos quando o particular
necessita obter uma anuência ou consentimento prévio do Estado para poder exercer
legitimamente determinada atividade. Podem ser discricionários ou vinculados.
Eles não se confundem com os contratos administrativos, que são acordos bilaterais
firmados pelas partes interessadas. No ato negocial há um pedido do particular
interessado, mas o ato em si é concedido pela Administração de forma unilateral.
Os atos negociais podem ser representados pelo seguinte mnemônico:

HAV PARDAL =
(Leia “ave pardal”)
Homologação
Autorização
Visto
Permissão
Aprovação
Renúncia
Dispensa
Admissão
Licença
Vamos entender melhor a que se destinam cada um desses atos.

A) Homologação:
É ato unilateral, vinculado e posterior por meio do qual a Administração reconhece a
legalidade de um ato jurídico. Há algumas críticas ao fato de a homologação ser
classificada como ato negocial, uma vez que ela não goza das características comuns
desses atos. A homologação independe de provocação do interessado, sendo
realizada no rito de um procedimento administrativo já instaurado.
B) Autorização:
É ato administrativo unilateral, discricionário e precário por meio do qual a
administração faculta ao particular o exercício de uma atividade ou a utilização de um
bem público. Na autorização, além de analisar os requisitos definidos em lei, a
Administração deverá avaliar a conveniência e oportunidade da sua emissão. Sendo
assim, o destinatário poderá atender a todos os requisitos previstos em lei e, mesmo
assim, a autorização poderá ser negada pela Administração.
C) Visto:
Ato administrativo unilateral pelo qual a autoridade competente reconhece a
legitimidade formal de outro ato jurídico. A diferença do visto para outros atos
semelhantes é que nele, a autoridade apenas estará informando que tomou ciência
do ato, sem emitir qualquer juízo de concordância quanto ao seu conteúdo.
D) Permissão:
É ato administrativo unilateral, discricionário e precário adotado para consentir ao
particular o exercício de uma atividade ou o uso privativo de um bem público. Assim,
a permissão pode servir, por exemplo, para que um particular explore um quiosque
localizado em uma praça pública. Ela não tem prazo definido e poderá ser revogada a
qualquer tempo, sem direito à indenização.
A diferença fundamental entre autorização e permissão é que, nesta, há predomínio
do interesse público, ao passo que, naquela, o interesse predominante é do
particular.
E) Aprovação:
Ato unilateral e discricionário pelo qual se exerce um controle prévio ou posterior de
um ato administrativo. Como exemplo de controle prévio podemos citar a aprovação,
pelo Senado Federal, do nome de determinados candidatos a ocupar cargos de
autoridade por indicação do Presidente da República.
A autorização se diferencia da homologação por dois motivos: (i) é ato discricionário;
(ii) será prévio ou posterior.
F) Renúncia:
É ato unilateral por meio do qual a Administração extingue um crédito ou direito
próprio, liberando a pessoa até então obrigada perante a Administração. Como se
trata de um ato abdicativo (a Administração estará abrindo mão de um direito), a
renúncia depende de autorização em lei. Um exemplo seria a renúncia a cobrança de
uma dívida.

G) Dispensa:
É ato administrativo unilateral e discricionário que dispensa o particular do
cumprimento de alguma exigência prevista em lei. O exemplo típico é a dispensa do
serviço militar. A dispensa não se confunde com a autorização, uma vez que a
autorização faculta ao particular exercer uma atividade, enquanto a dispensa libera o
particular do cumprimento de uma obrigação.
H) Admissão:
É o ato administrativo unilateral e vinculado que concede ao destinatário o direito de
receber um serviço público prestado pelo Estado em condições específicas, quando
reconhecido o preenchimento dos requisitos legais.
O melhor exemplo é a admissão em uma universidade pública. Trata-se de ato
administrativo vinculado, uma vez que reconhece um direito subjetivo do
destinatário. Logo, atendidos os requisitos, o destinatário do ato tem o direito de
exigir a admissão, inexistindo juízo de conveniência e oportunidade.
I) Licença:
A licença é ato administrativo unilateral, vinculado e definitivo que reconhece um
direito subjetivo do interessado. Nesse caso, a Administração deverá analisar se o
interessado atende aos requisitos definidos em lei. Atendidos esses requisitos, a
concessão da licença será obrigatória, vinculada, ou seja, não poderá ser indeferido o
pedido pela simples conveniência e oportunidade. Ademais, a licença tem caráter
definitivo, não sendo passível de revogação.
Os alvarás para a realização de uma obra ou funcionamento de um comércio são
exemplos de licenças. Também podemos colocar como exemplo a licença para
exercer atividade profissional e a licença para dirigir.
Atos Enunciativos
Os atos enunciativos são os atos pelos quais a Administração declara um fato
preexistente, profere uma opinião ou emite um juízo de valor, sem que, por si só,
produza consequências jurídicas. Por meio deles, a Administração Pública se limita a
certificar ou atestar um fato.
Os atos enunciativos podem ser representados pelo seguinte mnemônico:
CAPA =
Certidões
Atestados
Pareceres
Apostilas
Vamos entender melhor a que se destinam cada um desses atos.
A) Certidões:
São cópias fiéis de registros de atos ou fatos que constam nos registros públicos, em
processo, livro ou documento que se encontre na repartição responsável. Elas
reproduzem informações constantes em bancos de informações da Administração,
como a certidão de casamento, de nascimento ou de dados funcionais dos
servidores.
B) Atestados:
São atos utilizados pelos agentes ou órgãos públicos para declarar um fato ou
situação que tiveram conhecimento. Por exemplo: atestado de vacina, atestado de
saúde, atestado de comparecimento e etc.
A diferença da certidão para o atestado é que aquela consta em um registro público
(por exemplo: em um livro ou banco de dados), ao passo que o atestado comprova
uma situação de conhecimento de um agente estatal, mas que não está registrada em
livros, papéis ou documentos.
C) Pareceres:
Consubstanciam opiniões, pontos de vista de alguns agentes administrativos sobre
matéria submetida à sua apreciação. Assim, o parecer é o ato pelo qual os órgãos
consultivos da Administração emitem opinião sobre assuntos técnicos ou jurídicos de
sua competência. O parecer pode ser facultativo, obrigatório ou vinculante.
D) Apostilas
As apostilas são atos utilizados para atualizar, corrigir, complementar ou emendar um
documento. Frequentemente, elas são chamadas de averbações.
A Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações e Contratos) prevê que a atualização do valor do
contrato em virtude do reajuste de preços ou a aplicação de penalizações financeiras
poderão ser registradas por “simples apostila”. Nesse caso, a apostila estará
realizando um registro.
Atos Punitivos
Os atos punitivos ou sancionatórios são atos que têm o objetivo de punir ou reprimir
a prática de infrações administrativas. Podemos dividi-los em duas grandes
categorias: sanções internas e sanções externas. As sanções internas são aplicáveis
em virtude do regime funcional dos servidores. As sanções externas, por sua vez,
tratam da relação entre a Administração e o administrado e ocorrem quando o
destinatário infringe alguma norma administrativa.
Os atos punitivos podem ser representados pelo seguinte mnemônico:
= MAID
Multa
Autuação interna
Interdição de atividade
Destruição de coisa
Vamos entender melhor a que se destinam cada um desses atos.
A) Multa:
A multa administrativa é uma imposição pecuniária a que sujeita o administrado ao
pagamento compensação pelo dano causado por descumprimento de
determinações impostas pela Administração. A imposição de multa decorre do poder
de polícia da Administração, que autoriza a imposição de obrigações de forma
unilateral na esfera do administrado.
B) Autuação interna:
A autuação interna é um ato punitivo decorrente do poder disciplinar
da Administração Pública. Por meio dela a Administração pode punir internamente as
infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à relação especial com
a Administração Pública. Por exemplo, concessionários e permissionários podem
sofrer determinadas sanções em razão de inexecução contratual e servidores podem
sofrer advertência por desrespeitar seu Estatuto Funcional.
C) Interdição de atividade:
A interdição de atividade é o ato pelo qual a Administração veda a alguém a prática de
atos sujeitos ao seu controle ou que incidam sobre seus bens. Ela também é
decorrente do poder de polícia da Administração Pública, mas advém de um ato de
fiscalização.
Certas atividades devem cumprir determinações expedidas pela Administração para
atenderem ao interesse público. Em havendo descumprimento das determinações
impostas, a Administração pode proceder à interdição da atividade.
D) Destruição de coisa:
A destruição de coisa é ato punitivo decorrente poder de polícia da Administração
Pública que advém de um ato de fiscalização. A administração pode realizar a
destruição, inutilizando substâncias, alimentos ou objetos imprestáveis, nocivos ao
consumo ou de uso proibido por lei, apreendidos pela Administração Pública.
Não se esqueça das Espécies dos Atos Administrativos!
Finalizamos o estudo das Espécies dos Atos Administrativos, encerrando a série de
artigos que tratou dos mnemônicos relacionados aos Atos Administrativos. Não perca
os próximos artigos com os principais mnemônicos da disciplina de Direito
Administrativo.
Não se esqueça dos mnemônicos das Espécies dos Atos Administrativos:
Espécie de Atos Administrativos = NONEP
Atos Normativos = R3D2
Atos Ordinatórios = CAIO PODE
Atos Negociais = HAV PARDAL
Atos Enunciativos = CAPA
Atos Punitivos = MAID

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