Você está na página 1de 37

DIREITO ADMINISTRATIVO

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


2
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................3
2. FUNDAMENTO TEÓRICO....................................................................................................................................3
3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ......................................................................................................................................5
a) Teoria da irresponsabilidade do Estado ..........................................................................................................5
b) Estado como sujeito responsável em situações pontuais ................................................................................6
c) Teoria subjetiva da responsabilidade na culpa do agente ................................................................................6
d) Responsabilidade subjetiva na culpa do serviço – Teoria da culpa administrativa– culpa anônima – faute
du service. ........................................................................................................................................................7
e) Responsabilidade objetiva .............................................................................................................................8
Excludentes de responsabilidade .............................................................................................................................. 9
 - Teoria do risco integral .................................................................................................................................... 9
 - Teoria do risco administrativo ......................................................................................................................... 9
4. TIPOS DE RESPONSABILIDADES ........................................................................................................................ 11
- Civil: ............................................................................................................................................................. 11
- Administrativa: ............................................................................................................................................. 12
a) Crimes funcionais: ............................................................................................................................................... 12
b) não funcionais: .................................................................................................................................................... 12
5. RESPONSABILIDADE CIVIL HOJE NO BRASIL ...................................................................................................... 13
5.1. Sujeitos .................................................................................................................................................... 13
5.2. Conduta ................................................................................................................................................... 16
5.3. Dano ........................................................................................................................................................ 22
5.4. Ação judicial de reparação civil ................................................................................................................. 23
5.5. Prescrição................................................................................................................................................. 26
5.6. Responsabilidade por ATOS LEGISLATIVOS: ............................................................................................... 30
5.7. Responsabilidade por ATOS JUDICIAIS....................................................................................................... 31
6. JULGADOS DIVERSOS EM TEMA DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO: ...................................................... 32
7. QUESTÕES RECORRENTES EM PROVAS: ........................................................................................................... 35
DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO ...................................................................................................... 37
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ............................................................................................Error! Bookmark not defined.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


3
ATUALIZADO ATÉ 02/07/20191

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

1. INTRODUÇÃO

Hoje, o Estado é tratado como sujeito responsável pelos seus atos. A responsabilidade civil do Estado tem
regras mais rigorosas que a responsabilidade privada. Por que isso acontece? Nós podemos recusar a atuação
privada; contratamos ou não. Já a relação estatal não pode ser afastada. Não depende da vontade. Não posso
recusar a segurança pública. A atuação estatal é feita de forma impositiva.

Por esse motivo, a responsabilidade civil do Estado tem regras e princípios próprios.

2. FUNDAMENTO TEÓRICO

Na ordem jurídica, prevalece a seguinte regra: aquele que causa o dano, tem o dever de indenizar. Isso
porque a ordem jurídica é una, de forma que com o Estado não será diferente.

Ex1. Delegado prende o sujeito e dá uma surra. Essa é uma conduta ilícita. Se essa conduta é ilegal, gera
dano, tendo o Estado que se responsabilizar. Qual é o fundamento/o princípio que justifica essa responsabilidade?
É o princípio da legalidade. Ele tinha que agir de forma legal, mas descumpriu. Sempre que se pensar em atos
ilegais fundamento da indenização está no princípio da legalidade.

Ex2. Estado decidiu construir presídio ao lado da sua casa. É lícito/legal? é legal, mas o vizinho está no
prejuízo. Há responsabilidade? Sim. Mas qual será o fundamento? A sociedade ganha e o vizinho perde. Isso é
tratamento isonômico? Não. Essa sociedade que ganha deve indenizar (através do dinheiro público) o prejuízo
sofrido pelo vizinho, para recompor a isonomia. Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, na Obra Direito
Administrativo, Impetus, 13 ª Edição, lecionam que há responsabilidade administrativa, por ato lícito, quando por
exemplo, a execução de uma obra de interesse público resulte em prejuízos para os moradores adjacentes. Nesse
caso, a responsabilidade é objetiva, independente se a obra for executada diretamente pela administração ou por
um particular, eis que o dever de indenizar decorre da necessidade de repartir com a sociedade o custo

1
As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura
identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o
número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca
do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos
anteriormente citados.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
4
enfrentado pelos moradores do local. Caso o executor tenha agido com culpa e ocasionado dano excedente
àquele natural do só fato da obra, os autores defendem que restaria afastada a responsabilidade objetiva da
administração.

A partir disso determinemos um conceito: Entende-se por responsabilidade patrimonial


extracontratual do Estado a obrigação que lhe incumbe de reparar economicamente os danos lesivos à esfera
juridicamente garantida de outrem e que lhe sejam imputáveis em decorrência de comportamentos
unilaterais, LÍCITOS OU ILÍCITOS, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos. (C.A)2

*#DEOLHONAJURIS #STJ #DIZERODIREITO: O Ministério da Fazenda editou a Portaria nº 492/1994, reduzindo de


30% para 20% a alíquota do imposto de importação dos brinquedos em geral. Com a redução da alíquota, houve
a entrada de um enorme volume de brinquedos importados no Brasil, oriundos especialmente da China, sendo
estes bem mais baratos que os nacionais. Como resultado, várias indústrias de brinquedos no Brasil foram à
falência e, mesmo as que permaneceram, sofreram grandes prejuízos. Uma famosa indústria de brinquedos
ingressou com ação contra a União afirmando que a Portaria, apesar de ser um ato lícito, gerou prejuízos e que,
portanto, o Poder Público deveria ser condenado a indenizá-la. O STJ não concordou com o pedido. Não se
verifica o dever do Estado de indenizar eventuais prejuízos financeiros do setor privado decorrentes da alteração
de política econômico-tributária no caso de o ente público não ter se comprometido, formal e previamente, por
meio de determinado planejamento específico. A referida Portaria tinha finalidade extrafiscal e a possibilidade de
alteração das alíquotas do imposto de importação decorre do próprio ordenamento jurídico, não havendo que se
falar em quebra do princípio da confiança. O impacto econômico-financeiro sobre a produção e a comercialização
de mercadorias pelas sociedades empresárias causado pela alteração da alíquota de tributos decorre do risco da
atividade próprio da álea econômica de cada ramo produtivo. Não havia direito subjetivo da indústria quanto à
manutenção da alíquota do imposto de importação. STJ. 1ª Turma. REsp 1.492.832-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 04/09/2018 (Info 634). #IMPORTANTE

No que diz respeito ao fato gerador da responsabilidade, não está ele atrelado ao aspecto da licitude ou
da ilicitude. (J.S)3

Renato Alessi, em sua clássica monografia sobre ‘La Responsabilità della Pubblica Amministrazione’,
assinala que só cabe falar em responsabilidade, propriamente dita, quando alguém viola um direito alheio. Se
não há violação, mas apenas debilitamento, sacrifício de direito, previsto e autorizado pela ordenação jurídica,
não está em pauta o tema responsabilidade do Estado.

2
Celso Antônio
3
José dos Santos
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
5
(C.A) Não há falar, pois, em responsabilidade, propriamente dita, quando o Estado debilita, enfraquece,
SACRIFICA um direito de outrem, ao exercitar um poder que a ordem jurídica lhe confere, autorizando-o a
praticar um ato cujo conteúdo jurídico intrínseco consista precisa e exatamente em ingressar na esfera alheia
para incidir sobre o direito de alguém. Ex: Desapropriação.

Pelo contrário, caberá falar em responsabilidade do Estado por atos LÍCITOS nas hipóteses em que o
poder deferido ao Estado e legitimamente exercido acarreta, INDIRETAMENTE, como SIMPLES CONSEQÜÊNCIA –
não como sua finalidade própria - a lesão de um direito alheio.

(...) Entendemos necessário (...) sacar para fora do campo da responsabilidade, apenas os casos em que o
Direito confere à Administração poder jurídico diretamente preordenado ao SACRIFÍCIO do direito de outrem.

Resumo:
 Conduta ilícita – o fundamento é o princípio da legalidade.
 Conduta lícita – o fundamento é o princípio da isonomia – o dano é consequência.
 Conduta de sacrifício de um direito amparada pelo ordenamento – não há indenização – o dano é o principal.

3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Resumo
 Irresponsabilidade
 Responsabilidade em situações expressas em lei
 Teoria da responsabilidade com culpa – doutrina civilista da culpa: atos de império x atos de gestão.
 Teoria da culpa administrativa: falta do serviço/culpa anônima.
 Teoria da responsabilidade objetiva
A ideia da responsabilidade do Estado é uma consequência lógica inevitável da noção de Estado de
Direito. (C.A)

a) Teoria da irresponsabilidade do Estado

O Monarca não errava. ‘The king can not be wrong’. Esse pensamento se repetiu com o Estado Liberal –
Estado não intervia em nada. Não se responsabilizava. A responsabilidade do Estado vai nascer quando ele passa
de Estado Liberal para Estado de Direito.

Essas assertivas, contudo, não representavam completa desproteção dos administrados perante
comportamentos unilaterais do Estado. Isto porque, de um lado, admitia-se responsabilização quando leis

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


6
específicas a previssem explicitamente (caso, na França, de danos oriundos de obras públicas, por disposição da
Lei 28 pluvioso do Ano VIII); de outro lado, também se admitia responsabilidade por danos resultantes da gestão
do domínio privado do Estado, bem como os causados pelas coletividades públicas locais. (C.A).

b) Estado como sujeito responsável em situações pontuais

A evolução foi gradativa. Incialmente ele respondia apenas quando a lei previsse a responsabilidade. Eram
situações pontuais. O reconhecimento da responsabilidade do Estado, à margem de qualquer texto legislativo e
segundo princípios de Direito Público, como se sabe, teve por marco relevante o famoso aresto Blanco4, do
Tribunal de Conflitos, proferido em 1º. de fevereiro de 1873. Ainda que nele se fixasse que a responsabilidade do
Estado ‘não é nem geral nem absoluta’ e que se regula por regras específicas, desempenhou a importante função
de reconhecê-la como um princípio aplicável mesmo à falta de lei.

Teoria civilista da culpa – teoria da responsabilidade com culpa

Procurava distinguir-se, para esse fim, dois tipos de atitude estatal: os atos de império e os atos de
gestão. Aqueles seriam coercitivos porque decorrem do poder soberano do Estado, ao passo que estes mais se
aproximariam com os atos de Direito Privado. Se o Estado produzisse um ato de gestão, poderia ser civilmente
responsabilizado, mas se fosse a hipótese de ato de império não haveria responsabilização, pois que o fato seria
regido pelas normas tradicionais de direito público, sempre protetivas da figura estatal. (J.S)

Crítica: Critério confuso. Difícil distinguir os atos de império e gestão na prática. Difícil dissociar as faltas do
agente relacionadas á função pública daquelas não ligadas com as suas atividades.

c) Teoria subjetiva da responsabilidade na culpa do agente

Aqui a responsabilidade é mais geral e não apenas nos casos pontuais. Marinela propõe um quadro
comparativo entre a responsabilidade subjetiva e objetiva.

Elementos da responsabilidade que devem ser comprovados pela vítima


Responsabilidade subjetiva Responsabilidade objetiva

4
A menina Agnès Blanco, ao atravessar uma rua em Bordeaux, foi colhido por uma vagonete da Cia. Nacional de
Manufatura do Fumo; seu pai promoveu ação civil de indenização, com base no princípio de que o Estado é civilmente
responsável por prejuízos causados a terceiros, em decorrência de ação danosa de seus agentes. Suscitado conflito de
atribuições entre a jurisdição comum e o contencioso administrativo, o Tribunal de Conflitos decidiu que a controvérsia
deveria ser solucionada pelo tribunal administrativo, porque se tratava de apreciar a responsabilidade decorrente de
funcionamento do serviço público. Entendeu-se que a responsabilidade do Estado não pode reger-se pelos princípios do
Código Civil, porque se sujeita a regras especiais que variam conforme as necessidades do serviço e a imposição de conciliar
os direitos do Estado com os diretos privados.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
7
Conduta comissiva ou omissiva Conduta comissiva ou omissiva
Dano Dano
Nexo causal Nexo causal
Elemento subjetivo

Para comprovar a responsabilidade subjetiva a vítima tem de comprovar a conduta do Estado, seja ela
comissiva ou omissiva, sob pena de haver enriquecimento ilícito – Ex.: motorista atropelou, prova-se o dano, o
nexo causal (os ferimentos foram causadas pelo atropelamento) e a culpa ou dolo. A vítima tinha que apontar
quem seria o agente culpável. Muitas vezes ela não sabia identificar. Os agentes ficavam se culpando.

Como o Estado faz para afastar essa responsabilidade subjetiva? Prova que um dos elementos não estava
presente.

Obs.: só existe responsabilidade subjetiva nas condutas ilícitas.

d) Responsabilidade subjetiva na culpa do serviço – Teoria da culpa administrativa– culpa anônima – faute du
service.

Basta que a vítima prove que o serviço não foi prestado, não foi prestado de forma eficiente ou foi
prestado de forma atrasada. Essa responsabilidade surgiu entre os franceses e foi denominada “faute du service”.
Não preciso mais achar a pessoa culpada. Foi chamada também de culpa anônima.

(...) É mister acentuar que a responsabilidade por ‘falta de serviço’, falha do serviço ou culpa do serviço NÃO É,
de modo algum, modalidade de RESPONSABILIDADE OBJETIVA, ao contrário do que entre nós e alhures, às vezes,
tem-se inadvertidamente suposto. Outro fato que há de ter concorrido para robustecer este engano é a
circunstância de que em inúmeros casos de responsabilidade por ‘faute du service’ necessariamente haverá de
ser admitida uma presunção de culpa, pena de inoperância desta modalidade de responsabilização, ante a
extrema dificuldade (às vezes intransponível) de demonstrar-se que o serviço operou abaixo dos padrões
devidos, isto é, com negligência, imperícia ou imprudência, vale dizer, culposamente. Em face da presunção de
culpa, a vítima do dano fica desobrigada de comprová-la. Por outro lado, há responsabilidade objetiva quando
basta para caracterizá-la a simples relação causal entre um acontecimento e o efeito que produz. (C.A.)

O TRF da 5 Região em 2005, presumiu a culpa de enfermeira, funcionária de hospital da rede pública, que
deixou de socorrer bebê, por já ter decorrido o seu horário de plantão e encontrar-se em mudança de turno de
funcionários. No acórdão fez-se menção à responsabilidade objetiva, mas, de acordo com C.A., seria
responsabilidade subjetiva (por falha no serviço), mas com culpa presumida. Em outros julgados também se
responsabilizou objetivamente o Estado por evento omissivo,
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
8

#OUSESABER #DEOLHONAJURISPRUDENCIA:

Qual a responsabilidade civil do Estado em acidente de trânsito decorrente de má conservação em rodovia


administrada por autarquia? A jurisprudência do STJ é no sentido de que a autarquia responsável pela
conservação das rodovias responde pelos danos causados a terceiros em decorrência da má conservação,
contudo remanesce ao Estado a responsabilidade subsidiária, não havendo que se falar em responsabilidade
solidária deste. Nesse sentido, observem o julgado que se segue do Superior Tribunal de Justiça: PROCESSUAL
CIVIL E ADMINISTRATIVO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. MÁ CONSERVAÇÃO DA RODOVIA ESTADUAL. AUTARQUIA RESPONSÁVEL PELA
CONSERVAÇÃO DAS ESTRADAS. LEGITIMIDADE PASSIVA SUBSIDIÁRIA DO ESTADO. NEXO DE CAUSALIDADE.
VERIFICAÇÃO. SÚMULA 7/STJ. 1. Não se configura a ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil, uma vez que
o Tribunal de origem julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, tal como lhe foi apresentada. 2. A
jurisprudência desta Corte considera que, muito embora a autarquia seja responsável pela conservação das
estradas estaduais, bem como seja responsável pelos danos causados a terceiros em decorrência de má-
conservação destas estradas, o Estado possui responsabilidade subsidiária. Assim, possui este legitimidade para
figurar no polo passivo da demanda. 3. Por outro lado, o Tribunal de Justiça, soberano na análise do acervo
fático-probatório dos autos, considerou existente o nexo de causalidade entre a omissão do Estado quanto à
conservação da rodovia e o evento danoso. A revisão desse entendimento demanda nova análise dos elementos
fático probatórios dos autos, o que esbarra no óbice da Súmula 7/STJ. 4. Agravo Regimental não provido. (AgRg
no AREsp 539057/MS. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2014/0157052-6. Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN).

e) Responsabilidade objetiva

Ampliando a proteção do administrado, a jurisprudência administrativa da França veio a admitir também


hipóteses de responsabilidade estritamente objetiva, isto é, independentemente de qualquer falta ou culpa do
serviço, a dizer, responsabilidade pelo RISCO ADMINISTRATIVO ou, de todo modo, independente de
comportamento censurável juridicamente. (C.A)

Além do risco decorrente das atividades estatais em geral [risco administrativo], também constituiu
fundamento da responsabilidade objetiva do Estado o princípio da REPARTIÇÃO dos ENCARGOS SOCIAIS. (J.S)

Q – Princípio da repartição dos encargos sociais.

Fala-se no Brasil desde a CF 46. Aqui a ideia é ainda facilitar a vida da vítima em provar a responsabilidade
do Estado. A vítima precisa provar que houve conduta estatal, dano e nexo de causalidade.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


9

Obs. na Teoria objetiva há responsabilidade para condutas ilícitas e lícitas. A proteção é maior.

Daí que acarretam responsabilidade do Estado não só os danos produzidos no próprio EXERCÍCIO da
atividade pública do agente, mas também aqueles que só puderam ser produzidos graças ao fato de o agente
PREVALECER-SE da CONDIÇÃO de agente público. (C.A)

Não importará, para tais fins, o saber-se se os poderes que manipulou de modo indevido continham-se ou
não, abstratamente, no campo de suas competências específicas. O que importará é saber se a sua qualidade de
agente público foi determinante para a conduta lesiva.

Lesão corporal de policial não fardado a sua ex mulher, utilizando arma da corporação – Estado não responde.

Excludentes de responsabilidade

 - Teoria do risco integral


Não admite excludente. Um sujeito resolve se matar e mergulha numa substância tóxica numa usina
atômica.

 - Teoria do risco administrativo


A responsabilidade objetiva pode ser excluída. Basta afastar um dos seus elementos. Ex. culpa exclusiva
da vítima, caso fortuito ou força maior. São exemplos. Não são as únicas formas. Inverte o ônus da prova. Cabe ao
Estado provar que não houve o fato administrativo, o nexo ou o dano.

- Culpa concorrente? Não afasta a responsabilidade, mas a jurisprudência diz que a indenização deve ser
reduzida de acordo com a participação de cada um. Quando não é possível medir a participação de cada um a
jurisprudência afirma que será de 50%. Apenas interfere no quantum e não na responsabilidade em si. Ex. o
motorista do Estado dirigia feito louco e sujeito resolve praticar suicídio e pula na frente do carro. É o sistema da
compensação das culpas. Art. 945 cc.

- Caso fortuito ou força maior como concausa (ação ou omissão culposa) – Estado responde, mas de
forma mitigada.

Qual a regra no Brasil? Teoria do Risco Administrativo.

Exceção – Risco integral. Quando? Dano nuclear, material bélico e dano ambiental.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


10
INFORMATIVO 538 STJ – MAIO/2014
Os Pescadores, como é o caso de Maria, poderão ser indenizados por dano moral?
SIM. O STJ entende que se uma empresa causa danos ambiental e, em decorrência de tal fato, faz com que
determinada pessoa fique privada das condições de trabalho, isso configura dano moral.
Estando o trabalhador impossibilitado de trabalhar, revela-se patente seu sofrimento, angústia e aflição. O ócio
indesejado imposto pelo acidente ambiental gera a incerteza quanto à viabilidade futura de sua atividade
profissional e manutenção própria e de sua família (STJ. 4 Turma. REsp 1.346.430-PR, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 18/10/2012)

O valor a ser arbitrado como dano moral deverá incluir um caráter punitivo?
NÃO. É inadequado pretender conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter punitivo imediato, pois a
punição é função que incube ao direito penal e administrativo.
Assim, não há que se falar em danos punitivos (punitive damages) no caso de danos ambientais, haja vista que a
responsabilidade civil por danos ambientais prescinde da culpa e revestir a compensação de caráter punitivo
propiciaria o bis in idem (pois, como firmado, a punição imediata é tarefa específica do direito administrativo e
penal).

#OUSESABER: Muito se fala hoje na teoria do risco social (apenas um aspecto específico da teoria do risco
integral) – o foco da responsabilidade seria a vítima e não o autor do dano, de modo que a reparação estaria a
cargo de toda sociedade – socialização dos riscos. Sempre no intuito de que a vítima não deixe de receber a
indenização.
Assim, o art. 23 da Lei da Copa configura a chamada “teoria do risco social”, uma vez que se trata de risco
extraordinário assumido pelo Estado, mediante lei, em face de eventos imprevisíveis, em favor da sociedade
como um todo.

Para Celso Antônio Bandeira de Mello a teoria adotada tem que ser sempre do risco administrativo, sem
exceção. Já a doutrina clássica (como Hely Lopes Meirelles) defende que a teoria do risco administrativo é a regra,
mas é possível a teoria do risco integral, excepcionalmente, para material bélico, substância nuclear e dano
ambiental (prevalece nos concursos).

Hipóteses de Risco Integral no ordenamento brasileiro – majoritária:


 Responsabilidade civil por danos nucleares (art. 21, XXIII, “d”, da CF/88);
 Responsabilidade civil por danos ambientais (art. 225, §3º)
 Responsabilidade civil por União perante terceiros no caso de atentado terrorista, ato de guerra ou
eventos correlatos, contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por empresas brasileiras de
transporte aéreo, excluídas as empresas de táxi aéreo (Lei. n. 10.744/2003)

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


11
Julgados sobre o tema: STJ, REsp n. 1.114.398/PR, Relator Ministro SIDNEI BENETI, 2ª SEÇÃO, julgado em
8/2/2012, DJe 16/2/2012, sob o rito do art. 543-C do CPC; TRF4, AC 0004155-95.2004.404.7101, Terceira Turma,
Relator Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, D.E. 24/09/2010

4. TIPOS DE RESPONSABILIDADES

Uma mesma conduta pode ocasionar diversas responsabilidades:

 Ilícito penal: ação penal


 Ilícito administrativo: Processo administrativo disciplinar (PAD)
 Ilícito civil: ação civil

Regra: a independência das instâncias. Isso quer dizer que as decisões podem ser diferentes.
Exceção: Comunicação das instâncias.

a) Absolvido na seara penal: esta hipótese é de absolvição geral, ou seja, o agente deverá ser absolvido
em todas as instâncias. Mas, a absolvição deve ser baseada em: - inexistência do fato e negativa de autoria

Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver
sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência
do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.

Importante atentar para o fato de que qualquer outro fundamento para a absolvição não justifica a
comunicação das instâncias.

b) Se no processo penal for reconhecida uma excludente penal essa questão faz coisa julgada no processo
civil. Não significa que ele será absolvido nos dois. Ex.: legítima defesa é que faz coisa julgada e não a decisão. Não
se discute mais a legítima defesa. Não significa a absolvição geral.

Efeitos da decisão penal nas esferas civil e administrativa – no caso dos servidores públicos

- Civil:

Decisão condenatória: só causa reflexo se o fato ilícito penal se caracterizar como fato ilícito civil,
ocasionando prejuízo aos cofres públicos.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


12
Lembre-se: Decisão absolutória para trazer reflexos na esfera civil, deve ser baseada em: - inexistência do
fato e - negativa de autoria.

- Administrativa:

a) Crimes funcionais:

Condenação: sempre haverá reflexo na seara administrativa.


Absolvição: se por insuficiência de provas, não influirá na seara administrativa.

Obs.: Resíduo Administrativo: nomenclatura utilizada pelo STF para caracterizar situação na qual as provas que
não foram suficientes para a CONDENAÇÃO PENAL podem ser residualmente suficientes para condenação na
ESFERA ADMINISTRATIVA. É o que ocorre nas hipóteses de ABSOLVIÇÃO por FALTA DE PROVAS.
Súmula 18, STF: Pela FALTA RESIDUAL, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a
punição administrativa do servidor público.

b) Crimes não funcionais:

Condenação: só repercutirá nos casos em que a pena impuser a perda da liberdade. Se por tempo inferior a 4
anos, o servidor ficará afastado do cargo, recebendo o benefício de auxilio-reclusão. Se superior a 4 anos, perderá
o cargo (CP, art. 92.I, b).

Absolvição: não acarretará nenhum efeito na seara administrativa.

#APROFUNDAMENTO: Evolução histórica da responsabilidade no Brasil

No Brasil, jamais foi aceita a tese da irresponsabilidade do Estado. (C.A, citando um precedente do STF de 1904).
Ao tempo do Império, a Constituição de 1824, em seu art.178, n.29, estabelecia que ‘Os empregados públicos são
estritamente responsáveis pelos abusos e omissões praticados no exercício de suas funções e por não fazerem
efetivamente responsáveis aos seus subalternos”. Equivalente dispositivo encontrava-se no art.82 da Constituição
de 1891. (C.A)
Com o advento do Código Civil, a matéria, desde 1917 (época em que entrou em vigor o Código de 1916), não
admitiria dúvida alguma, em face de seu art.15, segundo o qual: ‘As pessoas jurídicas de Direito Público são
civilmente responsáveis por atos de seus representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros,
procedendo de modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito em lei, salvo o direito regressivo contra os
causadores do dano.’ (C.A)

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


13
A GRANDE ALTERAÇÃO LEGISLATIVA concernente à responsabilidade do Estado ocorreu a partir da
CONSTITUIÇÃO DE 1946. O art.194 daquele diploma introduziu normativamente, entre nós, a teoria da
responsabilidade objetiva. (C.A)]

OBS. a partir de quando o Estado pode ajuizar a ação regressiva?


 AGU – 60 DIAS APÓS TRÂNSITO EM JULGADO
 JOSÉ – DO PAGAMENTO
 JURISPRUDÊNCIA – DO TRÂNSITO - PREVALECE

Na esfera federal, é sempre citada a Lei n. 4.619/65, que dispõe sobre o exercício judicial do direito de regresso.
Diz a lei que cabe aos Procuradores da República [hoje, cabe à AGU] propor obrigatoriamente a ação
indenizatória, no caso de condenação da Fazenda, no prazo de 60 dias a contar da data em que transitar em
julgado a sentença condenatória.
Apesar do teor da lei, parece-nos que dentro do período marcado na lei para ser proposta a ação ainda não terá
nascido para o Estado a condição da ação relativa ao interesse de agir. Este só deve surgir quando o Estado já
tiver pago a indenização ao lesado (...) (J.S)
O STJ, porém, já entendeu que não é necessário o deslinde da ação indenizatória contra o Estado para que este
venha a exercer seu direito de regresso contra o seu agente (REsp 236.837, de 03/02/2000)

5. RESPONSABILIDADE CIVIL HOJE NO BRASIL

Está prevista no art. 37 §6º CF. Com a observação de que só é aplicado nos casos de responsabilidade
extracontratual, pois quando houver o contrato, deve-se aplicar as regras do contrato.

- Duplicidade de relações jurídicas: CF, art. 37, § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

5.1. Sujeitos:

 Pessoas Jurídicas de direito público: Administração direta, fundações e autarquias.


 Pessoas Jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público: EP, SEM, concessionárias,
permissionárias– desde que haja vínculo com o Estado. Usuários e terceiros.
 Serviços sociais autônomos

OBS. OSCIP e organizações sociais – RESP. SUBJETIVA – há divergência.


CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
14

Diante do requisito constitucional, ficam, pois, excluídas, as empresas públicas e as sociedades de


economia mista que se dedicam à exploração de atividade econômica, por força do art.173 §1º., da CF, que
impõe sejam elas regidas pelas normas aplicáveis às empresas privadas. Em consequência, estão elas sujeitas à
responsabilidade subjetiva comum do Direito Civil. (J.S)

Devem prestar o serviço de forma delegada pelo Poder Público, sendo necessário que haja um vínculo
jurídico de direito público entre o Estado e o seu delegatário. Desse modo, algumas pessoas privadas só
aparentemente prestam serviços públicos, mas como o fazem sob o regime de direito privado, sem qualquer elo
jurídico típico com o Poder Público, não estão inseridas na regra constitucional. É o caso, por exemplo, de
sociedades religiosas, de associações de moradores, de fundações criadas por particulares, muitas das quais se
dedicam à assistência social, à educação, ao atendimento de comunidades, etc. Sua responsabilidade é regida
pelo Direito Civil. (J.S)

De outro lado, entendemos que as pessoas de COOPERAÇÃO governamental (ou SERVIÇOS SOCIAIS
AUTÔNOMOS) estão sujeitas à responsabilidade objetiva atribuída ao Estado.
Em relação às organizações sociais e às organizações da sociedade civil de interesse público, qualificação
jurídica atribuída a entidades de direito privado que se associaram ao Poder Público em regime de parceria,
poderão surgir dúvidas sobre se estariam ou não sujeitas à responsabilidade objetiva. O motivo reside na
circunstância de que são elas vinculadas ao ente estatal por meio de contratos de gestão ou termos de parceria,
bem como pelo fato de que se propõem ao desempenho de serviço público. Em que pese a existência desses
elementos de vinculação jurídica ao Estado, entendemos que sua responsabilidade é SUBJETIVA e,
consequentemente, regulada pelo Direito Civil. É que estes entes não têm fins lucrativos e sua função é a de
auxílio ao Poder Público (...) (José dos Santos Carvalho Filho). JS ressalva, porém, o entendimento contrário,
asseverando que respeitável doutrina advoga a incidência do referido dispositivo constitucional sobre as
organizações sociais, realçando-lhes o fato de prestarem serviço público para considera-las sujeitas à
responsabilidade objetiva.

STF já disse que quem responde é a pessoa jurídica. É ela a demandada, mas e o Estado deve responder
também? O Estado pode responder:

a) de forma primária: por atos de seus agentes. Ex. motorista do Estado


b) de forma secundária: é a subsidiária (só paga se a pessoa jurídica não tiver patrimônio). Responde pelo
agente de outra pessoa jurídica, pois como se trata de serviço público, é dever do Estado. Se ele decide transferir
a outra pessoa jurídica ele não pode se eximir de sua responsabilidade. Nesse caso só demanda a pessoa jurídica
responsável. A Administração é parte ilegítima. Se a Administração concorreu com a pessoa – solidariedade.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


15
Estão vinculadas ao Estado as pessoas de sua Administração Indireta, as pessoas prestadoras de serviços
públicos por delegação negocial (concessionários e permissionários de serviços públicos) e também aquelas
empresas que executam obras e serviços públicos por força de contratos administrativos.

Obs.: no caso de contratos administrativos, a empresa que executa a obra responde subjetivamente e
diretamente. Não há responsabilidade do Estado.

#OUSESABER: Questão de segunda fase – Procurador Federal – aluno comeu alimento estragado em restaurante
da Universidade. Quem responde pelo dano? Há uma concessão de uso de bem público ao particular. Quem
responde a empresa e não a Universidade.

Em todos esses casos, a responsabilidade primária deve ser atribuída à pessoa jurídica a que pertence o
agente autor do dano. Mas, embora não se possa atribuir responsabilidade direta ao Estado, o certo é que
também não será lícito eximi-lo inteiramente das consequências do ato lesivo. Sua responsabilidade, porém, será
subsidiária, ou seja, somente nascerá quando o responsável primário não tiver mais forças para cumprir a sua
obrigação de reparar o dano (J.S. apoiado em C.A)

Obs.: Usuário x não usuário. O não usuário pode se valer da responsabilidade objetiva (art. 37, §6º) para exigir a
reparação? Ex.: motorista de ônibus que atropela pessoa que passa na rua. Aplica-se indistintamente a usuários e
terceiros, sendo este o entendimento atual do STF que modificou o seu posicionamento anterior, ampliando o
manto da responsabilidade, suprimindo a equivocada distinção.

- Notários e tabeliães: #MUDOU!! #NOVIDADELEGISLATIVA (LEI 13.286/2016)


O art. 22 da Lei nº 8.935/94 foi novamente alterado, agora com o objetivo de instituir a responsabilidade
SUBJETIVA para os notários e registradores.
Os notários e registradores nunca encararam com satisfação o fato de estarem submetidos ao regime da
responsabilidade objetiva e, por isso, atuaram politicamente junto ao Congresso Nacional a fim de alterar a
legislação que rege o tema. Enfim, conseguiram.

A Lei nº 13.286/2016 alterou a redação do art. 22 da Lei nº 8.935/94, que passa a ser a seguinte:
Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem a
terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que autorizarem,
assegurado o direito de regresso.
Parágrafo único. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, contado o prazo da data de lavratura do
ato registral ou notarial.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


16
Resumo das alterações promovidas pela Lei nº 13.286/2016:
Antes da Lei 13.286/2016 Depois da Lei 13.286/2016
A responsabilidade civil dos notários e A responsabilidade civil dos notários e
registradores era OBJETIVA (vítima não registradores passou a ser SUBJETIVA
precisava provar dolo ou culpa). (vítima terá que provar dolo ou culpa).
O prazo prescricional para a vítima ingressar O prazo prescricional foi reduzido para 3
com a ação judicial contra o anos.
notário/registrador era de 5 anos.

RESUMO
 NOTÁRIO – SUBJETIVA (Nova Lei 13.286/2016) E DIRETA.

*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF: O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e


registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso
contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa. O Estado possui
responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários e oficiais de registro, no exercício de
serviço público por delegação, causem a terceiros. STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932). #IMPORTANTE

CUIDADO: Segundo a Jurisprudência firmada pelo STF, não é legítima a responsabilização solidária do servidor
que edita um parecer jurídico de natureza meramente opinativa com o administrador público que pratica o ato
baseado na opinião constante no parecer. Só poderia ser autor do parecer responsabilizado na hipótese de erro
grave, inescusável, ou se comprovada a sua ação ou omissão culposa (culpa em sentido amplo).

5.2. Conduta:

- Conduta comissiva:
 Se a conduta é licita o fundamento da responsabilidade é o princípio da isonomia. Responsabilidade
objetiva.
 Se a conduta é ilícita o fundamento da responsabilidade é o princípio da legalidade. Responsabilidade
objetiva.

- Conduta omissiva:
Para a doutrina tradicional, a responsabilidade do Estado por omissão é subjetiva, de forma que o
pagamento da indenização pressupõe a comprovação de dolo ou culpa por parte do Estado. Todavia, de acordo
com o atual entendimento do STF acerca da matéria, o dever de indenizar os danos resultantes de omissão

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


17
estatal submete-se à teoria objetiva, quando constatada a inobservância de dever legal específico de agir para
impedir a ocorrência do resultado danoso.

STF e STJ já pacificaram o entendimento no sentido de que a responsabilidade por omissão é subjetiva.
No entanto, STF tem decisão no sentido de que a responsabilidade estatal por atos omissivos específicos é
objetiva (ex. caso de agressão física a aluno por colega, em escola estadual). Não se pode confundir uma conduta
omissiva genérica (ex. Estado não conseguir evitar todos os furtos de carro) com a conduta omissiva específica
(ex. Estado tem o dever de vigilância sobre alguém e não evitar o dano). No primeiro caso a responsabilidade é
subjetiva (policial assiste ao assalto e nada faz) e no segundo caso objetiva.

#ATENÇÃO #OUSESABER: O serviço não funcionou, funcionou tardia ou ineficientemente: o entendimento que
prevalece é que a responsabilidade é subjetiva. Responsabilidade subjetiva exige conduta ilícita. Sempre que o
Estado tem o dever de fazer e não faz vai gerar responsabilidade? Não. A jurisprudência diz que o Estado não é
salvador universal. Não tem como estar em todo lugar, a todo tempo. Se o serviço está dentro do padrão normal,
o Estado poderia ter evitado o dano. Nesse caso haverá responsabilidade.
Ex. estaciono o carro em frente ao curso e ele foi furtado. O Estado tem o dever de segurança. Há um
descumprimento de um dever legal, mas há responsabilidade? Não.
Ex2. Os policiais assistiram à subtração e nada fizeram. Há responsabilidade? Sim. O Estado poderia ter evitado e
não evitou.
Ex3. Preso que resolve praticar suicídio. Há um descumprimento do dever legal, mas o Estado não poderia ter
evitado tal conduta.
Ex4. Se o preso pratica suicídio com arma que entrou no bolo da visita. Estado responde, pois não vistoriou
direito.

QUESTÃO – suicídio de detento o Estado responde objetivamente “face os riscos inerentes ao meio no qual foram
inseridos pelo próprio Estado”.
O Estado é objetivamente responsável pela morte de detento. Isso porque houve inobservância de seu dever
específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88. Exceção: o Estado poderá ser dispensado de
indenizar se ele conseguir provar que a morte do detento não podia ser evitada. Neste caso, rompe-se o nexo de
causalidade entre o resultado morte e a omissão estatal. (repercussão geral) (Info 819).

5
#ORAL #DPE/DPU
Obs: caiu na segunda fase do concurso da DPE/RN2016 – CESPE
#DIZERODIREITO #IMPORTANTE

5
Ver informativo completo. Há várias informações relevantes – Inf 819 STF
https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/04/info-819-stf1.pdf
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
18
Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões
mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico6, é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37, §
6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos
em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento. STF. Plenário. RE 580252/MS,
rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/2/2017 (repercussão geral) (Info
854).

Qual o padrão normal de serviço? Não confundir com ideal. Para se determinar esse padrão normal tem que se
ter como parâmetro a reserva do possível. (ADPF 45)
Hoje a jurisprudência reconhece outra hipótese de responsabilidade: quando o Estado cria um risco. É uma ação
e, portanto, responsabilidade objetiva. Ex. defeito do semáforo. Ex. Preso que fugiu do presídio e mata uma
pessoa. O Estado responde. O Estado criou o risco. Ele responde objetivamente.Quando o Estado cria um presídio
no meio da cidade ele cria esse risco e é responsável por ele.Se o preso foge do presídio e a 200km mata uma
pessoa. O Estado responde? Sim, mas com base na Teoria Subjetiva. Ex. Preso mata o outro no presídio.
Responde? Sim, com base na responsabilidade objetiva, pois a superlotação é a criação de um risco por parte do
Estado.
O que se observa é uma transição para o reconhecimento da responsabilidade objetiva nos casos também de
omissão.
Não é cabível indenização por danos morais/estéticos em decorrência de lesões sofridas por militar das Forças
Armadas em acidente ocorrido durante sessão de treinamento, salvo se ficar demonstrado que o militar foi
submetido a condições de risco excessivo e desarrazoado. STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 29.046-RS, Rel. Min.
Arnaldo Esteves Lima, julgado em 21/2/2013 (Info 515).

Obs.: Obra Pública


- dano pelo simples fato da obra (ato lícito) – Estado responde objetivamente
- dano causado por culpa de empreiteiro – ação contra empreiteiro (responsabilidade subjetiva). Estado responde
subsidiariamente.
- dano causado por culpa concorrente empreiteiro e Estado – respondem solidariamente. Empreiteiro subjetiva e
Estado objetivamente.

Com efeito, se o Estado não agiu, não pode, logicamente ser ele o autor do dano. E, se não foi autor, só
cabe responsabilizá-lo se descumpriu dever legal que lhe impunha obstar ao evento lesivo. (C.A) Logo, a
responsabilidade estatal por ato omissivo é sempre responsabilidade por comportamento ilícito.E, sendo
responsabilidade por ilícito, é necessariamente responsabilidade subjetiva, pois não há conduta ilícita do Estado

6
#FICADEOLHO: Caiu na 2ª fase da DPU – 2017 (CESPE).
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
19
(embora do particular possa haver) que não seja proveniente de negligência, imprudência ou imperícia (culpa) ou,
então, deliberado propósito de violar a norma que o constituía em dada obrigação (dolo). (C.A)

#OUSESABER #APOSTAPROCURADORIAS

Responsabilidade Civil do Estado por danos causados em obras públicas.


As obras públicas podem ser executadas diretamente ou indiretamente por empresa contratada. No
primeiro caso, o Estado responde objetivamente pelos danos causados a terceiros, na forma do art. 37,§ 6°, da
CF.
Na segunda hipótese, por sua vez, a doutrina diverge sobre a responsabilidade civil do Estado:
1° entendimento: o Estado responde diretamente pelos danos causados por empresas por ele
contratadas, uma vez que a obra pública, em última análise, é de sua responsabilidade. Nesse sentido: Cavalieri
Filho;
2° entendimento: é importante se fazer uma distinção entre dano causado pelo simples fato da obra e
dano oriundo da má execução da obra. No primeiro caso, o Estado responde diretamente e de maneira objetiva,
inexistindo responsabilidade da empreiteira (por ex: obra que acarreta o fechamento da via pública por longo
período, prejudicando comerciantes). No segundo caso, entretanto, a empreiteira responde primariamente e de
maneira subjetiva, havendo, no entanto, a responsabilidade subsidiária do Estado (por ex: ausência de sinalização
no canteiro de obra que gera queda de pedestre). Nesse sentido: Carvalho Filho e Rafael Rezende.

Diante do exposto temos que:


STJ – entende que a responsabilidade decorrente de omissão estatal é subjetiva.
STF – em julgados mais recentes (STA 223-AgR, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 14-4-08,
Informativo 502 e RE 573.595-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24-6-08, 2ª Turma, DJE de 15-8-08) tem-
na entendido como responsabilidade objetiva. (...) “situações configuradoras de falta de serviço podem acarretar
a responsabilidade civil objetiva do Poder Público, considerado o dever de prestação pelo Estado, a necessária
existência de causa e efeito, ou seja, a omissão administrativa e o dano sofrido pela vítima”
“Professora. Tiro de arma de fogo desferido por aluno. Ofensa à integridade física em local de trabalho.
Responsabilidade objetiva. Abrangência de atos omissivos.” (ARE 663.647-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgamento em 14-2-2012, Primeira Turma, DJE de 6-3-2012.)
“Dano sofrido por um aluno causado por outro”: O STF, analisando um caso do Rio de Janeiro que envolvia a
Procuradoria do Município do Rio de Janeiro. Foi o caso que envolvia um aluno de escola pública municipal, que
foi beber água no bebedouro e veio um amiguinho por trás e bateu na cabeça do menor. O olho foi no
bebedouro, e perdeu o globo ocular, simplesmente isso. Uma “brincadeira” entre duas crianças causou esse dano
absurdo. E aí, a criança, representada por seus pais, propôs ação em face do Município e o STF condenou. E aí o
STF FALOU EM RESPONSABILIDADE OBJETIVA

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


20
Outros julgados:
TRF5:

ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. PROJETO BETUME EM SERGIPE. INUNDAÇÕES EM ÁREA


DE IRRIGAÇÃO IMPLANTADA PELA CODEVASF. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE NEXO CAUSAL ENTRE OMISSÃO
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E OS DANOS ALEGADOS. PREJUÍZOS SOFRIDOS NÃO EVIDENCIADOS. 2. Nos casos
de danos decorrentes de atos de terceiros ou de fenômenos da natureza, para se configurar a obrigação estatal
de indenizar, há necessidade de comprovação de que concorreu para o resultado danoso, determinada omissão
culposa da Administração Pública. É, pois, necessária a demonstração do nexo de causalidade entre a falta ou
deficiência na prestação do serviço e o dano sofrido

ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. BURACO NA RODOVIA. DANOS


MATERIAIS COMPROVADOS. DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 1.
Apelação Cível interposta pelo DNIT contra sentença que o condenou ao pagamento de indenização por danos
morais e materiais decorrentes de acidente automobilístico de que foi vítima a parte autora, ocorrido no dia 16
de março de 2007, às 17:55 horas, na BR 101, no município de Rio Real/BA. 2. É subjetiva a responsabilidade civil
do Estado nos casos em que o ato apontado como causador do dano consiste em omissão do serviço público.
Para a caracterização da culpa, devem restar atendidos os respectivos requisitos: a previsibilidade e a
evitabilidade do acontecido/dano e o dever de agir do Estado. Este só pode ser responsabilizado quando não
atuou quando deveria atuar ou atuou não atendendo aos padrões legais exigíveis.

“Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º, da CB. Latrocínio cometido por foragido. Nexo de causalidade
configurado. Precedente. A negligência estatal na vigilância do criminoso, a inércia das autoridades policiais
diante da terceira fuga e o curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime são suficientes para caracterizar o
nexo de causalidade. Ato omissivo do Estado que enseja a responsabilidade objetiva nos termos do disposto no
art. 37, § 6º, da CB.” (RE 573.595-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24-6-2008, Segunda Turma, DJE de 15-
8-2008.)

Não há resposta ‘a priori’ quanto ao que seria o padrão normativo tipificador da obrigação a que estaria
legalmente adstrito. Cabe indicar, no entanto, que a normalidade da eficiência há de ser apurada em função do
meio social, do estágio de desenvolvimento tecnológico, cultural, econômico e da conjuntura da época, isto é,
das possibilidades reais médias dentro do ambiente em que se produziu o fato danoso. (C.A)

Por exemplo: se o Poder Público licencia edificações de determinada altura, não poderá deixar de ter, no
serviço de combate a incêndio e resgate de sinistrados, meios de acesso compatíveis para enfrentar eventual
sinistro. Se o Poder Público despoja os internos em certo presídio de quaisquer recursos que lhes permitam

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


21
atentar contra a própria vida, não pode eximir-se de responsabilidade em relação ao suicídio de algum ou alguns
detentos a respeito dos quais se omitiu na adoção de igual cautela. (C.A)

A consequência, dessa maneira [em se tratando de atos de multidões] reside em que a responsabilidade
civil do Estado, no caso de conduta omissiva, só se desenhará quando presentes estiverem os elementos que
caracterizam culpa. (J.S). Sem culpa do Estado - não há responsabilidade. Culpa exclusiva de terceiros.

Ao contrário do que se passa com a responsabilidade do Estado por comportamentos comissivos, na


responsabilidade por comportamentos omissivos a questão não se examina nem se decide pelo ângulo passivo
da relação (a do lesado em sua esfera juridicamente protegida), mas pelo polo ativo da relação. É dizer: são os
caracteres da omissão estatal que indicarão se há ou não responsabilidade. (C.A)

Os acontecimentos suscetíveis de acarretar responsabilidade estatal por omissão ou atuação insuficiente


são os seguintes:
a) fato da natureza a cuja lesividade o Poder Público não obstou, embora devesse fazê-lo. (...)
b) comportamento material de terceiros cuja atuação lesiva não foi impedida pelo Poder Público, embora
pudesse e devesse fazê-lo. Cite-se,por exemplo, o assalto processado diante de agentes policiais inertes,
desidiosos. (C.A)

*#DICACICLOS #OLHAOGANCHO: Tema curioso é a responsabilidade civil do Estado por atos de multidões. Será
que há dever de indenizar? De acordo com Rafael Carvalho (2015), “em regra, os danos causados por atos de
multidões não geram responsabilidade civil do Estado, tendo em vista a inexistência do nexo de causalidade, pois
tais eventos são praticados por terceiros (fato de terceiro) e de maneira imprevisível ou inevitável (caso
fortuito/força maior). Não há ação ou omissão estatal causadora do dano. Excepcionalmente, o Estado será
responsável quando comprovadas a ciência prévia da manifestação coletiva (previsibilidade) e a possibilidade de
evitar a ocorrência de danos (evitabilidade). Assim, por exemplo, se o Estado é notificado sobre encontro violento
de torcidas organizadas de times rivais e não adota as providências necessárias para evitar o confronto, restarão
caracterizadas a sua omissão específica e, por consequência, a sua responsabilidade”. Fonte: Curso de Direito
Administrativo, Rafael Carvalho (2015).

Há determinados casos em que a ação danosa, propriamente dita, não é efetuada por agente do Estado,
contudo é o Estado quem produz a situação do qual o dano depende. Vale dizer: são hipóteses nas quais é o
Poder Público quem constitui, por ato comissivo seu, os fatores que propiciarão decisivamente a emergência de
dano. Tais casos, a nosso ver, assimilam-se aos de danos produzidos pela própria ação do Estado e por isso
ensejam, tanto quanto estes, a aplicação do princípio da responsabilidade objetiva. (...) O caso mais comum,
embora não único, é o que deriva da guarda, pelo Estado de pessoas ou coisas perigosas, em face do quê o Poder

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


22
Público expõe terceiros a risco. Servem de exemplo o assassinato de um presidiário por outro presidiário; os
danos nas vizinhanças oriundos de explosão em depósito militar em decorrência de um raio (...)

Com efeito, em todos estes casos, o dano liga-se, embora mediatamente, a um comportamento positivo
do Estado. Sua atuação é o termo inicial de um desdobramento que desemboca no evento lesivo,
incindivelmente ligado aos antecedentes criados pelo Estado. (C.A)

A fuga de internos em manicômio ou presídio que se homiziem nas vizinhanças e realizem violências
sobre os bens ou pessoas sediados nas imediações ou que nelas estejam acarretará responsabilidade OBJETIVA
do Estado. (C.A)

Cumpre, apenas, esclarecer que a responsabilidade em tais casos evidentemente está correlacionada com
o RISCO suscitado. Donde, se a lesão sofrida não guardar qualquer vínculo com este pressuposto, não haverá
falar em responsabilidade objetiva.

Então, se os evadidos de uma prisão vierem a causar danos locais afastados do prédio onde se sedia a
fonte de risco, é óbvio que a lesão sofrida por terceiros não estará correlacionada com a situação perigosa criada
por obra do Poder Público. Nessa hipótese, só caberá responsabilizar o Estado se o serviço de guarda dos
delinqüentes não houver funcionado ou houver funcionado mal, pois será caso de responsabilidade por
comportamento omissivo, e não pela geração de risco oriundo de guarda de pessoas perigosas. (C.A).

5.3. Dano

Para se ter a responsabilidade civil do Estado não basta a existência de dano econômico. É necessário um
dano jurídico, ou seja, a lesão a um direito. Ex.: Prefeitura mudou museu de lugar, prejudicando o comércio ao
redor. Não há responsabilidade. O comerciante não tem direito à manutenção do museu naquele local. Ele
sofreu dano econômico, mas não sofreu dano jurídico.

No caso de comportamentos comissivos, a existência ou inexistência do dever de reparar não se decide


pela qualificação da conduta geradora do dano (ilícita ou lícita), mas pela qualificação da lesão sofrida. Isto é, a
juridicidade do comportamento danoso não exclui a obrigação de reparar se o dano consiste em extinção ou
agravamento de um direito. Donde, ante atuação lesiva do Estado, o problema da responsabilidade resolve-se no
lado passivo da relação, não do lado ativo dela. Importa que o dano seja ilegítimo – se assim podemos expressar;
não que a conduta causadora o seja. (C.A)

O dano tem que ser certo (dano determinado ou determinável).

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


23
Se a conduta for lícita, vamos precisar, além do dano jurídico e certo, de:
a) dano especial, ou seja, particularizado. Ex. Prefeito x é um desastre. Toda a sociedade perdeu com ele.
Há responsabilidade? Não. Não há vítima individualizada.
b) dano anormal. Ex. trânsito, poeira da obra – não é anormal. Depende do caso concreto. se a obra durar
20 anos, pode haver a responsabilidade.
O dano nem sempre tem cunho patrimonial, como era concebido no passado. A evolução da
responsabilidade culminou com o reconhecimento jurídico de duas formas de dano – o dano material (ou
patrimonial) e o dano moral. (J.S)

Súmula 498: não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais.
STJ 387 - É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.

#OUSESABER: Dano eventual e impossível não são indenizáveis.


A Turma não conheceu do REsp em que presidiário alegava ter sofrido danos morais devido à superlotação de
presos em estabelecimento penal: a capacidade era de 130 detentos, mas conviviam 370 presos. No caso, o
Tribunal, na análise fático-probatória, afastou a responsabilidade objetiva estadual com fulcro na Constituição
Federal (art. 37, § 6º), afirmando, também, não ter o demandante comprovado efetivamente os danos morais
sofridos. Dessa forma, não é possível analisar a responsabilidade do Estado à luz da legislação ordinária (art. 186
do CC/2002), ou seja, o nexo causal entre a suposta omissão estadual e os danos morais suportados. REsp
1.114.260-MS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 3/11/2009
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. DANO MORAL. GARANTIA DE
RESPEITO À IMAGEM E À HONRA DO CIDADÃO. INDENIZAÇÃO CABÍVEL. PRISÃO CAUTELAR. ABSOLVIÇÃO. ILEGAL
CERCEAMENTO DA LIBERDADE. PRAZO EXCESSIVO. AFRONTA AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
PLASMADO NA CARTA CONSTITUCIONAL. MANIFESTA CAUSALIDADE ENTRE O "FAUTE DU SERVICE" E O
SOFRIMENTO E HUMILHAÇÃO SOFRIDOS PELO RÉU. 1. A Prisão Preventiva, mercê de sua legalidade, dês que
preenchidos os requisitos legais, revela aspectos da Tutela Antecipatória no campo penal, por isso que, na sua
gênese deve conjurar a idéia de arbitrariedade.2. O cerceamento oficial da liberdade fora dos parâmetros legais,
posto o recorrente ter ficado custodiado 741 (setecentos e quarenta e um) dias, lapso temporal amazonicamente
superior àquele estabelecido em Lei - 81 (oitenta e um) dias - revela a ilegalidade da prisão.3. A coerção pessoal
que não enseja o dano moral pelo sofrimento causado ao cidadão é aquela que lastreia-se nos parâmetros legais
(Precedente: REsp 815004, DJ 16.10.2006 - Primeira Turma).

5.4. Ação judicial de reparação civil

A vítima vai ajuizar a ação contra o Estado. O posicionamento hoje no STF, acolhido pelo STJ, é que a ação
deve ser ajuizada contra a pessoa jurídica. Esse é o posicionamento do STF, que entende haver uma dupla
proteção à vítima, na medida em que o Estado tem patrimônio suficiente para pagar a indenização e há a
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
24
aplicação da teoria objetiva. O Estado foi condenado a pagar. Ele entra com uma ação regressiva contra o agente
– responsabilidade subjetiva.

Há entendimento do STF no sentido de que o artigo 37 § 6 da CF é também garantia para o agente


público, é que devido ao princípio da impessoalidade, seus atos não podem ser imputados à sua pessoa, mas sim
ao ente público em nome do qual atua, assim a responsabilização do agente seria apenas e somente perante a
administração pública.

Concluiu-se que o mencionado art. 37, § 6º, da CF, consagra DUPLA GARANTIA: uma em favor do
particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado
que preste serviço público; outra, em prol do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente
perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional pertencer. (Informativo 436 STF, rel. Carlos Brito, RE
327904/SP). Esta orientação repetiu-se no julgamento seguinte:

*#DEOLHONAJURIS #STF: A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui
responsabilidade civil em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas dependências, nos
termos do art. 37, § 6º, da CF/88. Caso concreto: o caminhão de uma empresa transportadora foi parado na
balança de pesagem na Rodovia Anhanguera (SP), quando se constatou excesso de peso. Os agentes da
concessionária determinaram que o condutor estacionasse o veículo no pátio da concessionária e, em seguida,
conduziram-no até o escritório para ser autuado. Aproximadamente 10 minutos depois, ao retornar da autuação
para o caminhão, o condutor observou que o veículo havia sido furtado. O STF condenou a Dersa –
Desenvolvimento Rodoviário S/A, empresa concessionária responsável pela rodovia a indenizar a transportadora.
O Supremo reconheceu a responsabilidade civil da prestadora de serviço público, ao considerar que houve
omissão no dever de vigilância e falha na prestação e organização do serviço. STF. 1ª Turma. RE 598356/SP, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Concessionária de rodovia não responde por roubo e sequestro
ocorridos nas dependências de estabelecimento por ela mantido para a utilização de usuários. A segurança que
a concessionária deve fornecer aos usuários diz respeito ao bom estado de conservação e sinalização da rodovia.
Não tem, contudo, como a concessionária garantir segurança privada ao longo da estrada, mesmo que seja em
postos de pedágio ou de atendimento ao usuário. O roubo com emprego de arma de fogo é considerado um fato
de terceiro equiparável a força maior, que exclui o dever de indenizar. Trata-se de fato inevitável e irresistível e,
assim, gera uma impossibilidade absoluta de não ocorrência do dano. STJ. 3ª Turma. REsp 1.749.941-PR, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 04/12/2018 (Info 640). Cuidado. O STF já reconheceu a responsabilidade civil da
concessionária que administra a rodovia por FURTO ocorrido em seu pátio: STF. 1ª Turma. RE 598356/SP, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901).

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


25

#JURISSOBREOTEMA
RESPONSABILIDADE - SEARA PÚBLICA - ATO DE SERVIÇO - LEGITIMAÇÃO PASSIVA. Consoante dispõe o § 6º do
artigo 37 da Carta Federal, respondem as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, descabendo concluir
pela legitimação passiva concorrente do agente, inconfundível e incompatível com a previsão constitucional de
ressarcimento - direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. (RE 344133, Relator(a): Min.
MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 09/09/2008)

#ATENÇÃO INFORMATIVO 532 STJ


Responsabilidade civil do Estado: possibilidade de ajuizamento da ação diretamente contra o servidor
público causador do dano7.
Na hipótese de dano causado a particular por agente público no exercício de sua função, a vítima
tem a possibilidade de ajuizar a ação de indenização diretamente contra o agente, contra o Estado ou
contra ambos. Obs.: existe precedente do STF em sentido contrário.

1ª Corrente: Não 2ºª Corrente: Sim

A vítima somente poderá ajuizar a ação contra o A vítima tem a possibilidade de escolher se quer
Estado (Poder Público). Se este for condenado, ajuizar a ação:
poderá acionar o servidor que causou o dano. i. somente contra o Estado;
O ofendido não poderá propor a demanda ii. somente contra o servidor público;
diretamente contra o agente público. iii. Contra o Estado e o servidor público em
litisconsórcio.

Para essa corrente, ao se ler o par. 6 do art. 37 da Para essa corrente, o par. 6 do art. 37 da CF/88
CF/88, é possível perceber que o dispositivo prevê tão somente que o lesado poderá buscar
consagrou duas garantias: diretamente do Estado a indenização pelos prejuízos
i. a primeira em favor do particular lesado, que seus agentes causaram. Isso não significa,
considerando que ele poderá ajuizar ação de contudo, que o dispositivo proíba a vítima de
indenização contra o Estado, que recursos para acionar diretamente o servidor público causador do
pagar, sem ter que provar que o agente público agiu dano.
com dolo ou culpa;
ii. a segunda garantia é em favor do agente público Dessa forma, quem decide se irá ajuizar a ação
que causou o dano. A parte final do par. 6 do art. 37, contra o agente público ou contra o Estado é a

7
A prova do TF3/2016 (banca própria) reconheceu a divergência desta temática e considerou correta a seguinte alternativa:
“Doutrina e jurisprudência divergem sobre a possibilidade de acionamento do servidor público diretamente pelo terceiro
prejudicado (“per saltum”), havendo precedentes das Cortes Superiores em ambos os sentidos.”
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
26
implicitamente, afirma que a vítima não poderá pessoa lesada, não havendo uma obrigatoriedade na
ajuizar a ação diretamente contra o servidor público CF/88 de que só ajuíze contra o Poder Público.
que praticou o fato. Este servidor somente pode ser
responsabilizado pelo dano se for acionado pelo A vítima deverá refletir bastante sobre que á a
próprio Estado, em ação regressiva, após o Poder melhor opção porque ambas tem vantagens e
Público já ter ressarcido o ofendido. desvantagens.
Se propuser a ação contra o Estado, não terá que
provar dolo ou culpa. Em compensação, se ganhar,
será pago, em regra, por meio de precatório.
Se intentar contra o servido, terá o ônus de provar
que este agiu com o dolo ou culpa. Se ganhar, pode
ser que o referido não tenha patrimônio para pagar
a indenização. Em compensação, o processo
tramitará muito mais rapidamente do que se
envolvesse a Fazenda Pública e a execução é bem
mais simples.

Essa posição foi denominada de tese da dupla Adotada pela 4 Turma do STJ no REsp 1.325.862-PR,
garantia, tendo sido adotada há alguns anos em um Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/9/2013.
precedente da 1 Turma do STF (RE 327904, Rel. Min. É a posição também da doutrina majoritária (exs.:
Carlos Britto, julgado em 15/08/2006) Celso Antônio Bandeira de Melo, José dos Santos
Carvalho Filho)

Que é possível a vítima acionar o Estado não há divergência.


Cabe denunciação da lide nessa hipótese? O Estado pode denunciar a lide e trazer o agente para o
processo? Para a doutrina não cabe, pois acaba prejudicando a vítima, pois traz discussão nova que não existia
no processo. STJ diz que é aconselhável, mas não é obrigatório. A decisão seria do Estado. Ou seja, a não
denunciação não gera nulidade nem compromete a ação de regresso – MAIORIA.

5.5. Prescrição

O termo inicial do prazo prescricional para o ajuizamento de ação de indenização contra ato do Estado
ocorre no momento em que constatada a lesão e os seus efeitos, conforme o princípio da actio nata. (STJ. 2ª
Turma. AgRg no REsp 1.333.609-PB, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 23/10/2012 (Info 507)).

Q – é imprescritível ação de indenização contra o Poder Público em decorrência de danos ocasionados por
tortura, perseguição, prisões ilegais, etc. durante a Ditadura. STJ.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


27

As ações de indenização por danos morais decorrentes de atos de tortura ocorridos durante o Regime
Militar de exceção são imprescritíveis. Não se aplica o prazo prescricional de 5 anos previsto no art. 1º do
Decreto 20.910/1932. STJ. 2ª Turma. REsp 1.374.376-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/6/2013 (Info
523).

O anistiado político que obteve, na via administrativa, a reparação econômica prevista na Lei nº
10.559/2002 (Lei de Anistia) não está impedido de pleitear, na esfera judicial, indenização por danos morais pelo
mesmo episódio político. julgado em 5/4/2016 (Info 581 STJ).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: 1 - Reconhecido o direito à anistia política, a falta de cumprimento


de requisição ou determinação de providências por parte da União, por intermédio do órgão competente, no
prazo previsto nos artigos 12, parágrafo 4º, e 18, caput, parágrafo único, da Lei 10.559 de 2002, caracteriza
ilegalidade e violação de direito líquido e certo. 2 - Havendo rubricas no orçamento destinadas ao pagamento
das indenizações devidas aos anistiados políticos, e não demonstrada a ausência de disponibilidade de caixa, a
União há de promover o pagamento do valor ao anistiado no prazo de 60 dias. 3 - Na ausência ou na
insuficiência de disponibilidade orçamentária no exercício em curso, cumpre à União promover sua previsão no
projeto de lei orçamentária imediatamente seguinte. STF. Plenário. RE 553710/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado
em 17/11/2016 (repercussão geral) (Info 847). STF. 1ª Turma. RMS 28201/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
25/9/2018 (Info 917).

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Não é necessário o ajuizamento de ação autônoma para o pagamento
dos consectários legais inerentes à reparação econômica devida a anistiado político e reconhecida por meio de
Portaria do Ministro da Justiça, a teor do disposto no art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT) e no art. 6º, § 6º, da Lei 10.559/2002. STF. 1ª Turma. RMS 36182/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
14/5/2019 (Info 940).

Caso o Poder Público tenha reconhecido administrativamente o débito, o termo inicial do prazo
prescricional de 5 anos para que servidor público exija seu direito será a data desse ato de reconhecimento. Para
o STJ, o reconhecimento do débito implica renúncia, pela Administração, ao prazo prescricional já transcorrido.
(STJ. 1ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp 51.586-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 13/11/2012 (Info
509)).

Quanto ao prazo prescricional:

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


28
O prazo prescricional pode ser suspenso e interrompido nas mesmas situações aplicáveis às ações em
geral, previstas no Código de Processo Civil. No entanto, por força dos arts. 8 e 9 do Decreto 20.910/1932, a
interrupção da prescrição só pode ocorrer uma vez e, cessada a causa da interrupção, o recomeço do prazo está
sujeito a regra especial; em vez de a contagem – como ocorre nas situações ordinárias de interrupção da
prescrição – reiniciar da “estaca zero”, o prazo prescricional contra a autarquia recomeça a ocorrer pela metade
(dois anos e meio).

É oportuno consignar que o Supremo Tribunal Federal já decidiu que essa regra especial de reinício da
contagem do prazo prescricional interrompido não pode resultar em um prazo total, somados os períodos anterior
e posterior à interrupção, inferior a cinco anos (súmula 383 do STF).

Exemplificando, se o prazo prescricional iniciou em 01.01.2003 e a interrupção ocorreu em 01.01.2007,


quando reiniciar a contagem haverá mais dois anos e meio de prazo até que ocorra a prescrição (aplica-se a regra
do recomeço pela metade). Diferentemente, se o termo inicial do prazo prescricional deu-se em 01.01.2003 e a
interrupção ocorreu em 01.01.2004m o prazo restante, uma vez cessada a interrupção, não será de dois anos e
meio, e sim de quatro anos, a fim de que a soma dos períodos anterior e posterior à interrupção não resulte em
prazo inferior a cinco anos, conforma exige a sobrecitada Súmula 383 de nossa Corte Constitucional.

SÚMULA 383 STF


A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo,
mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade
do prazo.

- Interrupção ocorrida antes do transcurso da metade do prazo: contagem volta a correr pelo tempo restante. [
“(...) mas não ficará reduzida aquém de 5 anos (...)”] Ex.: interrupção após o transcurso de 1 ano - prazo restante:
4 anos.

- Interrupção ocorrida após o transcurso da metade do prazo: prazo prescricional de 2 anos e meio. [“(...)
recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo (....)”] Ex.: interrupção após o transcurso de 4
anos - prazo restante: 2 anos e meio]

#JURISSOBREOTEMA –
PRESCRIÇÃO - PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO.
Nessa hipótese não há a aplicação do Decreto no 20.910/1932. Há previsão expressa de prazo prescricional de 5
anos no art. 1o-C da Lei 9.494/97. Nesse caso, diferente do que ocorre com o art. 10 do Decreto 20.910/32 (que
traz ressalva de aplicação de disposição que trouxer prazo menor - o que faz surgir discussão quanto à aplicação
do prazo de 3 anos previsto no art. 206, p. 3o, V, CC) não há ressalva alguma quanto aplicação de outro prazo.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
29
Assim, diante da aplicação parêmia de que lei geral posterior (no caso o CC de 2002) não revoga lei especial (no
caso o art. 1o-C da Lei 9.494), é de se entender pela aplicação do prazo de 05 anos às pretensões indenizatórias
contra as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. (atualização do TRF4)

É de 5 anos o prazo prescricional para que a vítima de um acidente de trânsito proponha ação de indenização
contra concessionária de serviço público de transporte coletivo (empresa de ônibus). O fundamento legal para
esse prazo está no art. 1º-C da Lei 9.494/97 e também no art. 14 c/c art. 27, do CDC. STJ. 3ª Turma. REsp
1.277.724-PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 26/5/2015 (Info 563).

A fixação do prazo prescricional de 5 anos para os pedidos de indenização por danos causados por agentes de
pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos,
constante do art. 1º-C da Lei 9.494/97, é constitucional. STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki,
julgado em 4/5/2016 (Info 824).

É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. Dito de outro modo, se o
Poder Público sofreu um dano ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja ser ressarcido, ele deverá ajuizar a
ação no prazo prescricional previsto em lei. STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
03/02/2016 (repercussão geral).

Assim, podemos fazer a seguinte distinção:

#AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO
Ação de reparação de danos à é PRESCRITÍVEL
Fazenda Pública decorrentes de (STF RE 669069/MG).
ilícito civil
Ação de ressarcimento decorrente é PRESCRITÍVEL
de ato de improbidade (devem ser propostas no prazo do
administrativa praticado com art. 23 da LIA).
CULPA
Ação de ressarcimento decorrente é IMPRESCRITÍVEL
de ato de improbidade (§ 5º do art. 37 da CF/88).
administrativa praticado com
DOLO

- Ação regressiva – via administrativa ou judicial:

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


30
Na via administrativa, o pagamento da indenização pelo agente será sempre resultado de acordo entre as
partes. Ao Estado é vedado estabelecer qualquer regra administrativa que obrigue o agente, ‘manu militari’, a
pagar o débito. É ilegal, por exemplo, qualquer norma que autorize o Estado a descontar, por sua exclusiva
iniciativa, parcelas indenizatórias dos vencimentos do servidor. (J.S)
Só é possível o desconto em folha quando houver anuência, previsão legal com percentual máximo de desconto e
contraditório e ampla defesa.

#OUSESABER: Recentemente, o Plenário do STF, por maioria, julgou improcedente pedido formulado na ADI-
2418, constante no Informativo 824, ajuizada em face dos artigos 4º e 10 da Medida Provisória 2.102-27/2001. O
art. 4º acrescentara os artigos 1º-B e 1º-C à Lei 9.494/1997. O Art. 1º-C prescreve o prazo de cinco anos para o
direito de obter indenização dos danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos. A Corte asseverou também que A FIXAÇÃO DO
PRAZO PRESCRICIONAL DE 5 ANOS PARA OS PEDIDOS DE INDENIZAÇÃO POR DANOS CAUSADOS POR AGENTES
DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO E DE PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE
SERVIÇOS PÚBLICOS, CONSTANTE DO ART. 1º-C DA LEI 9.494/1997, IGUALMENTE NÃO VIOLARIA DISPOSITIVO
CONSTITUCIONAL. A equiparação entre pessoas jurídicas de DIREITO PÚBLICO e de DIREITO PRIVADO se
justificaria em razão do que disposto no § 6º do art. 37 da CF, que expressamente equipara essas entidades às
pessoas de direito público relativamente ao regime de responsabilidade civil pelos atos praticados por seus
agentes. Outrossim, o CC/2002 estabelecera prazo prescricional de apenas 3 anos para “a pretensão de reparação
civil” (art. 206, § 3º, V). Portanto, considerando o atual estágio normativo civil, a norma atacada, antes de
beneficiar, seria, na verdade, desvantajosa para a Fazenda Pública e as empresas concessionárias de serviço
público. Vide: ADI 2418/DF, rel. Min. Teori Zavascki, 4.5.2016.

5.6. Responsabilidade por ATOS LEGISLATIVOS:

A MODERNA DOUTRINA admite a responsabilidade nos casos de


 LEIS DE EFEITO CONCRETO
 OMISSÃO LEGISLATIVA (quando foge dos padrões de razoabilidade)
 Nos casos de LEIS DECLARADAS INCONSTITUCIONAIS em controle concentrado.

A) Leis inconstitucionais:
Enfoque inteiramente diverso é o que diz respeito à produção de leis inconstitucionais. (...) Desse modo, é
plenamente admissível que, se o dano surge em decorrência de lei inconstitucional, a qual evidentemente reflete
atuação indevida do órgão legislativo, não pode o Estado simplesmente eximir-se da obrigação de repará-lo,
porque nessa hipótese configurada estará a sua responsabilidade civil. (J.S., citando um precedente do STF: RE
158.962, Rel. Min. Celso de Mello, in RDA 191)

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


31
 No mesmo sentido: Diógenes Gasparini;
 Contra: Hely Lopes Meirelles

O STJ no RESP 593.522/SP, rel. Eliana Calmon entendeu que somente cabe responsabilidade do Estado
por ato do legislativo quando a lei for declarada inconstitucional pelo STF em sede de controle concentrado (INf.
297, 18 a 22/09/2007).

Ressalte-se, porém, que há doutrina no sentido de que mesmo a declaração incidental de


inconstitucionalidade enseja a responsabilidade do Estado, já que também resta caracterizado o erro legislativo.

5.7. Responsabilidade por ATOS JUDICIAIS

No que concerne aos atos administrativos (ou atos judiciários), incide normalmente sobre eles a
responsabilidade civil objetiva do Estado, desde que, é lógico, presentes os pressupostos de sua configuração.
Enquadram-se aqui os atos de todos os órgãos de apoio administrativo e judicial do Poder Judiciário (...)

Os atos jurisdicionais, já antecipamos, são aqueles praticados pelos magistrados no exercício da


respectiva função. São, afinal, os atos processuais caracterizadores da função jurisdicional. (...) Não obstante, é
relevante desde já consignar que, tanto quanto os atos legislativos, os atos jurisdicionais típicos são, em
princípio, insuscetíveis de redundar na responsabilidade civil do Estado. (J.S)

Marcelo Alexandrino, na obra citada, defende que a regra para os atos tipicamente jurisdicionais é a
irresponsabilidade Estatal, o que decorre do principio da livre convicção do magistrado.

No que tange aos atos administrativos praticados pelo Judiciário incide a regra geral de responsabilidade
objetiva.

Em relação à área criminal, a CF art. 5º, LXXV, garante a indenização ao condenado por erro judiciário.
Ainda que esse erro seja decorrente de culpa. Regra esta não extensiva à seara cível. Somente caberá
responsabilização REGRESSIVA ao JUIZ, caso reste comprovado que este agiu com DOLO no exercício da função
(NCPC, art. 143).

É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. Dito de outro
modo, se o Poder Público sofreu um dano ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja ser ressarcido, ele
deverá ajuizar a ação no prazo prescricional previsto em lei. Vale ressaltar, entretanto, que essa tese não alcança
prejuízos que decorram de ato de improbidade administrativa que, até o momento, continuam sendo

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


32
considerados imprescritíveis (art. 37, § 5º). STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
3/2/2016 (repercussão geral) (Info 813)

As ações propostas pelo Estado buscando o ressarcimento ao erário decorrente de ilícito civil são
prescritíveis. A pergunta que surge em seguida é: qual o prazo prescricional? Este é um debate que ainda vai se
acirrar bastante. Por enquanto, temos duas correntes:  3 anos, com base no art. 206, § 3º, V, do CC (prescreve
em três anos a pretensão de reparação civil);  5 anos, aplicando-se, com base no princípio da isonomia, o prazo
trazido pelo Decreto 20.910/32. Este dispositivo prevê que o prazo prescricional para ações propostas contra a
Fazenda Pública é de cinco anos. Logo, o mesmo prazo deveria ser aplicado para as ações ajuizadas pela Fazenda
Pública. Prazo de 3 anos: acórdão mantido pelo STF No julgamento acima explicado, o Tribunal de origem adotou
a 1ª corrente (prazo de 3 anos) e o STF manteve a decisão. Vale ressaltar, no entanto, que o objeto do recurso
extraordinário não era esse, de forma que a questão ainda se encontra em aberto na Corte. Penso que não é
possível afirmar ainda que se trata da posição do STF. No entanto, como foi trazido no Informativo, poderá ser
cobrado nas provas. Fique atento com o enunciado da questão ("segundo o STF" ou "segundo o STJ"). Prazo de 5
anos: posição pacífica do STJ (...) 4. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a prescrição contra
a Fazenda Pública é quinquenal, mesmo em ações indenizatórias, uma vez que é regida pelo Decreto 20.910/32,
norma especial que prevalece sobre lei geral. (...) 5. O STJ tem entendimento jurisprudencial no sentido de que o
prazo prescricional da Fazenda Pública deve ser o mesmo prazo previsto no Decreto 20.910/32, em razão do
princípio da isonomia. (...) (STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 768.400/DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
03/11/2015)

6. JULGADOS DIVERSOS EM TEMA DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO:

#DEOLHONOSJULGADOS
“Por outro lado, mesmo não tendo sido suscitada, deve ser declarada a ilegitimidade passiva ad causam da União,
por se tratar de matéria de ordem pública, passível de ser conhecida de ofício pelo magistrado (art. 301, X, § 4º,
CPC). É que a competência da União para explorar a navegação aérea, atribuída pelo art. 21, XII, “c”, da
Constituição da Federal, não tem o condão de fazê-la responsável por cancelamento de voos, já que a prestação
do serviço em si foi legitimamente concedida a empresas privadas, conforme autoriza o citado dispositivo
constitucional. Além do que, tanto a fiscalização e a supervisão da prestação deste serviço foram transferidas
para a ANAC (Lei nº 11.182/05), como a administração dos aeroportos ficou sob a responsabilidade da INFRAERO
(Lei nº 5.862/72), de modo que hoje a União mantém-se afastada da intervenção direta no setor. Permanece-lhe,
por óbvio, a competência para fiscalizar a atuação das duas entidades integrantes de sua Administração Indireta
(poder de tutela), via Ministério da Defesa, mas tal encargo não lhe torna responsável pelo cancelamento do vôo,
até porque nenhum fato específico lhe foi imputado. Assim, deve-se excluir a União do feito, extinguindo o
processo sem resolução do mérito em relação a ela (art. 267, VI, § 3º, CPC)”. (EMAGIS)

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


33
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ATO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA QUE EQUIVOCADAMENTE CONCLUIU PELA INACUMULABILIDADE DOS CARGOS JÁ
EXERCIDOS. NÃO APLICAÇÃO DA TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE. HIPÓTESE EM QUE OS CARGOS PÚBLICOS
JÁ ESTAVAM OCUPADOS PELOS RECORRENTES. EVENTO CERTO SOBRE O QUAL NÃO RESTA DÚVIDAS. NOVA
MENSURAÇÃO DO DANO. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO E PROBATÓRIO. RETORNO
DOS AUTOS AO TRIBUNAL A QUO.1. A teoria da perda de uma chance tem sido admitida no ordenamento jurídico
brasileiro como sendo uma das modalidades possíveis de mensuração do dano em sede de responsabilidade civil.
Esta modalidade de reparação do dano tem como fundamento a probabilidade e uma certeza, que a chance seria
realizada e que a vantagem perdida resultaria em prejuízo. Precedente do STJ.2. Essencialmente, esta construção
teórica implica num novo critério de mensuração do dano causado. Isso porque o objeto da reparação é a perda
da possibilidade de obter um ganho como provável, sendo que "há que se fazer a distinção entre o resultado
perdido e a possibilidade de consegui-lo. A chance de vitória terá sempre valor menor que a vitória futura, o que
refletirá no montante da indenização.3. Esta teoria tem sido admitida não só no âmbito das relações privadas
stricto sensu, mas também em sede de responsabilidade civil do Estado. Isso porque, embora haja delineamentos
específicos no que tange à interpretação do art. 37, § 6º, da Constituição Federal, é certo que o ente público
também está obrigado à reparação quando, por sua conduta ou omissão, provoca a perda de uma chance do
cidadão de gozar de determinado benefício. [...] (REsp 1308719/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 25/06/2013, DJe 01/07/2013)

Informativo n. 413 – STJ


DEMISSÃO. SERVIDOR PÚBLICO. ABANDONO. CARGO. A Seção concedeu o “writ” ao entendimento de que a
ausência do servidor público por mais de trinta dias consecutivos ao serviço, sem o animus abandonandi não
basta para sua demissão por infrigência ao art. 138, c/c o 132, II, da Lei n.º 8.112/90, visto que seu não
comparecimento ao local de trabalho deveu-se à restrição a seu direito de ir e vir originária de órgão judicial: ele
seria recolhido à prisão decorrente de sentença ainda não transitada em julgado. Com efeito, para a tipificação de
abandono de cargo, caberia investigar necessariamente se houve, de fato, a intenção deliberada. No caso, em
razão da ilegalidade da custódia contra si expedida, reconhecida posteriormente, que o impossibilitou de ir ao
trabalho, são devidos a sua reintegração no cargo, as vantagens financeiras e o cômputo do tempo de serviço
para todos os efeitos legais, a contar da data do ato impugnado. MS 12.424-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 28/10/2009.

STJ: Deve ser aplicada a penalidade de demissão ao servidor público federal que obtiver proveito econômico
indevido em razão do cargo, independentemente do valor auferido. Isso porque não incide, na esfera
administrativa; ao contrário do que se tem na esfera penal, o princípio da insignificância quando constatada falta
disciplinar prevista no art. 132 da Lei 8.112/1990. MS 18.090-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
8/5/2013. 1ª SEÇÃO. INFO 523.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


34
STJ. É possível a demissão de servidor por improbidade administrativa em processo administrativo disciplinar.
Infração disciplinar grave que constitui ato de improbidade é causa de demissão do servidor, em processo
administrativo, independente de processo judicial prévio. STJ. 3ª Seção. MS 14.140-DF, Rel. Min. Laurita Vaz,
julgado em 26/9/2012.

PAD. CASSAÇÃO. APOSENTADORIA. PRESCRIÇÃO. Funcionária pública federal teve cassada sua aposentadoria,
sendo retirada do quadro de funcionários públicos da Fazenda, em conformidade com processo administrativo
disciplinar (PAD) instaurado por valer-se do cargo para lograr proveito pessoal em detrimento da dignidade da
função pública, por improbidade administrativa e por corrupção passiva tributária. No MS, questiona a atipicidade
da conduta administrativa, a prescrição administrativa, a nulidade da decisão administrativa por excesso de prazo
e a decadência do direito da Administração de anular seus próprios atos. Ressalta o Min. Relator que, após as
informações da autoridade coatora e do parecer do MPF, vieram aos autos petições informando que, na primeira
sentença criminal, a impetrante foi condenada a cinco anos de reclusão e multa, mas, devido ao recurso especial
interposto que reformou tal decisão para que outra fosse proferida com motivada fixação da pena, a outra
sentença foi prolatada, impondo sanção de três anos e multa, da qual não houve recurso ministerial. Anote-se
que os pareceres do MPF, naquela esfera criminal, opinaram pelo reconhecimento da prescrição da pretensão
punitiva estatal. Por fim, em recente decisão, o Tribunal a quo reconheceu a extinção da punibilidade da
impetrante. Esclarece, agora, o Min. Relator que, diante desses fatos novos, abriu nova vista ao MPF, que se
pronunciou pela denegação da segurança, alegando a independência das esferas penal e administrativa. Isso
posto, destaca ainda o Min. Relator a posição deste Superior Tribunal, que, em casos como o dos autos,
determina o cálculo da prescrição com base na pena in concreto, pois os prazos administrativos de prescrição só
têm lugar quando a falta imputada ao servidor não é prevista como crime penal. Assim, havendo sentença penal
condenatória, o prazo da prescrição, na esfera administrativa, computa-se pela pena in concreto penalmente
aplicada, nos termos dos arts. 109 e 110 do CP. Diante do exposto, a Turma declarou que, no caso dos autos,
houve a prescrição administrativa, concedeu a segurança para anular a portaria e, em consequência, determinou
o restabelecimento da aposentadoria da servidora. Ainda, sobre as verbas que a aposentada deixou de receber
desde o ato tido por ilegal, atualizadas monetariamente, incidirão juros de mora de 0,5% ao mês, sem honorários.
MS 12.414-DF, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 25/11/2009.

#OUSESABER #SELIGANAJURISPRUDÊNCIA #VAICAIR: O STF entendeu que o preso tem direito a indenização do
Estado por danos morais quando submetido a situação degradante e a superlotação na prisão. No que pese a
divergência quanto à reparação a ser adotada, majoritariamente a Corte decidiu que a indenização deve se dar
em dinheiro e em parcela única. O Recurso Extraordinário n.º 580252 teve repercussão geral reconhecida, sendo
fixado a seguinte tese: “Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus
presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos
termos do artigo 37, parágrafo 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais,

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


35
comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de
encarceramento”.

Responsabilidade pela má administração do SUS. A União – e não só Estado, Distrito Federal e Municípios – tem
legitimidade passiva em ação de indenização por erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante
atendimento custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). STJ. 1ª Turma. REsp 1.388.822-RN, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 16/6/2014.

A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes de erro médico ocorrido em
hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a Lei
8.080/90, a responsabilidade pela fiscalização dos hospitais credenciados ao SUS é do Município, a quem compete
responder em tais casos. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.388.822-RN, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/5/2015 (Info
563)

Foi encontrado um cadáver humano em decomposição em um dos reservatórios de água que abastece uma
cidade. Determinado consumidor ajuizou ação de indenização contra a empresa pública concessionária do serviço
de água e o STJ entendeu que ela deveria ser condenada a reparar os danos morais sofridos pelo cliente. Ficou
configurada a responsabilidade subjetiva por omissão da concessionária decorrente de falha do dever de efetiva
vigilância do reservatório de água. Além disso, restou caracterizada a falha na prestação do serviço, indenizável
por dano moral, quando a Companhia não garantiu a qualidade da água distribuída à população. O dano moral,
no caso, é in re ipsa, ou seja, o resultado danoso é presumido. STJ. 2 Turma. REsp 1.492.710-MG, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 16/12/2014 (Info 553).

7. QUESTÕES RECORRENTES EM PROVAS:

#JÁCAIU #EVAICONTINUARCAINDO:

 Ausência de policiamento ostensivo em local de alta periculosidade – responsabilidade civil do Estado


 A responsabilidade objetiva do Estado não guarda relação com atos predatórios de terceiros não
contratados.
 STF e STJ já pacificaram o entendimento no sentido de que a responsabilidade por omissão é subjetiva.
No entanto, STF tem decisão no sentido de que a responsabilidade estatal por atos omissivos específicos é
objetiva (ex. caso de agressão física a aluno por colega, em escola estadual). Não se pode confundir uma conduta
omissiva genérica (ex. Estado não conseguir evitar todos os furtos de carro) com a conduta omissiva específica
(ex. Estado tem o dever de vigilância sobre alguém e não evitar o dano). No primeiro caso a responsabilidade é
subjetiva (policial assiste ao assalto e nada faz) e no segundo caso objetiva.
 Dano moral – indenização – jutos de mora desde o evento danoso e correção monetária do arbitramento.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


36
 Preso foge e mata alguém – STF – não há nexo de causalidade direito e imediato. Só há responsabilidade
nos casos em que os crimes são cometidos na fuga do preso ou quando o Estado tenha agido com culpa
gravíssima, como quando deixa alguém fugir várias vezes da prisão, sem que haja regressão do regime prisional.
 No caso de contratos administrativos, a empresa que executa a obra responde subjetivamente e
diretamente. Não há responsabilidade do Estado
 Suicídio – em hospital – Responsabilidade subjetiva. Em hospital psiquiátrico – resp. objetiva. Prisão –
objetiva. Essa temática foi objeto de questão da prova do TJDFT/2016: Ao propor a seguinte situação hipotética:
“Uma pessoa absolutamente incapaz foi internada em hospital psiquiátrico integrante da administração pública
estadual, para tratamento de grave doença psiquiátrica. Um mês depois da internação, durante o período
noturno, foi constatado que essa pessoa faleceu, após cometer suicídio nas dependências do hospital”, a banca
CESPE considerou correta a seguinte alternativa: “O estado poderá ser acionado e condenado a ressarcir os danos
morais causados aos genitores do interno, já que tinha o dever de garantir a vida e a saúde do paciente,
respondendo objetivamente pelas circunstâncias do óbito”.
 Lesão corporal de policial não fardado a sua ex mulher, utilizando arma da corporação – Estado não
responde.
 Pensão para os filhos e viúva do lesado – filhos até 25 anos e esposa até a data em que o de cujus
completaria 65 anos. STJ vem aumentado essa idade, em vista do aumento da expectativa de vida.
 Não há impedimento à instauração de ação regressiva após a cessão do exercício no cargo ou função por
disponibilidade, aposentadoria, exoneração ou demissão.
 As empresas privadas que prestem serviço público respondem objetivamente.

#DICA: O que se entende por pedágio de masmorra?


Segundo expressão utilizada pelo STJ em pedido de indenização por danos morais ajuizada por presidiário
em face de maus-tratos sofridos durante a sua estadia na penitenciária, a condenação do Estado à indenização
por danos morais individuais como remédio isolado arrisca a instituir uma espécie de pedágio-masmorra,
deixando a impressão de que ao Poder Público, em vez de garantir direitos inalienáveis e imprescritíveis de que
são titulares por igual todos os presos, basta pagar aos prisioneiros que disponham de advogado para postular
em seu favor, uma espécie de bolsa-indignidade, pela ofensa diária, continuada e indesculpável aos mais
fundamentais dos direitos, assegurados constitucionalmente. No caso, argumentou-se que não se tratava da
incidência da cláusula da reserva do possível nem de assegurar o mínimo existencial, mas sim da necessidade
urgente de aprimoramento das condições do sistema prisional, que deverá ser feito por meio de melhor
planejamento e estruturação física, e não apenas mediante pagamento pecuniário e individual aos apenados. No
caso, inclusive, que era patrocinado pela Defensoria Pública, consignou-se que esse órgão teria mecanismos mais
eficientes e efetivos para contribuir com a melhoria do sistema prisional, dentre os quais o próprio ajuizamento
de ACP (@estudos_defensoria).

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


37
8. DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVOS

CF Art. 5º, LXXV, art. 21, XXIII, “d”, da CF/88;


art. 37, §5º; e §6º; art. 225, §3º.

Lei nº 8.935/94 Art. 22 a 24

Código de Processo Penal Art. 66

Código Civil Art. 935

Decreto 20.910/1932 Art. 1º

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

Você também pode gostar