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RESPONSABILIDADE CIVIL
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................................
2. EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL.........................................................................................................
3. CAUSALIDADE JURÍDICA: NORMA, FATO JURÍDICO E CONSEQUÊNCIA.............................................................
4. CONCEITO DA RESPONSABILIDADE CIVIL...........................................................................................................
5. CONCEITOS INICIAIS DE ATO ILÍCITO E ABUSO DE DIREITO...............................................................................
5.1. ATO ILÍCITO.............................................................................................................................................7
5.2. ABUSO DE DIREITO.................................................................................................................................9
6. ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL OU PRESSUPOSTOS DO DEVER DE INDENIZAR...........................
6.1. CONDUTA HUMANA.............................................................................................................................17
6.2. DOLO E CULPA.......................................................................................................................................18
6.3. NEXO DE CAUSALIDADE........................................................................................................................25
6.3.1. Causas excludentes..................................................................................................................25
6.3.2. Teorias quanto ao nexo de causalidade...................................................................................33
6.4. DANO OU PREJUÍZO.............................................................................................................................33
6.4.1 Danos materiais ou patrimoniais.............................................................................................35
6.4.2. Danos morais..........................................................................................................................40
6.4.3. Dano estético..........................................................................................................................58
6.4.4. Danos morais coletivos............................................................................................................58
6.4.5. Danos sociais ou difusos..........................................................................................................60
7. CLASSIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À CULPA..................................................................
7.1. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA...................................................................................................67
7.2. RESPONSABILIDADE OBJETIVA..............................................................................................................67
8. RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA OU DO ANIMAL...........................................................................
8.1. DONO OU DETENTOR DE ANIMAL........................................................................................................76
8.2. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO DONO DO PRÉDIO OU CONSTRUÇÃO POR SUA RUÍNA...............77
8.3. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO HABITANTE DO PRÉDIO PELAS COISAS QUE DELE CAÍREM OU
FOREM LANÇADAS EM LOCAL INDEVIDO...................................................................................................77
8.4. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO TRANSPORTADOR........................................................................78
8.5. RESPONSABILIDADE PELOS PRODUTOS POSTOS EM CIRCULAÇÃO.....................................................79
8.6. RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO POR ATO DE TERCEIROS.....80
9. CASOS JURISPRUDENCIAIS...............................................................................................................................
10. *JURISPRUDÊNCIA EM TESE...........................................................................................................................109
11. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO.................................................................................................110
12. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA...............................................................................................................................110
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ATUALIZADO EM 18/02/20231
RESPONSABILIDADE CIVIL
1. INTRODUÇÃO
Responsabilidade civil é a OBRIGAÇÃO que incumbe a uma pessoa de ter de REPARAR os danos causados a
outra, ou seja, é o fenômeno jurídico que propicia ao credor de uma obrigação por ato ilícito buscar
ressarcimento junto ao patrimônio do devedor. A RESPONSABILIDADE CIVIL deriva de uma violação de uma
norma jurídica preexistente, impondo ao infrator a obrigação de indenizar. A depender da natureza da norma
jurídica violada, a obrigação pode ser CONTRATUAL OU EXTRACONTRATUAL (responsabilidade aquiliana).
Como relação obrigacional, há a ideia de credor, devedor e prestação. O credor é a vítima. O devedor é o sujeito
que deu causa ao prejuízo ou ao dano. A prestação consiste em tudo aquilo que for necessário para a reparação
do dano, ou seja, um dar ou um fazer, restabelecendo a situação anterior.
Responsabilidade no final do milênio: da culpa e do risco ao dano lícito: no século XIX vigia o entendimento de
que a obrigação de reparar nascia da culpa. Na segunda metade do século XX chegou-se à conclusão de que o
fundamento da responsabilidade residia na quebra do equilíbrio econômico e jurídico causado pelo dano,
decorrente de ato culposo ou do risco. Ou seja, verificou-se que a culpa não era o único fundamento da
responsabilidade civil, havendo as atividades de risco que também poderiam gerar reparação
independentemente de ação voluntária, culposa ou dolosa. Por fim, chega-se ao entendimento de que ao lado
do dano ilícito, proveniente de ação contrária ao direito, há a responsabilidade civil pelo dano lícito. É a figura
do dano tolerado, em que a ordem pública permite que o interesse de um venha sobrepor-se ao interesse do
outro, impondo, a despeito disso, o dever de indenizar o prejudicado.
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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Para a compreensão da estrutura da responsabilidade civil é de fundamental importância entender o seguinte
mecanismo sequencial: norma que prevê o dano; o fato jurídico antecedente (ato ilícito, fato ilícito stricto
sensu, ato-fato ilícito ou ato lícito ou ato-fato lícito); o dano, que é o fato jurídico consequente; a EFICÁCIA
JURÍDICA ANEXA, que é a responsabilidade civil (relação jurídica obrigacional); e a EFICÁCIA JURÍDICA REFLEXA,
que é o ressarcimento do dano.
a) Definição: Responsabilidade civil é a relação obrigacional decorrente do fato jurídico dano, na qual o sujeito
do direito ao ressarcimento é o prejudicado, e o sujeito do dever é o agente causador ou o terceiro a quem a
norma imputa a obrigação.
c.1) Situação jurídica originária ou primária: na qual estão de um lado os direitos da personalidade, os direitos
obrigacionais, reais e de família, e de outro lado, os respectivos deveres (dever genérico de abstenção,
sujeição, obrigação e deveres de família);
c.2) Situação jurídica sucessiva ou secundária: consiste na relação jurídica obrigacional decorrente da
transgressão do dever da situação primária, ou lesão de interesse juridicamente protegido.
Logo, a responsabilidade civil é um direito jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da
violação de um dever jurídico originário.
d) Questões clássicas:
1º) Responsabilidade civil por rompimento de noivado – é preciso que o comportamento seja enquadrado no
artigo 186; como a responsabilidade subjetiva é a regra, o simples rompimento de noivado não pode ser
obrigatoriamente causa de indenização. Não basta somente o dano, é preciso que a conduta do agente tenha
ilicitude, com ardil e maldade.
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2º) Por rompimento do concubinato (União Estável) – atualmente, com a regulamentação patrimonial da União
Estável, essa questão perdeu relevância.
A aplicação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança judicial de dívida já adimplida (art. 1.531 do
CC 1916 / art. 940 do CC 2002) pode ser postulada pelo réu na própria defesa, independendo da propositura de
ação autônoma ou do manejo de reconvenção. Para que haja a aplicação da sanção civil do pagamento em
dobro por cobrança judicial de dívida já adimplida (art. 1.531 do CC 1916 / art. 940 do CC 2002), é
imprescindível a demonstração de má-fé do credor. Permanece válido o entendimento da Súmula 159-STF:
Cobrança excessiva, mas de boa fé, não dá lugar às sanções do art. 1.531 do Código Civil (atual art. 940 do CC
2002). STJ. 2ª Seção. REsp 1.111.270-PR, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 25/11/2015 (recurso repetitivo) (Info
576).
Obs.: a tendência legislativa é de superar essa divisão, unificando a responsabilidade civil. Uma prova disso é o
CDC, a legislação ambiental, a lei anticorrupção (responsabilidade objetiva dos agentes). Neles não importa se
é ato ilícito ou abuso de direito.
É o inadimplemento de uma obrigação. Está nos artigos art. 389, 390 e 391. ATENÇÃO: em caso de
inadimplemento não se utiliza o art. 186 do CC. É um erro comum em peças jurídicas falar em
responsabilidade civil com base no art. 186 quando há descumprimento de um contrato.
Obs.: É possível responsabilizar o relativamente incapaz que mentiu sobre a sua idade induzindo em erro o
outro contratante (Responsabilidade contratual).
*(Atualizado em 25/09/2022) Pratica ato ilícito apto à indenização, o locador que proíbe o funcionamento de
imóvel comercial locado, cujo acesso é autônomo e independente, sob a justificativa de cumprimento às normas
de restrição sanitária pela Covid-19. REsp 1.997.050-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 02/08/2022. Info 743.
Lex Aquilia de Damno – introduziu a responsabilidade civil extracontratual no Direito Romano. Passou a
possibilitar a responsabilidade independentemente da existência de uma relação contratual.
Responsabilidade que tem origem na VIOLAÇÃO DE UM DEVER GERAL DE ABSTENÇÃO pertinente aos direitos
reais ou de personalidade. É FUNDADA NO “NEMINEN LAEDERE”, dever apriorístico imposto a todos de não
causar danos a outrem.
- Ônus da prova: há necessidade de demonstrar o DANO + CONDUTA CULPOSA (em regra) + NEXO DE
CAUSALIDADE.
No CC/16, ela estava ligada apenas ao ato ilícito (art. 186). No CC/02, é ligada ao ato ilícito e ao abuso de
direito (art. 187).
ATO ILÍCITO CIVIL = VIOLAÇÃO DE UM DIRETO + DANO. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
ATO ILÍCITO CIVIL PURO. A conjunção “e” é muito importante, pois o CC/16 utilizada o “ou”. O dano não era
necessário.
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ATENÇÃO: risco de dano. Há a discussão se o simples risco de dano configuraria o ato ilícito. Ministra Nancy
julgou caso da coca-cola e asseverou que o simples risco poderia sim gerar dano. Mas, a priori, sem dano não
há ilícito civil nem dever de indenizar. Art. 927, caput (quem causa dano tem o dever de indenizar). Ex1.:
sujeito que dirige bêbado, mas não bateu ninguém; ex2.: adultério ou infidelidade, por si só, não é ilícito civil.
Se o cara tinha outra família com cinco filhos (aí já se pode discutir).
Obs.: abandono afetivo – inicialmente no REsp. 757.411/MG, o STJ disse que não. Em 2012, no REsp 1.159.242,
disse que sim. Há muita divergência. Flávio Tartuce entende que sim. A Ministra Nancy Andryghi disse que amar
o filho é faculdade, mas cuidar é dever jurídico. Se a violação desse dever jurídico causar dano, haverá ensejo à
indenização. Argumento – art. 229: os pais têm o DEVER de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos
maiores têm o dever de ajudar a amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. E quando falam da
monetarização do afeto? Isso já está ultrapassado.
Bora aprofundar um pouco esse julgado? Recomendamos a leitura completa no Site do Dizer o Direito
(#AJUDAMARCINHO). A decisão parece simples, mas pode confundir você em uma prova discursiva ou oral.
Vamos para as #CASCASDEBANANAS:
#SELIGA: No julgado acima (REsp 1.087.561-RS) adotou-se a responsabilidade civil por abandono AFETIVO? O
pai foi condenado a indenizar pelo fato de não ter dado afeto ao seu filho? NÃO. No julgado acima explicado o
Min. Rel. Raul Araújo, assim como a Min. Maria Isabel Gallotti, deixaram claro que são contrários à tese da
responsabilidade civil por abandono afetivo. Afirmou-se que a falta de afeto, por si só, não constitui ato ilícito.
“A convivência e o afeto devem corresponder a sentimentos naturais, espontâneos, genuínos, com todas as
características positivas e negativas de cada indivíduo e de cada família. Não é – nem deve ser – o cumprimento
de dever jurídico, imposto pelo Estado, sob pena de punição (ou indenização punitiva).” (Min. Maria Isabel
Gallotti). Assim, no REsp 1.087.561-RS, o STJ concedeu a indenização por danos morais em razão do pai não ter
dado amparo MATERIAL ao filho.
*#CEREJADOBOLO: A partir desse julgado pode-se dizer que qualquer atraso na pensão alimentícia ou
descumprimento do dever de alimentar gera dano moral? NÃO. No caso concreto, não houve um “mero
descumprimento episódico de obrigação alimentar, mas de hipótese em que a reiterada falta de assistência
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material foi de tal ordem que revelou ter o autor sido vítima de humilhações, situações que o levaram ao
ridículo, privações que prejudicaram o seu desenvolvimento, caracterizando o tratamento cruel e degradante ao
qual ficou submetido em decorrência da conduta omissiva do genitor, que tinha, na época dessas ocorrências,
conhecimento da situação de penúria e plenas condições de suprir suas necessidades.” (Min. Maria Isabel
Gallotti).
*#RECORDARÉVIVER: Existe algum julgado do STJ reconhecendo a responsabilidade civil por abandono afetivo?
SIM. Há um precedente da 3ª Turma: O abandono AFETIVO decorrente da omissão do genitor no dever de
cuidar da prole constitui elemento suficiente para caracterizar dano moral compensável. STJ. 3ª Turma. REsp
1.159.242-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/4/2012.
O art. 186 trata do dano exclusivamente moral. É o dano moral puro. É novidade? Não, pois já estava na CF/88,
mas o CC/16 não trazia essa possibilidade.
O art. 186 adotou um modelo culposo da responsabilidade subjetiva, por tratar de dolo e culpa.
ABUSO DE (DO) DIREITO + DANO. ILÍCITO EQUIPARADO. ATO ILÍCITO IMPURO. Art. 187. Também comete ato
ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Trata-se do exercício irregular ou imoderado de um
direito, que tem três parâmetros de configuração: função social e econômica, boa-fé e bons costumes. O abuso
de direito é lícito quanto ao conteúdo e ilícito quanto às consequências (Rubens Limongi França), por isso que
é ato ilícito impuro. A ilicitude está na forma de execução do ato.
O conceito de abuso de direito é, por conseguinte, aberto e dinâmico, de acordo com a concepção
tridimensional de Miguel Reale, pela qual o Direito é fato, valor e norma.
Pela análise do art. 187 do CC em vigor, conclui-se que a definição de abuso de direito está baseada em quatro
conceitos legais indeterminados, cláusulas gerais que devem ser preenchidas pelo juiz caso a caso, a saber: a)
fim social; b) fim econômico; c) boa-fé; e d) bons costumes.
Ex.: Publicidade abusiva = publicidade antissocial (art. 37 CDC), abuso no processo (art. 79 e 80 CPC/2015),
abuso no exercício da propriedade (ato emulativo – ato de provocação do vizinho. Art. 1228, §2º e art. 1277
(apesar de falar da intenção, ela é dispensada) – trata do uso anormal da propriedade nas relações entre os
vizinhos, com a consagração da regra dos 3S – segurança, sossego e saúde), abuso de direito de greve e abuso
de direito nos contratos de trabalho.
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Direito Digital ou Eletrônico. “Spam” e abuso de direito. Com a ausência de uma lei específica, deve-se
compreender que o atual Código Civil pode ser perfeitamente aplicado aos contratos eletrônicos. O ato de envio
constitui abuso de direito – assemelhado ao ato ilícito pelas eventuais consequências –, eis que o usuário da
Internet não a solicita, não fornece seu endereço virtual, e, mesmo assim, recebe em sua caixa de correio
eletrônico convites a aderir aos mais variados planos, produtos, grupos, jogos, serviços, entre outros.
Ainda para ilustrar como outra hipótese de abuso no processo pode ser citado o recente tema do assédio
judicial, presente quando alguém que exerce alguma forma de liderança instiga os liderados a promoverem
demandas descabidas contra determinada pessoa. O caso, sem dúvidas, é de abuso de direito processual,
devendo ser resolvido pela responsabilidade civil, com a imputação do dever de indenizar.
Como concretização do abuso de direito no exercício da propriedade pode ser citado o contemporâneo exemplo
do excesso de animais em casa ou apartamento, conforme o entendimento jurisprudencial:
“Ação de dano infecto. Nulidade da citação postal. Comparecimento espontâneo do réu. Suprimento do vício.
Cerceamento de defesa. Inocorrência. Mérito. Quantidade excessiva de animais de estimação (gatos) em
terreno particular, vindo a comprometer a segurança, o sossego e a saúde dos moradores da propriedade
privada contígua. Obrigação de construção de abrigo para os animais, que resguarde a integridade do bem
alheio. Sentença mantida. Recurso desprovido.” (TJSC, Apelação Cível n° 2008.082251-0, 3ª Câmara de Direito
Civil, Rel. Desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta).
“Direito de vizinhança. Uso nocivo da propriedade. Oito cães em pequeno quintal. Ruídos e odores excessivos.
Sentença mantida para limitar a dois animais. Recurso improvido.” (TJSP, Apelação Cível 846.178-0/0, São Paulo,
36.ª Câmara de Direito Privado, Rel. Pedro Baccarat, 24.08.2006, v.u., Voto 1.465).
O abuso de direito exige o dano? SIM, na forma do art. 927, aquele que por ato ilícito (arts. 186 e 187) causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Ou melhor, para fins de responsabilidade civil, sim. Para outros fins,
não. Enunciado 539 da VI Jornada de Direito Civil (2013) – o abuso de direito é uma categoria autônoma em
relação à responsabilidade civil. Por isso, o exercício abusivo de posições jurídicas desafia controle
independentemente de dano (ele justifica porque traz abuso de direito no primeiro volume).
O abuso de direito necessita de culpa? NÃO. Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil de 2002 – a
responsabilidade civil decorrente de abuso de direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério
objetivo – finalístico (ou seja, não interessa a intenção e sim o desrespeito às finalidades ou funções). É,
portanto, responsabilidade objetiva.
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Responsabilidade civil e o abuso de direito – o CC/02 muda a configuração do abuso de direito enquanto ato
ilícito para torná-lo mais próximo do seu paradigma (função social do direito). O abuso de direito como ato que
gera o dever de indenizar aproxima-se do ato ilícito. Ele é um ato ilícito, é extrapolar a utilização do exercício
de um direito subjetivo. Todo direito subjetivo encontra limites e a tutela contra o abuso é exatamente
encontrar os limites. No CC/02, há uma maior amplitude; sendo considerado abuso aquele comportamento
dissociado de sua função social e os seus fins econômicos, da boa-fé e dos bons costumes (artigo 187); é uma
CLÁUSULA ABERTA que vai exigir maior trabalho ao julgador.
Frise-se que a modificação também atinge a responsabilidade contratual, pois o art. 187 do CC também pode e
deve ser aplicado em sede de autonomia privada. Eis aqui um dispositivo unificador do sistema de
responsabilidade civil, que supera a dicotomia responsabilidade contratual x extracontratual.
Fato antecedente: a AÇÃO ou OMISSÃO do agente, lícita (abuso de direito) ou ilícita, a atividade de risco ou,
excepcionalmente, o caso fortuito e a força maior, constituem fatos antecedentes geradores do dano;
Nexo causal: é a relação de CAUSA E EFEITO entre o fato do agente e o resultado do dano, ou seja, o fato
antecedente constitui a causa do efeito do dano.
Imputabilidade: é a ATRIBUIÇÃO de poder ou dever a alguém para RESPONDER por determinado fato jurídico.
No campo da responsabilidade civil é a APTIDÃO para ser sujeito do dever de reparação. De modo geral, a
imputação do dever de reparar recai sobre o causador do dano; porém, excepcionalmente, a lei atribui a um
terceiro o dever de ressarcir o fato danoso, como na hipótese do art. 932, do NCC, que trata da
responsabilidade por fato de terceiros.
OBS.: Imputação subsidiária: é a hipótese prevista no art. 928 do NCC: “O incapaz responde pelos prejuízos que
causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de o fazer ou não dispuserem de meios
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suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se ela
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.”
*(Atualizado em 21/03/2022) Provedor de aplicação deve remover conteúdo ofensivo a menor na internet,
mesmo sem ordem judicial
Para atender ao princípio da proteção integral, é dever do provedor de aplicação de internet proceder à retirada
de conteúdo que viola direitos de crianças e adolescentes assim que for comunicado do caráter ofensivo da
publicação, independentemente de ordem judicial.
Caso concreto: foi feito um post, no Facebook, trazendo a foto de uma criança com seu pai e uma acusação, no
texto, de que este último (o genitor), teria envolvimento com pedofilia e estupro. O pai denunciou o fato à
empresa, que, no entanto, se recusou a excluir a publicação, sob o argumento de ter analisado a foto e não
haver encontrado nela nada que violasse os “padrões de comunidade” da rede social. Diante disso, foi ajuizada
ação de indenização por danos morais, tendo o Facebook sido condenado. O provedor de aplicação que se nega
a excluir publicação ofensiva a pessoa menor de idade, mesmo depois de notificado – e ainda que sem ordem
judicial –, deve ser condenado a indenizar os danos causados à vítima. A divulgação da foto do menor sem
autorização de seus representantes legais, vinculada a conteúdo impróprio, em total desacordo com a proteção
conferida pelo ECA, representou grave violação do direito à preservação da imagem e da identidade. O ECA
possui caráter “especialíssimo” e prevalece como sistema protetivo, em detrimento da lei que rege o serviço de
informação prestado pelo provedor de internet. Dessa forma, no caso julgado, não pode haver aplicação isolada
do art. 19 do Marco Civil da Internet, que condiciona a responsabilização civil do provedor ao prévio
descumprimento de ordem judicial. Em suma: responde civilmente por danos morais o provedor de aplicação de
internet que, após formalmente comunicado de publicação ofensiva a imagem de menor, se omite na sua
exclusão, independentemente de ordem judicial. STJ. 4ª Turma. REsp 1.783.269-MG, Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira, julgado em 14/12/2021 (Info 723).
*(Atualizado em 23/03/2022): Não se aplica o art. 21 do Marco Civil da Internet para os casos de divulgação
não autorizada de imagens de nudez produzidas para fins comerciais.
Se o provedor de aplicações (exs: Facebook, Instagram, Youtube) disponibilizar conteúdo gerado por terceiros e
a postagem feita causar prejuízos a alguém (ex: ofensa à honra), o que deve ser feito para a remoção do
material? Exige-se autorização judicial para a remoção do conteúdo?
• Regra geral: SIM (exige-se ordem judicial). É a regra do art. 19 do MCI.
• Exceção: se houver divulgação de imagens, vídeos ou outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos
sexuais de caráter privado (exposição pornográfica não consentida). Neste caso, basta que o provedor seja
notificado extrajudicialmente. É o que prevê o art. 21.
Caso concreto: “F”, modelo, realizou ensaio fotográfico de nudez para uma revista masculina. Ocorre que ela
passou a encontrar suas fotos de nudez em blogs hospedados pela Google sem que tivesse autorizado. Ela fez
então a notificação extrajudicial da Google para a retirada dos materiais dos blogs.
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O STJ decidiu que, neste caso, não era suficiente a notificação, sendo necessária a ordem judicial. Em outras
palavras, não se aplica o art. 21, sendo situação que se amolda ao art. 19.
Para a aplicação do art. 21 é indiscutível que a nudez e os atos de conteúdo sexuais envolvam inerentes à
intimidade das pessoas, de modo reservado, particular e privativo.
Nem toda divulgação indevida de material de nudez ou de conteúdo sexual atrai a regra do art. 21, mas apenas
aquele que apresenta, intrinsecamente, uma natureza privada.
O ensaio fotográfico de nudez realizado especificamente para sua exploração econômica por revista adulta,
voltada para público seleto mediante pagamento pelo acesso no seu website, não pode mesmo ser definida
como de caráter privado. STJ. 3ª Turma. REsp 1930256-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, relator p/ acórdão Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 07/12/2021 (Info 721).
(*) Atualizado em 19/04/2021 #DEOLHONAJURIS: Facebook não é obrigado a fornecer os dados de todos os
usuários que compartilharam post contendo fake news: É vedado ao provedor de aplicações de internet
fornecer dados de forma indiscriminada dos usuários que tenham compartilhado determinada postagem, em
pedido genérico e coletivo, sem a especificação mínima de uma conduta ilícita realizada. STJ. 4a Turma. REsp
1.859.665/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 09/03/2021 (Info 688).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: É obrigatória, por parte dos provedores de conexão e de aplicação, a
guarda e apresentação dos dados relacionados à porta lógica de origem associadas aos endereços IPs. Com a
porta lógica de origem é possível identificar o usuário, mesmo que ele esteja compartilhando um mesmo
número de IP na internet com outras pessoas. Trata-se, portanto, de dado essencial para o correto
funcionamento da rede e de seus agentes operando sobre ela. Em razão disso, sua guarda é fundamental para a
preservação de possíveis interesses legítimos a serem protegidos em lides judiciais ou em investigações
criminais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.777.769-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/11/2019 (Info 660).
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*(Atualizado em 31/01/2021) #SELIGANAJURIS Pessoa residente no Brasil foi ameaçada por e-mail enviado de
conta hospedada no exterior; Justiça brasileira é competente para determinar que a empresa responsável pela
conta identifique o titular do e-mail Caso concreto: Luís recebeu ameaças por mensagens eletrônicas enviadas
por meio da conta de e-mail xxxxx@outlook.com. Diante disso, Luís ajuizou ação contra a Microsoft (proprietária
do outlook) pedindo que ela fosse condenada a fornecer as informações necessárias (IP, data e horário de
acesso) para a identificação do usuário da conta responsável pelas ameaças. A Microsoft alegou que a Justiça
Brasileira não teria competência para apreciar a causa e para determinar o fornecimento dos dados. Isso porque
o provedor de conexão se encontra localizado fora do Brasil, o endereço eletrônico foi acessado no exterior e as
ameaças foram escritas em inglês. O STJ não concordou com a alegação de incompetência. Em caso de ofensa
ao direito brasileiro em aplicação hospedada no estrangeiro (ex: uma ofensa veiculada contra residente no
Brasil feita no Facebook por um estrangeira), é possível sim a determinação judicial, por autoridade brasileira,
de que tal conteúdo seja retirado da internet e que os dados do autor da ofensa sejam apresentados à vítima.
Não fosse assim, bastaria a qualquer pessoa armazenar informações lesivas em países longínquos para não
responder por seus atos danosos. Com base no art. 11 do Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014), tem-se a
aplicação da lei brasileira sempre que qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de
registros, de dados pessoais ou de comunicações por provedores de conexão e de aplicações de internet ocorra
em território nacional, mesmo que apenas um dos dispositivos da comunicação esteja no Brasil e mesmo que as
atividades sejam feitas por empresa com sede no estrangeiro. STJ. 3ª Turma. REsp 1.745.657-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 03/11/2020 (Info 683).
Os provedores de conexão à internet devem guardar para eventualmente fornecer, mediante ordem judicial,
os dados cadastrais dos usuários.
Os provedores de conexão à internet devem fornecer os dados cadastrais (nome, endereço, RG e CPF) dos
usuários responsáveis por publicação de vídeos no Youtube com ofensas à memória de pessoa falecida.
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Os provedores são obrigados a guardar os DADOS PESSOAIS do usuário?
• Provedores de CONEXÃO à internet: SIM (devem guardar os dados pessoais).
• Provedores de APLICAÇÕES de internet: NÃO (basta armazenarem o IP).
STJ. 4ª Turma. REsp 1914596-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/11/2021 (Info 720).
Obs.: para uma parcela moderna da doutrina (Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona), a culpa genérica (elemento
subjetivo) seria um ELEMENTO ACIDENTAL da responsabilidade civil, sobretudo em virtude da outra espécie
de responsabilidade que prescinde da mesma, qual seja, da responsabilidade objetiva.
A omissão será relevante quando houver o dever de agir, seja decorrente da lei, do contrato ou dos costumes
sociais. Normalmente, o descumprimento contratual consiste em uma omissão 2.
a. Ato próprio – a obrigação de indenizar é imposta à pessoa que praticou a conduta e causou o resultado.
Essa é a situação padrão, é a regra, com fundamento no artigo 186 artigo 942.
b. Ato de terceiro – a obrigação de indenizar é imposta à pessoa diversa da que praticou a conduta e causou
o resultado. Ex.: pai que responde pelos atos dos filhos.
Responsabilidade civil dos incapazes – houve uma significativa alteração em relação ao CC/16. Deve ser
analisada a imputabilidade do agente. Ou seja, se ele assume a figura do devedor e se seu patrimônio responde
pelo resultado e pelo dano. O CC/16 trabalhava a responsabilidade civil do incapaz, aplicando-se as regras da
capacidade civil, com algumas adaptações, sempre com regras protetivas. Com o CC/02, foi quebrada a
estrutura passada em relação à responsabilidade civil do incapaz (artigo 928), tornando-se possível a
responsabilidade civil do incapaz. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes, sendo equitativa a
indenização, mas não se pode privar o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
2
Questão – Magistratura de SP/2ª fase/2011: Um condomínio edilício responde pelo roubo ou furto de veículos praticado
no seu interior? Não, em regra, pois não há um dever legal em evitar o fato (STJ AgRg no Ag 1.102.361/RJ e TJ/SP
Apelação Cível 228.722-1). O condomínio só responde se houver previsão na convenção de condomínio ou compromisso
implícito e específico com segurança especializada (não é porteiro). Não se aplica o CDC.
17
Há proteção diferenciada para o incapaz: 2 obstáculos, sem distinção entre capacidade absoluta ou relativa:
1º) É preciso que o responsável legal por lei não tenha a obrigação de indenizar no caso concreto ou não tenha
patrimônio para fazê-lo. Ex.: pai (ou tutor) do menor incapaz; curador do maior incapaz. Se tiverem a obrigação
e patrimônio, os responsáveis responderão. Ver no artigo 932 hipóteses de obrigação legal.
2º) Será necessário que o incapaz tenha patrimônio idôneo – o incapaz ficará isento da indenização se isso vier
a causar prejuízo ao necessário para sua subsistência e para a das pessoas que dele dependam . Mesmo
ultrapassados os obstáculos, o legislador continua a proteger o incapaz, quando diz que a indenização deverá
ser arbitrada por EQUIDADE; o juiz diante do caso concreto pode determinar uma redução no quantum
indenizatório. O incapaz e o responsável não são solidários (é exceção).
*#OUSESABER: O fato dos pais do menor incapaz não estarem em sua companhia no momento da prática do
ato danoso não induz a exclusão de sua responsabilidade. Certo ou errado?
CORRETO! Via de regra, se um menor de idade incapaz praticar ato que cause prejuízo a terceiro, seus pais
responderão de forma primária e direta pelos danos. Porém, o art. 932, I, do CC/02 afirma que os pais se
responsabilizam pelos atos dos filhos menores que estiverem sob sua autoridade ou sua companhia. A doutrina
e a jurisprudência afirmam que o legislador não foi muito feliz quando utilizou a expressão “em sua companhia”.
Assim, deve-se evitar, neste caso, a interpretação literal e os pais irão responder mesmo que eles não estejam
presentes no momento do ato causador do dano. Inclusive, a jurisprudência do STJ tem apontado também que
o fato dos pais não estarem, no momento do dano, na companhia do filho não induz a exclusão de sua
responsabilidade. Vide os seguintes precedentes: STJ, 3ª Turma, REsp 1.436.401-MG, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 02/02/2017 e STJ, 3ª Turma, AgRg no AREsp 220.930/MG, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado
em 09/10/2012.
c. Fato da coisa ou do animal – a obrigação de indenizar será imposta a uma pessoa, danos decorrentes de
fato de coisa ou do animal. O elo com a pessoa do devedor está na relação de poder (propriedade ou posse).
Ex.: cachorro que causa lesões corporais.
Não se pode colocar como elemento geral e necessário o ato ilícito, porque pode haver responsabilidade civil
por ATO LÍCITO (PAULO LOBO, VON TUR, MARTINHO GARCEZ, DEMOGUE, WINDISCHEID). EXEMPLOS: a
desapropriação é um ato LÍCITO que gera responsabilidade civil; é um ato admitido pelo direito, mas, causa
dano. Imóvel encravado em outros tem o direito de PASSAGEM FORÇADA, mas terá que indenizar.
Obs.: aqui não há que se falar em culpa leve, levíssima como no direito penal. A única coisa que vai influenciar
é no quantum indenizatório. Para o direito civil, havendo dolo ou culpa grave, os efeitos são os mesmos,
aplicando-se o princípio da reparação integral dos danos (art. 944). Assim, são irrelevantes conceitos
intermediários do DP, como preterdolo, dolo eventual, não eventual.
No que diz respeito à origem, a culpa pode ser classificada como CONTRATUAL (culpa ao contratar ou in
contrahendo), quando há desrespeito a uma norma contratual ou violação a um dever anexo relacionado à boa-
fé objetiva (violação positiva do contrato), bem como AQUILIANA (ou extracontratual), que pode ocorrer
quando da violação de um dever previsto no ordenamento jurídico ou mediante abuso de direito.
Além disso, a culpa pode ser subdividida em culpa in concreto, baseada no caso concreto, assim como culpa in
abstrato, levando-se em conta a pessoa natural comum, a saber, o antigo critério do homem médio. As duas
formas de culpa (in concreto + in abstrato) devem interagir entre si, ou seja, deve-se analisar o caso concreto,
levando-se em conta a normalidade do comportamento humano.
É a violação de um dever preexistente relacionada a três padrões de conduta: imprudência (falta de cuidado +
ação. Ex.: dirigir bêbado), negligência (falta de cuidado + omissão. Ex.: omissão de socorro), imperícia (falta de
qualificação em sentido geral para desempenho de uma atribuição. Ex.: empregado não foi bem treinado para
aquilo).
Art. 951 – a responsabilidade civil dos profissionais liberais da área da saúde, em regra, é subjetiva (ex.:
médico, enfermeiro, dentista). Como exceção, há a teoria do Demogue, que hoje é muito criticada na doutrina
brasileira, mas que é muito adotada pelo STJ (foi trazida por Washington de Barros Monteiro). Ela diz que
quando houver obrigação de resultado, haverá culpa presumida ou mesmo responsabilidade objetiva. Ex.: O
exame ultrassonográfico para controle de gravidez implica obrigação de resultado. Dano material e moral.
19
Disse que eram gêmeos e, na verdade, tratava-se de apenas um bebê. STJ. Ex.: Cirurgia plástica estética
(reparadora não) – obrigação de resultado. Trata-se de culpa presumida (responsabilidade é subjetiva). STJ.
O art. 951 do atual Código é o que regulamenta a responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais da área da
saúde em geral – médicos, dentistas, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, entre outros –, prevendo que as
regras anteriores aplicam-se “no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade
profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-
lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho”. Em relação ao profissional que presta serviços a consumidor, a
responsabilidade subjetiva está consagrada no art. 14, §4º, da Lei 8.078/1990, o que constitui exceção à regra
geral da responsabilização objetiva prevista no CDC. Segundo o entendimento majoritário, caso o profissional de
saúde assuma uma obrigação de resultado, como no caso do médico cirurgião plástico estético, a sua
responsabilidade é objetiva, ou seja, independe de culpa (STJ, REsp. 81.101/PR, Rel. Min. Waldemar Zveiter, 3ª
Turma, j. 13.04.1999, p.140). No caso do médico cirurgião plástico reparador, bem como dos demais médicos e
profissionais em geral, a obrigação é de meio ou de diligência e a premissa da sua responsabilização é a prova da
culpa (responsabilidade subjetiva).
*(Atualizado em 03/07/2022) #DEOLHONAJURIS #STJ O médico é civilmente responsável por falha no dever
de informação acerca dos riscos de morte em cirurgia.
Todo paciente possui, como expressão do princípio da autonomia da vontade (autodeterminação), o direito de
saber dos possíveis riscos, benefícios e alternativas de um determinado procedimento médico, possibilitando,
assim, manifestar, de forma livre e consciente, o seu interesse ou não na realização da terapêutica envolvida,
por meio do consentimento informado. Esse dever de informação decorre não só do Código de Ética Médica,
que estabelece, em seu art. 22, ser vedado ao médico "deixar de obter consentimento do paciente ou de seu
representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de
morte", mas também das regras dispostas na legislação consumerista, destacando-se os arts. 6º, inciso III, e 14
do Código de Defesa do Consumidor. Além disso, o Código Civil de 2002 também disciplinou sobre o assunto no
art. 15, ao estabelecer que "ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento
médico ou a intervenção cirúrgica". A propósito, a jurisprudência desta Corte Superior há muito proclama ser
indispensável o consentimento informado do paciente acerca dos riscos inerentes ao procedimento cirúrgico. O
médico que deixa de informar o paciente acerca dos riscos da cirurgia incorre em negligência, e responde
civilmente pelos danos resultantes da operação (AgRg no Ag 818.144/SP, Relator o Ministro Ari Pargendler, DJ
de 5/11/2007). Impõe-se registrar, ainda, que a informação prestada pelo médico ao paciente, acerca dos riscos,
benefícios e alternativas ao procedimento indicado, deve ser clara e precisa, não bastando que o profissional de
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saúde informe, de maneira genérica ou com termos técnicos, as eventuais repercussões no tratamento, o que
comprometeria o consentimento informado do paciente, considerando a deficiência no dever de informação.
Com efeito, não se admite o chamado "blanket consent", isto é, o consentimento genérico, em que não há
individualização das informações prestadas ao paciente, dificultando, assim, o exercício de seu direito
fundamental à autodeterminação. Outro ponto que merece destaque é o fato de que não há qualquer
obrigatoriedade no ordenamento jurídico de que o consentimento informado seja exercido mediante "termo",
isto é, na forma escrita. O que se garante é tão somente a prestação clara e precisa de todas as informações
sobre os riscos, benefícios e alternativas do procedimento médico a ser adotado, independentemente da forma.
Admite-se, portanto, qualquer meio de prova para tentar demonstrar que foi cumprido o dever de informação,
nos termos do art. 107 do Código Civil, que assim dispõe: "A validade da declaração de vontade não dependerá
de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir". Entretanto, não se pode ignorar que a ausência
de "termo de consentimento informado" gera uma enorme dificuldade em se comprovar o cumprimento do
dever de informação ao paciente, recomendando-se, por essa razão, sobretudo em casos mais complexos, em
que há um maior incremento do risco, que o consentimento informado seja feito em documento próprio, por
escrito e assinado, a fim de resguardar o profissional médico em caso de eventual discussão jurídica sobre o
assunto. Conclui-se, assim, que o médico precisa do consentimento informado do paciente para executar
qualquer tratamento ou procedimento médico, em decorrência da boa-fé objetiva e do direito fundamental à
autodeterminação do indivíduo, sob pena de inadimplemento do contrato médico-hospitalar, o que poderá
ensejar a responsabilização civil. (STJ, REsp 1.848.862-RN, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 05/04/2022, DJe 08/04/2022, Informativo 733).
Obs.: Culpa presumida: Na vigência do CC/16 se debatia a culpa presumida como geradora de
responsabilidade subjetiva em três modalidades (elas estavam expressas na lei):
Pelo que consta nos artigos 932, 933 e 936 do CC/02, as antigas hipóteses legais de culpa presumida foram
substituídas pela responsabilidade objetiva. Ou seja, não se cogita mais culpa presumida legal. Corroboram
essa tese os enunciados 451 e 452 da V jornada do Direito Civil. Além disso, a doutrina majoritária diz que a
súmula 341 do STF está cancelada – “é presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do
empregado ou preposto”.
451) Arts. 932 e 933. A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva ou
independente de culpa, estando superado o modelo de culpa presumida.
21
452) Art. 936. A responsabilidade civil do dono ou detentor de animal é objetiva, admitindo-se a excludente
do fato exclusivo de terceiro.3
457) Art. 944. A redução equitativa da indenização tem caráter excepcional e somente será realizada quando
a amplitude do dano extrapolar os efeitos razoavelmente imputáveis à conduta do agente.
458) Art. 944. O grau de culpa do ofensor, ou a sua eventual conduta intencional, deve ser levado em conta pelo
juiz para a quantificação do dano moral.
Em suma, a culpa concorrente e o fato concorrente da vítima são amplamente admitidos como atenuantes do
nexo de causalidade na responsabilidade objetiva, conduzindo à redução equitativa da indenização.
CC- Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção
entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.
Vejamos a explicação do STJ sobre o tema: “A aplicação irrestrita do princípio da reparação plena do dano pode
representar, em algumas situações, para o causador do evento danoso, conforme a aguda crítica de Geneviève
Viney, um autêntico inferno de severidade (enfer de severité). Se, na perspectiva da vítima, as vantagens da
consagração irrestrita do princípio são evidentes, na do agente causador do dano, a sua adoção plena e
absoluta pode constituir um exagero, conduzindo à sua ruína econômica em função de um ato descuidado
praticado em um momento infeliz de sua vida.” (SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Princípio da reparação
integral. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 84) STJ. Quarta Turma. REsp 1.127.913-RS, Rel. originário Min. Marco Buzzi,
Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 20/9/2012.
Desse modo, então, diante de circunstâncias excepcionais, em que um dano de elevada monta tenha sido
causada através de uma conduta culposa em reduzido grau, poder-se-ia aplicar tal teoria do inferno da
severidade, para fins de mitigar o princípio da reparação plena.
3
A seguinte assertiva foi considerada incorreta (TJPR – 2017): A responsabilização do dono de animal pelos danos por este
ocasionados a terceiros decorre do instituto da culpa presumida.
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I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins
de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou
força maior.
Obs.: Graduação da culpa e valor indenizatório (quantum debeatur). Arts. 944 e 945.
Dolo ou culpa grave = reparação integral.
Culpa leve ou levíssima = redução equitativa da indenização.
Culpa, fato ou risco concorrente da vítima (contribuição causal da vítima) = redução equitativa.
GRAU DE CULPA é a medida de acordo com a gravidade/intensidade da desídia. Tanto a doutrina quanto a
jurisprudência tendem a equiparar a CULPA GRAVE e o DOLO, trata-se de uma desídia severa, fora do comum.
Nesse caso, há reparação integral (assim como na hipótese de dolo), desde que não haja culpa concorrente da
vítima ou de terceiro. Conclui-se, então, que a indenização será fixada de acordo com o GRAU DE CULPA, de
modo que o dolo (que tem o mesmo tratamento que a culpa grave/gravíssima) leva à reparação integral. Do
latim: culpa lata dolus equiparatur.
*#IMPORTANTE!! Diante de sentença penal condenatória que tenha reconhecido a prática de homicídio
culposo, o juízo cível, ao apurar responsabilidade civil decorrente do delito, não pode, com fundamento na
concorrência de culpas, afastar a obrigação de reparar, embora possa se valer da existência de culpa
concorrente da vítima para fixar o valor da indenização. STJ. 4ª Turma. REsp 1.354.346-PR, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 17/9/2015 (Info 572).
23
A CULPA LEVE (culpa média) é a tradicional, o dano poderia ser evitado se o agente agisse como o homem
médio (culpa in abstrato).
A CULPA LEVÍSSIMA é aquela na qual o dano somente poderia ter sido evitado com o cuidado acima do exigido
do homem médio, cautelas extraordinárias. Em regra é irrelevante, porque se responde com base na extensão
do dano. Ainda vale o brocardo in Lex Aquili et levíssima culpa venit. Normalmente, não se pode exigir das
pessoas o cuidado superior ao do homem médio, exceção é feita às pessoas com formação técnica específica,
assim, a CULPA LEVÍSSIMA está geralmente associada à imperícia.
Obs.: Os artigos 944 e 945 são aplicados para a responsabilidade objetiva? Depois de muita divergência foi
pacificado que SIM. Enunciado 459 da V Jornada: a conduta da vítima pode ser fator atenuante do nexo de
causalidade na responsabilidade objetiva. STJ (REsp 226.348) – caso de pingente de trem (pessoa que vai
pendurada no vagão. O maquinista consegue visualizá-lo, por isso a empresa responde). STJ diz que no caso
de surfista é culpa ou risco exclusivo da vítima. Ex.: REsp 1349594/SP – Responsabilidade concorrente do
banco (responsabilidade objetiva).
Pode haver REDUÇÃO EQUITATIVA OU PROPORCIONAL. Art. 944, Parágrafo único. Se houver excessiva
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
Inicialmente não poderia ser aplicada à responsabilidade objetiva, de acordo com entendimento insculpido no
Enunciado 46 do Conselho da Justiça Federal. No entanto, na IV Jornada de Direito Civil, mediante aprovação do
Enunciado nº 380, suprimiu-se a parte final do de número 46, permitindo-se aplicação aos casos de
responsabilidade objetiva.
O Enunciado 46 do CJF, no qual se entende que o art. 945 do CC não impede a aplicação da causalidade
adequada, nada mais significa que o valor da indenização deve ser adequado às condutas dos envolvidos.
O grau de culpa é assaz relevante ao domínio do dano moral, tendo em vista que não há propriamente um
ressarcimento no sentido estrito, mas uma reparação (compensação satisfativa).
É o elemento material da responsabilidade civil. É a relação de causa e efeito entre a conduta e o dano (Aguiar
Dias). O nexo de causalidade é como um cano virtual
CONDUTA DANO
Há, no entanto, fatores obstativos do nexo (rolhas no cano). Esses fatores obstam a responsabilidade subjetiva
ou objetiva.
O Prof. SILVIO NEVES BAPTISTA classifica as circunstâncias excludentes da responsabilidade civil do seguinte
modo:
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a. Excludente da causalidade: fato da vítima, fato de terceiro, caso fortuito e a força maior;
b. Excludentes da imputabilidade: menoridade e alienação mental do agente;
c. Excludentes da ilicitude: cumprimento do dever legal; exercício regular do direito; legítima defesa;
anuência da vítima e cláusula de não indenizar.
Pode romper o nexo de responsabilidade. A prova da culpa da vítima deve ser necessariamente feita pelo réu
(RESP 439.408/SP). Segundo Silvio Rodrigues, o aparente causador do dano é mero instrumento do acidente. A
boa técnica recomenda utilizar fato exclusivo da vítima, ao invés de culpa exclusiva. Deve-se falar em isenção
da responsabilidade do causador direto do dano, não se devendo tratar como ausência de culpa deste.
Totalmente estranho à relação jurídica. Ex.: acidente de automóvel causado pelo assaltante que levou o veículo
à mão armada.
Obs.: no transporte de pessoas, havendo acidente com passageiros, não poderá se alegar essa excludente, em
razão do imperativo legal do art. 735 CC. Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente
com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. Ex.: acidente da Gol. É o
que a doutrina chama de responsabilidade civil objetiva agravada, em razão da impossibilidade de alegação de
uma das excludentes. Transporte aéreo – a condição climática é fortuito interno.
*(Atualizado em 07/11/2020) O ato de vandalismo que resulta no rompimento de cabos elétricos de vagão
de trem não exclui necessariamente a responsabilidade da concessionária/transportador. Caso concreto: houve
uma explosão elétrica no vagão de trem durante o transporte, o que gerou tumulto e pânico entre os
passageiros. Essa explosão decorreu de ato de vandalismo. Mesmo que o dano tenha sido decorrente de uma
conduta de terceiro, persiste a responsabilidade da concessionária. Isso porque a conduta do terceiro, neste
caso, está inserida no risco do transportador, relacionando-se com a sua atividade. Logo, configura o chamado
fortuito interno, que não é capaz de excluir a responsabilidade. O contrato de transporte de passageiros envolve
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a chamada cláusula de incolumidade, segundo a qual o transportador deve empregar todos os expedientes que
são próprios da atividade para preservar a integridade física do passageiro, contra os riscos inerentes ao
negócio, durante todo o trajeto, até o destino final da viagem. Assim, o ato de vandalismo que resulta no
rompimento de cabos elétricos de vagão de trem não exclui a responsabilidade da
concessionária/transportadora, pois cabe a ela cumprir protocolos de atuação para evitar tumulto, pânico e
submissão dos passageiros a mais situações de perigo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.786.722-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 09/06/2020 (Info 673).
Há uma grande divergência sobre a diferença entre caso fortuito e força maior
1. Pontes de Miranda: sinônimos. Para o STJ, conforme o disposto no CC, e para autores como Arnoldo Wald
são sinônimos.
2. Orlando Gomes, Cavalieri, Stolze, Tartuce: Caso fortuito é o evento totalmente imprevisível e força maior é o
previsível, mas inevitável.
Obs.: Doutrina e jurisprudência têm relacionado o caso fortuito e a força maior ao risco do negócio ou do
empreendimento (tese de Agostinho Alvim, ressuscitada por Cavalieri), dividindo-os em eventos internos e
externos. CDC – foi onde começou.
Arts. 393 e 927. O caso fortuito e a força maior somente serão considerados como excludentes da
responsabilidade civil quando o fato gerador do dano não for conexo à atividade desenvolvida.
Eventos externos = estão fora do risco do negócio ou do empreendimento e, portanto, são caso fortuito
e força maior, excluindo a responsabilidade civil. Ex.: queda de um cometa no banco. FORTUIRO EXTERNO –
RISCOS ANORMAIS – os RISCOS ANORMAIS decorrentes do FORTUITO EXTERNO romperão o NEXO DE
CAUSALIDADE, não sendo possível o reconhecimento da responsabilidade. ex.: DOLO DE TERCEIRO.
Eventos internos = estão dentro do risco do negócio ou do empreendimento, não sendo caso fortuito
ou força maior, não excluindo a responsabilidade civil. RISCOS NORMAIS de um empreendimento – todos os
empreendimentos têm riscos. Ex.: acidente causado por CULPA DE TERCEIRO não afasta a responsabilidade de
contrato de transporte. Q motorista profissional que atropela pessoa – objetiva.
(2) Assalto a banco = evento interno. O banco responde pelo assalto até o seu estacionamento, conveniado ou
não. REsp. 402870/SP. Vítima saca grande quantia = culpa concorrente. Podia ter feito uma transferência. Por
fim, nos assaltos ocorridos em agências bancárias, vem-se entendendo que há dever de indenizar por parte da
instituição financeira, aplicando-se a teoria do risco, sendo objetiva a responsabilidade. (SÚMULA n. 479, STJ –
As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes
e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. Rel. Min. Luis Felipe Salomão, em
27/6/2012.)
*#IMPORTANTE #NAVIBEAJUDAMARCINHO
FORNECEDOR
SITUAÇÃO EXPLICAÇÃO
RESPONDE?
O roubo ou furto praticado contra instituição financeira
e que atinge o cofre locado ao cliente constitui risco
Furto ou roubo no cofre do banco
assumido pelo banco, sendo algo próprio da atividade
que estava locado para guardar SIM
empresarial, configurando, assim, hipótese de fortuito
bens de cliente.
interno, que não exclui o dever de indenizar (REsp
1250997/SP, DJe 14/02/2013).
Há responsabilidade objetiva do banco em razão do
Cliente roubado no interior da
SIM risco inerente à atividade bancária (art. 927, p. ún., CC e
agência bancária.
art. 14, CDC) (REsp 1.093.617-PE, DJe 23/03/2009).
Cliente roubado na rua, após sacar NÃO Se o roubo ocorre em via pública, é do Estado (e não do
29
banco), o dever de garantir a segurança dos cidadãos e
dinheiro na agência. de evitar a atuação dos criminosos (REsp 1.284.962-
MG, DJe 04/02/2013).
O estacionamento pode ser considerado como uma
Cliente roubado no
SIM extensão da própria agência (REsp 1.045.775-ES, DJe
estacionamento do banco.
04/08/2009).
Tanto o banco como a empresa de estacionamento tem
responsabilidade civil, considerando que, ao
oferecerem tal serviço especificamente aos clientes do
Roubo ocorrido no
banco, assumiram o dever de segurança em relação ao
estacionamento privado que é
público em geral (Lei 7.102/1983), dever este que não
oferecido pelo banco aos seus SIM
pode ser afastado por fato doloso de terceiro. Logo,
clientes e administrado por uma
não se admite a alegação de caso fortuito ou força
empresa privada.
maior já que a ocorrência de tais eventos são
previsíveis na atividade bancária (AgRg nos EDcl no
REsp 844.186/RS, DJe 29/06/2012).
Não haverá responsabilidade civil nem do banco nem
Cliente, após sacar dinheiro na da empresa privada de estacionamento.
agência, é roubado à mão armada A empresa de estacionamento se responsabiliza apenas
em um estacionamento privado NÃO pela guarda do veículo, não sendo razoável lhe impor o
que fica ao lado, mas que não tem dever de garantir a segurança e integridade física do
qualquer relação com o banco. usuário e a proteção dos bens portados por ele (REsp
1.232.795-SP, DJe 10/04/2013).
Constitui causa excludente da responsabilidade da
Passageiro roubado no interior empresa transportadora o fato inteiramente estranho
do transporte coletivo (ex.: ônibus, NÃO ao transporte em si, como é o assalto ocorrido no
trem, etc.). interior do coletivo (AgRg no Ag 1389181/SP, DJe
29/06/2012).
Tratando-se de postos de combustíveis, a ocorrência de
roubo praticado contra clientes não pode ser
enquadrado, em regra, como um evento que esteja no
Cliente roubado no posto de
rol de responsabilidades do empresário para com os
gasolina enquanto abastecia seu NÃO
clientes, sendo essa situação um exemplo de caso
veículo.
fortuito externo, ensejando-se, por conseguinte, a
exclusão da responsabilidade (REsp 1243970/SE, DJe
10/05/2012).
Roubo ocorrido em veículo sob a NÃO No serviço de manobrista em via pública não existe
30
exploração de estacionamento cercado com grades,
mas simples comodidade posta à disposição do cliente.
Logo, as exigências de garantia da segurança física e
guarda de vallet parking que fica
patrimonial do consumidor são menos contundentes do
localizado em via pública.
que aquelas atinentes aos estacionamentos de
shopping centers e hipermercados (REsp 1.321.739-SP,
DJe 10/09/2013).
Nas hipóteses de furto, em que não há violência,
Furto ocorrido em veículo sob a
permanece a responsabilidade, pois o serviço prestado
guarda de vallet parking que fica SIM
mostra-se defeituoso, por não apresentar a segurança
localizado em via pública.
legitimamente esperada pelo consumidor.
A ocorrência de roubo não constitui causa excludente
Furto ou roubo ocorrido em
de responsabilidade civil nos casos em que a garantia
veículo sob a guarda de vallet
SIM de segurança física e patrimonial do consumidor é
parking localizado dentro do
inerente ao serviço prestado pelo estabelecimento
shopping center.
comercial.
A ocorrência de roubo não constitui causa excludente
Tentativa de roubo ocorrida na de responsabilidade civil nos casos em que a garantia
cancela do estacionamento do SIM de segurança física e patrimonial do consumidor é
shopping center. inerente ao serviço prestado pelo estabelecimento
comercial (REsp 1269691/PB, DJe 05/03/2014).
(4) Ataque de psicopata a shopping = evento externo. O shopping não respondeu. Foi o caso do Mateus da
Costa Meira. REsp. 116.488-9/SP.
(5) Súmula 479. As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. Ou seja, todas as
fraudes bancárias são casos de eventos internos.
Estado de necessidade é uma excludente de ilicitude. É a agressão a um direito alheio, de VALOR IGUAL OU
INFERIOR àquele que se quer proteger, com o propósito de remover um estado de perigo. Mas se no atuar em
estado de necessidade o agente atingir terceiro inocente (que não tiver sido responsável pelo dano), deverá
indenizá-lo, com direito de regresso contra o causador do dano, na forma dos artigos 929 e 930.
Diferentemente, do estado de necessidade, na legítima defesa, o agente reage a uma agressão injusta, atual ou
iminente. Utilização de meios moderados e necessários. Se atinge um terceiro inocente, deverá indenizá-lo,
cabendo a regressão ao causador do dano, aplicando-se também os artigos 929 e 930.
LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA: há o dever de indenizar. Nesse caso haverá a EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE, mas
não da ANTIJURIDICIDADE.
f) Estrito cumprimento do dever legal e Exercício regular de direito (188, I, 2a parte, CC)
É óbvio que o estrito cumprimento do dever legal afasta a responsabilização, desde que não haja abuso.
g) Anuência da vítima
O consentimento da vítima pré-exclui, em geral, a responsabilidade civil do agente. Para que o consentimento
da vítima seja eficaz, é preciso que, além da capacidade do agente, o bem jurídico seja disponível.
Se a responsabilidade é objetiva agravada (“COM RISCO INTEGRAL”), ela subsiste, mesmo que esses fatores ( OU
AO MENOS OS TRÊS ÚLTIMOS) estejam presentes.
(E) não praticou ato ilícito, considerando ter atuado em estado de necessidade, mas, ainda que não tenha cometido ato
ilícito, assistirá direito a Maria de ser indenizada por Henrique.
Resposta: Alternativa “E”
32
HIPÓTESES:
o DANO AMBIENTAL;
o DANO NUCLEAR;
o DANO EM ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO COBERTO PELO DPVAT5;
o DANO NO ACIDENTE DE TRABALHO.
- nesse caso o nexo é denominado de NEXO DE ATRIBUIÇÃO.
- fundamento: necessidade da SOLIDARIZAÇÃO DA RESPONSABILIDADE.
a) Teoria sine qua non (teoria do histórico dos antecedentes) = todos os fatos correlatos, diretos e indiretos,
geram a responsabilidade civil. Não tem um limite. Foi criada para ampliar o nexo de causalidade. Não é a
adotada, obviamente. Leva a uma regressão infinita do nexo causal. Tal teoria não diferencia causa de
condição.
b) Teoria do dano direito e imediato (MAJORITÁRIA) = foi adotada pelo código no art. 403. Somente são
reprováveis os danos que diretamente resultarem da conduta do ofensor, admitindo-se excludente de nexo.
Segundo Tepedino, julgados do STJ e STF afirmam que essa foi a teoria adotada. Essa teoria trabalha mais com o
tudo ou nada (cigarro). (Teoria da interrupção do nexo causal): Artigo 403, CC - Ainda que a inexecução resulte
de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela
DIRETO E IMEDIATO, sem prejuízo do disposto na lei processual. É a teoria do código (Pablo Stolze e Gustavo
Tepedino). Somente devem ser reparados os danos que decorrem como efeitos necessários da conduta do
agente. Seguida amplamente no STF. De acordo com essa teoria, rompe-se o nexo causal não só quando o
credor ou terceiro é autor da causa próxima do dano, mas, ainda, quando tal é fato natural. Portanto, causa
superveniente rompe o nexo causal anterior, ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor. A
jurisprudência e doutrina vêm entendendo ser esta última teoria adotada pelo Código Civil. Há julgados em
ambos os sentidos no STJ.
5
O Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por veículos automotores de via terrestre (DPVAT) não cobre os danos
de acidente ocasionado por trem. STJ. 3ª Turma. REsp 1.285.647-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 12/04/2016
(Info 582).
33
c) Teoria da causalidade adequada = copiado do Código Civil Italiano. Virou uma miscelânea. Também foi
adotada pelo CC nos artigos 944 e 945. Por essa teoria, a responsabilidade civil e a indenização devem ser
fixadas de acordo com a contribuição causal dos envolvidos (agente causador do dano, vítima e eventual
terceiro). Afasta a ideia do tudo ou nada. Cavalieri, Enunciado 47 (o art. 945 não exclui a teoria da causalidade
adequada, de modo que não afasta a investigação de fatos que obstam o nexo de causalidade) e Tartuce
acreditam que essa foi a adotada. STF e STJ também têm alguns julgados nesse sentido. Teoria que procura
distinguir causa de condição. Somente o fato relevante ao evento danoso gera a responsabilidade civil,
devendo a indenização ser adequada aos fatos que a envolvem. Não deve ser levada em conta, tão somente, a
causa, em concreto, mais apta a ocasionar o dano, devendo-se apurar a causa que abstratamente era
adequada a produzir aquele efeito. É relevante quando há causas concomitantes. Cabe ao juiz emitir seu juízo
acerca da idoneidade de cada condição.
OBS.: Há uma sutil diferença entre as teorias, eis que a causalidade adequada valoriza mais a concausalidade, os
fatos concorrentes e o grau de culpa dos envolvidos. Por outra via, para a teoria do dano direto imediato
ganham relevo as excludentes totais de responsabilidade.
Objetivo da alteração do conectivo [OU E]: a mera VIOLAÇÃO DE UM DIREITO não gera a OBRIGAÇÃO DE
INDENIZAR.
No âmbito do ilícito civil, não há nada similar às “normas de mera conduta” do direito penal: o dano é
ABSOLUTAMENTE IMPRESCINDÍVEL, e uma indenização sem dano importaria em enriquecimento sem causa.
Trata-se da lesão a um interesse jurídico, material ou moral. Não é qualquer tipo de dano que é indenizável.
Para que o dano seja indenizável, é preciso o preenchimento de 3 requisitos do dano indenizável:
(1) Atualidade: tal requisito deve ser reinterpretado, diante da necessidade de ser reconhecida a projeção do
dano;
(2) Subsistência do dano: se houve a atuação ilícita e o agente já reparou o dano, não há mais o que indenizar.
Critica-se o presente requisito porque inviabilizaria a reparação por lucros cessantes;
34
(3) Certeza do dano: o dano indenizável é um dano certo e exigível, não pode ser um dano abstrato ou
hipotético. O mero aborrecimento não justifica o dano. Veda-se a reparação dos danos hipotéticos ou
eventuais.
Nos termos do art. 403 do CC, são indenizáveis os danos diretos, ou seja, os danos causados à própria vítima do
fato lesivo.
DANO REFLEXO, DANO INDIRETO ou DANO EM RICOCHETE: tem base na doutrina francesa: prejuízo que atinge
indiretamente pessoa que não foi a vítima principal do ato ilícito. É indenizável, desde que seja demonstrado o
prejuízo à VÍTIMA INDIRETA.
É o elemento objetivo da responsabilidade civil. Há novos danos a cada dia e novas modalidades de dano. Há
duas grandes categorias de danos, com suas modalidades:
Atingem o patrimônio corpóreo de alguém. Como regra, devem ser provados, não havendo indenização no
caso de dano eventual (requisito da certeza do dano).
b) Lucros cessantes (negativos) = o que a pessoa razoavelmente deixou de lucrar. Está na moda cláusula em
contratos comerciais (sem ser de consumo) excluindo os lucros cessantes. Ex.1: (lucros cessantes) = morte de
acidente de trabalho. Art. 948.
Trata-se de um lucro frustrado, um dano potencial, ad futurum, o que deixará de receber em virtude do dano
positivo ou emergente; não é suficiente a simples possibilidade da realização de lucros, sendo fundamental a
35
probabilidade objetiva, que resulta do “curso normal das coisas”. Possui maior dificuldade de ser mensurado:
deve ser fixado segundo o PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE, levando-se em conta a CAUSALIDADE DIRETA E
IMEDIATA (art. 403, NCC)
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I – DANOS EMERGENTES no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da
família;
II – LUCROS CESSANTES (alimentos indenizatórios ou reparatórios – são devido aos dependentes do de cujus) na
prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da
vítima (conforme a tabela do IBGE).
Como calcula? Prova de sentença = Pega quanto o sujeito ganhava (3.000,00). 2/3 para gastar com a família
por mês. Calcula somando com 13º, FGTS, férias, horas extras. Multiplica esse valor pelos anos que ele iria
viver – morreu com 44. Viveria até 74 (IBGE) = 30 anos x o valor achado.
OBS.: Eventualmente, se a vítima faleceu após a idade limite de vida provável, faz-se um cálculo de sobrevida,
de acordo com as suas condições gerais, que pode variar de dois a cinco anos, ou até mais.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
*(Atualizado em 09/02/2023): A pensão por ato ilícito somente é devida quando o autor do fato causa a
morte ou a debilidade física da vítima. REsp 1.837.149-PR, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma,
por unanimidade, julgado em 22/11/2022, DJe 29/11/2022. (Info Ed. Esp.9- STJ)
O valor que seria objeto de mútuo, negado por força de inscrição indevida em cadastro de inadimplentes, não
pode ser ressarcido a título de dano emergente. Não há perda material efetiva pelo fato de ter sido negado
crédito ao consumidor. Dessa forma, o ressarcimento por dano emergente, neste caso, seria destituído de
suporte fático, consistindo a condenação, nessas condições, em verdadeira hipótese de enriquecimento ilícito.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.369.039-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 4/4/2017 (Info 602). No caso
concreto, o valor do financiamento bancário foi pedido pelo autor como sendo dano emergente. Entretanto, o
patrimônio da vítima antes e depois do ilícito não sofreu alteração. É certo que a inscrição indevida impediu que
o autor tivesse um ingresso de valores em sua conta (R$ 50 mil). No entanto, esse dinheiro não viria sem custos,
tendo ele que devolver a quantia ao banco futuramente, acrescida de juros e correção monetária.
Sem excluir outras reparações (e.g.: danos morais), a indenização consiste em (art. 948 do cc):
ii) prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, considerando a sua expectativa de vida.
Legitimados: o art. 948, II (PENSÃO ALIMENTÍCIA) traz hipótese de DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDA,
para os demais haverá a necessidade de se provar a dependência.
OBS.: se a vítima não tinha ganho fixo ou não foi possível prová-lo: indenização será arbitrada no valor de 1
SM.
Morte de filho:
FILHO MENOR: a jurisprudência entende que ainda que o filho fosse menor de idade,e não exercesse
trabalho remunerado, será DEVIDA a INDENIZAÇÃO. Surge a discussão de quando seria o INÍCIO DA
CONTAGEM, havendo entendimento pela idade de 14 ANOS, idade que o ordenamento constitucional permite
o trabalho como aprendiz (ART. 7º, XXXIII, CF/88)
"Esta Corte tem reconhecido, continuamente, o direito dos pais ao pensionamento pela morte de filho,
independente de este exercer ou não atividade laborativa, quando se trate de FAMÍLIA DE BAIXA RENDA, como
na hipótese dos autos" (REsp 1133105/RJ, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 15/12/2009,
DJe 18/12/2009).
Termo final: quando a VÍTIMA atingiria 65 ANOS, ou a SOBREVIDA daqueles a serem indenizados.
ATENÇÃO: STJ afastou a PRESUNÇÃO de que o TERMO INICIAL seria de 14 ANOS em um CASO CONCRETO em
que a vítima tinha 16 ANOS e NUNCA TERIA TRABALHADO. Nessa hipótese, foi considerada a idade de 18 ANOS
como termo inicial para a fixação da indenização.
(i) Até os 25 anos: 2/3 do SALÁRIO PERCEBIDO ou do salário mínimo (se não houver remuneração).
(ii) Após os 25 anos: 1/3 do SALÁRIO PERCEBIDO ou do SM. entendimento de que a partir dessa idade o
indivíduo constituiria sua família, passando a contribuir menos para a renda familiar.
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STJ: DIREITO CIVIL. VALOR DA PENSÃO MENSAL INDENIZATÓRIA DEVIDA AOS PAIS PELA MORTE DE FILHO
MENOR. A pensão mensal indenizatória devida aos pais pela morte de filho menor deve ser fixada em valor
equivalente a 2/3 do salário mínimo, dos 14 até os 25 anos de idade da vítima, reduzido, então, para 1/3 até a
data em que o de cujus completaria 65 anos. Precedentes citados: AgRg no REsp 686.398-MG, Terceira Turma,
DJe 18/6/2010, AgRg no Ag 1.132.842-RS, Quarta Turma, DJe 20/6/2012. REsp 1.279.173-SP, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julgado em 4/4/2013.
SÚMULA 491, STF: É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho
remunerado.
Crítica da doutrina da época: o STF mascarou o reconhecimento POR VIA TRANSVERSA de um DANO MORAL.
Os pais não dependem do filho que não está trabalhando. Nesses casos não interessa se é POBRE ou RICO, os
pais sempre terão indenização por dano moral.
MORTE DOS PAIS – CESSA AOS 25 ANOS. (recebem até terminar o curso superior)
STJ tem farta jurisprudência que fixa a data limite ao recebimento de pensão concedida a filhos por morte de
ascendente no momento em que aqueles completam 25 anos de idade.
*#ATENÇÃO: A Súmula 229 do STF que aferia que “a indenização acidentária não exclui o direito comum
(responsabilidade civil)” foi SUPERADA. Entende-se, atualmente, que independe do grau de culpa do
empregador!
Confiram os comentários do próprio STF:
● Superação da Súmula 229: Responsabilização do empregador independente do grau de culpa
38
"O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE - Surgiu [a responsabilidade do empregador], com a Constituição
de 88, em matéria de culpa. Em matéria de dolo já era assim ou de culpa grave, segundo súmula do Supremo
Tribunal.
[...]
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE - A única diferença, em que a Constituição realmente inovou, foi
para subtrair o adjetivo 'grave' da culpa do empregador que levava a responsabilidade do direito comum.
[...]
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE - O problema é absolutamente acadêmico. A inovação foi a
responsabilidade do empregador qualquer que seja o grau de sua culpa.
[...]
O SENHOR MINISTRO NELSON JOBIM (PRESIDENTE) - [...] não se perquire a existência de culpa, de dolo ou de
responsabilidade de qualquer natureza do empregador. Indeniza-se pelo fato do acidente, e os cálculos todos
são feitos através de perícias, redução de mão-de-obra etc. (RE 438639, Tribunal Pleno, debates, julgamento em
9.3.2005, DJe de 5.3.2009)
Cabem no caso de morte de filho menor que não trabalhava, somente no caso de famílias de baixa renda.
Súmula 491 STF. Como calcula aqui? Prova de sentença. 2/3 do que ele ganharia dos 14 aos 25 anos + 1/3 dos
25 até idade em que os pais morrerem.
Pode ser pago mês a mês ou de uma vez. É uma faculdade. STJ esse ano decidiu que tem que ser mês a
mês.
“Outro ponto a ser abordado é que, em alguns casos, o próprio Superior Tribunal de Justiça tem quebrado a
regra de que a indenização deve ser fixada tendo como parâmetro a vida provável da vítima falecida. Imagine-se
um caso em que o filho dependente tem 17 anos, enquanto o pai falecido, 52 anos. Ora se for levada em conta a
vida provável daquele que faleceu, o filho receberá uma indenização a título de lucros cessantes até a idade de
37 anos, ou seja, quando o pai completasse 72 anos. Isso é inconcebível diante de um Código Civil que veda o
enriquecimento sem causa e prega a eticidade. Desse modo, correto o entendimento que fixa a indenização
tendo como parâmetro a idade de 24 ou 25 anos do filho, limite correto da relação de dependência (nesse
sentido, ver: STJ, REsp 275.274/MG, Data da decisão: 17.04.2001, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ
03.09.2001, p. 220)”.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se
lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até
ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou
da depreciação que ele sofreu.
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Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.
Nos casos de responsabilidade civil derivada de incapacitação para o trabalho (art. 950 do CC), a vítima não tem
o direito absoluto de que a indenização por danos materiais fixada em forma de pensão seja arbitrada e paga de
uma só vez. O juiz é autorizado a avaliar, em cada caso concreto, se é conveniente ou não a aplicação da regra
que estipula a parcela única (art. 950, parágrafo único, do CC), STJ. 3ª Turma. REsp 1.349.968-DF, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/4/2015 (Info 561).
Critério para definir a extensão do dano patrimonial: TEORIA DA DIFERENÇA – Trata-se de critério para a
definição do valor da indenização devida: "Tradicionalmente, define-se dano patrimonial como a diferença
entre o que se tem e o que se teria, não fosse o evento danoso. A assim chamada ‘Teoria da Diferença’, devida
à reelaboração de Friedrich Mommsen, converteu o dano numa dimensão matemática e, portanto, objetiva e
facilmente calculável" (Maria Celina Bodin, 2003, p. 143).
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
INFORMATIVO 578/STJ: O fato de a vítima de ato ilícito com resultado morte possuir, na data do óbito, idade
superior à expectativa média de vida do brasileiro não afasta o direito de seu dependente econômico ao
recebimento de pensão mensal, que será devida até a data em que a vítima atingiria a expectativa de vida
prevista na tabela de sobrevida (Tábua Completa de Mortalidade) do IBGE vigente na data do óbito,
considerando-se, para os devidos fins, o gênero e a idade da vítima. STJ. 3ª Turma. REsp 1.311.402-SP, Rel. Min.
João Otávio de Noronha, julgado em 18/2/2016 (Info 578).
- Na jurisprudência nacional, é assente o entendimento de que, nos casos em que há acidente com morte, cabe,
como forma de reparar o dano material sofrido, entre outras medidas, a fixação de pensão mensal a ser paga ao
dependente econômico da vítima. Nos casos em que a vítima é jovem, a orientação do STJ é a de que referida
obrigação deve perdurar até a data em que a vítima vier a atingir a idade correspondente à expectativa média
de vida do brasileiro na data do óbito. No entanto, este mesmo critério não pode ser utilizado como forma de
obstar (negar) o direito daquele que é dependente econômico de vítima cuja idade era superior à expectativa
média de vida do brasileiro na data do falecimento, na medida em que representaria a adoção do entendimento
segundo o qual, quando a vítima tivesse superado a expectativa média de vida do brasileiro, o seu dependente
econômico direto simplesmente não teria direito ao ressarcimento material representado pelo pensionamento,
o que não seria razoável. O direito à pensão mensal surge exatamente da necessidade de reparação por dano
material decorrente da perda de ente familiar que contribuía com o sustento de quem era economicamente
dependente até o momento do óbito. Nesse contexto, o fato de a vítima já ter ultrapassado a idade
correspondente à expectativa média de vida do brasileiro, por si só, não é óbice ao deferimento do benefício,
pois muitos são os casos em que referida faixa etária é ultrapassada. Em outras palavras, esta é uma tabela de
expectativa de vida, mas não significa que a pessoa não possa viver mais que isso.
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INFORMATIVO 568 – STJ: Determinado indivíduo, que era soldado do Exército, foi atropelado e, em virtude do
acidente, ficou com deficiência em uma das pernas, sendo desligado das Forças Armadas. O juiz condenou a
empresa causadora do dano a pagar, dentre outras verbas, pensão vitalícia mensal no valor equivalente a 100%
do último soldo recebido pela vítima como soldado do Exército, nos termos do art. 950 do CC. A empresa
recorreu contra a sentença sustentando que o encurtamento parcial da perna não impede que o lesado exerça
outras profissões ou até mesmo outras atividades no próprio Exército, de natureza administrativa e burocrática.
Assim, deveria ser excluída a condenação ao pagamento da pensão de que trata o art. 950 do CC. Esse
argumento foi acolhido? NÃO. O fato de se poder presumir que a vítima ainda tenha capacidade laborativa
para outras atividades, diversas daquela exercida no momento do acidente, não exclui, por si só, o
pensionamento civil de que trata o art. 950 do CC, considerando que deve ser observado o princípio da
reparação integral do dano. Outro argumento da empresa foi o de que seria exorbitante fixar a pensão em
100% do último soldo recebido pelo autor. Essa alegação foi aceita? NÃO. A pensão civil incluída em
indenização por debilidade permanente de membro inferior causada a soldado do Exército Brasileiro por
acidente de trânsito pode ser fixada em 100% do soldo que recebia quando em atividade. A pensão
correspondente ao soldo integral que o soldado recebia na ativa repara de forma correta o gravíssimo dano por
ele sofrido, devendo, portanto, tal montante ser mantido com amparo no princípio da reparação integral do
dano. STJ. 3ª Turma. REsp 1.344.962-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/8/2015 (Info 568).
- Assim, a orientação jurisprudencial do STJ é no sentido de que a vítima do evento danoso – que sofre redução
parcial e permanente da capacidade laborativa – tem direito ao pensionamento previsto no art. 950 do CC,
independentemente da existência de capacidade para o exercício de outras atividades, em face do maior
sacrifício tanto na busca de um emprego quanto na maior dificuldade na realização do serviço (STJ. 2ª Turma.
REsp 1.269.274/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 4/12/2012).
É o prejuízo que afeta o ÂNIMO PSÍQUICO, MORAL e INTELECTUAL da vítima, um dano que ocasiona um
DISTÚRBIO ANORMAL da vida do indivíduo. SÉRGIO CAVALIERI FILHO: “É a reação psicológica que a pessoa
experimenta em razão de uma agressão a um bem integrante de sua personalidade, causando-lhe vexame,
sofrimento, humilhação e outras dores do espírito.” É a dor causada em alguma pessoa que representa uma
violação a um DIREITO INERENTE À PERSONALIDADE.
Para o STJ, “só se deve reputar como dano moral a dor, o vexame, o sofrimento ou mesmo a humilhação que,
fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, chegando a
causar-lhe aflição, angústia e desequilíbrio em seu bem estar.” (STJ, REsp 1234549/SP, Rel. Ministro MASSAMI
UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/12/2011, DJe 10/02/2012). Meros aborrecimentos e dissabores da
vida quotidiana não ensejam compensação por danos morais.
41
TRF5: “O dano moral caracteriza-se pela ofensa aos direitos da personalidade do indivíduo, insuscetíveis de
avaliação pecuniária. Apesar de sua subjetividade, não deve ser confundido com um mero aborrecimento,
irritação, dissabor ou mágoa, pois só se caracteriza quando configurado efetivo abalo à imagem ou à honra do
indivíduo, ou quando a dor, o vexame, o sofrimento ou a humilhação foge da realidade de tal forma que chegue
a interferir intensamente em seu comportamento psicológico, causando-lhe aflições, angústias e desequilíbrio
em seu bem estar.” (TRF5, PROCESSO: 00011361220104058308, AC559206/PE, RELATOR: DESEMBARGADOR
FEDERAL EMILIANO ZAPATA LEITÃO (CONVOCADO), Quarta Turma, JULGAMENTO: 23/07/2013, PUBLICAÇÃO:
DJE 26/07/2013 - Página 235)
Súmula 37, STJ: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
*#OUSESABER: É possível que um ente público seja indenizado por danos morais?
Consoante entendimento do STJ, manifestado no REsp 1.258.398-PA, não há a possibilidade de se conceder
danos morais para pessoas jurídicas de direito publico. Caso se permitisse, seria uma subversão da própria
essência dos direitos fundamentais, um garantia do particular em face do estado, e não o contrário.
Assim, teríamos uma confusão/paradoxo se ter na mesma pessoa idêntica posição jurídica de titular ativo ou
passivo, credor e devedor dos direitos fundamentais.
A doutrina e jurisprudência apenas têm reconhecido às pessoas jurídicas de direito público direitos
fundamentais de caráter processual ou relacionados à proteção constitucional da autonomia, prerrogativas ou
competências de entidades e de órgãos públicos, ou seja, direitos que, per si, são oponíveis ao estado e não ao
particular.
Por último, a própria razão para admissão dos danos morais em face de pessoa jurídicas de direito privado aqui
não se justifica – que seria resguardar a credibilidade mercadológica ou reputação negocial da empresa.
*(Atualizado em 14/12/2021) Dano moral em caso de atraso no voo que fez com que o passageiro, menor de
idade viajando sozinho, ficasse muitas horas no aeroporto esperando e ainda fosse direcionado para cidade
diferente do destino original. É cabível dano moral pelo defeito na prestação de serviço de transporte aéreo
com a entrega de passageiro menor desacompanhado, após horas de atraso, em cidade diversa da previamente
contratada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.733.136-RO, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 21/09/2021
(Info 711).
*(Atualizado em 20/05/21)
Pessoa jurídica de direito público tem direito à indenização por danos morais relacionados à violação da
honra ou da imagem, quando a credibilidade institucional for fortemente agredida e o dano reflexo sobre os
demais jurisdicionados em geral for evidente. Imagine que um particular profere palavras ofensivas contra a
administração pública. A pessoa jurídica de direito público terá direito à indenização por danos morais sob a
alegação de que sofreu violação da sua honra ou imagem? NÃO. Em regra, pessoa jurídica de direito público
42
não pode pleitear, contra particular, indenização por dano moral relacionado à violação da honra ou da
imagem. Nesse sentido: REsp 1.258.389/PB, REsp 1.505.923/PR e AgInt no REsp 1.653.783/SP. Suponha,
contudo, que uma autarquia foi vítima de grande esquema criminoso que desviou vultosa quantia e gerou
grande repercussão na imprensa, acarretando descrédito em sua credibilidade institucional. Neste caso, os
particulares envolvidos poderiam ser condenados a pagar indenização por danos morais à autarquia? SIM.
Pessoa jurídica de direito público tem direito à indenização por danos morais relacionados à violação da
honra ou da imagem, quando a credibilidade institucional for fortemente agredida e o dano reflexo sobre os
demais jurisdicionados em geral for evidente. Nos três julgados acima mencionados nos quais o STJ negou
direito à indenização, o que estava em jogo era a livre manifestação do pensamento, a liberdade de crítica dos
cidadãos ou o uso indevido de bem imaterial do ente público. No caso concreto é diferente. A indenização está
sendo pleiteada em razão da violação à credibilidade institucional da autarquia que foi fortemente agredida em
razão de crimes praticados contra ela. STJ. 2ª Turma. REsp 1722423-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
24/11/2020 (Info 684).
*#FICADEOLHO: A Súmula 403 do STJ é inaplicável às hipóteses de divulgação de imagem vinculada a fato
histórico de repercussão social. Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação
não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.
*(Atualizado em 09/10/2022) #DEOLHONAJURIS #STJ - A utilização de fotografias que servirem tão somente
para ilustrar matéria jornalística sobre fato ocorrido e narrado pelo ponto de vista do repórter não constitui,
per se, violação ao direito de preservação de imagem ou de vida íntima e privada de outrem, não havendo
que se falar em causa para indenização por danos morais. A análise acerca da ocorrência de abuso no exercício
da liberdade de expressão a ensejar reparação por dano moral deve ser feita no caso concreto, pois, em tese,
sopesados os valores em conflito, é recomendável que se dê primazia à liberdade de informação e de crítica,
como decorrência da vida em um Estado Democrático. De acordo com a jurisprudência deste Tribunal Superior,
publicações que narrem fatos verídicos ou verossímeis, embora eivados de opiniões severas, irônicas ou
impiedosas, a princípio, não configuram ato ilícito. A notícia veiculada na revista expressa o pensamento da
repórter sobre fato ocorrido durante a cobertura de evento do qual participavam vários famosos, o que, a toda
evidência, gera o interesse do público que consome esse tipo de notícia. Nessa perspectiva, apesar da utilização
de opiniões severas e irônicas, a publicação narrou fato ocorrido e que, inclusive, estava sendo apurado
criminalmente pela autoridade policial, de modo que sua divulgação, ainda que somente sob o ponto de vista de
uma das partes, não demonstra, inequivocamente, o intuito de difamar, injuriar ou caluniar a pessoa. Isso
porque "A liberdade de informação diz respeito a noticiar fatos, e o exercício desse direito apenas será digno de
proteção quando presente o requisito interno da verdade, pela ciência da realidade, que não se exige seja
absoluta, mas aquela que se extrai da diligência do informador, a quem incumbe apurar de forma séria os fatos
que pretende tornar públicos" (REsp 1.897.338/DF, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em
24/11/2020, DJe de 05/02/2021). Com base nessas considerações, conclui-se, portanto, que a utilização de
43
fotografias serviu tão somente para ilustrar a matéria jornalística sobre fato ocorrido e narrado pelo ponto de
vista da repórter, e de interesse do público-alvo do veículo de comunicação, tratando-se, na hipótese, de
exercício regular do direito de informação, de modo que não constitui, per se, violação ao direito de
preservação de sua imagem ou de sua vida íntima e privada, não havendo que se falar em causa para
indenização por danos patrimoniais ou morais à imagem (STJ, Processo em segredo judicial, Rel. Min. Raul
Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 23/08/2022, DJe 31/08/2022, Info. 748).
a) Conceito:
São lesões aos direitos da personalidade (MAJORITÁRIO). Atingem tanto a pessoa natural quanto a pessoa
jurídica – somente quanto à honra objetiva. (Súmula 227, STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral).
ATENÇÃO: no dano moral não há necessariamente a presença de sentimentos humanos desagradáveis como
dor, tristeza, amargura e depressão. Um exemplo disso é o dano moral à pessoa jurídica.
Deve-se utilizar o termo reparação dos danos e não ressarcimento. Não há um preço para a dor.
DANO MORAL X PESSOA JURÍDICA: O direito à indenização INDEPENDERÁ da existência ou não de fins
lucrativos.
STJ: Pessoa jurídica tem de comprovar dano moral para receber indenização (ou seja, não é dano in re ipsa, ao
contrário do que se tem entendido para pessoas naturais): “1. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral desde
que haja ferimento à sua honra objetiva, ao conceito de que goza no meio social. 2. O mero corte no
fornecimento de energia elétrica não é, a principio, motivo para condenação da empresa concessionária em
danos morais, exigindo-se, para tanto, demonstração do comprometimento da reputação da empresa.” (STJ,
REsp 1298689/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/04/2013, DJe 15/04/2013)
O mesmo vale para os casos de danos morais indiretos, reflexos ou por ricochete: “Não obstante, no que tange
ao dano moral indireto, tal presunção não é aplicável, uma vez que o evento danoso direcionou-se a outrem,
causando a este um prejuízo direto e presumível. A pessoa jurídica foi alcançada acidentalmente, de modo que
é mister a prova do prejuízo à sua honra objetiva, o que não ocorreu no caso em julgamento, conforme
consignado no acórdão recorrido, mormente porque a ciência acerca da negação do empréstimo ficou adstrita
aos funcionários do banco.” (STJ, REsp 1022522/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 25/06/2013, DJe 01/08/2013)
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ENUNCIADO 189 – JORNADAS CJF 189 – Art. 927: Na responsabilidade civil por dano moral causado à pessoa
jurídica, o fato lesivo, como dano eventual, deve ser devidamente demonstrado.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #IMPORTANTE: Não se admite que o dano moral de pessoa jurídica seja
considerado como in re ipsa, sendo necessária a comprovação nos autos do prejuízo sofrido. Apesar disso, é
possível a utilização de presunções e regras de experiência para a configuração do dano, mesmo sem prova
expressa do prejuízo, o que sempre comportará a possibilidade de contraprova pela parte ou de reavaliação
pelo julgador. Ex: caso a pessoa jurídica tenha sido vítima de um protesto indevido de cambial, há uma
presunção de que ela sofreu danos morais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.564.955-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 06/02/2018 (Info 619). #CUIDADO: existem julgados em sentido contrário, ou seja, dizendo que pessoa
jurídica pode sofrer dano moral in re ipsa. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1327773/MG, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 28/11/2017 (Info 619).
*(Atualizado em 01.07.2020): #ATENÇÃO #PROTESTOINDEVIDO: CONFIGURAÇÃO DE DANO IN RE IPSA EM
RELAÇÃO À PESSOA JURÍDICA. OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. VIOLAÇÃO À COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
REVISÃO DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. NÃO OCORRÊNCIA. AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. Cuidando-se de protesto indevido de título ou inscrição irregular em cadastro de
inadimplentes, conforme expressamente reconhecido pelo Tribunal a quo, o dano moral, ainda que a
prejudicada seja pessoa jurídica, configura-se in re ipsa, rescindindo, portanto, de prova. Precedentes. 2. O
relator está autorizado a decidir monocraticamente recurso que for contrário a jurisprudência dominante
(Súmula 568/STJ). Além disso, eventual nulidade da decisão singular fica superada com a apreciação da matéria
pelo órgão colegiado por ocasião do agravo interno. 3. A obtenção das circunstâncias necessárias ao
conhecimento do recurso a partir do delineamento fático do acórdão recorrido não implica reexame fático-
probatório vedado pela Súmula 7/STJ. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no REsp 1828271/RS,
Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 18/02/2020, DJe 12/03/2020)
*#OUSESABER: Segundo STJ, é cabível a pretensão de indenização por dano moral em favor de pessoa jurídica
de direito público contra particular, em virtude, por exemplo, de notícia difamatória veiculada em jornal de
grande circulação relacionada à gestão do ente público. Certo ou errado? Errado! Segundo o STJ, a indenização
por dano moral foi alçada à categoria de direito fundamental com a CF/88, cuja noção tradicional era destinada
a proteger os indivíduos contra ataques do Estado. Os direitos do Estado em face dos indivíduos teriam por
objetivo melhorar a qualidade de vida da sociedade. Para a Corte, “de modo geral, a doutrina e jurisprudência
nacionais só têm reconhecido às pessoas jurídicas de direito público direitos fundamentais de caráter processual
ou relacionados à proteção constitucional da autonomia, prerrogativas ou competência de entidades e órgãos
públicos, ou seja, direitos oponíveis ao próprio Estado e não ao particular” (REsp 1258389/PB, DJe 15/04/2014).
Assim, uma pessoa jurídica de direito público não pode pleitear danos morais em face de um particular.
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*#DEOLHONAJURIS DIZERODIREITO #STJ: Na hipótese de atraso de voo, não se admite a configuração do dano
moral in re ipsa. STJ. 3ª Turma. REsp 1.584.465-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/11/2018 (Info
638).
b) Classificação:
Ex1.: Morte de pessoa da família ou uso indevido de imagem com fins econômicos. Súmula 403, STJ: Independe
de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos
ou comerciais.
Ex2.: A conduta de um adulto que pratica agressão verbal ou física contra criança ou adolescente configura
elemento caracterizador da espécie do dano moral in re ipsa. A Constituição Federal e o Estatuto da Criança e
do Adolescente introduziram na nossa cultura jurídica uma nova percepção, inspirada pela concepção da criança
e do adolescente como sujeitos de direitos e cuidados especiais. O art. 227 da CF/88 determina como dever da
família, da sociedade e do Estado “assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. A Lei nº 8.069/90 (ECA) estabelece, em
seu art. 17, que “o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da
criança e do adolescente”. Assim, é assegurada a primazia do interesse das crianças e dos adolescentes, com a
proteção integral dos seus direitos. Diante disso, conclui-se que a agressão, verbal ou física, de um adulto contra
uma criança ou adolescente, gera dano moral independentemente de prova e caracteriza atentado à dignidade
dos menores. STJ. 3ª Turma. REsp 1.642.318-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 7/2/2017 (Info 598).
Ex3.: As ofensas generalizadas proferidas por cantora contra policias militares que realizavam a segurança do
show atingem, de forma individualizada, cada um dos integrantes da corporação que estavam de serviço no
evento e caracterizam dano moral in re ipsa, devendo a artista indenizar cada um dos policiais que trabalhavam
no local. STJ. 3ª Turma. REsp 1.677.524-SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/8/2017 (Info 609).
* #OLHAOGANCHO² #IMPORTANTE: O uso indevido da marca acarreta dano material uma vez que a própria
violação do direito revela-se capaz de gerar lesão à atividade empresarial do titular. O uso indevido da marca
provoca desvio de clientela e confusão entre as empresas, acarretando indiscutivelmente dano material. Desse
modo, se ficar demonstrado o uso indevido de marca, o juiz deverá declarar a existência do dano (an debeatur).
O quantum debeatur, por sua vez, deverá ser apurado no âmbito da liquidação pelo procedimento comum, haja
vista a necessidade de comprovação de fatos novos, nos termos do art. 210 da LPI. Quanto ao prejuízo
extrapatrimonial, prevalece que o uso indevido da marca gera dano moral in re ipsa, ou seja, sua configuração
decorre da mera comprovação da prática de conduta ilícita - contrafação -, revelando-se desnecessária a
demonstração de prejuízos concretos ou a comprovação probatória do efetivo abalo moral. STJ. 4ª Turma. REsp
1.327.773-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/11/2017 (Info 619).
*#OUSESABER: É possível o reconhecimento de dano moral in re ipsa sofrido por pessoa jurídica?
Caros alunos, no informativo 619, o STJ reconheceu que “O dano moral sofrido pela pessoa jurídica não se
configura in re ipsa, o que não obsta, contudo, que sua comprovação ocorra por meio da utilização de
presunções e regras de experiência no julgamento da controvérsia”. Neste julgado, a Corte assentou que o dano
moral de pessoa jurídica não é idêntico àquele sofrido por um indivíduo, pois não envolve questões de natureza
biopsíquica e tampouco envolve a dignidade da pessoa humana. Logo, o dano moral sofrido pela pessoa jurídica
deve ser analisado, diante de cada caso concreto, não se podendo presumir a ocorrência dele. (REsp 1.564.955-
SP, )
“Segundo o art. 952 do CC, havendo usurpação ou esbulho de coisa alheia, além da sua restituição, a
indenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o que for devido a título de lucros cessantes.
Se a coisa faltar, o esbulhador deverá indenizar o prejudicado pelo valor correspondente à coisa perdida, tendo
em vista a eventual afeição que a pessoa possa ter pela coisa (valor de afeição). Esclarecendo, em havendo uma
coisa de alta estimação, caberá até eventual indenização por danos morais, havendo um dano em ricochete.
Como um animal de estimação é considerado coisa, tornou-se comum na jurisprudência a indenização por
danos imateriais diante de sua perda (ver: TJRS, Acórdão 70028983880, Horinzontina, 5.ª Câmara Cível, Rel. Des.
Leo Lima, j. 15.07.2009, DOERS 23.07.2009, p. 66 e TJRJ, Acórdão 21.748/2004, Rio de Janeiro, 9.ª Câmara Cível,
Rel. Des. Gilberto Dutra Moreira, j. 26.10.2004).”
c) Aprofundamentos
(1) O dano moral não se confunde com os meros aborrecimentos, transtornos que a pessoa sofre no seu dia a
dia. Enunciado 159 I Jornada de Direito Civil. Ex.: STJ – entendia que achar ‘corpo estranho’ em um produto
seria mero aborrecimento. Só haveria dano moral se o produto fosse ingerido. Há agora uma tendência de
mudança de entendimento, reconhecendo responsabilidade civil pelo perigo de dano, ou seja,
independentemente de ter consumido o produto.
Informativo 537: “A aquisição de produto de gênero alimentício (refrigerante) que tinha em seu interior um
corpo estranho, expondo o consumidor a risco concreto de lesão à sua saúde e segurança, dá direito à
compensação por dano moral mesmo não tendo havido a ingestão de seu conteúdo”. STJ. 3ª Turma. REsp.
1.424.304/SP. Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/3/2014.
“Em suma, o que se percebe é que a jurisprudência do STJ tem entendido que o descumprimento do contrato
que envolva valores fundamentais protegidos pela CF/1988 pode gerar dano moral presumido ou in re ipsa.
Além da tutela da saúde, mencionada acima, destaque-se decisão recente que entendeu do mesmo modo em
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negócio de incorporação imobiliária, presumindo o dano moral pelo longo tempo em que o adquirente ficou
sem o imóvel destinado para sua moradia. Enunciado n. 411: O descumprimento de um contrato pode gerar
dano moral, quando envolver valor fundamental protegido pela Constituição Federal de 1988”.
*#DIVERGÊNCIA #POLÊMICA:
Este tema é polêmico, pois, no final de 2014 e meados de 2015, o próprio STJ entendeu que a mera aquisição
(sem ingerir o alimento) do produto, não caracteriza dano moral. Vejamos os precedentes:
A simples aquisição de refrigerante contendo inseto no interior da embalagem, sem que haja a ingestão do
produto, NÃO é circunstância apta, por si só, a provocar dano moral indenizável. Se o consumidor adquiriu a
garrafa de refrigerante contendo o objeto estranho no seu interior, mas não ingeriu o seu conteúdo, não
houve sofrimento capaz de ensejar indenização por danos morais.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.395.647-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 18/11/2014 (Info 553).
STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 489.030/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/04/2015.
FATO DO PRODUTO. Para ocorrer a indenização por danos morais em função do encontro de corpo estranho
em alimento industrializado, é necessária a sua ingestão? A jurisprudência é dividida sobre o tema: • Ausente a
ingestão do produto considerado impróprio para o consumo em virtude da presença de corpo estranho, não se
configura o dano moral indenizável. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 489.030/SP, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 16/04/2015. • A aquisição de produto de gênero alimentício contendo em seu
interior corpo estranho, expondo o consumidor à risco concreto de lesão à sua saúde e segurança, ainda que
não ocorra a ingestão de seu conteúdo, dá direito à compensação por dano moral, dada a ofensa ao direito
fundamental à alimentação adequada, corolário do princípio da dignidade da pessoa humana. O simples ato de
“levar à boca” o alimento industrializado com corpo estranho gera dano moral in re ipsa, independentemente
de sua ingestão. Nesse sentido: STJ. 3ª Turma. REsp 1.644.405-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
09/11/2017 (Info 616). STJ. 3ª Turma. REsp 1.644.405-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/11/2017 (Info
616).
(*atualizado em 24/01/2023)
A aquisição de produto de gênero alimentício contendo em seu interior corpo estranho expõe o consumidor à
risco concreto de lesão à sua saúde e segurança, ainda que não ocorra a ingestão de seu conteúdo. Logo, isso
enseja o direito de o consumidor ser indenizado por danos morais, considerando que há ofensa ao direito
fundamental à alimentação adequada, corolário do princípio da dignidade da pessoa humana.
A simples comercialização de produto contendo corpo estranho possui as mesmas consequências negativas à
49
saúde e à integridade física do consumidor que sua ingestão propriamente dita.
Existe, no caso, dano moral in re ipsa porque a presença de corpo estranho em alimento industrializado excede
aos riscos comumente esperados pelo consumidor em relação a esse tipo de produto, caracterizando-se a
situação como um defeito do produto, a permitir a responsabilização do fornecedor.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.899.304/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/08/2021.
#AJUDAMARCINHO: Ao observar o inteiro teor dos julgados e os casos examinados, percebe-se a seguinte
distinção: • Se o consumidor encontra o corpo estranho sem ter comido nada do produto: não cabe danos
morais. • Se o consumidor encontra o corpo estranho após ter comido parte do produto: cabe danos morais,
mesmo que ele não tenha ingerido o corpo estranho. Vale ressaltar, contudo, que essa diferenciação não consta
de forma expressa nos julgados. Trata-se de uma constatação pessoal, razão pela qual deve-se ter cautela em
afirmar isso nos concursos públicos. Para fins de prova, é importante ficar com a redação literal das ementas,
conforme exposto acima.
(2) Perda do tempo útil. Ex.: STJ entende que esperar em fila de banco por mais de uma hora é perda do tempo
útil, dando ensejo ao dano moral.
(3) É possível o tabelamento do dano moral? NÃO! O STJ não admite tabelamento. INF 470 STJ. Há molduras,
parâmetros, mas tabelamento não. Maria Celina Bodin de Moraes – o dano moral deve ser na medida da
pessoa.
A apreciação da indenização do DANO MORAL deve ser realizada segundo as PECULIARIDADES DO CASO
CONCRETO. Tem natureza imaterial; logo, é INSUSCETÍVEL de avaliação pecuniária; daí por que o seu
ressarcimento não pode ser perfeito, integral. Outro aspecto que deve ser levado em conta no momento da
definição da indenização devida é a condição socioeconômica do causador do dano devendo ser definido valor
razoável, equânime e proporcional, mas que seja suficiente para dissuadir novas práticas nesse mesmo
sentido.
Na indenização por dano moral, não se trata de pagar o preço da dor, mas de uma satisfação em relação à
vítima e de uma expiação em relação ao autor da infração civil. O dano moral é convertido em pecúnia
atendendo ao duplo objetivo de compensar a vítima e aplicar ao ofensor uma pena. Nessa situação,
consideram-se a condição social da vítima e o grau de culpabilidade do agente.
Formas de reparação: no ressarcimento do dano moral poderá, às vezes, haver, ante a impossibilidade de
reparação, na restitutio in integrum, uma tentativa de atingir uma situação material correspondente. Todavia, a
reparação moral é, em regra, pecuniária, a fim de NEUTRALIZAR os sentimentos negativos, de mágoa,
angústia, dor, etc., pela superveniência de sensações positivas, de alegria, satisfação, pois ela possibilitaria ao
50
lesado algum prazer, que, em certa medida, poderia ATENUAR seu sofrimento. Todavia, deve-se atentar para
que tal quantia não venha a causar locupletamento sem causa ao lesado.
Funções da indenização decorrente do dano moral: Não tem apenas função SATISFATIVA, o ressarcimento
também tem função SANCIONATÓRIA (PENA PRIVADA).
MERAMENTE COMPENSATÓRIO: valor do DANO MORAL será aquele suficiente para COMPENSAR A
VÍTIMA PELO DANO CAUSADO. Adotado no NCC segundo Prof. Pablo Stolze Gagliano.
COMPENSATÓRIO + DESESTÍMULO AO LESANTE: o valor do DANO MORAL deverá não apenas
COMPENSAR O DANO sofrido pela vítima, mas também servir de DESESTÍMULO para que o lesante não volte a
praticar tal conduta – alguns juízes já aplicam tal sistemática. Esse posicionamento é recorrente na
jurisprudência do STJ. Observação feita por Pablo Stolze Gagliano: esse valor correspondente ao desestímulo
deveria ir para um fundo, e não para a vítima, sob pena de ser reconhecido um enriquecimento indevido.
PRINCÍPIOS BÁSICOS
1º) A reparação deve ser tal que represente uma punição ao infrator;
2º) A reparação deve ser tal que satisfaça a vítima, mas sem converter-se em fonte de lucro.
STJ já adotou um método bifásico para a valoração do quantum indenizatório: “Pelo método bifásico, fixa-se
inicialmente o valor básico da indenização, levando em conta a jurisprudência sobre casos de lesão ao mesmo
interesse jurídico. Assim, explicou o ministro, assegura-se ‘uma razoável igualdade de tratamento para casos
semelhantes’. Em seguida, o julgador chega à indenização definitiva ajustando o valor básico para mais ou
para menos, conforme as circunstâncias específicas do caso6”.
OBS.: Vale lembrar que a súmula 362 do STJ estabeleceu que a CORREÇÃO MONETÁRIA do valor da
indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento.
6
Disponível em: <http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=101710>.
51
- STF se manifestou pela IMPOSSIBILIDADE de tarifação do DANO MORAL em ACIDENTE AÉREO.
DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO. SALÁRIOS MÍNIMOS. A fixação do valor de indenização por danos morais pode
ser em salários mínimos, pois não há vedação legal; o que não é admitido é sua utilização como fator de
correção monetária. AgRg no REsp 959.072-MS, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 3/6/2008.
Pretende que o próprio legislador estabeleça um tabelamento ou limitação legal prévia da indenização devida
por dano moral. A antiga lei de imprensa estabelecia um teto máximo para indenizações.
52
(4) Critérios para quantificação – STJ:
- Parâmetros legais:
Extensão do dano. Ex. nº de vítimas. Art. 944 CC. Q- o cc 2002 introduziu regra geral segundo a qual é
possível ser afastado o consagrado princípio da restitutio in integrum, passando-se a considerar, em
determinadas hipóteses, não a extensão do dano, mas também a extensão da culpa. 46 – Art. 944: a
possibilidade de redução do montante da indenização em face do grau de culpa do agente, estabelecida no
parágrafo único do art. 944 do novo Código Civil, deve ser interpretada restritivamente, por representar uma
exceção ao 8 princípio da reparação integral do dano, não se aplicando às hipóteses de responsabilidade
objetiva.
Grau de culpa do agente e contribuição causal da vítima. Art. 944 e 945.
- Parâmetros jurisprudenciais:
É uma teoria muito aplicada nos EUA: A indenização tem um caráter punitivo, disciplinador (natureza de pena
privada). Tal caráter DISCIPLINADOR é de natureza meramente ACESSÓRIA (teoria do desestímulo mitigada).
Não há como atribuir à reparação moral uma natureza punitiva pura. Assim, esse caráter PEDAGÓGICO somente
é possível quando houver reparação (principal). Tal orientação tem imperado no STJ, que entende que o valor
do dano deve ter uma DUPLA FUNÇÃO, de REPARAR o dano, buscando minimizar a dor da vítima e PUNIR o
ofensor, para que não volte a reincidir.
7
*Atualizado em 05/07/2021 #JÁCAIU Esse tema foi cobrado na prova da DPERJ/2021:
A respeito do princípio da reparação integral, contido no Código Civil Brasileiro, é correto afirmar que:
(A) o ordenamento jurídico brasileiro, de lege lata, não admite a condenação a verba punitiva, seja como parcela do dano
moral, seja como verba autônoma;
(B) a gradação da culpa tem relevância para a configuração do ato ilícito na esfera civil, assim como no direito penal, cujo
caráter punitivo recomenda a análise da intensidade do desvio cometido pelo agente;
(C) o ordenamento jurídico brasileiro autoriza que o julgador fixe uma parcela autônoma de danos punitivos, que se
somarão às outras parcelas de danos verificados no caso concreto, para punir o ofensor nas hipóteses de danos causados
por culpa grave;
(D) o ordenamento jurídico brasileiro autoriza que o julgador fixe uma parcela autônoma de danos punitivos, que se
somarão às outras parcelas de danos verificados no caso concreto, para punir o ofensor nas hipóteses de danos causados
por dolo;
(E) a cumulação da função punitiva da responsabilidade civil com a função indenizatória é admissível, segundo o Código
Civil, desde que as parcelas indenizatórias sejam quantificadas de modo autônomo e individual.
Resposta: Alternativa “A”
53
A questão está prevista no Enunciado 379 do CJF: O art. 944, caput, do Código Civil não afasta a possibilidade
de se reconhecer a função punitiva ou pedagógica da responsabilidade civil. (Art. 944. A indenização mede-se
pela extensão do dano.)
O próprio STF já aplicou tal teoria: “RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PODER PÚBLICO – ELEMENTOS
ESTRUTURAIS. (...) – TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO. Fato danoso para o ofendido, resultante de atuação
de servidor público no desempenho de atividade médica. Procedimento executado em hospital público. Dano
moral. Ressarcibilidade. Dupla função da indenização civil por dano moral (reparação-sanção): a) caráter
punitivo ou inibitório (exemplara ou punitive damages) e b) natureza compensatória”. (STF, AI 455.846, Rel.
Min. Celso de Mello, Informativo 364)
TRF5 entende que a indenização por dano moral também deve observar critério punitivo-pedagógico: “A
indenização pelo dano moral deve ser assentada em vista da consideração conjunta, pelo Julgador, de vários
critérios: a situação econômico-social das partes (ofensor e ofendido), o abalo físico/psíquico/social sofrido, o
grau da agressão, a intensidade do dolo ou da culpa do agressor, a natureza punitivo-pedagógica do
ressarcimento, ou seja, quanto a este último, sua potencialidade no desencorajamento de condutas ofensivas
de igual natureza – a chamada "técnica do valor de desestímulo" como "fator de inibição a novas práticas
lesivas". (cf. STJ, REsp 355392/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. em 26.06.2002, publ. em DJ de 17.06.2002).”
(TRF5, PROCESSO: 00003768620124058310, APELREEX27912/PE, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL
FRANCISCO CAVALCANTI, Primeira Turma, JULGAMENTO: 15/08/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 22/08/2013 - Página
240)
*(Atualizado em 18/02/2023) #DEOLHONAJURIS A irresponsabilidade da imprensa ao exibir, em rede nacional,
programa que veicule matéria ofensiva à honra e à dignidade de cidadão enseja dano moral indenizável e este
deve ser suficiente para reparar o dano, servir de sanção da conduta praticada e coibir novos abusos.
Processo sob segredo de justiça, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, Rel. para acórdão Ministro João Otávio de
Noronha, Quarta Turma, por maioria, julgado em 22/11/2022, DJe 2/2/2023. (Info 762 - STJ)
Obs.: Ministro Paulo de Tarso Sanseverino no INF 470 criou o método bifásico. 1ª fase = juiz deve analisar
grupo de casos sobre a matéria. 2ª fase = aplica os critérios acima no caso concreto.
PROVA: não é possível exigir-se prova da dor; existe “in re ipsa” (decorre do próprio fato), com presunção
(relativa) de haver realmente atingido a vítima.
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O uso não autorizado da imagem de atleta em cartaz de propaganda de evento esportivo, ainda que sem
finalidade lucrativa ou comercial, enseja reparação por danos morais, independentemente da comprovação de
prejuízo. A obrigação da reparação pelo uso não autorizado de imagem decorre da própria utilização indevida
do direito personalíssimo. Assim, a análise da existência de finalidade comercial ou econômica no uso é
irrelevante. O dano, por sua vez, conforme a jurisprudência do STJ, apresenta-se in re ipsa, sendo
desnecessária, portanto, a demonstração de prejuízo para a sua aferição. REsp 299.832-RJ, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 21/2/2013.
LEGITIMIDADE PARA POSTULAR DANO MORAL: além da própria vítima direta, pode ser reconhecida a
legitimidade daqueles previstos no parágrafo único do art. 12 do CC, quando for caso da regra geral, ou
daqueles previstos no parágrafo único do art. 20, quando for alguma das hipóteses previstas no caput desse
dispositivo (ex.: utilização indevida da imagem).
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos,
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a
divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de
uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe
atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o
cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
a) Não há transmissão, mas se a vítima interpôs ação, os herdeiros podem continuar – não haveria transmissão
dos DANOS MORAIS. Para essa corrente não existe, pois, o JUS HEREDITATIS relativamente aos DANOS MORAIS,
tal como acontece com os danos puramente patrimoniais.
b) MAJORITÁRIA: há transmissão do direito à indenização desde que a vítima tenha sentido em vida a dor –
mesmo que o ofendido não tenha proposto a ação, seus herdeiros têm direito a fazê-lo. STJ já decidiu que o
direito de ação por dano moral é de natureza patrimonial e, como tal, transmite-se aos sucessores da vítima
(REsp 324886). Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
Mero inadimplemento contratual: embora o mero inadimplemento contratual não seja causa para ocorrência
de danos morais, é reconhecido o direito à compensação dos danos morais advindos da injusta recusa de
cobertura de seguro saúde, pois tal fato agrava a situação de aflição psicológica e de angústia no espírito do
segurado, uma vez que, ao pedir a autorização da seguradora, já se encontra em condição de dor, de abalo
psicológico e com a saúde debilitada. (STJ, REsp 1364775/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 20/06/2013, DJe 28/06/2013)
Ato ilícito com dano material – o dano moral não se caracteriza quando há mero aborrecimento inerente a
prejuízo material. Ex.: acidente que provoca apenas avarias no veículo.
Cfr. a questão dos presos, indiciados ou processados penalmente sem condenação futura: necessidade de
provar-se dolo, má-fé ou extrema leviandade dos agentes públicos; porém, a solução é diferente nos casos de
erro judiciário (CF/88, art. 5º, LXXV - cfr. STF, 1ª Turma, RE 505.393). Erro judiciário. Responsabilidade civil
objetiva do Estado. Direito à indenização por danos morais decorrentes de condenação desconstituída em
revisão criminal e de prisão preventiva. CF, art. 5º, LXXV. CPP, art. 630. 1. O direito à indenização da vítima de
erro judiciário e daquela presa além do tempo devido, previsto no art. 5º, LXXV, da Constituição, já era previsto
no art. 630 do CPP, com a exceção do caso de ação penal privada e só uma hipótese de exoneração, quando
para a condenação tivesse contribuído o próprio réu. 2. A regra constitucional não veio para aditar
pressupostos subjetivos à regra geral da responsabilidade fundada no risco administrativo, conforme o art.
37, § 6º, da Lei Fundamental: a partir do entendimento consolidado de que a regra geral é a
irresponsabilidade civil do Estado por atos de jurisdição, estabelece que, naqueles casos, a indenização é uma
garantia individual e, manifestamente, não a submete à exigência de dolo ou culpa do magistrado. 3. O art.
5º, LXXV, da Constituição: é uma garantia, um mínimo, que nem impede a lei, nem impede eventuais
construções doutrinárias que venham a reconhecer a responsabilidade do Estado em hipóteses que não a de
erro judiciário stricto sensu, mas de evidente falta objetiva do serviço público da Justiça.
56
DANO EXISTENCIAL: O dano existencial foi reconhecido em junho de 2013 pelo TST em relação a empregado
que deixou de gozar férias por cerca de dez anos, privando-se da convivência familiar e com amigos, o que
gerou danos a um dos aspectos da sua existência, como relações sociais e projetos de vida. “O dano
existencial ou a existencialidade teria todos os aspectos do dano moral, mas abriria uma nova vertente ao
particularizar o dano na frustração do trabalhador em não realizar um projeto de vida e no prejuízo das relações
sociais e familiares, em razão da privação do seu direito ao descanso. Nesse sentido, segundo o magistrado, o
Regional violou o artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal.” 8
*#DIREITODIRETONOBLOG: DANO EXISTENCIAL: Segundo a doutrina, assim como o dano moral, o dano
existencial também constitui espécie de dano imaterial, acarretando à vítima, parcial ou totalmente, a
impossibilidade de conviver em sociedade por meio de relações afetivas, culturais, recreativas, espirituais,
dentre outras.
a) dano à vida de relação: relaciona-se a uma alteração de caráter não pecuniário na vida do indivíduo ou das
pessoas próximas a ela. Aqui, o indivíduo já perde algo que estava incorporado ao seu patrimônio imaterial. Ex:
a parte não consegue mais praticar esporte ou viajar com a família.
b) dano ao projeto de vida: aqui, há uma frustração no projeto de vida, nas expectativas que a vítima tinha
acerca de seu futuro, que deixaram de se concretizar em razão do injusto comportamento de outro. É algo que
ainda não estava incorporado ao seu patrimônio, mas que a vítima deixa de conseguir. Ex: a parte deixa de
cursar ensino superior porque não tem tempo, em razão de trabalho excessivo.
- O campo de maior incidência atualmente é nas relações de trabalho. Ocorre principalmente em razão do
descumprimento reiterado das normas trabalhistas por parte do empregador. Ex: empregador que assedia
sexualmente empregada ou exige que a mesma cumpra jornada superior aos limites legais.
- O TST tem exigido comprovação concreta da perda da qualidade de vida do empregado para a condenação em
danos existenciais. Segundo aquele Tribunal, embora mesma situação possa gerar as duas formas de lesão, seus
pressupostos e demonstração probatória são independentes. Assim, por exemplo, mesmo que o trabalhador
comprove a existência de jornadas de trabalho em horários superiores ao legalmente previsto, e que isso enseje
a ocorrência de dano moral, não haverá que se falar em dano existencial se o empregado não demonstrar que
isso tenha comprometido suas relações sociais ou seu projeto de vida, fato constitutivo do direito. (RR 23-
56.2012)
8
Disponível em: <http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/id/5089356>.
57
DANO À IMAGEM [art. 20 e seu parágrafo único] – o uso indevido da imagem pode acarretar:
A imagem não é um bem absoluto. Não haverá direito de indenização no caso de foto de uma pessoa no
contexto da imagem publicada no jornal.
Valor da indenização: não pode ser o mesmo que se obteria pela utilização autorizada.
Fundamento: o caráter sancionatório da indenização por dano moral.
Súmula 403, STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de
pessoa com fins econômicos ou comerciais. Material ou moral?
DANOS MORAIS CAUSADOS PELA IMPRENSA – a imprensa não está obrigada a apurar a veracidade dos fatos
antes de divulgá-los, por conta da urgência da notícia, mas não pode violar a intimidade, a honra, a imagem
de outrem. Não pode agir SEM CUIDADO e nem COM SENSACIONALISMO.
STJ: A entidade responsável por prestar serviços de comunicação não tem o dever de indenizar pessoa física em
razão da publicação de matéria de interesse público em jornal de grande circulação a qual tenha apontado a
existência de investigações pendentes sobre ilícito supostamente cometido pela referida pessoa, ainda que
posteriormente tenha ocorrido absolvição quanto às acusações, na hipótese em que a entidade busque fontes
fidedignas, ouça as diversas partes interessadas e afaste quaisquer dúvidas sérias quanto à veracidade do que
divulga. (...) Quanto à veracidade do que noticiado pela imprensa, vale ressaltar que a diligência que se deve
exigir na verificação da informação antes de divulgá-la não pode chegar ao ponto de as notícias não poderem
ser veiculadas até se ter certeza plena e absoluta de sua veracidade. O processo de divulgação de informações
satisfaz o verdadeiro interesse público, devendo ser célere e eficaz, razão pela qual não se coaduna com
rigorismos próprios de um procedimento judicial, no qual deve haver cognição plena e exauriente dos fatos
analisados. Além disso, deve-se observar que a responsabilidade da imprensa pelas informações por ela
veiculadas é de caráter subjetivo, não se cogitando da aplicação da teoria do risco ou da responsabilidade
objetiva. Assim, para a responsabilização da imprensa pelos fatos por ela reportados, não basta a divulgação de
informação falsa, exige-se prova de que o agente divulgador conhecia ou poderia conhecer a falsidade da
informação propalada, o que configuraria abuso do direito de informação. REsp 1.297.567-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 28/5/2013. – Informativo 524
58
*#SELIGANASÚMULA: Súmula 221, STJ: São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano decorrente de
publicação pela imprensa tanto O AUTOR DO ESCRITO quanto o PROPRIETÁRIO DO VEÍCULO DE DIVULGAÇÃO.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O titular de blog é responsável pela reparação dos danos morais decorrentes
da inserção, em seu site, por sua conta e risco, de artigo escrito por terceiro (Súmula 221 do STJ). REsp
1.381.610-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/9/2013. – Informativo 528
DANOS MORAIS E PROTEÇÃO AO CRÉDITO: SÚMULA 385, STJ: Da anotação irregular em cadastro de proteção
ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito
ao cancelamento.
“Cabe às entidades credoras que fazem uso dos serviços de cadastro de proteção ao crédito mantê-los
atualizados, de sorte que uma vez recebido o pagamento da dívida, devem providenciar o cancelamento do
registro negativo do devedor. Precedentes. A inércia do credor em promover a atualização dos dados
cadastrais, apontando o pagamento, e consequentemente, o cancelamento do registro indevido, gera o dever
de indenizar, independentemente da prova do abalo sofrido pelo autor, sob forma de dano presumido.
Precedentes.” (STJ, REsp 1149998/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
07/08/2012, DJe 15/08/2012)
“Não é necessário que o devedor seja comunicado previamente acerca da inscrição de seu nome em órgão de
proteção ou restrição ao crédito quando os dados provierem de cartório [de protesto de títulos], tendo em
vista o caráter público da informação, não havendo motivos para indenização por dano moral.” (STJ, AgRg no
AREsp 305.765/RJ, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/06/2013, DJe
12/06/2013)
"Legitimamente protestado o título de crédito, cabe ao devedor que paga posteriormente a dívida o ônus de
providenciar a baixa do protesto em cartório (Lei 9.294/97, art. 26), sendo irrelevante se a relação era de
consumo, pelo que não se há falar em dano moral pela manutenção do apontamento" (REsp 1.195.668/RS,
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Rel. p/ Acórdão Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA,
julgado em 11/9/2012, DJe 17/10/2012)
ENUNCIADO 531 – A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao
esquecimento.
Justificativa: Os danos provocados pelas novas tecnologias de informação vêm-se acumulando nos dias atuais. O
direito ao esquecimento tem sua origem histórica no campo das condenações criminais. Surge como parcela
importante do direito do ex-detento à ressocialização. Não atribui a ninguém o direito de apagar fatos ou
reescrever a própria história, mas apenas assegura a possibilidade de se discutir o uso que é dado aos fatos
pretéritos, mais especificamente o modo e a finalidade com que são lembrados.
STJ já reconheceu cabível indenização por danos morais em razão de violação ao direito ao esquecimento: “Gera
dano moral a veiculação de programa televisivo sobre fatos ocorridos há longa data, com ostensiva
identificação de pessoa que tenha sido investigada, denunciada e, posteriormente, inocentada em processo
criminal. (...) o reconhecimento do direito ao esquecimento dos condenados que cumpriram integralmente a
pena e, sobretudo, dos que foram absolvidos em processo criminal, além de sinalizar uma evolução humanitária
e cultural da sociedade, confere concretude a um ordenamento jurídico que, entre a memória – conexão do
presente com o passado – e a esperança – vínculo do futuro com o presente –, fez clara opção pela segunda. E é
por essa ótica que o direito ao esquecimento revela sua maior nobreza, afirmando-se, na verdade, como um
direito à esperança, em absoluta sintonia com a presunção legal e constitucional de regenerabilidade da pessoa
humana.” (REsp 1.334.097-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/5/2013.)
(*ATUALIZADO EM 24/1/2023)
O ordenamento jurídico brasileiro não consagra o denominado direito ao esquecimento
É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de
obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e
publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da
liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros
constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade
em geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível. STF. Plenário. RE 1010606/RJ,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 786) (Info 1005).
DANO MORAL E DEVOLUÇÃO INDEVIDA DE CHEQUE: a devolução indevida de cheque caracteriza dano moral,
independentemente da prova do prejuízo sofrido pela vítima. Segundo entendimento do STJ, a devolução
indevida do cheque por culpa do banco prescinde da prova do prejuízo, e independe que tenha sido
devidamente pago quando reapresentado, ou ainda que não tenha ocorrido a inscrição do correntista nos
serviços de proteção ao crédito. SÚMULA 388, STJ: A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano
moral.
Súmula 387, STJ: É possível a acumulação das indenizações de dano estético e moral.
Cumulação tripla – dano moral, material e estético. Haveria uma lesão a mais à dignidade da pessoa humana. A
ideia de autonomia é de aumentar o quantum indenizatório. Lesão à imagem. Para o STJ (RSTJ, 105/332), o
DANO ESTÉTICO é uma TERCEIRA CATEGORIA (alteração morfológica que agride a visão), diversa da angústia e
aflição da vítima (que seria o DANO MORAL).
Trata-se de uma alteração morfológica da pessoa natural, tendo como parâmetro a medicina estética. Ex.:
cortes, cicatrizes, queimaduras, deformações, perda de órgãos ou de função. Entende-se que o dano é
presumido. É modalidade de dano in re ipsa.
É toda alteração morfológica do indivíduo que implique, sob qualquer aspecto, um afeamento da vítima,
consistindo numa simples lesão desgastante ou num permanente motivo de exposição ao ridículo ou de
complexo de inferioridade, exercendo ou não influência sobre sua capacidade laborativa. Em teoria, a
deformidade física pode acarretar dano patrimonial (redução da capacidade laborativa) ou dano moral
(vexame, humilhação).
Atingem vários direitos da personalidade ao mesmo tempo. As vítimas são conhecidas ou cognoscíveis, o que
os diferencia dos danos difusos. São os direitos individuais homogêneos e os coletivos em sentido estrito. A
indenização é destinada para as vítimas, já que podem ser identificadas. Há previsão apenas no CDC (art. 6º,
VI).
Há divergência no STJ, conforme se depreende do INF 418. Tendência da 1ª Turma – não cabe. Tendência da 2ª
Turma – SIM. 3ª e 4ª Turmas – entendem que cabe. Ex.: caso das pílulas de farinha – principal caso, em que a
empresa Shering foi condenada por ter colocado no mercado a pílula Microvlar sem o composto ativo. Obs.: foi
ajuizada pelo PROCON (STJ disse que era possível). Obs.: o dano moral foi em razão da frustração do
planejamento familiar. Obs.: o quantum vai ser determinado na execução, caso a caso.
Apesar de existir previsão normativa expressa da possibilidade de dano moral ou extrapatrimonial coletivo (art.
1º da Lei 7.347/85), a doutrina se divide acerca da sua viabilidade. A corrente favorável (José Rubens Morato
Leite, André Ramos, Gisele Góes e Carlos Alberto Bittar Filho, Hugo Nigro Mazzilli) sustenta não se poder
restringir o dano moral às pessoas físicas. A coletividade seria passível de ser indenizada por dano moral, o qual
não necessita ser a dor física, podendo ser o desprestígio do serviço público, do nome social ou mesmo o
DESCONFORTO DA MORAL PÚBLICA. O dano moral coletivo seria a VIOLAÇÃO de um determinado CÍRCULO DE
VALORES COLETIVOS.
O STJ, inicialmente, através de sua 1ª Turma, afastou a possibilidade de dano moral coletivo, por entendê-lo
como de caráter individual, vez que deve causar um sofrimento psíquico, incompatível com a noção de
transindividualidade (RESP 598.281/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, Rel. p/ Acórdão Ministro Teori Albino Zavaski,
Primeira Turma, julgado em 02.05.2006, DJ 1º. 06.2006, p. 147). Entretanto, em precedente posterior, o
Colendo STJ admitiu-os no famoso caso das pílulas de farinha (Microvlar – Cartelas de comprimidos sem
princípio ativo, utilizadas para teste de maquinário, que acabaram atingindo consumidoras e não impediram a
gravidez indesejada). Precedente: STJ, REsp 866.636/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, j. 29.11.2007, DJ
06.12.2007, p. 312). No mesmo sentido, recente precedente da 2ª Turma do STJ.
Segundo o Min. Herman Benjamin: É possível a reparação por dano moral nas tutelas de interesses
transindividuais como na hipótese de interrupção no fornecimento de energia elétrica a Município, pois o dano
moral coletivo atinge interesse não patrimonial de classe específica ou não de pessoas, devendo ser averiguado
de acordo com as características próprias aos interesses difusos e coletivos, distanciando-se quanto aos
caracteres das pessoas físicas que compõem determinada coletividade ou grupo determinado ou indeterminado
de pessoas. (REsp 1197654/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/03/2011,
DJe 08/03/2012).
Em síntese, é possível dividir o dano moral coletivo em dano moral difuso (quando não individualizáveis os
lesados, devendo a indenização reverter para um Fundo), dano moral coletivo (de certa categoria) e dano
moral individual homogêneo (quando individualizáveis os lesados, em futura liquidação de sentença).
*#OUSESABER: “A indenização dos prejuízos aos interesses individuais homogêneos tem preferência em face
dos danos difusos e coletivos em sentido estrito”. CERTO! Trata-se de disposição literal do art. 99, do CDC. Caso
um mesmo acontecimento ocasione possíveis condenações para indenização dos danos a direitos difusos ou
62
coletivos, bem como dos prejuízos aos interesses individuais homogêneos, o pagamento destes créditos terá
preferência sobre o daqueles.
Esses danos podem gerar repercussões materiais ou morais. Nesse ponto, diferenciam-se os danos sociais dos
danos morais coletivos, pois os últimos são apenas extrapatrimoniais.
1. DIFUSO. Também tem previsão no art. 6º, VI do CDC. Antônio Junqueira de Azevedo = os danos sociais são
aqueles que causam um rebaixamento do nível de vida da coletividade, relacionados a condutas socialmente
reprováveis. Toda a sociedade é atingida. As vítimas são indeterminadas e indetermináveis. A indenização é
determinada para um fundo de proteção ou para uma instituição de caridade.
O melhor julgado é o caso da AMIL do TJ/SP = A AMIL nega cobertura reiteradamente. R$ 50.000,00 de dano
moral individual para a vítima (valor existencial pelo caro valor objeto de contrato) e, de ofício (há uma
discussão de poderia, mas a reforma do CPC traz que toda matéria consumerista pode ser conhecida de ofício
pelo juiz), 5 milhões de dano difuso, em claro caráter pedagógico.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O dano social é uma nova espécie de dano reparável, que não se confunde
com os danos materiais, morais e estéticos, e que decorre dc comportamentos socialmente reprováveis, que
diminuem o nível social de tranquilidade.
Em uma ação individual, o juiz condenou o réu ao pagamento de danos morais e, de oficio, determinou que
pagasse também danos sociais em favor de uma Instituição de caridade.
O STJ entendeu que essa decisão é nula, por ser “extra petita”.
Para que haja condenação por dano social, é indispensável que haja pedido expresso.
Vale ressaltar, no entanto, que, no caso concreto, mesmo que houvesse pedido de condenação em danos
sociais na demanda em exame, o pleito não poderia ter sido julgado procedente, pois esbarraria na ausência de
legitimidade para postulá-lo. Isso porque, na visão do STI a condenação por danos sociais somente pode ocorrer
em demandas coletivas e, portanto, apenas os legitimados para a propositura de ações coletivas poderiam
pleitear danos sociais. Em suma, não é possível discutir danos sociais em ação individual.
STJ. 2ª Seção. Rcl. 12.062GO. Rei. Ministro Raul Araújo. julgado cm 12/11/2014 (recurso repetitivo) (Info 552).
*#NÃOCONFUNDIR #OUSESABER: Para Flávio Tartuce, os danos morais coletivos envolvem direitos coletivos
em sentido estrito ou direitos individuais homogêneos (vítimas determinadas ou determináveis). Nesta
modalidade de dano, a indenização é destinada às vítimas, ostentando, assim, caráter reparatório. Por sua vez,
os danos sociais atingem os direitos difusos (vítimas indeterminadas). Neste caso, toda a sociedade é vítima da
conduta. Desta forma, a indenização é destinada a um fundo de proteção ou instituição de caridade, o que
demonstra seu caráter punitivo.
Na V Jornada de Direito Civil do CJF/STJ foi aprovado um enunciado reconhecendo a existência dos danos
sociais:
9
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3537.
64
*Enunciado 455: A expressão “dano” no art. 944 abrange não só os danos individuais, materiais ou imateriais,
mas também os danos sociais, difusos, coletivos e individuais homogêneos a serem reclamados pelos
legitimados para propor ações coletivas.
Enunciado 444: Art. 927. A responsabilidade civil pela perda de chance não se limita à categoria de danos
extrapatrimoniais (CATEGORIA AUTÔNOMA), pois, conforme as circunstâncias do caso concreto, a chance
perdida pode apresentar também a natureza jurídica de dano patrimonial. A chance deve ser séria e real, não
ficando adstrita a percentuais apriorísticos.
Casos:
(1) A jurisprudência tem condenado advogados que perdem prazos de seus clientes por perda da chance de
uma vitória judicial. STJ. Crítica = isso transforma a obrigação do advogado em obrigação de resultado.
(2) Atuação médica. STJ Resp. 1.254.141/PR
(3) Show do milhão. STJ Resp 788.459/BA.
“Em outro campo, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul responsabilizou um curso preparatório para
concursos públicos que assumiu o compromisso de transportar o aluno até o local da prova. Porém, houve
atraso no transporte, o que gerou a perda da chance de disputa em concurso público, e surgindo o dever de
indenizar.
De toda sorte, em caso também envolvendo concurso público, o Superior Tribunal dc Justiça entendeu pela não
incidência da teoria, pois a chance do candidato que teve a sua expectativa frustrada não era séria e real”.
Tem direito a ser indenizada, com base na teoria da perda de uma chance, a criança que, em razão da ausência
do preposto da empresa contratada por seus pais para coletar o material no momento do parto, não teve
recolhidas as células-tronco embrionárias. STJ. 3ª Turma. REsp 1291 247-RJ. Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 19/8/2014 (Info 549).
O que é a teoria da perda de uma chance? Trata-se de teoria inspirada na doutrina francesa (perte d’une
chance). Segundo esta teoria, se alguém, praticando um ato ilícito, faz com que outra pessoa perca uma
oportunidade de obter uma vantagem ou de evitar um prejuízo, esta conduta enseja indenização pelos danos
causados. Em outras palavras, o autor do ato ilícito, com a sua conduta, faz com que a vítima perca a
oportunidade de obter uma situação futura melhor.
A teoria da perda de uma chance é adotada no Brasil? SIM, esta teoria é aplicada pelo STJ que exige, no
entanto, que o dano seja REAL, ATUAL e CERTO, dentro de um juízo de probabilidade, e não mera
possibilidade, porquanto o dano potencial ou incerto, no espectro da responsabilidade civil, em regra, não é
indenizável (REsp 1.104.665-RS, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 9/6/2009). Em outros julgados, fala-se
que a chance perdida deve ser REAL e SÉRIA, que proporcione ao lesado efetivas condições pessoais de
concorrer à situação futura esperada. (AgRg no REsp 1220911/RS, Segunda Turma, julgado em 17/03/2011)
Natureza do dano: Trata-se de uma terceira categoria. Com efeito, a teoria da perda de uma chance visa à
responsabilização do agente causador não de um dano emergente, tampouco de lucros cessantes, mas de algo
intermediário entre um e outro, precisamente a perda da possibilidade de se buscar posição mais vantajosa
que muito provavelmente se alcançaria, não fosse o ato ilícito praticado. (STJ. 4ª Turma, REsp 1190180/RS, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/11/2010)
Perda de uma chance e perda do prazo pelo advogado: O simples fato de um advogado ter perdido o prazo
para a contestação ou para a interposição de um recurso enseja indenização pela aplicação desta teoria?
NÃO. Em caso de responsabilidade de profissionais da advocacia por condutas apontadas como negligentes, e
diante do aspecto relativo à incerteza da vantagem não experimentada, as demandas que invocam a teoria da
"perda de uma chance" devem ser solucionadas a partir de uma detida análise acerca das reais possibilidades
de êxito do processo, eventualmente perdidas em razão da desídia do causídico. Vale dizer, não é o só fato de
o advogado ter perdido o prazo para a contestação, como no caso em apreço, ou para a interposição de
recursos, que enseja sua automática responsabilização civil com base na teoria da perda de uma chance. É
absolutamente necessária a ponderação acerca da probabilidade - que se supõe real - que a parte teria de se
sagrar vitoriosa. (STJ. 4ª Turma, REsp 1190180/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/11/2010)
Perda de uma chance nas relações de direito público: A teoria da perda de uma chance pode ser aplicada nas
relações de direito público? STJ já admitiu a aplicação da Teoria da Perda de uma chance em casos de
responsabilidade civil do Estado: STJ, REsp 1308719/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 25/06/2013, DJe 01/07/2013
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Perda de uma chance e erro médico: A teoria da perda de uma chance pode ser utilizada como critério para a
apuração de responsabilidade civil ocasionada por erro médico na hipótese em que o erro tenha reduzido
possibilidades concretas e reais de cura de paciente que venha a falecer em razão da doença tratada de
maneira inadequada pelo médico. STJ. 3ª Turma. REsp 1.254.141-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
4/12/2012.
*#OUSESABER #APROFUNDAMENTO:
A "teoria da perda de uma chance" (perte d'une chance), inspirada na doutrina francesa, é aplicável quando o
ato ilícito resulte na perda da oportunidade de alcançar uma situação futura melhor, sendo preciso, ademais,
preciso, na lição de Sérgio Cavalieri Filho, que: "se trate de uma chance real e séria, que proporcione ao lesado
efetivas condições pessoais de concorrer à situação futura esperada" (Programa de Responsabilidade Civil, 4ª
ed., São Paulo: Malheiros, p. 92) (STJ - Agravo Regimental no Recurso Especial : AgRg no Resp. nº 1220911 RS -
2010/0208503-0).
Assim, para efeitos de aplicação desta teoria, não basta que a pessoa perca uma oportunidade eventual, remota
e aleatória. É necessário que o dano seja certo e atual e concreto.
Na orientação jurisprudencial do STJ, no caso específico de erro médico: “A teoria da perda de uma chance pode
ser utilizada como critério para a apuração de responsabilidade civil ocasionada por erro médico na hipótese em
que o erro tenha reduzido possibilidades concretas e reais de cura de paciente que venha a falecer em razão da
doença tratada de maneira inadequada pelo médico”. (STJ. 3ª Turma. REsp 1.254.141-PR, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 4/12/2012).
Depreende-se do julgado que há um requisito específico para responsabilização civil na modalidade “perda de
uma chance”, nestes casos de erro médico. Exige-se prova no sentido de que o profissional de saúde, mediante
erro, promoveu um tratamento inadequado que, caso fosse feito da maneira correta, diminuiria efetivamente
as chances da morte de quem sofreu o dano (o paciente, no caso).
*(Atualizado em 31/01/2021) #DEOLHONAJURIS Havendo pedido de indenização por perdas e danos em geral,
pode o juiz reconhecer a aplicação da perda de uma chance sem que isso implique em julgamento fora da
pretensão autoral Caso concreto: determinada empresa ajuizou de ação de indenização por danos materiais
contra Henrique postulando o pagamento de R$ 35 mil sob o argumento de que o réu, então advogado da
empresa em um processo, perdeu o prazo para apresentar embargos monitórios. O juízo a quo condenou o
requerido com base na perda de uma chance. Ocorre que a autora não requereu expressamente a aplicação
dessa teoria. O julgamento foi extra petita? Não. O princípio da congruência ou da adstrição determina que o
magistrado deve decidir a lide dentro dos limites fixados pelas partes. O pedido formulado deve ser examinado
a partir de uma interpretação lógico-sistemática, não podendo o magistrado se esquivar da análise ampla e
67
detida da relação jurídica posta, mesmo porque a obrigatória adstrição do julgador ao pedido expressamente
formulado pelo autor pode ser mitigada em observância aos brocardos da mihi factum dabo tibi ius (dá-me os
fatos que te darei o direito) e iura novit curia (o juiz é quem conhece o direito). Logo, não existe julgamento
extra petita, pois o autor postulou indenização por danos materiais e o juízo a quo condenou o réu em
conformidade com o pedido utilizando, contudo, como fundamento jurídico a teoria da perda de uma chance.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.375-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 17/11/2020 (Info 683).
*(Atualizado em 25/11/22): Não se aplica a teoria da perda de uma chance para responsabilizar empresa que
deixou de apresentar seus livros societários em prazo hábil para subsidiar impugnação de alegada doação
inoficiosa por um de seus sócios, na hipótese de não restar comprovado o nexo de causalidade entre o extravio
dos livros e as chances de vitória na demanda judicial.
OBS.: Parte interessante do julgado: Os pressupostos para o reconhecimento da responsabilidade civil por
perda de uma chance, no caso concreto, foram bem sintetizados no acórdão de origem: "(i) a viabilidade e a
probabilidade de sucesso de futura ação declaratória de nulidade de doações inoficiosas; (ii) a viabilidade e a
probabilidade de sucesso de futura ação de sonegados; (iii) a existência de nexo de causalidade entre o
extravio de dois livros e as chances de vitória nas demandas judiciais.".
REsp 1.929.450-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
18/10/2022. (Info 754 - STJ)
Perda de uma chance clássica X Perda de uma chance por conta de erro médico: A aplicação da teoria da perda
de uma chance no caso de erro médico possui algumas diferenças da aplicação tradicional da teoria da perda de
uma chance às demais hipóteses (baseado nas lições da Min. Nancy Andrighi):
Teoria da perda de uma chance CLÁSSICA Teoria da perda de uma chance no caso de
(TRADICIONAL) ERRO MÉDICO
Ocorre quando o médico, por conta de um
Ocorre quando o agente frustrou a
erro, fez com que a pessoa não tivesse um
oportunidade da pessoa de auferir uma
tratamento de saúde adequado que
vantagem.
poderia tê-la curado e evitado a sua morte.
Há sempre certeza quanto à autoria do fato Aqui, a extensão do dano já está definida (a
que frustrou a oportunidade. Existe incerteza pessoa morreu), e o que resta saber é se esse
quanto à existência/extensão dos danos. dano teve como concausa a conduta do réu.
Muitos autores franceses entendem que, nas situações em que a conduta adequada do réu teria potencial de
interromper um processo danoso, não seria possível aplicar a teoria da perda da chance. Haveria, nesses casos,
um dano conhecido e a necessidade de comprovação da responsabilidade do réu por esse dano. O julgamento,
assim, teria de ser realizado mediante um critério de tudo ou nada: se o nexo entre a conduta do réu e o dano
68
fosse comprovado, a indenização deveria ser integral. Se o nexo não fosse comprovado, nenhuma indenização
seria devida.
Nos Estados Unidos, por outro lado, a doutrina, aplicando à hipótese os princípios da análise econômica do
direito, vê a chance perdida como uma “commodity” autônoma, passível de indenização. O nexo, assim, seria
estabelecido entre a conduta do réu e a perda desse direito autônomo à chance. Contornam-se, com isso, os
desafios que a apreciação do nexo causal suscita e toda a dificuldade do trato da questão seria resolvida no
âmbito da quantificação do dano. Assim, para os americanos, o direito a uma chance é autônomo e possui um
conteúdo econômico próprio11.
Crítica
Pois bem, este autor vê com ressalvas o enquadramento da perda de uma chance como nova categoria de dano.
Isso porque tais danos são, na grande maioria das situações, hipotéticos ou eventuais, sendo certo que os arts.
186 e 403 do CC exigem o dano presente e efetivo. A perda de uma chance, na verdade, trabalha com
suposições, com o se.
ATENÇÃO: A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes de erro médico
ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De
acordo com a Lei 8.080/90, a responsabilidade pela fiscalização dos hospitais credenciados ao SUS é do
Município, a quem compete responder em tais casos. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.388.822-RN, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 13/5/2015 (Info 563).
(Atualizado em 26/06/2022): #OLHAOGANCHO: Excessos cometidos pelo advogado não podem ser cobertos
pela imunidade profissional, sendo em tese possível a responsabilização civil ou penal do causídico pelos danos
que provocar no exercício de sua atividade. STJ . 3 ª Turma. (Info 732).
11
Disponível em: <http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=108083>.
69
7. CLASSIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À CULPA
A responsabilidade civil subjetiva é a regra geral do CC/02. Fundada na teoria da culpa. O autor da ação tem o
ônus de provar a culpa do réu. (influenciado pelo Código Francês = faute). A definição do ato ilícito possui
como elementos o dolo e a culpa para a configuração da responsabilidade.
Resposta: Correta. Antes do advento da Lei nº 13.286/2016, a responsabilidade civil dos notários e registradores
era tida por objetiva pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, ou seja, não dependia da existência do
elemento subjetivo. Com o advento da Lei nº 13.286/2016, o art. 22 da Lei nº 8.935/94, passou a prever que
os notários e registradores passarão a responder civilmente pelos seus atos na modalidade subjetiva, senão
vejamos a literalidade do dispositivo: "Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por
todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem
ou escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso".
(*) Atualizado em 08/04/2021: O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores
oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso contra o
responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa. O Estado possui
responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários e oficiais de registro, no exercício
de serviço público por delegação, causem a terceiros.
STF. Plenário. RE 842846/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932).
A responsabilidade civil objetiva desenvolveu-se a partir da teoria do risco. No Brasil, a primeira lei que
cuidou da responsabilidade objetiva foi o DL 2.682/12 (Estradas de Ferro), que determinava que a estrada de
ferro deveria responsabilizar-se pelos danos causados aos proprietários dos terrenos vizinhos. Houve outras
disposições que tratavam da responsabilidade objetiva:
70
Lei 6.938/81 (Ambiental)
Existiu uma fase antes do CC/02 denominada de CULPA PRESUMIDA, expressa pela responsabilidade por ato
de terceiro ou pelo fato da coisa, ou seja, existia uma presunção de culpa (artigo 1.523, CC/16), que não
precisava ser provada pela vítima, mas poderia ser afastada pelo causador do dano. Na objetiva, não interessa
a culpa (o agente é responsável mesmo por ato LÍCITO): na medida em que ele assumiu o risco da atividade, será
responsabilizado independentemente da existência de culpa. Com o CC/02, a regra continua sendo a
responsabilidade civil subjetiva (artigo 927): aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
Essa atividade de risco é uma ATIVIDADE DE RISCO HABITUAL, FREQUENTE, na qual o agente visa a obter um
proveito econômico. Ou seja, é uma atividade RISCO-PROVEITO.
*(Atualizado em 18/06/2022) #DEOLHONAJURIS: A empresa que expede convites a jornalistas para a cobertura
e divulgação de seu evento, ou seja, em benefício de sua atividade econômica, e se compromete a prestar o
serviço de transporte destes, responde objetivamente pelos prejuízos advindos de acidente automobilístico
ocorrido quando de sua prestação.
A responsabilidade objetiva é baseada na teoria do risco prevista no parágrafo único do art. 927 do Código Civil:
Art. 927 (...) Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem. STJ. 3ª Turma. REsp 1.717.114-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 29/03/2022 (Info 731).
- Espécies de risco:
i) RISCO INTEGRAL – modalidade EXTREMADA que reconhece o DEVER DE INDENIZAR ATÉ MESMO QUANDO
NÃO EXISTE NEXO CAUSAL, bastando para tanto a existência do DANO. Hipótese de CAUSALIDADE PURA.
ii) RISCO MITIGADO – a caracterização da responsabilidade dependerá de requisito trazido pela lei. Hipótese de
CAUSALIDADE QUALIFICADA.
É uma exceção no CC/02. Baseado na teoria do risco. O autor da ação não tem o ônus de provar a culpa do réu.
Tanto na culpa presumida quanto na responsabilidade objetiva inveRte-se o ônus da prova. Porém, os conceitos
são diferentes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem.
1. A lei determina
2. Atividade de risco – cláusula geral de responsabilidade objetiva. Em relação à clausula geral existe o grau de
normalidade, o grau de risco e o grau de perigo. Quando se tem grau de risco e perigo se aplica o art. 927
(responsabilidade objetiva), parágrafo único. Como saber quais atividades são de risco/perigo? Enunciado 448:
“A regra do art. 927, parágrafo único, segunda parte, do CC aplica-se sempre que a atividade normalmente
desenvolvida, mesmo sem defeito e não essencialmente perigosa, induza, por sua natureza, risco especial e
diferenciado aos direitos de outrem. São critérios de avaliação desse risco, entre outros, a estatística, a prova
técnica e as máximas de experiência.”
Perícia
Estatística
Máximas da experiência
Os principais exemplos de aplicação dessa cláusula geral de responsabilidade objetiva envolvem acidente de
trabalho. Segundo o STJ e o TST quando o empregado estiver submetido a uma atividade de risco, a
responsabilidade do empregador será objetiva, o que é exceção à regra do artigo 7º, XXVIII da CF. Ex.:
segurança, caldeireiro, trabalhador da construção civil, vaqueiro, motoboy e motorista.
Outra tentativa de aplicação da cláusula geral de responsabilidade geral objetiva. Enunciado 447: As
agremiações esportivas são objetivamente responsáveis por danos causados a terceiros pelas torcidas
organizadas, agindo nessa qualidade, quando, de qualquer modo, as financiem ou custeiem, direta ou
indiretamente, total ou parcialmente.
a) Abuso de direito – art. 187 CC. Enunciado 37: a responsabilidade civil decorrente do abuso do direito
independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico.
73
b) Responsabilidade civil objetiva indireta ou por atos de outrem – art. 932 e 933.
De modo a ampliar o espectro de proteção da vítima, o legislador permite, em determinados casos (artigo 932),
que seja responsabilizada, além do efetivo causador do dano, terceira pessoa. Em princípio, terá a vítima o
poder de escolher contra quem quer demandar: se contra o agente, se contra o terceiro ou se contra ambos.
Essa responsabilidade é restritiva porque atinge pessoa distinta daquela que praticou o ato causador do dano.
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; MESMO EM CASO DE
SEPARAÇÃO OU DIVÓRCIO – Enunciado 450: Art. 932, I. Considerando que a responsabilidade dos pais pelos
atos danosos praticados pelos filhos menores é objetiva, e não por culpa presumida, ambos os genitores, no
exercício do poder familiar, são, em regra, solidariamente responsáveis por tais atos, ainda que estejam
separados, ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclusiva de um dos genitores.
SOB A SUA AUTORIDADE – se o pai não tiver PODER FAMILIAR não haverá CARACTERIZAÇÃO DA
RESPONSABILIZAÇÃO. (apesar do NCC ter substituído a expressão PODER por AUTORIDADE, ainda não foi
superada a discussão doutrinária sobre a existência de responsabilidade no caso de GUARDA.) Q
SOB A SUA COMPANHIA – se o pai NÃO TIVER O FILHO SOB A SUA GUARDA não haverá caracterização da
responsabilização. No caso de SEPARAÇÃO/DIVÓRCIO: responderá aquele que NO MOMENTO DANOSO estiver
em companhia do filho.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: "A mãe que, à época de acidente provocado por seu filho menor de idade,
residia permanentemente em local distinto daquele no qual morava o menor – sobre quem apenas o pai
exercia autoridade de fato – NÃO pode ser responsabilizada pela reparação civil advinda do ato ilícito, mesmo
considerando que ela não deixou de deter o poder familiar sobre o filho". STJ. 3ª Turma. REsp 1.232.011-SC, Rel.
Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/12/2015 (Info 575). 12
- RESPONSABILIDADE DO GENITOR E A GUARDA: STJ entende que AMBOS OS GENITORES, inclusive aquele que
NÃO DETÉM A GUARDA, SÃO RESPONSÁVEIS pelos atos ILÍCITOS praticados pelos FILHOS MENORES, salvo se
12
Tema cobrado na prova do TJPR 2017.
74
comprovarem que NÃO CONCORRERAM COM CULPA para a ocorrência do dano. REsp 777.327-RS, Rel. Min.
Massami Uyeda, julgado em 17/11/2009.
- Hipóteses de responsabilização patrimonial de um incapaz quando seu representante não tem obrigação de
indenizar: PRÓDIGO – o representante não responde por todos os atos do PRÓDIGO. ADOLESCENTE
INFRATOR – obrigação do menor e não do representante legal.
- A regra é que os PAIS não se responsabilizam no caso de FILHO JÁ EMANCIPADO. EXCEÇÃO ocorre no caso
de EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA CONCEDIDA POR ATO DOS PAIS. Entendimento diverso representaria uma
forma de se eximir de uma responsabilidade por ato próprio.
O menor no estabelecimento de ensino está sob a sua responsabilidade, que não poderá, por força da lei,
regredir contra os pais; mas o contrato pode prever que os pais responderão pelos danos causados pelos filhos.
Importante!!! Os pais de portador de esquizofrenia paranoide que seja solteiro, maior de idade e more sozinho,
têm responsabilidade civil pelos danos causados durante os recorrentes surtos agressivos de seu filho, no caso
em que eles, plenamente cientes dessa situação, tenham sido omissos na adoção de quaisquer medidas com o
propósito de evitar a repetição desses fatos, deixando de tomar qualquer atitude para interditá-lo ou mantê-lo
sob sua guarda e companhia. STJ. 4ª Turma. REsp 1.101.324-RJ,Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
13/10/2015 (Info 573).
- O art. 1.590 do CC/2002 estende ao incapaz – absoluta ou relativamente – as normas pertinentes à guarda
dos filhos menores. Nesse enfoque, é importante destacar que a guarda representa mais que um direito dos
pais em ter os filhos próximos. Revela-se, sobretudo, como um dever de cuidar, de vigiar e de proteger os filhos,
em todos os sentidos, enquanto necessária tal proteção.
Obs.: REsp 1436401/2017: a responsabilidade do pai de menor que cometeu ato ilícito é substitutiva, e não
solidária – ou seja, não existe litisconsórcio necessário entre o pai e o filho.
*#IMPORTANTE: A responsabilidade civil do incapaz pela reparação dos danos é subsidiária, condicional,
mitigada e equitativa. Os incapazes (ex.: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos, terão
responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928 do CC.
Subsidiária: porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios para ressarcir a vítima.
Condicional e mitigada: porque não poderá ultrapassar o limite humanitário do patrimônio mínimo do infante.
Equitativa: tendo em vista que a indenização deverá ser equânime, sem a privação do mínimo necessário para a
sobrevivência digna do incapaz. A responsabilidade dos pais dos filhos menores será substitutiva, exclusiva e
não solidária. A vítima de um ato ilícito praticado por menor pode propor a ação somente contra o pai do
75
garoto, não sendo necessário incluir o adolescente no polo passivo. Em ação indenizatória decorrente de ato
ilícito, não há litisconsórcio necessário entre o genitor responsável pela reparação (art. 932, I, do CC) e o menor
causador do dano. É possível, no entanto, que o autor, por sua opção e liberalidade, tendo em conta que os
direitos ou obrigações derivem do mesmo fundamento de fato ou de direito, intente ação contra ambos – pai e
filho –, formando-se um litisconsórcio facultativo e simples. Ex: Lucas, 15 anos de idade, brincava com a arma de
fogo de seu pai e, por imprudência, acabou acertando um tiro em Vítor, que ficou ferido, mas sobreviveu. Vítor
ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais contra João (pai de Lucas). Não era necessário que
Vítor propusesse a ação contra João e Lucas, em litisconsórcio. Vale a pena esclarecer, no entanto, que seria
plenamente possível que o autor (vítima) tivesse, por sua opção e liberalidade, ajuizado a ação contra ambos
(pai e filho). Neste caso, teríamos uma hipótese de litisconsórcio: facultativo e simples. Não há como afastar a
responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo fato de que ele não estava fisicamente ao lado de
seu filho no momento da conduta. O art. 932 do CC prevê que os pais são responsáveis pela reparação civil em
relação aos atos praticados por seus filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia. O
art. 932, I do CC, ao se referir à autoridade e companhia dos pais em relação aos filhos, quis explicitar o poder
familiar (a autoridade parental não se esgota na guarda), compreendendo um plexo de deveres, como proteção,
cuidado, educação, informação, afeto, dentre outros, independentemente da vigilância investigativa e diária,
sendo irrelevante a proximidade física no momento em que os menores venham a causar danos. Em outras
palavras, não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo fato de que ele não
estava fisicamente ao lado de seu filho no momento da conduta. STJ. 4ª Turma. REsp 1.436.401-MG, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 2/2/2017 (Info 599). #NÃOCONFUNDIR: Obs.: cuidado com o REsp 1.232.011-
SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/12/2015 (Info 575 – acima citado), precedente em sentido
um pouco diverso envolvendo uma mãe que morava em outra cidade.
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
Tutela e curatela são institutos de caráter protetivo da incapacidade. Essa responsabilidade somente se inicia
com o ato de nomeação. Se o tutelado ou curatelado estiver internado em manicômio, o tutor ou curador não
poderá ser responsabilizado, porque o artigo fala NA MESMA condição, e isso quer dizer que o tutelado ou
curatelado deve estar sob a sua autoridade e companhia.
E o GUARDIÃO responde ou não? Para o que tem a guarda não há previsão legal, motivo pelo qual surgem duas
posições: (1) o guardião é responsável, como o tutor ou curador, e (2) o guardião não é responsável.
MARRONE acredita que é mais correta a equiparação com o tutor, ou seja, sendo cabível a responsabilidade.
Note-se que a guarda que aqui se trata é a guarda judicialmente concedida, não se tratando de mera posse de
fato.
76
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele;
Comitente:
Faz-se necessário identificar o VÍNCULO DE SUBORDINAÇÃO (alguém praticando ato sob as ordens de outrem)
do empregado, serviçal e preposto.
A vítima deverá demonstrar a CULPA DO EMPREGADO, não precisa demonstrar a culpa do empregador. Em
que pese ambas serem objetivas, as naturezas da responsabilidade do empregador e do Estado são distintas,
pois, pela CF/88, o Estado responde pelo RISCO de sua atividade, que somente pode ser prestada pelos seus
agentes. Já o empregador responde pelos danos causados culposamente pelos seus empregados, ou seja,
precisa da prática de ATO ILÍTICO.
Não são relevantes a inexistência de vínculo empregatício, nulidade ou invalidade do contrato de trabalho.
Q- a responsabilidade do patrão se mantém ainda que o empregado aja com desvio de suas atribuições. STJ.
Lembre que não há mais culpa presumida, por isso a súmula 341 está cancelada.
*#IMPORTANTE: A instituição financeira deverá restituir os valores desviados por gerente que, conquanto
tivesse autorização do correntista para realizar aplicações financeiras, utilizou-se das facilidades de sua função
para desviar, em proveito próprio, valores constantes da conta bancária do cliente. STJ. 3ª Turma. REsp
1.569.767-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 1º/3/2016 (Info 578). - Tendo o gerente se
utilizado das facilidades da função para desviar valores da conta do cliente, deve o banco, como empregador,
responder pelos danos materiais causados, nos termos do art. 932, III, do CC: Art. 932. São também
responsáveis pela reparação civil: III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos,
no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele. - O banco deverá indenizar mesmo o gerente
77
tendo atuado fora dos limites de suas atribuições? SIM. A doutrina, ao interpretar a expressão "em razão dele"
prevista no art. 932, III, do CC, confere uma interpretação extensiva para abranger casos em que o vínculo com
o trabalho é bastante tênue. A título de exemplo, confira-se a doutrina de Sérgio Cavalieri Filho:
"Diferentemente de outros países, basta que o dano tenha sido causado em razão do trabalho – importando,
isso, dizer que o empregador responde pelo ato do empregado ainda que não guarde com suas atribuições mais
do que simples relação incidental, local ou cronológica. Na realidade, a fórmula do nosso Código Civil é muito
ampla e bastante severa para o patrão. Bastará que a função tenha oferecido ao preposto a oportunidade para
a prática do ato ilícito; que a função tenha lhe proporcionado a ocasião para a prática do ato danoso. E isso
ocorrerá quando, na ausência da função, não teria havido a oportunidade para que o dano acontecesse."
(Programa de Responsabilidade Civil. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 203)
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins
de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; Bullyng escolar.
É necessária uma relação de onerosidade para que haja a responsabilidade, não pode ser gratuita a relação.
Mas, se há a hospedagem como atividade empresarial, mesmo que não haja cobrança do serviço, no caso
específico, o hoteleiro será responsável pelo ato ilícito do hospedado.
Se um hóspede causar prejuízo a alguém, o hotel (e outros entes previstos no inciso) será responsável, desde
que haja uma relação de pertinência com a hospedagem. O dono do hotel tem que garantir a segurança e o
sossego de todos os que se hospedam lá.
Quando o pai deixa o filho na escola, ela passa a ser responsável pelos atos do aluno, sendo que o pai não deve
arcar com prejuízos da escola, salvo se existir responsabilidade contratual.
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
O responsável por ato próprio é o criminoso, mas não há a necessidade de relação jurídica entre o autor do
crime e o responsável por ato de terceiro, que obteve uma vantagem econômica gratuita com a prática
criminosa. O fundamento dessa responsabilidade reside no princípio de vedação do enriquecimento sem
causa. A responsabilidade é limitada à correspondente quantia da qual tenha se beneficiado. Se a vantagem for
onerosa não cabe a responsabilidade.
Obs.: Culpa no antecedente: os primeiros elencados no art. 932, respondem objetivamente pelos segundos
elencados desde que provada a culpa dos últimos. Segundo Villaça, seria uma responsabilidade objetiva impura.
Ex. empregador responde objetivamente se o empregado agiu com culpa. Art. 933. As pessoas indicadas nos
78
incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados
pelos terceiros ali referidos.
Obs.: Regresso: O art. 934 assegura o direito de regresso do responsável contra o empregado culpado. Exceção:
ascendente não tem direito de regresso contra o descendente incapaz. O legislador considerou essa ação
regressiva como imoral. SALVO se o causador do dano for DESCENDENTE seu, absoluta ou relativamente
INCAPAZ. Se o empregado é descendente, o empregador, que é ascendente, pode voltar-se contra o
empregado, que por coincidência é seu descendente.
É preciso harmonizar o artigo 934 como artigo 928 (limitação da indenização do incapaz – subsidiariedade da
responsabilidade do incapaz), assim, se o agente responsável por ato próprio for incapaz, não cabe regresso
porque a sua responsabilidade é subsidiária e o incapaz restaria desprotegido com o regresso.
Obs.: Responsabilidade solidária. O artigo 942, parágrafo único estabelece que os casos do artigo 932 são de
responsabilidade solidária, ou seja, há uma opção de demanda. Exceção = art. 928 que trata da
responsabilidade civil subsidiária do incapaz. O incapaz só responde se os responsáveis não tinham obrigação
de fazê-lo ou se não dispuserem dos meios suficientes.A indenização do incapaz deve ser equitativa para manter
o patrimônio mínimo do incapaz e de seus descendentes.
Enunciado 40 – o incapaz responde pelos prejuízos que causar de maneira subsidiária ou excepcionalmente
como devedor principal, na hipótese do ressarcimento devido pelos adolescentes que praticarem atos
infracionais nos termos do art. 116 do Estatuto da Criança e do Adolescente, no âmbito das medidas sócio-
educativas ali previstas.
Enunciado 41– Art. 928: a única hipótese em que poderá haver responsabilidade solidária do menor de 18
anos com seus pais é ter sido emancipado nos termos do art. 5º, parágrafo único, inc. I, do novo Código Civil. Se
houve emancipação voluntária os pais respondem.
Uma pessoa será responsabilizada pelo FATO (acontecimento juridicamente relevante) da coisa. O VÍNCULO da
pessoa se estabelece pela sua RELAÇÃO DE PODER com a coisa.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou
força maior. Jurisprudência e doutrina acrescentam culpa ou fato exclusivo de terceiro e caso fortuito.
79
Como justificar a responsabilidade objetiva por ato de animal: (1) A responsabilidade é objetiva, pois foi retirada
a excludente do máximo cuidado na guarda do animal (art. 1527, CC/16). Além disso, há responsabilidade
objetiva, pois (2) pode existir uma atividade de risco (art. 927, parágrafo único) e, por fim, (3) a jurisprudência
do STJ tem aplicado o CDC (responsabilidade objetiva) a muitos acidentes com animais.
A responsabilidade é do guardião, pela aplicação da TEORIA DA GUARDA, de origem francesa, ou seja, a pessoa
que detém poder de comando sobre o referido bem.
Essa responsabilidade agora passa a ser OBJETIVA, como se pode notar pelo artigo 936. Dentre as excludentes
(culpa da vítima ou força maior), não há menção ao CASO FORTUITO. Destaque-se que não é qualquer culpa da
vítima, é preciso entender que há GRAUS DE CULPA, nesse caso, somente a CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA para
excluir a responsabilidade do dono ou detentor do animal.
Casos
(1) Acidentes ocasionados por animais na pista: aplica o CDC contra as concessionárias. É considerada detentora
do animal quando ele invade a pista.
(2) Responsabilidade do circo e do shopping onde estava o circo (CDC) – REsp 1.100.571/PE. Aplicando o CDC
para complementar o CC. Aplicação do diálogo das fontes.
Art. 937 – não está escrito que a responsabilidade é objetiva. Art. 937. O dono de edifício ou construção
responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse
manifesta. A responsabilidade é considerada objetiva diante de um risco criado pela aplicação do CDC
(Enunciado 556, VI, JDC: A responsabilidade civil do dono do prédio ou construção por sua ruína, tratada pelo
art. 937 do CC, é objetiva.).
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem
ou forem lançadas em lugar indevido.
Na jurisprudência, o que é pacífico é o entendimento de que a vítima pode demandar o CONDOMÍNIO, que
internamente pode buscar o regresso contra a unidade autônoma.
A responsabilidade é objetiva diante de um risco criado. Tanto isso é verdade que, se a coisa cair de um
condomínio edilício, não sendo possível identificar qual a unidade, responderá todo o condomínio,
assegurado o direito de regresso contra o culpado. Enunciado 557 da VI Jornada (Nos termos do art. 938 do CC,
se a coisa cair ou for lançada de condomínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade, responderá
o condomínio, assegurado o direito de regresso). Venosa fala que essa é uma hipótese de pulverização da
responsabilidade, para que haja o ressarcimento.13
A responsabilidade é objetiva por três razões: (1) Aplicação histórica e por analogia do Decreto-Lei nº
2681/1912, que previa a responsabilidade objetiva das empresas de estradas de ferro. (2) Obrigação de
resultado das transportadoras (cláusula de incolumidade). (3) Aplicação do CDC inclusive para o transporte
aéreo.
Do Transporte de Pessoas
Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo
motivo de força maior E CASO FORTUITO, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade. É NULA
A CLÁUSULA DE NÃO INDENIZAR. TANTO NO TRANSPORTE DE PESSOAS QUANTO NO DE COISAS. SÚMULA 161
STF. A CULPA OU FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA TAMBÉM SÃO EXCLUDENTES.
13
CAIU NO TJRS JUIZ/2016: TEORIA DA CAUSALIDADE ALTERNATIVA. #DEOLHONANOMENCLATURA: Segundo a
mencionada teoria, todos os membros de um grupo podem ser responsabilizados quando não seja possível determinar,
dentre eles, quem deu causa à lesão. Podemos elencar como exemplo dessa teoria o disposto no art. 938 do CC, ao dispor
que os habitantes de um prédio respondem pelos danos provenientes dos objetos que deles caírem ou forem lançados em
lugar indevido.
81
Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem a fim de fixar o limite da
indenização.
Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa
de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. A CULPA OU FATO EXCLUDENTE DE TERCEIRO NÃO É
EXCLUDENTE NO TRANSPORTE DE PESSOAS. E COISAS? POLÊMICO.
Art. 736. Não se subordina às normas do contrato de transporte o feito gratuitamente, por amizade ou cortesia.
Parágrafo único. Não se considera gratuito o transporte quando, embora feito sem remuneração, o
transportador auferir vantagens indiretas. NÃO É APLICÁVEL A RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO
TRANSPORTADOR. AQUELE QUE DEU CARONA SÓ RESPONDE POR DOLO OU CULPA GRAVE. TRATA-SE DE
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. SÚMULA 145 STJ.
Artigo 931. Ressalvados os outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas
respondem INDEPENDENTEMENTE DE CULPA pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.
No CDC, a responsabilidade é OBJETIVA pelo FATO DO PRODUTO OU DO SERVIÇO e será aplicada quando
houver a relação de consumo. Já o artigo 931 terá aplicação quando não estiver caracterizada a relação de
consumo.
8.6. RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO POR ATO DE TERCEIROS
Responsabilidade civil da pessoa jurídica de direito privado por ato de terceiro – responderá por ato de
terceiro, como se fosse pessoa natural, desde que enquadrados nas circunstâncias do artigo 932.
TIPOS DE RESPONSABILIDADE:
SIMPLES: quando o sujeito responde pelos danos abrangidos pelo conceito de “FORTUITO INTERNO”.
AGRAVADA OU DE RISCO INTEGRAL: quando o responsável responde pelos danos causados por qualquer tipo
de evento (danos ambientais, danos nucleares, danos em acidentes de trabalho, danos cobertos pelo seguro
dpvat). Nos casos de dano ambiental e dano nuclear há hipóteses de exoneração de responsabilidade, embora
muito limitadas.
a) RISCO CRIADO – aquele que CRIA O RISCO deverá ser o responsável pelo DANO DELE DECORRENTE.
b) RISCO PROVEITO – aquele que TEM O BÔNUS, DEVE ARCAR COM OS ÔNUS.
c) RISCO EMPRESA – empresário deve se responsabilizar pelos RISCOS DECORRENTES DA ATIVIDADE por ele
desenvolvida.
d) RISCO PROFISSIONAL – o profissional deve ser responsabilizar pelos riscos decorrentes da atividade por ele
desenvolvida.
83
#CEREJADOBOLO: PRINCIPAIS HIPÓTESES DE RESPONSABILIDADE AQUILIANA OBJETIVA FORA DO CÓDIGO
CIVIL:
9. CASOS JURISPRUDENCIAIS
*(Atualizado em 24/07/2022). Terceiro ofensor também está sujeito à eficácia transubjetiva das obrigações,
haja vista que seu comportamento não pode interferir indevidamente na relação, perturbando o normal
desempenho da prestação pelas partes, sob pena de se responsabilizar pelos danos. Os contratos são
protegidos por deveres de confiança, os quais se estendem a terceiros em razão da cláusula de boa-fé objetiva.
Diante do reconhecimento e da ampliação de novas áreas de proteção à pessoa humana, resultantes da nova
realidade social e da ascensão de novos interesses, surgem também novas hipóteses de violações de direitos, o
que impõe sua salvaguarda pelo ordenamento jurídico. Assim, viu-se a necessidade de analisar o
comportamento daquele terceiro que interfere ou induz o inadimplemento de um contrato sob o prisma de
uma proteção extracontratual, do capitalismo ético, da função social do contrato e da proteção das estruturas
de interesse da sociedade, tais como a honestidade e a tutela da confiança. De acordo com a Teoria do Terceiro
Cúmplice, terceiro ofensor também está sujeito à eficácia transubjetiva das obrigações, haja vista que seu
comportamento não pode interferir indevidamente na relação, perturbando o normal desempenho da
prestação pelas partes, sob pena de se responsabilizar pelos danos decorrentes de sua conduta. liberdade. i A
responsabilização de um terceiro, alheio à relação contratual, decorre da sua não funcionalização sob a
perspectiva social da autonomia contratual, incorporando como razão prática a confiança e o desenvolvimento
social na conduta daqueles que exercem sua liberdade. Uma das hipóteses em que a conduta condenável do
terceiro pode gerar sua responsabilização é a indução interferente ilícita, na qual o terceiro imiscui-se na relação
contratual mediante informações ou conselhos com o intuito de estimular uma das partes a não cumprir seus
deveres contratuais. STJ. 3ª Turma. REsp 1.895.272/DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/4/2022
(Info 734)
O companheiro que, com seu comportamento, assume o risco de transmissão do vírus HIV à parceira, deve
pagar indenização pelos danos morais e materiais a ela causados. O parceiro que suspeita de sua condição
soropositiva, por ter adotado comportamento sabidamente temerário (vida promíscua, utilização de drogas
injetáveis, entre outros), e, mesmo assim, continua normalmente tendo relações sexuais com sua companheira
87
sem alertá-la para esse fato, assume os riscos de sua conduta e, se ela for contaminada, responde civilmente
pelos danos causados. A negligência, incúria e imprudência mostram-se evidentes quando o
cônjuge/companheiro, ciente de sua possível contaminação, não realiza o exame de HIV, não informa o parceiro
sobre a probabilidade de estar infectado nem utiliza métodos de prevenção. STJ. 4ª Turma. REsp 1.760.943-MG,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/03/2019 (Info 647).
DIREITO DE IMAGEM. Lucro da intervenção e caso Giovanna Antonelli: Determinada “farmácia de manipulação”
utilizou o nome e a imagem da atriz Giovanna Antonelli, sem a sua autorização, em propagandas de um remédio
para emagrecer. O STJ afirmou que, além da indenização por danos morais e materiais, a atriz também tinha
direito à restituição de todos os benefícios econômicos que a ré obteve na venda de seus produtos (restituição
do “lucro da intervenção”). Lucro da intervenção é uma vantagem patrimonial obtida indevidamente com base
na exploração ou aproveitamento, de forma não autorizada, de um direito alheio. Dever de restituição do lucro
da intervenção é o dever que o indivíduo possui de pagar aquilo que foi auferido mediante indevida
interferência nos direitos ou bens jurídicos de outra pessoa. A obrigação de restituir o lucro da intervenção é
baseada na vedação do enriquecimento sem causa (art. 884 do CC). A ação de enriquecimento sem causa é
subsidiária. Apesar disso, nada impede que a pessoa prejudicada ingresse com ação cumulando os pedidos de
reparação dos danos (responsabilidade civil) e de restituição do indevidamente auferido (lucro da intervenção).
Para a configuração do enriquecimento sem causa por intervenção, não se faz imprescindível a existência de
deslocamento patrimonial, com o empobrecimento do titular do direito violado, bastando a demonstração de
que houve enriquecimento do interventor. O critério mais adequado para se fazer a quantificação do lucro da
intervenção é o do enriquecimento patrimonial (lucro patrimonial). A quantificação do lucro da intervenção
deverá ser feita por meio de perícia realizada na fase de liquidação de sentença, devendo o perito observar os
seguintes critérios: a) apuração do quantum debeatur com base no denominado lucro patrimonial; b)
delimitação do cálculo ao período no qual se verificou a indevida intervenção no direito de imagem da autora; c)
aferição do grau de contribuição de cada uma das partes e d) distribuição do lucro obtido com a intervenção
proporcionalmente à contribuição de cada partícipe da relação jurídica. STJ. 3ª Turma.REsp 1.698.701-RJ, Rel.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 02/10/2018 (Info 634)
Agressões físicas e verbais perpetradas por jogador profissional contra árbitro de futebol, na ocasião de disputa
de partida de futebol, constituem ato ilícito indenizável na Justiça Comum, independentemente de eventual
punição aplicada na esfera da Justiça Desportiva. Caso concreto: na final do campeonato paulista de 2015, o
jogador do Palmeiras, após ser expulso, empurrou as costas do árbitro e proferiu xingamentos contra ele. Vale
ressaltar que a conclusão acima exposta não é a regra, ou seja, não é toda agressão em uma partida de futebol
que gerará indenização por danos morais. O STJ entendeu, na situação concreta, que a conduta do jogador
transbordou o mínimo socialmente aceitável em partidas de futebol. Além disso, o evento no qual as agressões
foram perpetradas, final do Campeonato Paulista de Futebol, envolvendo dois dos maiores clubes do Brasil, foi
televisionado para todo o país, o que evidencia sua enorme audiência e, em consequência, o número de pessoas
88
que assistiram o episódio. STJ. 3ª Turma. REsp 1.762.786-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
23/10/2018 (Info 637).
#DIZERODIREITO: Um menor, após ingerir bebida alcoólica, pegou o carro que pertencia à empresa de sua
família e foi dirigir levando um amigo no carona. O menor conduzia o automóvel em alta velocidade e, após
perder o controle em uma curva, colidiu com um poste, ocasionando graves lesões no amigo que resultaram,
inclusive, na amputação parcial de um de seus braços. O STJ afirmou que os pais e a empresa proprietária do
veículo são responsáveis solidariamente pelo pagamento da indenização à vítima (amigo que estava no banco
do carona). Em regra, a responsabilidade civil é individual de quem, por sua própria conduta, causa dano a
outrem. Porém, em determinadas situações, o ordenamento jurídico atribui a alguém a responsabilidade por
ato de outra pessoa – como no caso em questão, em que cabe aos pais reparar os danos causados pelo filho
menor, conforme prevê o art. 932 do Código Civil. Além disso, em matéria de acidente automobilístico, o
proprietário do veículo responde objetiva e solidariamente pelos atos culposos de terceiro que o conduz e que
provoca o acidente. Assim, a empresa proprietária do veículo também tem responsabilidade. A vítima terá que
ser indenizada porque o menor agiu com culpa grave, nos termos da Súmula 145 do STJ: “No transporte
desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável por danos causados ao
transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave”. STJ. 3ª Turma. REsp 1637884/SC, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 20/02/2018.
NÃO HÁ COMO AFASTAR A RESPONSABILIZAÇÃO DO PAI DO FILHO MENOR SIMPLESMENTE PELO FATO DE QUE
ELE NÃO ESTAVA FISICAMENTE AO LADO DE SEU FILHO NO MOMENTO DA CONDUTA. Não há como afastar a
responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo fato de que ele não estava fisicamente ao lado de
seu filho no momento da conduta O art. 932 do CC prevê que os pais são responsáveis pela reparação civil em
relação aos atos praticados por seus filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia. O
art. 932, I do CC, ao se referir à autoridade e companhia dos pais em relação aos filhos, quis explicitar o poder
familiar (a autoridade parental não se esgota na guarda), compreendendo um plexo de deveres, como proteção,
cuidado, educação, informação, afeto, dentre outros, independentemente da vigilância investigativa e diária,
sendo irrelevante a proximidade física no momento em que os menores venham a causar danos. Em outras
palavras, não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo fato de que ele não
estava fisicamente ao lado de seu filho no momento da conduta. STJ. 4ª Turma. REsp 1436401-MG, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 2/2/2017 (Info 599).
Mesmo não tendo havido a regularização do registro, a responsabilidade não é e não pode ser do antigo
proprietário. No momento em que há transferência do veículo, o alienante deixa de ser guardião da coisa e a
transferência da propriedade implicará transferência de responsabilidade. A notícia ao DETRAN tem EFEITOS
ADMINISTRATIVOS E TRIBUTÁRIOS, a transferência da posse e propriedade ocorrerá com a tradição. SÚMULA
89
132 STJ: A AUSÊNCIA DE REGISTRO da transferência NÃO IMPLICA a responsabilidade do antigo proprietário por
dano resultante de acidente que envolva o veiculo alienado.
Em recurso dirigido ao STJ, o dramaturgo alegou que o tribunal paulista não havia respeitado o princípio da
restritividade dos negócios jurídicos que envolvam direitos autorais. O escritor também argumentou que a única
manifestação expressa foi a de ceder os direitos de utilização da obra para a Manchete durante dez anos. A
defesa do autor também reiterou que a ausência de algumas cenas e a supressão de diálogos acarretaram
violação do direito moral do autor. No voto, que foi acompanhado pela maioria do colegiado, o ministro Moura
Ribeiro destacou que os direitos de personalidade são inerentes à pessoa, portanto também são
intransmissíveis, indisponíveis e irrenunciáveis. Nesse sentido, não se poderia entender como tácita a
autorização de cessão de direitos do dramaturgo ao SBT, apenas porque ele o fez em relação à TV Manchete.
"Nestas condições, com tal exuberância de direitos de personalidade, desnecessário era que Benedito
impugnasse a alienação feita pela massa falida da Manchete ao SBT, porque a todo e qualquer tempo ele
poderia fazer valer os seus direitos absolutos de autor”, concluiu o ministro ao reconhecer os danos morais e
patrimoniais sofridos pelo romancista.
90
#DEOLHONOCASOCONCRETO:
A sociedade empresária proprietária de semirreboque pode figurar no polo passivo de ação de reparação de
danos ajuizada em decorrência de acidente de trânsito envolvendo o caminhão trator ao qual se encontrava
acoplado. A empresa proprietária de semirreboque é solidariamente responsável pelos danos causados em
acidente envolvendo o caminhão trator, no qual se encontrava acoplado, devendo, assim, figurar no polo
passivo de ação de indenização em razão dos prejuízos advindos daquele evento. STJ. 4ª Turma. REsp 1.289.202-
RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/6/2016 (Info 589)
No presente caso, temos a chamada “responsabilidade pelo fato da coisa”, que ocorre quando esta é a causa do
evento danoso, mesmo que não tenha havido a interferência ou o comando direto do dono. Não se exige a
constatação de conduta direta do dono ou de seus prepostos. É o uso, fruição, proveito de uma coisa, por
qualquer meio, que acarreta a responsabilidade pelos danos que ela causar.
Os reboques e semirreboques são tracionados por outro veículo automotor. O que diferencia um do outro é a
maneira como são acoplados àquele veículo: o reboque é engatado atrás de um veículo automotor; o
semirreboque se apoia na unidade tratora ou é a ela ligada por meio de articulação. Assim, o cavalo mecânico e
o semirreboque trabalham articuladamente. São dois veículos que, unidos, constituem partes de um terceiro e
específico veículo, o CVC (combinação de veículo de carga), que somente existe a partir da junção dos dois
primeiros. Por essa razão, não é possível que o proprietário do semirreboque seja isento de responsabilidade
por ser aquele veículo desprovido de força motora própria, uma vez que essa característica não é suficiente ou
decisiva para descaracterizá-lo como veículo.
#DEOLHONASSÚMULAS:
Súmula 130, STJ: A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorrido
em seu estacionamento.
Súmula 492, STF. A empresa LOCADORA de veículos responde, CIVIL E SOLIDARIAMENTE com o LOCATÁRIO,
pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.
Súmula 595, STJ: As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo
aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe
tenha sido dada prévia e adequada informação. STJ. 2ª Seção. Aprovada em 25/10/2017, DJe 06/11/2017.
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento
e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver
sofrido.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe
diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao
fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da
depreciação que ele sofreu.
ENUNCIADO N. 192 - JORNADAS CJF 192 – Arts. 949 e 950: Os danos oriundos das situações previstas nos arts.
949 e 950 do código civil de 2002 devem ser analisados em conjunto, para o efeito de atribuir indenização por
perdas e danos materiais, cumulada com dano moral e estético.
E SE A INCAPACIDADE FOI PARA UMA PROFISSÃO E NÃO PARA OUTRAS? Haverá indenização, salvo se provar
que a vítima trabalha em outra profissão sem constrangimento, que poderá haver adaptação para outra
função.
- O prejudicado pode (DIREITO POTESTATIVO) preferir o pagamento da indenização em uma só vez. [art. 950, p.
único, CC]. O magistrado não permitirá tal possibilidade se o infrator não tiver capacidade econômica.
“O lesado pode exigir que a indenização. sob a forma de pensionamento, se)a arbitrada e paga de uma só vez.
salvo impossibilidade econômica do devedor, caso em que o juiz poderá fixar outra forma de pagamento,
atendendo à condição financeira do ofensor e aos benefícios resultantes do pagamento antecipado”.
ENUNCIADO 48, CJF – Art. 950, parágrafo único: o parágrafo único do art. 950 do novo código civil institui
direito potestativo do lesado para exigir pagamento da indenização de uma só vez, mediante arbitramento do
valor pelo juiz, atendidos os arts. 944 e 945e a POSSIBILIDADE ECONÔMICA DO OFENSOR.
CONSTITUIÇÃO DE CAPITAL PARA GARANTIA DA PENSÃO: matéria regida atualmente pelo art. 533 do
CPC/2015.
revisão da indenização, em ação de revisão de pensão, com eficácia “ex nunc” – fundamento:art. 513, I e art.
533, Par. 3º do CPC/2015.
Súmula 490, STF: A pensão correspondente à indenização oriunda de responsabilidade civil deve ser calculada
com base no salário mínimo vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á às variações ulteriores.
Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá ao executado, a
requerimento do exequente, constituir capital cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão.
§ 1o O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de
alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável
enquanto durar a obrigação do executado, além de constituir-se em patrimônio de afetação.
§ 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do exequente em folha de pagamento de
pessoa jurídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento do executado, por fiança bancária ou
garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.
93
o
§ 3 Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme as circunstâncias,
redução ou aumento da prestação.
§ 4o A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo.
§ 5o Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o desconto em folha ou
cancelar as garantias prestadas.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
*(Atualizada em 0p9/02/2023): O segurado que agir de má-fé ao fazer declarações inexatas ou omitir
circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta pela seguradora ou na taxa do prêmio está sujeito
à perda da garantia securitária. AgInt no REsp 1.504.344-SP, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 16/8/2022, DJe 23/8/2022. (Info Ed. Esp. 9- STJ)
INFO 540, STJ – 2014: Valor recebido pela vítima do DPVAT e compensação com indenização judicial fixada. O
valor correspondente à indenização do seguro de danos pessoais causados por veículos automotores de via
terrestre (DPVAT) pode ser deduzido do valor da indenização por danos exclusivamente morais fixada
judicialmente, quando os danos psicológicos derivem de morte ou invalidez permanente causados pelo
acidente. STI. 21 Seção. REsp 1.365.540-DE, Rei. Mm. Nancy Andrighi. julgado em 23/4/2014.
13º SALÁRIO – deve integrar a PENSÃO, quando de seu falecimento ou acidente. STJ exige, para a inclusão do
13º salário no valor da pensão indenizatória, a comprovação de que a vítima exercia atividade laboral na
época em que sofre o dano-morte (STJ, REsp 1279173/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 04/04/2013, DJe 09/04/2013)
CORREÇÃO MONETÁRIA – REGRA: sempre devida, desde a DATA DO DANO, salvo dano moral (arbitramento).
[Súmula 490 STF; Súmula 43 STJ] [art. 395 do NCC]
Súmula 43, STJ: Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da DATA DO EFETIVO PREJUÍZO.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores
monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
EXCEÇÃO: no DANO MORAL a CORREÇÃO MONETÁRIA será devida desde a DATA DO ARBITRAMENTO, e não
da DATA DO DANO (Súmula 362, STJ: A CORREÇÃO MONETÁRIA do valor da indenização do DANO MORAL
incide desde a DATA DO ARBITRAMENTO).
94
JUROS MORATÓRIOS14:
Súmula 54, STJ: Os JUROS MORATÓRIOS fluem a partir do EVENTO DANOSO, em caso de RESPONSABILIDADE
EXTRACONTRATUAL.
Enunciado n. 163 – Jornadas CJF Art. 405: a regra do art. 405 do novo código civil aplica-se somente à
responsabilidade contratual, e não aos juros moratórios na responsabilidade extracontratual, em face do
disposto no art. 398 do novo CC, não afastando, pois, o disposto na Súmula 54 do STJ.
14
http://www.dizerodireito.com.br/2013/07/termo-inicial-dos-juros-de-mora-e-da.html
95
termo inicial dos juros moratórios a data da citação (art. 405 do CC). STJ. 3ª Turma. REsp 1.403.005-MG, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 6/4/2017 (Info 602).
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: O advogado substabelecente somente irá responder por ato ilícito
cometido pelo advogado substabelecido se ficar evidenciado que, no momento da escolha, a despeito de
possuir inequívoca ciência acerca da inidoneidade do aludido causídico, ainda assim o elegeu para o
desempenho do mandato. STJ. 3ª Turma. REsp 1.742.246-ES, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
19/03/2019 (Info 644).
JUROS COMPOSTOS:
A jurisprudência reconhecia a possibilidade de incidência de JUROS COMPOSTOS (Súmula 186 STJ) no caso
de homicídio doloso, mas essa questão ESTÁ SUPERADA, uma vez que não houve reprodução da regra do art.
1.544 do CC/16 (“Além dos juros ordinários, contados proporcionalmente ao valor do dano, e desde o tempo do
crime, a satisfação compreende os juros compostos”).
Súmula 186, STJ: Nas indenizações por ato ilícito, os juros compostos somente são devidos por aquele que
praticou o crime.
Súmula 254, STF: Incluem-se os juros moratórios na liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a
condenação.
DIZER O DIREITO:
1ª corrente: 1% ao mês, previsto no CTN (art. 161, § 1º). Foi a posição defendida pela doutrina e pelo
Ministro Salomão (vide notícia abaixo do STJ).
Segundo a Corte Especial do STJ, a taxa dos juros moratórios a que se refere o art. 406 do CC é a taxa referencial
do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), por ser ela que incide como juros moratórios dos tributos
federais (arts. 13 da Lei n. 9.065/1995, 84 da Lei n. 8.981/1995, 39, § 4º, da Lei n. 9.250/1995, 61, § 3º, da
Lei n. 9.430/1996 e 30 da Lei n. 10.522/2002) (EREsp 727.842-SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgados em
8/9/2008).
Esse entendimento tem sido reiterado, conforme se observa no recente julgado da Terceira Turma do STJ: EDcl
no REsp 1.025.298-RS, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgados em 28/11/2012.
Vale ressaltar que o Copom é um comitê composto pela Diretoria Colegiada do Banco Central e, com base nas
metas que o órgão tiver para a economia brasileira, os dados que alimentam essa fórmula de cálculo da SELIC
irão variar. Ex.: o BACEN tem procurado incentivar o crédito no país, por isso, a taxa SELIC vem sofrendo um
processo de redução. Quando o governo deseja conter a inflação, normalmente, se vale do aumento da taxa
SELIC para frear o consumo.
Em caso de mora, é possível que o credor exija do devedor o pagamento da taxa SELIC (como juros legais
moratórios) e mais a correção monetária?
NÃO. No cálculo da SELIC, além de um percentual a título de juros moratórios, já é embutida a taxa de inflação
estimada para o período. Em outras palavras, a SELIC já engloba a correção monetária. Logo, se, o credor, no
caso de inadimplemento do devedor, exigir a dívida principal, acrescida da SELIC e mais a correção monetária,
ele estará cobrando duas vezes a correção monetária, o que configura bis in idem.
Na prática, a controvérsia afetada à Corte Especial pela Quarta Turma diz respeito ao artigo 406 do Código Civil
(CC) de 2002, que dispõe que, quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa
estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor
para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.
O problema é que existem duas correntes opostas sobre qual taxa seria essa, o que vem impedindo um
entendimento uniforme sobre a questão.
Em precedentes relatados pela ministra Denise Arruda (REsp 830.189) e pelo ministro Francisco Falcão (REsp
814.157), a Primeira Turma do STJ entendeu que a taxa em vigor para o cálculo dos juros moratórios previstos
98
no artigo 406 do CC é de 1% ao mês, nos termos do que dispõe o artigo 161, parágrafo 1º, do Código
Tributário Nacional (CTN), sem prejuízo da incidência da correção monetária.
Em precedentes relatados pelos ministros Teori Zavascki (REsp 710.385) e Luiz Fux (REsp 883.114), a mesma
Primeira Turma decidiu que a taxa em vigor para o cálculo dos juros moratórios previstos no artigo 406 do CC é
a Selic.
A opção pela taxa Selic tem prevalecido nas decisões proferidas pelo STJ, como no julgamento do REsp
865.363, quando a Quarta Turma reformou o índice de atualização de indenização por danos morais devida à
sogra e aos filhos de homem morto em atropelamento, que inicialmente seria de 1% ao mês, para adotar a
correção pela Selic.
Também no REsp 938.564, a Turma aplicou a Selic à indenização por danos materiais e morais devida a um
homem que perdeu a esposa em acidente fatal ocorrido em hotel onde passavam lua de mel.
Caso afetado
No caso específico (REsp 1.081.149) afetado à Corte Especial e relatado pelo ministro Luis Felipe Salomão, uma
mulher ajuizou ação declaratória de inexistência de dívida com pedido de indenização por dano moral, contra a
Companhia Securitizadora de Créditos Financeiros Gomes Freitas.
Segundo os autos, a autora teve seus documentos pessoais falsificados, registrou boletim de ocorrência policial
e cautelarmente incluiu nos cadastros da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) a informação "documento
clonado", ao lado de seu nome. Mesmo assim, a empresa determinou a inscrição de seu nome em cadastros de
inadimplentes, em razão de dívida contraída por terceiros valendo-se da documentação falsificada.
O juízo de direito da 14ª Vara Cível da Comarca de Porto Alegre julgou os pedidos procedentes. Reconheceu a
inexistência da dívida, determinou o cancelamento da inscrição indevida e condenou a companhia ao
pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 3.800, atualizada pelo IGP-M e juros de 12% ao ano.
Em grau de apelação, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul deu parcial provimento ao recurso da autora
para elevar a indenização a R$ 7 mil, fazendo incidir correção monetária e juros moratórios somente a partir da
data daquele arbitramento.
A autora recorreu ao STJ, sustentando que os juros moratórios e a correção monetária advindos de relação
extracontratual devem incidir a partir do evento danoso (Súmulas 43 e 54 do STJ) e não do arbitramento da
indenização.
99
O julgamento do recurso foi interrompido por pedido de vista antecipada formulado pelo ministro João Otávio
de Noronha. Ele entende que a questão deve ser previamente analisada pela Segunda Seção – especializada em
direito privado – e não diretamente pela Corte Especial.
Oportunidade
Para o ministro Luis Felipe Salomão, o julgamento desse caso é a oportunidade para o STJ consolidar
entendimentos sobre a incidência da taxa de juros moratórios em dívidas civis (artigo 406 do CC), o momento
inicial para sua fluência e a exata delimitação do que seja responsabilidade contratual e extracontratual para
efeitos de incidência de juros e correção monetária. Para ele, é importante adequar os verbetes sumulares e os
precedentes da Corte.
A jurisprudência do marco inicial de incidência dos juros moratórios em responsabilidade extracontratual já está
pacificada pela Súmula 54, que determina: "Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de
responsabilidade extracontratual." A incidência de correção monetária na indenização por danos morais está
pacificada pela Súmula 362: "A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data
do arbitramento."
"atualmente, a taxa dos juros moratórios a que se refere artigo 406 do CC é a taxa referencial do Sistema
Especial de Liquidação e Custódia (Selic), por ser ela a que incide como juros moratórios dos tributos
federais".
Posteriormente, também ficou consignado que "apesar de a Selic englobar juros moratórios e correção
monetária, não se verifica bis in idem, pois sua aplicação é condicionada à não-incidência de quaisquer outros
índices de correção monetária".
Luis Felipe Salomão reconhece que a taxa em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda
Nacional é a Selic, mas entende que sua aplicação em dívidas civis não constitui “diretriz peremptória
incontornável prevista no Código Civil”, sendo apenas um parâmetro a ser adotado na falta de outro específico
previsto para determinada relação jurídica, como, por exemplo, o que há para dívidas condominiais (artigo
1.335, parágrafo 1º, do CC).
“Não obstante, parece claro que o artigo 406 do CC não encerra preceito de caráter cogente, tanto é assim que
confere prevalência às estipulações contratuais acerca dos juros moratórios (‘quando os juros moratórios não
forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada’) e a estipulações legais específicas, deixando expressa a
subsidiariedade da incidência dessa taxa”, ressalta o ministro.
100
Mesmo discordando da aplicação da Selic em indenizações civis, ele consignou em seu voto ter aplicado tal
entendimento em julgamento ocorrido na Segunda Seção para evitar o “pernicioso dissídio jurisprudencial
interno”, mas ressalvou sua posição contrária à “aplicação indiscriminada da Selic”.
Proposta
Com base no Enunciado 20, aprovado na I Jornada de Direito Civil promovida pelo Conselho da Justiça Federal
em setembro de 2002, o ministro propõe que o STJ adote a utilização de índice oficial de correção monetária ou
tabela do próprio tribunal local, somado à taxa de juros de 1% ao mês (ou 12% ao ano), nos termos do artigo
161 do Código Tributário Nacional (CTN).
O referido enunciado dispõe que “a taxa de juros moratórios a que se refere o artigo 406 é a do artigo 161,
parágrafo 1º, do Código Tributário Nacional, ou seja, 1% ao mês”.
O mesmo enunciado, que possui caráter orientador da interpretação dos artigos, dispõe que a utilização da taxa
Selic como índice de apuração dos juros legais não é juridicamente segura, porque impede o prévio
conhecimento dos juros; não é operacional, porque seu uso será inviável sempre que se calcularem somente
juros ou somente correção monetária; é incompatível com a regra do artigo 591 do novo Código Civil, que
permite apenas a capitalização anual dos juros, e pode ser incompatível com o artigo 192, parágrafo 3º, da
Constituição Federal, se resultarem juros reais superiores a 12% ao ano.
“Independentemente de questionamento acerca do acerto ou desacerto da adoção da Selic como taxa de juros a
que se refere o artigo 406 do Código Civil, o fato é que sua incidência se torna impraticável em situação como a
dos autos, em que os juros moratórios fluem a partir do evento danoso (Súmula 54) e a correção monetária em
momento posterior (Súmula 362)”, destaca o ministro em seu voto.
Oscilação anárquica
Para o relator do recurso afetado à Corte Especial, é exatamente pelo fato de englobar em sua formação tanto
remuneração quanto correção, que a Selic não reflete, com perfeição e justiça, o somatório de juros moratórios
e a real depreciação da moeda – que a correção monetária visa recompor pelos índices de inflação medida em
determinado período.
“A Selic não é um espelho do mercado; é taxa criada e reconhecida com forte componente político – e não
exclusivamente técnico –, que interfere na inflação para o futuro, ao invés de refleti-la, com vistas na economia
de um período anterior e na projeção para os próximos meses, em consonância também com as metas
governamentais”, entende Salomão.
101
Para balizar sua proposta, o ministro incluiu em seu voto um minucioso estudo sobre a taxa de juros paga com a
utilização da Selic desde 2003 e constatou que sua adoção na atualização de dívidas judiciais conduz a uma
oscilação anárquica dos juros efetivamente pagos pela mora.
“Constata-se, por exemplo, o pagamento de juros a 12,31% ao ano em 2005, contra o irrisório 1,30% ao ano em
2012, períodos em que a inflação foi praticamente idêntica (5,69% e 5,84% a.a.), respectivamente”, analisou o
relator.
Para ele, a adoção da Selic para efeitos de pagamento tanto de correção monetária quanto de juros moratórios
pode conduzir a situações extremas: por um lado, de enriquecimento sem causa ou, por outro, de incentivo à
litigância habitual, recalcitrância recursal e desmotivação para soluções alternativas de conflito, ciente o
devedor de que sua mora não acarretará grandes consequências patrimoniais.
“Aliás, como as dívidas judiciais são atualizadas mensalmente, e não anualmente, há registros de meses em que
a Selic ficou abaixo de índices oficiais que medem exclusivamente a inflação, o que significa juros negativos e
que, em boa verdade, nesse período, foi o credor que pagou juros ao devedor, o que não se sustenta”, ressaltou
o ministro em seu voto.
Para Luis Felipe Salomão, a adoção da Selic na relação de direito público alusiva a créditos tributários ou a
dívidas fazendárias é inquestionável, mas não há motivos para transpor esse entendimento para relações
puramente privadas, nas quais se faz necessário o cômputo justo e seguro de correção monetária e juros
moratórios, “atribuição essa que, efetivamente, a Selic não desempenha bem”.
Voto
No caso afetado à Corte Especial, o ministro relator deu parcial provimento ao recurso especial para descartar a
incidência da correção monetária a partir da inscrição indevida. Também consignou que a indenização por
danos morais, para efeito de incidência de juros de mora, deve ser considerada sempre responsabilidade
extracontratual – “até porque, no caso concreto, a ausência de contrato entre a autora e a instituição financeira
foi exatamente o que justificou a propositura da ação”.
Assim, entendeu o ministro, deve ser aplicada a Súmula 54 do STJ, com os juros moratórios fluindo a partir do
evento danoso.
Em relação à correção monetária, Salomão sustentou que a mesma deve incidir a partir do arbitramento da
indenização em grau de apelação (Súmula 362), ao contrário do que propõe a recorrente, que busca a contagem
102
também desde a inscrição indevida. O índice de correção será o da tabela adotada pelo tribunal de origem,
desde que oficial.
O julgamento foi interrompido por pedido de vista logo após a apresentação do voto, de forma que nenhum
ministro votou após o relator. Não há data para retomada da discussão. Consulta em 05.09.14: ÚLTIMA FASE:
08/08/2013 (09:46) CONCLUSÃO AO(À) MINISTRO(A) JOÃO OTÁVIO DE NORONHA APÓS PEDIDO DE VISTA.
Antes da Lei 11.960/2009, o art. 1º-F da Lei 9.497/97, incluído nessa lei pela MP N. 2.180-35/2001, definia que
os juros moratórios, nas condenações impostas à fazenda pública para pagamento de verbas remuneratórias
devidas a servidores e empregados públicos, seriam de 6 % ao ano.
-STJ: o dispositivo teve incidência somente em relação às AÇÕES AJUIZADAS APÓS A MP N. 2.180-35/2001.
Art. 1º-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de
atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez,
até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de
poupança. (Redação dada pela Lei nº 11.960, de 2009)
OBS.: NO JULGAMENTO DAS ADI’S 4357/DF, 4425/DF, 4372/DF, 4400/DF, O STF DECLAROU A
INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 100, §12º, CF/88 (REDAÇÃO DADA PELA EC 62/09) E POR
ARRASTAMENTO DO ART. 1º-F DA LEI 9494/97 EM RELAÇÃO ÀS EXPRESSÕES “INDEPENDENTEMENTE DE SUA
103
NATUREZA” (para que aos precatórios de natureza tributária se apliquem os mesmos juros de mora incidentes
sobre o crédito tributário) E “ÍNDICE OFICIAL DE REMUNERAÇÃO BÁSICA DA CADERNETA DE POUPANÇA”.
O STF, portanto, reputou inconstitucional a predefinição da correção monetária dos valores decorrentes de
condenação imposta à Fazenda Pública, com base no índice oficial de remuneração básica da caderneta de
poupança, uma vez que não serviria para corrigir as perdas inflacionárias do período.
Quanto aos juros de mora relativos às condenações contra a Fazenda Pública, é possível que o ordenamento
preveja juros específicos diferentes do estipulado pela regra geral do art. 406 do NCC, como o que acontece
nas DESAPROPRIAÇÕES [art. 15-B, Decreto-lei 3.365/41] e nos PARCELAMENTO DE PRECATÓRIOS [Lei
11.178/05].
Assim, o STJ entende que os juros moratórios, em relação às condenações impostas à Fazenda Pública, devem
obedecer à seguinte sistemática em relação ao direito intertemporal:
VERBAS REMUNERATÓRIAS. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DEVIDOS PELA FAZENDA PÚBLICA. LEI
11.960/09, QUE ALTEROU O ARTIGO 1º-F DA LEI 9.494/97. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL
POR ARRASTAMENTO (ADIN 4.357/DF). 1. O art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação conferida pela Lei
11.960/2009, que trouxe novo regramento para a atualização monetária e juros devidos pela Fazenda Pública,
deve ser aplicado, de imediato, aos processos em andamento, sem, contudo, retroagir ao período anterior a sua
vigência. 2. "Assim, os valores resultantes de condenações proferidas contra a Fazenda Pública após a entrada
em vigor da Lei 11.960/09 devem observar os critérios de atualização (correção monetária e juros) nela
disciplinados, enquanto vigorarem. Por outro lado, no período anterior, tais acessórios deverão seguir os
parâmetros definidos pela legislação então vigente" (REsp 1.205.946/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Corte
Especial, DJe 2.2.2012). 3. O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade parcial, por
104
arrastamento, do art. 5º da Lei 11.960/09, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/97, ao examinar a
ADIn 4.357/DF, Rel. Min. Ayres Britto. 4. A Suprema Corte declarou inconstitucional a expressão "índice oficial
de remuneração básica da caderneta de poupança" contida no § 12 do art. 100 da CF/88. Assim entendeu
porque a taxa básica de remuneração da poupança não mede a inflação acumulada do período e, portanto, não
pode servir de parâmetro para a correção monetária a ser aplicada aos débitos da Fazenda Pública. 5.
Igualmente reconheceu a inconstitucionalidade da expressão "independentemente de sua natureza" quando os
débitos fazendários ostentarem natureza tributária. Isso porque, quando credora a Fazenda de dívida de
natureza tributária, incidem os juros pela taxa Selic como compensação pela mora, devendo esse mesmo
índice, por força do princípio da equidade, ser aplicado quando for ela devedora nas repetições de indébito
tributário. 6. Como o art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação da Lei 11.960/09, praticamente reproduz a norma
do § 12 do art. 100 da CF/88, o Supremo declarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, desse
dispositivo legal. 7. Tendo em vista a declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei 11.960/09: (a)
a correção monetária das dívidas fazendárias deve observar índices que reflitam a inflação acumulada do
período, a ela não se aplicando os índices de remuneração básica da caderneta de poupança; e (b) os juros
moratórios serão equivalentes aos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicáveis à caderneta de
poupança, exceto quando a dívida ostentar natureza tributária, para as quais prevalecerão as regras específicas.
8. O Relator da ADIn no Supremo, Min. Ayres Britto, não especificou qual deveria ser o índice de correção
monetária adotado. Todavia, há importante referência no voto vista do Min. Luiz Fux, quando Sua Excelência
aponta para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
que ora se adota. 9. No caso concreto, como a condenação imposta à Fazenda não é de natureza tributária, os
juros moratórios devem ser calculados com base no índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à
caderneta de poupança, nos termos da regra do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação da Lei 11.960/09. Já a
correção monetária, por força da declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei 11.960/09, deverá
ser calculada com base no IPCA, índice que melhor reflete a inflação acumulada do período. 10. Agravo
regimental provido em parte. (AgRg no AREsp 261.596/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA,
julgado em 15/08/2013, DJe 22/08/2013)
Como é calculado o valor da correção monetária e dos juros de mora no caso de atraso no pagamento do
precatório?
A EC n.° 62/09 trouxe uma nova forma de cálculo prevista no § 12 do art. 100:
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização (obs.: correção monetária) de valores
de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita
pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora
105
(obs.2: juros de mora), incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de
poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
62/09)
Desse modo, o § 12 determinava que a correção monetária e os juros de mora, no caso de precatórios pagos
com atraso, deveriam adotar os índices e percentuais aplicáveis às cadernetas de poupança.
Art. 1º-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de
atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até
o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.
(Redação dada pela Lei nº 11.960/09)
O § 12 do art. 100, inserido pela EC 62/09, também foi questionado. O que decidiu a Corte?
Para os Ministros, o índice oficial da poupança não consegue evitar a perda de poder aquisitivo da moeda.
Este índice é fixado ex ante, ou seja, previamente, a partir de critérios técnicos não relacionados com a inflação
considerada no período. Todo índice definido ex ante é incapaz de refletir a real flutuação de preços apurada no
período em referência.
Dessa maneira, como este índice (da poupança) não consegue manter o valor real da condenação, ele afronta à
garantia da coisa julgada, tendo em vista que o valor real do crédito previsto na condenação judicial não será o
valor real que o credor irá receber efetivamente quando o precatório for pago (este valor terá sido corroído pela
inflação).
A finalidade da correção monetária consiste em deixar a parte na mesma situação econômica que se encontrava
antes. Nesse sentido, o direito à correção monetária é um reflexo imediato da proteção da propriedade.
Vale ressaltar, ainda, que o Poder Público tem seus créditos corrigidos pela taxa SELIC, cujo valor supera, em
muito, o rendimento da poupança, o que reforça o argumento de que a previsão do § 12 viola a isonomia.
106
Como vimos acima, o art. 1º-F. da Lei n.° 9.494/97, com redação dada pelo art. 5º da Lei n.° 11.960/2009,
também previa que, nas condenações impostas à Fazenda Pública, os índices a serem aplicados eram os da
caderneta de poupança.
Logo, com a declaração de inconstitucionalidade do § 12 do art. 100 da CF, o STF também declarou
inconstitucional, por arrastamento (ou seja, por consequência lógica), o art. 5º da Lei n.° 11.960/2009, que deu
a redação atual ao art. 1º-F. da Lei n.° 9.494/97.
Assim, para o STF, aos precatórios de natureza tributária devem ser aplicados os mesmos juros de mora que
incidem sobre todo e qualquer crédito tributário 15.
#TUDOJUNTOEMISTURADO #FACILITACOACH:
SITUAÇÃO ÍNDICE
TRIBUTÁRIO SELIC
A redação do ort. 1º-F da Lei n.° 9.494/97, dada pela Lei n.° 11.960/2009, não foi declarado
inconstitucional pelo STF?
SIM, porém o STF declarou a inconstitucionalidade apenas de parte do art. 1º-F. O art. 1º-F trata sobre correção
monetária e juros.
Na parte que cuida da CORREÇÃO MONETÁRIA, a nova redação do art. 1º-F é inconstitucional. O STF julgou que
seria inconstitucional utilizar o índice da poupança para a correção monetária das condenações da Fazenda
Pública tal qual previsto no art. 1º-F.
15
Fonte: Dizer o Direito: <http://www.dizerodireito.com.br/2013/04/entenda-decisao-do-stf-que-declarou.html>.
107
• Juros moratórios de débitos não-tributários. Nesse caso, o art. 1º-F continua válido.
Assim, se a Fazenda Pública for condenada em ações relacionadas com dívidas não-tributárias, os juros
moratórios serão os previstos no art. 1º-F (juros da poupança). É o que acontece, por exemplo, quando a
Fazenda Pública é condenada a pagar benefícios previdenciários ou verbas a servidores públicos. Em tais
situações, os juros moratórios serão os da poupança.
• Juros moratórios de débitos tributários: nesse caso, o art. 1º-F foi declarado inconstitucional. Assim, se a
Fazenda Pública possui um débito de natureza tributária, não deverão ser aplicados os juros do art. 1º-F, mas
sim o mesmo índice de juros de mora que incide quando o Poder Público cobra seus créditos tributários. Desse
modo, em ações de indébito tributário, quando a Fazenda Pública for condenada, deverá pagar suas dívidas
segundo o mesmo índice de juros que utilizava para receber os créditos tributários. Atualmente, esse índice é a
SELIC.
Por essa razão que o entendimento acima explicado ainda tem razão de ser, já que, nas ações previdenciárias,
ainda estão sendo aplicados os juros de mora previstos no art. 1º-F.
*#IMPORTANTE: Aplicação imediata nos processos em curso da decisão do STF que declarou inconstitucional
o art. 5º da Lei 11.960/2009 (art. 1º-F da Lei 9.494/94)
O fato de estar pendente de julgamento no STF a modulação dos efeitos da ADI que declarou o dispositivo
inconstitucional não obriga que o STJ determine o sobrestamento dos recursos que envolvam o tema.
De igual modo, a circunstância de o acórdão proferido na ADI ainda não ter sido publicado não impede que o STJ
(inclusive por meio de suas Turmas), afaste, desde logo, a aplicação do art. 5º da Lei n.° 11.960/2009.
A decisão da Turma do STJ que não aplica o art. 5º da Lei n.° 11.960/2009 não afronta o art. 97 da CF/88 nem a
SV 10 do STF.
108
Por fim, é possível afastar o art. 5º da Lei n. 11.960/2009 mesmo em recursos exclusivos da Fazenda Pública.
Isso porque a correção monetária e os juros de mora são consectários legais da condenação principal e,
portanto, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo dc oficio, bastando que a
matéria tenha sido debatida na Corte de origem. Logo, não há falar em reformatio in pejus. STJ
2 Turma. AgRg no AREsp 18.272-SP, Rei. Mm. Humberto Martins, julgado em 4/2/2014.
#DEOLHONAJURIS:
É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. Dito de outro modo, se
o Poder Público sofreu um dano ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja ser ressarcido, ele deverá
ajuizar a ação no prazo prescricional previsto em lei. Vale ressaltar, entretanto, que essa tese não alcança
prejuízos que decorram de ato de improbidade administrativa que, até o momento, continuam sendo
considerados imprescritíveis (art. 37, § 5º). STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
3/2/2016 (repercussão geral) (Info 813)
- Tudo bem. Entendi que as ações propostas pelo Estado buscando o ressarcimento ao erário decorrente de
ilícito civil são prescritíveis.
- A pergunta que surge em seguida é: qual o prazo prescricional? Este é um debate que ainda vai se acirrar
bastante. Por enquanto, temos duas correntes: 1) 3 anos, com base no art. 206, § 3º, V, do CC (prescreve em
três anos a pretensão de reparação civil); b) 5 anos, aplicando-se, com base no princípio da isonomia, o prazo
trazido pelo Decreto 20.910/32. Este dispositivo prevê que o prazo prescricional para ações propostas contra a
Fazenda Pública é de cinco anos. Logo, o mesmo prazo deveria ser aplicado para as ações ajuizadas pela Fazenda
Pública.
- Prazo de 3 anos: acórdão mantido pelo STF. No julgamento acima explicado, o Tribunal de origem adotou a 1ª
corrente (prazo de 3 anos) e o STF manteve a decisão. Vale ressaltar, no entanto, que o objeto do recurso
extraordinário não era esse, de forma que a questão ainda se encontra em aberto na Corte. Penso que não é
possível afirmar ainda que se trata da posição do STF. No entanto, como foi trazido no Informativo, poderá ser
cobrado nas provas. Fique atento com o enunciado da questão ("segundo o STF" ou "segundo o STJ").
- Prazo de 5 anos: posição pacífica do STJ (...) 4. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a
prescrição contra a Fazenda Pública é quinquenal, mesmo em ações indenizatórias, uma vez que é regida pelo
Decreto 20.910/32, norma especial que prevalece sobre lei geral. (...) 5. O STJ tem entendimento jurisprudencial
no sentido de que o prazo prescricional da Fazenda Pública deve ser o mesmo prazo previsto no Decreto
20.910/32, em razão do princípio da isonomia. (...) (STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 768.400/DF, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 03/11/2015)
109
#MAISJURISPRUDÊNCIA #DPVAT:
*João faleceu em um acidente de trânsito, deixando esposa e filhos. Foi aberto inventário, tendo sido nomeado
seu irmão como inventariante. O espólio de João ajuizou ação cobrando o pagamento da indenização do DVPAT.
Agiu corretamente o espólio de João? O espólio do morto poderá cobrar a indenização do DPVAT? NÃO. O
espólio, ainda que representado pelo inventariante, não possui legitimidade ativa para ajuizar ação de cobrança
do seguro obrigatório (DPVAT) em caso de morte da vítima no acidente de trânsito. Segundo a Lei do DPVAT, o
valor indenizatório deve ser pago metade ao cônjuge não separado judicialmente e o restante aos herdeiros da
vítima, segundo a ordem de vocação hereditária (art. 4º da Lei 6.194/1974). Desse modo, depreende-se que o
valor oriundo do DPVAT não integra o patrimônio da vítima de acidente de trânsito. Em outras palavras, o valor
da indenização não é um crédito da vítima falecida. Não integra o patrimônio deixado pelo morto. O valor da
indenização do DPVAT, em caso de morte, passa diretamente para os beneficiários (cônjuge supérstite e demais
herdeiros). STJ. 3ª Turma. REsp 1.419.814-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/6/2015 (Info
565). Para receber indenização, não importa quem foi o culpado. O DPVAT não paga indenização por prejuízos
decorrentes de danos patrimoniais, somente danos pessoais.
*Determinada pessoa sofreu acidente de trânsito que causou sua invalidez permanente. Ela não requereu
indenização DPVAT. Meses depois, ela faleceu por outras razões. Seus herdeiros poderão cobrar a indenização
do DPVAT que ela deveria ter recebido quando estava viva? SIM. Os sucessores da vítima têm legitimidade para
ajuizar ação de cobrança de pagamento de indenização do seguro DPVAT por invalidez permanente ocorrida
antes da morte daquela. O direito à indenização do seguro DPVAT por invalidez permanente integra o
patrimônio da vítima e transmite-se aos seus sucessores com o falecimento do titular. Os sucessores, portanto,
têm legitimidade para propor a ação de cobrança da quantia correspondente. STJ. 4ª Turma. REsp 1.185.907-CE,
Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 14/2/2017 (Info 598).
*É indevida a indenização relativa ao seguro obrigatório – DPVAT, na hipótese em que o acidente de trânsito
que vitimou o segurado tenha ocorrido no momento de prática de ilícito penal doloso. STJ. 3ª Turma. REsp
1.661.120-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 9/5/2017 (Info 604).]
*É válido o pagamento de indenização do Seguro DPVAT aos pais – e não ao filho – do de cujus no caso em
que os genitores, apresentando-se como únicos herdeiros, entregaram os documentos exigidos pela Lei nº
6.194/74 para o aludido pagamento (art. 5º, § 1º), dentre os quais certidão de óbito que afirmava que o
falecido era solteiro e não tinha filhos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.601.533-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha,
julgado em 14/6/2016 (Info 585).
110
- De acordo com o art. 5º, § 1º, "a", da Lei nº 6.194/74 (Lei do DPVAT), o segurador deverá efetuar o pagamento
de indenização mediante simples prova do acidente e do dano decorrente, após a entrega dos seguintes
documentos:
a) certidão de óbito;
b) registro da ocorrência policial; e
c) prova da qualidade de beneficiário.
- Tais documentos foram apresentados pelos pais do de cujus ao requererem o DPVAT. Logo, a seguradora
pagou com base na lei.
- Desse modo, tem-se, no presente caso, um pagamento feito de boa-fé a credor putativo, sendo reconhecido
válido pelo Código Civil. Veja:
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor.
Assim, pela aplicação da teoria da aparência, é válido o pagamento realizado de boa-fé a credor putativo.
- "Credor putativo é aquele que se apresenta aos olhos de todos como o verdadeiro credor. Recebe tal
denominação, portanto, quem aparenta ser credor, como é o caso do herdeiro aparente. Se, por exemplo, o
único herdeiro conhecido de uma pessoa abonada, e que veio falecer, é o seu sobrinho, o pagamento a ele feito
de boa-fé é válido, mesmo que se apure, posteriormente, ter o de cujus, em disposição de última vontade,
nomeado outra pessoa como seu herdeiro testamentário.
(...)
A boa-fé tem, assim, o condão de validar atos que, em princípio, seriam nulos. Ao verdadeiro credor, que não
recebeu o pagamento, resta somente voltar-se conta o accipiens, isto é, contra o credor putativo, que recebeu
indevidamente, embora também de boa-fé, pois o solvens nada mais deve.
(...)
Além da boa-fé, exige-se a escusabilidade do erro que provocou o pagamento, para a exoneração do devedor.
(...)" (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro. Vol. 2, 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 2011, p. 266-267).
- Para que o erro no pagamento seja escusável, é necessária a existência de elementos suficientes para induzir e
convencer o devedor diligente de que o recebedor é o verdadeiro credor. No caso aqui analisado, verifica-se que
a indenização do Seguro DPVAT foi paga de boa-fé aos credores putativos. Além disso, não há previsão de
obrigação da seguradora em averiguar a existência de outros beneficiários da vítima. Logo, conclui-se que não
houve qualquer ilegalidade no procedimento adotado pela seguradora.
- Vale ressaltar, por fim, que, em nosso exemplo, o filho do de cujus terá direito de ingressar com ação cobrando
a quantia dos pais do falecido que receberam a indenização de forma indevida
111
*#SÚMULANOVA #NOVIDADE #STJ: Súmula 580: A correção monetária nas indenizações de seguro DPVAT por
morte ou invalidez, prevista no parágrafo 7º do artigo 5º da Lei 6.194/74, redação dada pela Lei 11.482/07,
incide desde a data do evento danoso.
*#IMPORTANTE: AINDA SOBRE DPVAT – A intimação da parte para o comparecimento à perícia médica deve ser
pessoal, e não por intermédio de advogado. Não pode a intimação ser feita ao representante processual se o
ato deve ser pessoalmente praticado pela própria parte. Ato personalíssimo. STJ. 4ª Turma. REsp 1.364.911-GO,
Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 1/9/2016 (Info 589).
*(Atualizado em 05.06.2020): #CUIDADO #AJUDAMARCINHO: No dia 19/12/2019, o STF, por maioria, deferiu a
medida cautelar, para suspender os efeitos da MP 904/2019. Os Ministros entenderam que as alterações no
seguro só poderiam ser efetivadas por meio de lei complementar. Isso porque o sistema de seguros integra o
Sistema Financeiro Nacional, subordinado ao Banco Central do Brasil, e, de acordo com o art. 192 da
Constituição Federal, é necessária lei complementar para tratar dos aspectos regulatórios do sistema financeiro.
DIPLOMA DISPOSITIVOS
Código Civil Art. 927 a 954
Anotações de aula
Material do TRF4
Cadernos Sistematizados