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DIREITO CIVIL
Responsabilidade Civil – Parte IV
Carlos Elias
Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Responsabilidade Civil – Parte IV................................................................................................. 4
1. Classificação da Responsabilidade Civil................................................................................. 4
1.1. Quanto à Origem........................................................................................................................ 4
1.2. Responsabilidade pela Quebra da Confiança: uma Terceira Categoria?. . ..................... 6
1.3. Quanto à Culpa.......................................................................................................................... 7
1.4. Responsabilidade Objetiva..................................................................................................... 8
2. Pressupostos da Responsabilidade Civil. . .............................................................................12
2.1. Conduta......................................................................................................................................13
2.2. Culpa..........................................................................................................................................21
2.3. Nexo Causal............................................................................................................................. 22
2.4. Dano.......................................................................................................................................... 24
2.5. Excludentes da Responsabilidade Civil............................................................................. 36
Questões de Concurso.................................................................................................................. 43
Gabarito............................................................................................................................................ 69
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DIREITO CIVIL
Responsabilidade Civil – Parte IV
Carlos Elias
Apresentação
Amigo(a), você vai acertar tudo, tudo, tudo de Direito Civil na tua prova!
Vamos continuar na nossa aula de Responsabilidade Civil.
Resumo
Aluno(a), quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os exercícios.
É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu aprofundar o conte-
údo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com as questões. De
nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familiaridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir
às questões.
O resumo desta aula é este:
• Quanto à origem, a responsabilidade pode ser contratual (quando decorre da violação de
um dever contratual) ou extracontratual (quando decorre da violação de um dever legal);
• O STJ admite a responsabilidade pela quebra da confiança como uma terceira categoria
diferente das duas espécies de responsabilidade acima (contratual e extracontratual);
• Quanto à culpa, a responsabilidade pode ser subjetiva ou objetiva;
• Responsabilidade objetiva é a que dispensa a prova de culpa. É exceção: depende de lei,
pois excepciona a regra geral do caput do art. 927 do CC. O parágrafo único do art. 927
do CC admite a responsabilidade civil em dois casos: (1) quando for aplicável a teoria do
risco e (2) quando houver lei específica;
• Os pressupostos da responsabilidade são a conduta, a culpa, o nexo causal e o dano.
Em regra, sem esses pressupostos, não há responsabilidade civil;
• Levando em conta a conduta, a responsabilidade civil pode ser direta ou indireta;
• A responsabilidade direta ou por ato próprio se dá quando o agente é responsabilizado
por uma conduta que ele mesmo adotou. É a regra geral da responsabilidade civil e está
prevista genericamente no art. 927, caput, do CC;
• A responsabilidade indireta ocorre quando alguém responderá por um dano causado por
conduta de um terceiro ou por uma coisa ou animal. É exceção e, por isso, depende de
lei;
• Os principais danos indenizáveis são os danos material, moral, estético e existencial,
além da perda de uma chance e da perda do tempo útil;
• As excludentes de ilicitude são excludentes de responsabilidade civil;
• No caso da responsabilidade objetiva, apenas o fortuito externo é excludente, por se
tratar de risco alheio à atividade;
• Se a responsabilidade objetiva for fundada na teoria do risco integral, não há fortuito
externo, pois todos os riscos são considerados inerentes à atividade e, por isso, nenhum
fortuito será excludente.
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Quando se trata de um negócio jurídico gratuito, a parte generosa só responde por dolo, nos
termos do art. 392 do CC.
Errado.
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Responsabilidade Civil – Parte IV
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e dos direitos de autor. O dever de cuidado objetivo é aquele que exige que todos adotem con-
dutas cautelosas para não causar danos a outrem (art. 186, CC) e não se portem com abuso
de direito (art. 187, CC). O fundamento legal da responsabilidade extracontratual são especial-
mente os arts. 186, 187, 402, 927 e 944 do CC.
A responsabilidade contratual é a que decorre da violação de uma obrigação contratual, ou
melhor, de uma obrigação de um negócio jurídico, inclusive os unilaterais, como a promessa
de recompensa etc. Excepcionalmente, deve-se admitir como contratual a responsabilidade
decorrente da violação de uma obrigação nascida de lei, quando esta for, por um negócio jurí-
dico ou judicial, individualizada, como o dever de pagar alimentos. Essa intermediação humana
por um negócio ou um ato judicial torna contratual a responsabilidade. É nesse sentido que se
deve entender os doutrinadores que, como Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 45), defendem
que, excepcionalmente, violação de lei pode ensejar responsabilidade contratual. O fundamen-
to legal da responsabilidade contratual são especialmente os arts. 389, 402, 475 e 927 do CC.
A título de exemplo, se um ônibus de transporte coletivo se envolve em um acidente, atropelan-
do um transeunte e causando lesões nos passageiros, haverá responsabilidade civil contratual
da empresa transportadora perante os passageiros por violação ao dever de proteção inerente
ao contrato de transporte mantido com estes (cláusula de incolumidade tácita no contrato) e
haverá responsabilidade extracontratual da empresa perante o transeunte por desrespeito ao
dever legal de cuidado objetivo (art. 186, CC): não há contrato com transeunte.
Aluno(a), diga-me: qual é a relevância prática em classificar a responsabilidade civil em
contratual ou extracontratual?
Há duas principais.
Uma utilidade prática da classificação é a de que, na responsabilidade contratual, o credor
não precisa provar culpa, mas basta provar o inadimplemento contratual. O inadimplemento,
por si só, faz presumir a culpa, admitido, porém, que o devedor faça prova em contrário para
afastar a culpa. Já na responsabilidade extracontratual, a vítima tem de provar a culpa do
causador do dano. Não basta apenas provar o dano. Essa regra geral, todavia, pode ser flexibi-
lizada por lei, pois há casos de inversão de ônus da prova por lei (como no art. 6º, VIII, do CDC
e na teoria da distribuição dinâmica da prova prevista no art. 373, § 1º, do CPC) e há casos de
responsabilidade objetiva, para qual é irrelevante a prova de culpa.
Outra utilidade da classificação é o termo inicial dos juros de mora. Na responsabilidade
extracontratual, é a data do dano. Na responsabilidade contratual, é a data da interpelação
judicial (geralmente a citação) ou extrajudicial, salvo quando se tratar de mora ex re, em que o
termo inicial será a data do advento do termo (STJ, REsp 1513262/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro
Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 26/8/2015). Sobre o tema, reportamos ao que escrevemos nas
aulas de Direito das Obrigações.
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Aluno(a), vocês já ouviram falar em responsabilidade pela quebra da confiança? Isso seria
uma terceira categoria de dano? O STJ analisou esse tema e, por isso, há chances de isso ser
cobrado em concurso.
Enquanto a responsabilidade contratual decorre da violação de uma prestação pactuada
entre as partes e a responsabilidade extracontratual deriva do descumprimento de um dever
genérico de abstenção, há corrente doutrinária a sustentar uma terceira categoria de respon-
sabilidade: a responsabilidade pela quebra da confiança. Esta não seria contratual, porque não
necessariamente se vincula a um contrato, nem seria extracontratual, pois não se relaciona a
um dever genérico de abstenção (Rosenvald; Farias; Braga Netto; 2015, p. 72).
A responsabilidade pela quebra da confiança consiste nos danos causados a uma vítima
em razão da frustração de uma legítima expectativa criada pelo agente com sua conduta.
Não se confundiria com a responsabilidade pré-contratual, porque esta tem, como foco, a ce-
lebração futura de um contrato, meta essa inexistente na responsabilidade pela quebra da
confiança.
O STJ já admitiu essa responsabilidade pela quebra da confiança para condenar a IBM a
indenizar uma empresa que, com base na expectativa criada pelo comportamento daquela
(apresentação de projeto, visita de engenheiros, indicação das especificações técnicas do pro-
duto e utilização de uma empresa intermediária), sofreu prejuízo ao verem rejeitadas as peças
que fabricara para serem empregadas no produto projetado pela IBM. Nesse caso, embora o
Ministro Relator tenha chegado a esse veredito entendendo que, embora inexistisse contrato
entre as partes, seria devida a responsabilidade pela quebra de confiança, a Ministra Isabel
Gallotti adotou o mesmo veredito com argumento diverso, afirmando haver um contrato in-
formal entre as partes (STJ, REsp 1309972/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe
08/06/2017).
Ao nosso sentir, não é adequado considerar a responsabilidade pela quebra da confiança
como uma terceira categoria. Temos que ela se enquadra tanto dentro da responsabilidade
contratual como na extracontratual, pois deriva da violação da boa-fé, que é um dever a ser
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Responsabilidade
civil quanto à
culpa
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Contexto da
responsabilidade Associação do Responsabilidade subjetiva
Idade pecado com a culpa passa a ser a regra
objetiva Média
Responsabilidade subjetiva
Teoria do risco para como regra, admitindo-se
quem desenvolve a responsabilidade objetiva
Revolução certas atividades pela teoria do risco
industrial
002. (CESPE/JUIZ/TJ-CE/2018) Pedro descobriu que seu nome havia sido inscrito em órgãos
de restrição ao crédito por determinada instituição financeira em decorrência do inadimple-
mento de contrato fraudado por terceiro.
Nesse caso hipotético, a instituição financeira
a) não responderá civilmente, uma vez que se trata de fato de terceiro, mas deverá proceder à
retirada do registro negativo no nome de Pedro.
b) não responderá civilmente, porque a fraude configura uma excludente de caso fortui-
to externo.
c) responderá civilmente na modalidade objetiva integral.
d) responderá civilmente apenas se Pedro comprovar que sofreu prejuízos devido à inscrição
de seu nome nos órgãos de restrição ao crédito.
e) responderá civilmente na modalidade objetiva, com base no risco do empreendimento.
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Até a Idade Média, a regra era a responsabilidade objetiva, que era justificada pela vingan-
ça. Quem sofresse um dano reivindicava, como ato de vingança, indenização independente-
mente de discussão de culpa.
Com a Idade Média, por influência de ideais do cristianismo – que associa o pecado à
culpa –, a responsabilidade subjetiva passou a ser a regra geral. Ninguém poderia ser respon-
sabilizado por um dano causado sem culpa.
Notadamente com a efervescência das cidades com a Revolução Industrial, muitas víti-
mas das atividades perigosas das máquinas ficavam sem obter a indenização, pois não con-
seguiam provar culpa dos industriais. Havia casos de proletários que, durante suas jornadas
desumanas de trabalho, sofriam lesões corporais nas máquinas e eram demitidos por conta
de sua incapacidade laboral. Esses proletários não tinham condições de comprovar a culpa
do industrial, ainda mais levando-se em conta que o seu baixo grau de instrução e a sua pe-
núria os tornavam vulneráveis para guardar e produzir provas (fotos, perícias etc.). A injustiça
era notável.
Foi nesse contexto que a doutrina desenvolveu a teoria do risco criado para justificar a res-
ponsabilidade objetiva, de modo que os industriais, ao criarem riscos de danos aos indivíduos,
passaram a responder objetivamente pelos danos causados em razão de suas atividades.
A teoria do risco criado se especializou nas demais teorias do risco: a do risco profissional,
do risco-proveito, risco administrativo e risco integral.
Assim, a regra continuou sendo a responsabilidade subjetiva, mas passou-se a admitir ex-
cepcionalmente a responsabilidade objetiva com base na teoria do risco. O fundamento da
responsabilidade objetiva não era mais a vingança, e sim a teoria do risco.
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A teoria do risco integral é excepcional entre as várias teorias do risco. Ela só se aplica para
casos especiais.
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casos, como o da responsabilidade do empregador por atos do empregado (art. 932, III, CC).
O STJ já invocou a teoria do risco profissional para responsabilizar objetivamente instituições
financeiras perante clientes cujos nomes foram negativados por dívidas decorrentes de che-
ques emitidos fraudulentamente por terceiros. A atividade profissional dos bancos, ao atrair a
atenção dos bandidos, cria risco de os clientes serem atingidos por condutas desses crimino-
sos (STJ, AgRg no AREsp 75.376/RJ, 4ª Turma, Rel. Min. Raul Araújo, DJe 01/07/2013; REsp
1093617/PE, 4ª Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe 23/03/2009).
Segundo a teoria do risco proveito, quem tira proveito de uma atividade que cria risco de
danos responde objetivamente. É também aplicação da regra do ubi emolumentum ibi onus. O
proveito não precisa ser puramente econômico e abrange também casos de proveitos econômi-
cos indiretos. É o que ocorre com os casos de estacionamentos gratuitos oferecidos por gran-
des empresas: há proveito econômico indireto pelo fato de essa comodidade atrair clientes.
No risco administrativo, o Poder Público cria risco de danos a terceiros com sua atividade
administrativa e, por isso, responderá objetivamente. De fato, o exercício da atividade estatal,
por envolver prerrogativas de poderes (poder de polícia, por exemplo), cria riscos além do usu-
al. A aplicação da teoria do risco administrativo é restrita aos casos de responsabilidade civil
do Estado.
Por fim, vamos falar da teoria do risco integral. Pelo risco integral, quem exercer uma ativi-
dade muito perigosa responde objetivamente por todos – sem exceção – os danos causados.
Distingue-se das demais teorias do risco pelo fato de que estas admitem o fortuito externo
como excludente de responsabilidade. Nos casos de teoria do risco integral, não há fortuito
externo: todos os fortuitos são internos à atividade.
A jurisprudência vem admitindo a aplicação da teoria do risco integral mesmo sem texto le-
gal expresso, desde que seja identificada a altíssima periculosidade da atividade desenvolvida.
Os três principais casos citados pela doutrina são os de responsabilidade ambiental, nuclear e
por atos terroristas ou bélicos. Tratemos deles.
Um dos casos de teoria do risco integral é a responsabilidade por dano ambiental por for-
ça de interpretação extensiva do art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/81 (STJ, REsp 1114398/PR, 2ª
Seção, Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe 16/02/2012). Essa interpretação extensiva decorre da
elevada importância do meio ambiente, de sorte que quem ameaça o meio ambiente com sua
atividade terá de responder objetivamente por qualquer dano causado: não há fortuito exter-
no. Pessoalmente discordamos desse entendimento, pois entendemos que, embora de forma
mais limitada, deve ser admitida a existência de fortuito externo, a exemplo de um dano am-
biental decorre de um ataque bélico. Não nos parece razoável impor ao explorador de uma ati-
vidade econômica na natureza um risco totalmente alheio à sua atividade, como uma guerra.
Outro caso é a responsabilidade do operador por dano causado pela atividade de energia
nuclear. O fundamento é uma interpretação extensiva do art. 21, XXIII, “c”, da CF, que, ao prever
a responsabilidade por dano nuclear independentemente de culpa sem fazer qualquer ressal-
va, teria recepcionado o art. 8º da Lei n. 6.453/77, que excluía a responsabilidade do operador
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de energia nuclear se o dano tiver decorrido de guerras e fatos excepcionais da natureza. Essa
é interpretação majoritária. Dela, porém, discordamos, pois não enxergamos incompatibilidade
do referido art. 8º da Lei n. 6.453/77 com o referido dispositivo da CF, que, em momento algum,
previu a teoria do risco integral nem atacou a opção legislativa de considerar a guerra e catás-
trofes naturais como fortuitos externos. O art. 8º da Lei n. 6.453/77, portanto, estaria em vigor.
Todavia, temos por conveniente que o Congresso Nacional revogue esse dispositivo e preveja
expressamente a teoria do risco integral. Acrescemos, porém, que a limitação de indenização
prevista no art. 9º da Lei n. 6.433/77 não foi recepcionada pela Constituição Federal, que ga-
rante o direito à reparação integral.
A doutrina cita ainda como caso de teoria do risco integral seria a responsabilidade do Es-
tado por ataque terrorista, por atos de guerra ou por eventos correlatos ocorridos no território
brasileiro. O fundamento são as Lei n. 10.309/2001 e 10.744/2003, que autoriza a União a,
com limite de valor, assumir a responsabilidade civil perante terceiros vítimas de atentados ter-
roristas ou de atos de guerra. Discordamos do enquadramento dessa hipótese como respon-
sabilidade civil. Entendemos que essas leis instituem, na verdade, uma faculdade de a União
se tornar uma espécie de segurador: ela está a assumir uma obrigação de segurador perante
qualquer vítima, e não uma responsabilidade civil. A ideia é que quem estiver em território bra-
sileiro estaria segurado por danos causados por terrorismo ou guerra. Obrigação é diferente
de responsabilidade: esta decorre da violação de uma obrigação. No caso das referidas Leis, a
União ficou autorizada a assumir uma obrigação de indenizar quem for vítima de ataque terro-
rista ou bélico. Não se trata de responsabilidade civil, e sim de obrigação.
Conduta
Culpa
Pressupostos da
responsabilidade civil
Nexo causal
Dano
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2.1. Conduta
2.1.1. Comissiva ou Omissiva
Só é juridicamente
1) Decorrente da profissão
relevante quando
havia do dever 2) Quem assumiu a função de
jurídico de agir Definido em LEI garante
Omissiva
3) Dever de socorrer quem está
em situação de perigo criada
Conduta pelo próprio agente
Para haver responsabilidade civil, é fundamental haver uma conduta do agente que tenha
causado o dano. A conduta pode ser comissiva, quando há um ato praticado pelo agente (ex.:
xingar alguém, atropelar outrem etc.), ou omissivo.
A conduta omissiva, todavia, só é juridicamente relevante quando havia dever jurídico de
agir, em respeito ao princípio da legalidade (ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo
senão em virtude de lei). O dever jurídico de agir ocorre quando houver lei, e os principais casos
são estes: (1) dever jurídico decorrente da profissão, como no caso de médicos e bombeiros,
que têm dever de socorrer quem esteja em situação de risco; (2) dever jurídico de quem as-
sumiu a condição de garante, como um generoso que voluntariamente se obrigou a cuidar de
uma criança enquanto os pais se deslocam a algum outro lugar; e (3) dever jurídico de socorrer
alguém que está em uma situação de perigo criada pelo próprio agente, caso em que a omis-
são pode configurar não apenas um ilícito civil, mas também o crime de omissão de socorro
(art. 135, CP).
Quanto a este último caso, se a situação de perigo não tiver sido criada pelo agente, não
há dever jurídico de agir e, portanto, não poderá ser responsabilizado civilmente quem, vendo
alguém em apuros, faz ouvidos moucos e segue seu rumo. Esse ato egoísta é criticável moral-
mente, mas não pode ser considerado um ilícito por falta de obrigação legal. A lei não obriga
ninguém a ser um bom samaritano. Temos, ademais, por indevido o uso abusivo de princípios
jurídicos para criar obrigações que o texto legal não previu, de maneira que o princípio consti-
tucional do solidarismo (art. 3º, I, CF) não poderia ser utilizada para responsabilizar civilmente
esse egoísta.
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Ruína de prédio:
O dano não é provocado proprietário de prédio
diretamente pelo agente, responde objetivamente
mas por coisa que estava pelos danos causados
sob seu poder pela sua ruína
Responsabilidade
pelo fato da coisa Quem possui coisa
perigosa responde pelo
Teoria da guarda da coisa seu mau uso por outros
Coisas caídas
Quanto à conduta, a responsabilidade civil pode ser classificada como direta ou indireta.
A responsabilidade indireta ocorre quando alguém responderá por um dano causado por
conduta de um terceiro ou por uma coisa ou animal. A responsabilidade pela guarda do animal
é enquadrada como responsabilidade por fato da coisa por alguns doutrinadores, mas prefe-
rimos segregar as hipóteses para fins didáticos. A responsabilidade indireta é exceção e, por-
tanto, só é admitida quando houver lei expressa. Sem lei específica, não há responsabilidade
indireta. Há, porém, casos de responsabilidade civil indireta extraídas com base em princípios
jurídicos deduzidos do texto legal, como é o caso da responsabilidade por fato da coisa funda-
da na teoria da guarda da coisa.
Enfim, a responsabilidade indireta ocorre em dois casos: por fato de terceiro, pelo fato da
coisa e pela guarda do animal. Vamos falar um pouco sobre isso.
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A responsabilidade por fato de terceiro ocorre quando, por lei, alguém será responsabiliza-
do pelos danos causados por uma terceira pessoa. É o que ocorre nos casos do art. 932 do
CC, que, por exemplo, responsabiliza o empregador por ato do empregado. No regime do CC,
essa responsabilidade é, em regra, objetiva, solidária e com direito de regresso nos termos dos
arts. 928, 932, 933, 934 e 942, parágrafo único, do CC, mas há particularidades. Sobre o tema,
reportamos o leitor ao que escrevemos sobre a responsabilidade do incapaz e sobre a respon-
sabilidade solidária.
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Vamos explicar.
Pela responsabilidade por guarda do animal, o proprietário ou o detentor responde objeti-
vamente pelos danos causados por um animal, como no caso de um cachorro agressivo que,
desvencilhando-se da coleira, morde um transeunte na rua (art. 936, CC). Não importa se havia
culpa do proprietário ou do detentor; a responsabilidade é objetiva1. Quem tem a propriedade
ou o poder sobre um animal assume o risco pelos danos por este causado.
Se o animal estava sob os cuidados de alguém, esse possuidor ou detentor responderá
solidariamente com o proprietário pelos danos causados pelo animal, assegurado, porém, a
quem pagar a dívida o direito de regresso contra o culpado. A solidariedade decorre da inter-
pretação extensiva do art. 936 do CC e do parágrafo único do art. 942 do CC (ambos seriam
coautores do dano, para esse efeito).
As excludentes de responsabilidade são as mesmas que vigoram para os casos de res-
ponsabilidade objetiva baseada na teoria do risco criado, como o fortuito externo e a culpa
exclusiva da vítima.
A responsabilidade indireta por fato da coisa ocorre quando o dano não é diretamente
provocado por uma conduta do agente, e sim de forma indireta, por meio de alguma coisa que
estava sob o controle ou sob o risco do agente. Os casos principais são os de ruína do prédio,
o de coisas caídas e os assentados na teoria da guarda da coisa.
Ruína do Prédio
Embora inexista um dispositivo legal com uma cláusula geral, admite-se a responsabilida-
de pelo fato da coisa com base na teoria da guarda da coisa, desenvolvida no direito francês.
Segundo essa teoria, quem detém o comando intelectual (guarda) e de direção sobre a coisa
deve responder pelos danos causados pelo mau uso por outros. É que, em última análise, tal
dano decorre da falta da necessária vigilância da coisa.
1
Há corrente minoritária a sustentar que a responsabilidade é subjetiva com base na culpa presumida.
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Coisas Caídas
Habitante do prédio responde objetivamente pelas coisas
que dele caírem ou forem arremessadas
O condomínio responde
pelos danos
A responsabilidade é do habitante
Prédio em (que não necessariamente é
condomínio edilício proprietário)
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Noções Gerais
De um lado, se puder ser identificada a unidade autônoma de onde procedeu a coisa, não
há queda anônima. Nesse caso, o condômino dessa unidade responderá objetivamente pelos
danos. Se a unidade autônoma estava na posse de um terceiro, como um inquilino, entende-
mos que é esse inquilino que terá de arcar com a indenização, e não o mero condômino, porque
o art. 938 do CC se refere ao “habitante” apenas.
2
Feliz expressão de Rosenvald, Farias e Braga Netto (2016, p. 592).
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De outro lado, se não puder ser identificada a unidade autônoma de onde caiu a coisa,
tem-se uma queda anônima. Nesse caso, por força do art. 938 em conjunto com o parágrafo
único do art. 927 do CC (teoria do risco), a responsabilidade será do condomínio, que poderá
cobrar uma contribuição extraordinária dos condôminos para arcar com a indenização (STJ,
REsp 64.682/RJ, 4ª Turma, Rel. Min. Bueno de Souza, DJ 29/03/1999). Se, posteriormente, for
identificada a unidade de onde partiu a coisa, o condomínio poderá pleitear direito de regresso
contra o habitante dessa unidade à época do dano para reembolsar-se do que houver pago
de indenização, deduzido, obviamente, o que esse habitante já tiver desembolsado a título de
contribuição extraordinária. No mesmo sentido, é o enunciado n. 557/JDC (“nos termos do art.
938 do CC, se a coisa cair ou for lançada de condomínio edilício, não sendo possível identificar
qual unidade, responderá o condomínio, assegurado o direito de regresso”).
Nesse caso, indaga-se: essa contribuição extraordinária pode ser cobrada do condômino
mesmo se a sua unidade estiver em posse de terceiro (como um inquilino)? Entendemos que
sim, assegurado direito de regresso contra esse terceiro (o habitante). É que, apesar de o art.
938 do CC se referir apenas ao habitante como responsável por coisas caídas, o fato de o
condomínio ser o responsabilizado no caso de queda anônima implica que ele poderá cobrar a
contribuição extraordinária com fundamento no art. 1.336, I, do CC. Essa contribuição tem na-
tureza propter rem, decorre do regime jurídico dos condomínios edilícios e, portanto, vincula-se
a cada unidade autônoma. Dessa maneira, se uma unidade estiver na posse de um terceiro que
não o condômino, essa contribuição extraordinária poderá ser cobrada tanto do condômino
quanto do inquilino, assegurado àquele direito de regresso contra este.
Ainda nesse caso de queda anônima, se a coisa caída só puder ter procedido potencial-
mente de determinadas unidades autônomas, há controvérsia doutrinária e desconhecemos
julgados do STJ sobre o assunto.
De um lado, com nosso apoio, respeitados doutrinadores, como Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho (2020, p. 230), defendem que só os condôminos dessas unidades po-
derão sofrer o encargo financeiro pela responsabilidade civil. Temos que, nesse caso, o condo-
mínio continuará sendo responsabilizado, mas só cobrará contribuição extraordinária desses
condôminos potencialmente vinculados ao dano. Assim, se, por exemplo, o prédio possui duas
faces de unidades autônomas, somente os condôminos de uma face poderão ser obrigados a
pagar a contribuição extraordinária ao condomínio pelos danos causados por uma pedra que
caiu em um carro estacionado em frente dessa face. Os condôminos da outra face não terão
esse dever, pois é impossível ter procedido de lá a coisa caída. Para concursos públicos, em
provas objetivas, recomendamos seguir essa primeira corrente por ela haver precedentes de
Tribunais locais nesse sentido, como dão conta Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona
Filho (2020, p. 230), embora entendamos que uma questão objetiva nesse ponto merece ser
anulada diante da divergência doutrinária e da falta de julgado do STJ.
De outro lado, juristas de escol, como Flávio Tartuce (2020, p. 629) e Sílvio de Salvo Venosa,
defendem ser irrelevante a face do bloco de onde potencialmente tenha partido a coisa caída.
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No caso de a queda ser de uma pessoa suicida que pulou de um prédio, e não de uma
coisa, não se aplica o art. 938 do CC, pois este se aplica apenas para queda de coisas, e não
de pessoas. Ainda que assim não fosse, o suicídio nessas hipóteses deve ser considerada um
fortuito a excluir a responsabilidade objetiva do art. 938 do CC. Nesse caso, apenas o espólio
do suicida responderá pelos danos causados a terceiros (Rosenvald, Farias e Braga Netto,
2016, p. 593).
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Pode, porém, haver alguma outra norma que responsabilize terceiros por esse episódio,
como o próprio art. 12 do CDC, que responsabilizaria o shopping solidariamente pelo dano
sofrido por um consumidor que venha a ser atingido por um suicida que de um andar alto in-
terno do Shopping saltou no chão do térreo da parte interna do Shopping. Nesses casos, por
se tratar de relação de consumo, dificilmente se poderá considerar uma hipótese de fortuito
externo, pois nos parece ser risco interno à atividade de Shopping lidar com essas espécies de
potenciais suicidas que ameacem os consumidores.
2.2. Culpa
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causal
TUDO que concorre para o dano
Teoria da equivalência das é considerado CAUSA
condições (conditio sine qua non)
Não adotada pelo CC
Embora haja controvérsia acerca de qual teoria foi adotada, a doutrina é majoritaríssima no
sentido de que a teoria da equivalência dos antecedentes causais não foi a adotada pelo CC.
Errado.
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Pela teoria da causalidade adequada, há nexo causal em qualquer circunstância que, se-
gundo a experiência comum3, seja apta para ocasionar o dano. Entende-se por “apta” aquela
circunstância que seja necessária e determinante para o dano. Critica-se essa teoria por ela
não contemplar determinadas situações, como, por exemplo, a de alguém que desferiu um
“cascudo” na cabeça de uma pessoa que, sem ciência do agressor, possuía uma abertura na
caixa craniana e que veio a falecer. Em princípio, a conduta “cascudo” não é apta, segundo a
experiência comum, para causar o dano “morte”, de modo que, pela teoria da causalidade ade-
quada, não haveria nexo causal, o que livraria o agressor de responder pelos danos causados
pela morte. Nesse caso, ele poderia responder apenas por uma eventual lesão corporal, que
seria o resultado que um “cascudo”, segundo a experiência comum, geraria.
Seja como for, a teoria da causalidade adequada é útil e já foi utilizada pelo STJ. Por exem-
plo, o STJ reconheceu que Park Shopping (um dos maiores Shoppings de Brasília/DF) responde
por avarias causadas por assaltantes durante fuga policial em veículo de cliente do shopping.
A conduta do Shopping em falhar no seu serviço de guarda e vigilância do veículo consumidor
foi determinante para que os bandidos, durante fuga policial, atingissem o veículo do consumi-
dor (STJ, EDcl no AgRg no AREsp 790.643/DF, 3ª Turma, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze,
DJe 01/07/2016).
Igualmente, o STJ livrou empresa televisiva vinculada ao SBT de pagar indenização em um
caso em que uma criança que, após ver um programa em que um mágico ateava fogo em si
mesmo e não se queimava, combinou com o seu irmão – também criança – de imitar a mágica
em casa e, com uso de álcool e fogo, ateou fogo nele. O STJ entendeu que, embora o programa
tenha inspirado as crianças, ele não era causa adequada para causar o dano: a queimadura
dos irmãos. Em princípio, o sinistro foi causado pela omissão dos pais em não se manterem
perto dos filhos e pela conduta deles de deixar substâncias inflamáveis ao alcance da criança.
Assim, com base na teoria da causalidade adequada, o STJ afastou a responsabilidade do SBT
(STJ, REsp 1067332/RJ, 4ª Turma, Rel. Ministro Marco Buzzi, DJe 05/05/2014).
3
Grosso modo, o bom senso.
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A teoria do dano direto e imediato representa um meio-termo das duas teorias anteriores (a
da equivalência das condições e a da causalidade adequada). Essa teoria foi adotada expres-
samente pelo NCC, conforme art. 403. Deve haver, entre a conduta e o dano, uma relação de
causa e efeito direta e imediata. O dano é efeito direto e imediato de determinada causa. Por
essa razão, não é indenizável o dano remoto, assim entendido o decorrente de consequência
indireta da conduta, por ausência de nexo causal a luz da teoria dos danos diretos e imediatos.
O STJ analisou o seguinte caso. Um adolescente havia fugido há oito dias do centro de
internação no qual cumpria uma medida socioeducativa sob regime de semi-liberdade e, em
tiroteio com um desafeto, atingiu mortalmente uma terceira pessoa por erro de mira. O STJ
entendeu que o Estado não poderia ser responsabilizado civilmente por essa morte, pois a sua
conduta omissiva (não ter evitado a fuga do adolescente) não foi a causa direta e imediata do
dano (a morte). Se, porém, a morte de um terceiro tivesse ocorrido durante um tiroteio entre a
polícia e o fugitivo durante a fuga, poder-se-ia falar em nexo causal. Todavia, na espécie, já ha-
via vários dias da fuga (STJ, REsp 858.511/DF, 1º Turma, Rel. Ministro Luiz Fux, Rel. p/ Acórdão
Ministro Teori Albino Zavascki, DJe 15/09/2008).
2.4. Dano
Lei tem conceitos abertos
Nem todos são
juridicamente Princípios criam novas
modalidades de dano indenizável
indenizáveis
Nem todos os danos são juridicamente indenizáveis. Só o são aqueles que se enquadrarem
naquelas espécies de danos indenizáveis admitidos na lei. A lei, todavia, tem categorias muito
abertas (como o dano moral), além de a utilização de princípios jurídicos para criar novas espé-
cies de danos indenizáveis (como o dano existencial) gerar um maior grau de subjetividade. O
enquadramento dos danos como indenizáveis e não indenizáveis geram muitas controvérsias
por conta dessa abertura dos tipos legais.
Assim, por exemplo, o descumprimento de um contrato gera um aborrecimento no credor,
mas esse aborrecimento não necessariamente caracterizará um dano indenizável. Em regra,
trata-se de mero aborrecimento, que é um dano não indenizável. Excepcionalmente, porém,
esse aborrecimento pode caracterizar um dano indenizável, na modalidade do dano moral.
Aguardar na fila de um banco é um aborrecimento, que é um dano não indenizável, salvo se
houver um tempo excessivo de espera.
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Dano
material
Aquilo que a vítima
razoavelmente deixou de lucrar
Lucro
Exige prova de que foram
cessante frustrados proveitos econômicos
O dano material corresponde a danos patrimoniais. Podem ser divididos em duas espé-
cies: os danos emergentes e aos lucros cessantes (art. 402 do CC4).
O dano emergente é o efetivo desfalque patrimonial, é o efetivo prejuízo, é a efetiva dimi-
nuição patrimonial sofrida pela vítima, é o dano patrimonial que emerge do evento danoso. No
caso, por exemplo, de uma batida de carro, o valor do conserto do carro e das despesas médi-
co-hospitalares para o passageiro lesionado é um dano emergente.
Lucro cessante, também chamado de dano negativo ou dano frustrado, corresponde àquilo
que a vítima razoavelmente deixou de lucrar. É a frustração de um lucro razoável, ou seja, é a
perda de um lucro esperado. Decorre da constatação de que, presumindo que os fatos se de-
senrolariam no seu curso normal (tendo em conta os antecedentes), a vítima deixaria de lucrar
aquilo que, à luz do bom senso, lucraria.
Não se trata de dano meramente hipotético ou fantasioso. Os lucros cessantes precisam
ser razoáveis, o que exige prova de que foram frustrados proveitos econômicos que, à luz do
bom sendo, adviria naturalmente de uma atividade que foi interrompida pelo agente. A existên-
cia de antecedentes causais reforça a razoabilidade, mas não é requisito essencial.
A definição é aberta, o que gera controvérsias na jurisprudência em cada caso concreto.
Vamos ver alguns casos concretos.
4
O art. 402 do CC vale-se da expressão “perdas e danos”, que nos parece atécnica pela sinonímia dos dois termos coorde-
nados (Gonçalves, 2011, p. 356). Preferimos simplesmente utilizar o termo “dano”.
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O atraso na entrega de um imóvel pelo devedor, como no caso de um inquilino que tinha
de restituir o bem ou no de um vendedor que tinha de entregar as chaves para o comprador,
causa ao credor lucros cessantes correspondentes aos alugueis que seriam percebidos com a
entrega do imóvel. É compatível com o bom senso que o credor, ao receber o imóvel, iria fruir
dele pessoalmente, ainda que essa fruição consista em simplesmente deixar o imóvel fechado
por fútil capricho. Essa fruição tem um valor econômico: o valor de aluguel.
Todavia, não podem ser considerados, como lucros cessantes, a renda que o credor teria
explorando economicamente o imóvel, abrindo, por exemplo, um comércio, pois aí se tem um
dano meramente hipotético. Não é compatível com o bom senso presumir que o credor haveria
de conseguir abrir um comércio e, ainda por cima, obter lucro com isso (STJ, REsp 194.483/RN,
5ª Turma, Rel. Ministro Felix Fischer, DJ 12/04/1999).
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A frustração do lucro que seria percebido com o início de uma atividade empresarial não
é lucro cessante, e sim mero dano hipotético, pois não é razoável presumir que o sucesso de
uma nova atividade empresarial, especialmente levando-se em conta que, no Brasil, é pequena
a chance de sucesso das novas empresas (STJ, REsp 253.068/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Ari Par-
gendler, DJe 04/08/2003).
No caso de demora no término de um curso por culpa da instituição de ensino, não pode
pleitear, a título de lucros cessantes, o ganho que o aluno teria com uma atividade profissional
que seria exercida com base no curso. Trata-se aí de dano meramente hipotético, pois não é
razoável presumir que a vítima, caso terminasse o curso no prazo inicialmente previsto, iria per-
ceber lucros em uma atividade profissional baseada na titulação obtida (STJ, REsp 615.203/
MS, 4ª Turma, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, DJe 08/09/2009).
No caso de profissional autônomo que, por conta de uma dano físico, fica inabilitados a
exercer sua atividade profissional até a sua cura, há lucros cessantes correspondentes à média
da renda que, até a data do dano, o profissional percebia (STJ, REsp 971.721/RJ, 4ª Turma, Rel.
Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 22/03/2011).
Empresa agropecuária que fica sem veículo essencial à sua atividade econômica por culpa
da seguradora – que recusou indevidamente cobrir a reparação desse veículo – pode pleitear,
a título de lucros cessantes, o valor correspondente aos produtos agropecuários que, com o
veículo, a empresa poderia transportar para venda (STJ, REsp 1056295/RJ, 3ª Turma, Rel. Mi-
nistra Nancy Andrighi, DJe 18/02/2009).
O STJ já aceitou, em outro caso, esses lucros cessantes contra a seguradora por negativa
indevida a cobertura de veículos importantes para a atividade normal do segurado (STJ, REsp
593.196/RS, 4ª Turma, Rel. Ministro Hélio Quaglia Barbosa, DJ 17/12/2007).
Posto de gasolina cuja atividade é interrompida por incêndio sofre, como lucros cessan-
tes, durante o período necessário para a reconstrução, a média dos lucros que ele percebia
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antes do sinistro (STJ, REsp 1110417/MA, 4ª Turma, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, DJe
28/04/2011).
No caso de indevida falta de repasse de recursos pelo banco financiador para empresa que
promoveria a ampliação do parque industrial, o lucro que seria percebido com o aumento da
produção industrial após essa obra não configura lucro cessante, mas caracteriza mero dano
hipotético, que não é indenizável (STJ, REsp 846455/MS, 3ª Turma, Rel. Ministro Castro Filho,
Rel. p/ Acórdão Ministro Sidnei Beneti, DJe 22/04/2009).
Atraso na entrega
de um imóvel
Dano
Lesão causada diretamente ao
moral Direto direito de personalidade
Dano moral é uma lesão a um direito da personalidade. Não é a mera tristeza e angústia.
Se alguém sofre angústia por ver uma criança ser atropelado, não necessariamente sofre dano
moral, pois isso não implica direito da personalidade. Se, porém, nesse caso, a criança atro-
pelada fosse filha do telespectador, haveria dano moral, pois a morte da criança implicou a
violação de um direito da personalidade deste telespectador (o direito relacionado ao vincula
familiar).
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A previsão da lei de ‘preço de afeição’ é feita tendo em conta que alguns objetos pessoais em uso
há longos anos já não têm valor material, senão e apenas afetivo. Nesta hipótese, estima-se o valor
de modo mais ou menos aleatório, desde que não supere o valor que o bem alcançaria se tivesse
que ser comprado.
Dimensão do dano
STJ - método
Culpabilidade do
bifásico 2º) Aumenta ou diminui
o valor com base no caso agente Leva em conta a
concreto função punitiva
Culpa concorrente
Arbitramento e preventiva da
Condição econômica indenização por
do valor do do ofensor dano moral
O valor da indenização por dano moral é mais ou menos aleatório, pois o bem violado é
imaterial (direito da personalidade) e, portanto, insuscetível de uma reparação integral. O valor
pecuniário da indenização apenas destina-se a atenuar a lesão extrapatrimonial. O arbitramen-
to não pode ser tão alto a ponto de expor o causador do dano a um “inferno de severidade”5,
nem tão baixo de tal modo a estimular reincidências.
O STJ desenvolveu o método bifásico como critério para o arbitramento do valor do
dano moral (STJ, REsp 959.780/ES, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe
06/05/2011). Por esse método, a liquidação do dano moral ocorre em duas etapas.
Em um primeiro momento, fixa-se um valor básico com base no estudo dos precedentes
dos Tribunais em casos análogos. Atenta-se aí essencialmente para o bem jurídico lesado para
fixar uma indenização básica.
Em uma segunda etapa, aumenta-se ou diminuiu esse valor-base a partir da análise das
particularidades do caso concreto, de modo a fixar o valor final da indenização. Por esse cri-
tério bifásico, o valor da indenização do caso concreto se aproximará de outros já apreciados
pela jurisprudência.
Há grande margem de manobra ao juiz na segunda etapa, mas ele deverá agir com equida-
de em razão da aplicação analógica do parágrafo único do art. 953 do CC (analogia autorizada
pelo fato de inexistir regra específica no Código Civil para o arbitramento do dano moral) e, ao
5
Trata-se do enfer de severité, em francês, expressão utilizada pelo jurista francês Geneviève Viney e invocada pelo STJ (REsp
1127913/RS, 4ª Turma, Rel. Ministro Marco Buzzi, Rel. p/ Acórdão Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 30/10/2012).
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atentar para as “particularidades do caso concreto”, o juiz deverá levar em conta estes parâ-
metros: a dimensão do dano (gravidade do fato e consequências para a vítima), culpabilidade
do agente (intensidade do dolo ou da culpa), eventual culpa concorrente (participação culposa
da vítima, conforme art. 945, CC), condição econômica do ofensor e condições pessoais da
vítima (posição política, social e econômica). No tocante a esse último critério, o STJ, embora
admita que se leve em conta a situação econômica da vítima para evitar que valores elevados
de indenização levem a enriquecimentos injustificados da própria vítima, adverte o juiz para
ter a cautela de impedir que discriminações que levem a pessoas atingidas pelo mesmo fato
danoso recebam indenizações em valores diferentes.
A função punitiva e preventiva da indenização por dano moral é levada em conta no exame
da culpabilidade do agente e da situação econômica do ofensor: quanto mais reprovável a
conduta do agente e quanto maior a sua condição econômica, maior deve ser o valor da inde-
nização por dano moral.
Como se vê, o Código Civil adotou, como regra, o arbitramento equitativo da indenização, e
não o tarifamento legal da indenização6. Todavia, como reconhece o Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino7, há uma tendência de tarifamento judicial da indenização por dano moral com
base na análise apenas no bem jurídico atingido, prática que não é expressamente confessada
pelos juízes, mas que, na prática, vem se consolidando. O mais adequado, porém, é sempre in-
dividualizar o dano, conforme a segunda etapa do critério bifásico supracitado, deixando a aná-
lise dos valores usualmente praticados pela jurisprudência para a primeira etapa desse critério.
Como exemplo de aplicação do critério bifásico, em um caso envolvendo morte, o Ministro
Paulo de Tarso Sanseverino arbitrou o valor de 400 salários mínimos como indenização básica
(1ª etapa), levando em conta que os valores arbitrados pelo STJ em casos de morte oscilam
entre 300 e 500 salários mínimos. Em seguida, o ministro aumentou esse valor para 500 salários
6
Este último chegou a ser previsto nos arts. 1.547 (injúria e calúnia) e 1.550 (ofensa à liberdade pessoal) do CC/1916, os
quais fixavam a indenização no dobro da multa máxima prevista para a pena criminal respectiva sempre que não for viável
comprovar prejuízo material. Todavia, a jurisprudência, assustada com os altos valores alcançados, afastou essa regra ao
argumento de que o CC/1916 se remetia à legislação penal anterior ao Código Penal de 1940. Também o art. 51 da não
recepcionada Lei de Imprensa (Lei n. 5.250/67) fixava os valores de indenização por dano moral a ser paga pelo jornalista
profissional a depender do tipo de lesão praticada (ex.: 2 salários mínimos para notícias falsas; 5 salários mínimos para
ofensa à dignidade; 10 salários mínimos para agressão à reputação; 20 salários mínimos para imputação falsa de crime),
ao passo que o art. 52 da mesma lei autoriza majorar, em dez vezes, esses valores se a causadora do dano fosse uma
empresa jornalística, o que também era um tarifamento legal. A Lei de Imprensa, no entanto, não foi recepcionada pela CF,
segundo o STF; todavia, antes de o STF se manifestar, o STJ já havia rejeitado o sistema de tarifamento legal dessa lei por
reputá-la contrária aos incidos V (direito de indenização) e X (inviolabilidade da vida privada, da honra e da imagem com
direito à indenização) do art. 5º da CF, tudo conforme a Súmula n. 281/STJ: “a indenização por dano moral não está sujeita
à tarifação prevista pela Lei de Imprensa”. Seja como for, infere-se daí que seria plenamente constitucional uma lei que
tabelasse o valor da indenização por dano moral dentro de uma margem de valor máximo e mínimo, desde que essa faixa
fosse razoável e permitisse ao juiz uma margem de manobrada adequada para individualizar os casos concretos. É o que
implicitamente reconhece o Ministro Paulo de Tarso neste julgado: STJ, REsp 959.780/ES, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de
Tarso Sanseverino, DJe 06/05/2011.
7
Ver seu voto neste julgado: STJ, REsp 959.780/ES, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 06/05/2011.
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mínimos ao atentar para as circunstâncias do caso concreto, que envolvia a morte de uma
mulher de 43 anos casada e com quatro filhos por atropelamento (gravidade do fato em si), a
existência de culpa leve do agente (culpabilidade) e falta de provas acerca de culpa concorren-
te da vítima ou da condição econômica de ambas as partes (STJ, REsp 959.780/ES, 3ª Turma,
Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 06/05/2011).
Casuística
(danos morais)
STJ condenou ao pagamento de
dano moral à vítima e ao seu
Estupro de paciente companheiro
por médico
Estupro por médico cirurgião, que dopou uma paciente para manter conjunção carnal não
autorizada, implicou, em um caso julgado pelo STJ, condenação do estuprador a pagar inde-
nização por dano moral de R$ 300.000,00 para a vítima e de R$ 200.000,00 para o compa-
nheiro dela (STJ, AgRg no REsp 1457651/RJ, 4ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe
10/12/2014).
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A perda de uma chance, além de exigir os pressupostos gerais de responsabilidade civil (como
o nexo causal), exige seriedade na probabilidade da chance.
Certo.
do consumidor
Controvérsia
Valor
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O outro dano indenizável é a perda do tempo do livre, perda do tempo útil ou desvio produ-
tivo do consumidor. De acordo com esse conceito, o tempo perdido por uma pessoa com a re-
solução de problemas causados por outrem também deve ser indenizado. Em outras palavras,
a teoria da perda do tempo livre consiste em estabelecer que o tempo injusta e ilegitimamente
desperdiçado por conduta da outra parte deve ser indenizável. É o caso, por exemplo, de horas
que os consumidores costumam perder com ligações ao moroso call center das operadoras
telefônicas. Essa categoria de dano indenizável pode ser aplicada em causas consumeristas
ou não. Na doutrina, destacam-se os escritos do Advogado Marcos Dessaune (“Desvio Produ-
tivo do Consumidor – O Prejuízo do Tempo Desperdiçado”). Há inúmeros julgados reconhecen-
do a indenização pela perda do tempo livre por conta de dispêndio de tempo pelo consumidor
para resolver problemas causados:
• pela companhia telefônica com bloqueio indevido da linha (TJDFT-Juizado Especial,
Acórdão n. 553549, 20100310352096ACJ, 1ª Turma Recursal, Rel. Juiz Paulo Rogério
Santos, DJe 12/12/2011);
• pelas sucessivas ligações telefônicas e envios de documentos por e-mail pelo consumi-
dor para contestar a indevida negativação do seu nome em cadastro de inadimplentes
(TJDFT, Acórdão n. 633653, 20120110593028APC, 6ª Turma Cível, Rel. Desembargadora
Vera Andrighi, DJe 22/11/2012).
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DIREITO CIVIL
Responsabilidade Civil – Parte IV
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Responsabilidade Civil – Parte IV
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não nos parece adequado imputar-lhe ainda uma indenização por um dano existencial, pois,
em princípio, foi o trabalhador que preferiu fazer do trabalho o seu projeto de vida com olhos
nas verbas trabalhistas a que terá direito. O dano existencial, a nosso sentir, deve ficar para
hipóteses de impossibilidades efetivas de escolhas pela vítima quanto ao seu projeto de vida.
objetiva e subjetiva
Excludentes de
ilicitude Legítima defesa
Exercício regular de um direito
Art. 188, CC
Estado de necessidade
Vamos tratar dos fatos que excluem a responsabilidade civil, ou seja, que afastam o dever
de indenizar.
Salvo lei expressa, a responsabilidade civil pressupõe um ilícito civil. Os ilícitos civis estão
nos arts. 186 (causar dano culposamente com violação de direito) e 187 (abuso de direito) do
CC. Por isso, as excludentes de ilicitude, que estão no art. 188 do CC (legítima defesa, exercício
regular do direito e estado de necessidade), excluem a responsabilidade civil. Não importa se a
responsabilidade é objetiva ou subjetiva, pois essa excludente não diz respeito à culpa.
Assim, se um segurança de um shopping center agride um violento consumidor para contê-
-lo de atacar outras pessoas, a legítima defesa em prol de terceiros exclui a ilicitude da conduta
do segurança e, portanto, afasta o dever de indenizar.
Rompe o nexo
causal
Culpa exclusiva da
vítima Exceção: casos de
Afasta a aplicação do risco integral
responsabilidade
objetiva e subjetiva
A culpa exclusiva da vítima rompe o nexo causal, que é um dos pressupostos da respon-
sabilidade civil, pois a causa do dano passa a ser apenas a conduta da vítima. O agente foi um
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mero instrumento da vítima. Se, por exemplo, uma pedestre se joga inesperadamente na frente
de um carro que trafegava na velocidade limite da via, a causa da lesão sofrida pelo transeunte
suicida foi o seu “pulo”, e não a “direção” do motorista. O pedestre apenas se aproveitou do
motorista, que foi um mero instrumento dele.
A culpa exclusiva da vítima afasta a responsabilidade subjetiva e objetiva, pois diz respeito
ao pressuposto da responsabilidade civil do “nexo causal”, e não ao da “culpa do agente”. A
exceção corre à conta dos casos de responsabilidade objetiva com base na teoria do risco in-
tegral, pois aí o responsável, com sua atividade perigosíssima, assume o risco de vítimas que,
sozinhas, causem o dano.
Caso fortuito ou força maior é qualquer fato, humano ou da natureza, que não possa ser evitado
(art. 393, parágrafo único, CC). Preferimos considerar os termos como sinônimos, pois é irrelevan-
te distingui-los. Com isso, escapamos da confusão existente na doutrina, que ora associa a força
maior a fatos da natureza e o caso fortuito a fatos humanos, ora entende o contrário.
O caso fortuito sempre afasta a culpa do agente, pois se trata de fato inevitável. Por isso,
ele sempre exclui a responsabilidade subjetiva.
É diferente, porém, a situação quando se tratar de responsabilidade objetiva.
Na responsabilidade objetiva, a culpa do agente é irrelevante, razão por que o caso fortuito
não necessariamente será uma excludente. Como a responsabilidade objetiva se funda na te-
oria do risco, o caso fortuito só a excluirá se não estiver abrangido pelo raio de risco assumido
pelo agente com a sua atividade (fortuito externo). Só o fortuito externo exclui responsabilida-
de objetiva. Se, porém, o fato for inerente à atividade (fortuito interno), o agente responde pelo
dano. De fato, o caso fortuito pode ser dividido em duas espécies: (1) fortuito interno: é o fato
que se insere no risco normalmente esperado da atividade do agente, ou seja, é o fato inerente
ao risco da atividade; (2) fortuito externo: é o fato alheio ao risco da atividade. Só o fortuito
externo exclui a responsabilidade objetiva.
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Como o fortuito externo é fato inevitável alheio à atividade do agente, ele exclui o próprio
nexo causal, que é um dos pressupostos da responsabilidade civil: a causa do acidente não é a
atividade do agente, e sim o fato inevitável que estava fora da órbita do risco do agente.
Quando a responsabilidade objetiva se baseia na teoria do risco integral, não há fortuito
externo, pois o agente está a assumir qualquer risco de dano. Todos os fortuitos são internos,
razão por que nenhum tipo de caso fortuito excluirá a responsabilidade.
Quando, porém, a responsabilidade objetiva se escorar nas demais teorias do risco (criado,
profissional, proveito ou administrativo), há fortuitos internos e externos.
Casuística
Questão de segurança
Assalto em transporte Fortuito externo pública
Casuística rodoviário
Fortuito interno, pois há legítima
(caso fortuito e expectativa de maior segurança
Assalto em razão de
força maior) Inclui o transporte rodoviário em
transporte aéreo substituição ao voo cancelado
Por ser inerente à atividade de transporte de pessoas, acidentes ocorridos sem culpa al-
guma da empresa são fortuitos internos e obrigam o transportador a responder pelos danos
sofridos pelo passageiro. Não importa se o acidente foi provocado exclusivamente por tercei-
ros, pois se trata de fortuito interno. A responsabilidade do transportador é objetiva e, portanto,
só fortuito externo seria hábil a excluir sua responsabilidade. Isso vale tanto para transportes
rodoviários quanto para transportes aéreos (STJ, AgInt no REsp 1632269/DF, 3ª Turma, Rel. Mi-
nistro Marco Aurélio Bellizze, DJe 22/06/2017; REsp 293.292/SP, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, DJ 08/10/2001).
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Em transporte aéreo – que é sabidamente mais oneroso do que o rodoviário e que ocorre
em aeroportos com estrutura de segurança mais sofisticada (com seguranças armados, con-
trole de raio “X” das bagagens e de detecção de metais dos passageiros), a legítima expecta-
tiva do consumidor abrange a garantia de segurança a si e a seus bens diante de assaltantes.
Por isso, a companhia aérea responde objetiva por roubos ocorridos a passageiros.
Esse entendimento vale mesmo na hipótese de a companhia aérea, em razão do cancela-
mento de um voo, fornecer um transporte rodoviário aos passageiros em substituição ao traje-
to aéreo. Nesse caso, a companhia aérea responderá por assaltos sofridos pelos passageiros
durante esse trajeto rodoviário ocorrido em substituição ao voo cancelado. Afinal de contas,
a legítima expectativa do consumidor é que a segurança do transporte aéreo será estendida a
esse transporte rodoviário substitutivo. Com base nisso, o STJ condenou a companhia aérea
Passaredo Transporte Aéreos Ltda a indenizar passageiros assaltados e agredidos durante
trajeto rodoviário em ônibus fretado pela companhia para substituir o voo que foi cancelado
de Brasília a São José do Rio Preto/SP. (STJ, REsp 1728068/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro Marco
Aurélio Bellizze, DJe 08/06/2018). Como destacado no voto do relator do julgado retrocitado,
essa orientação vale apenas contra a companhia aérea que fretou o ônibus, e não contra a
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empresa transportadora que foi contratada, pois, em relação a ela, o assalto seria considerado
um fortuito externo.
Os precedentes do STJ supracitados cuidam apenas de casos de roubos, que envolve vio-
lência, e não furtos. Entendemos que, para furtos, a responsabilidade do transporte só ocorre-
ria se o furto for de bagagens que foram despachadas, pois estão sob o seu depósito. Temos
que furtos a pertences de passageiros dentro da aeronave ou do aeroporto é fortuito externo,
alheio à atividade do transportador, e, portanto, excluem responsabilidade do transportador.
Fraudes cometidas contra o banco são fortuitos internos e, portanto, são riscos inerentes à sua
atividade a imporem-lhe o dever de indenizar. Vamos tratar mais desse assunto abaixo.
Errado.
Bancos respondem objetivamente por assaltos sofridos por clientes no inteiro de sua
agência, pois, por lidar com dinheiro, a atividade bancária normalmente atrai a atenção de
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bandidos. Há até obrigatoriedade, por lei, de bancos e de empresas que transportam valores
adotarem sistema especial de segurança com aprovação do Ministério da Justiça (art. 1º, Lei
n. 7.102/1983). Trata-se, pois, de fortuito interno (STJ, AgInt no AREsp 1218051/RJ, 3ª Turma,
Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, DJe 16/04/2018).
Igual responsabilidade terá o banco se o assalto ocorrer em estacionamento privativo do
banco oferecido gratuitamente aos clientes, pois ele possui lucro indireto com a oferta dessa
comodidade aos clientes e, portanto, assume o risco por eventuais assaltos ocorridos nesse
local (STJ, AgRg no AREsp 613.850/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe
05/08/2015).
Entretanto, se o assalto ao cliente do banco ocorrer em via pública, a instituição financeira
não responderá por esse dano, ainda que o cliente tenha acabado de sair da agência com um
alto volume de dinheiro sacado na agência. Isso, porque a obrigação de segurança em áreas
públicas pertence ao Estado, e não à instituição financeira. Há, portanto, fortuito externo nesse
caso, a excluir a responsabilidade da instituição financeira. Não importa se o cliente estava
sendo espreitado dentro da agência bancária pelo bandido, pois a obrigação do banco é garan-
tir segurança dentro do seu estabelecimento (STJ, REsp 1557323/PR, 3ª Turma, Rel. Ministro
Marco Aurélio Bellizze, DJe 15/02/2018; REsp 1621868/SP, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy An-
drighi, DJe 18/12/2017).
É dever da instituição financeira indenizar o gerente e os seus familiares que foram vítimas
de violência praticada por assaltantes que promoviam um assalto ao banco, pois se trata de
fortuito interno (STJ, AgRg no REsp 1337920/MG, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso San-
severino, DJe 08/10/2015).
O banco responde por assaltos aos valores e aos bens de terceiros depositados em suas
dependências, como nos casos de contratos de depósito ou de penhor de joias, pois o perigo
desses crimes integra a atividade bancária. E, à luz do art. 51 do CDC, é nula, por abusividade,
cláusula contratual que limite o valor da indenização a ser paga pelo banco nesses casos (STJ,
REsp 1227909/PR, 3ª Turma, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 23/09/2015).
Empresas que transportam dinheiro e outros bens valiosos respondem objetivamente por
qualquer dano causado em razão de assaltos violentos, inclusive por danos sofridos por pessoas
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em via pública que sejam vítimas de tiros, pois se trata de atividade que ordinariamente atrai a
atenção de criminosos.
Se o assalto ocorrer dentro de um supermercado enquanto a empresa de transporte de
valores estava a recolher malotes de dinheiro, o supermercado também responderá solidaria-
mente pelo dano sofrido por consumidores que sejam vítimas do tiroteio causado durante o
assalto. E, se o supermercado estiver dentro de um shopping center, este também responderá
solidariamente. Foi assim que o STJ manteve a condenação solidária de um shopping, de um
supermercado e de uma empresa de transporte de valores no caso de um consumidor que es-
tava passeando no shopping quando levou um tiro na perna em razão de tiroteio travado com
meliantes que tentavam roubar malotes de dinheiro retirados do supermercado por funcioná-
rios da transportadora de valores (STJ, REsp 1327778/SP, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe
Salomão, DJe 23/08/2016).
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Responsabilidade Civil – Parte IV
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QUESTÕES DE CONCURSO
010. (NC-UFPR/PROCURADOR/PREFEITURA DE CURITIBA-PR/2020/ADAPTADA) Acerca
da responsabilidade civil objetiva, é correto afirmar:
A responsabilidade surge como consequência da prática de atividades ilícitas.
A regra é que a responsabilidade civil decorra de ato ilícito, conforme art. 927 do CC. Para tal
efeito, há dois principais ilícitos civis: (1) art. 186 do CC: causar dano a outrem com culpa vio-
lando o direito; (2) art. 187 do CC: abuso de direito.
Excepcionalmente, porém, a responsabilidade pode decorrer de ato LÍCITO, desde que a lei
assim o estabeleça. Entre esses casos excepcionais, destacam-se: (1) arts. 929 e 930 do CC:
agir em legítima defesa ou em estado de necessidade e causar dano a terceiro, caso em que
caberá direito de regresso contra o causador da situação excepcional; (2) hipóteses de respon-
sabilidade. objetiva (art. 927, parágrafo único, CC).
A propósito desse último caso (responsabilidade objetiva), o agente terá de indenizar mesmo
se não tiver agido com culpa, ou seja, mesmo se não tiver praticado os ilícitos do art. 186 (que
exige a culpa) nem o abuso de direito (art. 187 do CC). O motivo é que o fundamento principal
da responsabilidade civil objetiva não é a existência de culpa do agente, e sim o fato de a ati-
vidade dele criar risco de danos a terceiros, de maneira que, por critérios de justiça, esse risco
deve ser assumido pelo agente (teoria do risco).
A responsabilidade civil objetiva, portanto, abrange casos de responsabilidade civil por ato
lícito, e não apenas de atos ilícitos, ao contrário do exposto na questão. Por isso, o gabari-
to é errado.
Veja os dispositivos citados:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito ( arts. 186 e 187 ), causar dano a outrem, fica obrigado a repa-
rá-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos espe-
cificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo imi-
nente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tor-
narem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do
perigo.
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Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpa-
dos do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o
autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (
art. 188, inciso I ).
Errado.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos espe-
cificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Letra d.
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Responsabilidade Civil – Parte IV
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É o art. 927, parágrafo único, do CC, que acolhe a teoria do risco para a responsabilidade objetiva.
Certo.
Também nos casos de a atividade do agente ser arriscada (art. 927, parágrafo único, CC).
Errado.
A questão é mal redigida e merecia ser anulada. Seja como for, ela foi considerada errada, por-
que o fundamento da responsabilidade objetiva não é propriamente o perigo do comportamen-
to do agente, e sim o risco de danos a terceiros que esse comportamento. É que, se alguém
exercer uma atividade que ameaça causar dano apenas a si mesmo (perigo do comportamento),
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isso não gera responsabilidade objetiva. Esta se dá quando há risco de dano a terceiros. Se a
questão tivesse falado em “perigo a terceiros”, o gabarito poderia ser correto.
Errado.
A vítima não precisa provar culpa pelo fato de a responsabilidade ser objetiva, e não pelo fato
de ser difícil produzir essa prova, ao contrário do dito pela questão. Ademais, a vítima precisa
provar não apenas o dano, mas também o nexo causal. De fato, a responsabilidade civil tem os
seguintes pressupostos: (1) dano; (2) nexo causal entre a conduta e o dano; e (3) culpa. Este
último pressuposto fica afastado com a responsabilidade objetiva, de modo que sobra à vítima
o dever de provar os outros dois pressupostos.
Errado.
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Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela repa-
ração dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar,
levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I – o modo de seu fornecimento;
II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III – a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de
culpa.
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solida-
riamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao
consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a
substituição das partes viciadas.
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternati-
vamente e à sua escolha:
I – a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço.
§ 2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo ante-
rior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a
cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do
consumidor.
§ 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º deste artigo sempre que, em
razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou
características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
§ 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º deste artigo, e não sendo
possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo
diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do
disposto nos incisos II e III do § 1º deste artigo.
§ 5º No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o for-
necedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.
§ 6º São impróprios ao uso e consumo:
I – os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II – os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, frauda-
dos, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regula-
mentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III – os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
Certo.
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É o art. 12 e 14 do CDC.
Certo.
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2. O propósito dos recursos é decidir sobre: (i) a sucessão processual; (ii) a negativa de
prestação jurisdicional; (iii) a responsabilidade civil do laboratório e a culpa concorrente
da paciente; (iv) a comprovação dos danos materiais e a necessidade de liquidação da
sentença; (v) o valor arbitrado a título de compensação do dano moral; (vi) a compensa-
ção dos valores pagos em sede de antecipação de tutela com os devidos em virtude da
condenação; e (vii) o ônus da sucumbência relativo ao incidente de falsidade.
3. Esta Corte tem o entendimento, com base no art. 689 do CC/02, de que são válidos
os atos praticados pelo mandatário após a morte do mandante, na hipótese de desco-
nhecimento do fato e, notadamente, quando ausente a má-fé, razão pela qual, requerida
a sucessão processual e promovida a devida regularização da representação nos autos,
ratificando-se, inclusive, os atos anteriormente praticados, não há falar em inexistência
do recurso.
4. Devidamente analisadas e discutidas as questões de mérito, e suficientemente funda-
mentado o acórdão recorrido, de modo a esgotar a prestação jurisdicional, não há falar
em violação dos arts. 489, §1º, IV, 1.013, 1.022, II, do CPC/15.
5. O risco inerente ao medicamento impõe ao fabricante um dever de informar qualificado
(art. 9º do CDC), cuja violação está prevista no § 1º, II, do art. 12 do CDC como hipótese
de defeito do produto, que enseja a responsabilidade objetiva do fornecedor pelo evento
danoso dele decorrente.
6. O ordenamento jurídico não exige que os medicamentos sejam fabricados com garan-
tia de segurança absoluta, até porque se trata de uma atividade de risco permitido, mas
exige que garantam a segurança legitimamente esperável, tolerando os riscos considera-
dos normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, desde que o consu-
midor receba as informações necessárias e adequadas a seu respeito (art. 8º do CDC).
7. O fato de o uso de um medicamento causar efeitos colaterais ou reações adversas, por
si só, não configura defeito do produto se o usuário foi prévia e devidamente informado
e advertido sobre tais riscos inerentes, de modo a poder decidir, de forma livre, refletida e
consciente, sobre o tratamento que lhe é prescrito, além de ter a possibilidade de mitigar
eventuais danos que venham a ocorrer em função dele.
8. O risco do desenvolvimento, entendido como aquele que não podia ser conhecido ou
evitado no momento em que o medicamento foi colocado em circulação, constitui defeito
existente desde o momento da concepção do produto, embora não perceptível a priori,
caracterizando, pois, hipótese de fortuito interno.
9. Embora a bula seja o mais importante documento sanitário de veiculação de informa-
ções técnico-científicas e orientadoras sobre um medicamento, não pode o fabricante se
aproveitar da tramitação administrativa do pedido de atualização junto a Anvisa para se
eximir do dever de dar, prontamente, amplo conhecimento ao público - pacientes e profis-
sionais da área de saúde -, por qualquer outro meio de comunicação, dos riscos inerentes
ao uso do remédio que fez circular no mercado de consumo.
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Errado.
À luz do CDC, a inversão do ônus da prova não é automática no caso de relação de consumo,
mas apenas quando houver hipossuficiência do consumidor ou verossimilhança das alega-
ções do consumidor. Veja o art. 6º, VIII, do CDC:
Força maior também exclui a responsabilidade civil do dono ou detentor do animal, ao contrá-
rio do dito na questão. É o art. 936 do CC:
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Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da
vítima ou força maior.
Errado.
É o art. 936 do CC, que exclui a responsabilidade objetiva do animal o caso de culpa exclusi-
va da vítima ou de força maior. No conceito de força maior, está incluído o fato exclusivo de
terceiros.
Certo.
A questão não está muito bem redigida, mas é possível considerá-la correta por corresponder
ao espírito do art. 936 do CC. O ideal era que a questão tivesse feito referência à força maior
como excludente e quanto à existência de culpa EXCLUSIVA da vítima.
Certo.
Essa é a interpretação dada ao art. 938 do CC, conforme o enunciado n. 557/JDC (“Nos termos
do art. 938 do CC, se a coisa cair ou for lançada de condomínio edilício, não sendo possível
identificar de qual unidade, responderá o condomínio, assegurado o direito de regresso”). Veja
o referido dispositivo e este julgado do STJ:
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Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que
dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Certo.
A responsabilidade por coisas caídas é objetiva contra o habitante do prédio de onde a coisa
caída (art. 938, CC). Não há, pois, necessidade de discussão de culpa. Por isso, se o condo-
mínio descobrir o apartamento de onde caiu a coisa, ele poderá buscar, em ação de regresso,
o reembolso do que pagou a título de indenização independentemente de prova de culpa ou
dolo. Essa é a lógica do enunciado n. 557/JDC.
Errado.
027. (CESPE/JUIZ/TJ-CE/2018) Pedro descobriu que seu nome havia sido inscrito em órgãos
de restrição ao crédito por determinada instituição financeira em decorrência do inadimple-
mento de contrato fraudado por terceiro.
Nesse caso hipotético, a instituição financeira
a) não responderá civilmente, uma vez que se trata de fato de terceiro, mas deverá proceder à
retirada do registro negativo no nome de Pedro.
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b) não responderá civilmente, porque a fraude configura uma excludente de caso fortui-
to externo.
c) responderá civilmente na modalidade objetiva integral.
d) responderá civilmente apenas se Pedro comprovar que sofreu prejuízos devido à inscrição
de seu nome nos órgãos de restrição ao crédito.
e) responderá civilmente na modalidade objetiva, com base no risco do empreendimento.
Súmula n. 479 do STJ: “As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos
gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito
de operações bancárias.”
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. JULGAMENTO PELA SISTE-
MÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. RESPONSABILIDADE CIVIL.
INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS. DANOS CAUSADOS POR FRAUDES E DELITOS PRATICA-
DOS POR TERCEIROS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FORTUITO INTERNO. RISCO DO
EMPREENDIMENTO.
1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: As instituições bancárias respondem objetivamente
pelos danos causados por fraudes ou delitos praticados por terceiros - como, por exem-
plo, abertura de conta-corrente ou recebimento de empréstimos mediante fraude ou utili-
zação de documentos falsos -, porquanto tal responsabilidade decorre do risco do empre-
endimento, caracterizando-se como fortuito interno.
2. Recurso especial provido.
(REsp 1197929/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
24/08/2011, DJe 12/09/2011)
RECURSO ESPECIAL. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.
DANO MORAL IN RE IPSA. INTIMAÇÃO PESSOAL. SUMULA 410 STJ.
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Letra e.
Certo.
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Art. 736, CC. Não se subordina às normas do contrato de transporte o feito gratuitamente, por ami-
zade ou cortesia.
Parágrafo único. Não se considera gratuito o transporte quando, embora feito sem remuneração, o
transportador auferir vantagens indiretas.
Errado.
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O fato exclusivo de terceiro no trânsito é fortuito interno e, por isso, não exclui a responsabilida-
de objetiva do transportador (STJ, EREsp 1318095/MG, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA
SEÇÃO, DJe 14/03/2017).
Certo.
Ao contrário do exposto na questão, os danos estéticos podem ser cumulados com danos
morais, conforme Súmula n. 387/STJ (“É lícita a cumulação das indenizações de dano estético
e dano moral).
Errado.
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Dano moral e material podem ser cumulados, pois são danos diferentes (Súmula n. 37/STJ:
“São cumuláveis as indenizações por dano material e moral oriundos do mesmo fato”). Igual-
mente, dano estético pode ser cumulado com dano moral (Súmula n. 387/STJ).
Errado.
Embora a responsabilidade seja objetiva, ela não é afastada por culpa de terceiro, ao contrário
do dito na questão (art. 735 do CC). Ademais, não é qualquer caso fortuito que exclui a
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responsabilidade, mas apenas o fortuito externo (= risco não inerente à atividade). Veja o refe-
rido dispositivo e este julgado do STJ:
Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidi-
da por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
Errado.
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Não há necessidade de prova de dor, sofrimento ou humilhação, pois o dano moral coletivo é
tido como presumido (in re ipsa). Veja este julgado:
Errado.
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O risco do roubo no transporte terrestre decorrente de alteração contratual provocada por pro-
blemas na aeronave deve ser assumido pela companhia de transporte aéreo, conforme enten-
dimento do STJ. A empresa de transporte terrestre, todavia, tem de ser isentada, pois o roubo
é tido como fortuito externo. O item “D” é correto. Veja este julgado do STJ:
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pela recorrente - de transporte aéreo para terrestre -, sem dúvida alguma, acabou criando
uma situação favorável à ação de terceiros (roubo), pois o transporte rodoviário é sabida-
mente muito mais suscetível de ocorrer crimes dessa natureza, ao contrário do transporte
aéreo. Dessa forma, a conduta da transportadora concorreu para o evento danoso, pois
ampliou significativamente o risco de ocorrência desse tipo de situação, não podendo,
agora, se valer da excludente do fortuito externo para se eximir da responsabilidade. 2.
Em relação aos danos morais, não se verifica qualquer exorbitância no valor arbitrado
de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), pois, além do cancelamento do vôo pela recorrente, o
autor foi obrigado a seguir o trajeto por via terrestre (ônibus), viagem que durou mais de
14h (quatorze horas), sendo, ainda, durante o percurso e na madrugada, roubado e agre-
dido por meliantes.
3. No tocante aos danos materiais, conquanto haja uma certa dificuldade em compro-
var os bens efetivamente subtraídos em casos dessa natureza, as instâncias ordinárias,
após amplo exame do conjunto fático-probatório produzido, decidiram de forma correta a
questão, levando-se em consideração para a aferição do quantum indenizatório, na linha
de precedentes desta Corte, além da inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º,
VIII, do Código de Defesa do Consumidor, a verossimilhança das alegações, embasada na
estrita observância ao princípio da razoabilidade.
4. Tratando-se de responsabilidade contratual, os juros de mora devem ser computados
a partir da citação, a teor do art. 405 do Código Civil. Precedentes.
5. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 1728068/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado
em 05/06/2018, DJe 08/06/2018)
Letra d.
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1. O clube recreativo que possui em sua estrutura piscinas e lagoas é responsável pelo
afogamento e óbito de criança em suas dependências, quando comprovada falha na
prestação do serviço, configurada pela não adoção de medidas preventivas adequadas
ao risco de sua fruição: segurança dos banhistas, salva-vidas, boias para a indicação da
parte funda da rasa do lago, profissional médico, aparelho de respiração artificial.
2. O Superior Tribunal de Justiça, quando requisitado a se manifestar sobre o arbitra-
mento de valores devidos pelo sofrimento de dano moral, deve interferir somente diante
de situações especialíssimas, para aferir a razoabilidade do quantum determinado para
amenizar o abalo ocasionado pela ofensa 3. O método bifásico, como parâmetro para a
aferição da indenização por danos morais, atende às exigências de um arbitramento equi-
tativo, pois, além de minimizar eventuais arbitrariedades, evitando a adoção de critérios
unicamente subjetivos pelo julgador, afasta a tarifação do dano.
Traz um ponto de equilíbrio, pois se alcançará uma razoável correspondência entre o
valor da indenização e o interesse jurídico lesado, além do fato de estabelecer montante
que melhor corresponda às peculiaridades do caso.
4. Na primeira fase, o valor básico ou inicial da indenização é arbitrado tendo-se em conta
o interesse jurídico lesado, em conformidade com os precedentes jurisprudenciais acerca
da matéria (grupo de casos).
5. Na segunda fase, ajusta-se o valor às peculiaridades do caso, com base nas suas
circunstâncias (gravidade do fato em si, culpabilidade do agente, culpa concorrente da
vítima, condição econômica das partes), procedendo-se à fixação definitiva da indeniza-
ção, por meio de arbitramento equitativo pelo juiz.
6. Ainda na segunda fase de fixação, tendo em vista tratar-se de um núcleo familiar como
titular da indenização, há que se ponderar acerca da individualização do dano, uma vez
que um evento danoso capaz de abalar o núcleo familiar deve ser individualmente consi-
derado em relação a cada um de seus membros (EREsp 1127913/RS, Rel. Ministro NAPO-
LEÃO NUNES MAIA FILHO, CORTE ESPECIAL, DJe 05/08/2014)
7. Conforme a jurisprudência do STJ, a indenização pela morte de filho menor, que não
exercia atividade remunerada, deve ser fixada na forma de pensão mensal de 2/3 do salá-
rio mínimo até 25 (vinte e cinco) anos, e a partir daí, reduzida para 1/3 do salário até a
idade em que a vítima completaria 65 (sessenta e cinco) anos.
8. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 1332366/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
10/11/2016, DJe 07/12/2016)
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO.
MORTE. DANO MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO BIFÁSICO.
VALORIZAÇÃO DO INTERESSE JURÍDICO LESADO E DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO.
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1. Discussão restrita à quantificação da indenização por dano moral sofrido pelo esposo
da vítima falecida em acidente de trânsito, que foi arbitrado pelo tribunal de origem em
dez mil reais.
(...)
3. Elevação do valor da indenização por dano moral na linha dos precedentes desta Corte,
considerando as duas etapas que devem ser percorridas para esse arbitramento.
4. Na primeira etapa, deve-se estabelecer um valor básico para a indenização, conside-
rando o interesse jurídico lesado, com base em grupo de precedentes jurisprudenciais
que apreciaram casos semelhantes.
5. Na segunda etapa, devem ser consideradas as circunstâncias do caso, para fixação
definitiva do valor da indenização, atendendo a determinação legal de arbitramento equi-
tativo pelo juiz.
6. Aplicação analógica do enunciado normativo do parágrafo único do art. 953 do CC/2002.
7. Doutrina e jurisprudência acerca do tema.
8. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
(REsp 959.780/ES, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, jul-
gado em 26/04/2011, DJe 06/05/2011)
Certo.
É adotado o critério bifásico, e não trifásico, conforme jurisprudência do STJ (REsp 959.780/
ES, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/04/2011,
DJe 06/05/2011).
Errado.
A jurisprudência é pacífica em rejeitar a teoria da equivalência, o que faz a questão errada. Ela
oscila, porém, entre a teoria da causalidade adequada e a teoria do dano direto e imediato, em-
bora haja prevalência da primeira (causalidade adequada). Veja estes julgados do STJ:
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O STJ entende haver dano moral coletivo nessa hipótese. Veja este julgado:
Letra d.
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GABARITO
10. E 21. E 32. E
11. d 22. E 33. E
12. E 23. C 34. E
13. C 24. C 35. E
14. E 25. C 36. E
15. c 26. C 37. E
16. E 27. e 38. d
17. E 28. C 39. C
18. C 29. E 40. E
19. C 30. C 41. E
20. E 31. E 42. d
Carlos Elias
Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no
concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para
concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado
da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito
pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB
de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do
Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.
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