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DIREITO CIVIL

Responsabilidade Civil – Parte III

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
Responsabilidade Civil – Parte III
Carlos Elias

Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Responsabilidade Civil – Parte III................................................................................................. 4
1. Indenização.. .................................................................................................................................. 4
1.1. Princípio da Restitutio in Integrum........................................................................................ 4
1.2. Compensação vs Indenização: Caso do Dano Moral e o Princípio da Satisfação
Compensatória................................................................................................................................. 5
1.3. Exceções ao Princípio da Restitutio in Integrum. . .............................................................. 6
1.4. Culpa Concorrente e o Caso do Art. 738, Parágrafo Único, CC...................................... 10
1.5. Indenização: In Natura ou Pecúnia?.....................................................................................12
1.6. Indenização no Caso de Morte, Incapacidade Laboral ou Outra Lesão à Saúde....... 14
1.7. Dano Presumido ou In Re Ipsa.............................................................................................. 23
Questões de Concurso.................................................................................................................. 25
Gabarito............................................................................................................................................ 41

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Apresentação
Aluno(a), sigamos nossos estudos de responsabilidade civil!

Resumo

Amigos e amigas, quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os
exercícios. É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu apro-
fundar o conteúdo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com
as questões. De nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familia-
ridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir
às questões.
O resumo desta aula é este:
• Vige o princípio da restitutio in integrum, segundo o qual o valor da indenização é a ex-
tensão do dano (art. 944, caput, CC);
• Havendo lei, o princípio acima pode ser afastado, como se dá no caso do art. 944, pará-
grafo único, do CC e no do art. 928, parágrafo único, do CC;
• A indenização por incapacidade laboral é regida pelo art. 950 do CC e envolve o dever de
pagar alimentos indenizativos, os quais podem ser pagos em parcela única na forma do
parágrafo único do art. 950 do CC;
• A indenização por morte é regida pelo art. 948 do CC e envolve o dever de pagar ali-
mentos indenizativos aos dependentes econômicos do falecido, sem possibilidade do
pagamento em parcela única desses alimentos;
• É plenamente admissível a cumulação da pensão devida a título de lucros cessantes
com a eventual percepção de benefício previdenciário pela vítima, pois ambas possuem
causas jurídicas diversas;
• Mudanças supervenientes nas condições podem implicar mudança no valor dos alimen-
tos indenizativos (§ 3º do art. 533 do CPC);
• Os danos presumidos, também chamados de danos in re ipsa, são os que não depen-
dem de prova adicional, pois já estão comprovados pelo fato em si, com base nas máxi-
mas da experiência.

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RESPONSABILIDADE CIVIL – PARTE III


1. Indenização
1.1. Princípio da Restitutio in Integrum
O valor da indenização Via de regra, culpa e dolo
Princípio da restitutio
Indenização corresponde à extensão são irrelevantes para a
in integrum
do dano definição do valor
Aluno(a), veja a questão.

001. (FCC/DEFENSOR/DPE-AM/2018) Em regra, a responsabilidade é objetiva e a indeniza-


ção mede-se pela gravidade da culpa; as atividades de risco conduzem à responsabilidade
objetiva integral.

A regra é a responsabilidade subjetiva (art. 927, caput, CC) e é a fixação da indenização com
base na extensão do dano (e não na gravidade da culpa). Ademais, a teoria do risco integral é
excepcional.
Errado.

Vamos explicar mais esse tema de indenização.


Como regra, vige o princípio da reparação integral (= da restitutio in integrum), segundo o
qual o valor da indenização corresponde à extensão do dano (art. 944, caput, CC). Afinal de
contas, etimologicamente, indenizar (in + damnum = não dano) é afastar o dano.
Nessa sistemática, a intensidade da culpa (leve, média, grave) ou a presença de dolo são
irrelevantes. Essa é a regra. Quem causa um dano de um milhão de dólares terá de pagar in-
denização nesse valor, ainda que a sua culpa seja leve. Essa é a regra geral. Todavia, de modo
excepcional, o grau de culpa pode influir, apenas, na apuração do valor de indenização por dano
moral, conforme exige o inciso VII do art. 223-G da CLT após a reforma trabalhista promovida
pela Lei n. 13.467/2017. Esse dispositivo da CLT afirma que, ao analisar o pedido de indeniza-
ção por dano moral, o juiz deve considerar, entre outros parâmetros, o grau de dolo ou culpa.
Fazemos a ressalva que, ao contrário da culpa, não enxergamos gradação no dolo, ou seja, não
nos parece viável falar em dolo leve, médio ou grave, razão por que temos por atécnico esse
dispositivo da CLT nesse ponto.
O princípio da restitutio in integrum alcança todas as espécies de danos, inclusive o moral
e os transindividuais1. De fato, o art. 944, caput, do CC se aplica a qualquer dano, conforme
1
Em igual sentido, Nelson Rosenvald, Cristiano Chaves Farias, e Felipe Peixoto Braga Netto (2016, p. 51).

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enunciado n. 456/JDC2. O aludido princípio serve como uma diretriz na liquidação do dano. Na
indenização por dano moral, apesar de o bem da vida atingido ser imaterial (honra, imagem
e demais direitos da personalidade), a indenização deverá ser arbitrada de modo a atenuar a
lesão moral, seja mediante indenizações in natura (ex.: direito de resposta), seja por meio de
indenização pecuniária.
O princípio é uma diretriz dada ao operador do direito para, no caso concreto, arbitrar um
valor de indenização que, ao máximo, dentro das possibilidades fáticas, se aproxime do bem
da vida lesionado. Para o filósofo pré-socrático Heráclito, nunca é possível uma recomposição
perfeita de uma situação anterior, pois nunca é possível banhar-se duas vezes no mesmo rio
visto que a água já fluiu ou já se alterou. “Tudo flui3, nada persiste, nem permanece o mesmo”,
ensinava o pensador. Sob essa lógica, mesmo na indenização por dano material, é impossível
recompor, com perfeita exatidão, o status quo. Numa colisão de veículos que ocasione a perda
total, o dinheiro recebido como indenização para a aquisição de um novo veículo similar aten-
de ao princípio da reparação integral, embora, lembrando do velho Heráclito, não haja perfeita
identidade entre o novo veículo e o anterior.

1.2. Compensação vs Indenização: Caso do Dano Moral e o Princípio


da Satisfação Compensatória

Ressarcimento
Retorno ao estado anterior
Indenização mediante prestação in natura Natureza MATERIAL
ou pecuniária do bem lesionado
Reparação
(distinção terminológica
Não é apta a retornar ao Natureza IMATERIAL
para alguns) status quo do bem lesionado
Princípio da satisfação
Compensação compensatória

Há quem distinga “indenização” de “compensação” como espécies do gênero “reparação”4.


Nessa linha, indenização é o mesmo que ressarcimento e consiste na restauração do esta-
do anterior mediante uma prestação in natura ou pecuniária. Isso ocorreria para danos mate-
riais, pois o bem da vida atingido possui equivalência material com a indenizar.
Já a “compensação” é a entrega de prestações pecuniárias que, embora não sejam aptas
a restaurar o status quo diante da natureza imaterial do bem da vida atingido, atenuam a lesão
da vítima. É o que ocorre no caso de dano moral, que não podem ser mensurados em um preço
equivalente. Por isso, para o dano moral, deve-se falar no “princípio da satisfação compensatória”, assim
2
“A expressão ‘dano’ no artigo 944 abrange não só os danos individuais, materiais e imateriais, mas também os danos
sociais, difusos, coletivos e individuais homogêneos” (Enunciado n. 456/JDC).
3
Em grego, panta rei.
4
Em igual sentido, Nelson Rosenvald, Cristiano Chaves Farias, e Felipe Peixoto Braga Netto (2016, p. 310).

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entendida a necessidade de arbitramento de um valor destinado a servir como um atenuante


ou uma compensação à lesão extrapatrimonial sofrida, conforme ensina Fernando Noronha
(2003, p. 569)5.
Sob essa distinção de nomenclatura, danos morais não são indenizados (nem ressarci-
dos), e sim compensados.
Ao nosso sentir, essa distinção terminológica mais obscurece do esclarece. Preferimos
considerar como sinônimas as expressões “indenização”, “compensação” e “ressarcimento”.
Além de a proximidade semântica desses verbetes estar nos dicionários, a literatura jurídica
costuma utilizar delas como sinônimas, a exemplo do conceito de “cláusula penal compensa-
tória”, que é prevista no art. 410 do CC como forma de indenizar danos materiais e também
morais sofridos pelo credor diante do inadimplemento absoluto. Igualmente, chama-se de “ju-
ros compensatórios” os valores a serem pagos pelo ente desapropriante como indenização
pelos danos materiais sofridos pelo desapropriado que não recebeu ainda o preço integral do
bem. Ora, se “compensação” fosse diferente de “indenização”, teríamos de falar em “cláusula
penal indenizatória” e em “juros indenizatórios”, pois aí não se teria uma “compensação”. Tra-
ta-se, como se vê, de um equívoco: preferimos a sinonímia dos termos.

1.3. Exceções ao Princípio da Restitutio in Integrum


Redução equitativa
Exceções ao princípio Somente quando da indenização

da reparação integral houver previsão Tabelamento


em lei
do dano

Aluno(a), veja a questão.

002. (FAURGS/JUIZ/TJ-RS/2016) Apenas a culpa concorrente da vítima é admitida como


causa de redução da indenização pelo Código Civil, constituindo exceção ao princípio da repa-
ração integral.

Existem outras exceções ao princípio da reparação integral previsto no caput do art. 944 do CC.
Errado.

5
A propósito desse tema, com incursão na doutrina italiana (que trata da ideia de “liquidação equitativa”), portuguesa (que
cuida do tema nos arts. 496, n. 3, e 494 do Código Civil português, com semelhanças ao Código Civil brasileiro) e fran-
cesa (que, com base na Corte de Cassação, condena tentativas de tarifamento de indenizações), convém a leitura do voto
do Ministro Paulo de Tarso Sanseverino (STJ, REsp 959.780/ES, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe
06/05/2011).

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Vamos estudar esse tema.


A regra geral do art. 944, caput, do CC só pode ser afastada mediante lei expressa, o que
ocorre em dois casos: o de redução equitativo da indenização e o de tabelamento.
Vamos ver alguns casos de exceções ao princípio da reparação integral.

1.3.1. Art. 928, parágrafo único, CC

É subsidiária
Responsabilidade Deve observar os parâmetros da
civil do INCAPAZ equidade e da sobrevivência do incapaz

Juiz pode reduzir equitativamente a


indenização
Exceções ao princípio Manifesta
Se aplica à responsabilidade objetiva Controvérsia doutrinaria
da reparação integral desproporção entre e subjetiva (Enunciado n. 480/JDC) acerca da resp. objetiva
culpa e dano
do dano
Limite máximo do valor Convenção de Montreal (transporte
da indenização aéreo internacional)

Tabelamento CLT fixa limites máximos de acordo


Dano moral trabalhista com a ofensa

O incapaz pode ser responsabilizado civilmente no sistema brasileiro, mas com as flexibi-
lizações do art. 928 do CC. Além de a sua responsabilidade ser subsidiária – pois ele só pode
ser condenado a indenizar se o seu representante não tiver recursos ou não tiver obrigação
legal –, o valor da indenização a ser paga pelo incapaz tem de observar dois parâmetros: equi-
dade e sobrevivência do incapaz (art. 928, parágrafo único, CC).
Isso significa que o valor da indenização a ser paga pelo incapaz não necessariamente
corresponderá à extensão do dano, mas poderá ser reduzida equitativamente pelo juiz e não
poderá comprometer a sobrevivência do incapaz.
A solução do sistema brasileiro é justa e razoável, pois concilia, de um lado, o fato de o
incapaz não ter plena capacidade de autodeterminação com o interesse da vítima em não ficar
sem reparação. O incapaz não é punido por crimes à luz do Código Penal, mas nada impede
que ele seja responsabilizado civilmente a indenizar o dano causado com as flexibilizações
previstas no Código Civil.

1.3.2. Art. 944, Parágrafo Único, CC: Desproporção entre Culpa e Dano

Veja esta questão:

003. (VUNESP/DELEGADO/PC-BA/2018) A indenização mede-se pela extensão do dano, não


podendo ser reduzida pelo juiz, mesmo na existência de excessiva desproporção entre a

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gravidade da culpa e o dano; se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso,
a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com
a do autor do dano.

Embora a questão esteja compatível com o art. 945 do CC quanto à culpa concorrente, con-
traria o parágrafo único do art. 944 do CC no tocante à redução proporcional da indenização.
Errado.

Vamos explicar melhor.


Havendo manifesta desproporção entre o grau de culpa e o dano, o juiz pode reduzir equi-
tativamente a indenização (art. 944, parágrafo único, CC)6.
Subjaz a esse dispositivo dois valores de justiça.
O primeiro é o de que o Direito não dá prestígio às situações fáticas que excedam a faixa
do padrão médio dos indivíduos, embora lhe dispense proteção. Trata-se do que já chamamos,
em outra ocasião, da lógica de justiça da “proteção do luxo sem prestígio”. O segundo valor de
justiça é a tutela da dignidade da vítima, que não pode ser exposta a um regime de responsabi-
lidade civil tão severo que a exponha a um verdadeiro “inferno de severidade” (enfer de severité,
em francês), expressão utilizada pelo jurista francês Geneviève Viney e invocada pelo STJ7.
Assim, se um motorista, por um simples lapso (culpa leve), abalroa com uma Ferrari cau-
sando um dano cujo conserto custará a expressiva cifra de R$ 100.000,00, o juiz poderá va-
ler-se do art. 944, parágrafo único, do CC, especialmente se uma lesão similar em um veículo
de porte médio custasse apenas uns R$ 1.000,00. O juiz reduzirá a indenização para um valor
equitativo. Consideramos ser equitativo o valor correspondente ao conserto de uma avaria
similar em um veículo de padrão médio, ou seja, no exemplo mencionado, o dono da Ferrari só
deveria receber R$ 1.000,00 a título de indenização.
Igualmente se poderia invocar o art. 944, parágrafo único, do CC para hipóteses de pessoas
que, tropeçando (culpa leve), derrubam obras de artes de valor estratosférico. O valor da inde-
nização aí deve ser equitativo, o que, a nosso sentir, ocorreria se levasse em conta o valor de
uma obra de arte de padrão médio.
Outrossim, o fumante que causa a explosão de um posto de gasolina por deixar a guimba
do cigarro escorregar entre os seus dedos também atraia a redução equitativa em pauta, con-
forme exemplifica Anderson Schreiber (2018, p. 616).
6
Essa cláusula geral de redução equitativa da indenização prevista no art. 944, parágrafo único, do CC é conhecida, com
algumas distinções, pela legislação civil da Suíca, de Portugal, da Argentina e da Holanda, conforme bem exposto por Ale-
xandra Lago Magro (2011, p. 20).
7
Ver voto do Ministro Luis Felipe Salomão neste julgado, quando se invoca o conceito de inferno de serveridade com base
em obra doutrinária do Ministro Paulo de Tarso Vieira Sanseverino (2010, p. 84): REsp 1127913/RS, 4ª Turma, Rel. Ministro
Marco Buzzi, Rel. p/ Acórdão Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 30/10/2012.

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Nos exemplos acima, se o dano tivesse sido causado propositalmente por um invejoso,
não se poderia aplicar aí a redução equitativa do art. 944, parágrafo único, do CC, pois o grau
de culpa aí não é manifesta proporcional em relação ao dano. Nesses casos, o valor da indeni-
zação do conserto da Ferrari ou da obra de arte deverá ser integral.
A cláusula geral de redução equitativa prevista no art. 944, parágrafo único, do CC se aplica
a qualquer tipo de responsabilidade civil, seja objetiva, seja subjetiva. Esse é o entendimento
majoritária com apoio do enunciado n. 480/JDC, que mudou entendimento anteriormente de-
positado no enunciado n. 46/CJF. De fato, na responsabilidade objetiva, embora a culpa não
seja relevante para definir o dever de indenizar, ela pode ser levada em conta para autorizar
a redução equitativa da indenização na hipótese de manifesta desproporção em relação ao
dano. Seja como for, há corrente doutrinária em sentido contrário8, afirmando que, na respon-
sabilidade objetiva, a redução equitativa do parágrafo único do art. 944 do CC não se estende
aos casos de responsabilidade objetiva em respeito à teoria do risco, que transfere todos os
riscos de danos ao responsável independentemente de sua culpa9.

1.3.3. Casos de Tabelamento

Temos alguns casos de limite máximo do valor de indenização.


Em primeiro lugar, com base na Convenção de Montreal (Decreto n. 5.910/2006), que suce-
deu a Convenção de Varsóvia (Decreto n. 5.910/2006), no caso de transporte aéreo internacio-
nal, o valor de indenização a ser paga pelo transportador é submetida a um limite máximo para
os casos de morte, lesão corporal ou extravio de bagagem. O STF admitiu como constitucional
esse limite de indenização para transporte aéreo internacional, fazendo essas convenções in-
ternacionais prevalecerem sobre o Código de Defesa do Consumidor (STF, RE 636331, Tribunal
Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes DJe publicado 13/11/2017). O STJ chancela esse entendimen-
to (STJ, AgInt nos EDcl no AREsp 1602817/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 31/08/2020, DJe 09/09/2020). Esse limite só se aplica a transporte aéreo inter-
nacional, objeto das referidas convenções internacionais. Para voos nacionais, em princípio,
vigora o princípio da reparação integral diante da falta de norma em sentido contrário ao art.
944, caput, do CC e ao CDC. A flexibilização da restitutio in integrum no transporte aéreo inter-
nacional é uma forma de fomentar essa atividade econômica e de evitar o aumento dos preços
dos serviços pelo repasse dos custos de elevadas indenizações.
Em segundo lugar, como fruto da reforma trabalhista operada pela Lei n. 13.467/2017, o
valor de indenização por dano moral decorrente de relação de trabalho se submete a limites
8
Nesse sentido, Gustavo Tepedino, Heloisa Helena Barboza e Maria Celina Bodin Moraes (2006, p. 861). afirmam: “seria
contraditório permitir que, naquelas hipóteses em que o legislador considerou que a atividade gerava risco excessivo e por
isto dispensou a prova da culpa do agente, o juiz levasse em conta a baixa intensidade da culpa para reduzir a indenização,
relançando parte do risco sobre a vítima do dano”.
9
Em concurso para juiz do TJDFT, o CESPE adotou a corrente minoritária em questão que merecia anulação. O CESPE consi-
derou “errada” esta assertiva: (CESPE/Juiz – TJDFT/2016 – adaptado) De acordo com o Código Civil, a possibilidade legal
de redução equitativa da indenização pelo juiz é aplicável às hipóteses de responsabilidade subjetiva e objetiva.

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máximos exposto no art. 223-G, § 1º, da CLT de acordo com a intensidade da ofensa. A cons-
titucionalidade desse limite é duvidosa por dispensar tratamento discriminatório aos trabalha-
dores em relação aos demais indivíduos.

1.4. Culpa Concorrente e o Caso do Art. 738, Parágrafo Único, CC


Tanto na responsabilidade objetiva
Redução da quanto na subjetiva
indenização Estende-se aos contratos de
proporcionalmente transporte de pessoas

à culpa da vítima
Culpa
concorrente Se a culpa for EXCLUSIVA da vítima:
rompe o nexo e não há dever de
Conduta da vítima
indenizar
influi no nexo de
causalidade

A culpa concorrente ou culpa comum – assim entendida a situação em que há culpa tanto
da vítima quando do agente – implica a redução do valor da indenização proporcionalmente à
culpa da vítima (art. 945, CC). Essa redução poderá ser maior do que 50%, desde que mantenha
proporcionalidade com a participação causal da vítima na ocorrência do dano.
Não importa se a responsabilidade civil é objetiva ou subjetiva, pois a culpa concorrente
atinge o nexo de causalidade: a vítima causou parcialmente o dano e, por isso, só tem direito
a ser indenizada até o valor proporcional à participação do agente na produção do dano. De
fato, “a conduta da vítima pode ser fator atenuante do nexo de causalidade na responsabilida-
de civil objetiva” (Enunciado n. 459/JDC). Não importa, igualmente, o tipo de dano envolvido:
é admitida a redução da indenização por culpa concorrente em qualquer hipótese, mesmo em
se tratando de dano-morte10.
Essa redução proporcional está em sintonia com o princípio da restitutio in integrum, que
estabelece que a indenização deve corresponder ao dano que foi causado. Na culpa concor-
rente, o responsável só causou parte do dano e, portanto, à luz da restitutio in integrum, ele tem
de indenizar essa fatia da lesão. O nexo causal está ligado não apenas à conduta do agente,
mas também à conduta da vítima.
Se a culpa for exclusiva da vítima, significa que ela sozinha causou o dano, de modo que,
por falta de nexo de causalidade, não haverá dever de indenizar. Não importa que se trate de
responsabilidade objetiva, pois a culpa exclusiva da vítima rompe o nexo causal.
A culpa concorrente também se estende aos casos de contrato de transporte de pessoas
na forma do art. 738, parágrafo único, do CC: se a pessoa violou regras de segurança e, com
isso, contribuiu para o dano, o valor da indenização a ser paga pelo transportador deve ser
10
O STJ entende assim (veja inteiro teor do voto do Relator neste julgado: STJ, REsp 959.780/ES, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo
de Tarso Sanseverino, DJe 06/05/2011.

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reduzida equitativamente na proporção dessa participação da vítima na ocorrência do dano. É


verdade que a responsabilidade do transportador é objetiva (art. 734, CC), mas aí não se está
discutindo a culpa como um pressuposto da responsabilidade, e sim como um fator que atinge
o nexo de causalidade.
Vamos tratar de alguns casos concretos para ilustração.
O primeiro caso trata da fuga de um paciente menor do hospital. Um adolescente de 15
anos que, há 3 dias, estava internado em hospital para tratamento de meningite bacteriana
evadiu-se do hospital e, em noite chuvosa, dirigiu-se à residência dos pais. Com a interrupção
do tratamento e o deslocamento sob chuva e frio, teve recaída e, mesmo tendo sido levado a
outros hospitais, faleceu 3 dias depois da fuga. STJ entendeu que, embora houvesse culpa do
hospital no exercício da guarda provisória que mantinha sobre o adolescente (que, por ser me-
nor de idade, reclamava os cuidados de vigilância do hospital), os pais também negligenciaram
por não terem imediatamente comunicado o hospital ao receberem o filho em casa e em não
tê-lo levado ao mesmo hospital para continuidade do tratamento. Houve, pois, culpa concor-
rente a permitir a redução proporcional da indenização a ser paga pelo hospital aos pais pela
morte do mirim (STJ, REsp 1307032/PR, 4ª Turma, Rel. Ministro Raul Araújo, DJe 01/08/2013).
O segundo caso versa sobre furto de caminhão em pátio de oficina. Um motorista deixou
caminhão estacionado em pátio cercado de uma oficina após ter recebido a notícia de que
aquela oficina não dispunha do serviço de troca de feixes de molas. Enquanto ele buscava ou-
tra oficina, o motorista deixou o caminhão aí estacionado, o que durou cerca de 4 dias, sem ter
de pagar nenhuma remuneração. Houve o consentimento da oficina com essa generosidade.
Não havia vigilância noturna no pátio de estacionamento, pois os caminhões que estavam sob
serviço da oficina são levados para o interior do galpão da oficina, o que não acontecia com o
referido caminhão do motorista, que sequer havia deixado as chaves. O caminhão foi furtado
de madrugado.
Nesse caso concreto, o STJ entendeu que havia culpa concorrente do motorista que deixou
o caminhão no estacionamento sem deixar as chaves e sem obter um consentimento expres-
so da oficina (talvez com o receio de receber uma recusa). A oficina também foi tida por ne-
gligente, pois, ao aceitar o veículo – ainda que de modo implícito –, assumiu obrigação de um
contrato de depósito. Por isso, o STJ, diante da culpa concorrente, decidiu condenar a oficina
a pagar apenas o valor do caminhão (R$ 32.000,00), mas a livrou de pagar a indenização por
lucros cessantes que chegava a mais de 1 milhão de reais e que, em razão da culpa concor-
rente, deveria ser suportado pela vítima. Essa decisão, porém, não foi unânime; dois ministros
divergiram e entendiam pela absolvição total da oficina (STJ, REsp 545.752/RS, 4ª Turma, Rel.
Ministro Raul Araújo, DJe 24/02/2016).
Para nós, esse precedente é extremamente perigoso, pois ignora que a oficina apenas fez uma
pura generosidade em tolerar que um não cliente estacionasse o seu caminhão no seu pátio, de
modo que ela, por ser generosa, só poderia ser responsabilizada por danos causados ao motorista
por dolo, nos termos do art. 392 do CC. Ignorou que não houve aí contrato de depósito, nem mesmo

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implícito, pois a oficina, em momento algum, assumiu dever de guardar o caminhão. No máximo, o
que houve foi um contrato de mera cessão de espaço para estacionamento, o que não caracteriza
depósito e, portanto, afasta as regras do art. 627 e seguintes do CC. Portanto, temos que a solução
do precedente acima não foi a mais adequada. E lembramos que esse julgado é extremamente pe-
rigoso, pois servirá de estímulo a comportamentos egoístas por parte de donos de lojas, postos de
gasolina, oficinas e outros locais com espaço de estacionamento gratuito às margens das estradas,
de modo que os caminhoneiros poderão não mais contar com a benevolência dessas pessoas, que
não haverão de querer assumir um risco tão oneroso em razão de assaltos. O julgado do STJ pune
o generoso, ainda que parcialmente.

1.5. Indenização: In Natura ou Pecúnia?


1.5.1. Coexistência entre as Formas de Indenização: Preferência da Indeni-
zação In Natura

Tutela restitutória da É preferível


responsabilidade civil
In natura Retorno ao estado anterior
Quando não viável a
indenização in natura
Indenização Pecúnia Tutela ressarcitória Sem retorno ao estado anterior

É possível a cumulação STJ


das duas espécies

Em sintonia com o princípio da reparação integral, a preferência legislativa é pela restitui-


ção do estado da vítima anteriormente ao dano, razão por que a prestação in natura é preferen-
cial. Trata-se da tutela restitutória da responsabilidade civil.
Em não sendo viável o pagamento da prestação in natura, a reparação se dará em pecúnia.
Trata-se da tutela ressarcitória da responsabilidade civil.
A preferência da tutela restitutória em relação à ressarcitória é extraída do art. 947 do CC e
resume o princípio da máxima coincidência da reparação com a obrigação voluntária.
É plenamente viável cumular as duas tutelas, como se dá no caso de uma lesão à honra
ser indenizada mediante direito de resposta (prestação in natura) e um valor pecuniário. O que
importa é que haja a reparação integral do dano. O STJ já admitiu essa cumulação em dano
ambiental, que foi indenizado mediante indenização in natura (obrigação de fazer no sentido
de recuperar o meio ambiente degradado) em conjunto com uma indenização pecuniária des-
tinada a reparar o “dano residual”, assim entendido aquele que não foi reparado pela prestação
in natura (REsp 1114893/MG, 2ª Turma, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJe 28/02/2012). O
art. 3º da Ação Civil Pública (Lei n. 7.437/85) confirma essa possibilidade de cumulação, ao
estabelecer que o objeto dessa ação coletiva pode ser uma condenação em dinheiro ou em
obrigação de fazer ou não fazer.

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Se alguém causa um dano e, espontânea e imediatamente, o repara integralmente, não ha-


verá nada mais a ser indenizado. Se, por exemplo, alguém arremessa pela janela um livro novo
e embalado que pertence a terceiro e, logo em seguida, oferece um livro embalado e idêntico
ao anterior, a reparação integral terá se aperfeiçoado aí, de maneira que nenhuma indenização
adicional poderá exigir o proprietário do bem. Não há nenhum “dano residual” nesse exemplo.

1.5.2. Parâmetros para a Indenização In Natura

Vítima pode escolher, desde


que NÃO configure ABUSO DE
DIREITO
Indenização
CC não define Agente pode escolher quando
in natura ou a prestação in natura for sufi-
expressamente ciente para reparar o dano
pecúnia?

O CC não é expresso em estabelecer quando será escolhida a indenização in natura ou


em pecúnia.
Por um lado, entendemos que a vítima pode escolher entre exigir a prestação in natura ou
a pecuniária, desde que a exigência da primeira seja viável e não configure abuso de direito.
Tal decorre da aplicação analógica do parágrafo único do art. 395 do CC em conciliação com
o princípio da máxima coincidência da reparação com a obrigação voluntária (art. 937, CC).
Por exemplo, se alguém destrói uma obra de arte comprada na China, constituiria abuso de
direito condenar esse agente a uma obrigação de fazer consistente em viajar para a China e
buscar uma outra obra de arte idêntica, de modo que a vítima só poderia exigir uma indeniza-
ção pecuniária. Igualmente, se um motorista abalroa um carro, soa-nos abusivo condená-lo a
uma obrigação de fazer consistente em pessoalmente consertar o carro ou em levá-lo a uma
oficina, de sorte que só caberia à vítima exigir o pagamento de uma prestação pecuniária. Se,
porém, uma empresa jornalística comete uma difamação, a vítima poderá exigir, como indeni-
zação in natura, a publicação de uma matéria contrária à difamação (direito de resposta), sem
prejuízo de uma indenização pecuniária para reparar o dano residual. Nesse ponto, apoiamo-
-nos no professor civilista da Universidade Federal de Alagoas Marcos Ehrhardt Jr. (2012, p.
328), que reconhece o direito da vítima à escolha, desde que respeitados os limites gerais do
ordenamento (boa-fé, vedação de enriquecimento sem causa etc.).
Por outro lado, temos que o próprio agente tem direito a escolher entre a indenização in
natura ou a pecuniária na hipótese em que a prestação in natura ainda for útil à vítima e reparar
integralmente o dano. Haveria abuso de direito se a vítima se recusasse a receber a prestação
in natura nesse caso. É difícil, porém, haver algum caso concreto nesse sentido, pois quase
sempre haverá algum dano residual.
Faz-se um alerta para não se confundir responsabilidade civil com cumprimento de obri-
gação de restituir coisa fungível. A primeira decorre da violação de uma obrigação. A segunda
consiste no dever de o devedor entregar uma coisa com o mesmo gênero, espécie e quanti-
dade da coisa pactuada. Para ilustrar, veja este exemplo: João destrói propositalmente um

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computador novinho, ainda embalado, que teria de ser restituído ao Manoel a daqui dois dias.
Aí João tem uma obrigação de restituir coisa fungível (o computador embalado é fungível).
Nesse caso, é direito do João entregar, no dia do vencimento, outro computador novinho, em-
balado, com as mesmas características, pois se trata de adimplemento de uma obrigação de
dar coisa fungível. Não há aí responsabilidade civil, pois inexistiu descumprimento de qualquer
obrigação.

1.6. Indenização no Caso de Morte, Incapacidade Laboral ou Outra


Lesão à Saúde
1.6.1. Regras Gerais

Despesas com
tratamento
Se houver recuperação = o que
médico
deixou de lucrar em razão da lesão

Indenização Incapacidade para o trabalho =


Lucros cessantes pensão alimentícia indenizativa
Morte = pensão alimentícia
Lesão à indenizativa aos dependentes
saúde
Arts. 949 e 950 não
afasta a reparação
a outros danos

Aluno(a), responda a questão.

004. (VUNESP/DELEGADO/PC-BA/2018) No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofen-


sor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos danos emergentes, além de al-
gum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido, não sendo devidos lucros cessantes.

Os lucros cessantes também serão devidos, conforme art. 949 do CC.


Errado.

Vamos tratar mais do tema.


Conforme arts. 948, 949 e 950 do CC, havendo lesão à saúde, a indenização abrangerá não
apenas as despesas de tratamento da vítima (hospital, próteses etc.), mas também os lucros
cessantes. Se a vítima se recuperar, os lucros cessantes corresponderão às frustrações de
lucros razoáveis sofridos até a convalescença da vítima. Se, porém, a lesão vier a incapacitar
a vítima para o trabalho, os lucros cessantes abrangerão não apenas as frustrações de lucros
sofridos até ser identificada essa incapacidade laboral, mas também envolverão uma pensão

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alimentícia indenizativa que recomponha o desfalque profissional da vítima. Em ocorrendo a


morte da vítima, os lucros cessantes consistirão em pensão alimentícia devida aos dependen-
tes econômicos do falecido, e a indenização abrangerá também as despesas com o funeral.
Em princípio, essas indenizações não precisavam de previsão expressa nos arts. 948 ao
950 do CC por já estarem contempladas no princípio da reparação integral do art. 944 do CC.
Todavia, os aludidos dispositivos são convenientes para afastar discussões acerca do cabi-
mento dos alimentos indenizativos como uma espécie de lucros cessantes. Além do mais,
esses preceitos não afastam o direito a indenização por outros danos sofridos pela vítima,
como os danos estéticos e os morais, conforme enunciado n. 192/JDC (“Os danos oriundos
das situações previstas nos arts. 949 e 950 do Código Civil de 2002 devem ser analisados em
conjunto, para o efeito de atribuir indenização por perdas e danos materiais, cumulada com
dano moral e estético”).

1.6.2. Pensão Alimentícia Indenizativa

Caso de Morte

Baseada em presunções

Somente para Presunção de dependência em


famílias de baixa renda
familiares dependentes
economicamente da vítima
2/3 do salário mínimo a
Particularidade: morte partir dos 14 anos até os 25
Pensão Será devida desde de menor de 14 anos 1/3 do salário mínimo a
alimentícia a data da morte partir dos 25 anos

indenizativa
no caso de Devida aos Será paga até os 25 anos
filhos
morte
Família de baixa renda: presume a dependência econômica
dos pais em relação aos filhos
Devida aos Se não exercia atividade remunerada, será fixada com base
pais no salário mínimo

2/3 do salário recebido (ou do salário


mínimo) até a data provável de vida
Devida ao
Novo casamento não extingue o direito
cônjuge
Pela morte do pensionista

Extingue-se Advento da data em que a vítima completaria a


idade média de vida dos brasileiros

Aluno(a) e amigas, veja a questão.

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005. (VUNESP/DELEGADO/PC-BA/2018) No caso de homicídio, a indenização consiste, sem


excluir outras reparações, no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu fune-
ral e o luto da família e na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levan-
do-se em conta a duração provável da vida do alimentado.

Na pensão alimentícia, leva-se em conta a data provável da vítima, e não do alimentado.


Errado.

A legislação é lacônica acerca dos alimentos indenizativos, o que conduz a jurisprudência


a definir as regras com base em presunções extraídas da experiência comum (art. 375, CPC).
Entre essas presunções baseadas naquilo que geralmente acontece (id quod plerumque acci-
dit), há a de dependência econômica dos membros de famílias pobres, a de que pessoas po-
bres conseguiriam, no mínimo, um salário mínimo como renda mensal, a de que o adolescente,
a partir dos 14 anos, ajudaria financeiramente a família pobre, a de que parte da remuneração
da vítima seria utilizada consigo mesmo em maior percentual, a de que, com 25 anos de idade,
a vítima provavelmente aumentaria os gastos consigo mesmo em razão de um casamento e a
de que as pessoas viveriam até a idade fixada pelo IBGE como expectativa de vida.
Com base nessas presunções, temos as seguintes regras para os alimentos indenizativos
decorrentes de morte.
Somente familiares com vínculo de dependência econômica da vítima falecida têm direito
à pensão. Há presunção relativa dessa dependência no caso de família de baixa renda.
Há direito de acrescer (= reversão da pensão) entre os beneficiários da pensão mensal de-
corrente de reparação civil, de sorte que a quota de quem, por qualquer motivo, deixe de perce-
ber a pensão é acrescida à dos demais pensionistas. Tal entendimento decorre da presunção
de que, por exemplo, se um filho casasse e assumisse independência financeira, o pai, se vivo
estivesse, melhor assistiria os demais filhos ou a esposa (STJ, REsp 1045775/ES, 3ª Turma,
Rel. Ministro Massami Uyeda, DJe 04/08/2009).
A pensão é devida desde a data da morte. A exceção corre à conta de morte de filho com
idade inferior a 14 anos em família pobre. Nesse caso, os pais terão direito a pensão de 2/3 do
salário mínimo a partir dos 14 anos (idade em que presumidamente o filho passaria a ajudar
a família mais humilde) até o momento em que o filho completaria 25 anos, quando a pensão
reduziria para 1/3 do salário mínimo diante da presunção de que o filho gastaria mais consigo
por provável casamento.
Quanto ao término da pensão alimentícia, ela deve acontecer no caso de morte do pen-
sionista ou com a sua data final, o que ocorrer primeiro. Essa data final dependerá do caso
concreto, conforme abaixo exposto.
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No caso de falecimento do pai ou da mãe, a pensão devida aos filhos supérstites deverá
durar até eles completarem 25 anos, dada a presunção de que, com essa idade, o filho não
haveria mais de depender do pai, se vivo estivesse. Excepciona-se essa regra se os filhos pa-
decerem de alguma deficiência física ou mental (STJ, REsp 860.221/RJ, 4ª Turma, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, DJe 02/06/2011; AgRg no REsp 1388266/SC, 2ª Turma, Rel. Min. Hum-
berto Martins, DJe 16/05/2016; REsp 970.640/MG, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe
01/07/2010).
Na hipótese de pais dependentes econômicos do filho falecido, a pensão devida a eles será
de 2/3 dos ganhos da vítima fatal até a data em que o finado completaria 25 anos, quando,
então, o valor reduzirá para 1/3, em razão da presunção de que o falecido constituiria família
e reduziria a assistência aos seus dependentes. Nessa mesma situação, se o filho vitimado
não exercia atividade remunerada, a pensão levará em conta o salário-mínimo, pois esse seria
presumidamente o ganho da vítima (Súmula n. 491/STF: “É indenizável o acidente que cause
a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado”). No caso de família de
baixa renda, há presunção relativa de dependência econômica dos pais em relação aos filhos
vitimados (STJ, AgRg no REsp 976.872/PE, 4ª Turma, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, DJe
28/02/2012; STJ, REsp 721.091/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 01/02/2006).
No caso de morte do companheiro ou cônjuge, o consorte sobrevivente tem direito a pen-
são no valor de 2/3 do salário percebido (ou do salário-mínimo, se vítima não exercia trabalho
remunerado) até a data provável de vida da vítima (STJ, REsp 853.921/RJ, 4ª Turma, Rel. Min.
João Otávio de Noronha, DJe 24/05/2010).
Em qualquer uma dessas hipóteses, a pensão se extinguirá com um dos seguintes marcos,
o que ocorrer primeiro: a morte do pensionista ou o advento da data em que a vítima comple-
taria a idade média de vida dos brasileiros. De fato, a duração da pensão nunca poderá ir além
da data provável de vida da vítima se viva estivesse. No ano de 2010, a expectativa de vida
girava em torno de 73 anos (Tatuce, 2013, p. 383). O STJ entende que a jurisprudência deve
acompanhar a evolução dos indicadores demográficos e deve aplicar a tabela de expectativa
de vida dos brasileiros elaborada pela Previdência Social (STJ, REsp 885.126/RS, 3ª Turma, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, DJe 10/03/2008).
Há precedentes posteriores a 2010 do STJ fixando que a data em que a vítima comple-
taria 65 anos seria como o marco final da pensão (STJ, AgRg no Ag 1217064/RJ, 4ª Turma,
Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, DJe 08/05/2013; AgRg no Ag 1132842/RS, 4ª Turma, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, DJe 20/06/2012). Seja como for, o magistrado deverá estar atento
às particularidades do caso concreto, como na hipótese de a vítima ter falecido com idade
superior à expectativa média de vida dos brasileiros (STJ, REsp 72.793/SP, 4ª Turma, Rel. Min.
Aldir Passarinho Junior, Rel. p/ acórdão Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 06/11/2000). Além do
mais, entendemos que deverá ser levada em conta a expectativa média de vida dos brasileiros
à época do falecimento da vítima, e não à época do julgamento da causa.

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Novo casamento da viúva que recebe alimentos indenizativos pela morte do ex-marido não
extingue pensão, pois, além de o casamento não cessar as necessidades financeiras da viúva
e de inexistir previsão legal contrária, tal solução desestimularia o exercício de um direito fun-
damental da viúva de dar curso à sua vida familiar, que havia sido transtornada com o ato ilícito
do alimentante (STJ, REsp 100.927/RS, 4ª Turma, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJ 15/10/2001).
Quanto ao ganho da vítima – que é o valor de referência para a definição do valor da pen-
são alimentícia –, devem-se levar em conta na pensão os valores do FGTS e décimo terceiro
salário, além das férias, se a vítima era trabalhadora assalariada. Se ela era autônoma, são
indevidas essas verbas (STJ, REsp 731.527/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, DJe
17/08/2009; Tartuce, 2013, p. 383).
E, no caso de autônomos, o ganho da vítima deve ser o lucro líquido que ela percebia
com sua atividade, de maneira que se deve reduzir de sua remuneração os valores presu-
midamente gastos com insumos da sua atividade profissional (TJDFT, Acórdão n. 532119,
20080810022785APC, 2ª Turma Cível, Rel. Des. J. J. Costa Carvalho, DJE: 02/09/2011).

Caso de Incapacidade Laboral

Alimentos Pagos em razão do ganho mensal


que deixou de receber
indenizativos pagos
para a vítima
Incapacidade
laboral
NÃO leva em conta a
Serão pagos até a expectativa de vida
morte da vítima

Aluno(a), resolva a questão.

006. (VUNESP/DELEGADO/PC-BA/2018) Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido


não possa exercer o seu ofício ou profissão, a indenização, além das despesas do tratamento
e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importân-
cia do trabalho para que se inabilitou, não podendo a indenização ser arbitrada e paga de
uma só vez.

É possível que o pagamento da indenização seja feita de uma só vez na forma do parágrafo
único do art. 950 do CC.
Errado.

Vamos tratar mais do tema.

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No caso de incapacidade laboral, o beneficiário dos alimentos indenizativos é a própria ví-


tima e o valor dos alimentos corresponderá ao ganho mensal que presumidamente ela deixou
de perceber em razão da incapacidade laboral.
A pensão alimentícia deverá ser paga enquanto a vítima estiver viva. Não pode ser coloca-
do um limite temporal vinculado à expectativa de vida da vítima, sob pena de violar o princípio
da reparação integral (STJ, REsp 174382/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direi-
to, DJ 13/12/1999). É diferente dos alimentos fixados no caso de morte, os quais são limitados
à expectativa de vida do falecido.

1.6.3. Valor dos Alimentos em Salário Mínimo vs Correção Monetária

Valor da Pode ser fixada em Não aplica correção


Bis in idem
pensão salário mínimo monetária

É admitida a fixação da pensão em salário-mínimo, conforme art. 533, § 4º, do CPC. Toda-
via, não poderá haver a aplicação da correção monetária, sob pena de ocorrer bis in idem (STJ,
REsp 302.529/RJ, 4ª Turma, Rel. Min. Barros Monteiro, DJ 13/12/2004).

1.6.4. Cumulação dos Alimentos Indenizativos e Benefícios Previdenciários

Cumulação entre É possível

pensão devida por


lucros cessantes
Viúvo(a) pode acumular pensão a título
e benefício de lucros cessantes e pensão por morte
(benefício previdenciário)
previdenciário Ex: morte

Segundo o STJ, é plenamente admissível a cumulação da pensão devida a título de lucros


cessantes com a eventual percepção de benefício previdenciário pela vítima, pois ambas pos-
suem causas jurídicas diversas. Assim, por exemplo, no caso de morte, o fato de o cônjuge
sobrevivente vir a receber uma pensão por morte como benefício previdenciário pelo INSS não
influenciará no valor dos alimentos indenizativos devidos contra o causador do dano, de modo
que a viúva, além da pensão por morte, receberá os alimentos indenizativos (STJ, AgRg no Ag
1239557/RJ, 4ª Turma, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, DJe 17/10/2012).

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1.6.5. Constituição de Capital

Volume de bens reservados ao pagamento


da obrigação alimentícia até a sua extinção
“Constituição de Capital se torna inalienável e ficará sob
capital” regime de afetação

Os alimentos serão transferidos


Inclusão em folha diretamente ao credor
Garantia de de pagamento

pagamento
“Constituição de capital” pode
dos alimentos Fiança bancária ser dispensada
indenizativos ou garantia real

A sentença condenatória já deve


determinar desde logo a garantia

Como os alimentos indenizativos consistem em prestações periódicas por longo período


de tempo, o risco de futura inadimplência do devedor é grande. Por isso, em garantia, o art. 533
do CPC garante ao alimentando o direito de exigir a “constituição de capital”, assim entendido
como a obrigatoriedade de o devedor reservar um volume de bens móveis ou imóveis em mon-
tante capaz de garantir o pagamento dos alimentos indenizativos até a extinção da obrigação.
A renda desse “capital” será usada para pagamento da pensão. Esse “capital” se tornará ina-
lienável e ficará em regime de patrimônio de afetação, ou seja, não poderá ser penhorado por
outras dívidas pessoais do devedor. O “capital” só ficará liberado com a extinção da obrigação
alimentar. Essa constituição de capital é para garantir apenas os alimentos indenizativos, e
não outras espécies de indenização (STJ, AgInt no REsp 1625421/PB, 1ª Turma, Rel. Min. Gur-
gel de Faria, DJe 07/08/2018).
O juiz pode, no lugar da constituição de capital, determinar a inclusão do credor em folha
de pagamento de ente público ou de empresa de notória capacidade econômica. Se o devedor
é servidor público, por exemplo, o juiz pode determinar a inclusão da pensão alimentícia na
sua folha de pagamento a fim de que o órgão público empregador transfira os alimentos dire-
tamente ao credor.
Além do mais, se houver pedido do devedor, o juiz pode dispensar a constituição de capital
se, no seu lugar, for dada uma fiança bancária ou uma garantia real em valor a ser arbitrado
pelo juiz.
A sentença condenatória já deve determinar desde logo a garantia, conforme Súmula n.
313/STJ (“Em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de capital
ou caução fidejussória para a garantia de pagamento da pensão, independentemente da situa-
ção financeira do demandado”).

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1.6.6. Alteração Superveniente

“Possibilidade do devedor” é
levada em conta? Em regra, não, mas há exceções

Aumento dos gastos Majoração proporcional


médicos dos alimentos
Aumento ou diminuição dos
Alimentos “Constituição de gastos que a vítima tem Desvalorização monetária
ante a insuficiência do Aumento no valor
indenizativos capital” indexador adotado dos alimentos

Enriquecimento da vítima NÃO


exonera a pensão

Aluno(a) e minha amiga, temos um tema importante que não foi totalmente enfrentado
pela jurisprudência, mas que cai em prova.
Veja!
O § 3º do art. 533 do CPC admite a modificação do valor dos alimentos se sobrevier “mo-
dificação nas condições econômicas”. O arbitramento dos alimentos indenizativos não leva
em conta a possibilidade financeira do devedor, ao contrário do que sucede com os alimentos
familiares (os de Direito de Família, que se baseiam no binômio necessidade-possibilidade,
conforme art. 1.694, § 1º, CC). Os alimentos indenizativos baseiam-se no princípio da repara-
ção integral.
Assim, em princípio, as mudanças nas condições econômicas que podem gerar aumento
ou redução do valor da pensão alimentícia diz respeito ao aumento ou à redução dos gastos
que a vítima tem.
Todavia, entendemos que, excepcionalmente, a possibilidade do devedor poderá ser levada
em conta no arbitramento do valor da pensão alimentícia, em situações excepcionais em que
as condição econômica do devedor é manifestamente irrisória para arcar com os alimentos,
o juiz poderá arbitrá-los em valor menor em patamar que garanta uma subsistência digna ao
devedor. O fundamento é a aplicação analógica do parágrafo único do art. 944 do CC. Nesse
caso, se o devedor vier a prosperar financeiramente, esse aumento da sua condição econô-
mica autorizaria o aumento da pensão alimentícia (art. 533, § 3º, do CPC), de modo a que o
devedor venha a arcar com a integralidade do dano causado em nome do princípio da repara-
ção integral (STJ, REsp 913.431/RJ, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 26/11/2008).
Pessoalmente, com base na vedação do enriquecimento sem causa e no princípio da repara-
ção integral, entendemos que, se essa prosperidade superveniente for expressiva, o juiz pode-
rá majorar a pensão alimentícia além do valor efetivamente devido até compensar o período
durante o qual o alimentante pagou pensão abaixo da que seria efetivamente devida.
O inverso também é verdadeiro: se o devedor vier a naufragar financeiramente, a pensão
alimentícia indenizativa poderá vir a ser reduzida por conta da diminuição de sua possibilidade
por força do art. 533, § 3º, do CPC, da incidência analógica do art. 944, parágrafo único, do CC
e do princípio da dignidade da pessoa humana (STJ, REsp 913.431/RJ, 3ª Turma, Rel. Ministra
Nancy Andrighi, DJe 26/11/2008).

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Responsabilidade Civil – Parte III
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Há mais algumas questões importantes.


Indago: é ou não relevante o aumento ou a redução superveniente de despesas com tra-
tamento médico do alimentado? A resposta é sim! No valor dos alimentos indenizativos e na
constituição de capital, devem ser considerados também as despesas que a vítima terá de fa-
zer com seu tratamento de saúde, como locação de próteses (STJ, REsp 12846/RJ, 3ª Turma,
Rel. Min. Eduardo Ribeiro, DJ 21/10/1991).
Por essa razão, se houver aumento superveniente nessas despesas, como o aumento do
aluguel de próteses, o alimentado poderá pedir a majoração proporcional dos alimentos (art.
533, § 3º, CPC). Igualmente, se as despesas se reduzirem, o devedor poderá pleitear o decrés-
cimo correspondente da pensão.
Outra questão interessante: é ou não relevante a desvalorização monetária ante a insu-
ficiência do indexador adotado? Resposta: sim! Se o indexador adotado para corrigir mone-
tariamente a pensão alimentícia indenizativa for insuficiente, o alimentado poderá pleitear o
aumento do valor dos alimentos com fulcro no § 3º do art. 533 do CPC (STJ, REsp 22549/SP,
3ª Turma, Rel. Min. Eduardo Ribeiro, DJ 05/04/1993).
E o enriquecimento superveniente da vítima? O STJ já decidiu isso. O enriquecimento da
vítima jamais ensejará a redução ou a exoneração da pensão, pois, do contrário, estar-se-ia
punindo quem, esforçando-se por superar as lesão sofridas (ex.: uma deficiência física), con-
segue alcançar a prosperidade (STJ, REsp 913.431/RJ, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi,
DJe 26/11/2008).

1.6.7. Substituição da Pensão Alimentícia por uma Prestação Única

Caso de Incapacidade Laboral

A conveniência será
analisada pelo juiz
Substituição
Não basta a mera
da pensão Art. 950, vontade da vítima

mensal por § único, CC Não é aplicada em


caso de MORTE
valor único

Quem fica incapaz para o trabalho (ex.: paralítico) tem direito a exigir, entre outras parcelas
indenizatórias, uma pensão alimentícia que ressarça o que ele percebia como remuneração
pelo trabalho. Acontece que o parágrafo único do art. 950 do CC permite que, no lugar de o
devedor pagar pensão alimentícia mensalmente até a morte da vítima, é possível que o juiz fixe
um valor único, como forma de a vítima possa, com esse capital, iniciar algum outro negócio
compatível com a sua incapacidade física. O STJ entende que essa conversão da prestação
mensal (pensão alimentícia) em uma prestação única não depende de mera vontade da víti-
ma. O juiz tem de analisar, em cada caso concreto, a conveniência da aplicação dessa regra

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que autoriza a estipulação de parcela única, evitando não apenas o risco de inadimplência
do devedor ao longo dos anos – o que comprometeria a satisfação do crédito –, mas tam-
bém que essa alternativa seja demasiadamente onerosa ao devedor e cause-lhe a ruína (STJ,
REsp 1349968/DF, 3ª Turma, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, DJe 04/05/2015; TST, E-RR
- 76200-43.2006.5.20.0006, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Rel. Min. João
Batista Brito Pereira, DJe 05/10/2012).

Caso de Morte

A substituição da pensão alimentícia indenizativa por uma prestação única não pode ser
aplicada para casos de morte, mas apenas para os de incapacidade laboral por dois motivos:
(1) o art. 950, parágrafo único, do CC só prevê essa opção para hipóteses de incapacidade la-
boral; e (2) a finalidade dessa alternativa é propiciar que a vítima direta continue a ter uma vida
profissional usando a prestação única para começar uma nova atividade profissional, situação
que não ocorre no caso de morte, em que o pensionista será um dependente econômico do
falecido (STJ, REsp 1045775/ES, 3ª Turma, Rel. Ministro Massami Uyeda, DJe 04/08/2009).

1.7. Dano Presumido ou In Re Ipsa


Experiência comum
como meio de
prova

Dano Dispensa a
Basta o mero FATO
produção de outras
presumido
provas

Pode ser tanto o


dano moral quanto
o material

Aluno(a) e minhas amigas, qual o gabarito da questão.

007. (CESPE/PROCURADOR/PGM-MANAUS/2018) Lucas — vítima de importante perda de


discernimento em razão de grave doença degenerativa em estágio avançado —, devidamente
representado por sua filha e curadora Maria, ajuizou ação indenizatória por danos materiais e
morais contra determinada instituição financeira, sustentando que foram realizados saques
indevidos em sua conta-corrente com a utilização de um cartão magnético clonado por tercei-
ros. Durante a instrução processual, foi comprovado que os fatos alegados na petição inicial

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eram verdadeiros. Nessa situação hipotética, (...) Lucas não faz jus ao recebimento de indeni-
zação por dano moral, tendo em vista não estar conscientemente sujeito a dor ou sofrimento
psíquico devido à significativa perda de discernimento.

O gabarito é errado, pois o dano moral é a violação do direito da personalidade; a dor ou a tris-
teza são meras consequências dessa violação. A honra de Lucas foi atingida; é irrelevante se
ele “chorou”, “gritou”, “ficou com depressão”. No máximo, esses efeitos podem ser levados em
conta para majorar o valor da indenização. Além do mais, o fato relatado na questão represen-
ta um dano moral presumido, pois, à luz das máximas, é possível presumir que clonagem do
cartão atinge direito da personalidade.
Errado.

008. (FCC/DEFENSOR/DPE-AP/2018) A simples devolução indevida de cheque caracteriza


dano moral, independentemente de prova do prejuízo sofrido pela vítima.

O gabarito é “correto”, porque se trata de um caso de dano moral presumido nos termos da
Súmula n. 388/STJ (“Simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral”).
Certo.

Vamos falar mais sobre o tema.


O dano precisa ser provado. Um dos meios de prova admitidos é a máxima da experiência,
que considera provado um fato se condizer com aquilo que, segundo a experiência comum, ge-
ralmente acontece (id quod plerumque accidit). O art. 375 do CPC admite esse meio de prova.
Com base nisso, é possível presumir a existência de danos em algumas situações, o que dis-
pensará a produção de outras palavras. Trata-se dos danos presumidos, também chamados de
danos in re ipsa (pois se tratariam de danos comprováveis apenas do próprio fato).
Isso ocorre especialmente com danos morais em situações como na de negativação inde-
vida do nome em cadastro de inadimplentes ou na de morte de familiar. A experiência demons-
tra que esses fatos, por si só, atingem os direitos da personalidade da vítima, razão por que
configuram danos morais in re ipsa e, portanto, dispensam a produção de outras provas acerca
da caracterização do dano.
É possível haver também dano material presumido, como no caso de uso indevido de mar-
cas, que, segundo a experiência, lesiona a atividade empresarial legítimo titular da marca com
diversos prejuízos, como os oriundos de desvio de clientela (STJ, AgInt no AREsp 228.942/SP,
4ª Turma, Rel. Min. Lázaro Guimarães – Desembargador Convocado, DJe 09/03/2018). Igual-
mente se presume dano material para caso de morte de membro de família de baixa renda, o
que autoriza o arbitramento de alimentos indenizativos em valor baseado no salário mínimo
diante da presunção de que o falecido contribuiria financeiramente com a família humilde (STJ,
REsp 1325034/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe 11/05/2015).

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QUESTÕES DE CONCURSO
009. (VUNESP/ADVOGADO/EBSERH/2020/ADAPTADA) A indenização mede-se pela exten-
são do dano e não pode ser reduzida pelo juiz, mesmo havendo excessiva desproporção entre
a gravidade da culpa e o dano.

A segunda parte da questão contraria o art. 944, parágrafo único, do CC.


Explica-se.
Pelo princípio da reparação integral (também chamado de princípio da restitutio in integrum), a
regra geral é a de que a indenização mede-se pela extensão do dano, ou seja, o valor da inde-
nização tem de corresponder exatamente ao valor do dano causado (art. 944, caput, do CC).
Há, porém, exceções legais a esse princípio, a exemplo da hipótese em que há manifesta des-
proporção entre a gravidade da culpa e o dano, caso em que o juiz poderá reduzir equitativa-
mente o valor da indenização (art. 944, parágrafo único, CC).
A outra exceção é a da indenização contra o incapaz: o juiz fixa o valor com base na equidade
e atento à proteção da sobrevivência digna do incapaz (art. 928, parágrafo único, do CC).
Veja os dispositivos:

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o
juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
Errado.

010. (FCC/DEFENSOR/DPE-SP/2019/ADAPTADA) A gradação da culpa como critério de


equidade de indenização não foi adotada pelo Código Civil.

Ao contrário do dito na questão, a gradação da culpa como critério de equidade foi adotada de
modo excepcional em alguns casos, a exemplo da hipótese do art. 944, parágrafo único, do CC.
A regra, porém, é que a gradação da culpa é irrelevante para o valor da indenização.
Errado.

011. (CESPE/DEFENSOR/DPE-AC/2017/ADAPTADA) O dever de indenizar no âmbito cível


pode resultar de culpa grave ou leve, mas não de culpa levíssima.

A regra é que o grau de culpa é irrelevante para o dever de indenizar: mesmo a culpa levíssima
gera esse dever.
Errado.

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012. (CESPE/DEFENSOR/DPE-AC/2017/ADAPTADA) É permitido ao réu fazer prova de ter


havido concorrência culposa da vítima, o que viabiliza o arbitramento equitativo da indeniza-
ção de reparação por danos morais.

Havendo culpa concorrente, a indenização é arbitrada proporcionalmente à culpa do agente. É


o art. 945 do CC:

Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será
fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Certo.

013. (CESPE/DEFENSOR/DPE-AC/2017/ADAPTADA) A respeito da ação civil ex delicto, a


aferição do grau de culpabilidade do autor do delito é medida irrelevante no momento de di-
mensionar a extensão da indenização de reparação aos familiares da vítima.

O grau de culpa é, em regra, irrelevante para a fixação do valor da indenização, conforme o


princípio da reparação integral (art. 944, caput, do CC).
Certo.

014. (VUNESP/ADVOGADO/EBSERH/2020/ADAPTADA) Havendo usurpação ou esbulho do


alheio, além da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das suas de-
teriorações e o devido a título de lucros cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o
seu equivalente ao prejudicado que será estimado pelo seu preço ordinário e pelo de afeição,
contanto que este não se avantaje àquele.

É o art. 952 do CC.

Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, a indenização con-
sistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes; faltando a
coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado.
Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela
pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele.
Certo.

015. (IESES/TITULAR/CARTÓRIO/TJ-SC/2019/ADAPTADA) Ocorrendo usurpação ou esbu-


lho do alheio, a indenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a
título de lucros cessantes, sem prejuízo da restituição da coisa.

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É o art. 952 do CC.


Certo.

016. (IESES/TITULAR/CARTÓRIO/TJ-SC/2019/ADAPTADA) Em caso de ofensa à liberda-


de Aluno(a), a indenização consistirá no pagamento das perdas e danos que sobrevierem
ao ofendido.

É o art. 954 do CC:

Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e da-
nos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto no
parágrafo único do artigo antecedente.
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal:
I – o cárcere privado;
II – a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;
III – a prisão ilegal.
Certo.

017. (VUNESP/ADVOGADO/EBSERH/2020/ADAPTADA) No caso de lesão ou outra ofensa à


saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos danos emergentes
até o fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido,
sem direito a lucros cessantes.

Ao contrário do dito no final da questão, há sim direitos a lucros cessantes. É o art. 949 do CC:

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas
do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo
que o ofendido prove haver sofrido.
Errado.

018. (VUNESP/ADVOGADO/EBSERH/2020/ADAPTADA) Se da ofensa resultar defeito pelo


qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade
de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim
da convalescença, incluirá pensão, que não poderá ser paga de uma só vez, correspondente à
importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.

A pensão pode ser paga de uma só vez sim, ao contrário do dito na questão. É o parágrafo
único do art. 950 do CC:

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Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profis-
são, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento
e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do
trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de
uma só vez.
Errado.

019. (CESPE/DEFENSOR/DPE-AC/2017/ADAPTADA) A responsabilidade civil, de acordo


com o Código Civil, se referente a ato ilícito que resulte em diminuição da capacidade laboral,
fornece à vítima o direito a exigir danos morais ou pensão equivalente à depreciação sofrida.

A questão está mal redigida. Seja como for, há dois motivos para o gabarito ter vindo como
“errado”: (1) a conjunção “ou” foi utilizada indevidamente: a vítima pode pedir danos morais e
pensão alimentícia; e (2) a pensão alimentícia é equivalente à importância do trabalho para o
qual se inabilitou ou da depreciação sofrida, conforme art. 950 do CC.
Errado.

020. (CESPE/PERITO/POLÍCIA FEDERAL/2018) Nos casos de perícias no âmbito cível, para


a determinação do valor da indenização devida a vítima de lesões corporais, devem-se consi-
derar critérios como as despesas de tratamento.

A indenização tem de ser integral (art. 944, caput, do CC), o que exige que todos os danos so-
fridos pela vítima sejam ressarcidos, com inclusão das despesas de tratamento.
Certo.

021. (VUNESP/ADVOGADO/EBSERH/2020/ADAPTADA) No caso de homicídio, a indeniza-


ção consiste, sem excluir outras reparações, no pagamento das despesas com o tratamento
da vítima, seu funeral e o luto da família, bem como na prestação de alimentos às pessoas a
quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.

É o art. 948 do CC:

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I – no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração
provável da vida da vítima.
Certo.

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022. (IESES/TITULAR/CARTÓRIO/TJ-SC/2019/ADAPTADA) Em hipótese de homicídio, não


haverá pagamento de indenização.

É o contrário, conforme art. 948 do CC.


Errado.

023. (VUNESP/ADVOGADO/PREFEITURA DE SÃO ROQUE-SP/2020/ADAPTADA) A simples


devolução indevida de cheque caracteriza dano moral, mas não a apresentação antecipada de
cheque pré-datado.

A apresentação antecipada também. Veja estas súmulas11 do STJ:

Súmula n. 370/STJ
Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.
Súmula n. 388/STJ
A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.

Errado.

024. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE FRANCISCO MORATO-SP/2020/ADAPTA-


DA) Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.

É a Súmula º 370/STJ.
Certo.

025. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE FRANCISCO MORATO-SP/2020/ADAPTA-


DA) A simples devolução indevida de cheque não caracteriza dano moral.

Caracteriza sim (Súmula n. 388/STJ).


Errado.

026. (VUNESP/ADVOGADO/PREFEITURA DE SÃO ROQUE-SP/2020/ADAPTADA) Da anota-


ção irregular em cadastro de proteção ao crédito não cabe indenização por dano moral quando
preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.

É a Súmula n. 385/STJ
11
Rectius, enunciados da Súmula do STJ.

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Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano
moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.

Certo.

027. (VUNESP/PROCURADOR/PREFEITURA DE FRANCISCO MORATO-SP/2020/ADAPTA-


DA) Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, cabe indenização por dano
moral, mesmo quando preexistente legítima inscrição.

A parte final está errada (Súmula n. 385/STJ).


Errado.

028. (CONTEMAX/PROCURADOR/PREFEITURA DE LUCENA-PB/2019/ADAPTADA) Na hi-


pótese de atraso de voo, não se admite a configuração do dano moral in re ipsa.

Não há dano moral presumido (= in re ipsa) para o simples atraso de voo. É necessário que o
passageiro faça prova de elementos que comprovem o dano moral. Veja este julgado do STJ:

DIREITO DO CONSUMIDOR E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE


DANOS MATERIAIS E COMPENSAÇÃO DE DANOS MORAIS. PREQUESTIONAMENTO.
AUSÊNCIA. SÚMULA 282/STF. ATRASO EM VOO INTERNACIONAL. DANO MORAL NÃO
CONFIGURADO. EXTRAVIO DE BAGAGEM. ALTERAÇÃO DO VALOR FIXADO A TÍTULO DE
DANOS MORAIS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ.
1. Ação de reparação de danos materiais e compensação de danos morais, tendo em
vista falha na prestação de serviços aéreos, decorrentes de atraso de voo internacional e
extravio de bagagem.
2. Ação ajuizada em 03/06/2011. Recurso especial concluso ao gabinete em 26/08/2016.
Julgamento: CPC/73.
3. O propósito recursal é definir i) se a companhia aérea recorrida deve ser condenada a
compensar os danos morais supostamente sofridos pelo recorrente, em razão de atraso
de voo internacional; e ii) se o valor arbitrado a título de danos morais em virtude do extra-
vio de bagagem deve ser majorado.
4. A ausência de decisão acerca dos argumentos invocados pelo recorrente em suas
razões recursais impede o conhecimento do recurso especial.
5. Na específica hipótese de atraso de voo operado por companhia aérea, não se vislum-
bra que o dano moral possa ser presumido em decorrência da mera demora e eventual
desconforto, aflição e transtornos suportados pelo passageiro. Isso porque vários outros
fatores devem ser considerados a fim de que se possa investigar acerca da real ocorrência

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do dano moral, exigindo-se, por conseguinte, a prova, por parte do passageiro, da lesão
extrapatrimonial sofrida.
6. Sem dúvida, as circunstâncias que envolvem o caso concreto servirão de baliza para
a possível comprovação e a consequente constatação da ocorrência do dano moral. A
exemplo, pode-se citar particularidades a serem observadas: i) a averiguação acerca do
tempo que se levou para a solução do problema, isto é, a real duração do atraso; ii) se a
companhia aérea ofertou alternativas para melhor atender aos passageiros; iii) se foram
prestadas a tempo e modo informações claras e precisas por parte da companhia aérea
a fim de amenizar os desconfortos inerentes à ocasião; iv) se foi oferecido suporte mate-
rial (alimentação, hospedagem, etc.) quando o atraso for considerável; v) se o passa-
geiro, devido ao atraso da aeronave, acabou por perder compromisso inadiável no des-
tino, dentre outros.
7. Na hipótese, não foi invocado nenhum fato extraordinário que tenha ofendido o âmago
da personalidade do recorrente. Via de consequência, não há como se falar em abalo
moral indenizável.
8. Quanto ao pleito de majoração do valor a título de danos morais, arbitrado em virtude
do extravio de bagagem, tem-se que a alteração do valor fixado a título de compensa-
ção dos danos morais somente é possível, em recurso especial, nas hipóteses em que
a quantia estipulada pelo Tribunal de origem revela-se irrisória ou exagerada, o que não
ocorreu na espécie, tendo em vista que foi fixado em R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
9. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, não provido.
(REsp 1584465/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
13/11/2018, DJe 21/11/2018)

Certo.

029. (VUNESP/ADVOGADO/PREFEITURA DE SÃO ROQUE-SP/2020/ADAPTADA) Maria,


grávida de 9 meses, juntamente com seu esposo José, estavam caminhando na rua, quando
foram atropelados por Carlos. José faleceu imediatamente em razão do atropelamento. Veri-
ficou-se que o atropelamento se deu em razão de Carlos não ter realizado as devidas manu-
tenções em seu veículo que estava com defeitos no sistema de frenagem. O atropelamento
ocorreu no dia 01.03.2003. Carlos foi condenado por homicídio culposo e cumpriu pena. Em
02.03.2019, Joaquim, filho de Maria e José, na época do acidente, nascituro, nascido um dia
após a morte do pai, assistido por aquela, ajuizou ação de indenização por danos morais con-
tra Carlos. Acerca do caso hipotético, é possível afirmar corretamente que:
por não ter conhecido o pai, não pode Joaquim postular danos morais, podendo requerer, ape-
nas, o pagamento de eventuais danos materiais por não ter sido sustentado financeiramen-
te pelo pai.

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STJ admite indenização por dano moral em favor do nascituro em decorrência da morte do
pai. Veja:

RECURSOS ESPECIAIS - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, DECORRENTES


DE EXAME MÉDICO, CUJO RESULTADO INDICOU, ERRONEAMENTE, SER O FETO PORTA-
DOR DE “SÍNDROME DE DOWN” - TRANSAÇÃO CELEBRADA ENTRE UM DOS DEVEDO-
RES SOLIDÁRIOS E OS DEMANDANTES - INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS QUE CONDENARAM
O CODEVEDOR SOLIDÁRIO AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO AOS PAIS, EXCLUÍDA A
HIPÓTESE DE REPARAÇÃO À FILHA, ENTÃO NASCITURO À ÉPOCA DOS FATOS. INSUR-
GÊNCIA DOS DEMANDANTES E DA OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE.
1. Hipótese em que pais e filho ingressaram em juízo postulando danos morais supor-
tados durante a gestação, em razão de erro médico, consistente em diagnóstico indica-
tivo de ser o feto portador de “Síndrome de Down”. Exames posteriores que afastaram
a aludida patologia cromossômica. Demanda deflagrada contra a operadora de plano
de saúde e nosocômio. Transação entabulada entre os autores e este último, único não
insurgente.
(...)
3.1 Em que pese entender o STJ “que o nascituro também tem direito a indenização por
danos morais” (Ag n. 1268980/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJ de 02/03/2010),
não são todas as situações jurídicas a que submetidas o concebido que ensejarão o
dever de reparação, senão aquelas das quais decorram consequências funestas à saúde
do nascituro ou suprimam-no do convívio de seus pais ante a morte destes. Precedentes.
3.2 Na hipótese dos autos, o fato que teria ocasionado danos morais àquela que era
nascituro à época dos fatos, seria o resultado equivocado do exame de ultrassonografia
com Translucência Nucal, que indicou ser ela portadora de “Síndrome de Down”. Con-
tudo, segundo a moldura fática delineada pela Corte a quo, a genitora, no dia seguinte ao
recebimento do resultado equivocado, submeteu-se, novamente, ao mesmo exame, cujo
diagnóstico mostrou-se diverso, isto é, descartou a sobredita patologia. Não se ignora o
abalo psíquico que os pais suportaram em virtude de tal equívoco, dano, contudo, que
não se pode estender ao nascituro.
(...)
4. Recursos especiais improvidos.”
(REsp 1170239/RJ, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 21/05/2013,
DJe 28/08/2013)

Errado.

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Responsabilidade Civil – Parte III
Carlos Elias

030. (VUNESP/ADVOGADO/PREFEITURA DE SÃO ROQUE-SP/2020/ADAPTADA) Maria,


grávida de 9 meses, juntamente com seu esposo José, estavam caminhando na rua, quando
foram atropelados por Carlos. José faleceu imediatamente em razão do atropelamento. Veri-
ficou-se que o atropelamento se deu em razão de Carlos não ter realizado as devidas manu-
tenções em seu veículo que estava com defeitos no sistema de frenagem. O atropelamento
ocorreu no dia 01.03.2003. Carlos foi condenado por homicídio culposo e cumpriu pena. Em
02.03.2019, Joaquim, filho de Maria e José, na época do acidente, nascituro, nascido um dia
após a morte do pai, assistido por aquela, ajuizou ação de indenização por danos morais con-
tra Carlos. Acerca do caso hipotético, é possível afirmar corretamente que:
é possível a postulação de danos morais em razão da morte do pai ocorrida antes do nasci-
mento do autor, independentemente de prova de dor e sofrimento.

O dano moral aí é presumido (in re ipsa), de modo que não há necessidade de prova de dor e
sofrimento. O fato, porém, de o nascituro não ter conhecido o pai pode influenciar no valor da
indenização, que deverá ser menor. Veja este julgado:

DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO FÉRREA.


AÇÃO AJUIZADA 23 ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO INEXISTENTE. INFLUÊNCIA
NA QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM. PRECEDENTES DA TURMA. NASCITURO. DIREITO
AOS DANOS MORAIS. DOUTRINA. ATENUAÇÃO. FIXAÇÃO NESTA INSTÂNCIA. POSSIBILI-
DADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
I – Nos termos da orientação da Turma, o direito à indenização por dano moral não desa-
parece com o decurso de tempo (desde que não transcorrido o lapso prescricional), mas
é fato a ser considerado na fixação do quantum.
II – O nascituro também tem direito aos danos morais pela morte do pai, mas a circuns-
tância de não tê-lo conhecido em vida tem influência na fixação do quantum.
III – Recomenda-se que o valor do dano moral seja fixado desde logo, inclusive nesta
instância, buscando dar solução definitiva ao caso e evitando inconvenientes e retarda-
mento da solução jurisdicional.
(REsp 399.028/SP, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, jul-
gado em 26/02/2002, DJ 15/04/2002, p. 232)

Certo.

031. (FCC/DEFENSOR/DPE-SP/2019/ADAPTADA) A culpa contra a legalidade não afasta a


necessidade de comprovação de dolo ou culpa do agente causador do dano.

A tese da “culpa contra legalidade” apenas gera uma presunção relativa de culpa pelo dano
contra aquele que, após violar uma norma jurídica, causou um dano. Há, pois, uma inversão

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Responsabilidade Civil – Parte III
Carlos Elias

do ônus da prova em desfavor do infrator. Admite-se, no entanto, que ele produza prova em
sentido contrário. Por isso, a questão está errada, pois, ao contrário do dito na questão, a dis-
cussão acerca da prova da culpa não é afastada pela tese da “culpa contra a legalidade”, mas
apenas é flexibilizada para carrear ao infrator o ônus de provar que não teve culpa ou dolo na
ocorrência do dano.
Certo.

032. (CESPE/PROCURADOR/PGE-AM/2018) Uma vez ajuizada ação de cobrança de dívida já


paga, o direito do requerido à restituição em dobro prescindirá da demonstração de má-fé do
autor da cobrança.

É necessário prova de má-fé na cobrança indevida para a aplicação da regra da restituição em


dobro prevista no art. 940 do CC (correspondente ao antigo art. 1.531 do já revogado CC de
1916). Veja:

Art. 940, CC. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quan-
tias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso,
o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver
prescrição.

Súmula n. 159/STF: “Cobrança excessiva, mas de boa-fé, não dá lugar às sanções do art.
1.531 do Código Civil”.
RECURSOS ESPECIAIS - DEMANDA POSTULANDO A DECLARAÇÃO DE INCIDÊNCIA DE
CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PARCELAS PAGAS A CONSÓRCIO E A RESPECTIVA
RESTITUIÇÃO DOS VALORES - ACÓRDÃO ESTADUAL QUE (...) APLICOU A SANÇÃO PRE-
VISTA NO ARTIGO 1.531 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 (ATUAL ARTIGO 940 DO CÓDIGO
CIVIL DE 2002) EM DETRIMENTO DO DEMANDANTE QUE NÃO RESSALVARA OS VALO-
RES RECEBIDOS.
(...)
1.1. Controvérsia submetida ao rito dos recursos repetitivos (artigo 543-C do CPC): A apli-
cação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança judicial de dívida já adimplida
(cominação encartada no artigo 1.531 do Código Civil de 1916, reproduzida no artigo 940
do Código Civil de 2002) pode ser postulada pelo réu na própria defesa, independendo
da propositura de ação autônoma ou do manejo de reconvenção, sendo imprescindível a
demonstração de má-fé do credor.
(...)
3. Recursos especiais desprovidos. Vencido o relator na parte em que dava provimento
ao apelo extremo da administradora do consórcio, a fim de determinar a incidência dos
juros de mora a partir da citação.
(REsp 1111270/PR, Rel. Ministro MARCO BUZZI, SEGUNDA SEÇÃO, DJe 16/02/2016)

Errado.

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033. (CESPE/PROCURADOR/PGE-AM/2018) A sanção civil de pagamento em dobro por co-


brança de dívida já adimplida pode ser pleiteada na defesa do réu, independentemente da pro-
positura de ação autônoma ou de reconvenção para tanto.

É o entendimento do STJ (REsp 1111270/PR, Rel. Ministro MARCO BUZZI, SEGUNDA SEÇÃO,
DJe 16/02/2016).
Certo.

034. (CESPE/PROCURADOR/PGE-AM/2018) Lucas — vítima de importante perda de discerni-


mento em razão de grave doença degenerativa em estágio avançado —, devidamente represen-
tado por sua filha e curadora Maria, ajuizou ação indenizatória por danos materiais e morais
contra determinada instituição financeira, sustentando que foram realizados saques indevidos
em sua conta-corrente com a utilização de um cartão magnético clonado por terceiros. Du-
rante a instrução processual, foi comprovado que os fatos alegados na petição inicial eram
verdadeiros. Nessa situação hipotética, conforme a jurisprudência do STJ, como o ilícito foi
praticado por terceiro, que clonou o cartão magnético e efetuou os saques, ficou configurado
evento que rompeu o nexo causal, afastando a responsabilidade da instituição financeira.

É risco da atividade da instituição financeira a ocorrência de danos aos clientes por clonagens
de cartões magnéticos, de maneira que esse fato não é idôneo a romper o nexo causal nem a
afastar a responsabilidade civil objetiva da instituição financeira. Trata-se de um fortuito inter-
no. Trata-se da Súmula n. 479/STJ:

As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.

Errado.

035. (CESPE/DEFENSOR/DPE-AL/2017/ADAPTADA) Na fixação do valor indenizatório cor-


respondente a uma única prestação pecuniária, os juros moratórios fluem a partir da citação
em caso de responsabilidade extracontratual.

No caso de responsabilidade civil extracontratual, o termo inicial dos juros de mora é a data do
evento danoso, e não da citação, conforme art. 398 do CC e Súmula n. 54/STJ:

Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o
praticou.

Súmula n. 54/STJ: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de res-
ponsabilidade extracontratual.

Errado.

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036. (CESPE/DEFENSOR/DPE-AC/2017/ADAPTADA) A responsabilidade civil, de acordo com


o Código Civil, será indevida quando não for possível quantificar a extensão do dano causado.

A questão não está bem redigida, mas é possível intuir que, ao afirmar que não é possível quan-
tificar a extensão do dano, a questão quer dizer que, embora haja um dano, a sua mensuração
dependeria de diligências adicionais. Em outras palavras, a questão quis dizer que há um dano
(= há o an debeatur, ou seja, a existência da dívida), mas ele não está quantificado de antemão
(= não há o quantum debeatur). Sob essa ótica, a questão é errada, pois aí se terá uma obriga-
ção indeterminada, que, segundo o art. 946 do CC, exige uma apuração do valor das perdas
e danos pelas vias cabíveis na legislação processual, que prevê procedimentos de liquidação
de sentença.
Fique claro, porém, que, se não houvesse dano algum, não haveria responsabilidade civil, pois
a existência de dano é pressuposto da responsabilidade civil. Não foi isso, porém, que o exa-
minador quis dizer.
Veja o art. 946 do CC:

Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposição fixando
a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que a lei
processual determinar.
Errado.

037. (CESPE/DEFENSOR/DPU/2017/ADAPTADA) A aplicação da teoria da perda da chance


pressupõe uma possibilidade concreta, real e com alto grau de probabilidade de se garantir
um benefício ou sofrer um prejuízo, bem como que a ação ou omissão do agente tenha nexo
causal com a perda da oportunidade de exercer a chance.

É a jurisprudência do STJ:

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE.


HOSPITAL. ATUAÇÃO NEGLIGENTE. ÓBITO. INDENIZAÇÃO PELA CHANCE PERDIDA.
VALOR DA INDENIZAÇÃO. RAZOABILIDADE. SÚMULA N. 7/STJ.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Pro-
cesso Civil de 1973 (Enunciados Administrativos n.s 2 e 3/STJ).
2. A teoria da perda de uma chance comporta duplo viés, ora justificando o dever de
indenizar em decorrência da frustração da expectativa de se obter uma vantagem ou um
ganho futuro, desde que séria e real a possibilidade de êxito (perda da chance clássica),
ora amparando a pretensão ressarcitória pela conduta omissiva que, se praticada a con-
tento, poderia evitar o prejuízo suportado pela vítima (perda da chance atípica).

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3. Hipótese em que a morte da paciente não resultou do posterior agravamento da enfer-


midade diagnosticada a destempo, mas de um traumatismo crânio-encefálico resultante
da queda de uma escada em sua própria residência um dia depois da última consulta
médica realizada, não se podendo afirmar com absoluta certeza que o acidente domés-
tico ocorreu em razão das tonturas que ela vinha sentindo e que a motivou a procurar
auxílio médico.
4. À luz da teoria da perda de uma chance, o liame causal a ser demonstrado é aquele
existente entre a conduta ilícita e a chance perdida, sendo desnecessário que esse nexo
se estabeleça diretamente com o dano final.
5. Existência de laudo pericial conclusivo quanto à efetiva concorrência da enfermidade
extemporaneamente diagnosticada para o resultado morte, tendo em vista que a baixa
contagem de plaquetas foi determinante para que não fosse possível estancar a hemor-
ragia intracraniana da paciente.
6. Atuação negligente dos profissionais médicos que retirou da paciente uma chance
concreta e real de ter um diagnóstico correto e de alçar as consequências normais que
dele se poderia esperar.
7. Na responsabilidade civil pela perda de uma chance, o valor da indenização não equi-
vale ao prejuízo final, devendo ser obtido mediante valoração da chance perdida, como
bem jurídico autônomo.
8. Ainda que estabelecidos os danos morais em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) com
base no sofrimento e na angústia do autor pela morte de sua esposa, não se mostra
desarrazoada a quantia fixada a esse título, mesmo considerando que a indenização deve
reparar apenas a chance perdida.
9. Recurso especial não provido.
(REsp 1677083/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, jul-
gado em 14/11/2017, DJe 20/11/2017)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PERDA DE UMA CHANCE. INEXISTÊNCIA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. INADMISSIBILIDADE.
SÚMULA N. 7 DO STJ. DECISÃO MANTIDA.
1. “Em caso de responsabilidade de profissionais da advocacia por condutas apontadas
como negligentes, e diante do aspecto relativo à incerteza da vantagem não experimen-
tada, as demandas que invocam a teoria da ‘perda de uma chance’ devem ser solucio-
nadas a partir de detida análise acerca das reais possibilidades de êxito do postulante,
eventualmente perdidas em razão da desídia do causídico”. Assim, “o fato de o advo-
gado ter perdido o prazo para contestar ou interpor recurso - como no caso em apreço -,
não enseja sua automática responsabilização civil com base na teoria da perda de uma
chance, fazendo-se absolutamente necessária a ponderação acerca da probabilidade -
que se supõe real - que a parte teria de se sagrar vitoriosa ou de ter a sua pretensão

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Responsabilidade Civil – Parte III
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atendida” (REsp n. 993.936/RJ, Relator Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 27/3/2012, DJe 23/4/2012). 2. O recurso especial não comporta exame de
questões que impliquem revolvimento do contexto fático-probatório dos autos, a teor do
que dispõe a Súmula n. 7 do STJ.
3. No caso concreto, o Tribunal de origem examinou os elementos fáticos dos autos para
concluir que inexistiam chances concretas de êxito do recurso apresentado intempesti-
vamente. Dessa forma, a alteração do acórdão recorrido exigiria reexame da prova dos
autos, inviável em recurso especial, nos termos da súmula mencionada.
4. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 878.524/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA,
julgado em 16/05/2019, DJe 23/05/2019)
CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. ERRO
MÉDICO. APLICAÇÃO DA TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE. POSSIBILIDADE.
ERRO GROSSEIRO. NEGLIGÊNCIA. AUSÊNCIA. 1. Ação ajuizada em 14/11/2003. Recur-
sos especiais atribuídos ao gabinete em 25/08/2016.
Julgamento: CPC/73.
2. O propósito recursal consiste em verificar a ocorrência de erro médico, em razão de
negligência, imprudência ou imperícia, passível de condenação em compensar dano
moral.
3. A teoria da perda de uma chance pode ser utilizada como critério para a apuração de
responsabilidade civil, ocasionada por erro médico, na hipótese em que o erro tenha redu-
zido possibilidades concretas e reais de cura de paciente. Precedentes.
4. A visão tradicional da responsabilidade civil subjetiva; na qual é imprescindível a
demonstração do dano, do ato ilícito e do nexo de causalidade entre o dano sofrido pela
vítima e o ato praticado pelo sujeito; não é mitigada na teoria da perda de uma chance.
Presentes a conduta do médico, omissiva ou comissiva, e o comprometimento real da
possibilidade de cura do paciente, presente o nexo causal.
5. A apreciação do erro de diagnóstico por parte do juiz deve ser cautelosa, com tônica
especial quando os métodos científicos são discutíveis ou sujeitos a dúvidas, pois nesses
casos o erro profissional não pode ser considerado imperícia, imprudência ou negligên-
cia.
6. Na espécie, a perda de uma chance remota ou improvável de saúde da paciente que
recebeu alta hospitalar, em vez da internação, não constitui erro médico passível de com-
pensação, sobretudo quando constatado que a sua morte foi um evento raro e extraordi-
nário ligado à ciência médica.
7. Recurso especial interposto pelo médico conhecido e provido.
Recurso especial interposto pelos genitores julgado prejudicado.
(REsp 1662338/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
12/12/2017, DJe 02/02/2018)

Certo.

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038. (CESPE/PROCURADOR/PREFEITURA DE BELO HORIZONTE/2017/ADAPTADA) No


que se refere às famílias de baixa renda, há presunção de dano material e moral em favor dos
pais em caso de morte de filho menor de idade, ainda que este não estivesse ainda que este
não estivesse trabalhando na data do óbito.

No tocante ao dano moral, a presunção decorre do fato de que a morte de familiar é conside-
rado dano moral presumido. No tocante ao dano material, há essa presunção em razão das
regras da experiência: a experiência demonstra que esse filho menor acabaria por auxiliar fi-
nanceiramente a família no futuro. Por isso, é devido a fixação de pensão alimentícia em favor
dos pais nesse caso. Veja estes julgados do STJ:

RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. MORTE DE FILHO


MENOR. QUEDA DE COMPOSIÇÃO FERROVIÁRIA. DANOS MORAIS E MATERIAIS PRETEN-
DIDOS PELA MÃE E PELO PADRASTO DA VÍTIMA. MAJORAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. POSSIBILIDADE NO CASO DA GENITORA. VALOR IRRISÓRIO. FIXAÇÃO
DE INDENIZAÇÃO SUBSTANCIALMENTE INFERIOR EM PROL DO PADRASTO. POSSIBILI-
DADE. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA N. 7/STJ. DANOS MATERIAIS. PENSIONAMENTO
MENSAL EM BENEFÍCIO DA GENITORA DA VÍTIMA. FAMÍLIA DE BAIXA RENDA. PRESCIN-
DIBILIDADE DA PROVA DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE REMUNERADA PELO MENOR.
1. Ação indenizatória promovida pela mãe e padrasto de menor (15 anos) falecido em
virtude de queda de composição férrea na qual viajava e que, de modo inadequado, trafe-
gava com as portas abertas.
2. Recurso especial que veicula a pretensão dos autores (i) de fixação de pensionamento
mensal a título de danos materiais e (ii) de majoração das indenizações arbitradas pela
Corte local a título de reparação pelos danos morais suportados pela mãe (R$ 83.000,00)
e pelo padrasto (R$ 5.000,00) do falecido menor.
3. Em se tratando de família de baixa renda, é devida a indenização por danos materiais,
sob a forma de pensionamento mensal, em prol dos genitores de menor de idade falecido
em decorrência de ato ilícito, independentemente da comprovação de que este exercia,
quando em vida, atividade remunerada.
4. Consoante a jurisprudência desta Corte, a pensão mensal em tal situação deve ser
fixada no patamar de 2/3 (dois terços) do salário mínimo, desde os 14 anos de idade da
vítima (data em que o direito laboral admite o contrato de trabalho), devendo ser reduzida
para 1/3 (um terço) do salário após a data em que esta completaria 25 anos (quando
possivelmente constituiria família própria, reduzindo a sua colaboração no lar primitivo),
perdurando tal obrigação até a data em que a vítima atingiria idade correspondente à
expectativa média de vida do brasileiro, prevista na data do óbito, segundo a tabela do
IBGE, ou até o falecimento dos eventuais beneficiários, se tal fato ocorrer primeiro.

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5. O Superior Tribunal de Justiça, afastando a incidência da Súmula n. 7/STJ, tem reexa-


minado o montante fixado pelas instâncias ordinárias a título de indenização por danos
morais apenas quando irrisório ou abusivo, circunstâncias existentes no presente caso,
apenas no tocante à verba indenizatória arbitrada em benefício da genitora do menor
(R$ 83.000,00), que deve ser majorada, com amparo na orientação jurisprudencial desta
Corte, para o patamar de R$ 315.200,00 (trezentos e quinze mil e duzentos reais), que é o
equivalente a 500 (quinhentos) salários mínimos.
6. As peculiaridades do caso, que revelaram a ausência de comprovação da existência
de relação afetiva entre o falecido e seu padrasto e o curto tempo de convivência familiar
entre ambos, justificam a fixação de verba indenizatória em favor deste último em mon-
tante substancialmente inferior ao arbitrado para a genitora do menor, sendo obstada
sua revisão, na estreita via do recurso especial, em virtude da inafastável incidência da
Súmula n. 7/STJ.
7. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 1201244/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, jul-
gado em 05/05/2015, DJe 13/05/2015)

Certo.

039. (CESPE/JUIZ/TJ-PR/2019/ADAPTADA) Ana, maior de sessenta e cinco anos de idade,


valendo-se da gratuidade constitucional do transporte coletivo urbano, ingressou em ônibus
da empresa Transpark S.A. e declarou o valor da bagagem em R$ 10.000, o que foi aceito pela
transportadora. Durante o trajeto, o veículo que estava à frente do ônibus freou abruptamente,
sem causa aparente. O motorista do coletivo, visando não colidir, perdeu o controle do carro
e caiu em uma ponte, ocasionando perda de bens e lesões em vários passageiros, entre eles,
Ana, que ingressou em juízo pleiteando danos morais e estéticos, além de danos materiais
pela perda total da bagagem. A empresa, por sua vez, alegou a ocorrência de fato exclusivo
de terceiro, o que ficou comprovado mediante laudo pericial da polícia civil. Nessa situação
hipotética, de acordo com o Código Civil, com o entendimento doutrinário sobre o tema e com
a jurisprudência do STJ,
a transportadora não poderia exigir de Ana a declaração do valor da bagagem, com vistas à
limitação da indenização, pois essa conduta viola o princípio da reparação integral dos danos.

Questão contraria o parágrafo único do art. 734 do CC:

Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas baga-
gens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade.
Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem a fim de fixar o
limite da indenização.
Errado.

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GABARITO
9. E 20. C 31. C
10. E 21. C 32. E
11. E 22. E 33. C
12. C 23. E 34. E
13. C 24. C 35. E
14. C 25. E 36. E
15. C 26. C 37. C
16. C 27. E 38. C
17. E 28. C 39. E
18. E 29. E
19. E 30. C

Carlos Elias
Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no
concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para
concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado
da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito
pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB
de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do
Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.

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