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RESPONSABILIDADE CIVIL
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DIREITO CIVIL
Responsabilidade Civil
Sumário
Roberta Queiroz
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DIREITO CIVIL
Responsabilidade Civil
Roberta Queiroz
RESPONSABILIDADE CIVIL
1. Introdução
Oi gente, tudo bem com vocês? Hoje o momento é mais que especial, é o momento de falar
de responsabilidade civil... isso mesmo...
Vamos para mais um capítulo do nosso “CivilFlix” – rsrsrsrs, de Direito Civil, continuando
nosso estudo maravilhoso...
Hoje eu tô mega empolgada aqui escrevendo esse material para vocês domingo de ma-
nhã... Até me deu vontade de cantar aqui assim:
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Roberta Queiroz
Perceba que os acontecimentos da vida ora acontecem por si sós, ora pela vontade humana.
Assim, poderemos ter o seguinte:
Observe que Fatos Jurídicos são os acontecimentos da vida que possuem consequên-
cias jurídicas.
Por sua vez, tais fatos jurídicos podem ou não decorrer da vontade humana – caso não
decorram da vontade humana são denominados FATOS JURÍDICOS EM SENTIDO ESTRITO; do
contrário, decorrendo da vontade humana, são denominados ATOS JURÍDICOS.
Os fatos jurídicos em sentido estrito se dividem em fatos jurídicos em sentido estrito or-
dinários ou extraordinários.
Quando falamos em fato jurídico em sentido estrito extraordinário, falamos em uma impre-
visibilidade objetiva, uma vez que não há como saber se vão ou não acontecer. Decorrem dos
casos fortuitos ou de força maior.1
1
Embora alguns autores diferenciem o caso fortuito da força maior, o Código Civil não os distingue. O STJ segue a mesma
linha. São acontecimentos imprevisíveis.
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Em regra, ninguém responde pelo caso fortuito ou de força maior, por serem extraordiná-
rios, não havendo vontade humana.
Porém, há hipóteses em que isso é possível, como veremos na parte de responsabilidade
civil e no direito obrigacional, excepcionalmente. Exemplo: eu peguei emprestada a sua lan-
cha e acertamos que eu a devolveria no dia 10. Se, no da 09, a lancha for destruída por um
terremoto, eu não devo responder por isso, devido à regra do res perit domino (“a coisa perece
para o dono”), bem como porque eu não tive culpa pelo perecimento da coisa.
Agora, imagine que, passado o dia 10, eu não te entreguei a lancha. Estou em mora e, por
lei, o devedor em mora assume os riscos pela integridade da coisa, ainda que ela venha a se
perder sem culpa sua.
Sendo assim, eu responderei pelas perdas e danos causados pelo terremoto, a não ser
que eu consiga provar que a coisa se perderia da mesma forma que se tivesse sido entregue
no prazo estipulado.
Veja, inclusive, que imprevisto NÃO se confunde com imprevisível – imprevisível é o que
ninguém, objetivamente falando, consegue imaginar; Imprevisto é o que você, subjetivamente
falando, não pensou.
Quando acontece um imprevisto, é porque você foi negligente com a situação e não pen-
sou que o fato poderia acontecer. Já o imprevisível é o que você não tem como imaginar.
A pandemia da COVID-19 foi totalmente imprevisível. Em tese, não se pode responsabili-
zar ninguém por esse fato.
Todavia, os fatos jurídicos em sentido estrito extraordinários podem gerar outras conse-
quências, além da responsabilidade civil, como a revisão dos contratos, por exemplo, confor-
me artigo 317 e 478 do Código Civil.
O caso fortuito ou força maior NÃO precisa ser evento da natureza.
Podem ser fatos decorrentes de um terceiro que seja imprevisível, equiparando-se a um
caso fortuito.
Agora, voltando no esquema inicial...
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Quando há vontade humana, por isso, um ato, poderá ser direcionada à prática de um ato
lícito ou ilícito.
Lembre-se de que ato ilícito pode acontecer em qualquer ramo do direito, não apenas no
do Direito Civil.
Há o ilícito civil, o administrativo, o ilícito penal...
Responsabilidade jurídica é um termo gênero, que comporta a responsabilidade civil, cri-
minal, administrativa...
O ilícito civil é aquele em desconformidade com o ordenamento jurídico cível.
Você deve se lembrar que eu falei, lá na primeira aula, que Direito Civil é diferente de “or-
denamento jurídico cível”, já que este é um termo muito mais abrangente.
Observe que o ilícito civil pode ser, simultaneamente, um ilícito criminal, por exemplo.
Vejamos o caso de uma agressão física: há um ilícito civil, onde o sujeito vai responder
pelo dano moral, material e/ou estético. Também há um ilícito criminal, já que a integridade
física também é tutelada pelo Direito Penal.
Vale mencionar o teor do art. 935 do CC:
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais
sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.
Sendo assim, as esferas não se comunicam, em regra. Há casos, porém, que a decisão no
processo criminal trará consequências para o cível, como nas situações abaixo, previstas no
Código de Processo Penal:
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Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em
estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito.
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta
quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I – o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
II – a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III – a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
O CPC também traz hipótese em que é possível a suspensão do processo cível em decor-
rência de um processo criminal, mas também é uma situação excepcional.
Assim, o ilícito civil ocorre quando o ordenamento jurídico cível é contrariado.
O LÍCITO cível, por sua vez, é o ato em conformidade com o ordenamento jurídico cível.
Como consequência da prática de um ilícito civil, surge a responsabilidade civil.
Esta pode ser aquiliana ou contratual:
• RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL: surge do inadimplemento obrigacional inse-
rida em um contrato.
• RESPONSABILIDADE CIVIL AQUILIANA (lex aquilia): é uma responsabilidade pelo sim-
ples fato de viver a vida, que pode implicar em uma responsabilidade civil e decorre
do princípio romano do neminem laedere: a ninguém é dada a possibilidade de causar
prejuízo a outrem.
Se o ilícito praticado for criminal, você responderá criminalmente, com uma pena privativa
de liberdade ou restritiva de direitos, por exemplo.
No âmbito cível, temos a obrigação de reparar danos materiais, danos morais, danos
estéticos... 💰
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a) Conduta humana: Essa conduta deve causar um dano, mas deve ser VOLUNTÁRIA
e CONSCIENTE.
Não significa dizer que o dano deve ser causado propositalmente. Exemplo: ao observar
uma obra de arte onde consta o aviso para não tocá-la, alguém a toca e, com isso, a danifica.
Foi uma conduta voluntária e consciente, ainda que essa pessoa não tenha desejado cau-
sar o dano.
Por outro lado, se, enquanto observa uma obra de arte, uma pessoa espirra, sem saber que
um vaso de seu nariz havia estourado e, assim, danifica a obra com o sangue, ela não respon-
derá por isso, posto que a sua conduta não foi voluntária.
Houve um caso, na China, em que um pai foi com a filha pequena (3 anos) a uma conces-
sionária da AUDI e distraiu-se por um momento, conhecendo os veículos.
Foi, então, surpreendido pela notícia de que sua filha havia feito diversos arranhões, com
uma pedra, nas portas de vários carros do local, no formato de desenhos infantis. Embora
sejam carros caríssimos, houve um dano. É o fenômeno da responsabilidade civil.3
Se fosse seu filho ou filha? Rsrsrsrsrs 😲
No Brasil? Siiiiiiim, por força do artigo 928 do Código Civil. Socorro, Deus, né?
b) Dano: O professor Pablo Stolze diz que não existe responsabilidade civil sem dano.
Seria como um corpo sem cabeça, ou um corpo sem alma.
Porém, a modernidade trabalha com a possibilidade de alguns danos diferenciados,
como a teoria da perda de uma chance, teoria da perda do tempo útil, danos existenciais,
danos sociais...
De qualquer forma, a conduta humana DEVE causar um dano e ele deve ser EFETIVO.
c) Nexo causal: é a ligação entre o dano e a conduta humana e, em regra, deve ser direto,
mas existem outras teorias, que serão analisadas na aula de responsabilidade civil.
O nexo causal é a ligação entre a conduta e o dano, que deve ser verificado, para que ocor-
ra a reparação ou indenização.
d) Culpa: deve ser verificada em alguns casos.
Se você tem uma conduta humana, o dano e o nexo causal, a responsabilidade será
OBJETIVA. Mas, se você tiver, além desses três elementos, a CULPA, a responsabilidade
será SUBJETIVA.
2
Posteriormente, veremos mais detalhadamente o tema da responsabilidade civil, mas, quando for esse momento, você
deverá lembrar dessas lições introdutórias.
3
https://revistaautoesporte.globo.com/Noticias/noticia/2019/12/menina-de-tres-anos-risca-10-carros-novos-em-conces-
sionaria-da-audi.html
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É importante falar sobre isso, uma vez que a teoria geral dos fatos é universal, ou seja, se
aplica a tudo, até mesmo para um “sim” em um casamento.
Na responsabilidade civil, culpa e dolo são abrangidos pela “culpa”. Isto porque, fala-se
em “culpa” em sentido amplo, não havendo diferenciação entre eles, como há no Direito Penal.
Assim, quando falamos em “culpa”, pode ser a culpa strictu sensu ou o dolo.
De qualquer forma, o elemento “culpa” não está presente em todos os casos de respon-
sabilidade civil.
Veja que a responsabilidade civil incide como consequência do ilícito, mas o ato lícito
também gera responsabilidade civil? Sim!
Pode acontecer de um ato LÍCITO gerar uma responsabilidade civil. Exemplo: para cons-
truir uma casa, torna-se necessária a perfuração do solo. Porém, coma obra, acaba causando
uma rachadura na casa ao lado, que pertence ao vizinho. Embora eu tenha praticado um ato
lícito, ele causou um dano e, por isso, é passível de indenização.
A responsabilidade objetiva pode decorrer de uma previsão legal – como, por exemplo, o
art. 932, CC, que fala da responsabilidade civil indireta por ato de terceiro, ou quando a ativi-
dade desempenhada for de risco – como a atividade bancária ou de administração, por isso,
no Direito Administrativo, temos a responsabilidade objetiva.
Apesar de dedicar um estudo que deve ser mais adiante aprofundado, importante obser-
var, agora, que a responsabilidade civil tem três pilares categóricos: arts. 186 (responsabili-
dade subjetiva), 187 (responsabilidade objetiva) e 927 do CC.
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Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifesta-
mente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Este último refere-se à teoria do abuso do direito e quando falamos em “abuso do direito”,
significa que a pessoa tem um direito, mas comete um excesso ao exercê-lo.
São institutos caracterizados pelo abuso do direito: supressio/surrectio, tu quoque, venire
contra factum proprium e duty to mitigate the loss.
Calma, sem loucura... O nome é difícil, mas entender é mamão com açúcar...
SUPRESSIO e SURRECTIO: Supressio significa a supressão, perda de um direito, enquanto
surrectio é o ganho de um direito.
São faces de uma mesma moeda.
Exemplo: você vai a uma imobiliária, e faz um contrato de locação de um apartamento.
Nele, consta que você deve dirigir-se à imobiliária, todos os meses, para realizar o paga-
mento. Trata-se da chamada dívida “portable” (portável), que acontece quando o devedor
vai até o credor.
Durante a vigência do contrato, você acorda com o credor, verbalmente, que entregará o
dinheiro a um terceiro, João, que presta serviços para ele.
Ou seja, foi instituída uma dívida “quérable”, na qual o credor vai até o devedor.
Supondo que o contrato de locação tinha vigência de 36 meses e, no 20º mês, João
foi demitido.
Você esperou que ele aparecesse, como de costume, para buscar o dinheiro, na data do
pagamento, mas ele não apareceu.
No dia seguinte, você liga para o credor, informando que João não foi buscar o dinheiro
e, para sua surpresa, ele diz que você tinha ciência de que deveria realizar o pagamento na
imobiliária e, não o tendo realizado no prazo, incidiria a multa contratual.
De imediato, você deverá lembra do teor do art. 330 do Código Civil: O pagamento rei-
teradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto
no contrato.
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Sendo assim, pelo excesso cometido pela imobiliária no exercício do seu direito de exigir o
pagamento da dívida, vai ocorrer a “supressio”, suprimindo-se o direito de cobrança de multa
pela imobiliária.
Para você, ocorrerá a “surrectio”, uma vez que ganhou o direito de exigir a prática da
dívida “quérable”.
Portanto, “supressio” e “surrectio” têm a ver com tempo.
Outro exemplo: um condomínio de pequenas unidades imobiliárias tem uma convenção
condominial tratando de unidades residenciais.
Porém, durante um período, as atividades comerciais desempenhadas pelos condôminos
foram toleradas. Em dado momento, um dos condôminos, Pedro, passou a exercer uma ativi-
dade profissional barulhenta.
Incomodados, os demais condôminos usaram como argumento a cláusula da convenção
condominial que fala que as unidades devem ser utilizadas para fins residenciais.
Pedro poderia argumentar a caracterização da “supressio”, suprimindo-se o direito de re-
clamação dos demais condôminos em virtude da tolerância anteriormente exercida por eles.
CUIDADO!
Não confunda “supressio” e “surrectio” com o direito subjetivo de um credor cobrar sua dívida.
Ele deve cobrá-la dentro do prazo prescricional, podendo fazê-lo até o seu último dia.
Exemplo: Miguel solicitou a instalação de energia elétrica, mas nunca recebeu as contas para
realizar o pagamento, embora tenha contatado a empresa por diversas vezes. Passados vários
meses, a empresa enviou uma conta contendo o valor relativo a todos os meses de utilização
dos serviços, sem juros. Miguel argumentou que, tendo passado tanto tempo, a empresa não
poderia realizar aquela cobrança, ainda que sem juros. Ela poderia?
Pois bem, Miguel argumentou que haveria ocorrido o fenômeno da “supressio”, já que a
empresa não havia enviado cobrança durante vários meses.
Porém, esse entendimento é equivocado.
Quando há uma relação de credor e devedor, existe um prazo prescricional para a cobran-
ça da dívida, podendo ela se dar até o último dia do prazo.
Não se pode confundir prescrição e decadência com “surrectio” e “supressio”.
Embora sejam facetas da mesma moeda, por serem direitos adquiridos ou perdidos em
virtude do decurso do tempo, possuem significados distintos e incidências distintas.
TU QUOQUE: está previsto no art. 476, CC, e quer dizer “até tu?”.
A expressão vem de quando o imperador romano Júlio César encontrou entre os seus
traidores, no Senado, o seu filho adotivo Brutus, dizendo “tu quoque, brute fili mi?” – “até tu,
Brutus, meu filho?”
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CC
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação,
pode exigir o implemento da do outro.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifesta-
mente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Veja que este artigo, como estamos falando, estabelece o abuso de direito, ou seja, alguém
que, até tem o direito que pretende exercer, mas ao exercer, acaba comente algum excesso.
Então, o esquema desse artigo fica assim:
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Esse artigo 187 é UNIVERSAL, uma vez que se aplica a qualquer ramo do direito, por exem-
plo: no âmbito do Processo Civil, é possível que alguém pratique abuso processual.
Em informativo recente do STJ, a corte entendeu que aquele que reiteradas vezes pro-
move demanda processual desprovida de fundamento pratica abuso de direito processual,
respondendo objetivamente.
Por fim, o artigo 188, CC, traz as excludentes de ilicitude:
Embora não sejam atos ilícitos, o dever de indenizar não está excluído.
Por isso que eu falei que é possível que o dever de reparação advenha de um ato LÍCITO,
havendo dano.
Sempre bom rever esses pontos, ok?
Assim via de regra, a responsabilidade civil, nasce dos ilícitos, mas uma conduta lícita
também pode gerar dano, por exemplo: João pode construir uma casa, mas para ele cons-
truir a casa é preciso fazer a fundação, a perfuração do solo com maquinário e, se, na opor-
tunidade da perfuração ele causa uma rachadura na casa do lado ocorre o dano e, assim,
dever de indenizar.
Assim, o que causa a responsabilidade civil?
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3. Conceito
Nosso querido Pablo Stolze define que
Responsabilidade, para o Direito, nada mais é, portanto, que uma obrigação derivada — um dever
jurídico sucessivo — de assumir as consequências jurídicas de um fato, consequências essas que
podem variar (reparação dos danos e/ou punição pessoal do agente lesionante) de acordo com os
interesses lesados.4
Continua o professor estabelecendo que “trazendo esse conceito para o âmbito do Direito
Privado, e seguindo essa mesma linha de raciocínio, diríamos que a responsabilidade civil
deriva da agressão a um interesse eminentemente particular, sujeitando, assim, o infrator, ao
pagamento de uma compensação pecuniária à vítima, caso não possa repor in natura o es-
tado anterior de coisas. Decompõe-se, pois, nos seguintes elementos, que serão estudados
no decorrer desta obra: a) conduta (positiva ou negativa); b) dano; c) nexo de causalidade.”5
A responsabilidade civil é uma disciplina muito antiga que remete ao Direito Romano e, até
mesmo antes dele...
Curiosidade…
Direito Romano – Ulpiano: princípios básicos (gerais de direito):
1 – Viver honestamente: Honeste Vivere
2 – Não lesar outrem: Neminer Laedere
3 – Dar a cada um o que é seu: Suum cuique tribuere
4
Stolze, Pablo; Pamplona Filho, Rodolfo Manual de direito civil – volume único / Pablo Stolze; Rodolfo Pamplona Filho. – 4.
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
5
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Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.
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Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
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mente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
• 927: Regra Geral – aquele que praticar o ilícito (subjetiva ou objetiva) causando o dano
terá obrigação de repará-lo.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos espe-
cificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.
4. Requisitos
4.1. Conceito de Ilícito Civil (186, 187, 927)
• Conduta humana que fere direito subjetivo e que está em desconformidade com o or-
denamento jurídico, causando o dano;
Ex.: Raquel compra um carro e faz o seguro, contra roubo, incêndio, furto, enchente e tudo. Aí
o carro pega fogo e ela deixa o fogo pegar no carro todo. Ela tem direito de acionar a segura-
dora, mas ela piorou a situação do devedor. Ela se excedeu.
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A cláusula geral do art. 187 do Código Civil tem fundamento constitucional nos princípios
da solidariedade, devido processo legal e proteção da confiança, e aplica-se a todos os
ramos do direito.
• Voluntária + consciente;
Imagina que João está em um museu apreciando uma obra de arte, a mais cara do mun-
do. Tem uma placa dizendo “não toque”; João toca e a obra cai e quebra. Ele causou um dano
e ele tinha consciência e voluntariedade, então João responde.
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Agora veja, se João está observando a obra de arte e ele tem uma crise de convulsão e
cai em cima da obra de arte, nesse caso ele não responde, foi totalmente involuntário. Atos de
sonambulismo também são exemplos, pois não há consciência.
4.2.2. Dano
O pai foi com a filha em uma concessionária da Audi. A menina desenhou na lataria dos
carros com uma pedra. Imagine... O pai estava fechando um contrato e a menina riscou os
carros que estavam na loja. O pai deve pagar!
O ato praticado pelo o menor é de responsabilidade dos pais e respondem objetivamente
pelo prejuízo que os filhos causaram.
Outro caso: os pais estavam num supermercado fazendo compras, enquanto os pais esta-
vam “cheirando um amaciante” – brincadeira kkkk, a filha estava mexendo no fósforo e acen-
deu e jogou no álcool. O mercado pegou fogo e os pais respondem pelo prejuízo que seus
filhos causarem. Óbvio, né?é
Prof. entendi que deve haver dano, mas e na teoria da perda de uma chance? Tem dano?
Tem sim, o dano é exatamente perder a chance, pois o dano não precisa ser exatamente
material, deve ser real.
A teoria da perda de uma chance, nesse caso não se tem o dano de cara, o conceito mo-
derno vem caminhando para essas questões que vamos trabalhar mais na frente.
Todo dano é indenizável?
A traição gera dano moral?
Meu pai me abandonou afetivamente, é indenizável?
7
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil, 2. ed., São Paulo: Malheiros, 2000.
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Exemplo: se alguém ajuíza uma ação contra outrem requerendo a condenação deste a esse
dano, é preciso provar!
Existe a possibilidade de inverter o ônus da prova, colocar o dever de provar o dano ao réu?
SIM, a teoria da inversão do ônus da prova (373, CPC), quando a lei estabelecer que deve
haver, como por exemplo, em relações de consumo, ou quando houver uma dificuldade de
prova em relação ao autor, a prova diabólica, que é a prova que você não tem condições de
realizar. Excepcionalmente poderá haver inversão do ônus da prova.
• Excepcionalmente o dano moral é presumido (in re ipsa) – violação da dignidade da
pessoa humana;
Abrangência do dano deve ser levada em consideração para fins de fixação do quantum:
944 CC – princípio da reparação integral / princípio do imperador.
8
20160610153899APC – (0015096-12.2016.8.07.0006 – Res. 65 CNJ) – Registro do Acórdão Número: 1162196 – https://
pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj
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Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o
juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
Prejuízo no patrimônio corpóreo, exemplos: dano no carro; João agride Maria fisicamente
e ela precisa de tratamento médico, reposição dos dentes, tratamento psicológico…
• Real + Efetivo
Obs.: Não indenizamos danos hipotéticos, por exemplo, João agride Pedro fisicamente e
ele perde a audição de um ouvido. Além de cobrar o dano estético, Pedro vai cobrar
o moral e material de todo o tratamento médico que ele gastou, mas ele não pode
requerer ao juiz que além do dano moral (foi na frente dos seus filhos), dano esté-
tico (ficou surdo), e dano material (tratamento médico) ele fixe pelo os eventuais
empregos que ele virá a perder na vida por ele escutar de um ouvido. Isso não é
dano real e efetivo.
Se João agrediu fisicamente Pedro, além de tudo que ele gastou de tratamento médico
(dano emergente) ele não vai poder trabalhar por um tempo, ele vai ficar sem ganhar seu sa-
lário (lucro cessante).
Outro exemplo é quando você bate o carro em um carro de um taxista, Uber, você vai ter que
indenizar o dano material do carro, e essa pessoa vai deixar de trabalhar.
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E se você atropela uma pessoa e essa pessoa morre? E se essa pessoa era a provedora
da família.
Como que fica essa história?
Vamos falar de alimentos indenizatórios...
Imagina a situação: ocorreu o atropelamento da pessoa e em virtude de um fato, a pes-
soa falece.
Como que fica a questão dos alimentos indenizatórios, que tem um aspecto mate-
rial do dano?
Alimentos Indenizatórios – não geram prisão civil
• 948 CC: lucro cessante aos dependentes do falecido;
− levar em consideração a vida provável do morto – expectativa de vida de acordo
com o IBGE e também a idade dos dependentes;
− ⅔ do salário + FGTS + 13º + Férias + hora extra;
− SÚMULA N. 229 DO STF; SÚMULA N. 246 STJ; SÚMULA N. 491 STF
• Resp 275.274; Resp 1.311.402; Resp 268.265
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I – no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a dura-
ção provável da vida da vítima.
SÚMULA N. 229 STF: “A indenização acidentária não exclui a do direito comum, em caso
de dolo ou culpa grave do empregador.”
SÚMULA N. 246 STJ: “O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização
judicialmente fixada.”
SÚMULA N. 491 STF: “é indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda
que não exerça trabalho remunerado.”
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Pode ser:
• Sentido Próprio = dano pautado na dor, tristeza, humilhação, angústia, vexame... (in
natura);
• Sentido Impróprio = lesão aos direitos de personalidade;
• Dano moral provado / Subjetivo: é a regra.
• Dano moral presumido: in re ipsa (não precisa de prova): SÚMULA N. 403 STJ: “Indepen-
de de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de
pessoa com fins econômicos ou comerciais.”
• Dano moral direto (pela própria pessoa)
• Dano moral indireto (por ricochete) = é suportado por outras pessoas, se atinge uma
pessoa, mas pode acontecer de quem sofre o dano moral não ser exatamente aquela
pessoa, mas os outros que estão ao redor; morto não sofre dano moral, se usa indevi-
damente a imagem do morto, quem vai sofrer é quem está vivo, quem ficou, que são os
lesados indiretos que falamos anteriormente.
Obs.: A dor não é condição primordial essencial, não é requisito obrigatório, para demonstra-
ção do dano moral.
Não basta simplesmente a conduta humana e o dano, é preciso de um item que ligue am-
bos – é o chamado Nexo Causal ou Nexo de Causalidade.
• Ligação entre conduta humana e o dano;
• Se não houver essa ligação – nada feito! Não há condenação!
Para que ocorra o fenômeno da responsabilidade civil em relação àquela conduta huma-
na, se precisa de uma relação direta entre a conduta humana e o dano.
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E, a partir do nexo causal nós temos um elemento precioso para que definir quem realmen-
te é obrigado a indenizar e suportar os prejuízos daquele dano.
Vamos fazer uma análise dessas teorias.
Teorias relacionadas ao nexo:
a) teoria da equivalência de condições: Teoria da Equivalência dos Antecedentes = Sine
qua nom; Todos os antecedentes daquela situação teriam efetivamente contribuído para a
ocorrência daquele caso. Exemplo: o cara deu um tiro no outro e matou. Se for voltando no
tempo em relação a tudo que poderia ter contribuído para este fato, iriamos punir o fabrican-
te da arma. Outro exemplo: Roberta chegou em casa e seu marido estava com outra mulher
na cama, se aplicar essa teoria pode-se culpar até o marceneiro que fez a cama. Tudo que
teria ocorrido para produção daquele dano tem que ser responsabilizado, seria uma investi-
gação infinita.
Em virtude, talvez, de todos esses inconvenientes e imprecisões, a maior parte dos culto-
res contemporâneos do Direito Civil não abraçou tal teoria, menciona Pablo Stolze.
b) a teoria da causalidade adequada: “para os adeptos desta teoria, não se poderia
considerar causa “toda e qualquer condição que haja contribuído para a efetivação do re-
sultado”, conforme sustentado pela teoria da equivalência, mas sim, segundo um juízo de
probabilidade, apenas o antecedente abstratamente idôneo à produção do efeito danoso”.9
Bem mais palatável que a anterior e mais jurídica. Analisa a condição que efetivamente
contribuiu para o resultado lesivo naquele caso. Alguns doutrinadores colocam que essa
teoria tem a ver com a previsibilidade e a evitabilidade do dano, mas essa análise também
é afastada por alguns doutrinadores. Temos que analisar a questão em abstrato, a causa
relevante que pode causar aquele dano, mas também a alta probabilidade de ter sido aquele
fato em relação a aquele dano.
c) a teoria da causalidade direta ou imediata (interrupção do nexo causal). Alguns (prof.
Cristiano Chaves) dizem que é a única que tem reflexo/respaldo no Direito Civil por força do
artigo 403 que fala do dano material, só que o professor Flávio Tartuce menciona que o Códi-
go Civil adota duas teorias (Teoria da Causalidade Adequada e a Teoria do dano direto e ime-
diato) e o STJ acaba também entrando em aplicabilidade das duas teorias. É mais simples,
pois não apresenta o nível de insegurança jurídica e subjetividade apresentados pelas teorias
anteriores, pois apenas o antecedente fático que, ligado por um vínculo de necessariedade ao
resultado danoso, determinasse este último como uma consequência sua, direta e imediata.10
9
Stolze, Pablo; Pamplona Filho, Rodolfo Manual de direito civil – volume único / Pablo Stolze; Rodolfo Pamplona Filho. – 4.
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
10
Stolze, Pablo; Pamplona Filho, Rodolfo Manual de direito civil – volume único / Pablo Stolze; Rodolfo Pamplona Filho. – 4.
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.; Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. –
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020.;
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Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os pre-
juízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na
lei processual.
Rompimento do Nexo:
• a culpa exclusiva ou o fato exclusivo da vítima;
• a culpa exclusiva ou o fato exclusivo de terceiro;
• o caso fortuito e a força maior.
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Sobre a questão do fortuito ou força maior temos que designar o extraordinário, ou seja,
são acontecimentos imprevisíveis, que não decorre exatamente da vontade humana dos envol-
vidos. Mas há quem defina uma pequena diferença entre esses conceitos: alguns definem para
efeitos didáticos que o fortuito = evento totalmente imprevisível decorrente do ato humano ou
de evento natural; e a força maior = evento previsível, mas inevitável e irresistível decorrente do
ato humano ou de evento natural.
Assim, temos algumas situações específicas, vejamos:
O STJ editou a SÚMULA N. 479, que dispõe: “As instituições financeiras respondem obje-
tivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por
terceiros no âmbito de operações bancárias”.
Sobre esse tema, temos que o fortuito externo é aquele que não tem qualquer relação com
a atividade desenvolvida ou risco do empreendimento do envolvido, podendo, assim ser con-
siderada com excludentes da responsabilidade (do nexo de causalidade).
Esse tema de fortuito interno e fortuito externo gera muita polêmica na jurisprudência,
precisamos sempre acompanhar o que o STJ tem entendido a respeito do rompimento do
nexo de causalidade, e por consequência, a quebra do dever de indenizar, olha só esses casos:
1. Esta Corte Superior possui orientação no sentido de que a prática do crime de roubo,
com emprego inclusive de arma de fogo, contra cliente, ocorrido em estacionamento gra-
tuito, localizado em área pública em frente ao estabelecimento comercial, constitui ver-
dadeira hipótese de caso fortuito (ou motivo de força maior) que afasta da empresa o
dever de indenizar o prejuízo suportado por seu cliente (art. 393 do Código Civil/2002). 2.
Agravo interno improvido. AgInt no REsp 1888572 / SP
1. Segundo a jurisprudência do STJ, a responsabilidade do transportador em relação aos
passageiros é contratual e objetiva, nos termos dos arts. 734, caput, 735 e 738, parágrafo
único, do Código Civil de 2002, somente podendo ser elidida por fortuito externo, força
maior, fato exclusivo da vítima ou por fato doloso e exclusivo de terceiro – quando este
não guardar conexidade com a atividade de transporte. 2. Ademais, A responsabilidade
contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro não é elidida por culpa de
terceiro, contra o qual tem ação regressiva. Súmula 187 do STF. 3. Agravo interno não
provido. AgInt no REsp 1786289 / CE
2. Esta Corte Superior entende ser objetiva a responsabilidade do fornecedor no caso de
defeito na prestação do serviço, desde que demonstrado o nexo causal entre o defeito do
serviço e o acidente de consumo ou o fato do serviço, ressalvadas as hipóteses de culpa
exclusiva do consumidor ou de causas excludentes de responsabilidade genérica, como
força maior ou caso fortuito externo.
3. É solidária a responsabilidade objetiva entre os fornecedores participantes e favorecidos
na mesma cadeia de fornecimento de produtos ou serviços. Incidência da Súmula 83/STJ.
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Obs.: Se for culpa ou fato concorrente não rompe o nexo de causalidade apenas atenua,
abranda a responsabilidade. Se alguém está dirigindo um carro numa via de 60km/h e
está a 70 Km/h e de repente uma pessoa desatenta passa na frente do carro. A culpa
nesse caso pode ser considerada concorrente.
Sobre os casos de banco que mencionamos, sabemos que o banco desenvolve uma ati-
vidade bancária; o banco tem que trabalhar diariamente com a possibilidade de que ali pode
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acontecer um assalto. Embora isso se encaixe em um fortuito, o banco tem que pensar que
esse fortuito pode acontecer, é um fortuito interno, o banco responde.
Fortuito interno (inerente ao risco) = mesmo sem a vontade daquele agente, mas ele tem
que pensar no desempenho da função.
Agora imagine...
Eu vou ao McDonald’s e compro o lanche.
O estacionamento do McDonalds é público, neste caso, quando entro no carro sou assal-
tada e levo um tiro.
A lanchonete não vai responder, pois é um fortuito externo àquela atividade. O mesmo
acontece se entra alguém em um cinema e sai metralhando todo mundo, é um fortuito externo
porque não está ligado àquela atividade.
Fortuito externo (alheio ao risco);
Julgados para ler: Resp. 783.743; 976.564; 1.183.121; 694.153; 402.870;
4.2.5. Culpa
Modalidades de Culpa
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Relacionadas à presunção:
• In Vigilando: dever legal de vigilância e quebra esse dever causando um dano, seria a
responsabilidade dos pais em vigiar / cuidar dos filhos;
• In Eligendo: escolha, por exemplo, Maria tem uma loja e ela observa essa loja e contra-
ta funcionários, ela escolheu os funcionários, os atos que os funcionários vão praticar
serão de responsabilidade de quem contratou / escolheu;
• In Custodiendo: falta de cuidado, acontecia em relação aos animais;
Cuidado: Uma parcela majoritária da doutrina diz que não podemos mais falar dessas
modalidades de culpa, tais situações no CC foram substituídas por responsabilidade objetiva.
Esses casos de presunção passaram a ser, com o Código Civil de 2002, possibilidades de
responsabilidade objetiva. A defesa do agente não pode ser pautada no “eu não tenho culpa”,
não estamos analisando culpa.
Modelo da culpa presumida está superado no Código Civil de 2002; casos passaram a ser de
responsabilidade objetiva, porque estamos diante da especificação da lei.
5. Casos de Prova
Primeiro vamos lembrar o seguinte:
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11
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
O conteúdoMÉTODO,
deste livro2020.
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Obs.: Lei especial: 12 CDC; 734 CC – Transporte; 37 CF – R.C. Estado; 6938/81 – Ambientais;
Dano Nuclear 21, XXIII, CF.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigada a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos es-
pecificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Eles respondem pelos atos praticados? Sim, pois têm personalidade jurídica e conse-
quentemente capacidade de direito, o que não possuem é a capacidade de fato, de praticar
sozinhos os atos da vida civil
• Se um incapaz causa um dano ele é responsável pela indenização, mas só chega nele
se primeiro passar por um representante e este não tiver meios ou obrigação de reparar;
• A responsabilidade civil do incapaz é subsidiária, equitativa e condicional;
• Ele responde diretamente se o menor for emancipado (voluntária, judicial e legal) no
artigo 5º CC: judicial responde, mas emancipação pelos os pais não se livra de respon-
sabilidade civil (pagam alimentos e tem responsabilidade solidária);
Obs.: Emancipação voluntária dos pais (5ºCC) ocasiona a responsabilidade solidária entre
pais e filhos emancipados.
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Contudo, existem casos em que não haverá ato ilícito; são os casos descritos no artigo
188 do CC, vejamos:
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpa-
dos do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
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Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção
do perigo.
Exemplo: imagina que temos uma pista com faixa dupla de sentido único. Patrícia está vindo
com seu carro na faixa da esquerda e o Nilton está na faixa da direita.
Maria está na calçada com o filho de 5 anos, e ela está desatenta e no celular, e o menino
avista do outro lado da rua um vendedor de balão.
O menino se joga na frente do carro de Patrícia e para ela não atropelar o menino ela joga
o carro para direita e bate no Nilton, e acaba com o carro dele.
O Nilton pode pedir indenização pelos danos que Patrícia causou no veículo dele? Pode.
O Nilton foi culpado por esse dano? Não.
Então Patrícia bateu para remover o perigo iminente de atropelar a criança. Ela agiu em
estado de necessidade, não é ilícito e ela tem que indenizar Nilton.
Mas ela tem o direito de regresso contra a verdadeira causadora do dano, a Maria, mãe da
criança, ou seja, ela paga Nilton e Maria ressarce Patrícia.
Outro exemplo...
Essa mesma mãe chega no supermercado com a criança (Joãozinho) dormindo na cadei-
ra de trás do carro. Ela desce para o supermercado e deixa o carro no sol.
Patrícia chega com o seu carro do lado e vê a criança chorando dentro do carro, no meio
do sol. Ela pega uma pedra e quebra o vidro do carro de Maria.
Patrícia causou um dano para remover o perigo, ela vai indenizar Maria? Não, porque a
própria Maria foi a culpada.
Essa é a dicção do 929.
As excludentes de ilicitude não afastam o dever de indenizar! O dever de indenizar só pode ser
afastado com o rompimento do nexo causal.
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929:
• Lesado é culpado: Não tem direito a indenização;
• Lesado não é culpado: Tem direito a indenização;
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá
o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano
(art. 188, inciso I).
Questão cobrada pela FGV: Raquel pegou emprestado a bicicleta do Eugênio. Ela está an-
dando de bicicleta e avista um casal brigando (João e Maria), quando ela vê, o João começa
a agredir a Maria e ele tira uma faca.
Raquel acelera a sua bicicleta e joga a bicicleta em cima deles. Ela consegue impedir que
João matasse a Maria. Raquel agiu em legítima defesa de terceiro (Maria).
Só que a bicicleta se acabou, ela tem que indenizar Eugênio, contudo ela também tem o
direito de regresso.
Raquel vai entrar em ação regressiva contra quem? João ou Maria?
De acordo com o 930 quem vai ter que pagar o dano é a Maria – Parágrafo único. A mesma
ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).
Resumindo:
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Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as
empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos pos-
tos em circulação.
Pessoas Terceiros
Tutor Tutelados
Curador Curatelados
Exemplo: seu namorado roubou um colar de pérolas e te deu o colar (produto do crime) de
presente. Você vai responder perante a pessoa que sofreu o dano pelo o valor do colar, devol-
ve o colar ou responde pelo valor.
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Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de
sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Responsabilidade civil objetiva das pessoas do artigo 933, sendo que elas possuem direito
de regresso contra os reais causadores, salvo os pais.
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago da-
quele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativa-
mente incapaz.
Por exemplo, o exemplo do pai que foi na concessionária da Audi e a filha riscou os carros.
O pai vai pagar, mas ele pode cobrar da filha em regresso? Não pode!
Se Ana Paula é dona de uma loja no shopping e Maria é sua funcionária. Um cliente chegou e
Maria enlouqueceu e xingou a cliente e jogou um copo de água na cara da cliente.
A ação vai ser ajuizada contra Ana Paula, porque ela é a empregadora, só que ela pode cobrar
da Maria em regresso? Sim, pode!
• Quem pagar pelo dano pode reaver o valor de quem causou o dano;
• Pais com filhos menores = não podem cobrar. Lembre-se que a responsabilidade é
subjetiva do menor; se foi com culpa do menor é acionado os pais, mas estes respon-
dem objetivamente, e não podem cobrar do menor.
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No início da nossa abordagem de responsabilidade vimos que um ilícito civil que ocasiona
a responsabilidade civil não necessariamente também é um ilícito criminal.
Aliás, responsabilidade jurídica é um gênero que comporta a responsabilidade criminal,
responsabilidade administrativa e a responsabilidade civil.
Um ilícito pode ser também ao mesmo tempo civil e criminal, mas o 935 deixa claro que o que
acontece no crime fica no crime e o que acontece no cível fica no cível, são esferas diferentes.
Inclusive, quando alguém é vítima de um crime que gera um ilícito civil, também, ele pode
agir no crime e agir no cível, separadamente.
As esferas são independentes, mas, imagine, Maria sofreu um estupro, que vai ser punido
lá no crime, mas isso gera a ela uma violação que enseja dano moral, dano material… Ela pode
ajuizar uma ação de indenização no cível, independentemente do que está rolando no crime.
Agora, se lá no crime ficar constatada a negativa do fato, provado que o fato não aconte-
ceu, aí influência no cível, e se ficar aprovada, negativa de autoria, também influencia no cível.
Fora isso, é tudo independente.
Resumindo:
• Responsabilidade civil não depende da responsabilidade criminal;
• Existem situações que vão se comunicar:
− Se lá no crime ficar constatada a inexistência do fato ou autoria vai influenciar no cível;
• A pessoa que sofre ilícito civil e criminal tem duas opções:
− Já ajuíza a ação cível, enquanto rola a criminal;
− Esperar a sentença penal condenatória do crime transitar em julgado, pegar essa
sentença penal e levar para a Vara Cível e executar nessa vara, por ser título execu-
tivo judicial está sujeito ao cumprimento de sentença, podendo haver liquidação de
sentença para apuração dos valores de indenização.
Dispõe o art. 936 do Código Civil que o dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por
este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.
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Não havendo culpa exclusiva da vítima ou força maior, haverá uma causa excludente do
nexo de causalidade.
Sendo assim, a responsabilidade civil do dono ou detentor do animal é objetiva.
Não se fala mais em culpa in custodiendo, como vimos anteriormente. A lei não prevê mais
a excludente do “máximo cuidado na guarda”, que trazia a ideia de culpa presumida no CC re-
vogado, ou seja, se o dono do animal provasse que havia tomado o máximo cuidado na guarda,
ele não responderia. Hoje, mesmo se provar que teve máximo cuidado na guarda, ainda assim
ele responderá.
De acordo com o artigo 936, para não responder, deve-se provar culpa exclusiva da vítima
ou força maior.
A jurisprudência tem aplicado esse dispositivo ao lado do Código de Defesa do Consumi-
dor, em um verdadeiro diálogo das fontes. O STJ, no caso do menor que foi morto por leões
durante espetáculo de circo instalado na área contígua a shopping center, decidiu aplicar tan-
to o Código Civil quanto o Código de Defesa do Consumidor – REsp 1.100.571-PE.
Outro caso que podemos mencionar é o caso do macaco que fugiu e causou ferimentos
no empregado ao ser capturado – “Ação de indenização. Danos materiais e morais. Aciden-
te do trabalho. Ferimentos produzidos por animal (macaco) fugitivo ao ser capturado por
empregado de zoológico. Culpa do empregador pelo evento danoso ocorrido devidamente
demonstrada. Demais elementos que compõem a responsabilidade também positivados nos
autos. Dano moral reconhecido, incluído o estético. Dever de indenizar proclamado. Dano ma-
terial, porém, inexistente. Indenização a título de danos morais majorada” (TJRS, Processo:
70006938252).
Exemplo: você tem um cachorro muito bravo... qual é o dog mais bravo do mundo? Isso mesmo,
um pinscher. Toda vez que você abre o portão de casa para chegar com o seu carro, o cachorro
sai e dá uma volta na rua, e todo mundo da rua fica desesperado. Vira o caos. Imagina se esse
cachorro morde uma pessoa, você vai ser responsabilizado pelo ataque? Olha esse julgado:
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Outro exemplo: tem uma placa escrito “Cachorro bravo! Morde!”. Aí o mané vai lá e coloca a
mão no portão e o cachorro morde a mão. Nesse caso, responde? Não, pois foi culpa exclusiva
da vítima.
Resumindo:
• Responsabilidade civil objetiva que pode ser afastada quando houver culpa ou fato ex-
clusivo da vítima, como no segundo caso, ou por fortuito ou força maior.
• Dono ou detentor (exercendo a posse do animal em nome do dono) respondem pelo
dano que o animal tenha causado à terceiro;
• Imagina que o cachorro está com o dono e ele ataca alguém – o dono responde;
• Imagina que o cachorro está com o adestrador e ele ataca alguém – responsabilidade
solidária entre o detentor e o próprio dono (932, III, 934, 936, 942 parágrafo único).
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se
esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Segundo o professor Flávio Tartuce temos que “trata-se de mais um caso de responsabi-
lidade objetiva, diante de um risco criado ou risco proveito, o que depende do caso concreto.
Nos termos literais do dispositivo, para que a responsabilidade tenha natureza objetiva, have-
ria necessidade de estar evidenciado o mau estado de conservação do edifício ou da constru-
ção. Todavia, na opinião deste autor, estribado na melhor doutrina, tal requisito é dispensável.
Por uma questão lógica, sendo a necessidade de reparos manifesta a responsabilidade é
objetiva; muito maior deve ser se tal necessidade estiver às escondidas, o que denota uma
má-fé do construtor.”12
12
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.
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Imagina um prédio, e as pastilhas do prédio estão caindo e caí em uma pessoa que está
passando, quem responde é o dono.
Agora imagina um senhor de uns 95 anos, e ele é dono de um imóvel que está há 30 anos
abandonado e várias pessoas, principalmente usuários de drogas, invadiram o imóvel e pas-
saram a ficar ali.
O senhor não tem contato com os filhos e está vivendo em um asilo, sem condição de
nada. Os pedaços do imóvel estavam caindo e uma esquadria da janela lá de cima acabou
caindo no carro de uma pessoa, e essa pessoa ajuizou uma ação contra o senhor.
O velhinho entrou no processo e alegou que está vivendo em um asilo, que não ia nesse
edifício há 30 anos e não sebe como está, então ele não tem culpa por esse dano.
A defesa dele vai prosperar? Não, porque é uma responsabilidade objetiva e é do dono.
Resumindo:
• Responsabilidade civil objetiva;
• Dono responde pelos danos causados pela ruína.
13
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Imagina um prédio e cai da janela um jarro de planta na cabeça de uma pessoa que está
passando lá embaixo.
Quem responde? Responde quem lançou a coisa, mas… e se não for possível identificar
de onde a coisa foi lançada?
TODO CONDOMÍNIO RESPONDE pelo dano caso não seja possível identificar de qual uni-
dade a coisa foi lançada; (Enunciado 557 JDC) – Teoria da Causalidade Alternativa – se não
tem como identificar de onde foi lançada a coisa, alguém ali é responsável, então o condomínio
inteiro responde, está assegurado o direito de regresso do condomínio contra o eventual cau-
sador efetivo do dano.
Resumindo:
• Responsabilidade civil por Defenestramento (coisa lançada pela a janela);
• Sólidas(dejectis) ou líquidas (effusis);
• Quem habitar é quem responde (dono, locatário, comodatário).
Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei
o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros
correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quan-
tias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro
caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se
houver prescrição.
Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistir da ação
antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que prove
ter sofrido.
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à re-
paração do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente
pela reparação.
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Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas de-
signadas no art. 932.”
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
Questão de prova: João estava dirigindo o carro alcoolizado e aí bateu no carro da Maria, a
Maria morreu na hora, o João foi levado ao hospital, mas morreu em seguida.
Podem os herdeiros da Maria ajuizar uma ação contra os herdeiros do João? Podem, o
direito de pedir reparação é transmitida aos herdeiros, conforme do artigo 943 do CC.
E os herdeiros do João vão responder essa reparação, mas sempre nos limites da heran-
ça. Se o João não tiver deixado nada de herança, nada há de ser pago pelos herdeiros.
Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu
valor, em moeda corrente.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profis-
são, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento
e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do
trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga
de uma só vez.
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por
aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, cau-
sar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
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• 952 – Esbulho (pegar o bem de alguém, retirar o bem de alguém) – perecimento (perda
total do bem): indenização + lucro cessante; deterioração (perda parcial): restituição do
bem + indenização pela deterioração + lucro cessante;
Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, a indenização
consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes; faltando
a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado.
Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela
pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele.
Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas
resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, equitativa-
mente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.
• 954 – Liberdade;
Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e da-
nos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto no
parágrafo único do artigo antecedente.
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal:
I – o cárcere privado;
II – a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;
III – a prisão ilegal.
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RESUMO
Amores, hoje conversamos responsabilidade civil e, para fechar com chave de ouro, fala-
mos dos seguintes temas:
Quando os fatos passam a ter repercussão jurídica/consequência jurídica são chamados
de fatos jurídicos – exemplo: Maria está dirigindo o seu carro: fato; se ela bate o carro: fato
jurídico (houve uma consequência jurídica).
O fato jurídico pode depender ou não da vontade humana para acontecer.
TUDO é um fato.
Todavia, não são todos os fatos que interessam ao Direito Civil, mas, sim, apenas aqueles
que tenham repercussão jurídica.
Não é preciso que você faça algo para que eles tenham repercussões jurídicas, pois, al-
guns fatos, pela razão de haver previsão legal, por si só, terão consequências jurídicas.
Fatos são acontecimentos da vida.
Perceba que os acontecimentos da vida ora acontecem por si sós, ora pela vontade humana.
Assim, poderemos ter o seguinte:
Observe que Fatos Jurídicos são os acontecimentos da vida que possuem consequências
jurídicas.
Por sua vez, tais fatos jurídicos podem ou não decorrer da vontade humana – caso não
decorram da vontade humana são denominados FATOS JURÍDICOS EM SENTIDO ESTRITO; do
contrário, decorrendo da vontade humana, são denominados ATOS JURÍDICOS.
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Os fatos jurídicos em sentido estrito se dividem em fatos jurídicos em sentido estrito or-
dinários ou extraordinários.
Quando falamos em fato jurídico em sentido estrito extraordinário, falamos em uma im-
previsibilidade objetiva, uma vez que não há como saber se vão ou não acontecer. Decorrem
dos casos fortuitos ou de força maior.14
Em regra, ninguém responde pelo caso fortuito ou de força maior, por serem extraordiná-
rios, não havendo vontade humana.
Quando há vontade humana, por isso, um ato, poderá ser direcionada à prática de um ato
lícito ou ilícito.
Lembre-se de que ato ilícito pode acontecer em qualquer ramo do direito, não apenas no
do Direito Civil.
14
Embora alguns autores diferenciem o caso fortuito da força maior, o Código Civil não os distingue. O STJ segue a mesma
linha. São acontecimentos imprevisíveis.
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Observe que o ilícito civil pode ser, simultaneamente, um ilícito criminal, por exemplo.
Vejamos o caso de uma agressão física: há um ilícito civil, onde o sujeito vai responder
pelo dano moral, material e/ou estético. Também há um ilícito criminal, já que a integridade
física também é tutelada pelo Direito Penal.
Vale mencionar o teor do art. 935 do CC:
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais
sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.
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Responsabilidade Civil
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Se o ilícito praticado for criminal, você responderá criminalmente, com uma pena privativa
de liberdade ou restritiva de direitos, por exemplo.
No âmbito cível, temos a obrigação de reparar danos materiais, danos morais, danos es-
téticos... 💰
Porém, para isso, é necessário que sejam atendidos alguns requisitos:15
a) Conduta humana: essa conduta deve causar um dano, mas deve ser VOLUNTÁRIA e
CONSCIENTE.
Não significa dizer que o dano deve ser causado propositalmente. Exemplo: ao observar
uma obra de arte onde consta o aviso para não tocá-la, alguém a toca e, com isso, a danifica.
Foi uma conduta voluntária e consciente, ainda que essa pessoa não tenha desejado cau-
sar o dano.
Por outro lado, se, enquanto observa uma obra de arte, uma pessoa espirra, sem saber que
um vaso de seu nariz havia estourado e, assim, danifica a obra com o sangue, ela não respon-
derá por isso, posto que a sua conduta não foi voluntária.
Houve um caso, na China, em que um pai foi com a filha pequena (3 anos) a uma conces-
sionária da AUDI e distraiu-se por um momento, conhecendo os veículos.
Foi, então, surpreendido pela notícia de que sua filha havia feito diversos arranhões, com
uma pedra, nas portas de vários carros do local, no formato de desenhos infantis. Embora
sejam carros caríssimos, houve um dano. É o fenômeno da responsabilidade civil.16
Se fosse seu filho ou filha? Rsrsrsrsrs 😲
No Brasil? Siiiiiiim, por força do artigo 928 do Código Civil. Socorro, Deus, né?
b) Dano: o professor Pablo Stolze diz que não existe responsabilidade civil sem dano.
Seria como um corpo sem cabeça, ou um corpo sem alma.
Porém, a modernidade trabalha com a possibilidade de alguns danos diferenciados,
como a teoria da perda de uma chance, teoria da perda do tempo útil, danos existenciais,
danos sociais...
De qualquer forma, a conduta humana DEVE causar um dano e ele deve ser EFETIVO.
15
Posteriormente, veremos mais detalhadamente o tema da responsabilidade civil, mas, quando for esse momento, você
deverá lembrar dessas lições introdutórias.
16
https://revistaautoesporte.globo.com/Noticias/noticia/2019/12/menina-de-tres-anos-risca-10-carros-novos-em-conces-
sionaria-da-audi.html
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Responsabilidade Civil
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c) Nexo causal: é a ligação entre o dano e a conduta humana e, em regra, deve ser direto,
mas existem outras teorias, que serão analisadas na aula de responsabilidade civil.
O nexo causal é a ligação entre a conduta e o dano, que deve ser verificado, para que ocorra
a reparação ou indenização.
d) Culpa: Deve ser verificada em alguns casos.
Se você tem uma conduta humana, o dano e o nexo causal, a responsabilidade será
OBJETIVA. Mas, se você tiver, além desses três elementos, a CULPA, a responsabilidade
será SUBJETIVA.
É importante falar sobre isso, uma vez que a teoria geral dos fatos é universal, ou seja, se
aplica a tudo, até mesmo para um “sim” em um casamento.
Na responsabilidade civil, culpa e dolo são abrangidos pela “culpa”. Isto porque, fala-se
em “culpa” em sentido amplo, não havendo diferenciação entre eles, como há no Direito Penal.
Assim, quando falamos em “culpa”, pode ser a culpa strictu sensu ou o dolo.
A responsabilidade objetiva pode decorrer de uma previsão legal – como, por exemplo, o
art. 932, CC, que fala da responsabilidade civil indireta por ato de terceiro, ou quando a ativi-
dade desempenhada for de risco – como a atividade bancária ou de administração, por isso,
no Direito Administrativo, temos a responsabilidade objetiva.
Apesar de dedicar um estudo que deve ser mais adiante aprofundado, importante obser-
var, agora, que a responsabilidade civil tem três pilares categóricos: arts. 186 (responsabili-
dade subjetiva), 187 (responsabilidade objetiva) e 927 do CC.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifesta-
mente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Este último refere-se à teoria do abuso do direito e quando falamos em “abuso do direito”,
significa que a pessoa tem um direito, mas comete um excesso ao exercê-lo.
Assim via de regra, a responsabilidade civil, nasce dos ilícitos, mas uma conduta lícita
também pode gerar dano, por exemplo: João pode construir uma casa, mas para ele cons-
truir a casa é preciso fazer a fundação, a perfuração do solo com maquinário e, se, na opor-
tunidade da perfuração ele causa uma rachadura na casa do lado ocorre o dano e, assim,
dever de indenizar.
Assim, o que causa a responsabilidade civil?
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Responsabilidade Civil
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Nosso querido Pablo Stolze define que “Responsabilidade, para o Direito, nada mais é,
portanto, que uma obrigação derivada — um dever jurídico sucessivo — de assumir as conse-
quências jurídicas de um fato, consequências essas que podem variar (reparação dos danos
e/ou punição pessoal do agente lesionante) de acordo com os interesses lesados.”17
Nas lições do professor Flávio Tartuce18 temos que:
a) Responsabilidade civil contratual ou negocial – nos casos de inadimplemento de uma
obrigação, o que está fundado nos artigos 389, 390 e 391 do atual Código Civil. Como visto no
capítulo anterior desta obra, o art. 389 trata do descumprimento da obrigação positiva (dar e
fazer). O art. 390, do descumprimento da obrigação negativa (não fazer). O art. 391 do atual
Código Privado consagra o princípio da responsabilidade patrimonial, prevendo que pelo ina-
dimplemento de uma obrigação respondem todos os bens do devedor. Repise-se, mais uma
vez, que apesar da literalidade do último comando, deve ser feita a ressalva de que alguns bens
estão protegidos pela impenhorabilidade, caso daqueles descritos no art. 833 do CPC/2015.
Cite-se o exemplo contemporâneo do bem de família, inclusive de pessoa solteira (Súmula n.
364 do STJ).
b) Responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana – pelo Código Civil de 1916 estava
fundada no ato ilícito (art. 159). No Código Civil de 2002 está baseada no ato ilícito (art. 186)
e no abuso de direito (art. 187).
Podemos mencionar, assim, que a responsabilidade civil Responsabilidade Civil possui 2
pilares de sustentação que, por sua vez são suportados pelo artigo 927 do CC.
17
Stolze, Pablo; Pamplona Filho, Rodolfo Manual de direito civil – volume único / Pablo Stolze; Rodolfo Pamplona Filho. – 4.
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
18
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.
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Responsabilidade Civil
Roberta Queiroz
QUESTÕES DE CONCURSO
Agora precisamos treinar bastante.
Aqui você vai fazer as questões sobre o tema da aula de hoje já cobradas na OAB pela FGV,
bem como questões mais antigas...
Respira e vai!!!!!
Logo após você responder, você encontrará o gabarito e o comentário.
Faça uma análise de quantas questões você acertou, se ficar abaixo de 80% de acerto,
volte e leia o material novamente e refaça as questões!
Tenha compromisso comigo, hein?!
Depois volte aqui e preencha esses dados...
Divirta-se!!!!!
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Responsabilidade Civil
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b) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta, mas
não terá qualquer direito de regresso.
c) Apenas Ricardo poderá ser obrigado a indenizar Lúcia pelo dano material causado à
bicicleta.
d) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta e terá
direito de regresso em face de Janaína.
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpa-
dos do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá
o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano
(art. 188, inciso I).
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta e terá
direito de regresso em face de Janaína, posto que o dano foi causado para salvamento dela.
Letra d.
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d) Rafael não responderá pelo dever de indenizar, pois o fato de Samuel não ter solicitado di-
retamente a ele a retirada da publicação configura fato exclusivo da vítima.
Essa questão é bacana para lembrarmos sobre o Marco Civil da Internet de acordo com as
disposições da Lei n. 12.965/2014:
Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de
aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de
conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para,
no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o
conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário.
Aproveito a oportunidade para colacionar aqui julgado do STJ sobre tema correlacionado:
É ilegal a aplicação de astreintes, por descumprimento de decisão judicial de quebra de
sigilo de dados, em virtude da impossibilidade técnica pelo emprego de criptografia de
ponta a ponta. – RMS 60.531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min. Ribeiro Dantas,
Terceira Seção, por maioria, julgado em 09/12/2020, DJe 17/12/2020
Letra b.
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que
dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
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Enunciado n. 557 da VI Jornada de Direito Civil: Nos termos do art. 938 do CC, se a coisa
cair ou for lançada de condomínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade,
responderá o condomínio, assegurado o direito de regresso.
Letra a.
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Letra d.
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à re-
paração do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente
pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas de-
signadas no art. 932.
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Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do traba-
lho que lhes competir, ou em razão dele;
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daque-
le por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente
incapaz.
Se a responsabilidade é solidária, com efeito a demanda pode ser contra os dois ou não.
Letra b.
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d) Adilson sofreu danos morais distintos: um causado por Tomás e outro por Vinícius, devendo,
portanto, receber duas indenizações autônomas.
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à re-
paração do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente
pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas de-
signadas no art. 932.
Assim, Tomás e Vinícius são corresponsáveis pelo dano moral sofrido por Adilson e devem
responder solidariamente pelo dever de indenizar.
Letra a.
Primeiro devemos observar que é possível pleitear em nome próprio por parte de João, con-
forme artigo 12 do CC – Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da
personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
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Em segundo, se ficar comprovado que Maria deu causa ao acidente, aplicaremos o artigo 945.
Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Em terceiro, observamos o artigo 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem
excluir outras reparações:
II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a
duração provável da vida da vítima.
Assim, Daniel cobrará os alimentos, sendo representado por seu pai.
Por fim, o item d está de acordo com orientação do STJ – O fato de a vítima não exercer ativida-
de remunerada não nos autoriza concluir que, por isso, não contribuía ela com a manutenção
do lar, haja vista que os trabalhos domésticos prestados no dia a dia podem ser mensurados
economicamente, gerando reflexos patrimoniais imediatos. (REsp 402443)
Letra d.
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Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos es-
pecificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da
vítima ou força maior.
Letra b.
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Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos es-
pecificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Letra c.
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Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I – no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração
provável da vida da vítima.
Letra a.
A questão cobra o tema da responsabilidade civil do incapaz, prevista no artigo 928 do CC.
Observe que se os pais de Pedro não dispuserem de recursos suficientes para pagar a inde-
nização, e Pedro tiver recursos, este responderá subsidiária e equitativamente pelos danos
causados a Manoel.
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Letra c.
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GABARITO
1. d 5. b 9. c
2. b 6. a 10. a
3. a 7. d 11. c
4. d 8. b
Roberta Queiroz
Mestre em Direito pela Universidade Católica de Brasília, com dissertação na área de Direito Processual
Civil – Negócios Jurídicos Processais. Especialista em Direito Processual Civil, pela Universidade
do Sul de Santa Catarina, em novembro de 2009. Graduada em Direito, pela Universidade Católica de
Brasília, em dezembro de 2005. Foi professora universitária do curso de Direito da Universidade Católica
de Brasília. Docente nas disciplinas de Direito Civil e Direito Processual Civil desde 2007 para pós-
graduação, preparatório de Exame de Ordem e concursos das carreiras jurídicas. Professora de cursos
de aperfeiçoamento na advocacia em Direito Civil e Processo Civil na Escola Superior da Advocacia de
Brasília – ESA/DF. Coordenadora do curso preparatório para Exame de Ordem do Gran Cursos Online.
Advogada inscrita na OAB-DF.
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