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DIREITO CIVIL

RESPONSABILIDADE CIVIL

Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
Responsabilidade Civil

Sumário
Roberta Queiroz

Responsabilidade Civil. . .................................................................................................................. 3


1. Introdução...................................................................................................................................... 3
2. Introdução à Responsabilidade Civil com a Teoria Geral dos Fatos................................. 4
3. Conceito........................................................................................................................................15
3.1. Modalidades de Responsabilidade Civil. . ............................................................................16
4. Requisitos..................................................................................................................................... 17
4.1. Conceito de Ilícito Civil (186, 187, 927). . ............................................................................... 17
4.2. Elementos da Responsabilidade Civil. . .............................................................................. 18
5. Casos de Prova........................................................................................................................... 29
5.1. Responsabilidade Civil dos Incapazes. . ...............................................................................31
5.2. Responsabilidade Civil nos Casos de Excludentes de Ilicitude.................................... 32
5.3. Responsabilidade Civil por Fato do Produto.. ................................................................... 35
5.4. Responsabilidade Civil por Atos de Terceiros.................................................................. 35
5.5. Responsabilidade Civil e Criminal....................................................................................... 36
5.6. Responsabilidade Civil por Danos Causados pelo Animal. . ........................................... 37
5.7. Responsabilidade Civil por Danos Causados por Ruína de Prédio ou Construção... 39
6. Responsabilidade Civil por Defenestramento. . ...................................................................40
7. Casos Finais e Indenização...................................................................................................... 41
7.1. Regras para Fixar Indenização/Reparação....................................................................... 42
7.2. Questões Finais. . ..................................................................................................................... 43
Resumo............................................................................................................................................. 45
Questões de Concurso.................................................................................................................. 55
Gabarito............................................................................................................................................ 67

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RESPONSABILIDADE CIVIL
1. Introdução
Oi gente, tudo bem com vocês? Hoje o momento é mais que especial, é o momento de falar
de responsabilidade civil... isso mesmo...
Vamos para mais um capítulo do nosso “CivilFlix” – rsrsrsrs, de Direito Civil, continuando
nosso estudo maravilhoso...
Hoje eu tô mega empolgada aqui escrevendo esse material para vocês domingo de ma-
nhã... Até me deu vontade de cantar aqui assim:

Poderia estar agora no online


para filosofia estudar,
Ó que chato
E se eu tivesse agora estudando
Penal num barquinho no Caribe,
Deus me livre
Poderia estar agora numa aula
Mil estrelas em Dubai
Mas eu, eu, eeeeeeeeeeeeeu
Prefiro estar aqui

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te ensinando, domingo de manhã


É que eu prefiro ler direito civil
Domingo de manhã,
Domingo de manhã.
Neste encontro, vocês vão aprender sobre responsabilidade civil.
Então, como sempre, estamos seguindo a ordem do Código Civil...
• Obrigações: artigos 927 a 954 do Código Civil;

Vamos iniciar nossos trabalhos.


Let’s go?!

2. Introdução à Responsabilidade Civil com a Teoria Geral dos Fatos


Como já mencionamos, fatos são todos os acontecimentos da vida.
Quando os fatos passam a ter repercussão jurídica/consequência jurídica são chamados
de fatos jurídicos – exemplo: Maria está dirigindo o seu carro: fato; se ela bate o carro: fato
jurídico (houve uma consequência jurídica).
O fato jurídico pode depender ou não da vontade humana para acontecer.
Aqui, vamos precisar retomar uma aulinha anterior, olha só:
Tudo que acontece na sua vida decorre de fatos.
Quer ver? Se for dia ou noite, é um fato; se eu estou falando com você, é um fato; se está
chovendo, é um fato; se alguém nasceu ou morreu, é um fato; se o tempo está passando, é
um fato; se você dormiu mal, é um fato; se você foi para a balada e “pegou” todo mundo, é um
fato; se você está namorando, é um fato; se você se casou ou se divorciou, é um fato.
TUDO é um fato.
Todavia, não são todos os fatos que interessam ao Direito Civil, mas, sim, apenas aqueles
que tenham repercussão jurídica.
Não é preciso que você faça algo para que eles tenham repercussões jurídicas, pois, al-
guns fatos, pela razão de haver previsão legal, por si só, terão consequências jurídicas.
Fatos são acontecimentos da vida.
Quando eles têm consequências jurídicas, serão denominados FATOS JURÍDICOS.
Imagine: ter relações sexuais com alguém, em regra, não gera consequências jurídicas.
Porém, se da relação advém uma gravidez, isso passa a ter relevância jurídica, uma vez que,
quando alguém nasce, existem várias consequências no mundo jurídico (ela adquire perso-
nalidade jurídica, por exemplo).
Se chover, é um fato, em regra, irrelevante, mas, se essa chuva gera consequências
como o desmoronamento de casas, em decorrência disso, pessoas morrem, haverá rele-
vância jurídica. É possível pensar, por exemplo, na responsabilidade do Estado, no âmbito
do Direito Administrativo.

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Perceba que os acontecimentos da vida ora acontecem por si sós, ora pela vontade humana.
Assim, poderemos ter o seguinte:

Observe que Fatos Jurídicos são os acontecimentos da vida que possuem consequên-
cias jurídicas.

Por sua vez, tais fatos jurídicos podem ou não decorrer da vontade humana – caso não
decorram da vontade humana são denominados FATOS JURÍDICOS EM SENTIDO ESTRITO; do
contrário, decorrendo da vontade humana, são denominados ATOS JURÍDICOS.
Os fatos jurídicos em sentido estrito se dividem em fatos jurídicos em sentido estrito or-
dinários ou extraordinários.

Quando falamos em fato jurídico em sentido estrito extraordinário, falamos em uma impre-
visibilidade objetiva, uma vez que não há como saber se vão ou não acontecer. Decorrem dos
casos fortuitos ou de força maior.1
1
Embora alguns autores diferenciem o caso fortuito da força maior, o Código Civil não os distingue. O STJ segue a mesma
linha. São acontecimentos imprevisíveis.

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Em regra, ninguém responde pelo caso fortuito ou de força maior, por serem extraordiná-
rios, não havendo vontade humana.
Porém, há hipóteses em que isso é possível, como veremos na parte de responsabilidade
civil e no direito obrigacional, excepcionalmente. Exemplo: eu peguei emprestada a sua lan-
cha e acertamos que eu a devolveria no dia 10. Se, no da 09, a lancha for destruída por um
terremoto, eu não devo responder por isso, devido à regra do res perit domino (“a coisa perece
para o dono”), bem como porque eu não tive culpa pelo perecimento da coisa.
Agora, imagine que, passado o dia 10, eu não te entreguei a lancha. Estou em mora e, por
lei, o devedor em mora assume os riscos pela integridade da coisa, ainda que ela venha a se
perder sem culpa sua.
Sendo assim, eu responderei pelas perdas e danos causados pelo terremoto, a não ser
que eu consiga provar que a coisa se perderia da mesma forma que se tivesse sido entregue
no prazo estipulado.
Veja, inclusive, que imprevisto NÃO se confunde com imprevisível – imprevisível é o que
ninguém, objetivamente falando, consegue imaginar; Imprevisto é o que você, subjetivamente
falando, não pensou.
Quando acontece um imprevisto, é porque você foi negligente com a situação e não pen-
sou que o fato poderia acontecer. Já o imprevisível é o que você não tem como imaginar.
A pandemia da COVID-19 foi totalmente imprevisível. Em tese, não se pode responsabili-
zar ninguém por esse fato.
Todavia, os fatos jurídicos em sentido estrito extraordinários podem gerar outras conse-
quências, além da responsabilidade civil, como a revisão dos contratos, por exemplo, confor-
me artigo 317 e 478 do Código Civil.
O caso fortuito ou força maior NÃO precisa ser evento da natureza.
Podem ser fatos decorrentes de um terceiro que seja imprevisível, equiparando-se a um
caso fortuito.
Agora, voltando no esquema inicial...

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Quando há vontade humana, por isso, um ato, poderá ser direcionada à prática de um ato
lícito ou ilícito.

Lembre-se de que ato ilícito pode acontecer em qualquer ramo do direito, não apenas no
do Direito Civil.
Há o ilícito civil, o administrativo, o ilícito penal...
Responsabilidade jurídica é um termo gênero, que comporta a responsabilidade civil, cri-
minal, administrativa...
O ilícito civil é aquele em desconformidade com o ordenamento jurídico cível.
Você deve se lembrar que eu falei, lá na primeira aula, que Direito Civil é diferente de “or-
denamento jurídico cível”, já que este é um termo muito mais abrangente.

Observe que o ilícito civil pode ser, simultaneamente, um ilícito criminal, por exemplo.
Vejamos o caso de uma agressão física: há um ilícito civil, onde o sujeito vai responder
pelo dano moral, material e/ou estético. Também há um ilícito criminal, já que a integridade
física também é tutelada pelo Direito Penal.
Vale mencionar o teor do art. 935 do CC:

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais
sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.

Sendo assim, as esferas não se comunicam, em regra. Há casos, porém, que a decisão no
processo criminal trará consequências para o cível, como nas situações abaixo, previstas no
Código de Processo Penal:

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Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em
estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito.
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta
quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I – o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
II – a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III – a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.

O CPC também traz hipótese em que é possível a suspensão do processo cível em decor-
rência de um processo criminal, mas também é uma situação excepcional.
Assim, o ilícito civil ocorre quando o ordenamento jurídico cível é contrariado.
O LÍCITO cível, por sua vez, é o ato em conformidade com o ordenamento jurídico cível.
Como consequência da prática de um ilícito civil, surge a responsabilidade civil.
Esta pode ser aquiliana ou contratual:
• RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL: surge do inadimplemento obrigacional inse-
rida em um contrato.
• RESPONSABILIDADE CIVIL AQUILIANA (lex aquilia): é uma responsabilidade pelo sim-
ples fato de viver a vida, que pode implicar em uma responsabilidade civil e decorre
do princípio romano do neminem laedere: a ninguém é dada a possibilidade de causar
prejuízo a outrem.

Quando há a incidência de responsabilidade civil, em decorrência da prática de ato ilícito


civil, surge o dever de indenização.

Se o ilícito praticado for criminal, você responderá criminalmente, com uma pena privativa
de liberdade ou restritiva de direitos, por exemplo.

No âmbito cível, temos a obrigação de reparar danos materiais, danos morais, danos
estéticos... 💰

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Porém, para isso, é necessário que sejam atendidos alguns requisitos: 2

a) Conduta humana: Essa conduta deve causar um dano, mas deve ser VOLUNTÁRIA
e CONSCIENTE.
Não significa dizer que o dano deve ser causado propositalmente. Exemplo: ao observar
uma obra de arte onde consta o aviso para não tocá-la, alguém a toca e, com isso, a danifica.
Foi uma conduta voluntária e consciente, ainda que essa pessoa não tenha desejado cau-
sar o dano.
Por outro lado, se, enquanto observa uma obra de arte, uma pessoa espirra, sem saber que
um vaso de seu nariz havia estourado e, assim, danifica a obra com o sangue, ela não respon-
derá por isso, posto que a sua conduta não foi voluntária.
Houve um caso, na China, em que um pai foi com a filha pequena (3 anos) a uma conces-
sionária da AUDI e distraiu-se por um momento, conhecendo os veículos.
Foi, então, surpreendido pela notícia de que sua filha havia feito diversos arranhões, com
uma pedra, nas portas de vários carros do local, no formato de desenhos infantis. Embora
sejam carros caríssimos, houve um dano. É o fenômeno da responsabilidade civil.3
Se fosse seu filho ou filha? Rsrsrsrsrs 😲

Profa. do céu, o pai tem que pagar?

No Brasil? Siiiiiiim, por força do artigo 928 do Código Civil. Socorro, Deus, né?
b) Dano: O professor Pablo Stolze diz que não existe responsabilidade civil sem dano.
Seria como um corpo sem cabeça, ou um corpo sem alma.
Porém, a modernidade trabalha com a possibilidade de alguns danos diferenciados,
como a teoria da perda de uma chance, teoria da perda do tempo útil, danos existenciais,
danos sociais...
De qualquer forma, a conduta humana DEVE causar um dano e ele deve ser EFETIVO.
c) Nexo causal: é a ligação entre o dano e a conduta humana e, em regra, deve ser direto,
mas existem outras teorias, que serão analisadas na aula de responsabilidade civil.
O nexo causal é a ligação entre a conduta e o dano, que deve ser verificado, para que ocor-
ra a reparação ou indenização.
d) Culpa: deve ser verificada em alguns casos.
Se você tem uma conduta humana, o dano e o nexo causal, a responsabilidade será
OBJETIVA. Mas, se você tiver, além desses três elementos, a CULPA, a responsabilidade
será SUBJETIVA.

2
Posteriormente, veremos mais detalhadamente o tema da responsabilidade civil, mas, quando for esse momento, você
deverá lembrar dessas lições introdutórias.
3
https://revistaautoesporte.globo.com/Noticias/noticia/2019/12/menina-de-tres-anos-risca-10-carros-novos-em-conces-
sionaria-da-audi.html

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É importante falar sobre isso, uma vez que a teoria geral dos fatos é universal, ou seja, se
aplica a tudo, até mesmo para um “sim” em um casamento.
Na responsabilidade civil, culpa e dolo são abrangidos pela “culpa”. Isto porque, fala-se
em “culpa” em sentido amplo, não havendo diferenciação entre eles, como há no Direito Penal.
Assim, quando falamos em “culpa”, pode ser a culpa strictu sensu ou o dolo.
De qualquer forma, o elemento “culpa” não está presente em todos os casos de respon-
sabilidade civil.

Veja que a responsabilidade civil incide como consequência do ilícito, mas o ato lícito
também gera responsabilidade civil? Sim!
Pode acontecer de um ato LÍCITO gerar uma responsabilidade civil. Exemplo: para cons-
truir uma casa, torna-se necessária a perfuração do solo. Porém, coma obra, acaba causando
uma rachadura na casa ao lado, que pertence ao vizinho. Embora eu tenha praticado um ato
lícito, ele causou um dano e, por isso, é passível de indenização.

A responsabilidade objetiva pode decorrer de uma previsão legal – como, por exemplo, o
art. 932, CC, que fala da responsabilidade civil indireta por ato de terceiro, ou quando a ativi-
dade desempenhada for de risco – como a atividade bancária ou de administração, por isso,
no Direito Administrativo, temos a responsabilidade objetiva.
Apesar de dedicar um estudo que deve ser mais adiante aprofundado, importante obser-
var, agora, que a responsabilidade civil tem três pilares categóricos: arts. 186 (responsabili-
dade subjetiva), 187 (responsabilidade objetiva) e 927 do CC.

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Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifesta-
mente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Este último refere-se à teoria do abuso do direito e quando falamos em “abuso do direito”,
significa que a pessoa tem um direito, mas comete um excesso ao exercê-lo.
São institutos caracterizados pelo abuso do direito: supressio/surrectio, tu quoque, venire
contra factum proprium e duty to mitigate the loss.

Profa., socorro, me deu até dor de barriga esses nomes...

Calma, sem loucura... O nome é difícil, mas entender é mamão com açúcar...
SUPRESSIO e SURRECTIO: Supressio significa a supressão, perda de um direito, enquanto
surrectio é o ganho de um direito.
São faces de uma mesma moeda.
Exemplo: você vai a uma imobiliária, e faz um contrato de locação de um apartamento.
Nele, consta que você deve dirigir-se à imobiliária, todos os meses, para realizar o paga-
mento. Trata-se da chamada dívida “portable” (portável), que acontece quando o devedor
vai até o credor.
Durante a vigência do contrato, você acorda com o credor, verbalmente, que entregará o
dinheiro a um terceiro, João, que presta serviços para ele.
Ou seja, foi instituída uma dívida “quérable”, na qual o credor vai até o devedor.
Supondo que o contrato de locação tinha vigência de 36 meses e, no 20º mês, João
foi demitido.
Você esperou que ele aparecesse, como de costume, para buscar o dinheiro, na data do
pagamento, mas ele não apareceu.
No dia seguinte, você liga para o credor, informando que João não foi buscar o dinheiro
e, para sua surpresa, ele diz que você tinha ciência de que deveria realizar o pagamento na
imobiliária e, não o tendo realizado no prazo, incidiria a multa contratual.
De imediato, você deverá lembra do teor do art. 330 do Código Civil: O pagamento rei-
teradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto
no contrato.

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Sendo assim, pelo excesso cometido pela imobiliária no exercício do seu direito de exigir o
pagamento da dívida, vai ocorrer a “supressio”, suprimindo-se o direito de cobrança de multa
pela imobiliária.
Para você, ocorrerá a “surrectio”, uma vez que ganhou o direito de exigir a prática da
dívida “quérable”.
Portanto, “supressio” e “surrectio” têm a ver com tempo.
Outro exemplo: um condomínio de pequenas unidades imobiliárias tem uma convenção
condominial tratando de unidades residenciais.
Porém, durante um período, as atividades comerciais desempenhadas pelos condôminos
foram toleradas. Em dado momento, um dos condôminos, Pedro, passou a exercer uma ativi-
dade profissional barulhenta.
Incomodados, os demais condôminos usaram como argumento a cláusula da convenção
condominial que fala que as unidades devem ser utilizadas para fins residenciais.
Pedro poderia argumentar a caracterização da “supressio”, suprimindo-se o direito de re-
clamação dos demais condôminos em virtude da tolerância anteriormente exercida por eles.

CUIDADO!
Não confunda “supressio” e “surrectio” com o direito subjetivo de um credor cobrar sua dívida.
Ele deve cobrá-la dentro do prazo prescricional, podendo fazê-lo até o seu último dia.

Exemplo: Miguel solicitou a instalação de energia elétrica, mas nunca recebeu as contas para
realizar o pagamento, embora tenha contatado a empresa por diversas vezes. Passados vários
meses, a empresa enviou uma conta contendo o valor relativo a todos os meses de utilização
dos serviços, sem juros. Miguel argumentou que, tendo passado tanto tempo, a empresa não
poderia realizar aquela cobrança, ainda que sem juros. Ela poderia?

Pois bem, Miguel argumentou que haveria ocorrido o fenômeno da “supressio”, já que a
empresa não havia enviado cobrança durante vários meses.
Porém, esse entendimento é equivocado.
Quando há uma relação de credor e devedor, existe um prazo prescricional para a cobran-
ça da dívida, podendo ela se dar até o último dia do prazo.
Não se pode confundir prescrição e decadência com “surrectio” e “supressio”.
Embora sejam facetas da mesma moeda, por serem direitos adquiridos ou perdidos em
virtude do decurso do tempo, possuem significados distintos e incidências distintas.
TU QUOQUE: está previsto no art. 476, CC, e quer dizer “até tu?”.
A expressão vem de quando o imperador romano Júlio César encontrou entre os seus
traidores, no Senado, o seu filho adotivo Brutus, dizendo “tu quoque, brute fili mi?” – “até tu,
Brutus, meu filho?”
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CC
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação,
pode exigir o implemento da do outro.

Exemplo: eu te vendo um carro, e digo que o entregarei se a transferência for realizada


hoje. Não tendo realizado a transferência, eu não vou entregar o carro e você ajuíza uma ação
contra mim, exigindo a entrega do veículo.
Em âmbito processual, chamamos a defesa em um processo de “exceção”. Na minha de-
fesa, eu alegarei exceção do contrato não cumprido ou exceptio non adimpleti contractus –
eu não cumpri a minha parte porque a outra parte não cumpriu a dela.
VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM: ocorre quando uma das partes tenta levar vanta-
gem sobre a outra, aproveitando-se da sua própria torpeza.
Um bom exemplo é o cheque “pré-datado” (ou “pós-datado”).
Imagine, José que combina com João que deixará com ele um cheque com data posterior,
mas João realiza o depósito do cheque da data acordada.
Quando não houver norma específica aplicável ao caso, o juiz utilizará a analogia, os cos-
tumes e os princípios gerais do direito. Violar costume constitui abuso de direito, portanto,
ferindo o art. 187 do Código Civil.
Embora o cheque seja uma ordem de pagamento à vista, a partir do momento que uma
das partes faz o depósito antes da data acordada, estará abusando do seu direito e, portanto,
praticando o venire contra factum proprium.
Nesse caso, não importa se houve ou não culpa, uma vez que a responsabilidade é OBJETI-
VA em caso de abuso de direito. Nesse caso temos a Súmula n. 370 do STJ – Caracteriza dano
moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.
DUTY TO MITIGATE THE LOSS: aqui temos um instituto bem interessante. Não é porque
você é credor que tem o direito de acabar com a vida do devedor. Você tem o dever de mitigar
as perdas do seu devedor, como por exemplo: contrato de seguro de um veículo. Imagine que
apenas uma pequena peça do veículo pega fogo e, mesmo tendo a possibilidade de apagar o
fogo, o segurado não o faz, deixando que ele se alastre por todo o veículo. Em vez de tentar
amenizar, o segurado agravou o problema da seguradora. Isso não pode acontecer!
Então, gente, dando continuidade ao tema, vamos falar precisamente sobre o artigo 187
do Código Civil...

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifesta-
mente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Veja que este artigo, como estamos falando, estabelece o abuso de direito, ou seja, alguém
que, até tem o direito que pretende exercer, mas ao exercer, acaba comente algum excesso.
Então, o esquema desse artigo fica assim:

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Esse artigo 187 é UNIVERSAL, uma vez que se aplica a qualquer ramo do direito, por exem-
plo: no âmbito do Processo Civil, é possível que alguém pratique abuso processual.
Em informativo recente do STJ, a corte entendeu que aquele que reiteradas vezes pro-
move demanda processual desprovida de fundamento pratica abuso de direito processual,
respondendo objetivamente.
Por fim, o artigo 188, CC, traz as excludentes de ilicitude:

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:


I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo imi-
nente. (veja que é diferente do estado de perigo, que é vício do negócio jurídico.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção
do perigo.

Embora não sejam atos ilícitos, o dever de indenizar não está excluído.
Por isso que eu falei que é possível que o dever de reparação advenha de um ato LÍCITO,
havendo dano.
Sempre bom rever esses pontos, ok?
Assim via de regra, a responsabilidade civil, nasce dos ilícitos, mas uma conduta lícita
também pode gerar dano, por exemplo: João pode construir uma casa, mas para ele cons-
truir a casa é preciso fazer a fundação, a perfuração do solo com maquinário e, se, na opor-
tunidade da perfuração ele causa uma rachadura na casa do lado ocorre o dano e, assim,
dever de indenizar.
Assim, o que causa a responsabilidade civil?

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Descumprimento de obrigação, desobediência de regra, não observância de preceito nor-


mativo que regula a vida, exemplo: se uma pessoa vai no restaurante e a comida faz essa
pessoa passar mal, ela tem um problema de responsabilidade civil; se uma pessoa faz uma
cirurgia plástica e dá errado tem responsabilidade civil; toda atividade humana tem responsa-
bilidade civil.
Veja que podemos ter duas modalidades de responsabilidade civil:
• CONTRATUAL – obrigacional/contratual – quando as partes deixam de cumprir
as obrigações decorrentes de contratos. Aplicamos aqui as regras de inadimple-
mento obrigacional.
• EXTRACONTRATUAL (decorre do fato de viver a vida) – também chamada de aquiliana;
Ex.: o filho que agride o colega na escola, o cachorro que morde/mata uma pessoa...

3. Conceito
Nosso querido Pablo Stolze define que

Responsabilidade, para o Direito, nada mais é, portanto, que uma obrigação derivada — um dever
jurídico sucessivo — de assumir as consequências jurídicas de um fato, consequências essas que
podem variar (reparação dos danos e/ou punição pessoal do agente lesionante) de acordo com os
interesses lesados.4

Continua o professor estabelecendo que “trazendo esse conceito para o âmbito do Direito
Privado, e seguindo essa mesma linha de raciocínio, diríamos que a responsabilidade civil
deriva da agressão a um interesse eminentemente particular, sujeitando, assim, o infrator, ao
pagamento de uma compensação pecuniária à vítima, caso não possa repor in natura o es-
tado anterior de coisas. Decompõe-se, pois, nos seguintes elementos, que serão estudados
no decorrer desta obra: a) conduta (positiva ou negativa); b) dano; c) nexo de causalidade.”5
A responsabilidade civil é uma disciplina muito antiga que remete ao Direito Romano e, até
mesmo antes dele...
Curiosidade…
Direito Romano – Ulpiano: princípios básicos (gerais de direito):
1 – Viver honestamente: Honeste Vivere
2 – Não lesar outrem: Neminer Laedere
3 – Dar a cada um o que é seu: Suum cuique tribuere

4
Stolze, Pablo; Pamplona Filho, Rodolfo Manual de direito civil – volume único / Pablo Stolze; Rodolfo Pamplona Filho. – 4.
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
5
ibidem

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Responsabilidade Civil
Roberta Queiroz

3.1. Modalidades de Responsabilidade Civil


• Contratual: preexiste um contrato (art. 389 e seguintes – obrigações e contratos);
• Extracontratual (aquiliana – Lex Aquilia séc III a.C): violação de mandamentos básicos
da vida; violação do dever negativo de não prejudicar alguém.

Nas lições do professor Flávio Tartuce6 temos que:


a) Responsabilidade civil contratual ou negocial – nos casos de inadimplemento de uma
obrigação, o que está fundado nos artigos 389, 390 e 391 do atual Código Civil. Como visto no
capítulo anterior desta obra, o art. 389 trata do descumprimento da obrigação positiva (dar e
fazer). O art. 390, do descumprimento da obrigação negativa (não fazer). O art. 391 do atual
Código Privado consagra o princípio da responsabilidade patrimonial, prevendo que pelo ina-
dimplemento de uma obrigação respondem todos os bens do devedor. Repise-se, mais uma
vez, que apesar da literalidade do último comando, deve ser feita a ressalva de que alguns bens
estão protegidos pela impenhorabilidade, caso daqueles descritos no art. 833 do CPC/2015.
Cite-se o exemplo contemporâneo do bem de família, inclusive de pessoa solteira (Súmula n.
364 do STJ).
b) Responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana – pelo Código Civil de 1916 estava
fundada no ato ilícito (art. 159). No Código Civil de 2002 está baseada no ato ilícito (art. 186)
e no abuso de direito (art. 187).
Podemos mencionar, assim, que a responsabilidade civil Responsabilidade Civil possui 2
pilares de sustentação que, por sua vez são suportados pelo artigo 927 do CC.

• 186: ilícito – Responsabilidade Subjetiva – Culpa.

6
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.

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Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

O Direito Civil não trabalha com diferença entre dolo e culpa.


O Direito Penal trabalha com esses conceitos; aqui é tudo “culpa”.
Aqui seria “ação ou omissão voluntária” – dolo; “negligência, imprudência e imperí-
cia” – culpa.
• 187: ilícito – Responsabilidade Objetiva – Não analisa culpa – Abuso de direito (já es-
tudamos).

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifesta-
mente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

• 927: Regra Geral – aquele que praticar o ilícito (subjetiva ou objetiva) causando o dano
terá obrigação de repará-lo.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos espe-
cificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.

4. Requisitos
4.1. Conceito de Ilícito Civil (186, 187, 927)
• Conduta humana que fere direito subjetivo e que está em desconformidade com o or-
denamento jurídico, causando o dano;

186: Responsabilidade Civil Subjetiva – CULPA:


• Culpa: negligência, imprudência ou imperícia;
• Dolo: vontade (ação / omissão);
• Ilícito puro: ilícito no conteúdo e nas consequências;

187: Responsabilidade Civil Objetiva – Lei / Atividade de Risco:

Ex.: Raquel compra um carro e faz o seguro, contra roubo, incêndio, furto, enchente e tudo. Aí
o carro pega fogo e ela deixa o fogo pegar no carro todo. Ela tem direito de acionar a segura-
dora, mas ela piorou a situação do devedor. Ela se excedeu.

• Lícito no conteúdo e ilícito nas consequências;


• Enunciado n. 414 JDC: Todos os ramos do direito:

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A cláusula geral do art. 187 do Código Civil tem fundamento constitucional nos princípios
da solidariedade, devido processo legal e proteção da confiança, e aplica-se a todos os
ramos do direito.

4.2. Elementos da Responsabilidade Civil

• Conduta humana + nexo + dano = Objetiva (187) – Lei / Atividade.


• Conduta humana + nexo + dano + culpa = Subjetiva (186)

🍒 NO DIREITO CIVIL a regra é a Responsabilidade Civil Subjetiva; a objetiva ocorrerá quan-


do a lei estabelecer ou for caso de atividade de risco – § único do artigo 927 do CC.

4.2.1. Conduta Humana

• Voluntária + consciente;

Imagina que João está em um museu apreciando uma obra de arte, a mais cara do mun-
do. Tem uma placa dizendo “não toque”; João toca e a obra cai e quebra. Ele causou um dano
e ele tinha consciência e voluntariedade, então João responde.

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Agora veja, se João está observando a obra de arte e ele tem uma crise de convulsão e
cai em cima da obra de arte, nesse caso ele não responde, foi totalmente involuntário. Atos de
sonambulismo também são exemplos, pois não há consciência.

4.2.2. Dano

É o coração da Responsabilidade Civil!


“Não há responsabilidade civil sem dano.”
Segundo Sérgio Cavalieri, “o dano é, sem dúvida, o grande vilão da responsabilidade civil.
Não haveria que se falar em indenização, nem em ressarcimento, se não houvesse o dano.
Pode haver responsabilidade sem culpa, mas não pode haver responsabilidade sem dano. Na
responsabilidade objetiva, qualquer que seja a modalidade do risco que lhe sirva de funda-
mento — risco profissional, risco proveito, risco criado etc. —, o dano constitui o seu elemento
preponderante. Tanto é assim que, sem dano, não haverá o que reparar, ainda que a conduta
tenha sido culposa ou até dolosa”7

Prof., e se for uma criança que causou o dano?

O pai foi com a filha em uma concessionária da Audi. A menina desenhou na lataria dos
carros com uma pedra. Imagine... O pai estava fechando um contrato e a menina riscou os
carros que estavam na loja. O pai deve pagar!
O ato praticado pelo o menor é de responsabilidade dos pais e respondem objetivamente
pelo prejuízo que os filhos causaram.
Outro caso: os pais estavam num supermercado fazendo compras, enquanto os pais esta-
vam “cheirando um amaciante” – brincadeira kkkk, a filha estava mexendo no fósforo e acen-
deu e jogou no álcool. O mercado pegou fogo e os pais respondem pelo prejuízo que seus
filhos causarem. Óbvio, né?é

Prof. entendi que deve haver dano, mas e na teoria da perda de uma chance? Tem dano?

Tem sim, o dano é exatamente perder a chance, pois o dano não precisa ser exatamente
material, deve ser real.
A teoria da perda de uma chance, nesse caso não se tem o dano de cara, o conceito mo-
derno vem caminhando para essas questões que vamos trabalhar mais na frente.
Todo dano é indenizável?
A traição gera dano moral?
Meu pai me abandonou afetivamente, é indenizável?
7
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil, 2. ed., São Paulo: Malheiros, 2000.

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Vamos continuar com o assunto para verificarmos essa questão...


Veja, inicialmente, que a lesão poderá ser material, moral ou estética e, segundo o STJ, são
danos cumuláveis – Súmula n. 387 do STJ.
Duas situações:
• Danos clássicos: material, moral
• Danos novos (contemporâneos): estético, morais coletivos, danos sociais, perda da
chance, perda do tempo útil...

Todo dano é indenizável?


NÃO – Término de namoro não é indenizável; a simples traição não é indenizável, o que
pode gerar indenização é como a coisa acontece, se houver uma exposição da pessoa ao ri-
dículo, evidentemente, tem a possibilidade de indenização.
O abandono afetivo – acórdão TJDFT – pessoas que têm acesso ao planejamento familiar
e ainda assim tem filhos e abandonam os filhos afetivamente devem ser condenados a dano
moral – mas há uma controvérsia na doutrina. Eu amo muito esse acórdão do TJDFT de rela-
toria do Dr. Diaulas Costa Ribeiro8.
O dano para ser indenizável, precisa de:
a) Violação de um interesse;
b) Subsistência do dano (efetivo, real);
c) Certeza do dano.
• O dano deve ser provado pelo autor (373, I, CPC);

Exemplo: se alguém ajuíza uma ação contra outrem requerendo a condenação deste a esse
dano, é preciso provar!

Existe a possibilidade de inverter o ônus da prova, colocar o dever de provar o dano ao réu?
SIM, a teoria da inversão do ônus da prova (373, CPC), quando a lei estabelecer que deve
haver, como por exemplo, em relações de consumo, ou quando houver uma dificuldade de
prova em relação ao autor, a prova diabólica, que é a prova que você não tem condições de
realizar. Excepcionalmente poderá haver inversão do ônus da prova.
• Excepcionalmente o dano moral é presumido (in re ipsa) – violação da dignidade da
pessoa humana;

Abrangência do dano deve ser levada em consideração para fins de fixação do quantum:
944 CC – princípio da reparação integral / princípio do imperador.

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

8
20160610153899APC – (0015096-12.2016.8.07.0006 – Res. 65 CNJ) – Registro do Acórdão Número: 1162196 – https://
pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj

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Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o
juiz reduzir, equitativamente, a indenização.

• O juiz deve observar a situação concreta e promover um equilíbrio entre a culpa e o


dano, observando o valor de indenização a ser aplicado naquela situação real – Teoria
Alemã da Diferença;
• Recomposição do status quo ante (Enunciado 379 JDC) – tentativa de recomposição
da situação que eu tinha antes daquele dano ocasionar; Exemplo: você atropelou um
pai de família. Não há dano moral que recomponha a situação da vida da pessoa, evi-
dentemente, mas terá que suportar o ônus.

Na fixação do dano sempre deve haver um duplo caráter:


• indenizar – valor dos danos devidos àquele que sofreu;
• pedagógico – punitivo.

4.2.2.1. Dano Material

Prejuízo no patrimônio corpóreo, exemplos: dano no carro; João agride Maria fisicamente
e ela precisa de tratamento médico, reposição dos dentes, tratamento psicológico…
• Real + Efetivo

Obs.: Não indenizamos danos hipotéticos, por exemplo, João agride Pedro fisicamente e
ele perde a audição de um ouvido. Além de cobrar o dano estético, Pedro vai cobrar
o moral e material de todo o tratamento médico que ele gastou, mas ele não pode
requerer ao juiz que além do dano moral (foi na frente dos seus filhos), dano esté-
tico (ficou surdo), e dano material (tratamento médico) ele fixe pelo os eventuais
empregos que ele virá a perder na vida por ele escutar de um ouvido. Isso não é
dano real e efetivo.

• Dano emergente (dano positivo) – efetivamente perdeu


• Lucro cessante (dano negativo) – deixou de ganhar/lucrar

Se João agrediu fisicamente Pedro, além de tudo que ele gastou de tratamento médico
(dano emergente) ele não vai poder trabalhar por um tempo, ele vai ficar sem ganhar seu sa-
lário (lucro cessante).
Outro exemplo é quando você bate o carro em um carro de um taxista, Uber, você vai ter que
indenizar o dano material do carro, e essa pessoa vai deixar de trabalhar.

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E se você atropela uma pessoa e essa pessoa morre? E se essa pessoa era a provedora
da família.
Como que fica essa história?
Vamos falar de alimentos indenizatórios...
Imagina a situação: ocorreu o atropelamento da pessoa e em virtude de um fato, a pes-
soa falece.
Como que fica a questão dos alimentos indenizatórios, que tem um aspecto mate-
rial do dano?
Alimentos Indenizatórios – não geram prisão civil
• 948 CC: lucro cessante aos dependentes do falecido;
− levar em consideração a vida provável do morto – expectativa de vida de acordo
com o IBGE e também a idade dos dependentes;
− ⅔ do salário + FGTS + 13º + Férias + hora extra;
− SÚMULA N. 229 DO STF; SÚMULA N. 246 STJ; SÚMULA N. 491 STF
• Resp 275.274; Resp 1.311.402; Resp 268.265

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I – no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a dura-
ção provável da vida da vítima.

Imagina que o morto tinha 30 anos de idade e tinha um filho de 10 anos.


Para fins de observar a vida provável do morto, a gente analisa as informações do IBGE de
expectativa de vida (77,78 anos).
Você vai ficar quantos anos pagando alimento para filho? 50 anos?
Não faz sentido. Então leva-se em consideração também a idade dos dependentes.

SÚMULA N. 229 STF: “A indenização acidentária não exclui a do direito comum, em caso
de dolo ou culpa grave do empregador.”
SÚMULA N. 246 STJ: “O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização
judicialmente fixada.”
SÚMULA N. 491 STF: “é indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda
que não exerça trabalho remunerado.”

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4.2.2.2. Dano Moral

Prejuízo nos direitos de personalidade, exemplo, nome e imagem…


• Reparação: a dor ou o sofrimento não tem preço!
• Objetivo é, talvez, apenas atenuar o sofrimento.
• Enunciado n. 445 JDC: “O dano moral indenizável não pressupõe necessariamente a
verificação de sentimentos humanos desagradáveis como dor ou sofrimento.”
• SÚMULA N. 227 STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.”

Pode ser:
• Sentido Próprio = dano pautado na dor, tristeza, humilhação, angústia, vexame... (in
natura);
• Sentido Impróprio = lesão aos direitos de personalidade;
• Dano moral provado / Subjetivo: é a regra.
• Dano moral presumido: in re ipsa (não precisa de prova): SÚMULA N. 403 STJ: “Indepen-
de de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de
pessoa com fins econômicos ou comerciais.”
• Dano moral direto (pela própria pessoa)
• Dano moral indireto (por ricochete) = é suportado por outras pessoas, se atinge uma
pessoa, mas pode acontecer de quem sofre o dano moral não ser exatamente aquela
pessoa, mas os outros que estão ao redor; morto não sofre dano moral, se usa indevi-
damente a imagem do morto, quem vai sofrer é quem está vivo, quem ficou, que são os
lesados indiretos que falamos anteriormente.

 Obs.: A dor não é condição primordial essencial, não é requisito obrigatório, para demonstra-
ção do dano moral.

4.2.2.3. Dano Estético

Violação da integridade física de um sujeito.

4.2.3. Nexo Causal

Não basta simplesmente a conduta humana e o dano, é preciso de um item que ligue am-
bos – é o chamado Nexo Causal ou Nexo de Causalidade.
• Ligação entre conduta humana e o dano;
• Se não houver essa ligação – nada feito! Não há condenação!

Para que ocorra o fenômeno da responsabilidade civil em relação àquela conduta huma-
na, se precisa de uma relação direta entre a conduta humana e o dano.

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E, a partir do nexo causal nós temos um elemento precioso para que definir quem realmen-
te é obrigado a indenizar e suportar os prejuízos daquele dano.
Vamos fazer uma análise dessas teorias.
Teorias relacionadas ao nexo:
a) teoria da equivalência de condições: Teoria da Equivalência dos Antecedentes = Sine
qua nom; Todos os antecedentes daquela situação teriam efetivamente contribuído para a
ocorrência daquele caso. Exemplo: o cara deu um tiro no outro e matou. Se for voltando no
tempo em relação a tudo que poderia ter contribuído para este fato, iriamos punir o fabrican-
te da arma. Outro exemplo: Roberta chegou em casa e seu marido estava com outra mulher
na cama, se aplicar essa teoria pode-se culpar até o marceneiro que fez a cama. Tudo que
teria ocorrido para produção daquele dano tem que ser responsabilizado, seria uma investi-
gação infinita.
Em virtude, talvez, de todos esses inconvenientes e imprecisões, a maior parte dos culto-
res contemporâneos do Direito Civil não abraçou tal teoria, menciona Pablo Stolze.
b) a teoria da causalidade adequada: “para os adeptos desta teoria, não se poderia
considerar causa “toda e qualquer condição que haja contribuído para a efetivação do re-
sultado”, conforme sustentado pela teoria da equivalência, mas sim, segundo um juízo de
probabilidade, apenas o antecedente abstratamente idôneo à produção do efeito danoso”.9
Bem mais palatável que a anterior e mais jurídica. Analisa a condição que efetivamente
contribuiu para o resultado lesivo naquele caso. Alguns doutrinadores colocam que essa
teoria tem a ver com a previsibilidade e a evitabilidade do dano, mas essa análise também
é afastada por alguns doutrinadores. Temos que analisar a questão em abstrato, a causa
relevante que pode causar aquele dano, mas também a alta probabilidade de ter sido aquele
fato em relação a aquele dano.
c) a teoria da causalidade direta ou imediata (interrupção do nexo causal). Alguns (prof.
Cristiano Chaves) dizem que é a única que tem reflexo/respaldo no Direito Civil por força do
artigo 403 que fala do dano material, só que o professor Flávio Tartuce menciona que o Códi-
go Civil adota duas teorias (Teoria da Causalidade Adequada e a Teoria do dano direto e ime-
diato) e o STJ acaba também entrando em aplicabilidade das duas teorias. É mais simples,
pois não apresenta o nível de insegurança jurídica e subjetividade apresentados pelas teorias
anteriores, pois apenas o antecedente fático que, ligado por um vínculo de necessariedade ao
resultado danoso, determinasse este último como uma consequência sua, direta e imediata.10

9
Stolze, Pablo; Pamplona Filho, Rodolfo Manual de direito civil – volume único / Pablo Stolze; Rodolfo Pamplona Filho. – 4.
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
10
Stolze, Pablo; Pamplona Filho, Rodolfo Manual de direito civil – volume único / Pablo Stolze; Rodolfo Pamplona Filho. – 4.
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.; Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. –
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020.;

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Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os pre-
juízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na
lei processual.

Lembra das duas modalidades de responsabilidade civil?


SUBJETIVA = culpa – analisando a culpa você consegue saber se daquele fato decorreu
o resultado
• O nexo é pautado na culpa.

OBJETIVA = não tem culpa


• O nexo deve ser analisado na conduta humana.

Como conseguimos excluir o fenômeno da responsabilidade civil?


Para não haver responsabilidade civil deve ocorrer os fenômenos das excludentes da res-
ponsabilidade civil, essas excludentes quebram/rompem o nexo de causalidade, e se acon-
tece esse rompimento a gente não tem como gerar a responsabilidade civil e o peso dessa
responsabilidade civil em cima de alguém.

4.2.4. Excludentes da Responsabilidade Civil

Rompimento do Nexo:
• a culpa exclusiva ou o fato exclusivo da vítima;
• a culpa exclusiva ou o fato exclusivo de terceiro;
• o caso fortuito e a força maior.

As excludentes do nexo de causalidade são fatores que aniquilam a ocorrência do nexo


de causalidade, não deixando o elo entre a conduta culposa (em sentido amplo) e o dano
se materializar.
Sempre devemos analisar tais casos levando em consideração o caso concreto.
Nos casos de responsabilidade subjetiva, o nexo estará rompido sempre que houver rom-
pimento da culpa em si; já no caso de responsabilidade objetiva, as causas de rompimento
estão na própria conduta.

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Sobre a questão do fortuito ou força maior temos que designar o extraordinário, ou seja,
são acontecimentos imprevisíveis, que não decorre exatamente da vontade humana dos envol-
vidos. Mas há quem defina uma pequena diferença entre esses conceitos: alguns definem para
efeitos didáticos que o fortuito = evento totalmente imprevisível decorrente do ato humano ou
de evento natural; e a força maior = evento previsível, mas inevitável e irresistível decorrente do
ato humano ou de evento natural.
Assim, temos algumas situações específicas, vejamos:
O STJ editou a SÚMULA N. 479, que dispõe: “As instituições financeiras respondem obje-
tivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por
terceiros no âmbito de operações bancárias”.
Sobre esse tema, temos que o fortuito externo é aquele que não tem qualquer relação com
a atividade desenvolvida ou risco do empreendimento do envolvido, podendo, assim ser con-
siderada com excludentes da responsabilidade (do nexo de causalidade).
Esse tema de fortuito interno e fortuito externo gera muita polêmica na jurisprudência,
precisamos sempre acompanhar o que o STJ tem entendido a respeito do rompimento do
nexo de causalidade, e por consequência, a quebra do dever de indenizar, olha só esses casos:

1. Esta Corte Superior possui orientação no sentido de que a prática do crime de roubo,
com emprego inclusive de arma de fogo, contra cliente, ocorrido em estacionamento gra-
tuito, localizado em área pública em frente ao estabelecimento comercial, constitui ver-
dadeira hipótese de caso fortuito (ou motivo de força maior) que afasta da empresa o
dever de indenizar o prejuízo suportado por seu cliente (art. 393 do Código Civil/2002). 2.
Agravo interno improvido. AgInt no REsp 1888572 / SP
1. Segundo a jurisprudência do STJ, a responsabilidade do transportador em relação aos
passageiros é contratual e objetiva, nos termos dos arts. 734, caput, 735 e 738, parágrafo
único, do Código Civil de 2002, somente podendo ser elidida por fortuito externo, força
maior, fato exclusivo da vítima ou por fato doloso e exclusivo de terceiro – quando este
não guardar conexidade com a atividade de transporte. 2. Ademais, A responsabilidade
contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro não é elidida por culpa de
terceiro, contra o qual tem ação regressiva. Súmula 187 do STF. 3. Agravo interno não
provido. AgInt no REsp 1786289 / CE
2. Esta Corte Superior entende ser objetiva a responsabilidade do fornecedor no caso de
defeito na prestação do serviço, desde que demonstrado o nexo causal entre o defeito do
serviço e o acidente de consumo ou o fato do serviço, ressalvadas as hipóteses de culpa
exclusiva do consumidor ou de causas excludentes de responsabilidade genérica, como
força maior ou caso fortuito externo.
3. É solidária a responsabilidade objetiva entre os fornecedores participantes e favorecidos
na mesma cadeia de fornecimento de produtos ou serviços. Incidência da Súmula 83/STJ.

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4. Na espécie, o Tribunal de origem, examinando as circunstâncias da causa, concluiu


pela responsabilidade de ambas as fornecedoras pela má prestação do serviço. Nesses
termos, a modificação desse entendimento, a fim de reconhecer culpa exclusiva da corré,
demandaria o revolvimento de suporte fático-probatório dos autos, o que é inviável em
sede de recurso especial (Súmula 7/STJ).
5. Agravo interno desprovido. AgInt no AREsp 1598606 / RJ
1. “O fortuito interno, entendido como o fato imprevisível e inevitável ocorrido no momento
da realização do serviço ou da fabricação do produto, como é o caso de problemas
na instalação das fundações do edifício, não exclui a responsabilidade do fornecedor,
porque relaciona-se com a atividade e os riscos do empreendimento” (AgInt no AREsp
942.798/RJ, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 02/04/2019, DJe
de 24/04/2019). 2. A circunstância de que a alteração do projeto original do imóvel teria
decorrido do tombamento de parte da área do empreendimento não pode ser invocada
para eximir a responsabilidade da vendedora perante o comprador, pois constitui fortuito
interno, inserindo-se nos riscos inerentes à atividade empresarial de construção civil. 3.
A entrega de produto diferente do contrato, no caso, de imóvel sem a respectiva vaga de
garagem prevista no contrato, enseja reparação proporcional ou o desfazimento do negó-
cio. 4. Agravo interno não provido. AgInt no AREsp 1519775 / SP
Roubo no interior da instituição financeira se encaixa no risco do empreendimento. O
banco tem um ambiente de risco, assim é seu dever oferecer segurança aos consumi-
dores. Assalto a banco é evento interno, entra no risco do empreendimento, portanto, o
banco tem responsabilidade STJ – REsp. 694.153/PE).
O roubo dentro de shopping center é um caso bem divergente na jurisprudência. O cidadão
que é vítima de roubo dentro do shopping deve ser indenizado, uma vez que a empresa
deve providenciar segurança aos clientes, afinal, é esse o diferencial que eles vendem no
cotejo com o comércio aberto. Segundo jurisprudência do STJ, o assalto a shopping é
evento interno, portanto, a empresa responde (STJ – REsp. 582.047/RS).
O assalto a ônibus é um evento externo e se enquadra nos casos de caso fortuito e força
maior, caso em que a empresa não responde (STJ – REsp 783.743/RJ).

 Obs.: Se for culpa ou fato concorrente não rompe o nexo de causalidade apenas atenua,
abranda a responsabilidade. Se alguém está dirigindo um carro numa via de 60km/h e
está a 70 Km/h e de repente uma pessoa desatenta passa na frente do carro. A culpa
nesse caso pode ser considerada concorrente.

Sobre os casos de banco que mencionamos, sabemos que o banco desenvolve uma ati-
vidade bancária; o banco tem que trabalhar diariamente com a possibilidade de que ali pode

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acontecer um assalto. Embora isso se encaixe em um fortuito, o banco tem que pensar que
esse fortuito pode acontecer, é um fortuito interno, o banco responde.
Fortuito interno (inerente ao risco) = mesmo sem a vontade daquele agente, mas ele tem
que pensar no desempenho da função.
Agora imagine...
Eu vou ao McDonald’s e compro o lanche.
O estacionamento do McDonalds é público, neste caso, quando entro no carro sou assal-
tada e levo um tiro.
A lanchonete não vai responder, pois é um fortuito externo àquela atividade. O mesmo
acontece se entra alguém em um cinema e sai metralhando todo mundo, é um fortuito externo
porque não está ligado àquela atividade.
Fortuito externo (alheio ao risco);
Julgados para ler: Resp. 783.743; 976.564; 1.183.121; 694.153; 402.870;

Não confunda os excludentes da responsabilidade civil com os excludentes de ilicitude, que


não retiram o dever de indenizar, só o ato que deixa de ser um ilícito.

Estão no artigo 188 do CC:

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:


I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o torna-
rem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.

4.2.5. Culpa

Caracteriza a Responsabilidade Civil Subjetiva!


Expressão Lato sensu que engloba:
• DOLO: violação intencional (186 + 944 + 945) – Princípio da Reparação Integral
• CULPA: violação de um direito sem que tenha havido intenção
− Imprudência: falta de cuidado diante de uma ação + atitude;
− Negligência: falta de cuidado + omissão;
− Imperícia: falta de qualificação ou treinamento;

Modalidades de Culpa

• Contratual: quando houver previsão em um contrato;


• Aquiliana / Extracontratual: decorre do fato de viver a vida, não existe contrato; dever
geral de abstenção;

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• In Comittendo: ação / comissão;


• In Omittendo: omissão (negligência);
• In Concreto: conduta humana no caso concreto;
• In abstrato: pessoa natural comum (homem médio – diligência média);

Relacionadas à presunção:
• In Vigilando: dever legal de vigilância e quebra esse dever causando um dano, seria a
responsabilidade dos pais em vigiar / cuidar dos filhos;
• In Eligendo: escolha, por exemplo, Maria tem uma loja e ela observa essa loja e contra-
ta funcionários, ela escolheu os funcionários, os atos que os funcionários vão praticar
serão de responsabilidade de quem contratou / escolheu;
• In Custodiendo: falta de cuidado, acontecia em relação aos animais;

Cuidado: Uma parcela majoritária da doutrina diz que não podemos mais falar dessas
modalidades de culpa, tais situações no CC foram substituídas por responsabilidade objetiva.
Esses casos de presunção passaram a ser, com o Código Civil de 2002, possibilidades de
responsabilidade objetiva. A defesa do agente não pode ser pautada no “eu não tenho culpa”,
não estamos analisando culpa.

Modelo da culpa presumida está superado no Código Civil de 2002; casos passaram a ser de
responsabilidade objetiva, porque estamos diante da especificação da lei.

Quanto ao valor de indenização “Quantum”:


• Culpa lata / grave: se equipara ao dolo (“lata dolo aequi paratur”)
• Culpa leve / média: intermediária (não intencional, analisa se o terceiro teve intenção);
• Culpa levissíma: menor grau possível (indenização mais reduzida);

5. Casos de Prova
Primeiro vamos lembrar o seguinte:

Responsabilidade Civil Subjetiva (186 + 927 caput)

• Regra no Direito Privado;


• Dever de indenizar e reparar os danos ocasionados:
− conduta humana – ocasiona um dano;
− nexo – ligação entre conduta e dano;
− dano;
− culpa;

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• Defesa – rompimento do nexo de causalidade:


− culpa ou fato exclusivos da vítima;
− culpa ou fato exclusivos de terceiro;
− Fortuito ou força maior;

Responsabilidade Civil Objetiva (187 + 927 + Parágrafo Único)

Quando a lei estabelecer ou envolver atividade de risco.


• Conduta humana
• Dano
• Nexo de causalidade
• Regra no Direito público
• Atividade de risco:

Segundo Flávio Tartuce, “quanto ao Brasil, a responsabilidade objetiva independe de culpa


e é fundada na teoria do risco, em uma de suas modalidades, sendo as principais:
• Teoria do risco administrativo: adotada nos casos de responsabilidade objetiva do Es-
tado (art. 37, § 6º, da CF/1988).
• Teoria do risco criado: está presente nos casos em que o agente cria o risco, decorrente
de outra pessoa ou de uma coisa. Cite-se a previsão do art. 938 do CC, que trata da res-
ponsabilidade do ocupante do prédio pelas coisas que dele caírem ou forem lançadas
(defenestramento).
• Teoria do risco da atividade (ou risco profissional): quando a atividade desempenhada
cria riscos a terceiros, o que pode se enquadrar na segunda parte do art. 927, parágrafo
único, do CC/2002.
• Teoria do risco-proveito: é adotada nas situações em que o risco decorre de uma ati-
vidade lucrativa, ou seja, o agente retira um proveito do risco criado, como nos casos
envolvendo os riscos de um produto, relacionados com a responsabilidade objetiva
decorrente do Código de Defesa do Consumidor. Dentro da ideia de risco-proveito estão
os riscos de desenvolvimento, nos termos do Enunciado n. 43 do CJF/STJ. Exemplifi-
cando, deve uma empresa farmacêutica responder por um novo produto que coloca no
mercado e que ainda está em fase de testes.
• Teoria do risco integral: nessa hipótese não há excludente de nexo de causalidade ou
de responsabilidade civil a ser alegada, como nos casos de danos ambientais, segundo
os autores ambientalistas (art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/1981). Anote-se que o entendi-
mento pelo risco integral para os danos ambientais é chancelado pelo Superior Tribu-
nal de Justiça (ver, por todos: REsp 1.114.398/PR, 2.ª Seção, Rel. Min. Sidnei Beneti, j.
08.02.2012, DJe 16.02.2012. Publicado no Informativo n. 490 do STJ).”11

11
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
O conteúdoMÉTODO,
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 Obs.: Lei especial: 12 CDC; 734 CC – Transporte; 37 CF – R.C. Estado; 6938/81 – Ambientais;
Dano Nuclear 21, XXIII, CF.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigada a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos es-
pecificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Então vamos pela ordem nos casos cobrados em prova:

5.1. Responsabilidade Civil dos Incapazes


Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

Incapazes são aqueles estampados nos artigos 3º e 4º do CC.


São os que não possuem capacidade de fato.

Absolutamente Incapazes Relativamente Incapazes

Maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;


os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
Menores de 16 (dezesseis) anos. aqueles que, por causa transitória ou permanente,
não puderem exprimir sua vontade;
os pródigos.

Eles respondem pelos atos praticados? Sim, pois têm personalidade jurídica e conse-
quentemente capacidade de direito, o que não possuem é a capacidade de fato, de praticar
sozinhos os atos da vida civil
• Se um incapaz causa um dano ele é responsável pela indenização, mas só chega nele
se primeiro passar por um representante e este não tiver meios ou obrigação de reparar;
• A responsabilidade civil do incapaz é subsidiária, equitativa e condicional;
• Ele responde diretamente se o menor for emancipado (voluntária, judicial e legal) no
artigo 5º CC: judicial responde, mas emancipação pelos os pais não se livra de respon-
sabilidade civil (pagam alimentos e tem responsabilidade solidária);

 Obs.: Emancipação voluntária dos pais (5ºCC) ocasiona a responsabilidade solidária entre
pais e filhos emancipados.

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5.2. Responsabilidade Civil nos Casos de Excludentes de Ilicitude


Lembrem-se sempre dos fundamentos dos atos ilícitos...

Contudo, existem casos em que não haverá ato ilícito; são os casos descritos no artigo
188 do CC, vejamos:

Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpa-
dos do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.

Neste artigo temos que observar a redação do artigo 188.


Quando falamos de responsabilidade civil é muito comum a gente falar de ato ilícito,
mas não quer dizer que algo que não seja ilícito, não possa gerar responsabilidade civil,
pelo contrário.

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Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o
tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção
do perigo.

• 188: Excludentes de ilicitude:


− Legítima defesa + exercício regular de direito;
− Remoção de Perigo Iminente (estado de necessidade);

Exemplo: imagina que temos uma pista com faixa dupla de sentido único. Patrícia está vindo
com seu carro na faixa da esquerda e o Nilton está na faixa da direita.

Maria está na calçada com o filho de 5 anos, e ela está desatenta e no celular, e o menino
avista do outro lado da rua um vendedor de balão.
O menino se joga na frente do carro de Patrícia e para ela não atropelar o menino ela joga
o carro para direita e bate no Nilton, e acaba com o carro dele.
O Nilton pode pedir indenização pelos danos que Patrícia causou no veículo dele? Pode.
O Nilton foi culpado por esse dano? Não.
Então Patrícia bateu para remover o perigo iminente de atropelar a criança. Ela agiu em
estado de necessidade, não é ilícito e ela tem que indenizar Nilton.
Mas ela tem o direito de regresso contra a verdadeira causadora do dano, a Maria, mãe da
criança, ou seja, ela paga Nilton e Maria ressarce Patrícia.
Outro exemplo...
Essa mesma mãe chega no supermercado com a criança (Joãozinho) dormindo na cadei-
ra de trás do carro. Ela desce para o supermercado e deixa o carro no sol.
Patrícia chega com o seu carro do lado e vê a criança chorando dentro do carro, no meio
do sol. Ela pega uma pedra e quebra o vidro do carro de Maria.
Patrícia causou um dano para remover o perigo, ela vai indenizar Maria? Não, porque a
própria Maria foi a culpada.
Essa é a dicção do 929.

As excludentes de ilicitude não afastam o dever de indenizar! O dever de indenizar só pode ser
afastado com o rompimento do nexo causal.

Responsabilidade civil pode ser:


• Atos ilícitos (186 e 187);
• Atos lícitos (188);

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929:
• Lesado é culpado: Não tem direito a indenização;
• Lesado não é culpado: Tem direito a indenização;

Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá
o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano
(art. 188, inciso I).

• Regresso: culpa de terceiro


− Contra quem se defendeu – haverá a cobrança do dano;

Questão cobrada pela FGV: Raquel pegou emprestado a bicicleta do Eugênio. Ela está an-
dando de bicicleta e avista um casal brigando (João e Maria), quando ela vê, o João começa
a agredir a Maria e ele tira uma faca.
Raquel acelera a sua bicicleta e joga a bicicleta em cima deles. Ela consegue impedir que
João matasse a Maria. Raquel agiu em legítima defesa de terceiro (Maria).
Só que a bicicleta se acabou, ela tem que indenizar Eugênio, contudo ela também tem o
direito de regresso.
Raquel vai entrar em ação regressiva contra quem? João ou Maria?
De acordo com o 930 quem vai ter que pagar o dano é a Maria – Parágrafo único. A mesma
ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).
Resumindo:

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5.3. Responsabilidade Civil por Fato do Produto


• Responsabilidade civil objetiva

Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as
empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos pos-
tos em circulação.

5.4. Responsabilidade Civil por Atos de Terceiros


O art. 932 do CC/2002 consagra hipóteses de responsabilidade civil por atos pratica-
dos por terceiros, também denominada responsabilidade civil objetiva indireta ou por atos
de outrem.

Pessoas Terceiros

Pais Filhos menores

Tutor Tutelados

Curador Curatelados

Empregador / Comitente Empregados / Prepostos / Serviçais

Donos de hotéis, hospedarias, Hóspedes, moradores e educandos


casas e empreendimentos
Participado do produto do crime Cometeu o crime
(gratuitamente)

Pessoas que respondem pelos atos de terceiros;

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:


I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do tra-
balho que lhes competir, ou em razão dele;
IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,
mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V – os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.

Exemplo: seu namorado roubou um colar de pérolas e te deu o colar (produto do crime) de
presente. Você vai responder perante a pessoa que sofreu o dano pelo o valor do colar, devol-
ve o colar ou responde pelo valor.

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Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de
sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

Responsabilidade civil objetiva das pessoas do artigo 933, sendo que elas possuem direito
de regresso contra os reais causadores, salvo os pais.

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago da-
quele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativa-
mente incapaz.

Por exemplo, o exemplo do pai que foi na concessionária da Audi e a filha riscou os carros.
O pai vai pagar, mas ele pode cobrar da filha em regresso? Não pode!
Se Ana Paula é dona de uma loja no shopping e Maria é sua funcionária. Um cliente chegou e
Maria enlouqueceu e xingou a cliente e jogou um copo de água na cara da cliente.
A ação vai ser ajuizada contra Ana Paula, porque ela é a empregadora, só que ela pode cobrar
da Maria em regresso? Sim, pode!
• Quem pagar pelo dano pode reaver o valor de quem causou o dano;
• Pais com filhos menores = não podem cobrar. Lembre-se que a responsabilidade é
subjetiva do menor; se foi com culpa do menor é acionado os pais, mas estes respon-
dem objetivamente, e não podem cobrar do menor.

5.5. Responsabilidade Civil e Criminal


Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais
sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.

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No início da nossa abordagem de responsabilidade vimos que um ilícito civil que ocasiona
a responsabilidade civil não necessariamente também é um ilícito criminal.
Aliás, responsabilidade jurídica é um gênero que comporta a responsabilidade criminal,
responsabilidade administrativa e a responsabilidade civil.
Um ilícito pode ser também ao mesmo tempo civil e criminal, mas o 935 deixa claro que o que
acontece no crime fica no crime e o que acontece no cível fica no cível, são esferas diferentes.
Inclusive, quando alguém é vítima de um crime que gera um ilícito civil, também, ele pode
agir no crime e agir no cível, separadamente.
As esferas são independentes, mas, imagine, Maria sofreu um estupro, que vai ser punido
lá no crime, mas isso gera a ela uma violação que enseja dano moral, dano material… Ela pode
ajuizar uma ação de indenização no cível, independentemente do que está rolando no crime.
Agora, se lá no crime ficar constatada a negativa do fato, provado que o fato não aconte-
ceu, aí influência no cível, e se ficar aprovada, negativa de autoria, também influencia no cível.
Fora isso, é tudo independente.
Resumindo:
• Responsabilidade civil não depende da responsabilidade criminal;
• Existem situações que vão se comunicar:
− Se lá no crime ficar constatada a inexistência do fato ou autoria vai influenciar no cível;
• A pessoa que sofre ilícito civil e criminal tem duas opções:
− Já ajuíza a ação cível, enquanto rola a criminal;
− Esperar a sentença penal condenatória do crime transitar em julgado, pegar essa
sentença penal e levar para a Vara Cível e executar nessa vara, por ser título execu-
tivo judicial está sujeito ao cumprimento de sentença, podendo haver liquidação de
sentença para apuração dos valores de indenização.

5.6. Responsabilidade Civil por Danos Causados pelo Animal


Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da
vítima ou força maior.

Dispõe o art. 936 do Código Civil que o dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por
este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.

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Não havendo culpa exclusiva da vítima ou força maior, haverá uma causa excludente do
nexo de causalidade.
Sendo assim, a responsabilidade civil do dono ou detentor do animal é objetiva.
Não se fala mais em culpa in custodiendo, como vimos anteriormente. A lei não prevê mais
a excludente do “máximo cuidado na guarda”, que trazia a ideia de culpa presumida no CC re-
vogado, ou seja, se o dono do animal provasse que havia tomado o máximo cuidado na guarda,
ele não responderia. Hoje, mesmo se provar que teve máximo cuidado na guarda, ainda assim
ele responderá.
De acordo com o artigo 936, para não responder, deve-se provar culpa exclusiva da vítima
ou força maior.
A jurisprudência tem aplicado esse dispositivo ao lado do Código de Defesa do Consumi-
dor, em um verdadeiro diálogo das fontes. O STJ, no caso do menor que foi morto por leões
durante espetáculo de circo instalado na área contígua a shopping center, decidiu aplicar tan-
to o Código Civil quanto o Código de Defesa do Consumidor – REsp 1.100.571-PE.
Outro caso que podemos mencionar é o caso do macaco que fugiu e causou ferimentos
no empregado ao ser capturado – “Ação de indenização. Danos materiais e morais. Aciden-
te do trabalho. Ferimentos produzidos por animal (macaco) fugitivo ao ser capturado por
empregado de zoológico. Culpa do empregador pelo evento danoso ocorrido devidamente
demonstrada. Demais elementos que compõem a responsabilidade também positivados nos
autos. Dano moral reconhecido, incluído o estético. Dever de indenizar proclamado. Dano ma-
terial, porém, inexistente. Indenização a título de danos morais majorada” (TJRS, Processo:
70006938252).

Exemplo: você tem um cachorro muito bravo... qual é o dog mais bravo do mundo? Isso mesmo,
um pinscher. Toda vez que você abre o portão de casa para chegar com o seu carro, o cachorro
sai e dá uma volta na rua, e todo mundo da rua fica desesperado. Vira o caos. Imagina se esse
cachorro morde uma pessoa, você vai ser responsabilizado pelo ataque? Olha esse julgado:

Apelação cível. Responsabilidade civil. Mordedura de cachorro. Amputação do polegar


da mão esquerda. Cão da raça pastor alemão que escapa da residência. Responsabi-
lidade do dono. Inteligência do art. 936, do Código Civil. Culpa exclusiva da vítima não
configurada. Negligência na guarda do animal que se constituiu na causa primária do
evento. Dever de indenizar dano moral. Quantum razoável. Manutenção. Juros de mora
termo inicial. Honorários advocatícios. Percentual adequado. Recurso parcialmente pro-
vido” (TJPR, Apelação Cível 0537517-7)

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Outro exemplo: tem uma placa escrito “Cachorro bravo! Morde!”. Aí o mané vai lá e coloca a
mão no portão e o cachorro morde a mão. Nesse caso, responde? Não, pois foi culpa exclusiva
da vítima.

Resumindo:
• Responsabilidade civil objetiva que pode ser afastada quando houver culpa ou fato ex-
clusivo da vítima, como no segundo caso, ou por fortuito ou força maior.
• Dono ou detentor (exercendo a posse do animal em nome do dono) respondem pelo
dano que o animal tenha causado à terceiro;
• Imagina que o cachorro está com o dono e ele ataca alguém – o dono responde;
• Imagina que o cachorro está com o adestrador e ele ataca alguém – responsabilidade
solidária entre o detentor e o próprio dono (932, III, 934, 936, 942 parágrafo único).

5.7. Responsabilidade Civil por Danos Causados por Ruína de Prédio


ou Construção

Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se
esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

Segundo o professor Flávio Tartuce temos que “trata-se de mais um caso de responsabi-
lidade objetiva, diante de um risco criado ou risco proveito, o que depende do caso concreto.
Nos termos literais do dispositivo, para que a responsabilidade tenha natureza objetiva, have-
ria necessidade de estar evidenciado o mau estado de conservação do edifício ou da constru-
ção. Todavia, na opinião deste autor, estribado na melhor doutrina, tal requisito é dispensável.
Por uma questão lógica, sendo a necessidade de reparos manifesta a responsabilidade é
objetiva; muito maior deve ser se tal necessidade estiver às escondidas, o que denota uma
má-fé do construtor.”12

12
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.

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Responsabilidade Civil
Roberta Queiroz

Imagina um prédio, e as pastilhas do prédio estão caindo e caí em uma pessoa que está
passando, quem responde é o dono.
Agora imagina um senhor de uns 95 anos, e ele é dono de um imóvel que está há 30 anos
abandonado e várias pessoas, principalmente usuários de drogas, invadiram o imóvel e pas-
saram a ficar ali.
O senhor não tem contato com os filhos e está vivendo em um asilo, sem condição de
nada. Os pedaços do imóvel estavam caindo e uma esquadria da janela lá de cima acabou
caindo no carro de uma pessoa, e essa pessoa ajuizou uma ação contra o senhor.
O velhinho entrou no processo e alegou que está vivendo em um asilo, que não ia nesse
edifício há 30 anos e não sebe como está, então ele não tem culpa por esse dano.
A defesa dele vai prosperar? Não, porque é uma responsabilidade objetiva e é do dono.
Resumindo:
• Responsabilidade civil objetiva;
• Dono responde pelos danos causados pela ruína.

6. Responsabilidade Civil por Defenestramento


Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que
dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Segue-se a corrente doutrinária que entende que não importa que o objeto líquido (effusis) ou sóli-
do (dejectis) tenha caído acidentalmente, pois ninguém pode colocar em risco a segurança alheia,
o que denota a responsabilidade objetiva do ocupante diante de um risco criado.13

13
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.

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Responsabilidade Civil
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Imagina um prédio e cai da janela um jarro de planta na cabeça de uma pessoa que está
passando lá embaixo.
Quem responde? Responde quem lançou a coisa, mas… e se não for possível identificar
de onde a coisa foi lançada?
TODO CONDOMÍNIO RESPONDE pelo dano caso não seja possível identificar de qual uni-
dade a coisa foi lançada; (Enunciado 557 JDC) – Teoria da Causalidade Alternativa – se não
tem como identificar de onde foi lançada a coisa, alguém ali é responsável, então o condomínio
inteiro responde, está assegurado o direito de regresso do condomínio contra o eventual cau-
sador efetivo do dano.
Resumindo:
• Responsabilidade civil por Defenestramento (coisa lançada pela a janela);
• Sólidas(dejectis) ou líquidas (effusis);
• Quem habitar é quem responde (dono, locatário, comodatário).

7. Casos Finais e Indenização


939: responsabilidade por cobrança antes do vencimento.

Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei
o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros
correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quan-
tias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro
caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se
houver prescrição.
Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistir da ação
antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que prove
ter sofrido.
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à re-
paração do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente
pela reparação.

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Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas de-
signadas no art. 932.”
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.

Questão de prova: João estava dirigindo o carro alcoolizado e aí bateu no carro da Maria, a
Maria morreu na hora, o João foi levado ao hospital, mas morreu em seguida.
Podem os herdeiros da Maria ajuizar uma ação contra os herdeiros do João? Podem, o
direito de pedir reparação é transmitida aos herdeiros, conforme do artigo 943 do CC.
E os herdeiros do João vão responder essa reparação, mas sempre nos limites da heran-
ça. Se o João não tiver deixado nada de herança, nada há de ser pago pelos herdeiros.

7.1. Regras para Fixar Indenização/Reparação


Algumas regras somente para recordação, pois já estudamos ao longo da exposição.
• 944 – Extensão do dano e a gravidade da culpa;
• 945 – Culpa concorrente não rompe nexo;
• 946 – Obrigação ilíquida (não tem a definição do quanto devido) – 509 e seguintes do CPC;
• 947 – Descumprimento da obrigação – execução segundo regras processuais.

Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu
valor, em moeda corrente.

• 948 – Homicídio – indenização: tratamento, funeral, luto da família; alimentos inde-


nizatórios;
• 949 – Lesão à saúde – indenização: tratamento + lucro cessante + prejuízos (moral,
material, estético);
• 950 – Trabalho – pensão

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profis-
são, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento
e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do
trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga
de uma só vez.

• 951 – Profissionais de saúde;

Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por
aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, cau-
sar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.

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• 952 – Esbulho (pegar o bem de alguém, retirar o bem de alguém) – perecimento (perda
total do bem): indenização + lucro cessante; deterioração (perda parcial): restituição do
bem + indenização pela deterioração + lucro cessante;

Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, a indenização
consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes; faltando
a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado.
Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela
pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele.

• 953 – Injúria, difamação e calúnia (138 – 140 CP);

Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas
resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, equitativa-
mente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.

• 954 – Liberdade;

Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e da-
nos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto no
parágrafo único do artigo antecedente.
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal:
I – o cárcere privado;
II – a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;
III – a prisão ilegal.

7.2. Questões Finais


a) Contrato de Transporte
Pago – Responsabilidade civil objetiva;
Gratuito – carona – Responsabilidade civil subjetiva (736 e súmula 145 STJ).
Imagine que Rogério está saindo do Gran Cursos e o Eugênio pede uma carona. De repen-
te vem um louco e cruza com o carro de Rogério; ele bate o carro e o Eugênio se machuca;
Rogério não teve culpa, logo não vai responder pela a lesão que foi causada, pois se trata de
responsabilidade subjetiva.
Agora imagina que Rogério está na balada bêbado e encontra o Nilton, que lhe pede uma
carona, ela dirige alcoolizado e bate o carro. Nesse caso Rogério teve culpa na batida, o Nilton
se machucou, e o condutor vai ter que responder pelos danos.
No caso de transporte aéreo a responsabilidade civil é sempre objetiva, seja pago ou gra-
tuito (Enunciado 559 e 369 da JDC / Lei 7565/86 / DL 5910/06);

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b) Teoria da Perda de uma Chance: quando se tira de uma pessoa a oportunidade de um


determinado resultado; por oportunidades perdidas.
Exemplo: você tinha que permanecer internado, aí o médico te dá alta e você tem uma
piora no seu quadro. Ou a questão do reality show do “Show do Milhão” no qual a pessoa foi
pra última pergunta do programa valendo um milhão de reais, se ela acertasse ele ganhava o
dinheiro, eram 4 opções, mas nenhuma estava correta.
Resumindo:
• possível indenização por retirar, de forma intencional ou não, a oportunidade de alguém
ter um determinado benefício;
• STJ: Resp. 1.291.247 – desenvolvida na França – 17/07/1889;
• Resp. 1.540.153 – “a teoria não se aplica na reparação de danos fantasiosos e não serve
para acolher meras expectativas, o objetivo é reparar a chance que a vítima teria de obter
uma vantagem. Na configuração da responsabilidade pela perda de uma chance, não se
vislumbrará o dano efetivo mencionado sequer se responsabilizará o agente causador
por um dano emergente ou eventual lucro cessante, mas por algo intermediário entre
um e outro”;
• Resp. 1.308.719 – “a perda de uma chance implica um novo critério de mensuração
do dano causado, já que o objeto da reparação é a perda da possibilidade de obter um
ganho como provável, sendo necessário fazer a distinção entre o resultado perdido e a
possibilidade de consegui-lo. A chance de vitória terá sempre valor menor que a vitória
futura, o que refletirá no montante da indenização. Essa teoria tem sido admitida não
só no âmbito das relações privadas sentido estrito, mas também em sede de respon-
sabilidade civil do Estado. Isso porque, embora haja delineamentos específicos no que
tange à interpretação do art. 37, 6º, CF, é certo que o ente público também está obrigado
à reparação quando, por sua conduta ou omissão, provoca a perda de uma chance do
cidadão de gozar de determinado benefício.”
• Resp. 1.291.247;
• Resp. 1.757.936 – Reality Show;
• Resp. 1.662.338 – erro médico;

Ufa, responsabilidade civil está perfeitinha na mente...


Mas nossa aula não acabou, agora a hora da recordação...

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RESUMO
Amores, hoje conversamos responsabilidade civil e, para fechar com chave de ouro, fala-
mos dos seguintes temas:
Quando os fatos passam a ter repercussão jurídica/consequência jurídica são chamados
de fatos jurídicos – exemplo: Maria está dirigindo o seu carro: fato; se ela bate o carro: fato
jurídico (houve uma consequência jurídica).
O fato jurídico pode depender ou não da vontade humana para acontecer.
TUDO é um fato.
Todavia, não são todos os fatos que interessam ao Direito Civil, mas, sim, apenas aqueles
que tenham repercussão jurídica.
Não é preciso que você faça algo para que eles tenham repercussões jurídicas, pois, al-
guns fatos, pela razão de haver previsão legal, por si só, terão consequências jurídicas.
Fatos são acontecimentos da vida.
Perceba que os acontecimentos da vida ora acontecem por si sós, ora pela vontade humana.
Assim, poderemos ter o seguinte:

Observe que Fatos Jurídicos são os acontecimentos da vida que possuem consequências
jurídicas.

Por sua vez, tais fatos jurídicos podem ou não decorrer da vontade humana – caso não
decorram da vontade humana são denominados FATOS JURÍDICOS EM SENTIDO ESTRITO; do
contrário, decorrendo da vontade humana, são denominados ATOS JURÍDICOS.

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Os fatos jurídicos em sentido estrito se dividem em fatos jurídicos em sentido estrito or-
dinários ou extraordinários.

Quando falamos em fato jurídico em sentido estrito extraordinário, falamos em uma im-
previsibilidade objetiva, uma vez que não há como saber se vão ou não acontecer. Decorrem
dos casos fortuitos ou de força maior.14
Em regra, ninguém responde pelo caso fortuito ou de força maior, por serem extraordiná-
rios, não havendo vontade humana.
Quando há vontade humana, por isso, um ato, poderá ser direcionada à prática de um ato
lícito ou ilícito.

Lembre-se de que ato ilícito pode acontecer em qualquer ramo do direito, não apenas no
do Direito Civil.

14
Embora alguns autores diferenciem o caso fortuito da força maior, o Código Civil não os distingue. O STJ segue a mesma
linha. São acontecimentos imprevisíveis.

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Há o ilícito civil, o administrativo, o ilícito penal...


Responsabilidade jurídica é um termo gênero, que comporta a responsabilidade civil, cri-
minal, administrativa...
O ilícito civil é aquele em desconformidade com o ordenamento jurídico cível.
Você deve se lembrar que eu falei, lá na primeira aula, que Direito Civil é diferente de “or-
denamento jurídico cível”, já que este é um termo muito mais abrangente.

Observe que o ilícito civil pode ser, simultaneamente, um ilícito criminal, por exemplo.
Vejamos o caso de uma agressão física: há um ilícito civil, onde o sujeito vai responder
pelo dano moral, material e/ou estético. Também há um ilícito criminal, já que a integridade
física também é tutelada pelo Direito Penal.
Vale mencionar o teor do art. 935 do CC:

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais
sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.

Como consequência da prática de um ilícito civil, surge a responsabilidade civil.


Esta pode ser aquiliana ou contratual:
• RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL: surge do inadimplemento obrigacional inse-
rida em um contrato.
• RESPONSABILIDADE CIVIL AQUILIANA (lex aquilia): é uma responsabilidade pelo sim-
ples fato de viver a vida, que pode implicar em uma responsabilidade civil e decorre
do princípio romano do neminem laedere: a ninguém é dada a possibilidade de causar
prejuízo a outrem.

Quando há a incidência de responsabilidade civil, em decorrência da prática de ato ilícito


civil, surge o dever de indenização.

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Se o ilícito praticado for criminal, você responderá criminalmente, com uma pena privativa
de liberdade ou restritiva de direitos, por exemplo.

No âmbito cível, temos a obrigação de reparar danos materiais, danos morais, danos es-
téticos... 💰
Porém, para isso, é necessário que sejam atendidos alguns requisitos:15
a) Conduta humana: essa conduta deve causar um dano, mas deve ser VOLUNTÁRIA e
CONSCIENTE.
Não significa dizer que o dano deve ser causado propositalmente. Exemplo: ao observar
uma obra de arte onde consta o aviso para não tocá-la, alguém a toca e, com isso, a danifica.
Foi uma conduta voluntária e consciente, ainda que essa pessoa não tenha desejado cau-
sar o dano.
Por outro lado, se, enquanto observa uma obra de arte, uma pessoa espirra, sem saber que
um vaso de seu nariz havia estourado e, assim, danifica a obra com o sangue, ela não respon-
derá por isso, posto que a sua conduta não foi voluntária.
Houve um caso, na China, em que um pai foi com a filha pequena (3 anos) a uma conces-
sionária da AUDI e distraiu-se por um momento, conhecendo os veículos.
Foi, então, surpreendido pela notícia de que sua filha havia feito diversos arranhões, com
uma pedra, nas portas de vários carros do local, no formato de desenhos infantis. Embora
sejam carros caríssimos, houve um dano. É o fenômeno da responsabilidade civil.16
Se fosse seu filho ou filha? Rsrsrsrsrs 😲

Profa. do céu, o pai tem que pagar?

No Brasil? Siiiiiiim, por força do artigo 928 do Código Civil. Socorro, Deus, né?
b) Dano: o professor Pablo Stolze diz que não existe responsabilidade civil sem dano.
Seria como um corpo sem cabeça, ou um corpo sem alma.
Porém, a modernidade trabalha com a possibilidade de alguns danos diferenciados,
como a teoria da perda de uma chance, teoria da perda do tempo útil, danos existenciais,
danos sociais...
De qualquer forma, a conduta humana DEVE causar um dano e ele deve ser EFETIVO.

15
Posteriormente, veremos mais detalhadamente o tema da responsabilidade civil, mas, quando for esse momento, você
deverá lembrar dessas lições introdutórias.
16
https://revistaautoesporte.globo.com/Noticias/noticia/2019/12/menina-de-tres-anos-risca-10-carros-novos-em-conces-
sionaria-da-audi.html

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c) Nexo causal: é a ligação entre o dano e a conduta humana e, em regra, deve ser direto,
mas existem outras teorias, que serão analisadas na aula de responsabilidade civil.
O nexo causal é a ligação entre a conduta e o dano, que deve ser verificado, para que ocorra
a reparação ou indenização.
d) Culpa: Deve ser verificada em alguns casos.
Se você tem uma conduta humana, o dano e o nexo causal, a responsabilidade será
OBJETIVA. Mas, se você tiver, além desses três elementos, a CULPA, a responsabilidade
será SUBJETIVA.
É importante falar sobre isso, uma vez que a teoria geral dos fatos é universal, ou seja, se
aplica a tudo, até mesmo para um “sim” em um casamento.
Na responsabilidade civil, culpa e dolo são abrangidos pela “culpa”. Isto porque, fala-se
em “culpa” em sentido amplo, não havendo diferenciação entre eles, como há no Direito Penal.
Assim, quando falamos em “culpa”, pode ser a culpa strictu sensu ou o dolo.
A responsabilidade objetiva pode decorrer de uma previsão legal – como, por exemplo, o
art. 932, CC, que fala da responsabilidade civil indireta por ato de terceiro, ou quando a ativi-
dade desempenhada for de risco – como a atividade bancária ou de administração, por isso,
no Direito Administrativo, temos a responsabilidade objetiva.
Apesar de dedicar um estudo que deve ser mais adiante aprofundado, importante obser-
var, agora, que a responsabilidade civil tem três pilares categóricos: arts. 186 (responsabili-
dade subjetiva), 187 (responsabilidade objetiva) e 927 do CC.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifesta-
mente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Este último refere-se à teoria do abuso do direito e quando falamos em “abuso do direito”,
significa que a pessoa tem um direito, mas comete um excesso ao exercê-lo.
Assim via de regra, a responsabilidade civil, nasce dos ilícitos, mas uma conduta lícita
também pode gerar dano, por exemplo: João pode construir uma casa, mas para ele cons-
truir a casa é preciso fazer a fundação, a perfuração do solo com maquinário e, se, na opor-
tunidade da perfuração ele causa uma rachadura na casa do lado ocorre o dano e, assim,
dever de indenizar.
Assim, o que causa a responsabilidade civil?

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Descumprimento de obrigação, desobediência de regra, não observância de preceito nor-


mativo que regula a vida, exemplo: se uma pessoa vai no restaurante e a comida faz essa
pessoa passar mal, ela tem um problema de responsabilidade civil; se uma pessoa faz uma
cirurgia plástica e dá errado tem responsabilidade civil; toda atividade humana tem respon-
sabilidade civil.
Veja que podemos ter duas modalidades de responsabilidade civil:
• CONTRATUAL – obrigacional/contratual – quando as partes deixam de cumprir as
obrigações decorrentes de contratos. Aplicamos aqui as regras de inadimplemento
obrigacional.
• EXTRACONTRATUAL (decorre do fato de viver a vida) – também chamada de aquiliana;
Ex.: o filho que agride o colega na escola, o cachorro que morde/mata uma pessoa...

Nosso querido Pablo Stolze define que “Responsabilidade, para o Direito, nada mais é,
portanto, que uma obrigação derivada — um dever jurídico sucessivo — de assumir as conse-
quências jurídicas de um fato, consequências essas que podem variar (reparação dos danos
e/ou punição pessoal do agente lesionante) de acordo com os interesses lesados.”17
Nas lições do professor Flávio Tartuce18 temos que:
a) Responsabilidade civil contratual ou negocial – nos casos de inadimplemento de uma
obrigação, o que está fundado nos artigos 389, 390 e 391 do atual Código Civil. Como visto no
capítulo anterior desta obra, o art. 389 trata do descumprimento da obrigação positiva (dar e
fazer). O art. 390, do descumprimento da obrigação negativa (não fazer). O art. 391 do atual
Código Privado consagra o princípio da responsabilidade patrimonial, prevendo que pelo ina-
dimplemento de uma obrigação respondem todos os bens do devedor. Repise-se, mais uma
vez, que apesar da literalidade do último comando, deve ser feita a ressalva de que alguns bens
estão protegidos pela impenhorabilidade, caso daqueles descritos no art. 833 do CPC/2015.
Cite-se o exemplo contemporâneo do bem de família, inclusive de pessoa solteira (Súmula n.
364 do STJ).
b) Responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana – pelo Código Civil de 1916 estava
fundada no ato ilícito (art. 159). No Código Civil de 2002 está baseada no ato ilícito (art. 186)
e no abuso de direito (art. 187).
Podemos mencionar, assim, que a responsabilidade civil Responsabilidade Civil possui 2
pilares de sustentação que, por sua vez são suportados pelo artigo 927 do CC.

17
Stolze, Pablo; Pamplona Filho, Rodolfo Manual de direito civil – volume único / Pablo Stolze; Rodolfo Pamplona Filho. – 4.
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
18
Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.

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As excludentes do nexo de causalidade são fatores que aniquilam a ocorrência do


nexo de causalidade, não deixando o elo entre a conduta culposa (em sentido amplo) e o
dano se materializar.
Sempre devemos analisar tais casos levando em consideração o caso concreto.
Nos casos de responsabilidade subjetiva, o nexo estará rompido sempre que houver rom-
pimento da culpa em si; já no caso de responsabilidade objetiva, as causas de rompimento
estão na própria conduta.
Sobre a questão do fortuito ou força maior temos que designar o extraordinário, ou seja,
são acontecimentos imprevisíveis, que não decorre exatamente da vontade humana dos en-
volvidos. Mas há quem defina uma pequena diferença entre esses conceitos: alguns definem
para efeitos didáticos que o fortuito = evento totalmente imprevisível decorrente do ato hu-
mano ou de evento natural; e a força maior = evento previsível, mas inevitável e irresistível
decorrente do ato humano ou de evento natural.

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PARA RECORDAR OS CASOS ESPECÍFICOS...

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É uma breve recordação de temas abordados na aula de hoje...

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QUESTÕES DE CONCURSO
Agora precisamos treinar bastante.
Aqui você vai fazer as questões sobre o tema da aula de hoje já cobradas na OAB pela FGV,
bem como questões mais antigas...
Respira e vai!!!!!
Logo após você responder, você encontrará o gabarito e o comentário.
Faça uma análise de quantas questões você acertou, se ficar abaixo de 80% de acerto,
volte e leia o material novamente e refaça as questões!
Tenha compromisso comigo, hein?!
Depois volte aqui e preencha esses dados...

Divirta-se!!!!!

001. (FGV/2019/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXIX/PRIMEIRA FASE) Márcia transita-


va pela via pública, tarde da noite, utilizando uma bicicleta que lhe fora emprestada por sua
amiga Lúcia. Em certo momento, Márcia ouviu gritos oriundos de uma rua transversal e, ao
se aproximar, verificou que um casal discutia violentamente. Ricardo, em estado de fúria e
munido de uma faca, desferia uma série de ofensas à sua esposa Janaína e a ameaçava de
agressão física.
De modo a impedir a violência iminente, Márcia colidiu com a bicicleta contra Ricardo, o que
foi suficiente para derrubá-lo e impedir a agressão, sem que ninguém saísse gravemente fe-
rido. A bicicleta, porém, sofreu uma avaria significativa, de tal modo que o reparo seria mais
caro do que adquirir uma nova, de modelo semelhante.
De acordo com o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
a) Lúcia não poderá ser indenizada pelo dano material causado à bicicleta.

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b) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta, mas
não terá qualquer direito de regresso.
c) Apenas Ricardo poderá ser obrigado a indenizar Lúcia pelo dano material causado à
bicicleta.
d) Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta e terá
direito de regresso em face de Janaína.

Gente, falamos dessa questão em meio às anotações dessa aula, lembram?

Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpa-
dos do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá
o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano
(art. 188, inciso I).
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

Márcia poderá ser obrigada a indenizar Lúcia pelo dano material causado à bicicleta e terá
direito de regresso em face de Janaína, posto que o dano foi causado para salvamento dela.
Letra d.

002. (FGV/2018/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXVII/PRIMEIRA FASE) Ao visitar a pá-


gina de Internet de uma rede social, Samuel deparou-se com uma publicação, feita por Rafael,
que dirigia uma série de ofensas graves contra ele.
Imediatamente, Samuel entrou em contato com o provedor de aplicações responsável pela
rede social, solicitando que o conteúdo fosse retirado, mas o provedor quedou-se inerte por
três meses, sequer respondendo ao pedido. Decorrido esse tempo, o próprio Rafael optou por
retirar, espontaneamente, a publicação. Samuel decidiu, então, ajuizar ação indenizatória por
danos morais em face de Rafael e do provedor.
Sobre a hipótese narrada, de acordo com a legislação civil brasileira, assinale a afirmati-
va correta.
a) Rafael e o provedor podem ser responsabilizados solidariamente pelos danos causados a
Samuel enquanto o conteúdo não foi retirado.
b) O provedor não poderá ser obrigado a indenizar Samuel quanto ao fato de não ter retirado o
conteúdo, tendo em vista não ter havido determinação judicial para que realizasse a retirada.
c) Rafael não responderá pelo dever de indenizar, pois a difusão do conteúdo lesivo se deu por
fato exclusivo de terceiro, isto é, do provedor.

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d) Rafael não responderá pelo dever de indenizar, pois o fato de Samuel não ter solicitado di-
retamente a ele a retirada da publicação configura fato exclusivo da vítima.

Essa questão é bacana para lembrarmos sobre o Marco Civil da Internet de acordo com as
disposições da Lei n. 12.965/2014:

Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de
aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de
conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para,
no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o
conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário.

Aproveito a oportunidade para colacionar aqui julgado do STJ sobre tema correlacionado:
É ilegal a aplicação de astreintes, por descumprimento de decisão judicial de quebra de
sigilo de dados, em virtude da impossibilidade técnica pelo emprego de criptografia de
ponta a ponta. – RMS 60.531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min. Ribeiro Dantas,
Terceira Seção, por maioria, julgado em 09/12/2020, DJe 17/12/2020

Letra b.

003. (FGV/2018/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXV/PRIMEIRA FASE) Marcos caminha-


va na rua em frente ao Edifício Roma quando, da janela de um dos apartamentos da frente
do edifício, caiu uma torradeira elétrica, que o atingiu quando passava. Marcos sofreu fratura
do braço direito, que foi diretamente atingido pelo objeto, e permaneceu seis semanas com o
membro imobilizado, impossibilitado de trabalhar, até se recuperar plenamente do acidente.
À luz do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
a) O condomínio do Edifício Roma poderá vir a ser responsabilizado pelos danos causados a
Marcos, com base na teoria da causalidade alternativa.
b) Marcos apenas poderá cobrar indenização por danos materiais e morais do morador do
apartamento do qual caiu o objeto, tendo que comprovar tal fato.
c) Marcos não poderá cobrar nenhuma indenização a título de danos materiais pelo acidente
sofrido, pois não permaneceu com nenhuma incapacidade permanente.
d) Caso Marcos consiga identificar de qual janela caiu o objeto, o respectivo morador poderá
alegar ausência de culpa ou dolo para se eximir de pagar qualquer indenização a ele.

Essa questão você não tem o menor direito de errar...

Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que
dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.

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Enunciado n. 557 da VI Jornada de Direito Civil: Nos termos do art. 938 do CC, se a coisa
cair ou for lançada de condomínio edilício, não sendo possível identificar de qual unidade,
responderá o condomínio, assegurado o direito de regresso.

Letra a.

004. (FGV/2018/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXV/PRIMEIRA FASE) João, empresário


individual, é titular de um estabelecimento comercial que funciona em loja alugada em um
shopping-center movimentado. No estabelecimento, trabalham o próprio João, como gerente,
sua esposa, como caixa, e Márcia, uma funcionária contratada para atuar como vendedora.
Certo dia, Miguel, um fornecedor de produtos da loja, quando da entrega de uma encomenda
feita por João, foi recebido por Márcia e sentiu-se ofendido por comentários preconceituosos
e discriminatórios realizados pela vendedora. Assim, Miguel ingressou com ação indenizató-
ria por danos morais em face de João.
A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
a) João não deve responder pelo dano moral, uma vez que não foi causado direta e imediata-
mente por conduta sua.
b) João pode responder apenas pelo dano moral, caso reste comprovada sua culpa in vigilan-
do em relação à conduta de Márcia.
c) João pode responder apenas por parte da compensação por danos morais diante da verifi-
cação de culpa concorrente de terceiro.
d) João deve responder pelos danos causados, não lhe assistindo alegar culpa exclusiva
de terceiro.

Ah, mas a gente também estudou esse caso, lembra?

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:


III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do tra-
balho que lhes competir, ou em razão dele;
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de
sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

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Letra d.

005. (FGV/2017/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXII/PRIMEIRA FASE) André é mo-


torista da transportadora Via Rápida Ltda. Certo dia, enquanto dirigia um ônibus da empresa,
se distraiu ao tentar se comunicar com um colega, que dirigia outro coletivo ao seu lado, e
precisou fazer uma freada brusca para evitar um acidente. Durante a manobra, Olívia, uma pas-
sageira do ônibus, sofreu uma queda no interior do veículo, fraturando o fêmur direito. Além do
abalo moral, a passageira teve despesas médicas e permaneceu por semanas sem trabalhar
para se recuperar da fratura. Olívia decide, então, ajuizar ação indenizatória pelos danos morais
e materiais sofridos. Em referência ao caso narrado, assinale a afirmativa correta.
a) Olívia deve, primeiramente, ajuizar a ação em face da transportadora, e apenas demandar An-
dré se não obtiver a reparação pretendida, pois a responsabilidade do motorista é subsidiária.
b) Olívia pode ajuizar ação em face da transportadora e de André, simultânea ou alternativa-
mente, pois ambos são solidariamente responsáveis.
c) Olívia apenas pode demandar, nesse caso, a transportadora, mas esta terá direito de regres-
so em face de André, se for condenada ao dever de indenizar.
d) André e a transportadora são solidariamente responsáveis e podem ser demandados direta-
mente por Olívia, mas aquele que vier a pagar a indenização não terá regresso em face do outro.

Gente, também falamos dessa questão...

Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à re-
paração do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente
pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas de-
signadas no art. 932.

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Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do traba-
lho que lhes competir, ou em razão dele;
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daque-
le por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente
incapaz.

Se a responsabilidade é solidária, com efeito a demanda pode ser contra os dois ou não.

Letra b.

006. (FGV/2016/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXI/PRIMEIRA FASE) Tomás e Viní-


cius trabalham em uma empresa de assistência técnica de informática. Após diversas recla-
mações de seu chefe, Adilson, os dois funcionários decidem se vingar dele, criando um perfil
falso em seu nome, em uma rede social.
Tomás cria o referido perfil, inserindo no sistema os dados pessoais, fotografias e informações
diversas sobre Adilson. Vinícius, a seu turno, alimenta o perfil durante duas semanas com pos-
tagens ofensivas, até que os dois são descobertos por um terceiro colega, que os denúncia
ao chefe. Ofendido, Adilson ajuíza ação indenizatória por danos morais em face de Tomás
e Vinícius.
A respeito do caso narrado, assinale a afirmativa correta.
a) Tomás e Vinícius são corresponsáveis pelo dano moral sofrido por Adilson e devem respon-
der solidariamente pelo dever de indenizar.
b) Tomás e Vinícius devem responder pelo dano moral sofrido por Adilson, sendo a obrigação
de indenizar, nesse caso, fracionária, diante da pluralidade de causadores do dano.
c) Tomás e Vinícius apenas poderão responder, cada um, por metade do valor fixado a título
de indenização, pois cada um poderá alegar a culpa concorrente do outro para limitar sua res-
ponsabilidade.

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d) Adilson sofreu danos morais distintos: um causado por Tomás e outro por Vinícius, devendo,
portanto, receber duas indenizações autônomas.

Mais uma questão que aborda o artigo 942 do CC.

Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à re-
paração do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente
pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas de-
signadas no art. 932.

Assim, Tomás e Vinícius são corresponsáveis pelo dano moral sofrido por Adilson e devem
responder solidariamente pelo dever de indenizar.
Letra a.

007. (FGV/2016/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XX/PRIMEIRA FASE) Maria, trabalha-


dora autônoma, foi atropelada por um ônibus da Viação XYZ S.A. quando atravessava movi-
mentada rua da cidade, sofrendo traumatismo craniano. No caminho do hospital, Maria veio
a falecer, deixando o marido, João, e o filho, Daniel, menor impúbere, que dela dependiam
economicamente.
Sobre o caso, assinale a afirmativa correta.
a) João não poderá cobrar compensação por danos morais, em nome próprio, da Viação XYZ
S.A., porque o dano direto e imediato foi causado exclusivamente a Maria.
b) Ainda que reste comprovado que Maria atravessou a rua fora da faixa e com o sinal de pe-
destres fechado, tal fato em nada influenciará a responsabilidade da Viação XYZ S.A..
c) João poderá cobrar pensão alimentícia apenas em nome de Daniel, por se tratar de pes-
soa incapaz.
d) Daniel poderá cobrar pensão alimentícia da Viação XYZ S.A., ainda que não reste comprova-
do que Maria exercia atividade laborativa, se preenchido o critério da necessidade.

Primeiro devemos observar que é possível pleitear em nome próprio por parte de João, con-
forme artigo 12 do CC – Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da
personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.

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Em segundo, se ficar comprovado que Maria deu causa ao acidente, aplicaremos o artigo 945.
Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Em terceiro, observamos o artigo 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem
excluir outras reparações:
II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a
duração provável da vida da vítima.
Assim, Daniel cobrará os alimentos, sendo representado por seu pai.
Por fim, o item d está de acordo com orientação do STJ – O fato de a vítima não exercer ativida-
de remunerada não nos autoriza concluir que, por isso, não contribuía ela com a manutenção
do lar, haja vista que os trabalhos domésticos prestados no dia a dia podem ser mensurados
economicamente, gerando reflexos patrimoniais imediatos. (REsp 402443)
Letra d.

008. (FGV/2015/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XVI/PRIMEIRA FASE) Daniel, morador


do Condomínio Raio de Luz, após consultar a convenção do condomínio e constatar a permis-
são de animais de estimação, realizou um sonho antigo e adquiriu um cachorro da raça Bea-
gle. Ocorre que o animal, muito travesso, precisou dos serviços de um adestrador, pois estava
destruindo móveis e sapatos do dono. Assim, Daniel contratou Cleber, adestrador renomado,
para um pacote de seis meses de sessões. Findo o período do treinamento, Daniel, satisfeito
com o resultado, resolve levar o cachorro para se exercitar na área de lazer do condomínio e,
encontrando-a vazia, solta a coleira e a guia para que o Beagle possa correr livremente. Mi-
nutos depois, a moradora Diana, com 80 (oitenta) anos de idade, chega à área de lazer com
seu neto Theo. Ao percebe presença da octogenária, o cachorro pula em suas pernas, Diana
perde o equilíbrio, cai e fratura o fêmur. Diana pretende ser indenizada pelos danos materiais
e compensada pelos danos estéticos.
Com base no caso narrado, assinale a opção correta.
a) Há responsabilidade civil valorada pelo critério subjetivo e solidária de Daniel e Cleber,
aquele por culpa na vigilância do animal e este por imperícia no adestramento do Beagle, pelo
fato de não evitarem que o cachorro avançasse em terceiros.
b) Há responsabilidade civil valorada pelo critério objetivo e extracontratual de Daniel, haven-
do obrigação de indenizar e compensar os danos causados, haja vista a ausência de prova
de alguma das causas legais excludentes do nexo causal, quais sejam, força maior ou culpa
exclusiva da vítima.
c) Não há responsabilidade civil de Daniel valorada pelo critério subjetivo, em razão da ocorrên-
cia de força maior, isto é, da chegada inesperada da moradora Diana, caracterizando a inevita-
bilidade do ocorrido, com rompimento do nexo de causalidade.

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d) Há responsabilidade valorada pelo critério subjetivo e contratual apenas de Daniel em rela-


ção aos danos sofridos por Diana; subjetiva, em razão da evidente culpa na custódia do animal;
e contratual, por serem ambos moradores do Condomínio Raio de Luz.

Questão básica e sem discussão, né?

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos es-
pecificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da
vítima ou força maior.

Letra b.

009. (FGV/2014/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XV/PRIMEIRA FASE) Devido à indicação


de luz vermelha do sinal de trânsito, Ricardo parou seu veículo pouco antes da faixa de pedes-
tres. Sandro, que vinha logo atrás de Ricardo, também parou, guardando razoável distância
entre eles. Entretanto, Tatiana, que trafegava na mesma faixa de rolamento, mais atrás, dis-
traiu-se ao redigir mensagem no celular enquanto conduzia seu veículo, vindo a colidir com o
veículo de Sandro, o qual, em seguida, atingiu o carro de Ricardo.
Diante disso, à luz das normas que disciplinam a responsabilidade civil, assinale a afirmati-
va correta.
a) Cada um arcará com seu próprio prejuízo, visto que a responsabilidade pelos danos causa-
dos deve ser repartida entre todos os envolvidos.
b) Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados ao veículo de Sandro, e este deverá inde-
nizar os prejuízos causados ao veículo de Ricardo.
c) Caberá a Tatiana indenizar os prejuízos causados aos veículos de Sandro e Ricardo.
d) Tatiana e Sandro têm o dever de indenizar Ricardo, na medida de sua culpa.

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O dano foi causado por Tatiana, logo ela indenizará a todos.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos es-
pecificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Letra c.

010. (FGV/2014/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XIII/PRIMEIRA FASE) Felipe, atrasado


para um compromisso profissional, guia seu veículo particular de passeio acima da velocida-
de permitida e, falando ao celular, desatento, não observa a sinalização de trânsito para redu-
ção da velocidade em razão da proximidade da creche Arca de Noé. Pedro, divorciado, pai de
Júlia e Bruno, com cinco e sete anos de idade respectivamente, alunos da creche, atravessava
a faixa de pedestres para buscar os filhos, quando é atropelado pelo carro de Felipe. Pedro fica
gravemente ferido e vem a falecer, em decorrência das lesões, um mês depois. Maria, mãe de
Júlia e Bruno, agora privados do sustento antes pago pelo genitor falecido, ajuíza demanda
reparatória em face de Felipe, que está sendo processado no âmbito criminal por homicídio
culposo no trânsito.
Com base no caso em questão, assinale a opção correta.
a) Felipe indenizará as despesas comprovadamente gastas com o mês de internação para
tratamento de Pedro, alimentos indenizatórios a Júlia e Bruno tendo em conta a duração
provável da vida do genitor, sem excluir outras reparações, a exemplo das despesas com se-
pultamento e luto da família.
b) Felipe deverá indenizar as despesas efetuadas com a tentativa de restabelecimento da
saúde de Pedro, sendo incabível a pretensão de alimentos para seus filhos, diante de ausência
de previsão legal.
c) Felipe fora absolvido por falta de provas do delito de trânsito na esfera criminal e, como a
responsabilidade civil e a criminal não são independentes, essa sentença fará coisa julgada
no cível, inviabilizando a pretensão reparatória proposta por Maria
d) Felipe, como a legislação civil prevê em caso de homicídio, deve arcar com as despesas do
tratamento da vítima, seu funeral, luto da família, bem como dos alimentos aos dependentes
enquanto viverem, excluindo-se quaisquer outras reparações.

Mais uma questão que aborda o artigo 948 do CC:


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Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I – no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração
provável da vida da vítima.
Letra a.

011. (FGV/2013/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XII/PRIMEIRA FASE) Pedro, dezessete


anos de idade, mora com seus pais no edifício Clareira do Bosque e, certa manhã, se desen-
tendeu com seu vizinho Manoel, dezoito anos. O desentendimento ocorreu logo após Manoel,
por equívoco do porteiro, ter recebido e lido o jornal pertencente aos pais do adolescente.
Manoel, percebido o equívoco, promoveu a imediata devolução do periódico, momento no
qual foi surpreendido com atitude inesperada de Pedro que, revoltado com o desalinho das
páginas, o agrediu com um soco no rosto, provocando a quebra de três dentes. Como Manoel
é modelo profissional, pretende ser indenizado pelos custos com implantes dentários, bem
como pelo cancelamento de sua participação em um comercial de televisão.
Tendo em conta o regramento da responsabilidade civil por fato de outrem, assinale a afirma-
tiva correta.
a) Pedro responderá solidariamente com seus pais pelos danos causados a Manoel, inclusive
com indenização pela perda de uma chance, decorrente do cancelamento da participação da
vítima no comercial de televisão.
b) Somente os pais de Pedro terão responsabilidade objetiva pelos danos causados pelo filho,
mas detêm o direito de reaver de Pedro, posteriormente, os danos indenizáveis a Manoel.
c) Se os pais de Pedro não dispuserem de recursos suficientes para pagar a indenização,
e Pedro tiver recursos, este responderá subsidiária e equitativamente pelos danos causa-
dos a Manoel.
d) Os pais de Pedro terão responsabilidade subjetiva pelos danos causados pelo filho a Ma-
noel, devendo, para tanto, ser comprovada a culpa in vigilando dos genitores.

A questão cobra o tema da responsabilidade civil do incapaz, prevista no artigo 928 do CC.
Observe que se os pais de Pedro não dispuserem de recursos suficientes para pagar a inde-
nização, e Pedro tiver recursos, este responderá subsidiária e equitativamente pelos danos
causados a Manoel.

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GABARITO
1. d 5. b 9. c
2. b 6. a 10. a
3. a 7. d 11. c
4. d 8. b

Terminamos nosso encontro de hoje e, com ele a parte de responsabilidade civil...


Estamos bem perto do nosso sonho, somos imparáveis!!!!!
Bj bj da profa.

Roberta Queiroz
Mestre em Direito pela Universidade Católica de Brasília, com dissertação na área de Direito Processual
Civil – Negócios Jurídicos Processais. Especialista em Direito Processual Civil, pela Universidade
do Sul de Santa Catarina, em novembro de 2009. Graduada em Direito, pela Universidade Católica de
Brasília, em dezembro de 2005. Foi professora universitária do curso de Direito da Universidade Católica
de Brasília. Docente nas disciplinas de Direito Civil e Direito Processual Civil desde 2007 para pós-
graduação, preparatório de Exame de Ordem e concursos das carreiras jurídicas. Professora de cursos
de aperfeiçoamento na advocacia em Direito Civil e Processo Civil na Escola Superior da Advocacia de
Brasília – ESA/DF. Coordenadora do curso preparatório para Exame de Ordem do Gran Cursos Online.
Advogada inscrita na OAB-DF.

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