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Da Pessoa Natural
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Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
Da Pessoa Natural
Sumário
Lisiane Brito
Apresentação. . .................................................................................................................................. 4
Da Pessoa Natural........................................................................................................................... 5
Introdução......................................................................................................................................... 5
A Pessoa Natural. . ............................................................................................................................ 5
Início da Personalidade Jurídica da Pessoa Natural.. ............................................................... 6
Teorias Explicativas do Início da Personalidade da Pessoa Natural.................................... 8
Teoria Natalista................................................................................................................................ 8
Teoria da Personalidade Formal ou Condicional. . ..................................................................... 9
Teoria Concepcionista..................................................................................................................... 9
Capacidade........................................................................................................................................ 9
Incapacidade.................................................................................................................................... 11
O Incapaz.......................................................................................................................................... 11
Incapacidade Absoluta.. ................................................................................................................. 11
Incapacidade Relativa. . .................................................................................................................. 11
Curatela.............................................................................................................................................13
O Fim da Incapacidade.................................................................................................................. 14
Emancipação................................................................................................................................... 14
Modalidades de Emancipação.. ....................................................................................................16
Fim da Pessoa Natural................................................................................................................... 17
Consequências da Morte............................................................................................................... 17
Morte Real....................................................................................................................................... 18
Presunção de Morte...................................................................................................................... 18
Comoriência.....................................................................................................................................19
Ausência............................................................................................................................................19
Direitos de Personalidade. . .......................................................................................................... 23
Conceito........................................................................................................................................... 23
Direitos da Personalidade x Direitos Fundamentais. . ............................................................ 24
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Lisiane Brito
Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a)!
Estamos iniciando a segunda aula do nosso Curso de Direito Civil, na qual trataremos do
tema Pessoas Naturais, tópico que inaugura a Parte Geral do Código Civil, sendo regido pelos
artigos 1 a 39.
É um ponto muito importante na sua preparação para sua preparação, pois além de trazer
uma base para temas que serão estudados adiante, tem altíssima incidência em provas de
concursos públicos.
Então, aproveite ao máximo a aula e, ao final, teste seus conhecimentos por meio da reso-
lução de questões extraídas de concursos anteriores.
Um abraço e bom estudo!
Lisiane
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Lisiane Brito
DA PESSOA NATURAL
Introdução
Certamente você já se deparou alguma vez com a expressão sujeito de direitos.
Sujeito de direito é todo ente que pode, durante sua existência, participar de relações jurídi-
cas. Trata-se de um gênero, que comporta duas categorias: Sujeito de direito com personalida-
de e sujeito de direito sem personalidade.
Dentre os sujeitos de direito com personalidade civil estão as pessoas naturais, previstas
nos arts. 1º a 39 do Código Civil, das quais trataremos nessa aula e as pessoas jurídicas, pre-
vistas nos arts. 40 a 69 do Código Civil.
Dentre os sujeitos de direito sem personalidade civil podemos citar os nascituros, os con-
domínios, a massa falida, a herança, as sociedades irregulares etc.
Veja:
Tanto os sujeitos de direito com personalidade quanto os sujeitos de direitos sem personalida-
de podem figurar, em algumas situações, como partes em ações judiciais, ao que se denomina
personalidade judiciária, que nada mais é do que uma legitimação específica, que não se con-
funde com a personalidade civil.
A Pessoa Natural
Como vimos, os sujeitos de direito sem personalidade possuem apenas aptidão especí-
fica, em situações especificas, o que lhes confere certos direitos (como, por exemplo, figurar
como parte em processos judiciais) e certos deveres.
Ao nosso estudo interessa, agora, a pessoas, que são sujeitos de direitos dotados de per-
sonalidade civil própria, que nada mais é do que a aptidão genérica e abstrata para titularizar
direitos e deveres.
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Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo,
desde a concepção, os direitos do nascituro.
Exemplo: imagine que Maria está grávida de José e, no curso da gestação, João falece, deixan-
do herança.
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Pois bem, se o nascituro de Maria nascer e respirar, ele irá adquirir personalidade jurídica
e, com isso, terá aptidão para receber a herança do pai. Se essa pessoinha morrer, após nasci-
mento, sua mãe será sua herdeira.
Por outro lado, se o nascituro não chegar a nascer com vida, a situação jurídica será total-
mente diferente. Pela ordem de vocação hereditária, a herança de João caberá a seus ascen-
dentes. Maria só terá direito à herança se o falecido João não tiver ascendentes.
Percebeu a importância do momento de aquisição da personalidade jurídica da pes-
soa natural?
Vamos continuar provocando seu raciocínio jurídico, com mais um questionamento:
Para a aquisição da personalidade jurídica é necessária sobrevida, a forma humana e a
viabilidade?
A resposta é não. Basta o nascimento com vida.
Observe, agora, o esquema abaixo:
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Observação importante:
Diferentemente do que ocorre com as pessoas jurídicas, cujo registro dos atos constitu-
tivos no Registro Público competente tem natureza constitutiva (é a partir dele que surge a
personalidade jurídica), no caso das pessoas naturais as certidões de nascimento e óbito pos-
suem natureza jurídica declaratória, pois apenas declaram esses fatos jurídicos.
Nesse ponto alguém poderia perguntar:
Professora, então quer dizer que até um segundo antes de respirar o bebê não é uma pes-
soa, mesmo que já esteja fora do útero materno?
Sim, mas essa questão já foi objeto de várias discussões, dando origem a diferentes teorias.
Vejamos, dentre as principais teorias, qual a adotada pelo nosso Código Civil.
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, des-
de a concepção, os direitos do nascituro.
Sabendo-se que nascituro é aquele que foi concebido, mas ainda não nasceu, pergunta-
-se: Se a lei põe a salvo os direitos do nascituro, desde sua concepção, então ele não seria
uma pessoa?
Para solucionar esse importante questionamento, foram desenvolvidas três teorias:
Teoria Natalista
A personalidade jurídica começa com o nascimento com vida. Logo, o nascituro não é uma
pessoa e, diante disso, não tem direitos, mas mera expectativa de direitos.
Dentre os doutrinadores brasileiros que adotam a teoria natalista estão Sílvio Rodrigues,
Caio Mário da Silva Pereira, San Tiago Dantas e Sílvio de Salvo Venosa.
Dentre os críticos mais fervorosos o professor Flávio Tartuce, para o qual essa teoria apre-
senta “uma interpretação literal e simplificada da lei, que dispõe que a personalidade jurídica
começa com o nascimento com vida, o que traz a conclusão de que o nascituro não é pessoa”.
E o autor conclui:
O grande problema da teoria natalista é que ela não consegue responder à seguinte constatação e
pergunta: se o nascituro não tem personalidade, não é pessoa; desse modo, o nascituro seria uma
coisa.
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Teoria Concepcionista
O nascituro é uma pessoa, desde a concepção, tendo seus direitos resguardados pela lei.
Podemos citar dentre os autores que defendem essa teoria Flávio Tartuce, Clóvis Bevilá-
qua, Silmara Chinellato e outros. No entanto, mesmo entre os concepcionistas há duas ver-
tentes: os mais radicais, que consideram o início da personalidade desde a concepção, e os
menos rigorosos, que entendem que a pessoa humana existe desde nidação ( 14º dia após a
concepção, momento em que o embrião se fixa na parede do útero). Isso não vai ser cobrado
na sua prova, naturalmente.
O que você precisa saber, para a prova, é: Qual a teoria adotada pelo Código Civil?
O Código Civil adota a teoria natalista.
Embora se observe uma crescente preocupação com a proteção ao nascituro, o que índica
que o ordenamento jurídico brasileiro pode estar caminhando para a adoção da teoria concep-
cionista, isso ainda não aconteceu. Portanto, para efeito de questões objetivas, deverá ser con-
siderada correta a alternativa que afirme que o Código Civil brasileiro adota a teoria natalista.
Capacidade
Agora que você já conhece as regras de personalidade, vamos entender como a lei brasi-
leira rege a capacidade.
É possível alguém ter personalidade e não ter capacidade?
Sim.
Professora, mas o art. 1º do Código Civil afirma que “toda pessoa é capaz de direitos e
deveres na ordem civil”
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A capacidade de fato, por outro lado, é o poder efetivo de exercer plenamente os atos da
vida civil. Ou seja, enquanto a capacidade de direito é a aptidão para adquirir direitos e contrair
deveres, a capacidade de fato é a aptidão para exercer direitos e deveres, por conta própria.
Quando alguém tem capacidade de direito e capacidade de fato possui capacidade plena.
Veja:
Exemplo: Maria tem 18 anos de idade e é solteira. Ela tem capacidade para o casamento civil,
mas não tem legitimidade para casar-se com seu irmão, pois a lei brasileira proíbe o casamen-
to de irmãos.
Brad é cidadão americano e tem 18 anos de idade. Ele tem capacidade, mas não tem legitimi-
dade para propor Ação Popular no Brasil, pois o titular dessa ação é apenas o cidadão brasilei-
ro, nos termos do art. 5º, LXXIII, da CF/88.
Ficou claro?
Ótimo, então vamos em frente.
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Incapacidade
Observe o esquema abaixo:
O Incapaz
Incapaz é o sujeito que tem personalidade jurídica e tem capacidade de direito, mas não
tem capacidade de fato.
Os arts. 3º e 4º do Código Civil, que sofreram alterações recentes, promovidas pelo Estatu-
to da Pessoa com Deficiência- Lei 13.146/2015- tratam das duas modalidades de incapacida-
de – incapacidade absoluta e incapacidade relativa.
Incapacidade Absoluta
De acordo com o art. 3º do Código Civil, com as alterações promovidas pela Lei 13.146/2015,
apenas o menor de dezesseis anos é absolutamente incapaz.
Vamos conferir:
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de
16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei n. 13.146, de 2015)
Incapacidade Relativa
Em sede de incapacidade, se não estivermos diante de um menor de 16 anos, trata-se de
incapacidade relativa. As hipóteses, previstas no art. 4º, são situações de limitação parcial da
capacidade.
Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela
Lei n. 13.146, de 2015)
I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV – os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada
pela Lei n. 13.146, de 2015)
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Na hipótese de a deficiência impedir a pessoa de exprimir sua vontade, poderá haver o en-
quadramento no inciso III do art. 4º, do CC, ou seja, hipótese de incapacidade relativa.
E os índios, professora?
Como você pode perceber, o parágrafo único do art. 4º do Código Civil nada dispôs sobre
os índios, deixando a disciplina para a legislação específica que, no caso, é a Lei 6.001/1973,
que instituiu o Estatuto do Índio, a qual prevê, em seu art. 7º, que os índios em geral se encon-
tram sob o regime tutelar exercido pela FUNAI. No entanto, é possível a liberação do regime
tutelar, o que pode se dar por meio de sentença judicial, após instrução sumária, da qual o MP
participa, ou por um ato da FUNAI, devidamente homologado pela autoridade judicial.
A Lei prevê os seguintes requisitos para a concessão da capacidade civil ao indígena: a)
idade mínima de 21 anos; b) conhecimento da língua portuguesa; c) habilitação para o exercí-
cio de atividade útil, na comunhão nacional; d) razoável compreensão dos usos e costumes da
comunhão nacional.
Satisfeitos os requisitos e mediante requerimento escrito do interessado, poderá ser reco-
nhecida ao índio, por declaração formal, a condição de integrado, cessando qualquer restrição
à capacidade, desde que o ato seja homologado judicialmente e inscrito no registro civil.
Feitos esses esclarecimentos, vamos em frente.
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Curatela
Esse instituto, de acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência, é medida excepcional,
que comporta algumas modalidades. A Lei prevê a curatela compartilhada, quando o juiz de-
signa mais de uma pessoa para exercê-la (CC, art. 1.775- A); a auto curatela, quando o próprio
sujeito faz o requerimento da curatela (CC, art. 1.777 c/c art. 1.768, IV) e a possibilidade de
requerimento da tomada de decisão apoiada (CC, 1.783-A).
Seguindo em frente, ainda com foco nos relativamente incapazes, surgem dois pontos que
merecem ser abordados.
Trata-se do benefício de restituição, cujas origens remontam ao antigo Direito Romano, que
permitia ao incapaz exigir de volta aquilo que houvesse pago em decorrência de negócio jurí-
dico, mesmo que o negócio tivesse sido celebrado com observância de todas as formalidades
legais, inclusive a representação.
Como você pode imaginar, esse instituto gera uma enorme insegurança jurídica, pois aque-
le que recebeu o pagamento feito por incapaz devidamente representado ou assistido poderia
ser obrigado a devolver, se o menor assim o exigisse.
Em nome da segurança jurídica, o antigo Código Civil, em seu art. 8º, trazia a vedação ex-
pressa à restitutio in integrum. O CC de 2002 não faz repetiu a proibição, mas o entendimento
que prevalece é no sentido de que o instituto é vedado.
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Vamos adiante, sempre pensando em possíveis questões de prova, versando sobre incapa-
cidade absoluta ou relativa.
Como você sabe, o pródigo é o gastador compulsivo, que está dilapidando seu patrimô-
nio. O curador, nesse caso, tem sua atuação limitada a decisões patrimoniais, não tendo in-
gerência a questões que não envolvem patrimônio. Diante disso, o pródigo não necessita da
manifestação do curador para o casamento, mas necessita da autorização para a escolha do
regime de bens.
Para concluir a análise dos aspectos gerais da tutela e curatela, vamos a algumas conside-
rações importantes:
• Curador e tutor exercem um múnus público;
• Não corre prescrição contra absolutamente incapaz (CC, art. 198, I);
• Mútuo feito a menor não pode ser reavido (CC, art. 588), salvo se ocorrer a hipótese do
art. 589;
• Pode o menor ou interdito cobrar dívida de jogo paga voluntariamente (CC, art. 814, in
fine);
• Não haverá partilha amigável se houver incapaz (CC, art. 2.015);
• Perde a proteção o menor púbere que ocultar dolosamente a idade, ao assumir obriga-
ção (CC, art. 180);
• Os incapazes podem ser responsabilizados subsidiariamente pelos atos lesivos pratica-
dos a terceiros (CPC, art. 928);
• Aos incapazes serão nomeados curadores especiais para atuação em juízo (CPC art.
72).
O Fim da Incapacidade
A regra é que ao completar dezoito anos o jovem se torna plenamente capaz, estando apto
a praticar todos os atos e negócios jurídicos. É o que prevê o Código Civil, em seu art. 5º, caput:
Art. 5 o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática
de todos os atos da vida civil.
No entanto, a capacidade civil pode ser concedida a um menor púbere, através do instituto
da emancipação, do qual passamos a tratar a partir de agora.
Emancipação
A emancipação é a aquisição da capacidade plena, antes da idade mínima prevista na lei
(dezoito anos).
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O parágrafo único do art. 5º, em seus incisos I a V, prevê três tipos de emancipação: volun-
tária, judicial e legal.
Primeiramente é importante ter em mente que a idade mínima para todas as hipóteses ali
previstas é definida na própria lei: dezesseis anos, menores de dezesseis anos são absoluta-
mente incapazes e, portanto, não podem ser emancipados.
O art. 5º, inc. I, prevê a emancipação voluntária e a emancipação judicial. A primeira depen-
de da manifestação de concordância de ambos os pais, independentemente de autorização
judicial. Se um dos pais estiver morto, o outro suprirá a falta. Em ambos os casos a concessão
deverá ser dada mediante escritura pública, lavrada em cartório de notas e devidamente regis-
trada, como prevê o art. 89 da Lei dos Registros Públicos.
Na hipótese de ambos os pais serem mortos e o menor estar sob tutela, ocorrerá a eman-
cipação judicial, por sentença, após ser ouvido o tutor.
As hipóteses de emancipação legal, arroladas nos inciso II a V do art. 5º, podem ser con-
sideradas automáticas: Casamento, colação de grau, estabelecimento civil ou comercial ou
emprego privado. Nesses casos, ocorrido o fato, o sujeito torna-se capaz.
O menor emancipado continua sendo menor, apesar de ter adquirido capacidade civil plena.
Portanto, para efeitos penais ele ainda não é imputável.
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Modalidades de Emancipação
Decorre da lei.
É automática, não necessita
de homologação judicial.
Hipóteses:
É concedida pelos pais -Casamento (ver arts.
ou por um deles, na falta 1511; 1517; 1520);
do outro. -Exercício de emprego
Concedida pelo juiz,
Tem caráter irrevogável público efetivo;
após oitiva do tutor e do
mediante instrumento -Colação de grau em
Ministério Público.
público. curso de ensino superior;
Idade mínima: 16 anos.
Independe de -Estabelecimento civil ou
homologação judicial. comercial ou existência
Idade mínima: 16 anos. de relação de emprego,
desde que, em função
deles, o menor com 16
anos completos tenha
economia própria.
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de am-
bos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art.
1.631.
Observações:
• ainda que o dispositivo faça referência a homem e mulher, é possível o casamento ho-
moafetivo;
• a união estável não gera emancipação.
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil*,
observado o disposto no art. 1.517 deste Código.
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Essa regra também se aplica ao emancipado. A pensão alimentícia continua sendo devida,
após a emancipação, a menos que o emancipado exonere o alimentante desse dever.
Vistos todos os aspectos relativos à aquisição da capacidade de fato, podemos avançar
para o nosso próximo ponto:
Consequências da Morte
A morte é um fato jurídico, cujas consequências jurídicas são:
• Abertura da sucessão (CC, art. 1787);
• Fim do casamento (CC, art. 1571, I);
• Fim do poder familiar (CC, art. 1635, I);
• Fim do dever de alimentos (CC, art. 1700);
• Término dos contratos personalíssimos;
• Extinção da punibilidade (CP, art. 107, I);
• Extinção da ação ou substituição de parte, no Processo Civil.
Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes,
nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
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Morte Real
A morte real, estuda pela tanatologia, um dos ramos da medicina legal, tem como critério
científico definidor a parada da função encefálica, conhecida como morte cerebral, conforme
dispõem as Resoluções 1480/1997 e 1826/2007, do Conselho Federal de Medicina.
A comprovação da morte real é feita por meio de atestado de óbito, que será levado a re-
gistro, no Registro Público de Pessoas naturais, sendo então extraída a certidão de óbito, que
tem natureza declaratória CC, art. 9º, I).
Presunção de Morte
Nem sempre é possível atestar a morte de uma pessoa, já que para a emissão do atestado
é necessária a existência de um corpo morto.
Diante disso, o art. 7º do Código Civil menciona as hipóteses de morte presumida, sem
decretação de ausência. O primeiro caso está relacionado a desastres naturais ou humanos, a
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exemplo do que ocorreu na Barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, quando várias pessoas
ficaram desaparecidas. A segunda hipótese refere-se a desaparecidos em campo de batalha
que, se até dois anos após o término da guerra não forem encontrados, presumem-se mortos.
O parágrafo único do art. 7º, bastante cobrado em provas, traz a seguinte redação:
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do fale-
cimento.
Repare que a lei exige uma sentença declaratória de morte presumida, proferida em pro-
cesso de justificação de óbito. A sentença e o mandado decorrente do processo de justifica-
ção serão levados a registro no Registro Civil de Pessoas Naturais.
Obs.: a Lei 9.140/1995, alterada pela Lei 10.536/2002, considera como mortos presumidos
os desaparecidos durante o regime militar, que tenham participado de atividades polí-
ticas no período de 2/09/1961 a 05/10/1988.
Comoriência
Prevista no art. 8º do Código Civil, a comoriência é a morte simultânea de duas ou mais pes-
soas, sem que se possa afirmar qual morreu primeiro. O efeito principal da comoriência é que
não há transferência de direitos sucessórios entre os comorientes (um não herda do outro).
Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum
dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Para que ocorra a comoriência não é necessário que as mortes tenham ocorrido no mes-
mo local, mas no mesmo momento. Tome por exemplo o desastre de Brumadinho, citado há
pouco. Encerradas as buscas, declara-se a morte das pessoas que desapareceram, ainda que
essas estivessem em locais distintos. Além disso, nesse caso a comoriência pode estar en-
volvida em duas situações distintas, quais sejam a morte real e a morte presumida, se um dos
corpos for encontrado e o outro não.
Ausência
À exceção das duas hipóteses previstas no art. 7º, é necessário o procedimento de ausên-
cia, para que seja presumida a morte daquele que desapareceu e, com isso, se possa abrir a
sucessão definitiva.
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Lembrando que o ausente é aquele que sumiu do domicílio, sem deixar notícias. Para que
fique caracterizada a ausência são necessários dois requisitos: não presença e não notícia.
O Código de 1916 tratava o ausente como incapaz, mas o atual CC considera que os ausen-
tes têm capacidade, onde estiverem.
Muito cuidado com o Enunciado 156, da Jornada de Direito Civil:
156 – Art. 198: Desde o termo inicial do desaparecimento, declarado em sentença, não
corre a prescrição contra o ausente
Na hipótese de ausência a morte presumida deve ser declarada por sentença, em pro-
cedimento judicial próprio, previsto nos arts. 22 a 39 do Código Civil, o qual se desenvolve
em três fases. A dinâmica protetiva envolve, inicialmente, o patrimônio e, posteriormente, os
sucessores.
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado
representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qual-
quer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar manda-
tário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem
insuficientes.
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Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais
de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1 o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes,
nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3 o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
Nesse ponto, é muito importante lembrar do disposto no art. 745, do CPC, que prevê a
publicação de editais, de dois em dois meses, pelo período de 1 ano. Essa publicação deverá
ocorrer no site do Tribunal em que corre o procedimento, bem como na plataforma de edi-
tais do CNC.
Art. 745. Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais na rede mundial de computadores, no
sítio do tribunal a que estiver vinculado e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça,
onde permanecerá por 1 (um) ano, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca,
durante 1 (um) ano, reproduzida de 2 (dois) em 2 (dois) meses, anunciando a arrecadação e cha-
mando o ausente a entrar na posse de seus bens.
§ 1º Findo o prazo previsto no edital, poderão os interessados requerer a abertura da sucessão pro-
visória, observando-se o disposto em lei.
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou
procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência
e se abra provisoriamente a sucessão.
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Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento
e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á
à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse
falecido.
§ 1º Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória,
cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2º Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois
de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arreca-
dação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.
Aparecendo os interessados, será feita uma partilha provisória, de maneira que se aguarde
o retorno do ausente, pelo período de dez anos.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta
anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
Aberta a sucessão definitiva, a propriedade plena dos bens é concedida aos herdeiros, e a
morte (presumida) do ausente é declarada. Havendo cônjuge, esse é reputado viúvo. Se não
houver herdeiros os bens passam ao domínio do Município ou do Distrito Federal, incorporan-
do-se ao domínio da União, quando situados os bens em território federal (herança jacente,
ante aos bens vagos).
Transcorridos mais de dez anos, encerra-se o processo. Se o ausente retornar, não terá
mais direito aos bens deixados.
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum
de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em
que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados
houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum in-
teressado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município
ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da
União, quando situados em território federal.
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Com isso, concluímos a análise do procedimento de ausência, que pode levar à declaração
de morte presumida.
Seguindo em frente, trataremos agora dos direitos de personalidade.
Direitos de Personalidade
O Código Civil de 2002 inovou em relação ao Código anterior, ao tratar dos direitos da per-
sonalidade, em seus arts. 11 a 21. Mas não podemos esquecer que essa proteção é prevista
na própria Constituição de 1988, que arrola os direitos fundamentais da pessoa humana. O
Título II da CF/88, sob a denominação “Dos direitos e Garantias Fundamentais”, apresenta as
prerrogativas voltadas à garantia de uma existência digna, livre e igualitária para todas as
pessoas, sem distinção de raça, credo ou origem.
A IV Jornada de Direito Civil aprovou Enunciado 274, do CJF/STJ:
Daí se conclui que, além dos direitos de personalidade arrolados no Código Civil (o rol é
meramente exemplificativo), existem outros, previstos pela Constituição.
Conceito
Professora, mas, afinal, o que são direitos da personalidade?
Para responder à pergunta, temos uma seleção de conceitos elaborados por grandes no-
mes da doutrina brasileira.
Maria Helena Diniz:
São direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física
(vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio, vivo ou morto, partes separadas do corpo
vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e
literária) e sua integridade moral (honra, recato, segredo pessoal,,profissional e doméstico, imagem,
identidade pessoal, familiar e social).
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Francisco Amaral: “Direitos da personalidade são direitos subjetivos que têm por objeto os
bens e valores essenciais da pessoa, no seu aspecto físico, moral e intelectual”.
Flávio Tartuce: “Os direitos da personalidade têm por objeto os modos de ser, físicos ou
morais, do indivíduo”.
Dos conceitos supratranscritos se deduz que os direitos da personalidade são direitos ine-
rentes à pessoa e à sua dignidade, na medida em que protegem os atributos específicos da
personalidade, assim entendida a qualidade do ente considerado pessoa.
Aqui cabe um alerta: A pessoa jurídica também possui proteção aos direitos da personali-
dade, por equiparação, nos termos do art. 52 do Código Civil.
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Trata-se de uma cláusula geral, ou seja, um conceito que não é definido de maneira aprio-
rística, por não poder ser definido em meras palavras.
A doutrina aponta três pontos específicos que identificam a dignidade da pessoa humana:
• integridade física e psíquica;
• liberdade e igualdade;
• direito ao mínimo existencial, a que o direito constitucional denomina “direito ao patri-
mônio mínimo”.
Foi exatamente o direito ao patrimônio mínimo, como um dos pontos da dignidade da pes-
soa humana, que levou o STJ a fazer uma interpretação teleológica da Lei 8.009 e editar a Sú-
mula 364, que estende a proteção do bem de família a pessoas solteiras, separadas e viúvas.
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Veja:
Súmula n. 364
O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel perten-
cente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.
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Nesse ponto, peço sua atenção para a melhor interpretação do art. 11 do Código Civil, cuja
redação é a seguinte:
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis
e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
A primeira parte desse dispositivo não gera maiores indagações, pois simplesmente indica
a possibilidade de autorização legal para a limitação a direitos da personalidade. Um exemplo
prático seria o transplante de órgãos, previsto na Lei 9.434/1997.
Vamos conferir:
Lei 9.434/1997, Art. 1º A disposição gratuita de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, em vida
ou post mortem, para fins de transplante e tratamento, é permitida na forma desta Lei.
A polêmica reside na parte final do art. 11, a qual afirma que o exercício de direito de perso-
nalidade não pode sofrer limitação voluntária.
Doutrina e jurisprudência já se posicionaram no sentido de que a limitação ao exercício
de direito da personalidade pode, sim, decorrer da manifestação de vontade do titular, seja ela
unilateral ou contratual.
Vamos conferir os Enunciados 4 e 139, das Jornadas de Direito Civil da Justiça Federal,
que fazem uma interpretação teleológica do art. 11:
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Em relação à contagem desse prazo, devemos observar que, embora o art. 189 do CC de-
termine que a contagem se inicia a partir da violação do direito, o STJ, para evitar a perda do
direito de ação, adota a tese da “actio nata”, pela qual o prazo se inicia a partir da ciência da
violação (Súmula 218).
Vamos conferir:
Código Civil
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos
prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
Com isso, concluímos o estudo das características dos direitos de personalidade e pode-
mos avançar mais um pouco.
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Ou seja, o nascituro (aquele que ainda está no útero materno) já goza da proteção aos di-
reitos da personalidade, tendo inclusive direito à reparação de danos morais!
Vamos conferir o Enunciado 1, das Jornadas de Direito Civil da Justiça Federal:
1– Art. 2º: A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que con-
cerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura.
O embrião excedentário tem algum direito? Como você sabe, embriões excedentários são
os resultantes de fertilização in vitro (FIV), que ficam congelados.
Pois bem, enquanto esses embriões permanecerem congelados eles não possuem qual-
quer direito. No entanto, a partir do momento em que forem implantados no útero materno
passam a ter reconhecidos alguns direitos.
O art. 1.597 do Código Civil determina que a presunção de paternidade se aplica embriões
excedentários.
Veja:
E o art. 1.798 do CC informa que a legitimação para suceder (ser herdeiro) aplica-se tanto
ao já nascidos quanto aos já concebidos.
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• 4. O embrião laboratorial terá direito sucessório se tiver sido concebido, quando da mor-
te do pai (CC, art. 1.798).
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar per-
das e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
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Avançando mais um pouco no tema direitos da personalidade, vamos encontrar uma ques-
tão muito atual, que diz respeito a uma possível tensão entre esses direitos e a liberdade de
expressão.
Vamos lá?
Como você sabe, a Constituição Federal assegura, nos arts. 5º, IX e 220, a livre expressão
da atividade de comunicação, bem como a manifestação do pensamento, criação, expressão
e informação.
Vamos relembrar.
Art. 5º, IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, inde-
pendentemente de censura ou licença;
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer for-
ma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informa-
ção jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V,
X, XIII e XIV.
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
Muito bem, esses dispositivos são uma garantia inestimável, sobretudo após o longo perí-
odo de censura pelo qual o Brasil passou, durante o regime militar que antecedeu a Constitui-
ção de 1988.
No entanto, dentro do enfoque da nossa disciplina, interessa saber como solucionar pos-
síveis tensões que venham a surgir, envolvendo essa liberdade de expressão e direitos da per-
sonalidade.
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Em situações como essa a solução é dada por meio do emprego da técnica da ponderação
dos interesses. O juiz, ao se deparar com uma situação concreta que envolva conflito entre
a liberdade de expressão e os direitos à intimidade, honra, imagem etc., deverá empregar a
técnica da ponderação, para chegar à conclusão sobre qual o direito que deve prevalecer, na-
quele caso.
De qualquer forma, a liberdade de expressão é a regra, como uma das bases do nosso Esta-
do democrático. No entanto, os chamados “hate speech” (manifestações de intolerância, ódio,
desprezo) não podem ser tolerados. Observa-se cada vez mais julgados condenando essas
manifestações de pensamento sem limites, que acabam por violar os direitos alheios.
Assim, quando ocorre a violação aos direitos de personalidade, surge o direito à reparação
por danos morais.
Nesse sentido, a Súmula 221 do STJ, muito cobrada em provas:
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Direito ao Esquecimento
Esse direito é uma proteção contra o sensacionalismo midiático. Não se trata de apagar
o passado ou reescrever a história e sim de uma proteção contra a superinformação da mí-
dia sensacionalista, que explora fatos da vida das pessoas, exageradamente, para angariar
audiência.
Embora o direito positivo brasileiro não tenha previsão expressa do direito ao esquecimen-
to, a jurisprudência tem cada vez mais se posicionado nesse sentido. Trata-se de um tema
atual, que tem sido objeto de debates.
Vamos conferir o Enunciado 531, das Jornadas de Direito Civil:
Enunciado n. 501
A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao
esquecimento.
Seguindo em frente, vamos tratar do direito da personalidade que é a base da nossa exis-
tência: O Direito à Vida.
A dignidade da pessoa humana reflete, inexoravelmente, a defesa da vida digna, como um
objetivo constitucionalmente assegurado.
É importante lembrar que além da proteção à vida, como direito da personalidade, a lei as-
segura o direito à integridade física, que se aplica tanto ao corpo vivo quanto ao corpo morto.
Nesse sentido, merecem destaque os arts. 13, 14 e 15, do Código Civil.
A violação à integridade do corpo vivo gera o dano estético, que pode ser verificado ainda
que não haja sequelas. Nesse sentido, o Resp 575.576/PR.
Cabe ainda observar que de acordo com a Súmula 387, do STJ, é possível a cumulação de
danos estéticos com dano moral.
Veja:
Súmula n. 387
É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no
todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente
revogado a qualquer tempo.
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E o Enunciado 227, das Jornadas de Direito Civil, apresenta a seguinte interpretação a esse
dispositivo:
Enunciado n. 277
O art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo,
com objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a manifes-
tação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares,
portanto, a aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do
potencial doador.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar
diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
A esse respeito, cabe mencionar situações que, embora não provoquem diminuição per-
manente da integridade física, podem provocar ofensa à dignidade da pessoa humana, como
ocorre com a implantação de chips em funcionários.
Transplantes
Essa questão, que guarda íntima relação com a integridade física, é tratada pela CF/88, no
art. 199, § 4º; Código Civil, arts. 13 e 14 e pela Lei 9.34/1997.
CF/88:
Art. 199, § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos,
tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta,
processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercializa-
ção
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Art. 4º A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou
outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obe-
decida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documen-
to subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte. (Redação dada pela Lei n.
10.211, de 23/03/2001).
Sendo assim, deverá prevalecer a vontade do doador, que deve se manifestar no sentido de
autorizar ou não a doação.
Caso não haja um documento que manifeste essa vontade, os familiares do morto serão
consultados.
A doação de órgãos é comunicada a uma Central de Notificação, Captação e Distribuição
de Órgãos, após a constatação da morte encefálica, comprovada por dois médicos que não
sejam integrante da equipe de retirada (Resolução 1.480/1997).
Transgenitalização
De acordo com a lição de Maria Berenice Dias, “a transgenitalização não é um processo
passageiro. A busca consiste na integração física, emocional, social, espiritual e sexual, con-
quistada com muito esforço e sacrifícios por pessoas que vivem infelizes e muitas vezes de-
pressivas quanto ao próprio sexo”.
A Resolução n. 1.955/2010, do Conselho Federal de Medicina, permite a realização da ci-
rurgia, independentemente de autorização judicial.
De acordo com os arts. 3º e 4º desse ato normativo, são requisitos para a realização da
cirurgia de transgenitalização:
Art. 3º Que a definição de transexualismo obedecerá, no mínimo, aos critérios abaixo enumerados:
1) Desconforto com o sexo anatômico natural;
2) Desejo expresso de eliminar os genitais, perder as características primárias e secundárias do
próprio sexo e ganhar as do sexo oposto;
3) Permanência desses distúrbios de forma contínua e consistente por, no mínimo, dois anos;
4) Ausência de transtornos mentais.
Art. 4º Que a seleção dos pacientes para cirurgia de transgenitalismo obedecerá a avaliação de
equipe multidisciplinar constituída por médico psiquiatra, cirurgião, endocrinologista, psicólogo e
assistente social, obedecendo os critérios a seguir definidos, após, no mínimo, dois anos de acom-
panhamento conjunto:
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1) Diagnóstico médico de transgenitalismo;
2) Maior de 21 (vinte e um) anos;
3) Ausência de características físicas inapropriadas para a cirurgia
Direito ao Nome
O direito ao nome abrange a proteção ao prenome e ao sobrenome, nos termos do art. 16,
do Código Civil. Além disso, a Lei protege o apelido e pseudônimos socialmente reconhecidos,
desde que lícitos (CC, art. 19).
Mas, que fique claro que, embora exista essa proteção legal, o nome não inclui o apelido ou
pseudônimo, mas somente o nome e sobrenome.
Vamos conferir:
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Além disso, a lei veda o emprego do nome da pessoa, por outrem, em publicações ou re-
presentações que exponham a pessoa a desprezo público, ainda quando não exista a intenção
difamatória (art. 17).
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações
que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Da mesma forma, não se pode utilizar o nome alheio em propaganda comercial, sem o
consentimento do titular. Nesse caso também não importa se havia a intenção (CC, art. 18).
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
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Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da
ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou
a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo
da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se
destinarem a fins comerciais.
Lisiane
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/2019/TJ-BA/JUIZ LEIGO) De acordo com o Código Civil, o ato de dispor do pró-
prio corpo é
a) permitido sem indicação médica, mesmo que culmine em redução permanente da integri-
dade física.
b) proibido para depois da morte se por finalidade altruística.
c) proibido na hipótese de transplante.
d) permitido para depois da morte se para fins científicos.
e) permitido em qualquer hipótese, não sendo passível de revogação.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no
todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Letra d.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Letra d.
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O início da personalidade civil das pessoas físicas ocorre com o nascimento com vida, enquan-
to o início da personalidade civil das pessoas jurídicas de direito privado ocorre com a inscri-
ção do seu ato constitutivo no respectivo registro, precedida de autorização ou aprovação do
Poder Executivo, quando necessário.
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo,
desde a concepção, os direitos do nascituro.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do
Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Certo.
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática
de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, inde-
pendentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;
II – pelo casamento;
III – pelo exercício de emprego público efetivo;
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;
V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que,
em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
Letra c.
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Quando o ofendido é falecido os seus sucessores têm o direito de exigir a reparação econômi-
ca por danos morais, nos termos do art. 12, p.u., do CC:
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas
e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Certo.
Com base no art. 8º do Código Civil. A idade não é levada em consideração, para fins de
comoriência.
Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum
dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Errado.
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Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar
diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Letra e.
Nos termos do art. 2º do Código Civil. A capacidade de direito é adquirida com o nascimento
com vida, em decorrência do início da personalidade.
b) Errada. Com base no art. 4º, III, do CC.
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Letra e.
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Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no
todo ou em parte, para depois da morte.
Certo.
Art. 14, Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Errado.
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imediatamente. Em seguida, ele se matou no mesmo local, com um disparo da arma encosta-
da na própria têmpora.
Considerando a situação hipotética apresentada e os diversos aspectos a ela relacionados,
julgue o item a seguir.
O evento caracteriza um episódio de comoriência.
Nesse caso, é possível saber quem morreu primeiro. Trata-se do fenômeno denominado pre-
moriência, que fica caracterizado a partir da análise de quem precedeu o outro na morte.
Errado.
Nesse caso, é possível saber quem morreu primeiro. Trata-se do fenômeno denominado pre-
moriência, que fica caracterizado a partir da análise de quem precedeu o outro na morte.
Errado.
Para Miguel Reale, “... personalidade é a capacidade in abstracto de ser sujeito de direitos e
obrigações, ou seja, de exercer determinadas atividades e de cumprir determinados deveres
decorrentes da convivência em sociedade”.
Certo.
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Está correta a afirmação. Sendo a pessoa humana formada por corpo, alma e intelecto, os di-
reitos da personalidade podem ser classificados de acordo com a proteção a:
• Integridade física: proteção jurídica do corpo humano, vivo ou morto, inteiro ou em par-
tes;
• Integridade psíquica/moral: tutela jurídica dos valores imateriais. Direito à honra, ima-
gem, nome etc.;
• Integridade intelectual: tutela jurídica da inteligência, criação, envolvendo os direitos
autorais.
Certo.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações
que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Errado.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Certo.
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Com fulcro no art. 11 do Código Civil. Trata-se, na verdade, da cópia literal do dispositivo legal.
Fica aqui um alerta para esse tipo de questão, pois a banca não considerou o Enunciado 4 da
JDC e sim a literalidade da lei.
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis
e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Errado.
Nos termos do art. 12, p.u., do Código Civil, c/c Enunciado 275, da IV Jornada de Direito Civil.
Vamos conferir:
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas
e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Certo.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Certo.
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GABARITO
1. d
2. d
3. C
4. c
5. C
6. E
7. e
8. e
9. a
10. e
11. C
12. E
13. C
14. E
15. E
16. C
17. C
18. E
19. C
20. E
21. C
22. C
23. a
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Lisiane Brito
Professora de Direito Administrativo, especialista em preparação para concursos públicos. Pós-graduada
em Políticas Públicas e Gestão Governamental pela UNIP. Advogada inscrita na OAB/MG desde 1997.
Graduada em direito pela Faculdade de Direito da PUC/MG. Larga experiência como docente, tendo
ministrado aulas de Direito Administrativo nos principais cursos preparatórios do país. Já participou
de bancas examinadoras e elaboração de questões para processos seletivos. Atua como advogada e
consultora de empresas na área de Licitações e Contratos.
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