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DAS PESSOAS
NATURAIS
Registro Civil de Pessoas Naturais - Parte I
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS
Registro Civil das Pessoas Naturais – Parte I
Sumário
Carlos Elias
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Registro Civil das Pessoas Naturais – Parte I
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5. Retificações.. ............................................................................................................................... 25
5.1. Fundamento.. ............................................................................................................................ 25
5.2. Retificação vs Alteração....................................................................................................... 25
5.3. Momento da Retificação....................................................................................................... 26
5.4. Procedimentos de Retificação.. ........................................................................................... 26
5.5. Questões Especiais................................................................................................................ 28
6. Restauração. . .............................................................................................................................. 30
7. Suprimentos................................................................................................................................ 30
7.1. Definição e Procedimento. . .................................................................................................... 30
7.2. Questão Especial.. ................................................................................................................... 30
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Registro Civil das Pessoas Naturais – Parte I
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2. Resumo
Amigo(a), quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os exercícios.
É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu aprofundar o conte-
údo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com as questões. De
nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familiaridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir
às questões.
O resumo desta aula é este:
a) Atribuições típicas do RCPN: atos relativos a nascimento, casamento, óbito, interdição,
emancipação e outros relacionados aos atributos da personalidade da pessoa natural.
b) Atribuições atípicas do RCPN:
b.1) prestação de serviços públicos relacionados ao exercício da cidadania, como os re-
lacionados à emissão de documentos de identidade, de passaportes ou de outros, tudo após
convênio firmado pela entidade de classe com o respectivo órgão público (art. 29, §§ 3º e 4º,
da LRP, Provimento n. 66/2018-CN/CNJ e ADI 5855).
b.2) apostilamentos de documentos públicos na forma da Resolução n. 228/2016-CNJ, do
Provimento n. 62/2017 – CN-CNJ e do Provimento n. 106/2020-CN/CNJ.
b.3) a autenticação de livros empresariais na forma do Decreto-Lei n. 486/1969, atribuição
essa que é admitida em alguns Estados, como em São Paulo, por delegação da Junta Comercial.
c) De forma primária, a disciplina do RCPN está essencialmente nos arts. 29 ao 113 da
LRP e nos arts. 9º e 10 do CC. De forma secundária, os demais dispositivos do CC, as leis ex-
travagantes que lidam com fatos jurídicos relativos aos atributos da personalidade da pessoa
natural e os atos infralegais produzidos pelo CNJ também regulam o RCPN.
d) O RCPN exerce papel importante para o exercício da cidadania e dos direitos humanos.
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e) A DNV não afasta a obrigatoriedade do registro civil, mas apenas atenua os efeitos ne-
gativos do sub-registro, viabilizando o exercício de direitos pelos indivíduos e permitindo uma
contabilização mais fiel do número de nascimentos no Brasil.
f) Há 5 livros no RCPN (art. 33, LRP): Livro “A” (Livro de Registro de Nascimento); Livro “B”
(Livro de Casamento); Livro “C” (Livro de Óbitos); Livro “C-auxiliar” (Livro de Natimortos); Livro
“D” (Livro de Proclamas); e Livro “E”.
g) Princípios do RCPN:
g.1) Princípio da veracidade ou da fé pública
g.2) Princípio da segurança jurídica
g.3) Princípio da autenticidade
g.4) Princípio da publicidade
g.5) Princípio da legalidade
g.6) Princípio da independência
g.7) Princípio da imparcialidade
g.8) Princípio da instância ou rogação
g.9) Princípio da territorialidade
g.10) Princípio da conservação
g.11) Princípio da continuidade
g.12) Princípio da verdade registral
h) Há dois procedimentos de retificação: o extrajudicial (art. 110, LRP) ou judicial (art.
109, LRP).
i) Restauração é para reconstituir um livro, um documento ou parte deles que foram perdi-
dos por qualquer motivo (incêndio, furto etc.). O Provimento n. 23/2012-CN/CNJ autoriza a res-
tauração de livros pelo juiz corregedor por requerimento do oficial ou de outros interessados.
j) O suprimento destina-se a completar um registro ou uma averbação incompleta. Asse-
melha-se à retificação no sentido de que implica um ajuste no texto do ato de registro. Para
suprimentos, é cabível o procedimento judicial de retificação supracitado previsto no art.
109 da LRP.
As atribuições típicas são as que dizem respeito aos atos de registro, de averbação e de
anotação relacionados a fatos jurídicos que digam respeito, direta ou indiretamente, aos
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Há atribuições atípicas, assim entendidas aquelas que são outorgadas ao RCPN sem rela-
ção direta ou indireta com atos de registros relativos aos atributos da personalidade da pes-
soa natural.
Temos por oportuno que o legislador se valha da estrutura capilarizada dos RCPNs para,
ao máximo, facilitar a prestação de serviços públicos relevantes à população, tudo em sintonia
com um princípio constitucional da Administração Pública: o da eficiência.
Como atribuições atípicas, catalogam-se estas:
a) prestação de serviços públicos relacionados ao exercício da cidadania, como os rela-
cionados à emissão de documentos de identidade, de passaportes ou de outros, tudo após
convênio firmado pela entidade de classe com o respectivo órgão público (art. 29, §§ 3º e 4º,
da LRP, Provimento n. 66/2018-CN/CNJ e ADI 5855).
b) apostilamentos de documentos públicos na forma da Resolução n. 228/2016-CNJ1, do
Provimento n. 62/2017 – CN-CNJ23 e do Provimento n. 106/2020-CN/CNJ4.
c) a autenticação de livros empresariais na forma do Decreto-Lei n. 486/1969, atribuição
essa que é admitida em alguns Estados, como em São Paulo, por delegação da Junta Comercial.
1
Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2299#:~:text=Regulamenta%20a%20aplica%C3%A7%-
C3%A3º%2C%20no%20%C3%A2mbito,1961%20(Conven%C3%A7%C3%A3º%20da%20Apostila).
2
CN-CNJ é abreviação de Corregedoria Nacional de Justiça da Corregedoria Nacional de Justiça.
3
Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/atos-normativos?documento=2524.
4
Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/3356.
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firmado pela entidade de classe dos Registradores Civis das Pessoas Naturais de mesma
abrangência territorial do órgão da entidade interessada.
3. O exercício de serviços remunerados pelos Ofícios de Registro Civil das Pessoas Natu-
rais, mediante celebração de convênios, depende de prévia homologação pelo Poder
Judiciário, conforme o art. 96, II, alínea “b”, e art. 236, § 1º, da CF.
4. Medida cautelar parcialmente confirmada e Ação Direta julgada parcialmente proce-
dente para conferir interpretação conforme ao § 3º do art. 29, declarar nulidade parcial
com redução de texto da expressão “independe de homologação”, constante do § 4º
do referido art. 29 da Lei 6.015/1973, na redação dada pela Lei 13.484/2017, e decla-
rar a constitucionalidade do Provimento 66/2018 da Corregedoria Nacional do Conselho
Nacional de Justiça.
(STF, ADI 5855, Tribunal Pleno, Rel. Min. Alexandre de Moraes, DJ 25/09/2019)
LRP
Art. 29. (...)
(...)
§ 3º Os ofícios do registro civil das pessoas naturais são considerados ofícios da cidadania e estão
autorizados a prestar outros serviços remunerados, na forma prevista em convênio, em credencia-
mento ou em matrícula com órgãos públicos e entidades interessadas.
§ 4º O convênio referido no § 3º deste artigo independe de homologação e será firmado pela entida-
de de classe dos registradores civis de pessoas naturais de mesma abrangência territorial do órgão
ou da entidade interessada.
Provimento n. 66/2018-CN/CNJ
Art. 1º Dispor sobre a prestação de serviços de registro civil das pessoas naturais do Brasil median-
te convênio, credenciamento e matrícula com órgãos e entidades governamentais e privadas.
Art. 2º As serventias de registro civil das pessoas naturais do Brasil poderão, mediante convênio,
credenciamento ou matrícula com órgãos públicos, prestar serviços públicos relacionados à identi-
ficação dos cidadãos, visando auxiliar a emissão de documentos pelos órgãos responsáveis.
Parágrafo único. Os serviços públicos referentes à identificação dos cidadãos são aqueles inerentes
à atividade registral que tenham por objetivo a identificação do conjunto de atributos de uma pes-
soa, tais como biometria, fotografia, cadastro de pessoa física e passaporte.
Art. 3º O convênio, credenciamento e matrícula com órgãos públicos para prestação de serviços de
registro civil das pessoas naturais em âmbito nacional dependerão da homologação da Corregedo-
ria Nacional de Justiça.
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Parágrafo único. A ANOREG-BR ou a ARPEN-BRASIL formularão pedido de homologação à Correge-
doria Nacional de Justiça via PJe.
Art. 4º O convênio, credenciamento e matrícula com órgãos públicos para prestação de serviços de
registro civil das pessoas naturais em âmbito local dependerão da homologação das corregedorias
de justiça dos Estados ou do Distrito Federal, às quais competirá:
I – realizar estudo prévio acerca da viabilidade jurídica, técnica e financeira do serviço;
II – enviar à Corregedoria Nacional de Justiça cópia do termo celebrado em caso de homologação,
para disseminação de boas práticas entre os demais entes da Federação.
Art. 5º As corregedorias de justiça dos Estados e do Distrito Federal manterão em seu site listagem
pública dos serviços prestados pelos registros civis das pessoas naturais mediante convênio, cre-
denciamento ou matrícula.
Art. 6º Este provimento entrará em vigor na data de sua publicação, permanecendo válidos os pro-
vimentos editados pelas corregedorias de justiça no que forem compatíveis.
3.4. Apostilamento
3.4.1. Noções Gerais
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gem não apenas aqueles exarados por agentes públicos, como certidões expedidas por re-
partições públicas. Alcança também aqueles documentos que, apesar de serem emitidos por
particulares, possuem fé pública por força de lei, a exemplo de diplomas de faculdades e histó-
ricos escolares emitidos por instituições privadas de ensino diante da natureza pública dessa
atividade conferida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/1996).
Nesse sentido, o parágrafo único do art. 1º do Provimento n. 62/2017 – CN-CNJ equipara a
documentos públicos “os históricos escolares, declarações de conclusão de série e diplomas
ou certificados de conclusão de cursos registrados no Brasil”.
O apostilamento é uma forma de substituir a consularização de documento público e só é
aceito nos países que aderiram à Convenção da Apostila (internalizada pelo Brasil por meio do
Decreto n. 8.660/2016)7. Como o Conselho Nacional de Justiça foi designado pelo Brasil como
a autoridade competente para cuidar do apostilamento em razão do art. 6º da Convenção da
Apostila8, esse órgão edita atos infralegais sobre o tema e capilariza a prestação desse serviço
pelo País por meio dos cartórios extrajudiciais. Os principais atos infralegais são estes: Reso-
lução n. 228/2016-CNJ9, Provimento nº 62/2017 – CN-CNJ10.
Quando, por exemplo, algum brasileiro vai fazer mestrado em uma universidade estrangei-
ra, ele precisa apresentar documentos pessoais, como a certidão de nascimento e o diploma
da graduação da pertinente universidade brasileira. Esses documentos públicos (públicos, por-
que emitidos por agentes públicos) precisam de uma consularização (ou legalização) ou de
um apostilamento.
A consularização, legalização ou chancela consultar é ato por meio do qual o Ministério
das Relações Exteriores (MRE)11 ou o consulado brasileiro atesta, no próprio documento, que
realmente o documento foi emitido por um agente público, atestando-lhe não apenas a assina-
tura mas também seu cargo e sua competência para a prática do ato. O parágrafo único do art.
1º da Resolução n. 228/2016 define a consularização como “a formalidade pela qual se atesta
a autenticidade da assinatura, da função ou do cargo exercido pelo signatário do documento e,
quando cabível, a autenticidade do selo ou do carimbo nele aposto”.
7
O CNJ disponibiliza um Manual da Apostila (2016): CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Manual da Apostila: um manual
para a operação prática da Apostila / Hague Conference on Private International Law; Coordenação: Fabrício Bittencourt da
Cruz e Fabyano Alberto Stalschmidt da Cruz; Tradução: Marcelo Conforto de Alencar Moreira, Marina Brazil Bonani, Rogério
Gonçalves de Oliveira, Thaísa Carla Melo -- Brasília: CNJ, 2016. Há também um “tira dúvidas” bem didático no site do CNJ
(https://www.cnj.jus.br/poder-judiciario/relacoes-
internacionais/apostila-da-haia/perguntas-frequentes-5/).
8
Ato de designação está neste link: https://www.hcch.net/pt/states/authorities/details3/?aid=1043.
9
Com as alterações feitas pelas Resoluções nºs 247/2018, 302/2019 e 392/2021.
10
Com as alterações feitas pelo Provimento nº 119/2021-CN/CNJ
11
A atribuição era feita pela Coordenação-Geral de Legalizações e da Rede Consular
Estrangeira (CGLEG) do MRE em Brasília ou por meio dos Escritórios de Representação do MRE nas cidades em que houver
(como Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Florianópolis etc.).
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Art. 14. O documento eletrônico apresentado à autoridade apostilante ou por ela expedido poderá
ser apostilado independentemente de impressão em papel, desde que esteja emitido em formato
compatível para upload no sistema do CNJ e assinado eletronicamente.
§ 1º A apostila eletrônica será salva em arquivo único, na sequência do documento, assinada pela
autoridade apostilante, entregue em mídia ou enviado no endereço eletrônico fornecido pelo solici-
tante.
§ 2º Para os fins estabelecidos no caput deste artigo, considera-se assinado eletronicamente:
I – o arquivo eletrônico assinado na forma do art. 10, § 1º, da Medida Provisória n. 2.200-2, de 24 de
agosto de 2001, ou legislação superveniente; ou
II – o documento que contém declaração de ter sido assinado na forma do art. 10, § 1º, da Medida
Provisória n. 2.200-2, de 24 de agosto de 2001; do art. 1º, § 2º, III, da Lei n. 11.419, de 19 de de-
zembro de 2006; ou do art. 4º da Lei n. 14.063, de 23 de setembro de 2020, cujo conteúdo pode ser
conferido na rede mundial de computadores, em site governamental.
§ 3º Nas hipóteses do § 2º, II, deste artigo, em caso de dúvida sobre a veracidade do documento
ou do sítio eletrônico de verificação, a autoridade apostilante contatará o órgão responsável pela
emissão do documento, e, permanecendo a dúvida, o apostilamento será negado.
12
Art. 4º Não será aposta apostila em documento que evidentemente consubstancie ato jurídico contrário à legislação brasileira.
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Pensamos que essa ampla informalidade deferida pelo CNJ para esse “procedimento es-
pecífico prévio” não gera prejuízo algum para o interessado, pois este pode impugnar tanto o
ato de instauração quanto o posterior ato fundamentado de recusa. O § 2º do art. 10 do Provi-
mento n. 62/2017-CN/CNJ disciplina esse procedimento de impugnação, estabelecendo que
esta deve ser endereçada ao próprio oficial e deve ser apresentada no prazo de 5 dias do ato
impugnado. O oficial, se não reconsiderar a decisão, deverá encaminhar a impugnação para a
respectiva corregedoria-geral de justiça, a qual decidirá em até 30 dias. Trata-se de um procedi-
mento administrativo específico (que se assemelha a uma espécie de “procedimento especial
de dúvida”).
3.5. Legislação
De forma primária, a disciplina do RCPN está essencialmente nos arts. 29 ao 113 da LRP e
nos arts. 9º e 10 do CC.
De forma secundária, os demais dispositivos do CC, as leis extravagantes que lidam com
fatos jurídicos relativos aos atributos da personalidade da pessoa natural e os atos infralegais
produzidos pelo CNJ também regulam o RCPN.
Chamamos a atenção para estes atos normativos do CNJ:
a) Provimento n. 13/2010-CN/CNJ (com alteração do Provimento n. 17/2012), que versa
sobre a emissão de certidão de nascimento em hospitais.
b) Provimento n. 16/2012-CN/CNJ, que trata de procedimentos relacionados ao reconhe-
cimento de paternidade;
c) Provimento n. 19/2012-CN/CNJ, que confere aos comprovadamente pobres gratuidade
de emolumentos para a averbação de paternidade;
d) Provimento n. 23/2012-CN/CNJ, que disciplina o procedimento extrajudicial de
restauração;
e) Resolução n. 155/2012-CNJ, que lida com traslado de certidões estrangeiras de assento
de nascimento, casamento ou óbito de brasileiros.
f) Provimento n. 28/2013-CN/CNJ, que disciplina o registro tardio de nascimento;
g) Provimento n. 37/2014-CN/CNJ, que autoriza o registro da escritura pública de união
estável no RCPN;
h) Provimento n. 46/2015-CN/CNJ, que cuida da Central de Informações de Registro Civil
das Pessoas Naturais (CRC).
i) Provimento n. 53/2016-CN/CNJ, que cuida de homologação de sentença estrangeira
de divórcio;
j) Provimento n. 63/2017-CN/CNJ, que, além de indicar os modelos únicos de certidões, cui-
da de reconhecimento de paternidade e maternidade socioafetivas e de reprodução assistida;
l) Provimento n. 66/2018-CN/CNJ, que trata de convênios do RCPN com instituições públi-
cas e privadas para a prestação de serviços úteis à cidadania;
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Os registros públicos cuidam de fatos jurídicos. A sua finalidade é dar-lhes suporte (art. 1º
da LNR13). É preciso, portanto, conhecer as várias espécies de fatos jurídicos lato sensu (fato
jurídico stricto sensu, atos jurídicos lato sensu e ato-fato). São eles que são noticiados nos
registros públicos.
O registro civil é essencial para o exercício da cidadania e de direitos humanos. Há normas
internacionais reforçando isso, como o art. 24, § 2º, do Pacto Internacional dos Direito Civis e
Políticos de 1966 (“Toda criança deverá ser registrada imediatamente após seu nascimento e
deverá receber um nome”) e o art. 7º da Convenção Internacional para os Direitos da Criança
(“A criança será registrada imediatamente após seu nascimento”).
Nesse sentido, o art. 5º, LXXVI, da CF assegura gratuidade aos pobres para o registro civil
do nascimento e para a obtenção da certidão de óbito. O art. 30 da LRP amplia a gratuidade,
assegurando a gratuidade a qualquer pessoa para o registro civil do nascimento e do óbito e
para a obtenção da primeira certidão respectiva. Para os demais atos do RCPN, os pobres pos-
suem direito à gratuidade mediante declaração de pobreza (art. 30, §§ 1º ao 3º, LRP). A LRP é
rigorosa contra o oficial que não observar essa gratuidade, impondo-lhe, no caso de reincidên-
cia, a perda da delegação (art. 30, §§ 3º-B, LRP).
Também é garantida gratuidade para os atos de reconhecimento de paternidade a quem
for declaradamente pobre, conforme interpretação extensiva dada pelo Provimento n. 19 da
Corregedoria Nacional de Justiça (do CNJ) dos arts. 5º, LXXVI, da CF e art. 45, §§ 1º e 2º,
da Lei n. 8.935/1994. Em suma, o CNJ entendeu que o reconhecimento de paternidade se
insere no contexto da gratuidade dada aos comprovadamente pobres para o registro civil de
nascimento.
13
Lei de Notários e Registradores (Lei n. 8.935/1994).
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O RCPN exerce papel importante nas políticas públicas por viabilizar dados estatísticos re-
levantes. Além de serem obrigados a atenderem a pedidos específicos de certidões, os oficiais
são obrigados a fornecer, periódica e gratuitamente, várias informações ao Poder Público.
Citam-se os seguintes casos a título ilustrativo com a lembrança de haver normas estadu-
ais e infralegais alargando esse rol de comunicações obrigatórias14:
a) Art. 49, LRP: envio trimestral ao IBGE de um mapa com os nascimentos, casamentos e
óbitos ocorridos a fim de permitir levantamento de dados estatísticos. O IBGE fornece o mapa
a ser preenchido pelos RCPNs.
b) Art. 68, Lei n. 8.212/91: envio mensal ao INSS dos óbitos registrados, a fim de permitir
cancelamento de benefícios previdenciários.
c) Art. 71, § 3º, do Código Eleitoral: envio mensal ao juiz da zona eleitoral do RCPN dos óbi-
tos de cidadãos alistáveis, a fim de permitir cancelamento de inscrições de eleitores mortos.
d) Art. 46 da Lei n. 6.815/1980: envio mensal ao Ministério da Justiça de cópia dos casa-
mentos e dos óbitos de estrangeiros.
e) Art. 66, “d” e parágrafo único, da Lei n. 4.375/1964: envio ao Ministério da Defesa de
óbitos de cidadãos do sexo masculino entre 17 e 45 anos.
f) Art. 4º, § 3º, da Resolução Conjunta n. 3, de 18 de abril de 2012, do CNJ e do CNM e nor-
mas de Serviços de Corregedorias: envio de comunicação de registro de indígenas à FUNAI.
g) Art. 1º do Provimento n. 104/2020-CN/CNJ: os RCPNs têm de, em até 48 horas do rece-
bimento da solicitação, encaminhar gratuitamente os dados registrais de pessoas em vulne-
rabilidade socioeconômica para os Institutos de Identificação local para os fins exclusivos de
emissão de carteira de identidade. Esse envio pode ocorrer diretamente ou por meio da CRC.
O objetivo desse envio é facilitar a obtenção de carteira de identidade por pessoas vulneráveis
socioeconomicamente, como moradores de rua, imigrantes sem identidade nacional, pesso-
as beneficiárias de programas sociais do governo e outras indicadas no art. 2º do referido
provimento.
Há outras normas infralegais prevendo comunicações obrigatórias. A criação de um siste-
ma nacional e único de dados acabaria com essa profusão de comunicações. Esse é o objetivo
do Sistema Nacional de Informações de Registro Civil (Sirc), que tem de ser alimentado pelos
oficiais de RCPN diariamente (se viável) e que tem fundamento no Decreto n. 8.270/2014 e
nos arts. 37 e 39 da Lei n. 11.977/2009 (que impõe a criação de sistema de registro eletrônico
pelas serventias de registros públicos). O Sirc é comandado pelo Poder Executivo.
14
A título ilustrativo, há dever de comunicação de óbito para os órgãos fazendários de São Paulo e de Minas Gerais para evitar
fraudes no recolhimento do ITCD (Lei SP n. 10.705/2000 e Lei MG n. 14.941/2003). Em Brasília, o art. 254 do Provimento
Geral da CGJ do Distrito Federal (PGCGJ-DF) determina a comunicação ao Ministério da Justiça e às repartições consulares
de casamento e óbito de estrangeiros”.
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Registro Civil das Pessoas Naturais – Parte I
Carlos Elias
Em princípio, os RCPNs teriam de abastecer diretamente o SIRC, mas eles costumam abas-
tecer a CRC Nacional (Central Nacional de Informações do Registro Civil), que é uma central
mantida pela ARPEN-Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais). A
CRC Nacional, por sua vez, redireciona as informações para o Sirc. O Provimento n. 46/2015-
CN/CNJ trata da CRC.
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Carlos Elias
g) permite que o RCPN exija reconhecimento de firma nas comunicações que lhe for dirigida;
h) reitera o direito à percepção de emolumentos, tema que também é tratado na Lei de Emolumentos
(Lei n. 10.169/2000), nas leis estaduais (que fixam os valores) e nas normas infralegais produzidas
pelos respectivos Tribunais; e
i) reveste o substituto legal da competência de praticar atos de interesse do oficial ou de paren-
te dele.
a) vedam que, sem ordem judicial, sejam retirados da serventia os livros ou as fichas que o substitu-
am, de modo que toda consulta deverá ser feita na própria serventia;
b) impõe ao oficial a responsabilidade pela ordem e conservação dos livros e documentos, bem
como pela utilização de métodos de organização que facilitem as buscas;
c) faculta a utilização de microfilmagem e outros meios de reprodução autorizadas em lei;
d) fixa que, enquanto não houver instalação de novo cartório criado, os atos continuarão sendo pra-
ticados no antigo;
e) estabelece que, no caso de desmembramento, “o arquivo do antigo cartório continuará a perten-
cer-lhe”, de modo que o novo cartório criará os seus próprios livros e documentos com base em
certidões expedidas pela antiga serventia.
O fato de o título para registro ser uma ordem judicial não impede o interessado de pagar
os emolumentos, salvo lei específica ou dispensa expressa no mandado judicial. O art. 13, §
2º, da LRP confirma isso ao atribuir ao interessado o custeio dos emolumentos devidos para o
registro da emancipação concedida por sentença.
15
O livro “E” é previsto no parágrafo único do art. 33 da LRP. Esse dispositivo foi “confirmado” pela Lei nº 14.382/2022. Dize-
mos “confirmado”, porque, na verdade, esse dispositivo existe desde o nascimento da LRP, mas, com o advento da Lei nº
6.216/1975, passou a haver uma controvérsia sobre a sua revogação ou não. O fato é que, apesar dessa controvérsia, era
pacífica a existência do Livro “E” no RCPN mesmo antes da Lei nº 14.382/2022. Veja o inteiro teor do art. 33 da LRP:
Art. 33 Haverá, em cada cartório, os seguintes livros, todos com 300 (trezentas) folhas cada um:
I – “A” – de registro de nascimento;
II – “B” – de registro de casamento;
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No Livro “E”, são registrados outros fatos jurídicos, diversos dos abrangidos pelos livros
acima. Aí se incluem, por exemplo, a emancipação, a interdição e a ausência, além da opção
de nacionalidade (art. 29, VII, LRP e art. 2º da Lei n. 818/1949) e do traslado de assentos de
nascimento, casamento e óbito de brasileiros lavrados em cartórios estrangeiros (art. 32, LRP).
Além desses atos expressamente previstos na LRP, há outros atos que são lançados no Li-
vro “E” por força das normas infralegais, como as escrituras públicas de união estável a pedido
do interessado Provimento n. 37/2014-CN/CNJ.
Há ainda casos em que há divergências entre os vários Estados quanto ao livro adequado
para o ingresso da tutela e da morte presumida no RCPN. Em alguns Estados, é eleito o Livro
“E”; em outros, é escolhido o livro “C” para o registro da morte presumida e é determinada a
averbação da tutela no assento de nascimento.
Nem todos os RCPNs possuem um livro “E”, mas apenas o 1º Ofício ou os ofícios da 1ª
subdivisão judiciária. A opção do legislador de concentrar o registro de determinados fatos
jurídicos no 1º Ofício, especificamente no livro “E”, facilita o controle e as buscas relativas a
esses atos.
Os arts. 33 ao 45 da LRP dão regras específicas de escrituração, vedando, por exemplo,
redações com emprego de algarismos, determinando a divisão do livro de registros em três
colunas (uma para o número de ordem, outra para o assento e outra para notas, averbações e
retificações).
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Ampliou também meios de atendimento remotos, admitindo, por exemplo, envio eletrônico
(por e-mail, por exemplo) de documentos para a prática de atos como o registro de nascimento
ou de óbito, tudo conforme os atos infralegais supracitados.
Em futuras pandemias ou em situações extraordinárias similares que impliquem restrições
de circulação de pessoas (como em guerras), providências similares precisariam ser adotadas.
4. Princípios do RCPN
Além dos princípios gerais da Administração Pública, como imparcialidade, eficiência etc.,
há alguns princípios que são aplicados aos RCPN e que são extraídos do art. 236 da CF, da LRP
e da Lei 8.935/1994 (Lei de Notários e Registradores – LNR).
Os atos de registro são, em regra, públicos e acessíveis por qualquer pessoa, salvo ex-
ceção legal.
Logo, qualquer pessoa pode pedir certidões ao registro público de modo imotivado. O art.
17, parágrafo único, da LRP admite comunicação com os registros públicos por meio da in-
ternet, desde que haja assinatura eletrônica nos termos do ICP-Brasil. O art. 17 da LRP chega
a estabelecer, como regra, que podem ser imotivados os pedidos de certidões nos registros
públicos e que eles não dependem de prévia ordem judicial. Há, porém, exceções legais de
sigilos, casos em que a expedição de certidão fica condicionada a prévia ordem judicial. Estas
são as principais exceções:
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Art. 16. Os oficiais e os encarregados das repartições em que se façam os registros são obrigados:
1º a lavrar certidão do que lhes for requerido;
2º a fornecer às partes as informações solicitadas.
Art. 17. Qualquer pessoa pode requerer certidão do registro sem informar ao oficial ou ao funcioná-
rio o motivo ou interesse do pedido.
Parágrafo único. O acesso ou envio de informações aos registros públicos, quando forem realizados
por meio da rede mundial de computadores (internet) deverão ser assinados com uso de certificado
digital, que atenderá os requisitos da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP.
Art. 18. Ressalvado o disposto nos arts. 45, 57, § 7º, e 95, parágrafo único, a certidão será lavrada
independentemente de despacho judicial, devendo mencionar o livro de registro ou o documento
arquivado no cartório.
Art. 19. A certidão será lavrada em inteiro teor, em resumo, ou em relatório, conforme quesitos, e
devidamente autenticada pelo oficial ou seus substitutos legais, não podendo ser retardada por
mais de 5 (cinco) dias.
§ 1º A certidão, de inteiro teor, poderá ser extraída por meio datilográfico ou reprográfico.
§ 2º As certidões do Registro Civil das Pessoas Naturais mencionarão, sempre, a data em que foi
Iavrado o assento e serão manuscritas ou datilografadas e, no caso de adoção de papéis impressos,
os claros serão preenchidos também em manuscrito ou datilografados.
§ 3º Nas certidões de registro civil, não se mencionará a circunstância de ser legítima, ou não, a
filiação, salvo a requerimento do próprio interessado, ou em virtude de determinação judicial.
§ 4º As certidões de nascimento mencionarão a data em que foi feito o assento, a data, por extenso,
do nascimento e, ainda, expressamente, a naturalidade.
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§ 5º As certidões extraídas dos registros públicos deverão ser fornecidas em papel e mediante es-
crita que permitam a sua reprodução por fotocópia, ou outro processo equivalente.
Art. 20. No caso de recusa ou retardamento na expedição da certidão, o interessado poderá recla-
mar à autoridade competente, que aplicará, se for o caso, a pena disciplinar cabível.
Parágrafo único. Para a verificação do retardamento, o oficial, logo que receber alguma petição,
fornecerá à parte uma nota de entrega devidamente autenticada.
Art. 21. Sempre que houver qualquer alteração posterior ao ato cuja certidão é pedida, deve o Oficial
mencioná-la, obrigatoriamente, não obstante as especificações do pedido, sob pena de responsabi-
lidade civil e penal, ressalvado o disposto nos artigos 45 e 95.
Parágrafo único. A alteração a que se refere este artigo deverá ser anotada na própria certidão,
contendo a inscrição de que “a presente certidão envolve elementos de averbação à margem
do termo.
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Não há essa previsão para tabelionato de notas, de modo que, por uma interpretação literal, o substituto não poderia prati-
car o ato. Entendemos, porem, que deve ser aplicado o art. 15 da LRP por analogia ao Tabelionato de Notas.
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Os serviços de registro só podem praticar atos dentro da sua circunscrição, que é definida
por lei estadual de iniciativa do Poder Judiciário (geralmente a Lei de Organização Judiciária).
Esse princípio só é aplicável para os RCPNs e para os RIs, conforme art. 12 da LNR.
No caso do RCPN, a territorialidade se justifica pela importância de haver organização ge-
ográfica na guarda das informações importantes à identificação das pessoas. Isso facilita a
obtenção de certidões e a investigações para apurar o local do registro de determinadas pes-
soas, além de fornecer estatísticas úteis a políticas públicas.
Para definir a competência territorial dos atos, a legislação costuma usar dois elementos
de conexão: a residência da pessoa ou o local do fato. A residência é local mais adequado para
questões relacionadas aos atributos da personalidade, pois é aí que a pessoa mora. O local do
fato é utilizado em situações em que convém dar maior comodidade.
No caso do registro do nascimento, os dois elementos de conexão são utilizados, pois são
competentes o cartório de residência dos pais e o do local do nascimento (art. 50, LRP). A ex-
ceção ocorre em dois casos:
a) No caso de morte de criança de idade inferior a 1 ano sem registro prévio de nascimen-
to, por questão de comodidade, o cartório do local do falecimento fará tanto o registro do
nascimento quanto o do óbito (art. 77, § 1º, LRP). Se o falecido tinha de 1 ano de idade, a lei é
omissa, o que gera diferentes correntes. Entendemos que o RCPN deve verificar se houve pré-
vio registro de nascimento, mas, caso nada identifique, deve abster-se de lavrar um assento de
nascimento previamente e deve limitar-se a lavrar a certidão de óbito.
b) No caso de registro tardio de nascimento – aquele feito após o prazo legal de 15 dias a
3 meses na forma do art. 50 da LRP –, só pode ser feito no lugar de residência do interessado,
porque o fator “comodidade” que justificava o registro no local do nascimento desapareceu.
O interessado é o registrando, que, se for menor de idade, terá domicílio necessário com seu
representante legal (art. 76, parágrafo único, CC).
No caso de óbito, o cartório competente é o local do falecimento ou o local da residência
do falecido, por serem os lugares mais cômodos do ponto de vista operacional (art. 77, LRP).
No casamento, o cartório competente é o do local de residência de, ao menos, um dos nu-
bentes (art. 67, LRP).
O desrespeito à competência territorial não importa em invalidade do registro por se tratar
de questão administrativa, mas autoriza responsabilização disciplinar do titular da serventia.
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5. Retificações
5.1. Fundamento
É direito fundamental do indivíduo que o seu registro civil corresponda à realidade dos
fatos, de modo que a retificação de erros é um direito seu. O registro não faz “do quadrado
redondo” nem do “preto branco”, ao contrário do que sucede com a coisa julgada. O registro é
um ato administrativo e está sujeito a retificações a qualquer tempo.
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Art. 109. Quem pretender que se restaure, supra ou retifique assentamento no Registro Civil, reque-
rerá, em petição fundamentada e instruída com documentos ou com indicação de testemunhas, que
o Juiz o ordene, ouvido o órgão do Ministério Público e os interessados, no prazo de cinco dias, que
correrá em cartório.
18
KÜMPEL, Vitor Frederico; FERRARI, Carla Modina. Tratado Notarial e Registral, vol. III: Ofício de Registro Civil das Pessoas
Naturais. São Paulo: YK Editora, 2017, p. 943.
19
NETO, Mario de Carvalho Camargo; OLIVEIRA, Marcelo Salaroli. Registro Civil das Pessoas Naturais II. Sao Paulo: Saraiva,
2014, p. 210.
20
KÜMPEL, Vitor Frederico; FERRARI, Carla Modina. Tratado Notarial e Registral, vol. III: Ofício de Registro Civil das Pessoas
Naturais. São Paulo: YK Editora, 2017, p. 938.
21
NETO, Mario de Carvalho Camargo; OLIVEIRA, Marcelo Salaroli. Registro Civil das Pessoas Naturais II. Sao Paulo: Saraiva,
2014, p. 211.
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§ 1º Se qualquer interessado ou o órgão do Ministério Público impugnar o pedido, o Juiz determi-
nará a produção da prova, dentro do prazo de dez dias e ouvidos, sucessivamente, em três dias, os
interessados e o órgão do Ministério Público, decidirá em cinco dias.
§ 2º Se não houver impugnação ou necessidade de mais provas, o Juiz decidirá no prazo de cinco
dias.
§ 3º Da decisão do Juiz, caberá o recurso de apelação com ambos os efeitos.
§ 4º Julgado procedente o pedido, o Juiz ordenará que se expeça mandado para que seja lavrado,
restaurado e retificado o assentamento, indicando, com precisão, os fatos ou circunstâncias que
devam ser retificados, e em que sentido, ou os que devam ser objeto do novo assentamento.
§ 5º Se houver de ser cumprido em jurisdição diversa, o mandado será remetido, por ofício, ao Juiz
sob cuja jurisdição estiver o cartório do Registro Civil e, com o seu “cumpra-se”, executar-se-á.
§ 6º As retificações serão feitas à margem do registro, com as indicações necessárias, ou, quando
for o caso, com a trasladação do mandado, que ficará arquivado. Se não houver espaço, far-se-á o
transporte do assento, com as remissões à margem do registro original.
Se o pedido de retificação for cumulado com outro pedido judicial (como o de uma ação de
reconhecimento de paternidade ou uma ação em que se pleiteia também indenização contra o
oficial pelo erro), ter-se-á um caso de cumulação de pedidos, o que afastará o rito especial do
art. 109 da LRP e atrairá o procedimento comum previsto no CPC.
Se a primeira certidão contém erro de grafia no nome (ex.: Caroline, no lugar de Carolina),
não haveria, em princípio, motivo para retificação do registro, pois o erro está na certidão, e não
neste. Todavia, se, com base na certidão equivocada, a pessoa for identificada em vários
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outros documentos ao longo de sua vida, de modo que o seu nome social passe a correspon-
der ao nome equivocado constante da certidão, é razoável admitir a adoção do procedimento
de retificação do registro nessa hipótese, desde que pela via judicial.
Em São Paulo, já se admitiu retificação de registro de óbito para retificar o local do óbito e o
seu motivo com vistas a realçar os atos de tortura na época da ditadura nas dependências do
DOI/CODI. Trata-se dos casos do jornalista Vladmir Herzog e do dirigente do Partido Comunis-
ta Brasileiro João Batista Franco Drummond, os quais, após serem mortos por torturas físicas
nas dependências do DOI/CODI, tiveram os seus registros óbitos lavrados com informações
que disfarçavam a realidade dos fatos, indicando o “traumatismo craniano encefálico” como
causa da morte, e não as torturas físicas sofridas, e redigindo o endereço sem mencionar que
se tratava das dependências do DOI/CODI22.
6. Restauração
Restauração é para reconstituir um livro, um documento ou parte deles que foram perdidos
por qualquer motivo (incêndio, furto etc.).
Em uma leitura inicial e apressada LRP, fica implícito que só se pode restaurar por via judi-
cial (art. 109). Todavia, considerando que há dever legal de o registrador e do Estado conservar
os seus arquivos, é possível deduzir a possibilidade de a restauração ocorrer de ofício pelo pró-
prio registrador sob a supervisão do juiz corregedor. Nesse sentido, o Provimento n. 23/2012-
CN/CNJ autoriza a restauração de livros pelo juiz corregedor por requerimento do oficial ou de
outros interessados.
7. Suprimentos
7.1. Definição e Procedimento
O suprimento destina-se a completar um registro ou uma averbação incompleta. Asseme-
lha-se à retificação no sentido de que implica um ajuste no texto do ato de registro.
Para suprimentos, é cabível o procedimento judicial de retificação supracitado previsto no
art. 109 da LRP.
Discute-se, porém, se é cabível uma via extrajudicial para o suprimento. O tema é controverso.
De um lado, não é viável aplicar o art. 110 da LRP, pois este lida apenas com retificações, e
não com suprimentos.
Entretanto, embora o Provimento n. 23/2012-CN/CNJ (que prevê um procedimento extra-
judicial de restauração) não mencione o verbete “suprimento”, há quem sustente a sua
22
NETO, Mario de Carvalho Camargo; OLIVEIRA, Marcelo Salaroli. Registro Civil das Pessoas Naturais II. Sao Paulo: Saraiva,
2014, p. 215.
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extensão , tese com a qual ousamos discordar em razão da distinção dos atos. Suprimento
23
implica adicionar algo ao registro, ao passo que restaurar é recuperar um meio físico que se
perdeu, sem adicionar nada ao conteúdo do registro.
Admite-se o suprimento de registro no caso de expedição de certidões sem ter sido reali-
zado o registro previamente (caso das “certidões avulsas”), pois, com a emissão da certidão,
presume-se que apenas ter-se-ia um caso de lacuna total do registro, a reclamar um suprimen-
to integral.
Deve-se adotar a via judicial aí como regra geral. Todavia, se se tratar de caso de certidão
“avulsa” de nascimento, é viável admitir também a aplicação do procedimento extrajudicial do
registro tardio previsto no art. 46 da LRP. O interessado escolhe24.
23
NETO, Mario de Carvalho Camargo; OLIVEIRA, Marcelo Salaroli. Registro Civil das Pessoas Naturais II. Sao Paulo: Saraiva,
2014, p. 216.
24
NETO, Mario de Carvalho Camargo; OLIVEIRA, Marcelo Salaroli. Registro Civil das Pessoas Naturais II. Sao Paulo: Saraiva,
2014, p. 216-217.
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Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no
concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para
concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado
da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito
pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB
de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do
Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.
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