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06/02/24, 20:21 UNINTER

ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS
EXTRAJUDICIAIS
AULA 5

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06/02/24, 20:21 UNINTER

Prof. Ronny Carvalho da Silva

CONVERSA INICIAL

ATRIBUIÇÕES DOS OFÍCIOS DE REGISTROS PÚBLICOS: REGISTRO CIVIL DAS


PESSOAS NATURAIS (RCPN) E REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS (RCPJ)

Iniciamos o estudo dos diversos serviços de registros públicos a cargo das serventias

extrajudiciais. Conforme já mencionamos anteriormente, os registros públicos no Brasil são

organizados da seguinte forma:

a. Registro Civil das Pessoas Naturais (RCPN);

b. Registro Civil das Pessoas Jurídicas (RCPJ);

c. Registro de Títulos e Documentos (RTD);

d. Registro de Imóveis (RI);

e. Registro de Contratos Marítimos (RCM).

O Registro de Contratos Marítimos está previsto na Lei n. 8.935/1994 e não consta na Lei de

Registros Públicos – LRP (Brasil, 1994, 1973). Assim, no que se refere aos registros públicos previstos
na Lei n. 6.015/1973, temos o panorama descrito na Figura 1.

Figura 1 – Serviços de registros públicos no Brasil conforme Lei n. 6.015/1973

Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1973.

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Acerca da função do registro civil, nos lembra Gonçalves (2013, p. 180):

Registro Civil é a perpetuação, mediante anotação por agente autorizado, dos dados pessoais dos

membros da coletividade e dos fatos jurídicos de maior relevância em suas vidas, para fins de
autenticidade, segurança e eficácia. Tem por base a publicidade, cuja função específica é provar a

situação jurídica do registrado e torná-la conhecida de terceiros.

Nesta aula, vamos estudar o RCPN e o RCPJ, dois serviços prestados de modo independente:

cada qual é uma delegação distinta e com suas especificidades.

TEMA 1 – RCPN

O Código Civil brasileiro prevê a existência de dois atos registrais a serem praticados no âmbito

do RCPN: o registro e a averbação. É importante traçarmos a distinção entre ambos (Brasil, 2002).

Dispõe o art. 9º do Código Civil:

Art. 9º Serão registrados em registro público:


I - os nascimentos, casamentos e óbitos;

II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;

III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;


IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. (Brasil, 2002)

Por sua vez, o art. 10 do mesmo Código Civil dispõe que:

Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:


I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação

judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;

II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação. (Brasil, 2002)

A LRP, em seu art. 29, determina quais atos serão objeto de registro no Registro das Pessoas

Naturais, sendo eles: nascimentos, casamentos, óbitos, emancipações, interdições, sentenças


declaratórias de ausência, opções de nacionalidade e sentenças que deferirem legitimação adotiva

(Brasil, 1973).

Assim, tem-se que o ato de registro “[...] consiste no assento principal e se refere aos principais
fatos ou atos inerentes à existência da pessoa humana” (Debs, 2018, p. 135). Trata-se do principal e

mais importante ato praticado pelo registrador, que promoverá a inscrição perene do fato jurídico

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nos arquivos da serventia, seja, como visto, por meio de escrituração eletrônica, mecânica ou registro

eletrônico.

Por sua vez, a averbação “[...] é qualquer anotação feita à margem do registro, para indicar as

alterações ocorridas no estado jurídico do registrado” (Gonçalves, 2013, p. 181). Fica evidente,
portanto, que a averbação se trata de ato acessório, sempre dependente de um ato principal que é o

registro. Toda vez que há alteração no fato jurídico registrado, devem-se promover anotações
complementares no registro, sendo estas as averbações.

Conforme se verifica, o casamento é um fato jurídico sujeito ao registro, pois que se trata de

relevante acontecimento da vida humana. Imaginemos que, anos mais tarde, os cônjuges decidam

pelo divórcio: uma vez operado o divórcio, seja por via judicial (sentença), seja por via extrajudicial

(escritura de divórcio), haverá a necessidade de anotar-se tal informação no registro de casamentos.

Assim, far-se-á a averbação do divórcio, pois que o ato registrado (casamento) terá sofrido alteração,

diante da sua dissolução.

Os art. 97-105 da LRP tratam do tema das averbações, sendo que ainda há as chamadas

anotações, que também diferem quanto ao conteúdo do seu ato e estão tratadas nos art. 106-108 da

LRP (Brasil, 1973). A anotação trata-se de “[...] simples remissão a um outro assento alusivo à pessoa

natural registrada, lavrado na mesma serventia ou em qualquer outra de registro” (Debs, 2018, p. 411).

Sobre as averbações, importante alteração ocorreu a partir de 2017, com a Lei n. 13.484/2017, a

qual retirou a obrigatoriedade da prévia manifestação do Ministério Público no que se refere às

averbações, conforme determinava a antiga redação da LRP (Brasil, 1973, 2017). Atualmente, portanto,

as averbações podem ser realizadas diretamente pelo registrador sem a necessidade de qualquer
prévia manifestação do Ministério Público, sendo que somente no caso de suspeita de fraude é que o

registrador enviará a questão para manifestação do Ministério Público. Para a averbação, o oficial de
registro exigirá apenas um documento que lhe sirva de esteio para a lavratura do ato acessório,

podendo esse documento ser a sentença judicial, o mandado judicial ou petição (requerimento)
acompanhada de certidão ou outro documento cuja autenticidade possa ser atestada.

1.1 A ESCRITURAÇÃO NO RCPN

A escrituração, na serventia do RCPN, além de outras especificidades constantes dos provimentos


do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e também dos códigos de normas editados pelas

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corregedorias do foro extrajudicial de cada estado, obedecerá o disposto nos art. 33-45 da LRP (Brasil,

1973) e será feita por meio da inserção de informações nos livros, que são divididos e recebem uma

catalogação conforme o Quadro 1.

Quadro 1 – Livros de registro no RCPN

LIVRO CONTEÚDO REGISTRAL

Registro de nascimentos das pessoas naturais e averbações e anotações inerentes a esses registros. Aqui se
A registram também os reconhecimentos de paternidade ou maternidade, as adoções, bem como averbam-se os
fatos jurídicos relevantes, como a destituição do poder familiar.

B Registro de casamentos e averbações deles decorrentes, como alteração do regime de bens e divórcio.

B- Registro de casamentos religiosos, para que produzam efeitos civis, tal como previsto nos art. 71-75 da LRP e art.
auxiliar 1.515-1.516 do Código Civil (Brasil, 1973, 2002).

Registro de óbitos e sua justificação; assim, quando não se tem o cadáver desaparecido em desastre, mediante o
C
processo judicial de justificação, será determinado o registro do óbito mediante mandado judicial.

C- Registro de natimortos, sendo essa a denominação dada ao feto que falece antes de vir à luz, portanto, ainda no
auxiliar ventre materno ou durante o parto.

Registro de proclamas, que são os editais expedidos pelo registrador sobre a intenção dos nubentes de celebrar o
D
casamento, a fim de que, dando-se publicidade ao ato, sejam a ele opostas eventuais impugnações por terceiros.

Registros especiais, que digam respeito à pessoa natural mas que não estejam abrangidos nos livros anteriores,
E
como de emancipação, interdição, declaração de ausência e morte presumida.

Além desses livros para registro dos fatos jurídicos que lhes são próprios, há ainda a necessidade

de haver um livro de protocolo ou sistema de registro eletrônico que assegure o controle da ordem

de ingresso dos documentos, requerimentos, processos de habilitação e todos os demais atos

registrais que não puderem ser praticados imediatamente. Há que se atentar, ainda, para o

Provimento n. 45/2015 do CNJ, que estabelece a obrigatoriedade de alguns livros administrativos,


sendo eles o livro de visitas e correições, o diário auxiliar da receita e da despesa e o livro de

controle de depósito prévio.

TEMA 2 – PRINCIPAIS REGISTROS REALIZADOS NO RCPN

Veremos os principais registros que são efetuados no RCPN, decorrentes dos atos e fatos da vida

em sociedade, os quais, como vimos anteriormente, são considerados relevantes para fins de direito.

2.1 REGISTRO DE NASCIMENTO

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Como se sabe, a lei civil estabelece que a personalidade jurídica da pessoa humana começa com

o nascimento com vida, embora a lei já salvaguarde os direitos do nascituro, ou seja, daquele que

ainda está sendo gerado no ventre materno e que ainda não veio à luz (nasceu). Verifica-se, portanto,

que a personalidade jurídica do ser humano, que é sua capacidade de ser detentor de direitos e
deveres na esfera jurídica, inicia-se a partir do nascimento com vida e não a partir do registro do

nascimento. Fica, assim, reconhecido, que o fato jurídico relevante para o direito é o nascimento com

vida, sendo seu registro em serventia o ato necessário a conferir segurança, eficácia e autenticidade
ao fato jurídico (nascimento).

Conforme salienta Debs (2018, p. 241), o registro de nascimento possui as seguintes

características. Primeiro, ele é gratuito, pois, como vimos, a lei assegura que o ato de registro do
nascimento e a extração da primeira certidão serão gratuitos, indistintamente, a qualquer pessoa.

Também é perpétuo, ou seja, deverá ser mantido para todo o sempre, sendo o seu cancelamento um

ato excepcional. O registro de nascimento é dinâmico, pois “[...] as mutações do estado das pessoas

devem ser acompanhadas de alterações nos registros públicos, o que se dá por meio dos atos de

averbações e anotações”. O art. 50 da LRP fixa o prazo de 15 dias da data do nascimento para que se

promova o ato de registro (Brasil, 1973).

Quanto ao local do registro, a LRP autoriza que, nesses casos, o registro pode ser feito tanto na

serventia do local do nascimento quanto na do domicílio dos pais, inclusive da naturalidade, nos
termos do art. 54, parágrafo 4º da citada lei, segundo a qual: “A naturalidade poderá ser do Município

em que ocorreu o nascimento ou do Município de residência da mãe do registrando na data do

nascimento, desde que localizado em território nacional, e a opção caberá ao declarante no ato de

registro do nascimento” (Brasil, 1973).

2.2 REGISTRO DE CASAMENTO

Conforme salientado, o casamento deve ser promovido mediante o processo prévio de

habilitação para ele, o qual, segundo Debs (2018, p. 322),

[...] consiste no procedimento realizado junto ao Registro Civil das Pessoas Naturais da circunscrição

de residência de um dos nubentes, cujo objetivo é verificar os pressupostos legais a fim de averiguar
se os nubentes estão habilitados a contrair o matrimônio e se não possuem algum impedimento

para o casamento.

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Após o processamento da habilitação, será expedido pelo oficial do Registro Civil a certidão de

habilitação, onde constará que os nubentes (nomes que se dão àqueles que pretendem se casar)
acham-se devidamente aptos ao casamento, sem impedimentos legais conhecidos.

É importante destacar o chamado edital de proclamas, o qual trata-se do edital por meio do qual
se dá publicidade da intenção dos nubentes de se casarem, bem como de que se acha em

processamento a habilitação para o ato. Por meio dos proclamas, se dá a publicidade do ato, a fim de
que terceiros possam apontar eventuais impedimentos para o casamento.

Os impedimentos e causas suspensivas para o casamento são aqueles previstos no Código Civil

brasileiro, em cujo art. 1.521 se verifica quem são os indivíduos impedidos de se casar, sendo eles:

I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

II - os afins em linha reta;


III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;


V - o adotado com o filho do adotante;

VI - as pessoas casadas;

VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o
seu consorte. (Brasil, 2002)

É importante salientar que o casamento entre os parentes colaterais de terceiro grau (tios e

sobrinhos) pode ser realizado caso os nubentes se submetam a exame médico pré-nupcial, conforme

autoriza art. 2º do Decreto-Lei n. 3.200/1941 (Brasil, 1941). Tal possibilidade foi reafirmada pelo atual

Código Civil, conforme Enunciado n. 98 da I Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal
(2002) – acesso em <http://www.cjf.jus.br/enunciados/enunciado/729>.

Por sua vez, o art. 1.523 do Código Civil trata das causas suspensivas, que são as situações que,

enquanto perdurarem, impedem o casamento, ao passo que, sendo superadas tais situações,
restabelece-se a situação favorável ao casamento. Assim, não podem se casar enquanto perdurar a
situação:

I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do
casal e der partilha aos herdeiros;

II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses

depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;


III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;

IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com

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a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas

as respectivas contas. (Brasil, 2002)

Qualquer pessoa que tomar conhecimento de uma causa de impedimento do casamento deverá

informá-la ao oficial do Registro Civil. Ao contrário, no que se refere às causas de suspensão do

casamento, estas somente podem ser arguidas por pessoas interessadas legitimadas pelos termos do

art. 1.524 do Código Civil, quais sejam, os parentes em linha reta (ascendentes ou descendentes) e os

colaterais até o segundo grau (irmãos) de qualquer algum dos nubentes (Brasil, 2002).

Note-se que o prazo de 15 dias que estabelece o edital de proclamas pode ser dispensado caso
os nubentes comprovem a necessidade urgente da celebração do casamento, não havendo uma
enumeração taxativa acerca de quais seriam as situações de emergência a justificarem a dispensa dos

proclamas. Nesse caso, tal pedido será encaminhado para parecer do Ministério Público e a decisão a

esse respeito cabe ao juiz, sendo que o Código de Organização Judiciária de cada estado preverá se
caberá a juiz de paz ou a juiz de direito a competência para decidir a questão.

Uma vez obtida a habilitação para o casamento, será expedida a competente certidão, cuja

apresentação será necessária para que o oficial de registro celebre o casamento, a qual terá validade

de 90 dias e poderá ser utilizada em qualquer parte do território nacional.

O casamento é ato solene; com isso, se quer dizer que, sem a observância dos rigores e

formalidades previstas na lei, o ato não existe juridicamente. Portanto, em dia e hora designados, o

oficial de registro, juntamente com a autoridade que deva presidir o ato (juiz de paz), deverão
celebrar o casamento, assegurando-se para isso toda a publicidade necessária, com a serventia de
portas abertas e na presença, no mínimo, de duas testemunhas.

Uma vez que os nubentes manifestem clara e expressamente sua intenção de unirem-se em

casamento, estes casados estarão após a declaração do juiz que presidir o ato. Portanto, o registro é
ato que tem por função apenas conferir autenticidade e segurança ao fato jurídico.

As autoridades que podem celebrar casamentos nos termos da lei civil brasileira são ou o juiz de
paz ou uma autoridade eclesiástica (religiosa), uma vez que, nesse caso, celebrado o casamento e

levado o fato posteriormente a registro, ele passa a gozar dos mesmos efeitos civis decorrentes.
Nesse caso, deverá ter ocorrido previamente a habilitação e o casamento religioso deverá ser levado a

registro no prazo de 30 dias da sua celebração. Caso não tenha sido processada a habilitação,
somente após a verificação das exigências legais é que o casamento religioso será registrado.

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Poderá ainda ser celebrado o casamento ainda que ausentes os nubentes, desde que presentes

procuradores com procuração por instrumento público com poderes expressos e especiais para o ato
de casamento. Na procuração, além do nome do mandante e do mandatário, também deverá constar

o regime de bens a ser adotado e o nome do cônjuge com quem o emitente da procuração deva se
casar.

2.3 REGISTRO DE ÓBITO

Dispõe o art. 6º do Código Civil (Lei n. 10.406/2002) que a personalidade jurídica da pessoa
humana termina com a morte, que se trata, pois, de fato jurídico extremamente relevante, pois dele

decorrem consequências jurídicas como a transmissão de herança e a dissolução do casamento

(Brasil, 2002). Conforme se verifica no art. 77 da LRP, nenhum sepultamento poderá ser realizado sem

que seja providenciado previamente o registro do óbito e obtida a respectiva certidão (Brasil, 1973).

Para fins legais, considera-se morto aquele que deixa de ter atividade cerebral, portanto, o

indivíduo identificado com a chamada morte encefálica a que alude o art. 3º da Lei n. 9.434/1997

(Brasil, 1997). Assim, uma vez atestada a morte cerebral de um indivíduo, este está morto para fins

legais, podendo ser lavrado o competente registro do seu óbito e extraída a certidão respectiva.

É importante salientar que, com a Lei n. 13.484/2017, o registro de óbito não mais necessita ser

feito obrigatoriamente no local do falecimento, também pode ser feito no local do domicílio do
falecido (Brasil, 2017). Assim, caso uma pessoa resida na localidade A e vá para a localidade B para

realizar tratamento médico, por exemplo, vindo a falecer nessa última localidade, o seu registro de
óbito poderá ser feito tanto na localidade B (local do óbito) quanto na localidade A (local da

residência do falecido).

Nos casos de óbitos de crianças menores de 1 ano, o oficial de registro deverá realizar a
verificação da existência do assento de nascimento. Caso este não haja, ele próprio providenciará o

registro do nascimento, ainda que em localidade diversa da do local do nascimento ou da residência


dos pais, conforme leciona Debs (2018, p. 372).

O prazo para ser levado a registro o óbito é de 24 horas do falecimento e antes de ser o corpo
sepultado ou cremado. Com relação à cremação, dispõe a LRP de que essa somente poderá ocorrer

quando o falecido tenha manifestado em vida sua vontade de ser cremado ou no caso em que se
exigir tal providência por razões de saúde pública (Brasil, 1973). Nesses casos, o óbito deve ser

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atestado por dois médicos ou por um médico legista, bem como após a autorização da autoridade

judiciária, em casos de morte violenta. No registro do óbito, deverá constar essa informação de que o

corpo do falecido foi cremado.

2.4 REGISTROS DE EMANCIPAÇÃO, INTERDIÇÃO E AUSÊNCIA

Emancipação é o ato jurídico por intermédio do qual se adquire a capacidade civil antes dos 18

anos de idade, sendo possível, a partir dos 16 anos de idade do filho, que os pais lhe concedam a

emancipação, chamada, nesse caso, de emancipação voluntária. Conforme Gonçalves (2013, p. 135), a
emancipação voluntária “Consiste, desse modo, na antecipação da aquisição da capacidade de fato
ou de exercício (aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil)”.

Conforme lembra Debs (2018, p. 398), “a capacidade civil não se confunde com a maioridade civil.

Conquanto a emancipação atribua capacidade plena aos menores de dezoito anos, o certo é que eles

ainda continuam menores”. Portanto, é incorreto o emprego da terminologia antecipação da

maioridade, como alguns usualmente o fazem, pois, na verdade, a emancipação antecipa apenas a

capacidade civil do indivíduo emancipado.

A emancipação pode ser voluntária, aquela conferida pelos pais e lavrada em escritura pública;

pode ser judicial, quando conferida por meio de sentença de juiz, podendo ser ainda legal quando a

emancipação decorre da lei ao reconhecer determinadas situações que conferem ao menor a

antecipação de sua capacidade civil plena, como é o caso do casamento, que pode se dar a partir dos
16 anos de idade ou até mesmo antes dessa data, mediante autorização judicial em caso de gravidez,
por exemplo.

Para o RCPN, são relevantes apenas a emancipação voluntária e a judicial, pois são elas que

devem ser levadas a registro, ato este que ocorrerá com o seu lançamento no livro E do serviço
registral. Vale salientar que, caso, na localidade, exista mais de um serviço registral, o livro E existirá

apenas no Cartório de 1º Ofício, segundo as regras de organização do foro extrajudicial editadas


pelas Corregedorias dos Tribunais de Justiça estaduais.

Com relação à interdição, trata-se de procedimento judicial previsto na lei civil que visa à “[...]
declaração de que determinado sujeito é parcial ou totalmente incapaz de praticar os atos da vida

civil” (Neves, 2016, p. 1.176). Assim, quando uma pessoa não possuir o discernimento necessário para
conduzir-se por si só na vida civil, em decorrência de limitações de ordem psicológica, ela poderá ser

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interditada. A interdição, declarada por meio de sentença judicial, deverá ser levada a registro no

serviço registral do domicílio do interditado, sendo apensada ao livro E, tal como ocorre com o
registro da emancipação visto antes.

Por fim, a ausência é instituto do direito civil e previsto no Código Civil, art. 22 (Brasil, 2002).
Conforme leciona Gonçalves (2013, p. 207), “ausente é a pessoa que desaparece de seu domicílio sem

dar notícia de seu paradeiro e sem deixar um representante ou procurador para administrar-lhe os
bens”. Por meio desse instituto, o direito visa proteger o patrimônio, a fim de preservá-lo da

dilapidação. Declarado o indivíduo ausente, por meio de um processo judicial, abre-se oportunidade

para a sucessão provisória dos seus bens. O registro da sentença declaratória de ausência deve ser

feito no livro E do 1º Ofício Registral do último domicílio do ausente.

TEMA 3 – RCPJ

O Código Civil brasileiro trata das pessoas jurídicas dos seus art. 40-69 (Título II) e depois retoma

a ordenação jurídica do tema no Livro II da Parte Especial, a partir do art. 966 e até o art. 1.195,

quando vai tratar do direito de empresa e relativamente às sociedades empresariais (Brasil, 2002).

São consideradas pessoas jurídicas privadas, segundo o direito brasileiro (Art. 44 do Código Civil):

I – as associações;

II – as sociedades;

III – as fundações;
IV – as organizações religiosas;

V – os partidos políticos;
VI – as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Brasil, 2002)

Com base nessa visão legal, podemos perceber que o empresário individual, salvo constituição

de empresa individual de responsabilidade limitada (Eireli), não se concebe como pessoa jurídica e
isso tem implicação direta na impossibilidade de separação patrimonial entre a empresa e o

empresário, pois que um dos atributos mais importantes da pessoa jurídica conferidos pela lei é a
separação patrimonial entre os sócios/empresários e a própria pessoa jurídica.

Assim, pois, pessoas jurídicas podem ser assim conceituadas: “Pode-se afirmar, pois, que pessoas

jurídicas são entidades a que a lei confere personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direitos

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e obrigações. A sua principal característica é a de que atuam na vida jurídica com personalidade

diversa da dos indivíduos que as compõem” (Gonçalves, 2013, p. 216).

A pessoa jurídica detém autonomia patrimonial e legal, para todos os fins de direito, a partir do

momento em que adquire a sua personalidade jurídica. Isso é muito importante, pois confere
proteção aos sócios diante dos riscos inerentes da atividade empresarial, uma vez que o que se coloca

em risco é apenas o patrimônio pessoal que foi inicialmente destacado para composição do capital
social da empresa ou, no caso de entidades não empresariais, não se confunde o empreendimento

com as pessoas naturais que o compõem.

TEMA 4 – O NASCIMENTO DA PESSOA JURÍDICA

Como visto nesta aula, sobre o RCPN, o surgimento da pessoa humana para o direito decorre do

seu nascimento com vida, quando então adquire a personalidade jurídica, que é a capacidade de ser

sujeita de direitos e obrigações na esfera jurídica (embora o direito proteja os direitos do nascituro

desde a sua concepção). Por sua vez, a pessoa jurídica tem a sua aquisição da personalidade jurídica a

partir do registro dos seus atos constitutivos no serviço competente para proceder tal ato registral,

conforme art. 45 do Código Civil e art. 119 da LRP (Brasil, 1973, 2002), sendo que todas as alterações

posteriores por que passar o ato constitutivo da pessoa jurídica devem ser averbadas no respectivo

registro.

Ato constitutivo é o documento-base que serve de elemento de registro da pessoa jurídica,


sendo ele o contrato social ou o estatuto social, a depender do tipo de pessoa jurídica, conforme

estabelece a lei. Eis a importância do RCPJ, pois caberá a esse serviço registral garantir a
autenticidade, a segurança, a publicidade e a eficácia dos fatos jurídicos inerentes às pessoas jurídicas.

Contudo, nem todas as pessoas jurídicas terão seus atos constitutivos registrados no RCPJ, como
veremos a seguir.

TEMA 5 – DO REGISTRO DAS PESSOAS JURÍDICAS

No Quadro 2, podemos ter uma noção sobre quais entidades previstas na lei civil devem ser
submetidas a registro no RCPJ e quais devem ser submetidas a registro em outros órgãos.

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Quadro 2 – Local de registro das pessoas jurídicas

Tipo de pessoa jurídica Ato constitutivo Local de registro

Associações Ata de fundação + estatuto social RCPJ

Sociedades simples (exercem atividades


intelectuais de natureza artística, literária ou
Contrato social RCPJ
científica; visam ao lucro, mas sem organização
empresarial)

Organizações religiosas Ata de fundação + estatuto social RCPJ

Fundações Testamento ou escritura pública RCPJ

Partidos políticos Ata de fundação + estatuto social RCPJ

Sociedades empresárias Contrato social Juntas comerciais

Sociedades anônimas Ata de fundação + estatuto social Juntas comerciais

Empresas individuais de responsabilidade


Declaração de empresário Juntas comerciais
limitada

Cooperativas Ata de fundação + estatuto social Juntas Comerciais

Para o RCPJ, haverá apenas dois livros, sendo o livro A destinado à realização do registro e
posteriores averbações e o livro B, à realização das matrículas de jornais, revistas e demais periódicos,

gráficas e oficinas de impressão, rádios e agências de notícias.

NA PRÁTICA

Com relação à gratuidade do serviço de RCPN, na prática não podem ser cobrados o registro de

nascimento e o de óbito, devendo ser entregue ao requerente uma certidão de cada um desses
registros, também de modo gratuito. A regra é aplicável a todas as pessoas, independentemente da
condição financeira. Porém, caso haja necessidade de se solicitar uma segunda via do documento,

esta terá o seu respectivo custo.

Já com relação aos hipossuficientes economicamente, ou seja, àqueles que não têm condições
financeiras de pagar, todas as certidões a serem emitidas pela serventia registral são gratuitas. Essa

condição de pobreza (tecnicamente, é mais correto se falar em hipossuficiência econômica) que dá à


pessoa o direito de receber da serventia registral, de modo gratuito, todo o serviço requerido, na
prática pode ser provada mediante simples declaração firmada pelo interessado. Portanto, o

registrador não pode exigir maiores comprovações do interessado que alegue ser pessoa

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hipossuficiente economicamente, devendo ser deferido o benefício da gratuidade quando da

solicitação de quaisquer documentos por alguém nessa situação, sem maiores questionamentos.

FINALIZANDO

Estudamos, nesta aula, o RCPN e o RCPJ. Diferenciamos o que seria o registro propriamente dito
da averbação, bem como pudemos compreender como se dá a escrituração em ambos os serviços

registrais, com a indicação de cada um dos livros que compõem o acervo registral do registrador,

nesses dois serviços registrais. Por fim, tratamos dos principais registros promovidos em cada um dos

referidos serviços.

REFERÊNCIAS

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GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro: parte geral. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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