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Breves comentários à Lei 13.

840/2019, que promoveu


alterações na Lei de Drogas
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quinta-feira, 6 de junho de 2019

A Lei nº 13.840/2019 promoveu algumas mudanças na Lei de Drogas (Lei nº


11.343/2006). Vejamos um resumo das principais alterações.

MUDANÇAS NO SISNAD

Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD)

A Lei nº 11.343/2006 criou o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas


(SISNAD) prevendo que ele teria a finalidade de realizar atividades relacionadas com:

I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e


dependentes de drogas;

II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas.

O que é o SISNAD?

A Lei nº 13.840/2019 inseriu um parágrafo no art. 3º da Lei nº 11.343/2006 conceituando


o que é o SISNAD:

Art. 3º (...)

§ 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de princípios, regras, critérios e


recursos materiais e humanos que envolvem as políticas, planos, programas, ações e
projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os Sistemas de Políticas Públicas
sobre Drogas dos Estados, Distrito Federal e Municípios.

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Além disso, a Lei também incluiu um parágrafo prevento que o SISNAD deverá atuar em
conjunto com o SUS e com o SUAS:

Art. 3º (...)

§ 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema Único de Saúde - SUS, e com o


Sistema Único de Assistência Social - SUAS.

Competências da União no SISNAD

Compete à União:

1) formular e coordenar a execução da Política Nacional sobre Drogas;

2) elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, em parceria com Estados,


Distrito Federal, Municípios e a sociedade;

3) coordenar o Sisnad;

4) estabelecer diretrizes sobre a organização e funcionamento do Sisnad e suas normas


de referência;

5) elaborar objetivos, ações estratégicas, metas, prioridades, indicadores e definir formas


de financiamento e gestão das políticas sobre drogas;

6) promover a integração das políticas sobre drogas com os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios;

7) financiar, com Estados, Distrito Federal e Municípios, a execução das políticas sobre
drogas, observadas as obrigações dos integrantes do Sisnad;

8) estabelecer formas de colaboração com Estados, Distrito Federal e Municípios para a


execução das políticas sobre drogas;

9) garantir publicidade de dados e informações sobre repasses de recursos para


financiamento das políticas sobre drogas;

10) sistematizar e divulgar os dados estatísticos nacionais de prevenção, tratamento,


acolhimento, reinserção social e econômica e repressão ao tráfico ilícito de drogas;

11) adotar medidas de enfretamento aos crimes transfronteiriços; e

12) estabelecer uma política nacional de controle de fronteiras, visando a coibir o


ingresso de drogas no País.

Plano Nacional de Políticas sobre Drogas

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São objetivos do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, dentre outros:

I - promover a interdisciplinaridade e integração dos programas, ações, atividades e


projetos visando à prevenção do uso de drogas, atenção e reinserção social dos
usuários ou dependentes de drogas. Interdisciplinaridade e interação significa que
deverá haver atividades nas mais diversas áreas, como saúde, educação, trabalho,
assistência social, cultura, desporto e lazer etc.

II - viabilizar a ampla participação social nas políticas públicas sobre drogas;

III - priorizar programas com os estabelecimentos de ensino, com a sociedade e com a


família;

IV - ampliar as alternativas de inserção social e econômica do usuário ou dependente;

V - promover o acesso do usuário ou dependente de drogas a todos os serviços


públicos;

VI - garantir a efetividade dos programas sobre drogas;

VII - fomentar a criação de atendimento telefônico para apoio aos usuários ou


dependentes;

VIII - articular programas de incentivo ao emprego;

IX - promover formas coletivas de organização para o trabalho, redes de economia


solidária e o cooperativismo;

X - articular saúde, assistência social e justiça para enfrentamento ao abuso de drogas; e

XI - promover estudos e avaliação dos resultados das políticas sobre drogas.

Duração do plano

O Plano Nacional de Políticas sobre Drogas terá duração de 5 anos a contar de sua
aprovação.

Conselhos de Políticas sobre Drogas

A Lei prevê que deverão ser formados “conselhos de políticas sobre drogas”,
constituídos por Estados, Distrito Federal e Municípios. Tais conselhos terão os
seguintes objetivos:

I - auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas;

II - colaborar com os órgãos governamentais;

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III - propor a celebração de instrumentos de cooperação, visando à elaboração de
programas voltados à prevenção, tratamento, reinserção e repressão ao tráfico ilícito de
drogas;

IV - promover a realização de estudos sobre o tema;

V - propor políticas públicas que permitam a integração e a participação do usuário ou


dependente.

Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas

A Lei instituiu a “Semana Nacional de Políticas sobre Drogas”, comemorada anualmente,


na quarta semana de junho.

Nessa “Semana” serão feitas ações de:

I - difusão de informações sobre os problemas decorrentes do uso de drogas;

II - promoção de eventos para o debate público sobre as políticas sobre drogas;

III - difusão de boas práticas de prevenção, tratamento, acolhimento e reinserção social e


econômica de usuários de drogas;

IV - divulgação de iniciativas, ações e campanhas de prevenção do uso indevido de


drogas;

V - mobilização da comunidade para a participação nas ações de prevenção e


enfrentamento às drogas;

VI - mobilização dos sistemas de ensino para a realização de atividades de prevenção ao


uso de drogas.

PREVENÇÃO, TRATAMENTO, ACOLHIMENTO E REINSERÇÃO DE USUÁRIOS OU


DEPENDENTES

Tratamento do usuário ou dependente de drogas deve ser preferencialmente


ambulatorial

O tratamento do usuário ou dependente de drogas deverá ser realizado em uma rede de


atenção à saúde, com prioridade para as modalidades de tratamento ambulatorial.

Protocolos baseados em evidências

Importante registrar que o tratamento oferecido aos usuários e dependentes deverá ser
orientado por protocolos técnicos predefinidos, baseados em evidências científicas.

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Deverá ser oferecido atendimento individualizado ao usuário ou dependente de drogas
com abordagem preventiva e, sempre que indicado, ambulatorial.

Caberá à União dispor sobre os protocolos técnicos de tratamento, em âmbito nacional.

IMPORTANTE. Admite-se, excepcionalmente, a internação

Vale ressaltar que, excepcionalmente, poderão ser admitidas formas de internação em


unidades de saúde e hospitais gerais.

A internação de dependentes de drogas somente será realizada em unidades de saúde


ou hospitais gerais, dotados de equipes multidisciplinares e deverá ser obrigatoriamente
autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM
do Estado onde se localize o estabelecimento no qual se dará a internação.

Comunidades terapêuticas não podem ser utilizadas para internação

É vedada a realização de qualquer modalidade de internação nas comunidades


terapêuticas acolhedoras.

IMPORTANTE

TIPOS DE INTERNAÇÃO

Serão possíveis 2 tipos de internação do dependente em droga

1) Internação VOLUNTÁRIA 2) Internação INVOLUNTÁRIA

É aquela que se dá com o É aquela que se dá, sem o consentimento do


consentimento do dependente dependente. Neste caso, será necessário:
de drogas.
• pedido de familiar ou do responsável legal; ou

• na absoluta falta deste, será necessário pedido de


servidor público da área de saúde, da assistência
social ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad.

No pedido deverão ser demonstrados motivos que


justificam a medida.

Atenção: servidores da área de segurança pública


não podem fazer pedido de internação involuntária.

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A internação voluntária deverá A internação involuntária:
ser precedida de declaração
escrita da pessoa solicitante de • deve ser realizada após a formalização da decisão
que optou por este regime de por médico responsável;
tratamento.
• será indicada depois da avaliação sobre o tipo de
droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese
comprovada da impossibilidade de utilização de
outras alternativas terapêuticas previstas na rede de
atenção à saúde.

Seu término se dará: A internação involuntária perdurará apenas pelo


tempo necessário à desintoxicação, no prazo
• por determinação do médico máximo de 90 dias, tendo seu término determinado
responsável ou pelo médico responsável.
• por solicitação escrita da A família ou o representante legal poderá, a
pessoa que deseja interromper qualquer tempo, requerer ao médico a interrupção
o tratamento. do tratamento.

Internação é a última medida

A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos


extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.

Comunicação ao MP, à Defensoria e aos órgãos de fiscalização

Todas as internações e altas deverão ser informadas, em, no máximo, de 72 horas, ao


Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros órgãos de fiscalização, por meio de
sistema informatizado único.

É garantido o sigilo das informações disponíveis neste sistema e o acesso será permitido
apenas às pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena de responsabilidade.

Observância subsidiária da Lei nº 10.216/2001

O planejamento e a execução do projeto terapêutico individual deverão observar, no que


couber, o previsto na Lei nº 10.216/2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em
saúde mental.

Internação involuntária da Lei nº 10.216/2001

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A chamada internação involuntária, agora prevista para os dependentes de droga, não é
uma novidade em nosso ordenamento jurídico.

A Lei nº 10.216/2001 previu a possibilidade de internação involuntária para pessoal com


transtornos mentais. Trata-se de uma espécie de internação psiquiátrica.

Plano Individual de Atendimento (PIA)

O atendimento ao usuário ou dependente de drogas na rede de atenção à saúde


dependerá de:

I - avaliação prévia por equipe técnica multidisciplinar e multissetorial; e

II - elaboração de um Plano Individual de Atendimento - PIA.

A avaliação prévia da equipe técnica subsidiará a elaboração e execução do projeto


terapêutico individual a ser adotado, levantando no mínimo:

I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e

II - o risco à saúde física e mental do usuário ou dependente de drogas ou das pessoas


com as quais convive.

O PIA deverá contemplar a participação dos familiares ou responsáveis, os quais têm o


dever de contribuir com o processo, sendo esses, no caso de crianças e adolescentes,
passíveis de responsabilização civil, administrativa e criminal, conforme previsto no ECA.

Elaboração do PIA

O PIA será inicialmente elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do primeiro


projeto terapêutico que atender o usuário ou dependente de drogas e será atualizado ao
longo das diversas fases do atendimento.

Constarão do plano individual, no mínimo:

I - os resultados da avaliação multidisciplinar;

II - os objetivos declarados pelo atendido;

III - a previsão de suas atividades de integração social ou capacitação profissional;

IV - atividades de integração e apoio à família;

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V - formas de participação da família para efetivo cumprimento do plano individual;

VI - designação do projeto terapêutico mais adequado para o cumprimento do previsto


no plano; e

VII - as medidas específicas de atenção à saúde do atendido.

O PIA será elaborado no prazo de até 30 (trinta) dias da data do ingresso no


atendimento.

As informações produzidas na avaliação e as registradas no plano individual de


atendimento são consideradas sigilosas.

COMUNIDADES TERAPÊUTICAS ACOLHEDORAS

Acolhimento em comunidade terapêutica acolhedora

É possível que o usuário ou dependente de drogas fique recebendo assistência em


comunidade terapêutica acolhedora.

Comunidade terapêutica acolhedora é um projeto terapêutico oferecido a usuários ou


dependentes de drogas que visam à abstinência. Ex: Fazenda Esperança.

Adesão e permanência voluntárias

A adesão e a permanência do usuário ou dependente na comunidade terapêutica


acolhedora é sempre voluntária.

Por isso, exige-se que a sua entrada ou permanência seja formalizada por escrito,
devendo o usuário ou dependente assinar que deseja ingressar ou ficar no local.

Além disso, exige-se uma avaliação médica prévia.

Etapa transitória

O acolhimento em comunidade terapêutica é encarado como uma etapa transitória para


a reinserção social e econômica do usuário ou dependente de drogas;

Ambiente residencial

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A comunidade terapêutica deverá funcionar em um ambiente residencial, que seja
propício à formação de vínculos, com a convivência entre os pares, atividades práticas
de valor educativo e a promoção do desenvolvimento pessoal, vocacionada para
acolhimento ao usuário ou dependente de drogas em vulnerabilidade social.

É terminantemente proibido que o usuário ou dependente seja submetido a isolamento


físico na comunidade terapêutica acolhedora.

PIA

Deverá ser elaborado um plano individual de atendimento (PIA), no prazo de até 30 dias
contados da data de ingresso do usuário ou dependente na comunidade terapêutica.

Comunidade terapêutica não deve receber pessoas com comprometimentos


biológicos e psicológicos graves

Não são elegíveis para o acolhimento nas comunidades terapêuticas as pessoas com
comprometimentos biológicos e psicológicos de natureza grave que mereçam atenção
médico-hospitalar contínua ou de emergência. Tais pessoas deverão ser encaminhadas
à rede de saúde.

PROCEDIMENTO DE DESTRUIÇÃO DAS DROGAS APREENDIDAS

Quando a polícia encontrar drogas ilícitas (exs: cocaína, êxtase etc.), é possível imaginar
dois cenários:

1) Foram identificados, no local, os responsáveis pela droga: apreensão COM


prisão em flagrante

Nesse caso, haverá a apreensão da droga e também a prisão em flagrante da(s)


pessoa(s) responsável(is). Ex: a Polícia recebe uma ligação anônima afirmando que em
determinada casa está sendo comercializado entorpecente; ao chegar no local, encontra
três indivíduos preparando “trouxinhas” de cocaína.

A substância encontrada (e que aparenta ser entorpecente) deverá ser submetida à


perícia para que se confirme se realmente é droga. Essa confirmação é feita por meio de
um laudo de constatação provisório da natureza e quantidade da droga, realizado por
perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea (art. 50, § 1º, da Lei nº 11.343/2006).

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De posse do laudo e dos depoimentos do condutor, das testemunhas e do flagranteado,
a autoridade policial comunicará a prisão ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do
auto lavrado (art. 50, caput).

Após receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá, no prazo de 10 dias, verificar
se o laudo de constatação provisório está formalmente regular e, em caso positivo,
determinará a destruição das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à
realização do laudo definitivo. Veja a redação do § 3º do art. 50, inserido pela Lei nº
12.961/2014:

§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias,


certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição das
drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.

A destruição das drogas será executada pelo Delegado de Polícia competente no prazo
de 15 dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária (§ 4º do art. 50).

O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas, sendo
lavrado auto circunstanciado pelo Delegado de Polícia, certificando-se neste a destruição
total delas (§ 5º do art. 50).

2) Não foram identificados, no local, os responsáveis pela droga: apreensão SEM


prisão em flagrante

Pode acontecer de a autoridade encontrar a droga, mas não capturar, no local, pessoas
que possam ser responsabilizadas por ela. Ex: a Polícia recebe uma ligação anônima
afirmando que em determinada casa na favela está sendo comercializado entorpecente;
ao chegar no local, encontra diversas “trouxinhas” de cocaína, mas nenhum morador,
havendo indícios de que fugiram.

Nesse caso, a substância encontrada também deverá ser submetida à perícia,


elaborando-se laudo de constatação provisório.

A Lei afirma, então, que a droga deverá ser destruída, por incineração, no prazo máximo
de 30 dias, contados da data da apreensão, guardando-se amostra necessária à
realização do laudo definitivo. É a redação do art. 50-A da Lei nº 11.343/2006. Esse art.
50-A foi alterado pela Lei nº 13.840/2019. Compare:

LEI DE DROGAS

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Antes da Lei nº 13.840/2019 Depois da Lei nº 13.840/2019
(atualmente)

Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas Art. 50-A. A destruição das drogas
sem a ocorrência de prisão em flagrante será apreendidas sem a ocorrência de
feita por incineração, no prazo máximo de 30 prisão em flagrante será feita por
(trinta) dias contado da data da apreensão, incineração, no prazo máximo de 30
guardando-se amostra necessária à realização (trinta) dias contados da data da
do laudo definitivo, aplicando-se, no que apreensão, guardando-se amostra
couber, o procedimento dos §§ 3º a 5º do art. necessária à realização do laudo
50. definitivo.

Conforme se observa pela comparação dos dispositivos, com a nova Lei, em tese, não é
mais necessário observar o procedimento previstos nos §§ 3º a 5º do art. 50. Esses
parágrafos dizem o seguinte:

Art. 50 (...)

§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias,


certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição das
drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.

§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no


prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária.

§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas referida
no § 3º, sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-se
neste a destruição total delas.

A mudança não é salutar. Isso porque as providências previstas nos §§ 3º a 5º do art. 50


são razoáveis e importantes para se garantir a segurança do ato de incineração. A droga
é um produto com grande valor econômico e, portanto, mostra-se mais adequado que o
procedimento de incineração da substância entorpecente apreendida seja cercado de
cautelas, evitando eventuais desvios. Assim, a exigência de que o Delegado de Polícia
acompanhasse e fiscalizasse o ato era medida relevante e que trazia mais segurança
jurídica.

MEDIDAS ASSECURATÓRIAS

Medidas assecuratórias (em sentido estrito) são medidas cautelares de natureza


patrimonial que têm como objetivo garantir que o acusado não se desfaça de seu
patrimônio e, assim, se for definitivamente condenado, possa arcar com os efeitos

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secundários extrapenais genéricos da condenação, previstos no art. 91 do CP
(indenização quanto aos danos causados pelo crime e perda em favor da União dos
instrumentos, produtos e proveitos do delito).

As medidas assecuratórias são o sequestro, o arresto e a hipoteca legal.

A Lei nº 13.840/2019 promoveu mudanças no art. 60 da Lei nº 11.343/2006, que trata


sobre medidas assecuratórias que podem ser decretadas pelo juiz em processos
envolvendo os crimes da Lei de Drogas.

Foram três as mudanças mais importantes nesse dispositivo:

1) o magistrado não pode mais determinar a concessão das medidas assecuratórias de


ofício;

2) foi inserida a previsão expressa de que o assistente de acusação pode requerer ao


juízo a concessão de medidas assecuratórias;

3) o art. 60 possuías dois parágrafos trazendo regras de procedimento para essas


medidas, tendo revogado esses dispositivos e remetido a regulamentação para o CPP.

Compare as redações:

LEI DE DROGAS (LEI 11.343/2006)

Antes da Lei nº 13.840/2019 Depois da Lei nº 13.840/2019


(atualmente)

Art. 60. O juiz, de ofício, a requerimento do Art. 60. O juiz, a requerimento do


Ministério Público ou mediante Ministério Público ou do assistente de
representação da autoridade de polícia acusação, ou mediante representação
judiciária, ouvido o Ministério Público, da autoridade de polícia judiciária,
havendo indícios suficientes, poderá poderá decretar, no curso do inquérito
decretar, no curso do inquérito ou da ação ou da ação penal, a apreensão e outras
penal, a apreensão e outras medidas medidas assecuratórias nos casos em
assecuratórias relacionadas aos bens que haja suspeita de que os bens,
móveis e imóveis ou valores consistentes direitos ou valores sejam produto do
em produtos dos crimes previstos nesta crime ou constituam proveito dos crimes
Lei, ou que constituam proveito auferido previstos nesta Lei, procedendo-se na
com sua prática, procedendo-se na forma forma dos arts. 125 e seguintes do
dos arts. 125 a 144 do Decreto-Lei nº Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de de 1941 - Código de Processo Penal.
Processo Penal.

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§ 1º Decretadas quaisquer das medidas Revogado
previstas neste artigo, o juiz facultará ao
acusado que, no prazo de 5 (cinco) dias,
apresente ou requeira a produção de
provas acerca da origem lícita do produto,
bem ou valor objeto da decisão.

§ 2º Provada a origem lícita do produto, Revogado


bem ou valor, o juiz decidirá pela sua
liberação.

§ 3º Nenhum pedido de restituição será § 3º Na hipótese do art. 366 do


conhecido sem o comparecimento pessoal Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
do acusado, podendo o juiz determinar a de 1941 - Código de Processo Penal, o
prática de atos necessários à conservação juiz poderá determinar a prática de atos
de bens, direitos ou valores. necessários à conservação dos bens,
direitos ou valores.

MP 885/2019

Alguns dias depois da publicação da Lei nº 13.840/2019, foi editada a MP 885/2019, que
também alterou a Lei de Drogas e inseriu o art. 60-A também tratando sobre as medidas
assecuratórias do art. 60 acima explicadas. Veja o art. 60-A acrescido à Lei nº
11.343/2006:

Art. 60-A. Quando as medidas assecuratórias de que trata o art. 60 recaírem sobre
moeda estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques emitidos como ordem de
pagamento, será determinada, imediatamente, a conversão em moeda nacional.

§ 1º A moeda estrangeira apreendida em espécie será encaminhada a instituição


financeira ou equiparada para alienação na forma prevista pelo Conselho Monetário
Nacional.

§ 2º Em caso de impossibilidade da alienação a que se refere o § 1º, a moeda


estrangeira será custodiada pela instituição financeira até decisão sobre o seu destino.

§ 3º Após a decisão sobre o destino da moeda estrangeira, caso seja verificada a


inexistência de valor de mercado, a moeda poderá ser doada à representação
diplomática do seu país de origem ou destruída.

§ 4º Os valores relativos às apreensões feitas antes da data de entrada em vigor da


Medida Provisória nº 885, de 17 de junho de 2019, e que estejam custodiados nas
dependências do Banco Central do Brasil serão transferidos, no prazo de trezentos e

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sessenta dias, à Caixa Econômica Federal para que se proceda à alienação ou custódia,
de acordo com o previsto nesta Lei.

Existe polêmica sobre a constitucionalidade desta MP. Isso porque ela trata sobre direito
penal e processual penal, matérias que não podem ser veiculadas por meio de medida
provisória, conforme estabelece o art. 62, § 1º, I, “b”, da CF/88:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar


medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional.

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

I – relativa a:

(...)

b) direito penal, processual penal e processual civil;

APREENSÃO E DESTINAÇÃO DOS BENS DO INVESTIGADO/ACUSADO

Destinação dos bens apreendidos

Os arts. 61 e 62 da Lei nº 11.343/2006 tratam sobre a apreensão e utilização dos bens


apreendidos.

A Lei nº 13.840/2019 realizou grandes alterações nesses dispositivos.

O que pode ser apreendido?

Segundo a nova redação do art. 61 da Lei nº 11.343/2006, poderão ser apreendidos:

• veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte;

• maquinários

• utensílios

• instrumentos e

• objetos de qualquer natureza utilizados para a prática dos crimes

Juiz deverá ser imediatamente comunicado

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Em caso de apreensão de qualquer desses bens, o Delegado de Polícia deverá,
imediatamente, comunicar o fato ao juízo competente.

Alienação antecipada

O juiz, no prazo de 30 dias contado da comunicação feita pelo Delegado, determinará a


alienação dos bens apreendidos.

Obs: as armas que forem apreendidas não serão alienadas, mas sim recolhidas na forma
da legislação específica.

O que é a alienação antecipada de bens?

A alienação antecipada é

- a venda,

- por meio de leilão,

- antes do trânsito em julgado da ação penal,

- dos bens que foram objeto de apreensão ou de medidas assecuratórias

Autos apartados

A alienação será realizada em autos apartados.

Deverá haver a exposição sucinta do nexo de instrumentalidade entre o delito e os bens


apreendidos, a descrição e especificação dos objetos, as informações sobre quem os
tiver sob custódia e o local em que se encontrem.

Avaliação dos bens

O juiz determinará a avaliação dos bens apreendidos, que será realizada por oficial de
justiça, no prazo de 5 dias a contar da autuação, ou, caso sejam necessários
conhecimentos especializados, por avaliador nomeado pelo juiz, em prazo não superior a
10 dias.

Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão gestor do Funad, o Ministério Público e o


interessado para se manifestarem no prazo de 5 (cinco) dias e, dirimidas eventuais
divergências, homologará o valor atribuído aos bens.

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É possível a utilização dos bens apreendidos?

SIM.

Art. 62. Comprovado o interesse público na utilização de quaisquer dos bens de que trata
o art. 61, os órgãos de polícia judiciária, militar e rodoviária poderão deles fazer uso, sob
sua responsabilidade e com o objetivo de sua conservação, mediante autorização
judicial, ouvido o Ministério Público e garantida a prévia avaliação dos respectivos bens.
(Redação dada pela Lei nº 13.840/2019)

Relatórios sobre o estado de conservação do bem

O órgão responsável pela utilização do bem deverá enviar ao juiz periodicamente, ou a


qualquer momento quando por este solicitado, informações sobre seu estado de
conservação.

Se a autorização recaiu sobre veículos, embarcações ou aeronaves

Quando a autorização judicial recair sobre veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz


ordenará à autoridade ou ao órgão de registro e controle a expedição de certificado
provisório de registro e licenciamento em favor do órgão ao qual tenha deferido o uso ou
custódia, ficando este livre do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores à
decisão de utilização do bem até o trânsito em julgado da decisão que decretar o seu
perdimento em favor da União.

Depreciação muito grande

Se ocorrer o levantamento (ou seja, o proprietário conseguiu recuperar o bem) e ficar


constatado que o bem sofreu uma depreciação superior àquela esperada em razão do
transcurso do tempo e do uso, neste caso o interessado poderá requerer que seja feita
uma nova avaliação judicial.

Constatado que realmente houve uma depreciação muito grande, isto é, acima daquela
esperada pela utilização normal da coisa, então, neste caso, o ente federado ou a
entidade que utilizou o bem indenizará o detentor ou proprietário dos bens.

MP 885/2019

Conforme já explicado, alguns dias depois da publicação da Lei nº 13.840/2019, foi


editada a MP 885/2019, que também alterou a Lei nº 11.343/2006 inseriu dois parágrafos
ao art. 62, além dos arts. 62-A, 63-C e 63-D também tratando sobre alienação
antecipada em casos envolvendo drogas. Veja os dispositivos acrescidos:

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Art. 62 (...)

§ 12. Na alienação de veículos, embarcações ou aeronaves, a autoridade de trânsito ou


o órgão de registro equivalente procederá à regularização dos bens no prazo de trinta
dias, de modo que o arrematante ficará livre do pagamento de multas, encargos e
tributos anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário.

§ 13. Na hipótese de que trata o § 12, a autoridade de trânsito ou o órgão de registro


equivalente poderá emitir novos identificadores dos bens

Art. 62-A. O depósito, em dinheiro, de valores referentes ao produto da alienação ou


relacionados a numerários apreendidos ou que tenham sido convertidos, serão
efetuados na Caixa Econômica Federal, por meio de documento de arrecadação
destinado a essa finalidade.

§ 1º Os depósitos a que se refere o caput serão repassados pela Caixa Econômica


Federal para a Conta Única do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer
formalidade, no prazo de vinte e quatro horas, contado do momento da realização do
depósito.

§ 2º Na hipótese de absolvição do acusado em decisão judicial, o valor do depósito será


devolvido ao acusado pela Caixa Econômica Federal no prazo de até três dias úteis,
acrescido de juros, na forma estabelecida pelo § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 26 de
dezembro de 1995.

§ 3º Na hipótese de decretação do seu perdimento em favor da União, o valor do


depósito será transformado em pagamento definitivo, respeitados os direitos de
eventuais lesados e de terceiros de boa-fé.

§ 4º Os valores devolvidos pela Caixa Econômica Federal, por decisão judicial, serão
efetuados como anulação de receita do Fundo Nacional Antidrogas no exercício em que
ocorrer a devolução.

§ 5º A Caixa Econômica Federal manterá o controle dos valores depositados ou


devolvidos.

Art. 63-C. Compete à Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da


Justiça e Segurança Pública proceder à destinação dos bens apreendidos e não
leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento seja decretado em favor da União, por
meio das seguintes modalidades:

I - alienação, mediante:

a) licitação;

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b) doação com encargo a entidades ou órgãos públicos que contribuam para o alcance
das finalidades do Fundo Nacional Antidrogas; ou

c) venda direta, observado o disposto no inciso II do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de


21 de junho de 1993;

II - incorporação ao patrimônio de órgão da administração pública, observadas as


finalidades do Fundo Nacional Antidrogas;

III - destruição; ou

IV - inutilização.

§ 1º A alienação por meio de licitação será na modalidade leilão, para bens móveis e
imóveis, independentemente do valor de avaliação, isolado ou global, de bem ou de
lotes, assegurada a venda pelo maior lance, por preço que não seja inferior a cinquenta
por cento do valor da avaliação.

§ 2º O edital do leilão a que se refere o § 1º será amplamente divulgado em jornais de


grande circulação e em sítios eletrônicos oficiais, principalmente no Município em que
será realizado, dispensada a publicação em diário oficial.

§ 3º Nas alienações realizadas por meio de sistema eletrônico da administração pública,


a publicidade dada pelo sistema substituirá a publicação em diário oficial e em jornais de
grande circulação.

§ 4º Na alienação de veículos, embarcações ou aeronaves, a autoridade de trânsito ou o


órgão de registro equivalente procederá à regularização dos bens no prazo de trinta dias,
de modo que o arrematante ficará livre do pagamento de multas, encargos e tributos
anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário.

§ 5º Na hipótese do § 4º, a autoridade de trânsito ou o órgão de registro equivalente


poderá emitir novos identificadores dos bens.

§ 6º A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça e


Segurança Pública poderá celebrar convênios ou instrumentos congêneres com órgãos e
entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, a fim de dar
imediato cumprimento ao estabelecido neste artigo.

§ 7º Observados os procedimentos licitatórios previstos em lei, fica autorizada a


contratação da iniciativa privada para a execução das ações de avaliação, administração
e alienação dos bens a que se refere esta Lei.

Art. 63-D. Compete ao Ministério da Justiça e Segurança Pública regulamentar os


procedimentos relativos à administração, à preservação e à destinação dos recursos
provenientes de delitos e atos ilícitos e estabelecer os valores abaixo dos quais se deve
proceder à sua destruição ou inutilização.

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Consoante já explicado, existe polêmica sobre a constitucionalidade desta MP. Isso
porque, em tese, ela trata sobre direito penal e processual penal, matérias que não
podem ser veiculadas por meio de medida provisória, conforme estabelece o art. 62, §
1º, I, “b”, da CF/88.

SENTENÇA DECIDIRÁ SOBRE PERDIMENTO OU LIBERADOS DOS BENS

O art. 63 afirma que o juiz deverá decidir sobre os bens e valores que foram
apreendidos.

Este dispositivo também sofreu mudanças com a Lei nº 13.840/2019.

Art. 63. Ao proferir a sentença, o juiz decidirá sobre:

I - o perdimento do produto, bem, direito ou valor apreendido ou objeto de medidas


assecuratórias; e

II - o levantamento dos valores depositados em conta remunerada e a liberação dos


bens utilizados nos termos do art. 62.

Obs: na hipótese do inciso II, decorridos 360 dias do trânsito em julgado e do


conhecimento da sentença pelo interessado, os bens apreendidos, os que tenham sido
objeto de medidas assecuratórias ou os valores depositados que não forem reclamados
serão revertidos ao Funad.

§ 1º Os bens, direitos ou valores apreendidos em decorrência dos crimes tipificados


nesta Lei ou objeto de medidas assecuratórias, após decretado seu perdimento em favor
da União, serão revertidos diretamente ao Funad.

§ 2º O juiz remeterá ao órgão gestor do Funad relação dos bens, direitos e valores
declarados perdidos, indicando o local em que se encontram e a entidade ou o órgão em
cujo poder estejam, para os fins de sua destinação nos termos da legislação vigente.

PEDIDO DE RESTITUIÇÃO

Quando o investigado/acusado tem seus bens apreendidos por ordem judicial, ele tem a
possibilidade de obtê-los de volta mesmo antes do resultado final do processo
formulando um pedido de restituição dirigido ao juiz.

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Neste pedido de restituição, o interessado deverá provar que o bem, direito ou valor que
foi tornado indisponível possui origem lícita. Além disso, o interessado que formula o
pleito de restituição deverá comparecer pessoalmente em juízo, sob pena do pedido não
ser nem conhecido (não ter seu mérito analisado).

Desse modo, se determinado réu encontra-se foragido e, por intermédio de advogado,


formula pedido de restituição de seus bens apreendidos, o juiz nem irá examinar esse
pleito, a não ser que o acusado compareça pessoalmente em juízo.

Enquanto o réu não comparecer pessoalmente para solicitar a restituição de seus bens,
direitos e valores, o juízo deverá determinar a prática de atos para conservá-los.

Isso que foi explicado acima foi previsto em dois novos artigos inseridos pela Lei nº
13.840/2019 na Lei de Drogas. Veja:

Art. 63-A. Nenhum pedido de restituição será conhecido sem o comparecimento pessoal
do acusado, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de
bens, direitos ou valores.

Art. 63-B. O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitos e objeto de
medidas assecuratórias quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se a
constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos
e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração
penal.

FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS SOBRE DROGAS

A Lei nº 13.840/2019 acrescentou esse artigo com a seguinte redação:

Art. 67-A. Os gestores e entidades que recebam recursos públicos para execução das
políticas sobre drogas deverão garantir o acesso às suas instalações, à documentação e
a todos os elementos necessários à efetiva fiscalização pelos órgãos competentes.

ALTERAÇÃO NO ECA

A Lei nº 13.840/2019 inseriu um artigo no ECA dizendo o seguinte:

Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e agremiações recreativas e de


estabelecimentos congêneres assegurar medidas de conscientização, prevenção e
enfrentamento ao uso ou dependência de drogas ilícitas.

ALTERAÇÃO NO CTB

A Lei nº 13.840/2019 também alterou o Código de Trânsito Brasileiro.

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O art. 306 do CTB prevê o crime de embriaguez ao volante:

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência:

Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se


obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Qual é o meio de se provar a embriaguez do condutor?

O principal instrumento para isso é o etilômetro, popularmente conhecido como


“bafômetro”, que mede o teor alcoólico no ar alveolar.

No entanto, o CTB prevê que é possível essa constatação por outros meios, como por
exemplo:

• exame clínico;

• perícia;

• vídeo

• prova testemunhal.

Isso está previsto nos §§ 1º a 3º do art. 306 do CTB:

Art. 306 (...)

§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por:

I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual


ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou

II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade


psicomotora.

§ 2º A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de


alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros
meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova.

§ 3º O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou


toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.

O que fez a Lei nº 13.840/2019?

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Acrescentou o § 4º ao art. 306 afirmando que a “capacidade psicomotora alterada em
razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine
dependência” pode ser aferida por qualquer aparelho homologado pelo INMETRO:

Art. 306 (...)

§ 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de


Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO - para se determinar o previsto no caput.

Essa inclusão teve por objetivo evitar questionamentos no sentido de que o aparelho
utilizado, no caso concreto, não seria o adequado e que, portanto, a prova obtida seria
ilícita.

Vigência

A Lei nº 13.840/2019 entrou em vigor na data de sua publicação (06/06/2019).

Márcio André Lopes Cavalcante

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