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DE SAÚDE MENTAL
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No seu artigo 4º, a Lei 10.216/2001 afirma que a assistência à saúde mental deve ser realizada,
preferencialmente em serviços extra-hospitalares e que a internação de uma pessoa com trans-
torno mental, em qualquer de suas modalidades, só deve ser indicada quando esses serviços
se mostrarem insuficientes às necessidades do paciente naquele momento.
O tratamento em regime de internação foi estabelecido como uma forma de garantir que o
paciente receberá assistência em situações extremas (em que ele apresenta risco para si e para
terceiros), com acesso integral a serviços médicos, de assistência social, psicológicos, terapeu-
tas ocupacionais, de lazer, entre outros. É proibida a internação de pessoas com transtornos
mentais em instituições com características asilares, ou seja, instituições hospitalares que não
assegurem os direitos do paciente e não ofertem os recursos terapêuticos mencionados acima.
Nos casos em que o paciente está internado há um longo período ou que apresente grave
dependência institucional em função do seu quadro clínico ou da ausência de suporte social
/ familiar, participará de políticas específicas para realização da alta planejada e reabilitação
psicossocial assistida, ficando sob a responsabilidade da autoridade sanitária competente e
supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do
tratamento, quando necessário. Podemos citar como exemplos destas políticas específicas os
Serviços Residenciais Terapêuticos e o Programa De Volta pra Casa.
Afim de garantir que os direitos da pessoa com transtorno mental sejam preservados, pesquisas
científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o consenti-
mento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicação aos
conselhos profissionais competentes e ao Conselho Nacional de Saúde.
A internação involuntária será realizada após a formalização da decisão pelo médico respon-
sável, e será indicada depois da avaliação sobre o tipo de droga utilizada, o padrão de uso e na
hipótese comprovada da impossibilidade de utilização de alternativas terapêuticas previstas
na rede de atenção à saúde.
A internação involuntária durará somente o tempo necessário à desintoxicação do paciente,
com prazo máximo de 90 dias, e a alta será realizada a partir da solicitação do médico respon-
sável. Entretanto, a família ou o representante legal poderá solicitar ao médico a interrupção
do tratamento. Atenção, a internação, tanto voluntária quanto involuntária, somente será
indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
Todas as internações e altas apresentadas pela Lei nº 13.840/2019 deverão ser informadas ao
Ministério Público, à Defensoria Pública e a outros órgãos de fiscalização, no prazo máximo,
de 72 (setenta e duas) horas, através de sistema informatizado único. É garantido ao paciente
sigilo das informações disponíveis no sistema referido, e o acesso a ele será permitido somente
às pessoas autorizadas, sob pena de responsabilidade.
O planejamento e a execução do projeto terapêutico individual deverão se guiar, no que cou-
ber, no que é apresentado pela Lei nº 10.216/2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos
das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental.
Ressalta-se que é proibida a realização de qualquer tipo de internação em comunidades tera-
pêuticas acolhedoras. Entretanto, apesar de ser proibida pela Lei nº 13.840/2019 a realização
de qualquer tipo de internação em comunidades terapêuticas acolhedoras, é permitido que
elas realizem o acolhimento do usuário ou dependente de drogas, o que é entendido como uma
etapa transitória para a reinserção social e econômica do usuário ou dependente de drogas.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 13.840, de 05 de junho de 2019. Senado Federal: Brasília, 2019.
BRASIL. Portaria nº 3.588, de 21 de dezembro de 2017. Senado Federal: Brasília, 2017.
BRASIL. Portaria de Consolidação nº 3, de 28 de setembro de 2017. Senado Federal: Brasília,
2017.
BRASIL. Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011, republicada em 21 de maio de 2013.
Senado Federal: Brasília, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2011/prt3088_23_12_2011_comp.html
BRASIL. Portaria nº 130, de 26 de janeiro de 2012. Senado Federal: Brasília, 2012.
BRASIL. Lei nº 11.343, de 13 de agosto de 2006. Senado Federal: Brasília, 2006.
BRASIL. Portaria nº 336, de 19 de fevereiro de 2002. Senado Federal: Brasília, 2002.
BRASIL. Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001. Senado Federal: Brasília, 2001.