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TÍTULO
Políticas sobre drogas no Brasil: a estratégia de
redução de danos
Profª
João Vinícius
ESTUDO DIRIGIDO PSI CURSO PREPARATÓRIO
Introdução
A discussão sobre a Política de drogas no Brasil será realizada a partir do texto
Políticas Sobre Drogas no Brasil: a Estratégia de Redução de Danos de VIER &
BOARINI (2013) escrito em 2013 por pesquisadoras da Universidade Estadual de
Maringá/PR e publicado na Revista Psicologia Ciência e Profissão. O texto aborda,
através de uma pesquisa bibliográfica, a temática das políticas brasileiras referentes às
drogas, com o objetivo de resgatar o histórico da estratégia de redução de danos (RD)
no Brasil.
As autoras destacam na introdução que o uso e o abuso de drogas lícitas e ilícitas
sempre esteve presente na sociedade humana. Ao longo da história o homem faz uso de
substâncias psicoativas por várias razões, como motivos religiosos ou culturais, para
facilitar a socialização e mesmo para se isolar. Com a Revolução Industrial houve um
crescente processo de urbanização, e, nesse contexto, surgiram múltiplas tecnologias
dentre elas a do aprimoramento do processo de destilação do álcool. Nesse cenário as
drogas passam à esfera biomédica e da justiça.
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conseguiam parar de usar drogas. A partir da década de 80, passaram a ser articulados
movimentos sociais dos usuários de drogas que demandavam melhores condições de
vida e de saúde.
Somada a esses movimentos e a epidemia da AIDS ao redor do mundo, ganha espaço a
estratégia de saúde denominada redução de danos.
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A redução de danos
A redução de danos vai de encontro à estratégia proibicionista de guerra às
drogas, uma vez que não prioriza a abstinência como meta de suas ações. Desde seu
ingresso no Brasil, a estratégia de redução de danos provocou polêmicas e resistências,
sob a alegação de facilitar o uso de drogas e de levar a gastos indevidos do dinheiro
público.
Por entrar em conflito com as disposições da Lei nº 6.368/1976 , vigente naquele
período e posteriormente revogada pela Lei nº 11.343/2006 (que institui o sistema de
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políticas públicas sobre drogas no Brasil) a estratégia de redução de danos foi avaliada
por alguns segmentos conservadores como incitação ao uso de drogas ilícitas. Esses
conflitos trazem a lume o debate entre saúde e segurança pública, até o presente não
solucionado.
É importante ressaltar que os fundamentos da estratégia não incluem a
legalização de drogas, uma vez que enfocam a saúde e a minimização dos danos
decorrentes do uso, do abuso ou da dependência de drogas.
Em 1994, o Ministério da Saúde reconheceu a redução de danos como estratégia
de saúde pública no Brasil.
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Com a vigência dessa lei, as políticas sobre drogas passaram a priorizar a rede de
cuidados extra-hospitalares, como o CAPS AD.
Em 2001, foi aprovada a Política Nacional Antidrogas – PNAD – que leva o
antidrogas em sua denominação, propagando o discurso proibicionista e idealizando
uma sociedade livre do uso de drogas. Contraditoriamente, a PNAD nessa mesma época
também apoia a criação e a implementação de estratégias de redução de danos.
Em contraposição aos preceitos da PNAD, em 2003, a estratégia de redução de
danos ganha visibilidade por meio da política do Ministério da Saúde para atenção
integral a usuários de álcool e de outras drogas que critica às políticas proibicionistas
focadas na abstinência. Nessa política e em outras que foram elaboradas posteriormente,
como a Política Nacional sobre Drogas (Brasil, 2005), a estratégia da redução de danos
se alinha aos pressupostos dos direitos do usuário, da universalidade do acesso à
assistência e da descentralização do atendimento.
No ano 2005, a PNAD passa a ser Política Nacional sobre Drogas, e assume
como princípio a redução de danos.
Ainda que a estratégia de redução de danos tenha conseguido legitimar-se nas
políticas sobre drogas, a complexidade do fenômeno das drogas suscita ainda muitos
desafios na comunidade científico acadêmica, na saúde e na segurança pública, nos
meios de comunicação e na sociedade de maneira geral.
Desafios atuais
O debate científico sobre a estratégia de redução de danos divide-se entre:
1) a recusa da validade da estratégia no âmbito da prevenção, sob o argumento de falta
de cientificidade da estratégia. Esta posição é pautada em valores morais, os quais não
concebem o uso de drogas como necessidade ou desejo em detrimento das experiências
que validam a comprovação científica da estratégia de redução de danos.
2) a aceitação parcial da redução de danos. Posição pautada no conceito de
comportamento de risco, visto que só há aceitação se a redução de danos buscar
prevenir agravos como a AIDS.
3) a aceitação total da estratégia. Compreende sua validade científica e sua eficácia e
não estabelece como meta final a abstinência do usuário.
Tais divergências em relação à estratégia de redução de danos dificultam sua
consolidação, a disseminação de seus princípios.
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Conclusões
A redução de danos depara com inúmeros desafios, que demandam uma
compreensão ampliada do fenômeno das drogas no contemporâneo, a fim de formular
ações diversificadas. Nesse sentido é necessário o envolvimento conjunto de diferentes
setores da sociedade como, por exemplo, a escola, da articulação e da divisão de
responsabilidades entre os campos da saúde e da segurança, além da reconstrução do
enfoque sobre as drogas.
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Referências bibliográficas
VIER, M.L.; BOARINI, .M.L. Políticas Sobre Drogas no Brasil: a Estratégia de
Redução de Danos. Psicologia Ciência e Profissão, vol. 33, núm. 3, 2013, pp. 580-595
Conselho Federal de Psicologia Brasília, Brasil. Disponível em:
https://www.redalyc.org/pdf/2820/282028779006.pdf