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1. Introdução
A abordagem adotada pela Lei de Drogas parece estar longe de atingir seus
objetivos. O tráfico de drogas persiste, muitas vezes adaptando-se e encontrando
novas rotas e formas de operar, desafiando as tentativas de contenção. Além disso,
a violência associada ao tráfico muitas vezes se intensifica, gerando um ciclo de
impactos negativos na sociedade.
À medida que este estudo avança, será fundamental examinar mais de perto
essas alternativas e suas aplicações potenciais no contexto brasileiro, considerando
a viabilidade e os desafios práticos de implementação. A análise crítica e a
compreensão das experiências internacionais desempenharão um papel
fundamental na formulação de recomendações para políticas mais eficazes e justas.
outro lado, Couto (2023) argumenta que a formação policial deve incorporar
educação em direitos humanos para promover abordagens mais justas.
Ou seja, Gomes (2021) propõe uma análise do problema das drogas através
da lente da Necropolítica, um conceito que explora o poder soberano de decidir
quem pode viver e quem deve morrer. Sob essa perspectiva, a aplicação das
políticas de drogas, particularmente em áreas marginalizadas, pode ser interpretada
como uma forma de controle social, onde certos grupos são deliberadamente
expostos a riscos de morte e violência.
Santos et. al. (2017), falam sobre a relação entre o estigma social e a
representação do jovem negro e favelado como um futuro criminoso ou usuário de
drogas é uma questão de extrema relevância ao abordar as políticas relacionadas
ao tráfico de drogas e seu impacto nas comunidades marginalizadas. Esse estigma
cria um ciclo prejudicial que perpetua a discriminação e a criminalização,
contribuindo para um ambiente propício ao encarceramento em massa desses
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Foi visto como necessário, dentro das falas de Santos et al. (2017), sendo
imperativo reconhecer e desafiar esses estigmas arraigados, reformando as políticas
e práticas institucionais para que sejam mais justas, equitativas e sensíveis às
nuances sociais. Isso implica não apenas em rever as abordagens punitivas, mas
em implementar estratégias que promovam a inclusão, a educação, o acesso a
oportunidades e a justiça social, visando desmantelar esse ciclo prejudicial de
estigmatização, discriminação e marginalização.
Percebeu-se que, dentro das falas de Zamora, quanto Telles et al, é apontado
que a voz e a experiência da juventude periférica são centrais para a compreensão
dos impactos reais das políticas de drogas em suas vidas e comunidades. As
práticas e estratégias adotadas no combate ao tráfico de drogas muitas vezes
ignoram ou subestimam as complexas dinâmicas sociais e econômicas presentes
nas áreas periféricas, e isso resulta em medidas punitivas que agravam as
desigualdades já existentes.
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Viu-se nas falas de Zamora, quanto Telles et al., que o envolvimento ativo
desses grupos nas discussões sobre as políticas de drogas é crucial para identificar
soluções que sejam socialmente justas e eficazes. Isso implica não apenas em ouvir
as demandas e preocupações dessas comunidades, mas também em capacitar e
dar voz a esses grupos marginalizados no processo de formulação de políticas.
Para se ter tais revisões políticas, é necessária uma abordagem das políticas
de drogas sendo intimamente ligada a tratados e acordos internacionais, como
discutido por Alemay (2020) e Silvia (2013). Estes tratados desempenham um papel
significativo na maneira como as políticas nacionais são concebidas. Embora esses
acordos possam restringir a autonomia das nações na formulação de suas políticas
de drogas, é importante destacar que ainda há margem para interpretação e
implementação flexível desses acordos. Isso permite a adaptação das políticas para
atender às necessidades particulares de cada país.
Além disso, o uso de naloxona para prevenir overdoses tem sido eficaz em
muitos países, como nos Estados Unidos, onde programas de distribuição de
naloxona têm ajudado a reduzir as mortes por overdose. Programas de tratamento
de substituição de opiáceos, como a terapia de manutenção com metadona ou
buprenorfina, demonstraram ser eficazes na redução de danos associados ao uso
de drogas opióides em locais como o Canadá e alguns países europeus,
proporcionando alternativas seguras e eficazes para os usuários de drogas. Essas
estratégias não apenas reduzem danos individuais, mas também têm impactos
positivos na saúde pública e na diminuição de práticas de risco associadas ao
consumo de drogas ilícitas, (PIMENTA, 2015).
impactos ambientais das drogas ilícitas reflete uma compreensão mais ampla das
consequências ecológicas associadas ao cultivo e produção de substâncias ilegais.
CONCLUSÃO
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Artigo 5º, Artigo 144º e Artigo 196º. Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988.
BRASIL, Lei nº 11.343. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
Drogas – Sisnad. Diário Oficial da União, Brasília, 2006.
COUTO, Eduardo Henrique Scanoni do. Educação em direitos humanos na
formação policial militar em Pernambuco: uma análise do curso de formação
de soldados/2015. repositorio.ufpe.br. Disponível em:
<https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/25194>. Acesso em: 26 out. 2023.
GOMES, Maria Clara Castro Vieira. Guerra às drogas: uma análise sob o viés da
Necropolítica. 2021. 40 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) –
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2021.
SOARES, Luiz Eduardo; BATISTA, André; PIMENTEL, Rodrigo. Elite da tropa. Rio
de Janeiro. Ponto de Leitura, 2006.
TELLES, Ana Clara; AROUCA, Luna; SANTIAGO, Raull. Do # vidas nas favelas
importam ao # nós por nós: a juventude periférica no centro do debate sobre
política de drogas. http://www.ipea.gov.br, v. 18, n. 1, 2018. Disponível em:
<https://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/8886?mode=full>. Acesso em:
26 out. 2023.