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PARECER JURÍDICO SOBRE A DESCRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS

SALVADOR, BA

2023

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PARECER JURÍDICO SOBRE A DESCRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS

● Artigo como requisito para nota parcial das


disciplinas: CRIMINOLOGIA, LEI PENAL E

CRIME e HERMENÊUTICA E

ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA

Professores: Lucas Rego Silva Rodrigues e Marina de Cerqueira Sant Anna

Curso: Direito

Coordenador de Curso: Luiz Carlos Lourenço

Alunos: João Victor Conceição Santos, Pedro Henrique Carvalho Lima Cabral, Sarah

Lima Landim, Sarah Imaculada Oliveira Leita, Barbara Sanches Pena, Raidja Neris da

Silva, Vitória Regia Mendes de Souza, Júlia Maria Mendes de Souza, Carolina Alves

dos Santos, Kailane Bandeira Magalhães, Ailton Moreira dos Santos Junior

SALVADOR, BA

2023

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Descriminalização das Drogas

● Objetivo

O presente parecer tem por objetivo analisar a possibilidade de


descriminalização das drogas à luz da argumentação jurídica, apresentar também
argumentos favoráveis ao tema, analisar os possíveis impactos da descriminalização na
sociedade, apresentar alternativas ao modelo atual de criminalização do usuário de
drogas e fomentar a reflexão sobre as políticas de drogas e suas implicações sociais,
econômicas e de saúde publica. Para isso, serão utilizadas informações sobre
Interpretação e Argumentação Jurídica dados em sala de aula, além de todo conteúdo
dado nas aulas de criminologia.

● Desenvolvimento

A descriminalização das drogas é um tema amplamente debatido em diversas


partes do mundo. Trata-se da ideia de reformar as políticas de drogas, com o objetivo de
reduzir a criminalização do consumidor e adotar uma abordagem mais focada na saúde
pública e na redução de danos. A atual abordagem em relação às drogas, que envolve a
proibição e a criminalização do uso e da posse, tem sido objeto de críticas por diversos
motivos. Um deles é o fato de que a guerra às drogas impulsionou o crescimento do
mercado ilegal de drogas, alimentando o tráfico e a violência associada a essa atividade.
Outra crítica é o impacto desproporcional das políticas de drogas nas comunidades mais
marginalizadas, que muitas vezes enfrentam ações policiais mais frequentes e agressivas
devido ao seu envolvimento com drogas. Além disso, a abordagem punitiva tende a
estigmatizar os usuários ao invés de oferecer-lhes ajuda e tratamento adequado.
A descriminalização das drogas não significa uma liberação completa do
consumo e da venda de substâncias ilícitas. Em vez disso, busca-se uma mudança de
paradigma, com o foco voltado para a saúde pública e para a redução de danos. Isso
implica em abordar o problema das drogas como uma questão de saúde, oferecendo
tratamento e programas de prevenção eficazes, ao invés de punir indivíduos por seu uso.
Atualmente, muitos recursos e esforços são direcionados para a repreensão do
uso de drogas, mas os resultados são questionáveis. A descriminalização poderia
desafogar o sistema judiciário, deixando mais espaço e recursos para a investigação e

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combate ao trafico de drogas, que é um problema real e atualmente não recebe a devida
atenção.

A discussão sobre a descriminalização das drogas vai além do âmbito jurídico,


sendo fundamental para a construção de políticas públicas mais eficazes e humanizadas.
A integração de diferentes perspectivas é essencial para a formulação de melhores
estratégias que busquem soluções para esse grande problema.

● O que diz a lei?

No Brasil, a legislação sobre o uso de drogas está disposta na Lei n°


11.343/2006, conhecida como Lei de Drogas. Essa lei estabelece as normas relacionadas
à prevenção do uso indevido, tratamento e reinserção social de usuários e dependentes
de drogas, bem como regras para o enfrentamento do tráfico ilícito e a repressão de
condutas relacionadas à produção não autorizada e ao comércio ilegal de entorpecentes.
Nesta lei uso de drogas não é considerado crime ou seja, o usuário não será punido
criminalmente quando estiver em posse de quantidade suficiente apenas para consumo
pessoal, desde que ele esteja em situação de vulnerabilidade e esteja buscando
tratamento ou esteja em tratamento voluntário. Inclusive a punição pode ser substituída
por medidas educativas ou de prestação de serviços à comunidade

● Exemplo de outros Países

Países como Portugal e Uruguai são exemplos de lugares que adotaram políticas
de descriminalização das drogas, buscando diminuir os danos associados ao consumo e
ao tráfico. Essas experiências têm mostrado resultados positivos, como a redução do
número de mortes relacionadas a overdose, a diminuição do número de usuários de
drogas pesadas e a ampliação do acesso a tratamento e cuidados de saúde.
No entanto, é importante ressaltar que a descriminalização das drogas não é uma
solução única e universal. Cada país e contexto enfrentam desafios e necessidades
específicas, sendo necessário adaptar as políticas de drogas de acordo com suas
realidades.

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Em 2001, Portugal descriminalizou o uso e a posse de pequenas quantidades de
todas as drogas. Desde então, o país tem observado impactos positivos, incluindo uma
redução no número de overdoses, diminuição dos casos de infecção por HIV
relacionada ao uso de drogas injetáveis e uma diminuição nas taxas de encarceramento
por crimes relacionados a drogas.

Embora não tenha uma política de descriminalização total, a Holanda adota uma
abordagem de tolerância em relação ao uso de cannabis, permitindo o uso e a venda
controlada em coffee shops. Isso resultou em baixas taxas de uso problemático de
cannabis e uma diminuição das taxas de criminalidade relacionada ao tráfico de drogas.

A Suíça adotou políticas de redução de danos e tratamento de drogas baseadas


em uma abordagem de saúde pública. Isso incluiu a disponibilidade de salas de
consumo supervisionado, programas de distribuição de heroína para usuários crônicos e
acesso a tratamento e serviços de redução de danos. Essas políticas resultaram em uma
redução do uso problemático de drogas, bem como uma diminuição das taxas de
infecção por HIV entre os usuários de drogas injetáveis.

É importante observar que os resultados positivos observados nesses países estão


relacionados a uma série de fatores e políticas combinadas, não apenas à
descriminalização em si. Além disso, o contexto de cada país, incluindo aspectos
culturais, sociais e econômicos, pode influenciar os resultados. Dessa forma, os dados
oficiais desses países e regiões podem fornecer insights valiosos para a discussão sobre
a descriminalização das drogas.

● Descriminalização e Legalização

Faz-se necessário distinguir o que é descriminalização das drogas e o que é


legalização das drogas.
Descriminalização significa que o uso e a posse da droga não seriam mais
considerados crimes, mas não haveria uma regulamentação para a venda e produção
dessas substâncias. Já a Legalização implicaria na regulamentação do mercado de
drogas, ou seja, haveria uma fiscalização e a venda seria realizada de forma legal. No
nosso caso, estamos abordando apenas a descriminalização das drogas.

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Em suma, a descriminalização das drogas é uma proposta que visa repensar a
abordagem atual em relação aos entorpecentes, priorizando a saúde pública e a redução
de danos. Essa mudança de paradigma busca evitar a estigmatização e a marginalização
dos usuários e enfatiza a importância do tratamento e da prevenção como instrumentos-
chave para lidar com o problema das drogas.

● O que dizem os Doutrinadores?

Existem diversos doutrinadores que discutem esse assunto, apresentando


diferentes pontos de vista. Seguem abaixo três doutrinadores e suas obras.

O doutrinador Eugenio Raúl Zaffaroni e seus coautores abordam a


descriminalização das drogas como uma medida de política criminal. Eles defendem a
elaboração de políticas públicas efetivas de prevenção e redução de danos,
argumentando que a criminalização do consumo de drogas não tem eficácia na
diminuição do consumo.

Alessandro Baratta é um doutrinador que discute sobre a criminologia crítica e a


crítica do direito penal. Ele analisa a questão das drogas, argumentando que a
criminalização não resolve o problema, mas sim perpetua a exclusão social e o tráfico
de drogas, além de gerar um sistema de controle social discriminatório e seletivo.

Nessa obra, Rômulo Fornazari Júnior e Fernando A. da Costa Sanchez discutem


o tema das drogas sob diferentes perspectivas e abordagens jurídicas. Eles exploram a
questão da descriminalização das drogas, avaliando suas implicações sociais,
econômicas e de segurança pública.

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REFERÊNCIAS

Zaffaroni, Eugenio Raúl; Pierangeli, José Henrique; Alagia, Alejandro. Manual


de Direito Penal Brasileiro: Parte Geral (volume 1). 7ª ed. rev. e atual. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2010.

Baratta, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à


sociologia do direito penal. 3. ed. trad. Juarez Cirino dos Santos. Rio de Janeiro: Revan,
2002.

Fornazari Júnior, Rômulo; Sanchez, Fernando A. da Costa. Drogas, Direito e


Sociedade. São Paulo: Atlas, 2017.

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