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Artigo

Legalização do comércio de drogas


sob a óptica da segurança pública

Eduardo Gusmão Costa 10/06/2022 às 16:39

RESUMO: o presente estudo objetivou


apresentar os prós e os contras relacionados a
legalização do comércio de drogas com
observância a questão da segurança pública e dos
países que já legalizaram o comércio de drogas
ilícitas. Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa
exploratória e descritiva, realizada a partir de um
estudo bibliográfico e documental, cujo método
de construção foi o dedutivo, tratando-se,
portanto, de uma pesquisa de natureza básica e
de abordagem qualitativa. A partir disso, foi
possível observar que a guerra das drogas, que se
encontra instalada no Brasil e em alguns outros
países, contribuem muito para a desigualdade
social e para o aumento da criminalidade. De
modo que, por outro lado, os países que
desistiram da guerra e aceitaram regulamentar e
até legalizar o consumo, comércio e até mesmo a
produção da maconha, já conseguiram obter bons
resultados, especialmente no que diz respeito à
criminalidade. Assim sendo, conclui-se que a
legalização ou a simples regulamentação e
liberação de determinada quantidade para venda,
consumo e produção, como é o caso do Uruguai,
já se refere a uma evolução no contexto da
segurança pública, minimizando os gastos e os
esforços nesse sentido.

PALAVRAS-CHAVE: Legalização. Drogas.


Segurança Pública.

ABSTRACT: The present study aimed to


present the pros and cons related to the
legalization of the drug trade, observing the issue
of public safety and the countries that have already
legalized the trade in illicit drugs. Therefore, an
exploratory and descriptive research was
developed, based on a bibliographic and
documentary study, whose construction method
was the deductive one, being, therefore, a
research of a basic nature and with a qualitative
approach. From this, it was possible to observe
that the drug war, which is installed in Brazil and in
some other countries, contributes a lot to social
inequality and to the increase in crime. So, on the
other hand, the countries that gave up the war and
accepted to regulate and even legalize the
consumption, trade and even the production of
marijuana, have already managed to obtain good
results, especially with regard to crime. Therefore,
it is concluded that the legalization or the simple
regulation and release of a certain amount for sale,
consumption and production, as is the case of
Uruguay, already refers to an evolution in the
context of public security, minimizing expenses
and e!orts in that direction.

KEYWORDS: Legalization. Drugs. Public


security.

ABSTRACTO: El presente estudio tuvo como


objetivo presentar los pros y los contras
relacionados con la legalización del tráfico de
drogas, observando el tema de la seguridad
pública y los países que ya han legalizado el tráfico
de drogas ilícitas. Por ello, se desarrolló una
investigación exploratoria y descriptiva, basada en
un estudio bibliográfico y documental, cuyo
método de construcción fue el deductivo, siendo,
por tanto, una investigación de carácter básico y
con enfoque cualitativo. A partir de eso, fue
posible observar que la guerra contra las drogas,
que está instalada en Brasil y en algunos otros
países, contribuye mucho a la desigualdad social y
al aumento de la criminalidad. Así que, por otro
lado, los países que abandonaron la guerra y
aceptaron regular y hasta legalizar el consumo, el
comercio y hasta la producción de marihuana, ya
han logrado obtener buenos resultados,
especialmente en lo que respecta a la
criminalidad. Por tanto, se concluye que la
legalización o la simple regulación y liberación de
una determinada cantidad para la venta, consumo
y producción, como es el caso de Uruguay, ya
remite a una evolución en el contexto de la
seguridad pública, minimizando gastos y
esfuerzos en ese sentido.

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PALAVRAS CLAVE: Legalización. Drogas.


Seguridad Pública.

1. INTRODUÇÃO

O presente estudo versa na temática da


legalização do comércio de drogas no contexto
da segurança pública. Há muito tempo, se
configura no direito penal uma grande polêmica
acerca das condutas relacionadas ao uso e
comércio de substâncias psicoativas ilícitas,
popularmente conhecido como drogas ilícitas.
São diversos os debates em relação a esse tema,
tendo em vista as consequências que o uso desse
tipo de substância provoca no corpo humano,
deixando o usuário alucinado, fora de si, com
transtornos de humor, agressivos, entre muitos
outros sintomas.

Porém, por outro lado, tem-se a discussão


acerca da legalização e assim, entende-se a
liberação do uso e comércio das drogas ilícitas
como forma de frear a marginalização e contribuir
com as questões que envolvem a segurança
pública. Pois, diversos estudos apontam para a
relação entre a repressão às drogas e o
surgimento do tráfico, contribuindo assim, para o
aumento da criminalidade.

Nesse sentido, o presente estudo gira em


torno do seguinte problema de pesquisa: como a
legalização do comércio de drogas no Brasil pode
contribuir com a segurança pública, no sentido de
reduzir a criminalidade?

Assim sendo, objetiva-se apresentar os prós e


os contras relacionados a legalização do
comércio de drogas com observância à questão
da segurança pública e dos países que já
legalizaram o comércio de drogas ilícitas. Como
objetivos específicos estabeleceu-se: -
Desenvolver um breve histórico sobre o consumo,
conceito e combate às drogas; - Analisar a Lei de
Drogas (Lei nº 343/2006) e o comércio de drogas
no Brasil com foco na segurança pública; e - Expor
as teorias penais como modelo de
fundamentação para legalização das drogas ou
para justificar a proibição, levando em
consideração países que já legalizaram algum tipo
de entorpecente como o Uruguai e o Estado da
Califórnia, nos EUA.

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A questão da legalização das drogas é um


tema de grande repercussão e debate,
entretanto, sem definitivas resoluções. De modo
que, muito se discute sobre a diferenciação entre
descriminalização e legalização, e de como ambas
iriam impactar no combate à criminalidade,
contribuindo para a redução do crime organizado,
isto é, grupos e facções criminosas que tem como
principal fonte de sobrevivência o tráfico de
drogas ilícitas (BATISTA, 2018, p. 1). Grupos estes
que tem crescido cada vez mais no cenário
brasileiro, destruindo famílias, matando inocentes,
e causando inúmeros problemas para a segurança
pública.

Assim, de acordo com Ganem (2016, p. 1), com


a descriminalização, isto é, a retirada da matéria
relativa ao consumo de drogas do âmbito penal,
não significa dizer que todos passarão a usar
drogas, é necessário compreender que, a
descriminalização não tem como consequência
lógica o uso, haveria regulamentações para tal
medida, assim como existem países em que o uso
de bebidas alcoólicas é permitido e não é
considerado crime, mas não pode ser consumida
em público, logo a conduta não é criminalizada e o
consumo não é liberado.

Além disso, observa-se um crescente índice


de menores de idade, que não podem ser presos,
trabalhando dentro destas facções,
corroborando assim, para o fracasso da política
criminal. Ao citar o Observatório de Favelas (2009,
p. 24), Xavier (2013, p. 16), diz que, o comercio de
drogas usa sistematicamente a população
infanto-juvenil, com os menores de 18 anos
representando entre 50% e 60% da mão de obra
empregada neste serviço em funções armadas ou
não armadas.

Observa-se assim, que a questão das drogas


impacta negativamente a sociedade como um
todo, marginalizando as crianças e adolescentes,
que muitas vezes por falta de oportunidade e
busca por meios fáceis, ou melhor, rápidos de
ganhar dinheiro se sujeitam a trabalhar para estes
grupos criminosos. E por outro lado, colocando
em risco a vida de pessoas inocentes, já que, por
ser proibido, os preços para se obter pouco
quantidade de drogas são altíssimos, fazendo
com que os dependentes roubem e matem quem
quer que seja para conseguir satisfazer a sua
necessidade e sair da abstinência.

Apesar do crescente interesse pela


legalização do consumo e venda de drogas por
parte das autoridades e estudiosos do assunto,
conforme foi apresentado, ainda se tem muito o
que analisar, pois, as controvérsias ainda são
muitas (ROCHA, 2016). Por isso, faz-se necessário
analisar o processo de legalização de outros
países como por exemplo, o Uruguai e o estado da
Califórnia nos EUA, que legalizaram a maconha
para se ter uma ideia dos prós e contras da
liberação, é necessário também analisar como
funciona a atual lei das drogas no seu uso e como
o direito solucionaria tal questão.

Nesse sentido, o trabalho se justifica no


âmbito social conforme foi apresentado, e,
sobretudo, por tratar de questões que envolvem a
segurança pública e, se apresenta com relevância
acadêmica pois, busca trazer os dois lados do
problema, analisando também as questões que
envolvem a saúde do usuário e que irá impactar,
consequentemente, na saúde pública também.

Para o alcance dos objetivos foi desenvolvida


uma pesquisa cujo método foi o dedutivo, tendo
em vista que, irá partir de um assunto geral, que é o
consumo e o comércio de drogas ilícitas para
chegar a uma possível resposta quanto as
vantagens e as desvantagens da legalização em
relação as questões que envolvem a segurança
pública. Trata-se de uma pesquisa de natureza
básica e de abordagem qualitativa, uma vez que,
não foi utilizado dados numéricos para análise dos
resultados, bem como não houve nenhuma
aplicação prática, os dados teóricos foram
analisados e interpretados pelo autor
(PRODANOV; FREITAS, 2013).

De acordo com o autor supracitado, quanto


aos objetivos, trata-se de uma pesquisa
exploratória e descritiva, pois, buscou-se
investigar as questões que envolvem a legalização
do comércio de drogas e ainda, descrever o que já
se tem na literatura acerca desse tema em relação
aos países que já adotaram a legalização. Assim,
foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica e
documental, a fim de compreender melhor a
questão do consumo de drogas, bem como a sua
proibição em relação aos aspectos do Direito
Penal e da Lei das Drogas em vigência, e ainda,
entender como foi e como tem sido a legalização
no Uruguai e no Estado da Califórnia, nos EUA.

A partir disso espera-se obter mais


informações acerca do processo de legalização
do comércio de drogas e o impacto que isso
apresenta no contexto da segurança pública.
Evidenciando, com base no Direito Penal e na
experiência de países que já legalizaram o
comércio de drogas ilícitas, se isso contribuiu com
a redução da criminalidade, bem como, analisar o
contexto do comércio e consumo de drogas no
Brasil, buscando fazer um paralelo entre os países
para assim concluir sobre os benefícios e possíveis
malefícios em adotar esse cenário para o país.

Como forma de organizar a exposição das


ideias do presente trabalho o mesmo encontra-se
dividido em cinco seções, sendo elas: a presente
introdução, que contextualiza e situa o leitor sobre
o que está sendo discutido; o capítulo dois
abordando de forma geral questões envolvendo
as drogas, evidenciando o histórico, o conceito,
os tipos e as práticas de combate ao consumo de
drogas; em seguida, o capítulo três, que versa
sobre a legislação vigente acerca das drogas e o
cenário em que esse consumo encontra-se no
Brasil, levando em consideração, sobretudo a
segurança pública.

Fechando o desenvolvimento tem-se o


capítulo quatro, tratando sobre o ponto de vista
do Direito Penal em relação à legalização e o
entendimento do assunto a partir dos países que já
legalizaram o comércio de algumas drogas ilícitas.
Por fim, na quinta seção tem-se a conclusão, onde
é evidenciado as principais informações obtidas,
buscando responder ao problema de pesquisa e
esclarecer sobre o alcance dos objetivos
propostos.

2. ASPECTOS GERAIS SOBRE AS DROGAS

2.1 BREVE HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO


CONCEITO DO TERMO DROGA

As drogas existem desde muitos anos, desde


a antiguidade já se fazia uso das plantas e
substâncias que são consideradas, na atualidade,
como drogas prejudiciais à saúde. De acordo com
Araújo e Moreira (2004) as plantas psicoativas, isto
é, plantas que provocam algum efeito no
organismo, as quais podem-se citar, estimulante,
calmante, alucinógenos, entre outras, são
utilizados e consumidos desde os ancestrais do
homem, entretanto, ao longo dos anos, a forma de
consumo e os consumidores foram sendo
alterados até que, nos dias de hoje, chegou-se ao
atual e polêmico problema que envolvem o uso
das drogas, sobretudo, aquelas consideradas
ilícitas.

Nesse sentido, Nunes e Jólluskin (2007)


apresentam que, nos primórdios e por muitos
anos, o consumo de drogas esteve vinculado e
associado aos cultos religiosos, de acordo com as
autoras, acreditava-se que o consumo de plantas
psicoativas promovia um elo entre a realidade e ao
que era divino. Contudo, com o passar dos anos, o
uso das drogas passou a receber outras
finalidades, sendo elas: terapêuticas e festivas,
que contribuíram para a construção de um
verdadeiro negócio. Assim, as autoras apresentam
que: as drogas, transversais a tempos e a culturas,
incomodaram a Religião, encolerizaram o Direito,
comprometeram a Economia e constituíram uma
tentação para a Arte (NUNES; JÓLLUSKIN, 2007, p.
233).

Por muito tempo droga significava fármaco,


palavra de origem grega (pharmakós), e que fazia
referência àquilo que tinha o poder de transladar
as impurezas, tudo o que era usado como oferta e
sacrifício aos deuses era chamado de fármaco, e
para os gregos, estes elementos poderiam causar
tanto o bem quanto o mal, tanto a vida quanto a
morte, tudo iria depender da quantidade ingerida,
da pureza da substância, das condições e dos
motivos que levavam a sua utilização. Dessa forma,
estudiosos e fundadores da medicina científica
concluíram que, as drogas seriam substâncias
capazes de contribuir e proporcionar sensações
para o corpo humano, entretanto, caso este não
vencesse elas, ele seria vencido (ARAÚJO;
MOREIRA, 2004; NUNES; JÓLLUSKIN, 2007).

Observa-se assim que as substancias


psicoativas estão presentes na vida humana
desde a antiguidade, assim, tem-se que elas são
um fenômeno antigo e persistente, não estando
presente, apenas em regiões que eram
desprovidas de vegetação. Além disso, as
finalidades para o uso destas eram diversos, tanto
para fins religiosos e de sacramento quanto para
fins festivos e de obtenção de prazer ou ainda de
forma medicamentosa, na busca da cura
(MEDEIROS; TÓFOLI, 2018).

Esse cenário passou a mudar a partir da


expansão do mercantilismo e o movimento de
descobrimento das drogas. Segundo Araújo e
Moreira (2004), a partir do século XVIII, passou a
ser desenvolvida com as substâncias psicoativas,
uma grande quantidade de experiências
científicas, de modo que, passou-se a produzir
inúmeros medicamentos com base nos alcaloides
destas plantas. Dentre os surgimentos da época,
destaca-se, em 1860, a sintetização da cocaína
pela primeira vez. E, a partir dos estudos
desenvolvidos por Freud acerca desta substância,
a mesma passou a ser prescrita para o tratamento
de ansiedade e depressão, e, com isso, o
consumo da cocaína se tornou, assim como as
bebidas alcóolicas, algo midiático e da moda
(NUNES; JÓLLUSKIN, 2007).

Dessa forma, as substâncias psicoativas


apresentaram uma mudança de valor, isto é, o que
havia valor em função do seu uso e dos efeitos
proporcionados ao ser humano, passou a ter valor
comercial, valor de troca. Em outras palavras, a
partir da Idade Moderna, as substâncias
psicoativas passaram a ter valor econômico, se
tornando assim, uma verdadeira mercadoria
(SOUZA; CALVETE, 2017). Nessa conjuntura,
passou-se a descobrir ainda mais drogas e até a
produzir novas drogas, surgindo assim,
laboratórios ilegais capazes de produzir
psicofármacos em altíssima velocidade e com
baixo custo, fatores estes que contribuíram para o
surgimento de problemas sociais e que colocaram
as drogas como uma grande problemática para a
vida humana na atualidade (NUNES; JÓLLUSKIN,
2007).

Tal cenário fez com que, atrelado ao elevado


consumo, produção e comercialização das
substancias psicoativas, surgissem os problemas
sociais, sobretudo, em função da ilegalidade que
a produção destas tomou e os conflitos que a
mesma passou a provocar dentro do contexto
social, tendo em vista que, as diferentes
substâncias quimicamente manipuladas e
misturadas tem levado a produção de drogas com
propriedades desconhecidas e com efeitos
imprevisíveis. Sem contar, a forma como estas
drogas chegam aos consumidores (SOUZA;
CALVETE, 2017; NUNES; JÓLLUSKIN, 2007).

Conforme se pôde observar, o conceito de


drogas foi mudando ao longo dos anos com base
na forma como a mesma foi sendo usada e vista
pela sociedade, ou seja, o que era apenas um
elemento usado para se obter maior proximidade
com questões religiosas e de cura, tornou-se um
elemento de valor, capaz de mover a economia,
tornando-se assim, uma verdadeira mercadoria,
como Souza e Calvete (2017) apresentaram.
Fatores esses que contribuíram para a criação de
um comércio de drogas, que, diga-se de
passagem se torna ilegal em função das misturas
que são feitas de forma aleatória, trazendo
consequências para a vida social do ser humano,
muitas vezes, desconhecidas. Além disso, em
função da quantidade monetária que gira em
torno do comércio das drogas, surgiram muitos
laboratórios clandestinos, o que justifica a
ilegalidade da comercialização deste produto.

Nesse sentido, Torcato (2016) apresenta que,


etimologicamente, a palavra droga é derivada da
palavra As Melhores
droog Condições
, que refere-se Só Aqui
a produtos secos, no
que dizGazin
respeito à alimentação e à medicina.

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