Você está na página 1de 27

CURSO

MINAS DA REDAÇÃO

MINAS DA
REDAÇÃO
TEMA 04 - GUERRA ÀS DROGAS
AGORA, VAMOS AO TEMA...

TEMA DA SEMANA:

“A necessidade de reformulação das


políticas públicas no combate às
drogas no Brasil”
TEXTOS MOTIVADORES

Texto I

O tema da "guerra às drogas" é atravessado por grandes interesses econômicos


e políticos e tem sido um cenário de justificativa para o exercício de muitas
formas de violências e controle, particularmente com a população preta,
pobre, vivendo em comunidades e em situação de rua. Internacionalmente e
em muitos municípios brasileiros, temos experiências e pesquisas que afirmam
que o cuidado a pessoas em uso intensivo de álcool e outras drogas precisa ser
pautado na possibilidade de apoio à ampliação da vida, articulando políticas de
habitação, trabalho, assistência social, cultura, segurança e saúde.

Liberdade caça jeito. Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay | Folha de S. Paulo,
07/02/23
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/02/liberdade-caca-
jeito.shtml (Adaptado)
Texto II

As Diretrizes Internacionais sobre Direitos Humanos e Políticas de Drogas introduzem um catálogo abrangente
de padrões de direitos humanos. Fundamentadas em décadas de evidências, as diretrizes são um guia para os
governos desenvolverem políticas públicas de drogas em conformidade com os direitos humanos, desde o
cultivo até o consumo. Com base na natureza universal dos direitos humanos, o documento cobre uma variedade
de áreas políticas, desde desenvolvimento até justiça criminal e saúde pública.
As diretrizes surgem em um momento em que representantes governamentais de alto nível estão reunidos na
Comissão sobre Narcóticos para formular uma nova estratégia global sobre drogas. Sob o crescente peso de
evidências que mostram falhas sistêmicas no paradigma punitivo dominante, incluindo violações generalizadas
dos direitos humanos, os governos enfrentam crescentes apelos para mudar de rumo.

ONU lança diretrizes internacionais para políticas de drogas baseadas em direitos humanos. UNODC, março 2019
Disponível em: https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/frontpage/2019/03/onu-lana-diretrizes-internacionais-para-
polticas-de-drogas-baseadas-em-direitos-humanos.html (Fragmento)

Por que é NECESSÁRIO? Como a política Como são as políticas públicas de


antidroga tem intensificado os problemas combate às drogas no Brasil? Elas
sociais do Brasil? são eficientes? Quais seus
impactos para a sociedade?

“A necessidade de reformulação das políticas


públicas de combate às drogas no Brasil”
Por que é importante combater o uso de
drogas? Quais os efeitos positivos de uma
política de redução de danos efetiva?
"SE" LIGA NESSES ARGUMENTOS:

No Brasil, a história do percurso da criação de políticas


públicas direcionadas aos usuários de drogas, à
repressão ao tráfico e à prevenção de maneira geral é
relativamente recente. Até a década de 20, não havia
qualquer regulamentação oficial sobre as drogas ilícitas
no País. Esse período, marcado pelo desenvolvimento da
industrialização, constituiu-se como o marco inicial no
Brasil do controle sobre drogas e resultou na publicação
de uma lei restritiva ao consumo dessas drogas, com
punições àqueles usuários “que não seguissem as
recomendações médicas.
"SE" LIGA NESSES ARGUMENTOS:
As primeiras décadas do século XX evidenciam que a

grande
problemática das drogas no Brasil esteve, em
parte de sua história, mais conectada às questões de
segurança do que às de saúde pública, tendo como
enfoque a repressão em detrimento da prevenção
(Garcia, Leal & Abreu, 2008).

Até a década de 80, o consumo de drogas ilícitas não era


considerado um problema da saúde pública ou de
responsabilidade governamental. Na verdade, até a
década de 80, as ações de redução da oferta diminuíram
ou até mesmo anularam os investimentos em saúde
pública e em prevenção, tratamento e reinserção social,
concentrando nos âmbitos da Justiça e da segurança
pública grande parte dos recursos públicos destinados à
problemática das droga.

A falência da guerra às drogas levou, então, à criação da


política de redução de danos.
"SE" LIGA NESSES ARGUMENTOS:

"SE" LIGA NESSES ARGUMENTOS:


A estratégia de redução de danos foi


progressivamente incorporada à legislação
brasileira sobre drogas, de modo que as políticas
de saúde reconheceram a histórica lacuna
assistencial prestada aos usuários de álcool e de
outras drogas. Nesse sentido, a partir da aprovação
da Lei Federal nº 10.216/2001 (Brasil, 2001a), que
legitimou o movimento da reforma psiquiátrica na
área da saúde mental, os usuários de drogas foram
efetivamente aceitos como de responsabilidade da
saúde pública, mais especificamente, da saúde
mental.
"SE" LIGA NESSES ARGUMENTOS:

O descompasso do surgimento das políticas públicas sobre drogas nos campos da


segurança e da saúde pública reflete o debate histórico a respeito do tema no país, que
oscilou entre esses dois âmbitos, o da segurança e o da saúde pública, carregando sinais
das políticas proibicionistas pautados, até o presente momento, no ideal de abstinência e na
ideologia norte-americana da guerra às drogas.

Embora estratégias como a redução de danos tenham conquistado espaço na agenda


pública brasileira a partir da década de 90, em vista da necessidade de respostas
eficazes à epidemia da AIDS, resgatando o enfoque na prevenção e os direitos à saúde
do usuário de drogas, sua implementação e compreensão ainda se apresentam
incipientes.
"SE" LIGA NESSES ARGUMENTOS:

É preciso lançar um olhar mais acurado


sobre a configuração atual do cenário das
drogas no país e responder às atuais
demandas no campo da prevenção, como o
álcool e o crack. Para tanto, necessita-se de
um envolvimento conjunto de diferentes
setores da sociedade e de instituições como,
por exemplo, a escola, da articulação e da
divisão de responsabilidades entre os
campos da saúde e da segurança, além da
reconstrução do enfoque sobre as drogas
propagado pelos meios de comunicação de
massa.
"SE" LIGA NESSES ARGUMENTOS:

Ainda que as políticas sobre drogas enfatizem um trabalho conjunto entre a saúde e a
segurança públicas, priorizando investimentos na capacitação policial civil e militar, a
quebra de preconceitos e estigmas é atravessada por outros fatores de ordem social. A
abordagem do fenômeno das drogas demanda não apenas a parceria entre a saúde e a
segurança públicas mas também a articulação entre os sistemas jurídico e educacional e
o comprometimento social.

Tal fato conduz à conjectura de que é o próprio imaginário social a respeito da droga que
deve ser modificado. Nesse sentido, a mídia e as redes de comunicação em geral, como
formadoras de opinião pública, são setores importantes no enfrentamento às drogas

Vamos ver
alguns
repertórios?
“Num país como o Brasil, manter a esperança viva é em si um ato revolucionário”
Paulo Freire
"Nos últimos tempos na favela, os tiroteios
aconteciam com frequência e a qualquer hora. Os
componentes dos grupos rivais brigavam para
garantir seus espaços e freguesias. Havia ainda o
confronto constante com os policiais que invadiam a
área. O irmão de Zaíta liderava o grupo mais novo,
entretanto, o mais armado. A área perto de sua casa
ele queria só para si. O barulho seco de balas se
misturava à algazarra infantil. As crianças obedeciam
à recomendação de não brincarem longe de casa,
mas às vezes se distraíam. E, então, não
experimentavam somente as balas adocicadas,
suaves, que derretiam na boca, mas ainda aquelas
que lhes dissolviam a vida."
"Zaíta seguia distraída em sua preocupação. Mais um tiroteio começava. Uma criança, antes de
fechar violentamente a janela, fez um sinal para que ela entrasse rápido em um barraco qualquer.
Um dos contendores, ao notar a presença da menina, imitou o gesto feito pelo garoto, para que
Zaíta procurasse abrigo. Ela procurava, entretanto, somente a sua figurinha-flor... Em meio ao
tiroteio a menina ia. Balas, balas e balas desabrochavam como flores malditas, ervas daninhas
suspensas no ar. Algumas fizeram círculos no corpo da menina. Daí um minuto tudo acabou.
Homens armados sumiram pelos becos silenciosos, cegos e mudos. Cinco ou seis corpos,
como o de Zaíta, jaziam no chão." (Conceição Evaristo)
Estereótipos raciais criados
a partir da estrutura do
racismo institucional que
intensificam a violência da
guerra às drogas...
“No Brasil, a política da guerra às drogas afeta
desproporcionalmente as regiões periféricas dos
centros urbanos […] É pela mira do fuzil que o Estado
brasileiro olha para as favelas e periferias. E, no que
se refere à política de drogas, a estratégia prioritária
adotada pelos governos é a do confronto e a da
guerra. As táticas para combater o mercado ilegal de
drogas são bem conhecidas por todos: incursões
policiais frequentes, fazendo uso irrestrito de
armamento pesado, com o objetivo declarado de
desmantelar organizações criminosas e apreender
substâncias ilícitas”

Ana Clara Telles, Luna Arouca e Raull Santiago)


”Tropa de Elite" (2007)

Nascimento, capitão da Tropa de Elite do


Rio de Janeiro, é designado para chefiar
uma das equipes que tem como missão
apaziguar o Morro do Turano. Ele precisa
cumprir as ordens enquanto procura por
um substituto para ficar em seu lugar. Em
meio a um tiroteio, Nascimento e sua
equipe resgatam Neto e Matias, dois
aspirantes a oficiais da PM. Ansiosos para
entrar em ação e impressionados com a
eficiência de seus salvadores, os dois se
candidatam ao curso de formação da
Tropa de Elite.
”CIDADE DE DEUS” (2002)

Filme do diretor Fernando


Meirelles, lançado em 2002,
mostra a questão da
favelização no Rio de Janeiro
e as disputas por domínio
dos territórios cariocas por
parte de facções e grupos
de traficantes.
Mas eu só quero é ser feliz, feliz, feliz, feliz, feliz
Onde eu nasci, han
E poder me orgulhar
E ter a consciência que o pobre tem seu lugar

Minha cara autoridade, eu já não sei o que fazer


Com tanta violência eu sinto medo de viver
Pois moro na favela e sou muito desrespeitado
A tristeza e alegria aqui caminham lado a lado
Eu faço uma oração para uma santa protetora
Mas sou interrompido a tiros de metralhadora
Enquanto os ricos moram numa casa grande e bela
O pobre é humilhado, esculachado na favela
Já não aguento mais essa onda de violência
Só peço à autoridade um pouco mais de competência
Conheça nossas redes sociais

Minas da Redação Podcast

Minas da Redação Podcast

@minasdaredacao

Link para baixar


este material!

Você também pode gostar