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São Paulo
2019
MATHEUS VERISSIMO L. DOS S. OLIVEIRA
São Paulo
2019
Matheus Verissimo Lopes dos Santos Oliveira
___________________________
Nota
___________________________
Data da Aprovação
___________________________
Acácio Miranda
Mestre/Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU
___________________________
Examinador
___________________________
Examinador
São Paulo
2019
Agradecimentos
Nos tempos atuais, o homem moderno tem fácil acesso a qualquer tipo de droga
seja nas escolas, na rua ou no trabalho. As drogas fazem parte do cotidiano de
todas as pessoas propondo desde uma melhora em seu estado clínico físico e
psicológico, até uma fuga da realidade como meio de diversão ou utilizada em rituais
místicos. A seguinte pesquisa tem por sua vez a finalidade de discutir sobre o
porquê certas drogas são proibidas, o que é droga, efeitos, conscientização e sua
relação com o poder público dentro do País. Para começarmos o tema, o mínimo é
entender desde logo a definição da palavra droga, sua origem e suas reações no
organismo. Por outro lado, não menos importante, devemos observar a distinção
entre usuário e dependente, para conseguirmos realizar uma análise do método
“combativo e omissivo” adotado pelo Estado.
In modern times, modern man has easy access to any kind of drug whether in
schools, on the street or at work. Drugs are part of the everyday life of all people,
ranging from an improvement in their physical and psychological clinical state, to an
escape from reality as a means of entertainment or used in mystical rituals. The next
research has the purpose of discussing what drugs are, addressing its historical
aspect, effects, awareness and its relationship with the public power within the
country. To begin with, the least is to understand the definition of the word drug, its
origin and its reactions in the organism. On the other hand, no less important, we
must observe the distinction between user and dependent, in order to carry out an
analysis of the "omissive preventive" environment adopted by the State.
INTRODUÇÃO 1
1. CONCEITUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS 2
1.1 A Origem Histórica e Progressiva do uso de Drogas 2
1.2 Conceito e classificação das Droga 4
1.3 Padrão do Uso de Drogas – Sujeitos e Contexto 7
1.3.a Do Usuário 7
Do Abuso a Dependência 11
2. BREVE HISTÓRIA PROBICIONISTA DAS DROGAS 16
2.1 Breve História da Proibição no Brasil 19
3. PROIBIÇÃO, DESPENALIZAÇÃO, DESCRIMINALIZAÇÃO E LEGALIZAÇÃO 22
3.1 Da Proibição 23
3.2 Da Despenalização 24
3.3 Da Descriminalização 25
3.4 Da Legalização 26
4. DOS MODELOS ESTRANGEIROS VIGENTES 28
4.1 DO MODELO HOLANDES 28
4.2 DO MODELO URUGUAIO 32
4.3 DO MODELO AMERICANO DO ESTADO DO COROLADO 34
5. DAS POSSIBILIDADES POLÍTICO-BRASILEIRAS 37
5.1 DOS VALORES DO TRÁFICO 37
5.2 OS NÚMEROS DO SISTEMA CARCERÁRIO 40
CONCLUSÃO 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45
Página |1
INTRODUÇÃO
“Todas as substâncias são venenos; não existe uma que não seja veneno.
A dose certa diferencia um veneno de um remédio. ” 1
1
Paracelsus, Dritte Defenso, 1538.
2
DIAS, Tatiana, Entrevista - Sem tédio não há profundidade [ONLINE], 2015, NEXO JORNAL, disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2015/11/20/%E2%80%98Sem-t%C3%A9dio-n%C3%A3o-h%C3%A1-
profundidade%E2%80%99-diz-neurocientista
3
RUSSO, Denis, O Fim da Guerra – A Maconha e a Criação de um Novo Sistema para lidar com Drogas, 2011,
São Paulo.
Página |3
Cogumelos pelos homens que ali viviam, como forma ritualística, outras civilizações
como a romana e a grega utilizavam em festas e em rituais o uso de cogumelos
junto de suas bebidas vinhosas. 4
4
MIGUEL, josé, Aplicação Psicológicas e Psiquiatras da Ayahuasca, 2016, disponível em:
https://docplayer.com.br/79751253-Aplicacoes-psicologicas-e-psiquiatricas-da-ayahuasca.html
5
National Institute on Drug Abuse (NIDA) Marijuana Research Findings: 1976, 1977, disponível em:
http://www.nyanp.org/wp-content/uploads/2015/10/Streisfeld_Cannabis-F-NYANP.pdf
6
ALEJANDRO, Francisco, Aspectos sociais e medicinais da "cannabis ativa" no mundo
Contemporâneo, disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/31553-35925-1-
PB.pdf.
Página |4
Após contato via e-mail com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para
localizar o real e atualizado conceito da palavra droga, recebi a seguinte resposta,
transcrita abaixo (anexo b):
Ou seja, pode concluir que o termo droga é vasto e amplo não cabendo
generalizações. Em cada área do saber o termo droga tem um significado, porém,
podemos inferir que droga é tudo aquilo que altera a percepção do ser humano.
Como veremos a seguir existe diversos tipos de alterações da percepção do
7
droga - termo de uso variado. Na medicina, refere-se a qualquer substância com potencial para prevenir ou
curar doenças ou melhorar o bem-estar físico ou mental e, em farmacologia, a qualquer agente químico que
altere os processos bioquímicos fisiológicos de tecidos ou organismos. Assim, um medicamento é uma
substância que é, ou poderia ser, listada em uma farmacopeia. Na utilização comum, o termo geralmente se
refere especificamente a drogas psicoativas e, muitas vezes, ainda mais especificamente, a drogas ilícitas, das
quais não existem medicamentos. O uso, além de qualquer uso médico, as formulações profissionais (por
exemplo, "álcool e outras drogas") frequentemente procuram mostrar que a cafeína, o tabaco, o álcool e outras
substâncias em uso comum não médico também são drogas no sentido de serem tomadas. Pelo menos em
parte por seus efeitos psicoativos. (Tradução própria), disponível em: The Lexicon of alcohol and drug terms
published by the World Health Organization (available at:
http://www.who.int/substance_abuse/terminology/who_lexicon/en/).
Página |5
Art.1° - Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as
substâncias ou os produtos capazes de causar, dependência, assim
especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas
periodicamente pelo Poder Executivo da União. (Grifo próprio) 8
Ou seja, para lei 11.343/06 não há uma definição especifica sobre quais são
as drogas ilegais, apenas uma positivação generalista, indicando onde estarão as
substâncias que causam dependência – em lei ou relacionados em listas - dessa
forma, estamos diante de um exemplo evidente das famosas normas penais em
branco, contudo, o que vem a ser as normas penais em branco?
Conforme expresso pelo professor Guilherme Nucci, a Lei de drogas não
traz em seu bojo as drogas ilegais, referidas em lei, o artigo primeiro apenas indica
onde estarão localizadas as substâncias classificada como drogas, logo, necessário
texto legal complementar para preencher esse “vazio”, vejamos as lições do
professor Guilherme Nucci:
8
BRASIL, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm
9
NUCCI, Guilherme, Curso de Direito Penal Vol. 1, 2017, p.243, disponível em:
https://forumdeconcursos.com/wp-content/uploads/wpforo/attachments/2/1346-Curso-de-Direito-Penal-
Parte-Geral-Vol-1-2017-Guilherme-de-Souza-Nucci.pdf
Página |6
Naturais, como o próprio nome já anuncia, são aquelas que não passam por
processos químicos ou físicos, a droga pode ser consumida in natura e os efeitos
serão percebidos.
10
RIELI, Fúlvio, PREVINA - Prevenção ao uso indevido de drogas, Universidade Aberta do Brasil / Universidade
Federal de São Paulo, 2015, p. 67
11
Governo do Estado do Paraná, Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária, DENARC -
Divisão Estadual e Narcóticos, disponível em:
http://www.denarc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=40.
Página |7
Para iniciarmos essa conversa devemos ter em mente que existe uma tríade
que forma o comportamento do usuário, sujeito-contexto-droga.12
Segundo Estudo realizado pelo Senado Federal, por meio dos professores
Dartiu Xavier e Evely Borges, o sujeito possui suas características de personalidade
e singularidade biológica; a substância psicoativa detém suas propriedades
farmacológicas específicas e por fim o contexto sociocultural no qual se realiza o
encontro entre o sujeito de a droga, forma a complexa relação.13
1.3.a Do Usuário
Vamos começar pelo o mais complexo dos três fatores, o sujeito pode ou
não se tornar dependente, a regra é que ele não se torne, pois, os doentes são
minorias. A relação da droga com o sujeito poderá se sustentar em cima de um dos
três pilares basilares, quais sejam: social, biológicos e psicológicos.
12
XAVIER E BORGES, Dartiu e Evelyn, Padrão de Uso de Drogas, Eixo Politicas e fundamentos, Senad, 2016
13
Idem
Página |8
Sendo assim, ao olharmos para nossa atual lei de drogas, que pune de
forma discricionária aquele que porta algum tipo de substancia listada como proibida
ao invés de - se for o caso - ter um tratamento digno é submetido a uma represália
moral que abarca a pecúnia ou a restrição da liberdade.
A atual lei de drogas progrediu em relação ao Usuário, visto que não há mais
pena restritiva de liberdade ao usuário que utilizar substâncias restritas, que se
encontram na lista da Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998.
14
Idem
15
KESSLER; FALLER; SOUZA-FORMIGONI; CRUZ; BRASILIANO; STOLF; PECHANSKY; Felix; Sibele, Maria, Marcelo,
Sílvia, Anderson, Flavio, Avaliação multidimensional do usuário de drogas e a Escala de Gravidade de
Dependência, disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rprs/v32n2/v32n2a05.pdf
Página |9
Art.28 [...]
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz
atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e
às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e
pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. (Grifo
próprio)17
16
BRASIL, Lei de Drogas nº Lei 11.343/06, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11343.htm
17
Idem
P á g i n a | 10
Temos dois casos que exemplificam bem o dito acima, o caso do ex-catador
Rafael Braga cujo caso em recorto aqui retirado do site Justificando:
“Ele caminhava da casa de sua mãe para uma padaria na favela onde vive
sua família, no complexo da Penha, zona norte do Rio, quando policiais
militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) local abordaram-no
violentamente e o conduziram a um beco, onde o agrediram com socos no
estômago, apontaram-lhe um fuzil e o ameaçaram de diversas formas para
que ele delatasse traficantes da região, pois, do contrário, iam “jogar arma e
droga na conta” dele, conforme contou Rafael ao depor no dia dos fatos e
também em audiência no TJ-RJ posteriormente — versão também contada
por uma testemunha que assistiu a cena da janela de sua casa.
Conduzido à 22ª Delegacia de Polícia (Penha), ele se deparou com 0,6 g de
maconha, 9,3 g de cocaína e um rojão, cujo porte lhe foi atribuído
pelos policiais que o prenderam, levando-o a ser autuado por tráfico de
drogas, associação para o tráfico e colaboração com o tráfico.
O TJ-RJ o condenou, em abril de 2017, a 11 anos e três meses de prisão
por tráfico e pagamento de R$ 1.687 (mil seiscentos e oitenta e sete reais),
conforme decisão do juiz Ricardo Coronha Pinheiro. Movimentos populares
realizaram uma série de protestos contra a prisão do jovem, debatendo a
seletividade da Justiça contra negros, pobres e favelados. ” (Grifo próprio)19
Muitas vezes o que acontece é o Querelado ser atuado e preso apenas com
base nos depoimentos dos policiais sem nenhuma participação de terceiros,
conforme extraído do Estudo do Núcleo de Estudos da Violência Universidade de
São Paulo:
18
BOITEUX, Luciana. Tráfico e Constituição: um estudo sobre a atuação da justiça criminal do Rio de Janeiro e
de Brasília no crime de tráfico de drogas. Revista Jurídica. Rev. Jur., Brasília, v. 11, n. 94, p.1-29, jun./set. 2009
www.planalto gov.br/revistajuridica.
19
SANSÃO, Luiza, Rafael Braga: 5 anos de injustiça, 2018, artigo, disponível em:
http://www.justificando.com/2018/06/27/rafael-braga-5-anos-de-injustica/
20
JESUS; OI; ROCHA; LAGATTA, Maria; Amanda; Thiago; Pedro, Prisão Provisória e Lei de Drogas: um estudo
sobre os flagrantes de tráfico de drogas na cidade de São Paulo. [recurso eletrônico], FUSP
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Pode-se dizer que usuário é aquele cidadão que consome algo com
frequência regular, usuário de ônibus, usuário de álcool, usuário de açúcar etc..... Já
o dependente por sua vez utiliza algo de forma obsessiva e compulsiva.
Caso você, por exemplo, quebrar seu quadril, será levado para um hospital e
receberá doses de Diamorfina por semanas ou até mesmo meses, Diamorfina é
Heroína, na verdade, uma heronina muito mais potente do que a vendida nas ruas
porque não está misturada com outras substancias que os traficantes diluem nela
para gerar mais lucro. A todos instantes há pessoas recebendo doses de heroína de
forma constante, porém após o tratamento elas não se tornam viciadas. Por que isso
P á g i n a | 12
acontece?21
20% (vinte por cento) das tropas americanas no Vietnã usavam muita
heroína. As pessoas nos EUA estavam preocupadas imaginando que quando
acabasse a guerra teriam em seus lares um exército de mortos vivos viciados em
heroína.26
21
Kurzgesagt – In a Nutshell, ADDICTION, 2015, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ao8L-
0nSYzg.
22
MCMILLEN, Stuart, RATOLÂNDIA, 2013, disponível em:
http://www.stuartmcmillen.com/pt/comic/ratolandia/#page-3
23
Kurzgesagt – In a Nutshell, ADDICTION, 2015, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ao8L-
0nSYzg.
24
Idem
25
Idem
26
Idem
P á g i n a | 13
27
Nas palavras do então presidente Nixon, que tinha a guerra as drogas como
insumo político no palanque:
Ou seja, a antiga teoria do vício cai por terra onde apenas a exposição e o
consumo da substância tornaria o indivíduo viciado, o episódio do Vietnã apenas
reafirma a teoria do professor Alexander. Pois se você é colocado na selva hostil de
um país estrangeiro onde você não queria estar e é forçado a matar e morrer a
qualquer tempo usar heroína é uma boa maneira de ocupar seu tempo, mas se você
volta para casa com os seus amigos e sua família é o equivalente a ser retirado da
27
ROBINS; DAVIS; NURCO, Lee; Darlene; David, How Permanent Was
Vietnam Drug Addiction?, 1974, disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1775687/pdf/amjph00813-0048.pdf
28
NIXON, Conferência Presidencial em 01/06/1971, apud, CARVALHO, Jonatas, A AMÉRICA LATINA E A
CRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS ENTRE 1960-1970: PRENÚNCIOS DE OUTRA GUERRA POR OUTRA AMÉRICA,
2015, NEIP, disponível em: https://neip.info/novo/wp-
content/uploads/2015/04/carvalho_criminalizao_drogas_amrica_latina.pdf
P á g i n a | 14
primeira sela dos ratos e ser transferido para o Parque dos Ratos Humanos,29 talvez
seja isso que os viciados na Cracolândia necessitam...
(1) Uso recorrente de uma substância que resulta numa falha no cumprimento de obrigações
importantes no trabalho, na escola ou lar (por exemplo, faltas repetidas ou mau desempenho no
trabalho em razão do uso de uma substância; faltas, suspensões ou expulsões da escola
relacionada a uma substância; negligência das crianças ou da casa).
(2) Uso recorrente em situações nas quais isso é arriscado (por exemplo, dirigir um carro ou operar
uma máquina perturbado pelo uso de uma substância).
(3) Problemas legais recorrentes relacionados ao uso de uma substância (por exemplo, prisão por
comportamento desordeiro relacionado ao uso de uma substância).
(4) Uso continuado de uma substância apesar da persistência ou recorrência de problemas sociais
ou interpessoais causados ou exacerbados pelos efeitos da substância (por exemplo,
discussões conjugais sobre as consequências da intoxicação, brigas).
30
Dependência de substância
(a) Necessidade de quantidades cada vez maiores de substância para obter a intoxicação ou o
efeito desejado;
(b) Efeito claramente diminuído com o uso continuado da mesma quantidade da substância.
29
Kurzgesagt – In a Nutshell, ADDICTION, 2015, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ao8L-
0nSYzg.
30
Alcoolismo entre estudantes universitários: uma abordagem da redução de danos – BASICS / Linda A.
Dimeff... [ et al.]; tradução de J.M. Bertolote. – São Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 20
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(a) Uma síndrome de abstinência característica para essa substância (veja os critérios A e B
estabelecidos para Abstinência de Substâncias Especificas);
(b) A mesma substância (ou outra estreitamente relacionada) é utilizada para aliviar ou evitar os
sintomas da abstinência.
5. Grande parte do tempo é dedicada a atividade destinadas a obter a substancia (por exemplo,
dirigir longas distancias), a usar a substância (por exemplo, acender um cigarro no outro) ou
recuperar-se de seus efeitos.
31
Alcoolismo entre estudantes universitários: uma abordagem da redução de danos – BASICS / Linda A.
Dimeff... [ et al.]; tradução de J.M. Bertolote. – São Paulo: Editora UNESP, 2002, p. 21
P á g i n a | 16
Podemos dizer que a proibição das drogas está atrelada ao aumento dos
centros urbanos, pois, quanto mais a metrópole se desenvolve mais os governantes
querem redigir sobre a conduta de seus cidadãos, para manter o controle e a
máquina estatal nos eixos.
32
BARBOSA, Renan, Jornal Nexo, Lei de Drogas: a distinção entre usuário e traficante, o impacto nas
prisões e o debate no país, 2017. Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/explicado/2017/01/14/Lei-de-Drogas-a-distin%C3%A7%C3%A3o-
entre-usu%C3%A1rio-e-traficante-o-impacto-nas-pris%C3%B5es-e-o-debate-no-pa%C3%ADs
33
No original: “America's public enemy number one in the United States is drug abuse. In order to
fight and defeat this enemy, it is necessary to wage a new, all-out offensive.” Nixon, Richard (1971).
P á g i n a | 17
Talvez a primeira lição da proibição das drogas, seja esse efeito circular
agravador da situação. As proibições não resolvem nenhum problema, mas
transferem os prejuízos da questão das drogas para outros locais, outras pessoas,
com outras circunstâncias, adiando ou não um agravamento certo. 36
Remarks About an Intensified Program for Drug Abuse Prevention and Control, 17-de junho.
Disponível em: https://www.presidency.ucsb.edu/documents/remarks-about-intensified-program-for-
drug-abuse-prevention-and-control
34
GONTIÈS, Bernard, Maconha: uma perspectiva histórica, farmacológica e antropológica,
Publicação do Departamento de História e Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, 2003, p.9
35
ARAÚJO, Tarso, Almanaque das drogas: um guia informal para o debate racional, 2012, p 51.
36
VALOIS, Luís, O Direito Penal da Guerra às Drogas, D’PLÁCIDO, Minas Gerais, 2017, p 36.
P á g i n a | 18
Desta forma, os EUA sempre participaram desse sistema ilícito criado pelo
governo britânico que impunha o consumo de ópio ao povo chinês, não da forma
militar, mas realizado o transporte do ópio até a china sem o aval do governo norte
americano.
37
Idem, p 41.
38
Idem, p 45
P á g i n a | 19
Sendo assim, pode-se dizer que a história da proibição no Brasil tem início
com a vinda da família real ao Rio de Janeiro, fugida de Napoleão. A família real ao
chegar aqui no Brasil se depara com um grande problema, a maciça população
escrava e negra, logo a família real começa por meio de leis proibir os hábitos dessa
população estabelecendo a ordem e a segurança da família real.
Para fazer manter a ordem e para fazer valer as proibições é criada em 1809
a Guarda Real de Polícia, a polícia dos costumes, para realizar repressão de festas
com cachaça, música afro brasileira e, claro, a maconha. Ações como essas são
claramente realizadas para manter o povo sob controle e inerte, e para este não
realizar nenhuma forma de contestação ao poder, apenas obedecer.
39
RODRIGUES, Thiago, narcotráfico uma guerra na guerra, Elementos, São Paulo, 2013, Apud, ROSA, Pablo,
outra história do consumo de drogas na modernidade, UFPR, Curitiba, 2014, p. 193
P á g i n a | 20
Insta salientar, até a partida de Dom João VI, código de leis criminais que
vigia era as Ordenações Filipinas do Livro V., Porém, as leis eram editadas pela
polícia sob um regime totalmente absolutista, destarte, a Guarda Real de Polícia
agia com completa arbitrariedade, no Brasil criminalizar o uso da maconha, foi
claramente uma movimentação racista do governo vigente contra sua grande
população negra (BARROS, PERES; André, Marta, Proibição da maconha no Brasil
e suas raízes históricas escravocratas, p.5), vejamos o artigo abaixo que
criminalizava o uso da maconha, conhecida como pito do pango à época, cito abaixo
a resolução nº 71 da Câmara Municipal de Campinas, data em 02 de abril de 1876,
que criminalizava o uso da maconha, vejamos:
Art. 237. - E' prohibida a venda e uso do pito de pango, bem como a
conservação delle em casas publicas. Os contraventores serão multados, a
saber: o vendedor em 10$000, e os escravos e mais pessoas que delle
usarem, em cinco dias de cadêa..40
Dessa forma, o Brasil segue o mesmo parâmetro adotado por outros países
40
Câmara Municipal de Campinas, RESOLUÇÃO Nº 71, DE 02 DE ABRIL DE 1876, MANDA PUBLICAR E EXECUTAR
O CÓDIGO DE POSTURAS DA CÂMARA MUNICIPAL DA CIDADE DE CAMPINAS, disponível em:
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/resolucao/1876/resolucao-71-02.04.1876.html
41
LABETE, Beatriz, Política de Drogas no Brasil: Conflitos e Alternativas, Mercado de Letras, São Paulo, 2018, p.
9
P á g i n a | 21
42
NETO, José, A teoria da janela quebrada e a política da tolerância zero face aos princípios da insignificância e
da intervenção mínima no direito brasileiro, 2011, disponível em:
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-teoria-da-janela-quebrada-e-a-politica-da-tolerancia-zero-face-
aos-principios-da-insignificancia-e-da-interv,32244.html
P á g i n a | 22
Senhor Legislador:
“ Senhor legislador da lei 1936, aprovada por decreto em julho de 1917; sua
lei não serve para nada mais que fastidiar a farmácia mundial sem proveito
nenhum para o nível toxicômano da nação, porque:
1. O número de toxicômanos que se abastece na farmácia é ínfimo.
2. Os verdadeiros toxicômanos não se abastecem nas farmácias;
3. Os toxicômanos que se abastecem nas farmácias são todos doentes;
4. O número de toxicômanos doentes é ínfimo em relação ao de
toxicômanos voluptuosos;
5. As restrições farmacêuticas da droga não reprimirão jamais aos
toxicômanos voluptuosos e organizados;
6. Haverá sempre traficantes;
7. Haverá sempre toxicômanos por vício de forma, por paixão;
8. Os toxicômanos doentes têm sobre a sociedade um direito
imprescritível, que é o de que sejam deixados em paz. [...] ” (Grifo
próprio)43
43
SIQUEIRA, Domiciano, Mal(dito) Cidadão numa Sociedade com Drogas, King Graf, São Paulo, 2006, p. 17
P á g i n a | 23
3.1 Da Proibição
44
NUCCI, Guilherme, Código Penal Comentado, FORENSE, Rio de Janeiro, 2017, P.76
45
HUNGRIA, Nelson, Comentários ao Código Penal, Forense, Rio de Janeiro, 1978, p.9
P á g i n a | 24
3.2 Da Despenalização
É aqui que algo que era uma ofensa criminal que normalmente era punida, é
alterada, continuando a ser um crime, mas agora há um mecanismo que decide que
não será mais punido. Podendo ser considerado suspenso, de menor potencial
lesivo ou pode ser decidido que não há interesse público em processar.
Art. 16. Adquirir, guardar ou trazer consigo, para o uso próprio, substância
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - Detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de (vinte)
a 50 (cinqüenta) dias-multa.47
46
ZAFFARONI, Eugênio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal brasileiro: parte geral. 7. ed.
rev. e atual. São Paulo: RT, 2007, p.340-341, apud, TEIXEIRA, André, Direito Penal Geral [online], 2015, p. 47,
disponível em: https://direitorio.fgv.br/sites/direitorio.fgv.br/files/u100/direito_penal_geral_2015-2.pdf
47
BRASIL, Lei de Drogas nº 6.368, de 21 de outubro de 1976 [Revogada], disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6368.htm
P á g i n a | 25
3.3 Da Descriminalização
48
BRASIL, Lei de Drogas nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 [Vigente], disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm
49
ACS, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS, DESCRIMINALIZAÇÃO X
LEGALIZAÇÃO, 2017, disponível em: https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-
P á g i n a | 26
3.4 Da Legalização
Art. 3o-A Quanto aos produtos referidos no art. 2 o desta Lei, são proibidos:
VI – a propaganda fixa ou móvel em estádio, pista, palco ou local similar;
produtos/direito-facil/edicao-semanal/descriminalizacao-x-legalizacao
50
BRASIL, LEI Nº 12.408, DE 25 DE MAIO DE 2011, altera o art. 65 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998,
disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12408.htm
P á g i n a | 27
51
BRASIL, LEI Nº 9.294, DE 15 DE JULHO DE 1996, restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros,
bebidas alcoólicas, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9294.htm.
52
BRASIL, LEI Nº 13.106, DE 17 DE MARÇO DE 2015, altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da
Criança e do Adolescente, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13106.htm.
P á g i n a | 28
Podemos dizer que a Holanda na era moderna foi o primeiro grande pais do
ocidente a mudar sua política contra as drogas, verificando que os esforços e efeitos
da até então política vigente não surtiam efeitos benéficos a sua sociedade bem
como seus cofres públicos, decidiram tentar outras alternativas para “combater”, lidar
com as drogas na sua sociedade, segundo o professor Alex Stevens a Holanda:
53
54
VAN, Marianne, The Dutch Coffee Shop System, Tension and Benefits, Ministry of Security and Justice, the
Netherlands, Apud; Jansen, supra note 8, at 98; KORF, supra note 8, at 70; MARCO MEESTERS, HET FAILLIET
VAN HET GEDOGEN: OP WEG NAAR DE CANNABISWET [BANKRUPTCY OF THE DECEASED: ON THE WAY TO THE
CANNABIS LAW]
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Article 11
1. A person acting contrary to a prohibition given in Article 3 shall be
punished with imprisonment of at most one month or a fine of the second
category.
2. A person wilfully acting contrary to a prohibition given in Article 3, under B,
C or D, shall be punished with imprisonment of at most two years or a fine of
the fourth category.
3. A person wilfully acting contrary to a prohibition given in Article 3, under B,
in connection with practising a profession or operating a business shall be
punished with imprisonment f at most four years or a fine of the fifth
category.
4. A person wilfully acting contrary to a prohibition given in Article 3, under A,
shall be punished with imprisonment of at most four years or a fine of the
fifth category.
5. The second paragraph shall not apply if the offence pertains to a
quantity of hemp or hashish of at most 30 grams.
6. The second and fourth paragraph shall not apply if the offence pertains to
a small quantity, intended for personal use, of the drugs stated in list referred
to in Article 3, first paragraph. (Grifo próprio)56
55
STEVENS, A Drugs, Crime and Public Health: the political economy of drugs policy. Reino Unido: Routledge,
2010, pp.120-122, apud HUET, Marcos, Política de Drogas: O Modelo Brasileiro Está Sendo Eficaz? 2012, p. 61.
56
Tradução própria: Artigo 11 1. Quem agir contrariamente à proibição prevista no artigo 3.º é punido com
pena de prisão de um mês ou multa da segunda categoria. 2. Uma pessoa agindo deliberadamente contrária à
proibição prevista no artigo 3, em B, C ou D, é punido com pena de prisão de no máximo dois anos ou uma
multa da quarta categoria. 3. Uma pessoa agindo deliberadamente contrária à proibição prevista no artigo 3.º,
no ponto B, no exercício de uma profissão ou atividade comercial é punida com pena de prisão de quatro anos
ou multa da quinta categoria. 4. A pessoa que intencionalmente agir contrariamente à proibição prevista no
artigo 3.º, letra A, é punida com pena de prisão máxima de quatro anos ou multa da quinta categoria. 5. O
segundo parágrafo não é aplicável se a infracção disser respeito a uma quantidade de cânhamo ou haxixe de,
no máximo, 30 gramas. 6. O segundo e o quarto parágrafos não se aplicam se a infracção disser respeito a uma
pequena quantidade, destinada a uso pessoal, dos medicamentos indicados na lista referida no primeiro
parágrafo do artigo 3.º (Grifo próprio). HOLANDA, Opium Act, 1928, disponível em:
http://www.cannabismed.org/dutch/Regulations/Opium_Act.pdf
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that the sale of soft drugs in coffee shops is a criminal offence but the Public
Prosecution Service does not prosecute coffee shops for this offence.
Neither does the Public Prosecution Service prosecute members of the
public for possession of small quantities of soft drugs. These quantities are
defined as follows:
No more than 5 grams of cannabis (marijuana or hash);
No more than 5 cannabis plants.57
57
Tradução Própria: Política de tolerância em relação às drogas leves A Holanda tem uma política de tolerância
em relação às drogas leves. Isso significa que a venda de drogas leves em cafeterias é crime, mas o Ministério
Público não processa cafeterias por esse delito. O Ministério Público também não processa membros do
público por posse de pequenas quantidades de drogas leves. Essas quantidades são definidas da seguinte
forma: Não mais que 5 gramas de cannabis (maconha ou haxixe); Não mais que 5 plantas de cannabis.
Government of the Netherlands, Toleration policy regarding soft drugs and coffee shops, disponível em:
https://www.government.nl/topics/drugs/toleration-policy-regarding-soft-drugs-and-coffee-shops
58
Tradução própria: Critérios da loja de café holandesa Original 1994 "AHOJ-G'criteria (Staatscourant, 1994)
Nenhuma propaganda: não mais que (muito) sinalização de baixo perfil da instalação. Sem drogas pesadas:
estas não podem ser vendidas ou mantidas nas instalações. Sem incômodo (Overlast em holandês): incluindo
tráfego e estacionamento, vadiagem, lixo e ruído. Nenhuma venda a clientes menores de idade (Jeugdigen) e a
não entrada de clientes menores em lojas de café. (Idade mínima foi fixada em 18 em 1996) O tamanho da
transação é limitado a 'uso pessoal', definido como 30 gramas por pessoa por dia (o tamanho da transação foi
reduzido para 5 gramas em 1996). Desde 1996, esse critério também incluiu o estoque limitado de co-eshops
(não mais que 500 gramas) b. Critérios adicionados em 2012 (Aanwijzing Opiumwet, 2012). As lojas de café
precisavam ser pequenas e serem apenas membros (Besloten) (Abolido em janeiro de 2013) Oficinas ICo are ee
só estão abertas a residentes dos Países Baixos (Ingezetenen). Introduzidas nacionalmente em 1 de janeiro de
2013.GRUND, BREEKSEMA; Jean, Joost, Drug policy in the Netherlands, p.133
P á g i n a | 31
contrário do que o senso comum imagina, a Holanda possui regras que para alguns
pode ser dita como rígidas, restringindo a atuação dos Coffeeshops.
Como é possível observar, os Coffeeshops não podem fazer propaganda,
“no Advertising”, não podem vender drogas pesadas, não podem perturbar a ordem
pública, não podem vender a menores de idade ou quantias maiores que 5 gramas
de Maconha por pessoa, além de não poderem possuir mais que 500 gramas em
estoque. A Holanda possui duas listas de drogas sendo subdividas entre pesadas e
leves, conforme explorado por Edward MacRae:
“Um dos motivos pelos quais a Holanda agiu diferente dos Estados
Unidos e de outros países europeus foi o fato de ser uma nação muito mais
homogênea, sem tantas misturas étnicas. Enquanto nos Estados Unidos
negros e mexicanos fumavam maconha, na Inglaterra eram indianos e em
boa parte da Europa eram árabes, na Holanda a flor da canábis ficou mais
difícil demonizar a droga. “Nos anos 1960, nossas penas eram muito duras,
e alguns garotos foram condenados a cinco, seis anos de cadeia. Acontece
que às vezes eram filhos de um amigo do juiz. Ficou claro que eles não
eram perigosos, que muitos eram ativos, estudiosos, trabalhadores, e que
as penas eram excessivas. (Grifo próprio) ”60
59
MACRAE, Edward, A legislação e a Política de Drogas na Holanda, p. 3 disponível em:
http://www.twiki.ufba.br/twiki/pub/CetadObserva/Outros/A_Legislacao_e_a_Politica_de_Drogas_na_Holanda
.pdf
60
RUSSO, Denis, O Fim da Guerra – A Maconha e a Criação de um Novo Sistema para lidar com Drogas, 2011,
São Paulo.
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61
Comissão Global de Políticas Sobre Drogas, Guerra às Drogas, 2011, p.9
62
REIS, Eline, Trajetória Legal da Cannabis na Espanha, no Uruguai e nos Estados Unidos: Uma análise da
Regulamentação da Maconha à Luz da corrente ecossocialista, UFBA, Salvador, 2017, p.59, disponível em:
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/25413/1/A%20TRAJET%C3%93RIA%20LEGAL%20DA%20CANNABIS%
20NA%20ESPANHA%2C%20NO%20URUGUAI%20E%20NOS%20ESTADOS%20UNIDOS.%20UMA%20AN%C3%81
LISE%20DA%20REGULAMENTA%C3%87%C3%83O%20DA%20MACONHA%20%C3%80%20LUZ%20DA%20CORRE
NTE%20ECOSSOCIALISTA.pdf
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Artículo 4º.- La presente ley tiene por objeto proteger a los habitantes del
país de los riesgos que implica el vínculo con el comercio ilegal y el
narcotráfico buscando, mediante la intervención del Estado, atacar las
devastadoras consecuencias sanitarias, sociales y económicas del uso
problemático de sustancias psicoactivas, así como reducir la incidencia del
narcotráfico y el crimen organizado.
65
O GLOBO, Uruguai não tem mortes ligadas ao tráfico desde que legalizou maconha, Reportagem, 2014,
disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/uruguai-nao-tem-mortes-ligadas-ao-trafico-desde-que-
legalizou-maconha-diz-secretario-12705265
66
JARDIM, Torquato, Aspectos do federalismo norte-americano, R. Inf. Legisl. Brasília a. 21 n. 82 abr/jun, 1984,
p.63
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67
ALVES, Pedro, Impactos Econômicos da Legalização da Cannabis: A Experiência do Colorado, UFRJ, 2017, p.21
68
BARROS, Pedro, O efeito da legalização da maconha sobre a criminalidade no Colorado, Rio de Janeiro, 2016,
p.10, disponível em: http://www.econ.puc-
rio.br/uploads/adm/trabalhos/files/Pedro_Henrique_Magalhaes_Viana_de_Barros.pdf
69
REDAÇÃO REVISTA EXAME, Colorado recolhe R$ 272 mi com maconha e tem dia sem imposto [online], São
Paulo, 2018, reportagem disponível em: https://exame.abril.com.br/mundo/colorado-recolhe-r-272-mi-com-
maconha-e-tem-dia-sem-imposto/
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(b) In the interest of the health and public safety of our citizenry, the people
of the state of Colorado further find and declare that marijuana should be
regulated in a manner similar to alcohol so that:
(I) Individuals will have to show proof of age before purchasing marijuana;
(IV) Legitimate, taxpaying business people, and not criminal actors, will
conduct sales of marijuana; and
(V) Marijuana sold in this state will be labeled and subject to additional
regulations to ensure that consumers are informed and protected.70
70
Tradução própria: (1) Propósito e conclusões.
(a) No interesse do uso eficiente dos recursos policiais, aumento da receita para fins públicos e liberdade
individual, as pessoas do estado do Colorado encontram e declaram que o uso da maconha deve ser legal para
pessoas de vinte e um anos de idade. idade ou mais e tributados de forma semelhante ao álcool.
(b) No interesse da saúde e da segurança pública de nossos cidadãos, o povo do estado do Colorado descobre e
declara que a maconha deve ser regulamentada de maneira similar ao álcool, de forma que:
(I) Indivíduos terão que mostrar prova de idade antes de comprar maconha;
(II) vender, distribuir ou transferir maconha a menores e a outras pessoas menores de vinte e um anos
permanecerá ilegal;
(III) Dirigir sob a influência de maconha permanecerá ilegal;
(IV) Empresários legítimos e pagadores de impostos, e não criminosos, conduzirão as vendas de maconha; e
(V) A maconha vendida neste estado será rotulada e sujeita a regulamentações adicionais para garantir que os
consumidores sejam informados e protegidos. COLORADO, Constituição Estadual, disponível em:
https://codes.findlaw.com/co/colorado-constitution-of-1876/co-const-art-xviii-sect-16.html
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71
POTGUILD, Marijuana Laws in Colorado, Denver, disponível em:
https://www.coloradopotguide.com/marijuana-laws-in-colorado/
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72
73
72
SOUZA; SILVA, Taciana; Ana, Guerra às drogas: a lógica econômica da proibição, REVISTA DO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – PUC MINAS, 2018, p.230
73
TEIXEIRA, Luciana, Impacto Econômico da Legalização das Drogas no Brasil, Câmara dos Deputados, 2016,
p.35
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TABELA 4 – Arrecadação tributária com a legalização das drogas por tributo - Brasil
74
75
74
TEIXEIRA, Luciana, Impacto Econômico da Legalização das Drogas no Brasil, Câmara dos Deputados, 2016,
p.27
75
DUARTE; STEMPLIUK; BARROSO, Paulina; Vladimir; Lúcia, Relatório Brasileiro Sobre Drogas, PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA, gabinete de segurança institucional, secretaria nacional de políticas sobre drogas, 2009, p.308,
disponível em: http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/71137357
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Contudo, mesmo com a efetiva ação repressiva contra as drogas por parte
das instituições, resta evidente que os valores atualmente arrecadados pela FUNAD,
decorrente das ações policiais passam longe da possível arrecadação que surgiria
com a regulamentação e posterior tributação das drogas.
Fato é que o ser humano evoluiu, tem uma perspectiva maior de vida, não
travar guerras por qualquer motivo e se mostra muito mais sensível ao mundo a sua
volta, hoje o homem moderno discute suas diferenças frente ao judiciário ou em
câmaras de conciliação e arbitragem provando que, cada vez mais a figura do
Estado paternal vem enfraquecendo. Para sedimentar essa ideia, faz-se útil a
transcrição do trecho do livro dos delitos e penas de Cesare Beccaria:
Termino por esta reflexão: que o rigor das penas deve ser relativo ao
estado atual da nação. São necessárias impressões fortes e
sensíveis para impressionar o espírito grosseiro de um povo que sai
do estado selvagem. Para abater o leão furioso é necessário o raio,
cujo ruído só faz irritá-lo. Entretanto, à medida que as almas se
abrandam no estado de sociedade, o homem se torna mais
sensível; e, caso se queira conservar as mesmas relações entre
o objeto e a sensação, as penas devem ser menos rigorosas.
(Grifo próprio)77
76
Idem
77
BECCARIA, Cesare, Dos Delitos e das Penas, Edipro, São Paulo, 2015, p. 55.
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drogas, vejamos:
78
BRASIL, Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, Infopen, 2016.
79
MARTINS, Rodrigo, COMPREENDENDO A DISCRICIONARIEDADE NA APLICAÇÃO DA LEI Nº 11.343/2006 E A
RELAÇÃO DO AUMENTO DO CONTINGENTE CARCERÁRIO SOB A ÓTICA DA GUERRA ÀS DROGAS, International
Center for Criminal Studies, 2018, http://iccs.com.br/compreendendo-discricionariedade-na-aplicacao-da-lei-
no-11-3432006-e-relacao-aumento-contingente-carcerario-sob-otica-da-guerra-drogas/
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80
CONCLUSÃO
80
DEPEN, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Levantamento Nacional
DE INFORMAÇÕES PENITENCIÁRIAS, 2016, p. 43, disponível em: http://depen.gov.br/DEPEN/noticias-
1/noticias/infopen-levantamento-nacional-de-informacoes-penitenciarias-2016/relatorio_2016_22111.pdf
P á g i n a | 43
lei que ameniza a punição sobre quem faz uso de substâncias tóxicas, se
aproximando assim daqueles pensamentos que entendem que o problema das
drogas é uma questão de saúde pública e não criminal.
Averígua-se que o sistema carcerário não tem mostrado eficácia para lidar
com essa situação, pois na maioria das vezes, ao contrário de cumprir com seu
papel de sancionar, reabilitar e reeducar o indivíduo, acaba proporcionando o
retrocesso de caráter e comportamental, já que o cárcere é visto como a “escola do
crime”, não atingindo seu objetivo fundacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Pedro, Impactos Econômicos da Legalização da Cannabis: A Experiência
do Colorado, UFRJ, 2017, p.21
ARAÚJO. Tarso. Almanaque das Drogas. São Paulo. Editora Leya. 2012.
Sites consultados:
REDAÇÃO REVISTA EXAME, Colorado recolhe R$ 272 mi com maconha e tem dia
sem imposto [online], São Paulo, 2018, reportagem disponível em:
https://exame.abril.com.br/mundo/colorado-recolhe-r-272-mi-com-maconha-e-tem-
dia-sem-imposto/