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FACULDADE DE ENSINO E CULTURA DO CEARÁ – FAECE

CURSO DE DIREITO

ISAÍAS ALVES DE LIMA JÚNIOR

A LEI DE DROGAS E SUA PROTEÇÃO AOS USUÁRIOS E


DEPENDENTES DE DROGAS DISPOSTO NO CAPÍTULO II DA LEI Nº
13.840/19

FORTALEZA – CE
2023.2
ISAÍAS ALVES DE LIMA JÚNIOR

A LEI DE DROGAS E SUA PROTEÇÃO AOS USUÁRIOS E


DEPENDENTES DE DROGAS DISPOSTO NO CAPÍTULO II DA LEI Nº
13.840/19

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito à obtenção do
título de Bacharel em Direito pela
Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará -
FAECE.

Orientador: Prof. Flávio Rodrigues de


Sousa Filho.
34
J95l Júnior, Isaias Alves de Lima
A lei de drogas e sua proteção aos usuários e dependentes
de drogas disposto no capítulo II da lei n° 13.840/19. Isaias Alves
de Lima Júnior. 2023.
36f.

Orientador (a): Prof. Flávio Rodrigues de Sousa Filho


Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Faculdade
de Ensino e Cultura do Ceará, Curso de Direito, 2023.

1. Lei de drogas 2. Dependente de drogas 3. Politicas


Públicas
. Autor. II. Título.
Dedico este trabalho a todos que me
apoiaram incondicionalmente ao longo desta
jornada acadêmica. À minha família, pelo amor e
suporte constantes, aos amigos que estiveram
ao meu lado e aos professores que
compartilharam seu conhecimento e orientação.
Este trabalho é fruto não apenas do meu esforço,
mas também do apoio e encorajamento de todos
vocês. Muito obrigado.
AGRADECIMENTOS
Com reverência e profundo sentimento de gratidão, manifesto meus mais
sinceros agradecimentos a DEUS, instância primordial e inquestionável guia na
elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso. À minha querida família, alicerce
inabalável e inspiração contínua, expresso a mais intensa gratidão pelo apoio
incansável, que se fez porto seguro durante a travessia desafiadora deste percurso
acadêmico. E, não menos relevante, rendo tributo ao meu estimado orientador, cujo
saber, orientação perspicaz e infinita paciência revelaram pilares fundamentais para
o progresso e término exitoso deste estudo. Suas valiosas contribuições enriqueceram
sobremaneira esta conquista e iluminaram os recantos mais intrincados deste ciclo de
pesquisa e escrita.
RESUMO

Conhecida popularmente como “Lei de Drogas”, a Lei nº 13.840/19 faz parte do


Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre Drogas – SISNAD. O sistema tem por
competência produzir políticas públicas e medidas de prevenção e combate ao uso e
a dependência química, de forma que a lei supra é muito mais do que mero
disciplinador criminal, tratando sobre as nuances sociais, médicas e comportamentais
dos usuários de drogas. Para além das definições criminais, a lei dá providências
relacionadas não só à prevenção do uso, como também estabelece medidas em
atenção à reinserção social de dependentes químicos. Rememore-se que a Lei nº
13.840/19 é uma alteração à Lei 11.343/06, de forma que aquela produziu novos
fundamentos jurídicos, objetivando contemplar todas as variações e problemáticas
geradas em virtude do uso das drogas no Brasil. O presente estudo se insere para
estabelecer uma discussão acerca do que a nova legislação versa acerca da
prevenção, internação e reinserção dos usuários nos grupos sociais, como um prisma
mais subjetivo do que somente as tendências criminais da matéria.

Palavras-chave: Lei de Drogas. Dependentes de Drogas. Políticas Públicas.


ABSTRACT

Popularly known as the "Drug Law," Law No. 13,840/19 is part of the National System
of Public Policies on Drugs. The system is responsible for producing public policies
and measures for the prevention and combat of drug use and addiction, so the
aforementioned law is much more than a mere criminal regulator, addressing the
social, medical, and behavioral nuances of drug users. Beyond criminal definitions, the
law takes measures not only related to prevention but also establishes measures for
the rehabilitation of drug addicts. It should be noted that Law No. 13,840/19 is an
amendment to Law 11,343/06, so it created new legal foundations aiming to address
all the variations and issues arising from drug use in Brazil. This study aims to establish
a discussion about what the new legislation covers regarding prevention, rehabilitation,
and reintegration of users, as a more subjective perspective beyond just the criminal
aspects of the matter.

Keywords: Drug Law. Drug Dependents. Public Policies.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO. ........................................................................................................ 10
1. DA PREVENÇÃO. ......................................................................................... 12
1.1. A prevenção de crianças e adolescentes ao acesso de
drogas. ...................................................................................................................... 14
1.2. A adoção das medidas do plano nacional dentro do prazo de
duração ..................................................................................................................... 16
2. DA INTERNAÇÃO .......................................................................................... 19
2.1. O contexto histórico das internações e a classificação da dependência química
como doença ............................................................................................................ 20
2.2 do devido tratamento humanizado da dependência química por meios
psicoterapêuticos. ..................................................................................................... 23
3. DA REINSERÇÃO SOCIAL. ........................................................................ 26
3.1. A ressocialização familiar. ................................................................................. 26
3.2. A ressocialização profissional. .......................................................................... 29
3.3. A ressocialização educacional. ......................................................................... 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 33
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 35
10

INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão resulta de uma análise acerca das


modificações introduzidas pela Lei nº 13.840/19, particularmente no que tange à
salvaguarda dos usuários e indivíduos dependentes de substâncias entorpecentes.
Seu propósito é projetar a perspectiva dos propósitos normativos e os efeitos
produzidos por esta legislação, a fim de facultar a compreensão da aplicação e
funcionamento das iniciativas jurídicas voltadas à reintegração social e ao tratamento
de pessoas com dependência química, por intermédio de abordagens terapêuticas
médico-psicológicas, em conjunto com apoio social e métodos alternativos.
Ab initio, por ocasião da promulgação da lei nº 13.840/19, a sociedade, em suas
distintas esferas comunitárias, expressou considerações relativas ao novo texto legal,
sobretudo devido à natureza nacional das políticas traçadas, à sua abordagem de
temáticas de cunho mais humanitário e à abordagem específica referente ao uso
excepcional da internação, seja voluntária ou involuntária.
Neste contexto, serão abordadas as medidas destinadas à proteção dos
usuários, evidenciando a forma como a legislação se dedica ao amparo dos indivíduos
dependentes de substâncias e as estratégias preventivas incorporadas em seu texto.
Isso se deve à presença de múltiplas disposições que alinham responsabilidades tanto
governamentais quanto sociais para fomentar a prevenção do consumo de
entorpecentes entre crianças, jovens e adultos.
Considerando que o plano visa primariamente a adoção de medidas
preventivas, há de se falar acerca das opções a serem utilizadas nos casos onde já
existe a dependência e os reflexos disso na comunidade médica e a evolução dos
tratamentos. No tópico, cumpre trazer ao conhecimento a evolução do contexto
histórico das doenças psiquiátricas e sua relação com os dependentes químicos.
É necessário esclarecer que o debate se aprofunda cada vez mais em questões
sociais, justamente em virtude do contexto histórico em que as drogas foram
distribuídas à sociedade, a marginalização e criminalidade como uma oportunidade
aos povos periféricos, tendo em vista a pouca instrução e escolaridade dos povos
mais carentes da sociedade.
Posteriormente, seguindo o quadro de tentativa de proteção e tratamento aos
dependentes químicos, o presente artigo lança uma análise à reinserção social dos
desafortunados dependentes. A sociedade brasileira, ora em reflexo, vem de uma
11

conjuntura onde o preconceito e discriminação tornam a ressocialização ainda mais


dificultosa, seja tanto frente a ex-criminosos quanto em face de ex-dependentes
químicos.
Ressalte-se, inclusive, que não há como traçar o paralelo necessário à
conclusão do presente artigo sem considerar as diferenças sociais existentes entre as
mais diversas classes financeiras do país, pois, como é de conhecimento comum, as
oportunidades e “pontos de partidas” dos indivíduos impactam diretamente no futuro
destes.
Portanto, a legislação que visa a proteção dos usuários de drogas vem com
diversas nuances que aqui serão analisadas pormenorizadamente, para que ao fim
seja possível concluir se a nova redação da lei de drogas vem atingindo o impacto
previsto como objetivo-fim.
12

1. DA PREVENÇÃO

A Lei 13.840/19 se mostrou à sociedade jurídica como uma redação de imensa


relevância em virtude das alterações em face da antiga Lei de Drogas e a aplicação
de medidas alternativas de prevenção e cuidados aos dependentes químicos.
No presente tópico, à priori, faz-se necessário fazer a abertura dos conceitos e
novos fundamentos jurídicos trazidos pelo texto da lei, além de interpretar como tal
norma deve e vem sendo aplicada no país.
De pronto, vejamos o que a lei versa sobre o Sistema Nacional de Políticas
Públicas Sobre Drogas – SISNAD:

Art. 1º Esta Lei altera a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, para tratar
do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, definir as condições
de atenção aos usuários ou dependentes de drogas e tratar do financiamento
das políticas sobre drogas e dá outras providências.
[...]
Art. 3º [...]
§ 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de princípios, regras,
critérios e recursos materiais e humanos que envolvem as políticas, planos,
programas, ações e projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os
Sistemas de Políticas Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito Federal e
Municípios.1 (BRASIL,2019)

Resta que o sistema se trata da integração de diversos projetos, dos mais


diversos ramos, com o fito de que seja dada a atenção necessária aos dependentes
e usuários de drogas.
No texto legal, há de se atentar principalmente que o sistema deve ser um
conjunto de recursos, de maneira que os esforços despendidos na aplicabilidade dos
princípios são de caráter governamental aliado às ações sociais adotadas por pessoas
inseridas ou não no contexto de uso de drogas e trata de uma conscientização geral
e pluralizada dos ideais descritos na lei.
Numa situação onde há muitas camadas envolvendo a temática de drogas, é
necessário ter ciência quanto a necessidade de um trabalho com muitos

1 BRASIL. Presidência da República. Secretaria-geral. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei 13.840, de 5 de
junho de 2019. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/316373/internacao-compulsoria-do-
dependente-quimico-com-o-advento-da-lei-13-840-19. Acesso em: 28 out. 2023.
13

componentes, que deverá ser desenvolvido, pelo menos, em médio prazo, até que se
obtenham os resultados das medidas adotadas.
Sobre tal afirmativa, cumpre esclarecer que, no mundo todo, os mais diversos
governos aplicam a adoção de providências que buscam “tratar” a base de formação
da sociedade, para que ao fim do projeto desfrute dos resultados as novas crianças
que agora estarão inseridas em um novo contexto alterado pelas crianças do passado.
Dessa maneira, pensou o governo da Finlândia ao revolucionar seu sistema
educacional nas décadas de 60 a 70. A revolução do ensino ocorreu principalmente
por meio da adoção do ensino universal e gratuito à sociedade, bem como por meio
da supervalorização da docência.
O acesso gratuito ao ambiente escolar trouxe impactos imensos aos
finlandeses, de maneira que havia uma equidade das condições sociais, ainda que
continuasse existindo pobres e ricos, estes se encontravam na escola por tratar-se de
um ambiente universal.
Já que todas as classes podem ser encontradas no mesmo ambiente escolar,
muito se questiona acerca da qualidade de ensino. Por isso, diferente do Brasil, a
profissão do professor é a atividade principal que pode ser exercida por um cidadão.
Assim, o governo não mede esforços para a qualificação do corpo docente
presente do ensino fundamental à universidade, ressalta-se que no fundamental o
requisito mínimo para que se possa lecionar é o mestrado.
Tanto é um fato que Jarkko Wickstrom, diretor de Operações da Finland
University na América Latina, declarou em entrevista ao Nova Escola o que se segue:

A gente usava o material que tinha. [...] Há uma onda de inovação


educacional em que o pessoal presta muita atenção na sala de aula” [...] “As
escolas investem muito nisso, chamam de espaços inovadores. Mas é a
mudança de paradigma para o conteúdo e a aprendizagem? Quem lidera
mesmo esse processo é o professor. E nós sempre nos concentramos nisso.2
(WICKSTROM, 2019).

Todo o contexto paralelo aqui apresentado tem por finalidade dar um exemplo
prático para explicar como a Lei de Drogas pretende trabalhar na prevenção do
consumo e dependência de drogas, por meio da educação e do ambiente familiar.

2 WICKSTROM, Jarkko. Entrevista à revista Nova Escola. Disponível em:


https://novaescola.org.br/conteudo/15363/o-que-ninguem-te-conta-sobre-a-educacao-na-finlandia. Acesso
em: 4 de jul. 2023
14

Sabe-se que o acesso à educação no Brasil tem suas dificuldades ocasionadas


por diversos fatores. Ainda que nas escolas públicas exista a distribuição de materiais
escolares, alimentação e, claro, da própria educação, muitos jovens ainda não podem
ter o privilégio educacional por terem de trabalhar desde muito cedo.
As ramificações são infinitas quando se fala no ingresso ao sistema
educacional, por este motivo, o plano nacional visa um sistema de colaboração e
implementação de medidas a médio prazo para afastar cada vez mais pessoas do uso
e abuso de drogas lícitas e ilícitas.
Com a finalidade de trazer algumas dessas ramificações, veremos a adoção
das medidas preventivas na base educacional brasileira entre crianças e adolescentes
e, também, pormenorizadamente o marco temporal definido para a implementação
das medidas.

1.1. A prevenção de crianças e adolescentes ao acesso de drogas

Cumpre trazer ao presente, as disposições acerca de como deve ser realizada


a prevenção do uso de drogas, que prevê principalmente a criação de ações e projetos
preventivos, entre crianças e adolescentes.
Para isto, deve-se ter conhecimento sobre o Plano Nacional de Políticas Sobre
Drogas, pois no dia 24/05/2022, houve a definição dos eixos das ações do plano, tinha
como foco tanto a repressão ao tráfico, quanto a ampliação da atenção com usuários.
Há época o site do governo publicou, em matéria, que o eixo preventivo é o
primeiro e mais importante plano. Veja-se o trecho da matéria:

O primeiro e mais importante eixo, o da prevenção, cria o Sistema Nacional


de Prevenção às Drogas (SINAP). É uma plataforma com identificação e
avaliação das iniciativas praticadas no Brasil para estruturar as políticas e
estratégias como evitar o consumo de drogas, álcool, remédios e tabaco.
O objetivo é evitar a chamada experimentação precoce dessas
substâncias e garantir os direitos básicos e as políticas de proteção
social para que as crianças e adolescentes não caiam em
vulnerabilidade.
O trabalho contínuo para a redução da oferta de drogas é mais uma linha de
trabalho. O enfrentamento ao tráfico seguirá o viés já praticado pelo MJSP,
que é a de retirar os bens dos criminosos, leiloá-los e usar nas ações de
repressão contra os próprios traficantes.3 (grifou-se) (GOV.BR, 2022).

3 Gov.br. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/justica-e-seguranca/2022/05/brasil-tem-o-


primeiro-plano-nacional-de-politicas-sobre-o-uso-e-o-combate-as-drogas. Acesso em: 4 de jul. 2023
15

É importante trazer à baila que infelizmente o acesso de crianças e


adolescentes aos mais diversos tipos típicos de drogas lícitas e ilícitas se dá cada vez
mais cedo e de forma mais facilitada, principalmente nas margens da sociedade.
Muitos jovens encontram no tráfico uma porta de entrada a uma série de
facilidades que deslumbram os olhos, ainda que se trate de uma ilegalidade, pois o
resultado dos ganhos pode significar o colocar de comida na mesa.
Em matéria publicada pelo G1, em 2021, demonstrou-se que, ainda que o
número de menores infratores tenha diminuído na prisão socioeducativa da Fundação
Casa de São Paulo, a apuração é de que pelo menos 80% dos infratores respondem
por crimes de ligação com o tráfico de drogas.4
O Observatório de Favelas, do Rio de Janeiro, na pesquisa “Novas
Configurações das Redes Criminosas após a Implantação das Unidades de Polícia
Pacificadora (UPPs)” revelou os seguintes dados:

De acordo com a pesquisa, que envolveu 261 jovens e adultos inseridos na


rede do tráfico de drogas no varejo, a principal faixa etária em que os
entrevistados afirmam ter entrado na atividade ilícita corresponde ao
período entre 13 e 15 anos, com 54,4% das respostas. O estudo levanta
ainda um dado preocupante: o aumento no número de pessoas que entrou
para o tráfico entre 10 e 12 anos de idade. Esse percentual passou de
6,5% em 2006 para 13% em 2017.5 (grifou-se) (G1, 2021)

Torna-se cristalino que o trabalho de prevenção ao uso e tráfico de drogas


merece a intensificação trazida pela lei, para que o tema seja abordado não somente
nas escolas, mas em todos os espaços sociais, culturais e socioeducativos.
Os dados supramencionados demonstram que a existência da lei era mais que
necessária ao desenvolvimento de políticas públicas que visassem a implementação
de medidas conscientizadoras e práticas destinada aos jovens.
Traz-se, portanto, a resolução publicada para dar cumprimento ao Plano
Nacional de Políticas sobre Drogas – PLANAD, criado pelo Conselho Nacional de Políticas

4 G1. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/10/12/numero-de-jovens-


infratores-na-fundacao-casa-cai-pela-metade-em-sete-anos-em-sp-diz-governo.ghtml. Acesso em: 4
de jul. 2023
5 op. cit.
16

sobre Drogas – CONAD, vale lembrar que este último é um órgão superior permanente
do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas – SISNAD.
O PLANAD foi aprovado por meio da Resolução nº 8 de 27 de setembro de
2022, para uma competência de 5 anos, conforme prevê a Lei nº 13.840/19, que
definiu que a duração do plano deve ser de cinco anos, ou seja, 2022-2027. O primeiro
artigo sanciona a validação do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, referente ao
período de 2022 a 2027, o qual encontra-se publicado na totalidade no espaço online
designado pelo Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, um órgão vinculado ao
Ministério da Justiça e Segurança Pública, acessível por intermédio do endereço
eletrônico: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-
drogas/subcapas-senad/conad/conselho-nacional-de-politicas-sobre-drogas-conad.
Nesse contexto, identificaram-se as ações do governo em andamento e
aquelas que necessitam ser promovidas. Elas se distribuem em diversas áreas,
englobam medidas preventivas, atenção à saúde, terapia e reintegração dos usuários
na sociedade.
Além disso, englobam a redução da disponibilidade de drogas, investigação e
avaliação, bem como o aprimoramento da gestão, governança e coordenação, para
que o tratamento das drogas apreendidas seja levado conforme aos ditames legais, a
fim de que seja promovida a incineração dos compostos químicos presentes nos
ilícitos.
Estes diferentes enfoques convergem para a realização de uma série de metas
estratégicas, com o propósito de resolver os desafios sociais relacionados tanto à
procura quanto à oferta de substâncias entorpecentes.

1.2. A adoção das medidas do plano nacional dentro do prazo de duração

Vê-se que, uma vez que o plano é literalmente um planejamento a médio prazo
que visa a implementação dos ideais de afastamento do consumo e comercialização
das drogas, nada mais coerente que seja trabalhado desde a base, principalmente
dando conhecimento às crianças e adolescentes.
Assim, quanto às medidas preventivas, o plano traz em seu bojo:

Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas,


dentre outros:
17

I - promover a interdisciplinaridade e integração dos programas,


ações, atividades e projetos dos órgãos e entidades públicas e privadas nas
áreas de saúde, educação, trabalho, assistência social, previdência social,
habitação, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção do uso de
drogas, atenção e reinserção social dos usuários ou dependentes de drogas;
[...]
III - priorizar programas, ações, atividades e projetos articulados com
os estabelecimentos de ensino, com a sociedade e com a família para a
prevenção do uso de drogas;
[...]
Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre drogas, constituídos por
Estados, Distrito Federal e Municípios, terão os seguintes objetivos:
III - priorizar programas, ações, atividades e projetos articulados
com os estabelecimentos de ensino, com a sociedade e com a família
para a prevenção do uso de drogas; (grifou-se) 6 (GOV.BR, 2022)

Em vista disso, conforme ventilado anteriormente, tem-se que o trabalho não é


somente governamental, mas também um trabalho conjunto com o âmbito familiar e
escolar, principalmente porque o ciclo de convívio é fundamental à prevenção do uso
de drogas.
Ressalte-se, por oportuno, que quando da elaboração da redação legal, o
legislador constou, ainda no Capítulo II-A (Da formulação das políticas sobre drogas),
além dos objetivos do Plano Nacional que este teria duração de 5 (cinco) anos,
contados a partir da aprovação: Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de
Políticas sobre Drogas, dentre outros: [...] § 1º O plano de que trata o caput terá
duração de 5 (cinco) anos a contar de sua aprovação (GOV.BR, 2022).
Remonta-se, portanto, ao exemplo dado anteriormente quanto aos países
optantes por trabalharem a evolução humana por meio da educação, enquanto
constroem uma base educacional capaz de transformar a mentalidade das crianças
do futuro.
Na ocasião do estabelecimento da Lei de Drogas, numerosos jurisconsultos
manifestaram críticas em relação ao lapso temporal designado para a execução do
referido plano, evidenciaram a insuficiência do período de apenas 5 anos.
Argumentaram que a efetiva colheita dos resultados provenientes da aplicação das
políticas públicas concebidas demandaria um horizonte temporal mais dilatado e
abrangente em sua magnitude.

6 Gov.br. Disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-


drogas/subcapas-senad/conad/conselho-nacional-de-politicas-sobre-drogas-conad. Acesso em: 23 de
jul. 2023
18

Quando se faz referência a “mudar o mundo através da educação”, deve-se


levar em consideração que, para o funcionamento amplo do termo, o fator principal
para que as ideias sejam difundidas e internalizadas na população é o tempo.
Inclusive, é pouco provável que a geração primária das ideias participe dos
resultados das políticas públicas criadas, ao ter em vista que o plano deve ser
encarado como algo a mudar a realidade das próximas gerações.
Um exemplo disto, além do já mencionado acontecido na Finlândia em meados
da década de 70, pode-se citar o ocorrido na Coreia do Sul na mesma época, teve
seu start quando a população e os governo passou a ver a educação como o
elemento principal para a mudança da realidade do país.
No tempo, a Coreia do Sul era um país muito parecido com o Brasil em
corrupção e subdesenvolvimento, mas após a implementação de um ensino de
altíssima qualidade, hoje, após cerca de 50 anos, o país obtém o melhor desempenho
no inquérito do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA).
Portanto, é pouco provável que, no aspecto da conscientização da prevenção
ao uso de drogas, o resultado esperado seja obtido em apenas cinco anos da
publicação do plano, mas, já pode ser tratado como um grande passo ao início da
adoção e pluralização dos ideais difundidos.
19

2. DA INTERNAÇÃO

Ab initio, cumpre trazer ao conhecimento que a internação prevista na Lei nº


13.840/19 possui caráter excepcional, é permitida tanto a internação voluntária,
quanto a internação involuntária. Não há determinações acerca das internações
compulsórias.
Apesar de parecer óbvio, algumas diferenças extra basilares permeiam a
diferenciação das modalidades de internação, conforme disposto na Lei nº10.216/01,
que trata acerca da internação, bem como esta é utilizada pela Lei de Drogas como
legislação subsidiária, vide § 10 do Art. 23-A.
Para dar início à análise da proteção aos usuários e dependentes químicos,
veja-se as diferenças entre a internação voluntária e involuntária, utilizadas
excepcionalmente quando os recursos extra hospitalares não se mostrarem
suficientes:

VOLUNTÁRIA
INVOLUNTÁRIA

Aquela que se dá, sem o consentimento do


dependente, a pedido de familiar ou do responsável
legal ou, na absoluta falta deste, de servidor público
Aquela que se dá com o consentimento do da área de saúde, da assistência social ou dos
dependente de drogas órgãos públicos integrantes do SISNAD, com
exceção de servidores da área de segurança
pública, que constate a existência de motivos que
justifiquem a medida.

Perdurará apenas pelo tempo necessário à


O término dar-se-á por determinação do médico
desintoxicação, no prazo máximo de 90 (noventa)
responsável ou por solicitação escrita da pessoa
dias, tendo seu término determinado pelo médico
que deseja interromper o tratamento.
responsável;
20

Assim, a principal diferença que se destaca é acerca da possibilidade da


intervenção familiar em submeter o dependente químico ao tratamento sem o seu
consentimento.
De plano, a previsão pode parecer bastante revolucionária e solucionadora da
problemática apresentada, no entanto, há de se levar em consideração todos os
aspectos presentes, principalmente no que se refere à internação voluntária.
É por tais razões que se faz necessário buscar ao debate o contexto histórico
das internações ao redor do mundo ao longo dos anos, e como essa medida pode
acabar por tornar-se uma espécie de “higienização humana” nas grandes cidades.
Além disso, cumpre mencionar também, o uso de caráter excepcional do
dispositivo e como este vem sendo aplicado na realidade brasileira após a vigência
da Lei de Drogas.
Ademais, vale rememorar que tudo isto se trata da proteção aos usuários e
dependentes químicos, de maneira que é muito importante constatar-se se as
medidas aplicadas visam o bem-estar do dependente ou o bem-estar social.

2.1. O contexto histórico das internações e a classificação da dependência química


como doença
Para compreender a história do uso de internações como método de tratamento
para dependentes químicos e outras doenças, é essencial remontar à Idade Moderna
e aos conceitos empregados pela sociedade da época para justificar o isolamento de
indivíduos.
Muitos marcos estão datados no período da Idade Moderna, o final do século
XVIII, lembrados principalmente pela Revolução Francesa. Foi uma fase que se
tornou berço de grandes mudanças, revoluções e alterações na mentalidade
ocidental, sejam ordem econômica, científica, social ou religiosa, além do marco
capitalista.
O que se traz sobre o século XVIII ao presente artigo é a massificação das
internações involuntárias, ocorridas como um meio de controle social e higienização
populacional urbana.
Por meio do Decreto de Fundação do Hospital Geral da França, em 1659, o
governo delimitou quais pessoas poderiam ser recolhidas em internação, todavia,
atualmente, a redação pode se tornar bastante controversa. Veja-se:
21

Os mendigos, os vagabundos, as pessoas sem domicílio, sem trabalho ou


sem ofício, os criminosos, os rebeldes políticos e os hereges, as prostitutas,
os libertinos, os sifilíticos, alcoólatras, os loucos, idiotas e maltrapilhos, assim
como as esposas molestas, as filhas violadas ou os filhos perdulários. 7
(FOUCAULT, 1978, p 52)

Observa-se, por conseguinte, que os indivíduos suscetíveis à internação não


eram senão sujeitos em estado de vulnerabilidade, caracterizados por circunstâncias
de fragilidade econômica, limitações educacionais e, inclusive, no caso dos
dependentes, eram rotulados pejorativamente como "loucos e idiotas".
Assim, o texto demonstra que as pessoas fora do padrão social francês
poderiam ser alvo da massificação das internações voluntárias, ainda que, na maioria
dos casos citados, sequer exista a condição de tratamento, uma vez que não se tratam
de doenças.
Michael Foucault, em A História da Loucura na Idade Clássica, tratou sobre o
assunto o caracterizando como um problema de ordem e policial, pois as pessoas
eram apenas recolhidas e mantidas nos antigos sanatórios, sem perspectiva de
defesa dos seus direitos pessoais.
Nessa senda, restou que a internação se mostrou como um meio punitivo e não
de tratamento às mazelas sociais, sendo definida por Foucault como a expressão do
“desejo de ajudar e a necessidade de reprimir; o dever da caridade e a vontade de
punir”.8
Em razão do contexto histórico da utilização das internações como método
intervenção em dependentes químicos, o Conselho Federal de Psicologia – CFP,
mostrou-se avesso à medida pois a caracterizou como um retrocesso na Política de
Redução de Danos e dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas. Inclusive,
por meio de nota, o conselho registrou que:

A previsão da internação involuntária pelo prazo de até 3 meses, sem o


devido cuidado para que esse dispositivo não seja utilizado para o
recolhimento em massa da população em situação de rua como forma de
higienização das grandes cidades. Ademais, diferentemente do previsto na
Lei da Reforma Psiquiátrica, também não atribui à família ou ao responsável
legal o poder de determinar o fim da internação involuntária. (FOUCAULT,
1978, p 53)

7 FOUCAULT, M. A história da loucura na idade clássica. SP: Perspectiva, 1978


8 Ibidem
22

Por oportuno, cumpre rememorar, quanto à internação voluntária, a redação da


Lei de Drogas estabelece:

Art. 23-A. [...]


§ 5º A internação involuntária:
I - deve ser realizada após a formalização da decisão por médico
responsável;
II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo de droga utilizada,
o padrão de uso e na hipótese comprovada da impossibilidade de utilização
de outras alternativas terapêuticas previstas na rede de atenção à saúde;
III - perdurará apenas pelo tempo necessário à desintoxicação, no
prazo máximo de 90 (noventa) dias, tendo seu término determinado pelo
médico responsável;
IV - a família ou o representante legal poderá, a qualquer tempo,
requerer ao médico a interrupção do tratamento.
§ 6º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será
indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes. 9
(GOV.BR, 2022)

Pelo disposto, pode-se concluir que o legislador cuidou para que o recurso seja
utilizado em último caso, após o esgotamento de todos os recursos extra hospitalares.
Ainda no tópico, cabe trazer ao debate que, diferente do que pensa o senso
comum, a dependência química é uma DOENÇA, rotulada pela Classificação
Internacional de Doenças – CID. Veja-se:

CID 10 F19.1 - Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de


múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias psicoativas - uso nocivo para
a saúde;
CID 10 F19.1 - Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de
múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias psicoativas - uso nocivo para
a saúde. 10 (MEDICINA NET, 2023)

Dessa forma, a dependência é, para além de uma consequência do uso


abusivo de drogas lícitas e ilícitas, o desenvolvimento de um quadro enfermo de
espécie gravíssima, entrando para o rol das doenças mentais.
Assim, há de se considerar as mudanças na mentalidade da sociedade quanto
à necessidade de tratamento psicológico/psiquiátrico aos dependentes químicos.

9 op. cit.
10 MEDICINA NET. Disponível em:
https://www.medicinanet.com.br/pesquisa/cid10/nome/transtornos_mentais_e_comportamentais.htm.
Acesso em: 23 de jul. 2023
23

O que se verá adiante é o conceber das ideias da psicanálise como o meio


mais eficaz ao tratamento dos dependentes, uma vez que a abstinência deve ser
observada pelo prisma psicoterapêutico para se chegar ao êxito nos tratamentos.

2.2 do devido tratamento humanizado da dependência química por meios


psicoterapêuticos

Com o advento da internet e das novas metodologias da pesquisa científica, a


proteção dos usuários de drogas vem sendo difundida sob a ótica da utilização da
psicologia e psiquiatria como os métodos mais eficazes aliados à abstinência do uso
de drogas.
O tratamento da dependência deve passar por algumas etapas, e é justamente
por isso que a internação é a exceção à regra utilizada apenas na ocorrência da
ineficácia dos métodos tradicionais de tratamento.
As fases podem se dividir de diversas formas considerado o quadro do
enfermo, no entanto, via de regra, o tratamento para a dependência química consiste
de pelo menos 3 fases: a desintoxicação, a psicoterapia, a intervenção
medicamentosa e, excepcionalmente, a internação.
As fases são autoexplicativas, por isso, focar-se-á mais especificamente nas
questões terapêuticas do tratamento, na psicanálise e, caso necessário, na psiquiatria
por meio da medicação.
Por ora, não serão consideradas as dificuldades de acessibilidade aos
tratamentos, mas apenas a como a presença de psicólogos e psiquiatras são
facilitadores para o êxito da abordagem.
Logo no Art. 2º, § 2º da Lei de Drogas, define-se que o SISNAD atuará em
articulação com o Sistema Único de Saúde – SUS e com o Sistema Único de
Assistência Social – SUAS.
Logo, deve-se levar em vista a assistência social prestada pelo SUS, bem como
a disponibilização de profissionais capacitados para o atendimento do quadro de
dependência química.
Em matéria ao site Psicologia Hailton Yagiu, Marina Demartini trouxe a ação de
alguns tipos de drogas no cérebro humano, entre elas estão:
24

[...]
4. Cocaína
A cocaína é uma droga que entra na corrente sanguínea rapidamente e
bagunça o cérebro em questão de minutos. A primeira sensação gerada pelo
consumo da droga é uma onda de euforia, por conta da liberação de
dopamina no cérebro. Essa onda, no entanto, é curta, o que faz com que o
usuário queira usar a droga novamente em um curto período. Uma das partes
do cérebro mais afetadas pela cocaína é a memória. Uma pesquisa revelou
que ratos que receberam doses contínuas dessa droga tiveram uma série de
mudanças em uma região que contribui com a inibição e a tomada de
decisão.
5. Crack
O crack é uma droga derivada da cocaína, mas que deve ser fumada devido
ao seu ponto de fusão. Ela causa a liberação de uma grande quantidade de
dopamina, que dispara sensações de prazer pelo corpo, gerando euforia e
estado de alerta. Tais substâncias são tão poderosas que chegam ao cérebro
em apenas oito segundos. Geralmente, a dopamina é reabsorvida por
neurônios, mas o crack bloqueia a absorção. Isso faz com que ela continue
estimulando os receptores por 10 minutos. Após esse período, os níveis de
dopamina caem tão rapidamente, que o usuário sente depressão profunda,
irritabilidade e paranoia. Além de tudo isso, em alguns casos, o uso de crack
pode levar ao “delírio parasitário” – um sentimento de que insetos estão
percorrendo a pele. Isso leva a um comportamento autodestrutivo do usuário
com mordidas e arranhões no próprio corpo.
6. LSD
LSD é a sigla de “Lysergsäurediethylamid”, palavra alemã para dietilamida do
ácido lisérgico. Ela é uma droga de laboratório e foi sintetizada pela primeira
vez em 1938, por acidente, pelo químico suíço Albert Hofmann. Em geral,
alucinógenos afetam a área do cérebro responsável por regular humor,
pensamentos e percepção. Além disso, eles também influenciam outras
regiões que controlam o modo como reagimos ao estresse. Entre os efeitos
de curto prazo do LSD estão: impulsividade, mudanças bruscas de emoções,
tontura e aumento da frequência de batimentos cardíacos. 11 (DEMARTINI,
2000)

Conforme se afere, as alterações dos neurotransmissores são incalculáveis,


sendo cada vez mais severas se levada em consideração a idade e o tempo de uso
do usuário de drogas.
É por isso que é indispensável a parte psicológica do tratamento, pois o
dependente não possui mais as faculdades mentais estabelecidas tais qual um ser
humano que nunca experimentou qualquer tipo de ativo.
Ressalte-se, inclusive, que uma das doenças desenvolvidas pela dependência
química é a depressão, pois o estímulo provocado pela substância produz um efeito
rebote de profunda tristeza.

11 DEMARTINI, Marina. Como 10 Drogas Lícitas (E Ilícitas) agem no Seu Cérebro. Psicologia Hailton
Yagiu. Disponível em: A ação das drogas no cérebro (psicologiahailtonyagiu.psc.br). Acesso em 12
ago. 2023.
25

O papel do psicólogo deve ser, inicialmente, compreender os gatilhos que


ensejam no usuário a necessidade do uso, não só pelo vício, mas dos fatores
contributivos para que o enfermo continue buscando a sensação.
Assim, com a utilização de métodos psicanalíticos e medicamentosos, é
possível que não seja necessário sequer a fase da intenção.
26

3. DA REINSERÇÃO SOCIAL

A questão da ressocialização de ex-dependentes químicos após o êxito no


tratamento é uma das pautas mais sensíveis com relação à proteção, pois, ainda que
exista a tutela estatal para garantia de acesso a estas pessoas na educação e no
mercado de trabalho, ainda há um grande enfrentamento não só ao preconceito social,
mas quanto a reinserção deste ex-usuário de drogas ao seio familiar.
Muitas casas do Brasil convivem diariamente com a presença de drogas lícitas
e ilícitas nas mais diversas situações cotidianas, desde abrir uma bebida alcóolica em
comemoração, acender um cigarro para relaxar, ou até mesmo, se valer da droga na
tentativa de minimizar transtornos.
A cultura do país legitima o uso de drogas e muitas faixas etárias, diversas
classes, entendem por virtude a utilização e até comercialização de drogas ilícitas nos
espaços sociais.
A ressocialização merece ser destrinchada, considerados os ambientes nos
quais o dependente irá encontrar após a reabilitação. Conforme exposto aos alhures,
o preconceito e estigma gerado em relação a usuários de drogas e dependentes
químicos ainda é muito grande.
Por isso, a facilitação e recepção do ex-usuário na família, no mercado de
trabalho e nas escolas é de extrema valia e importância para a reinserção deste dentro
da sociedade.

3.1. A ressocialização familiar

Conforme as palavras de Pedro Menezes, como citadas no portal Toda a


Matéria, é enfatizado que a família se delineia como o consórcio entre indivíduos que
compartilham vínculos consanguíneos, laços de convivência e uma base fundada no
afeto mútuo. Por outro lado, a família se descreve como uma agregação de pessoas
que fazem a opção consciente de coabitar motivadas por laços afetivos, assume,
assim, o compromisso inalienável de zelar reciprocamente por todos os integrantes
que a compõem (MARTINS, E.; SZYMANSKI, H., 2004).
27

De qualquer forma, é indubitável que a família é a base da sociedade, o berço


das convenções sociais onde se vislumbra os resultados das ações tomadas em
virtude do propósito de manter a família estruturada.
É sob esta ótica que se verá a importante do acolhimento e receptividade
familiar no processo de reabilitação dos dependentes químicos, sendo que este é um
dos pilares à efetivação dos dispositivos previstos na Lei de Drogas nº 13.840/19,
tendo em vista que sua função é tornar cada vez mais possível proteger os usuários
de drogas e dependentes químicos, uma vez que se trata de uma doença como
qualquer outra, ainda que causada pelas próprias escolhas pessoais.
O acolhimento se faz necessário principalmente para que os resultados do
tratamento sejam mantidos e para que não haja reincidência ou recaída do paciente,
para que ele possa se sentir completo sem que precise apelar para os métodos de
liberação excessiva de dopamina, que, conforme já vista, causam severas alterações
neurológicas.
Impossível negligenciar os impactos gerados na existência desses familiares
que têm um ente querido subjugado ao vício. A ausência de estabilidade mental desse
indivíduo acaba por desestruturar o cenário familiar, tanto em termos psicológicos
quanto financeiros.
São incontáveis os casos onde os dependentes químicos roubam e furtam das
próprias casas, fazem vendas dos móveis e comidas para o custeio de drogas, e a
jurisprudência versa sobre tais acontecimentos de forma recorrente. Vejamos ementa
de julgado:

E M E N T A – APELAÇÃO CRIMINAL DEFENSIVA – ROUBO


QUALIFICADO (ARTIGO 157, § 2º, I, DO CP)– PEDIDO DE
DESCONSIDERAÇÃO DA MODULADORA DESFAVORÁVEL REFERENTE
AOS MOTIVOS DO CRIME – ROUBO PARA CUSTEAR O VÍCIO EM
DROGAS – POSSIBILIDADE – PEDIDO DE REDUÇÃO DA PENA-BASE AO
MÍNIMO LEGAL – ACOLHIDO – RECURSO PROVIDO. É incorreta a
consideração desfavorável dos motivos do crime quando o agente que pratica
o delito de roubo visando a obtenção de dinheiro para comprar drogas.
(TJ-MS 00394501520158120001 MS 0039450-15.2015.8.12.0001, Relator:
Des. José Ale Ahmad Netto, Data de Julgamento: 17/04/2017, 2ª Câmara
Criminal) 12 (JUSBRASIL, 2017)

12 JUSBRASIL. Disponível em:


https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=furto+para+custear+o+v%C3%ADcio+em+droga
s. Acesso em: 20 de ago. 2023
28

Não só a ocorrência das criminalidades supra, mas também a deterioração


física e mental dos usuários, acabam desgastando todos os membros da família que
muitas vezes se veem de mãos atadas frente à situação.
É de se levar em conta que os laços familiares são muito resistentes às
adversidades, por mais difíceis que elas sejam, mas o tamanho dos impactos advindo
de uma dependência química é incalculável.
A confluência de sentimentos como repugnância, compaixão, vexame e demais
emoções se entrelaçam com os laços inerentes aos relacionamentos familiares, de tal
maneira que, mesmo ao nutrir um afeto profundo por esse indivíduo, nem todos
conseguem separar-se completamente desses sentimentos após o processo de
tratamento.
Para Pacheco (2013, p.11)13: “os familiares adoecem junto com o DQ e, na
maioria das vezes, o estado emocional desse familiar interfere negativamente no
tratamento e faz com que o DQ tenha poucos recursos para se manter abstêmio.”
Em vista disso, os familiares são obrigados a alterar toda a rotina de
funcionamento do ciclo familiar para adaptar-se ao ciclo adaptativo do ex-usuário, não
muito raro, algumas vezes há reincidência, o que acaba por desgastar ainda mais os
membros da organização familiar, fato que proporciona o aumento da sensação de
desesperança.
Ressaltamos que o propósito do presente destaca que o vínculo familiar é um
dos alicerces mais significativos no que concerne à ressocialização. Se a pessoa
recém inserida não se sente à vontade em sua própria casa, qual expectativa se pode
ter em relação às outras esferas sociais? Para uma efetividade nos esforços
praticados pela família, vale destacar que seja utilizada uma série de métodos para a
realização da integração do usuário ao lar.
Entre elas, é necessário que os familiares entendam a dependência química,
as ações da droga utilizada no cérebro do usuário, quais as alterações neurológicas
e possíveis sequelas serão enfrentadas, se haverá necessidade de utilização
continuada de intervenção medicamentosa etc.

13 PACHECO, S. Intervenções Terapêuticas Utilizadas em Familiares de Dependentes Químicos e a


Eficácia da Terapia Cognitivo-Comportamental Utilizada Nesse Contexto. Curso de Especialização em
Terapia Cognitivo-Comportamental, 2013.
29

Além disso, também é possível destacar a extrema valia que todos os membros
da família também sejam acompanhados de tratamento psicológico, para auxiliar
frente à tomada de decisões e possíveis dificuldades inerentes à reabilitação.
Dúvidas não subsistem da importância do ciclo da família para a garantia da
proteção dos usuários e dependentes de drogas, uma vez que somente as medidas
estatais não são suficientes à integração deste ao convívio social, de forma que as
políticas públicas entram como facilitadores e inclusivas no acesso ao mercado de
trabalho e nas instituições educacionais.
Com isso em mente, é crucial considerar as complexidades presentes na
dinâmica familiar: os valores, origens, tradições e, especialmente, como ocorre o ciclo
familiar do ex-dependente, seja em um ambiente estruturado e capaz de prover as
medidas necessárias para o sucesso do tratamento. Esses elementos devem ser
analisados ao se levar em conta cada caso individual, caberá à equipe médica e
psicológica determinar as melhores condições para a reabilitação.

3.2. A ressocialização profissional

A Lei de Drogas ora analisada cuidou em estabelecer a necessidade da criação


de programas e projetos que viabilizem a reinserção do usuário e dependente de
drogas no mercado de trabalho, após o êxito no tratamento e reabilitação.
Vejamos trechos de alguns dispositivos:

Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, dentre
outros:
IV - ampliar as alternativas de inserção social e econômica do usuário ou
dependente de drogas, promovendo programas que priorizem a melhoria
de sua escolarização e a qualificação profissional;
[...]
VIII - articular programas, ações e projetos de incentivo ao emprego,
renda e capacitação para o trabalho, com objetivo de promover a inserção
profissional da pessoa que haja cumprido o plano individual de atendimento
nas fases de tratamento ou acolhimento;
[...]
Art. 20 [...]
VII - estímulo à capacitação técnica e profissional;
[...]
Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos integrantes do Sisnad terão
atendimento nos programas de educação profissional e tecnológica,
educação de jovens e adultos e alfabetização.
[...]
Art. 23-B. O atendimento ao usuário ou dependente de drogas na rede de
atenção à saúde dependerá de:
[...]
30

§ 5º Constarão do plano individual, no mínimo:


III - a previsão de suas atividades de integração social ou capacitação
profissional; (grifou-se) 14 (JUSBRASIL, 2019)

Com a criação das determinações supramencionadas, torna-se palpável a


obtenção de políticas públicas que visam a distribuição de oportunidades aos
dependentes químicos, para que a vida dessas pessoas passe a ter mais um sentido.
Cumpre versar a necessidade de abordar a responsabilidade do empregador
em garantir a contratação de pessoas com histórico de dependência, bem como em
proporcionar um ambiente de trabalho livre de discriminação e preconceito.
Vale destacar que, por muitas vezes, essas pessoas são jogadas à
marginalidade em decorrência de não encontrarem oportunidades no mercado de
trabalho com as condições trabalhistas previstas na Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT, ficando destinadas à informalidade dos trabalhos sem registro.
Segundo o Uol, até o trimestre de agosto, a taxa de informalidade no Brasil era
39,7%, de forma que mais de 39 milhões de pessoas trabalham de forma informal e
estão fora do mercado formal de trabalho.
Sabe-se que a maioria das pessoas que recorrem à informalidade o fazem por
não terem capacitações, geração de empregos suficientes, por não passarem nas
vagas em virtude das condições físicas e etc.
Todavia, a Lei de Drogas tem exatamente o intuito da promoção de
disponibilização de vagas e projetos de capacitação para que os dependentes possam
mudar essa realidade.
A verdade é que deve se tratar de um esforço multiarticular, envolve ainda a
adoção das medidas governamentais por meio das empresas empregadoras, o
pagamento de salários justos e compatíveis com o mercado, o oferecimento de um
ambiente de trabalho livre de preconceito e embasado no respeito ao próximo.
O mercado de trabalho é um direito garantido de todo cidadão brasileiro,
devendo o governo priorizar a inserção dos dependentes no mercado de trabalho,
como vem ocorrendo com a vigência da Lei.
Conforme já exposto, trata-se de um plano de 5 anos onde ainda não é possível
mensurar os resultados das medidas implementadas por ser muito recente a data de
sanção.

14 Ibid.
31

Todavia, cumpre estabelecer que o passo dado com a criação dos dispositivos
acima discutidos é um grande momento para a proteção dos direitos dos dependentes
químicos, uma vez que a independência financeira é o maior pilar da vida adulta,
fazendo-se extremamente necessário para o custeio da parte continuada do
tratamento, seja dos medicamentos ou do acompanhamento psicológico do
dependente.

3.3. A ressocialização educacional

Conforme fartamente esposado em tópicos anteriores, cada vez mais crianças


e adolescentes têm acessado de forma precoce o mundo das drogas, em
consequência, perdem as oportunidades educacionais disponibilizadas pelo poder
público e privado.
A Lei de Drogas traz em seu bojo as previsões de criações de projetos e
medidas para a implementação de reinserção social dos dependentes químicos na
educação.
A interação social promovida pelo ambiente estudantil pode ser capaz de
afastar as tendências ao uso de drogas, no entanto, é de se considerar os casos onde
já houve o uso e as medidas necessárias para trazer aquele indivíduo novamente à
sociedade.
É nesse sentido que a sessão II do capítulo II, da Lei de Drogas traz uma
alteração específica quanto à Educação na Reinserção Social e Econômica dos
dependentes químicos. Veja-se: “Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos
integrantes do Sisnad terão atendimento nos programas de educação profissional e
tecnológica, educação de jovens e adultos e alfabetização”.
Infelizmente, ao se tornarem usuários de drogas tão precocemente, ao
largarem o vício, muitos dos usuários já se encontram na fase da vida adulta, de
maneira que encontram muitas dificuldades em retornar ao ambiente escolar.
O Plano Nacional de Educação – PNE, por meio do programa de Educação de
Jovens e Adultos – EJA, proporciona o retorno às salas de aulas dos jovens e adultos
que não se encontram mais na idade tradicional escolar.
O projeto permite a certificação de conclusão do ensino fundamental e médio e
atua em todos os estados do país, traz educação e capacitação de jovens e
adolescentes que não tiveram a oportunidade escolar quando da minoridade.
32

Ressalte-se que difundir a educação é não só o melhor meio de prevenção ao


uso de drogas como também pode ser aporte à ressocialização dos dependentes que
pretendem voltar ao convívio social.
Por isso, as políticas desenvolvidas pelo governo devem ser aderidas e
compartilhadas para que possa existir um coletivo de informações para a sociedade.
Cumpre esclarecer que o papel de reinserção educacional não se limita à
atividade governamental, todavia principalmente ao incentivo familiar de continuidade
aos princípios da educação.
33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dados os fatos e argumentações, resta evidente que a legislação preceitua de


maneira muito mais prática e efetiva a proteção dos usuários e dependentes químicos.
Sendo assim, foi possível o entendimento de como pode-se dar a conscientização da
prevenção ao uso de drogas, de maneira que ficou ainda mais simples, por meio do
plano nacional, adotar as estratégias a longo prazo na educação sobre drogas e seus
meios de prevenção.
O presente trabalho de conclusão demonstrou que o plano nacional deve ser
implementado com muito mais paciência à obtenção de resultados por meio da
educação, realizou-se uma comparação entre países desenvolvidos que foram
exitosos na utilização da educação como maneira de mudar uma sociedade.
De mais a mais foi amplamente diferenciada e discutida a diferença entre as
possibilidades e cabimento de intervenções por meio das internações voluntárias e
involuntárias trazidas pela nova Lei de Drogas. Assim, ao analisar o contexto histórico
das internações, foi estabelecido um paralelo sobre as razões da excepcionalidade do
uso destas como forma de tratamento para dependentes químicos.
Uma vez diferenciados os tipos de internações, fora analisado o prazo e
condições necessárias à possibilidade de utilização do meio, que, conforme exposto,
é de caráter excepcionalíssimo.
Para além da prevenção e métodos de tratamento, a Lei de Drogas foi bastante
incisiva no que se refere a necessidade da criação de ações, projetos e cartilhas para
a reinserção de usuários e dependentes químicos na sociedade, teve em vista que o
histórico destas pessoas é visualizado ainda com bastante preconceito.
Foi elaborada uma discussão acerca da necessidade do apoio do ciclo familiar
no tratamento e na reabilitação dos dependentes, de maneira que ter um vínculo
familiar que ajude e colabore com a melhoria do dependente pode intensificar os
esforços para obtenção da cura.
Ainda, ressaltou-se que por mais que o vínculo familiar seja resistente, a
dependência química é capaz de mudar completamente uma família, faz-se
necessário que os membros familiares dos dependentes estudem sobre o assunto e
tenham também acompanhamento psicológico na fase de tratamento do usuário.
34

Além da reinserção no ciclo familiar, foi trabalhada a reinserção dos


dependentes no ambiente de trabalho, pois a Lei de Drogas visa proteger os usuários
justamente, proporcionar autonomia e gerar oportunidades de exponham os
dependentes ao mercado de trabalho.
Apesar das dificuldades existentes na contratação de pessoas com
dependência química, mesmo após a reabilitação, a ideia é que com o advento da lei
esta realidade mude, para que não exista distinção do funcionário em virtude do
histórico de dependência.
Ademais, o presente ressaltou a necessidade de fomentação das políticas já
existentes quanto à reinserção dos usuários e dependentes no campo educacional,
para que se propague os esforços governamentais a fim de trazer os analfabetos de
volta às salas de aulas.
Nesse ínterim, evidenciou-se que o surgimento da legislação sobre
entorpecentes viabilizou o surgimento de iniciativas e campanhas destinadas à
conscientização, prevenção, tratamento e reintegração dos usuários e dependentes
de substâncias, alicerçadas no âmbito do Plano Nacional de Políticas Sobre Drogas.
No entanto, é imperativo reconhecer que a implementação efetiva desse plano
demanda um lapso temporal mais abrangente para a efetivação dos resultados,
principalmente mediante a educação das futuras gerações, que poderão experienciar
solidamente os resultados advindos dessas ações do Plano.
.
35

REFERÊNCIAS

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25 mai. 2022. Disponível em: Brasil tem o primeiro plano nacional de políticas sobre o
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trimestre até agosto - 30/09/2022 - UOL Economia. Acesso em: 17 ago. 2023.

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Serviço Social. Londrina, n. 2, p. 215-242, 2001.

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