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DIREITOS E LEGISLAÇÃO
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Sumário
INTRODUÇÃO................................................................................................. 3
A AUTONOMIA DO ACOLHIDO.................................................................... 30
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 56
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NOSSA HISTÓRIA
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INTRODUÇÃO
Nos tempos atuais, o uso indiscriminado de drogas lícitas e ilícitas cresce
progressivamente no Brasil e no mundo, entre os jovens das mais diversas classes
sociais. Trata-se de uma questão complexa com enormes danos nos âmbitos
privados e públicos, que tem motivado diversos estudos na América Latina sobre seus
impactos na saúde e na sociedade contemporânea.
Foi realizado um estudo nas 107 maiores cidades do Brasil, com o objetivo de
estimar a prevalência do uso de drogas ilícitas, álcool, tabaco e o uso não médico de
medicamentos psicotrópicos. O uso na vida de álcool, com 68,7%, foi próximo aos
70,8% do Chile; o de tabaco foi de 41,1%, inferior aos EUA (70,5%); o de maconha
foi de 6,9% próximo ao da Colômbia (5,4%) e abaixo dos EUA (34,2%).
O uso na vida de cocaína foi 2,3%, inferior aos EUA (11,2%) e o de solventes
foi de 5,8%, bem menor que no Reino Unido (20,0%). Os estimulantes tiveram 1,5%
de uso na vida e os benzodiazepínicos, 3,3%.
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Os resultados dessa pesquisa mostraram que as drogas legais, como o álcool
e o tabaco, são os problemas de saúde pública mais proeminente no Brasil. A
realidade brasileira do consumo de drogas, embora semelhante à de outros países,
tem particularidades que precisam ser respeitadas na elaboração de programas de
prevenção e na implantação de políticas públicas adequadas no campo das drogas
psicotrópicas.
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A drogadição não pode ser extirpada sem o compromisso de todos os
cidadãos, e das instituições civis e religiosas, das famílias, da escola e da mídia para
uma educação para os valores, sobretudo, os valores da vida, da saúde e da pessoa.
Não se pode vencer o consumo das drogas de abuso alimentando uma cultura
hedonista, individualista e desprovida de solidariedade e valores transcendentes.
Sem o cultivo do sentido da santidade e da inviolabilidade e transcendência da vida
na família e na escola, a vida descamba para a desordem e o desespero.
Por outro lado, não se pode continuar a combater as causas de todo o mal-
estar social apelando para a integração afetiva, a co-presença educadora dos pais na
família e caminhar as políticas em uma direção diferente que favoreça a
desagregação e a dissolução dos compromissos conjugais e familiares. Não se pode
empregar na luta contra a droga o mero controle do cotidiano, sem vinculá-lo às
motivações de amplo fôlego que se inspiram nos valores da vida, da responsabilidade
e da solidariedade em uma óptica do divino que está no homem, o Homo sacer.
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negativamente no avanço para a mudança no painel global estabelecido pela droga
pela desvalorização da inviolabilidade da vida humana.
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Deste modo, as questões éticas do adolescente estão relacionadas com a sua
interação e capacidade de tomada de decisão, sofrendo adequações em decorrência
das transformações cognitivas e comportamentais por ele vividas e subsidiadas por
valores morais e competência. De igual modo, a abordagem da equipe ampara-se
nos documentos técnico/científicos, ministeriais e jurídicos.
Figura: O psicólogo e pedagogo G. Stanley Hall acreditava que “a adolescência é um novo nascimento, já
que com ela nascem as características humanas mais completas”. Fonte: https://amenteemaravilhosa.com.br
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Você é um educador para a conscientização dos agravos do uso das drogas
para a Saúde e deve respeitar e cuidar da humanidade, priorizando o trabalho de
prevenção, em uma atenção capaz de ultrapassar os estabelecimentos de saúde.
Para isso, precisa intervir junto a instituições para promover a saúde dos
adolescentes e prevenir o uso de drogas lícitas e ilícitas; atuar com outras profissões
da saúde e instâncias sociais; sensibilizar para as causas e consequências do uso de
substâncias psicoativas.
CONCLUSÃO
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Nesse sentido, o presente estudo constatou que a responsabilidade por esses
indivíduos não deve ser atribuída apenas ao Estado ou à família.
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NOSSO OLHAR PERANTE O SUJEITO: A ABORDAGEM
CENTRADA NA PESSOA
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conservação, a adaptação e o enriquecimento do eu, mas isso dependerá de como o
indivíduo vivencia determinada situação. Podemos concluir que a tendência à
atualização terá maior eficácia quanto mais realista for a Noção do Eu, ou seja, quanto
mais próxima esta for da experiência do indivíduo. O processo psicoterapêutico deve
fornecer os meios necessários para que o indivíduo realize seu crescimento pessoal
da forma mais autêntica possível.
Figura: O processo psicoterapêutico deve fornecer os meios necessários para que o indivíduo
realize seu crescimento pessoal da forma mais autêntica possível. Fonte: jrmcoaching
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A) EMPATIA: significa penetrar no campo vivencial do outro e perceber sua
realidade como ele a percebe, sendo capaz de compreender seus sentimentos,
diferenciando a experiência do terapeuta da do cliente. O terapeuta deve suspender
os próprios pontos de vista e valores, para entrar no mundo do outro sem
preconceitos. Ser empático é mergulhar no mundo interno do outro, percebendo os
significados que ele percebe e os que ele quase não percebe, ao mesmo tempo em
que se comunica essa compreensão ao cliente;
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experiência. E é, assim, que descobrirá seu poder pessoal e as respostas que,
inicialmente, esperava do terapeuta.
ALGUMAS CONCLUSÕES
o A relevância deste trabalho diz respeito ao grave contexto da dependência
química que o Brasil vem enfrentando durante os últimos anos. Esta é uma realidade
para a qual a Universidade pouco nos prepara para atuar. Por isso, importância de se
compartilhar metodologias e experiências entre profissionais interessados ou que
atuam na área, para que possamos, cada vez mais, expandir nossa atuação para
além dos consultórios particulares e levar nosso saber para outros espaços de
cuidado em saúde mental.
o Rogers, porém, não propôs a assistência para ser usada com um público
específico, ou em um setting específico, acreditando que esta se tratava muito mais
de uma atitude do que de uma metodologia. Rogers utilizou-se da ACP para trabalhar
não só na psicoterapia, mas na educação, em grandes e pequenos grupos, e,
inclusive, em conflitos globais.
o Os atendimentos deverão estar inseridos dentro de uma dinâmica maior, um
trabalho interdisciplinar, em que o psicólogo trabalha em parceria com outros
profissionais, visando à melhora do interno.
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o É importante lembrar que, mesmo na clínica tradicional, o psicoterapeuta é,
em alguns casos, convidado a dialogar com o psiquiatra que também atende seu
cliente que faz uso de medicamentos, com a escola onde estuda a criança ou com a
família de um cliente com ideação suicida, por exemplo. Nesses casos, o psicólogo
se vê frente ao desafio de conversar sobre o seu cliente com pessoas de outras áreas
da vida deste, sem desrespeitar a ética e a confiança, próprias da relação terapêutica.
o A respeito do objetivo preexistente que a psicoterapia em uma Comunidade
Terapêutica carrega e a subsequente necessidade de convidar o indivíduo a explorar
os temas relacionados a esse fim, é importante notar que a fase "não-diretiva" foi a
primeira fase da teorização de Carl Rogers, tornando-se o psicólogo, ao longo das
fases seguintes, cada vez menos passivo e mais participativo no processo, o que
nunca justificou uma postura desrespeitosa para com a liberdade e os limites do
cliente. O fato de a psicoterapia servir ao tratamento da dependência química não
exclui que o cliente explore outros campos de sua vida, como suas relações familiares
ou como outras experiências significativas que não tenham relação com a substância
química. O psicólogo não deve estar fechado a nada que o indivíduo traga.
o Porém, se perdermos de vista os objetivos da instituição em que
trabalhamos, nosso trabalho perde também o sentido. Por outro lado, o indivíduo que
está em tratamento pode chegar a conclusões diferentes das que os profissionais
esperavam. Podem decidir interromper o tratamento antes do tempo indicado (ou por
não suportarem mais, ou por já se julgarem recuperados), podem optar pela redução
de danos e não pela abstinência completa da substância, podem, até mesmo, decidir
sair da instituição e voltar a usar substâncias psicoativas. Tomados os cuidados para
que essas decisões não sejam precipitadas, oferecendo o suporte para aqueles que
tentam desistir em um momento de raiva e desespero, é respeitada a decisão de cada
um, mesmo que esta vá de encontro ao objetivo da instituição. Afinal, a maior
contribuição de Carl Rogers para nosso trabalho é a crença de que cada indivíduo é
capaz de escolher seus próprios caminhos.
o Uma prática baseada na crença na tendência atualizante do sujeito e em
sua capacidade de desenvolver suas potencialidades é de desvendar seus próprios
caminhos, se lhe for dada a atmosfera necessária, formada pelas condições
facilitadoras (empatia, consideração positiva incondicional e congruência).
o Para além do diálogo acerca da dependência psicológica, do lugar que a
droga ocupa na vida do usuário e de outras questões diretamente relacionadas à
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droga, a psicoterapia é um ambiente seguro de escuta, que oferece ao recuperando
a oportunidade de se revisar e reinventar.
o Parar de usar drogas envolve muito mais que o ato de não usar a substância.
É uma mudança de vida como um todo, que envolve uma mudança de concepções,
percepção da realidade, formas de se relacionar e prioridades de vida. É um momento
de descobertas de novas possibilidades e desconstruções de antigos padrões de vida
e existência.
o Dessa forma, a psicoterapia se faz importante como um espaço de recriação
e fortalecimento do sujeito.
AS DROGAS E A PSICANÁLISE
De forma geral houve uma concordância no campo psicanalítico nos últimos
anos, salvo algumas exceções, sobre alguns aspectos da toxicodependência, um
deles é: "a toxicomania não é um sintoma freudiano, isto é, não é produto do retorno
simbólico do recalcado e caracteriza-se como uma prática que não produz saber”.
Outro aspecto seria que embora as três estruturas clínicas sejam capazes de
possuir traços distintos na constituição da relação de dependência com uma droga,
não há uma predileção pelo vício, seja o sujeito submetido à estrutura neurótica,
psicótica ou perversa. A toxicomania deve ser interpretada como um dado novo, isto
é, por mais que seja imprescindível trabalhar as questões históricas do paciente que
o levaram ao atual estado de vivência e que uma das três estruturas esteja
concomitantemente presente aos sintomas toxicomaníacos, é preciso compreender
que a droga é capaz de intervir no Real do corpo de um modo que não está aludido
no passado do sujeito. Seguindo a construção teórica de Nogueira Filho (1999), a
toxicomania ao torcer a relação do sujeito com a linguagem e a sua condição erógena,
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constituiria para ele um novo desempenho pulsional e uma maneira diferente de se
situar diante do Outro, ou seja, a droga em uma situação de
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pensamento dos limites da repetição e ordenação, porém, independente dos ganhos
e perdas desta incisão, o consumo contemporâneo, por estar desvinculado de
qualquer movimento ideológico próprio, apenas reproduz o gozo ideal do discurso
capitalista de maneira alienada e autoerótica. Nisto há um sofrimento sintomático, já
que como afirmou Nogueira Filho, não há produção de saber. Sobre as relações
vividas pelo sujeito que se encontra compulsoriamente gozando de sua dependência
química, C. Melman (1992) destaca a erotização do dependente com as figuras da lei
e a interdição.
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ou seja, ocorrerá com o tempo a cessação das possibilidades de laço social, algo
muito próximo da proposta de Nogueira Filho sobre a recusa do Outro e do Simbólico
como característicos da adicção. O autor recusa a identificação entre substâncias
químicas e efeitos determinados, enfatizando a singularidade de cada sujeito no seu
consumo e em sua entrada no mundo das drogas, ou seja, não há univocidade no
início de um percurso que finaliza em uma suposta adicção química.
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Outro psicanalista que escreveu sobre o tema é Éric Laurent (2014) e ele
partiu de uma das poucas proposições de Jacques Lacan sobre as drogas: “A droga,
única forma de romper o matrimônio do corpo com o pequeno-pipi”. (LACAN, 1970,
citado por LAURENT, 2014, p. 20).
Segundo o autor a droga possibilita um gozo “uno”, pois não é um gozo sexual
fragmentado pelo corpo ou pela fantasia. Laurent (2014) ainda afirma que se trata de
um “gozo do futuro”, pois na pós modernidade um dos meios de sofrimento
sintomático acontece pelo temor do gozo do Outro, ou seja, é insuportável para o
sujeito, diante das suas próprias injunções superegóicas, a possibilidade de que o
“vizinho” tenha mais satisfação ou obtenha algum gozo proveniente de um lugar não
presumido como permitido. Este tipo de configuração só pode se estabelecer em um
ideal de eu pautado no “se dar bem”.
Antônio Beneti (2014) relembra que a maioria dos discursos que almejam
gerar um saber sobre a dependência química contemporânea enfatizam unicamente
as vicissitudes e características do objeto, e ao reduzir a importância das
contribuições perpetuadas pelo sujeito nesta relação, criam um apagamento das
questões ligadas à subjetividade do consumo e da adicção. O discurso pautado no
objeto é segregacionista por excluir a riqueza da subjetividade inconsciente, enquanto
a psicanálise, por outro lado, deve sempre ser composta em torno da premissa de
que é o toxicômano quem faz a droga. Isto significa pensar o sujeito inconsciente no
lugar do vazio deixado por um discurso fatalista e interrogar o desejo implicado no
consumo.
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Como demarca o autor: “O que ele quer com esse objeto e não o porquê do
uso de drogas. Qual a importância desse objeto, qual o lugar desse objeto, qual a
função desse objeto droga”. (BENETI, 2014, p. 32).
ÉTICA CLÍNICA
Pode-se concluir com base nos textos consultados que não existe uma maneira
de ser toxicômano, isto é, não há nenhuma patologia ou estrutura capaz de nomear
o suposto grupo composto por aqueles que são considerados dependentes químicos,
visto que cada um deles possui uma relação única com a droga.
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A adicção é o nome dado ao sofrimento causado pela repetição de um mesmo
ato, e no caso apresentado, ocorre devido aos desvios que a droga é capaz de
propiciar a fim de evitar o encontro com os embaraços do desejo e a falta constitutiva
do sujeito.
A falha desta estratégia para conviver com o mal-estar é que uma substância
química que sirva como meio único de satisfação a um indivíduo, será também com
o tempo o único objeto demandado por ele, e não menos demandado do que os
últimos que o antecederam. O regime de gozo que se encontra no momento em que
a droga se tornou o objeto causa de desejo dispensa a necessidade de articulação
simbólica, pois a castração do sujeito está camuflada por uma nova falta (a “fissura”)
e ela já possui um objeto obturador (a droga). As operações efetuadas pelo
“toxicômano” só são possíveis nas sociedades contemporâneas ocidentais (ou
ocidentalizadas), já que elas se encontram, em sua maioria, imersas numa lógica de
que a natureza e o corpo podem ser cifrados e domados. Somente a ciência possibilita
a “crença” de que determinada substância, se consumida, propiciará determinados
efeitos e de que a repetição do mesmo método fornecerá os mesmos resultados.
Logo, a drogadição é sempre uma alternativa que foi escolhida para evitar o
adoecimento neurótico ou sintomas psicóticos. Na clínica o psicanalista seguirá na
contramão dos outros discursos antidrogas, pois jamais colocará o sujeito na posição
de vítima de algo que ele não é responsável, como acontece constantemente na mídia
quando ela comunica os perigos da droga ou o invencível vício propiciado por elas.
Em termos mais específicos, é preciso desconstruir as identificações que o sujeito faz
com a droga ou com a suposta existência da maneira de ser drogadicto, além de
cercar a especificidade de sua história com a drogadição, no intuito de fazê-lo se
reconhecer nela. Em relatos clínicos se torna evidente que alguns analisandos são
capazes de construir um vício em um significante que sustenta seu sintoma, de modo
que o que menos possui importância em sua drogadição são os efeitos bioquímicos
da substância.
Talvez o único ponto de determinação irredutível que pode ser utilizado como
referência ao trabalho clínico seja a dicotomia entre o drogar-se sintomaticamente e
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o consumo da droga como antissintoma, ou seja, diferenciar as situações em que a
drogadição não é nada mais do que uma espécie de atuação, na qual a droga entra
como um dos artifícios que compõe o cenário fantasmático de gozo do paciente, das
situações em que os efeitos da droga no corpo evitam que o sujeito se encontre com
o mal-estar.
ÉTICA FILOSÓFICA
Dedicando-se agora a um discurso de teor mais filosófico podemos dizer que
os discursos que repetem incessantemente as regras sobre o consumo de drogas,
desde incentivo ao consumo de alguns medicamentos, bebidas ou drogas ilícitas, até
a mais completa recusa diante de algumas substâncias, revela uma preocupação em
controlar as práticas com o corpo.
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de segurança”, entendida por ela como aquela que: “[...] reedita a estrutura da lei e
da disciplina (com o apoio do direito e da ciência) e que sustenta na penalidade ou
nos procedimentos relativos à vida biológica, como mecanismos de controle social”.
Como ela propõe: “E que a questão da fissura possa nos apresentar mais do
que o sintoma, do que a causa ou do que o efeito, o modo de ser do vazio do
pensamento característico do nosso tempo”. (TIBURI, 2013, p. 16). Poderíamos dizer
que nos casos em que há sofrimento por causa da necessidade de consumir drogas,
a dor se deve mais ao fato de um objeto supostamente capaz de obturar a falta
humana estar disponível do que por ele estar ausente.
Ambos são produtos das relações humanas e obviamente não são a sua
causa. O horror difundido diante da imagem do dependente químico é na verdade um
mero mecanismo de defesa, que neste caso, eleva a imagem do drogadicto a
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representante dos pontos traumáticos da sociedade contemporânea. Escolha
apropriada se relembrarmos sua relação com a ciência e com o capital.
I - INTRODUÇÃO:
II - DEFINIÇÃO:
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III - OBJETIVO:
IV - O TRABALHO DE ACONSELHAMENTO:
Cabe ao Conselheiro:
Cabe ao paciente:
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- Iniciar o processo de auto- conhecimento, auto- confiança, crescimento e
autonomia.
V- OBJETIVOS DO ACONSELHAMENTO:
- Proporcionar a mudança do
comportamento, dos valores sociais,
conhecimento e habilidades para tomar
decisões e a capacidade de ser bem
sucedido por parte do paciente.
NORMAS DE UM CONSELHEIRO:
Existem algumas normas básicas que devem ser respeitadas e seguidas para
que a postura ética de um Conselheiro seja um caminho de coerência e retidão na
sua vida profissional:
3) Manter a coerência na sua relação com o paciente, quer dizer: praticar aquilo
que fala, Ter um comportamento coerente com a prática da Programação dos 12
Passos, ou seja, frequentar grupos de mútua-ajuda, além disso, ter seu próprio
espaço terapêutico;
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Quando o paciente tentar seduzir ou se apaixonar pelo Conselheiro, este
deve trabalhar isso numa supervisão com os outros membros da Equipe;
Quando o Terapeuta se sentir atraído por seu paciente, deve trabalhar isso
numa supervisão, na sua terapia e em alguns casos, discretamente, esse paciente
deve ser encaminhado para outro Terapeuta.
III - LEMBRE-SE:
IV - A ÉTICA PERMITE:
Não negar sua natureza humana e permitir-se expor seus sentimentos sempre
que perceber que isso irá ajudar seu paciente. Um Conselheiro não teme seus
sentimentos, aprende a expressá-los com habilidade. Um Conselheiro não teme seus
sentimentos, aprende a expressá-los com habilidade.
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V – CÓDIGO DE ÉTICA:
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6. Eu não me engajarei em atividades que possam ser usadas como
exploração dos pacientes para se obter ganhos pessoais sejam eles, sexuais,
financeiros ou sociais.
12. Eu demonstrarei uma postura responsável pelo bem estar dos meus
colegas e da Clínica como um todo, não ignorando as manifestações de doença ou
condutas antiéticas dos colegas.
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BIOÉTICA NO ACOLHIMENTO A DEPENDENTES DE
DROGAS PSICOATIVAS
O abuso de substâncias psicoativas é problema mundial e extremamente difícil
em todos os seus aspectos, requerendo a oferta de serviços para grandes
contingentes de dependentes, nem sempre atendidos pelos setores públicos
responsáveis. Isso exige a participação complementar de instituições privadas sem
fins lucrativos, como as comunidades terapêuticas. Essas comunidades são
instituições de diferentes origens, adotam metodologias distintas e recebem pessoas
hipervulneráveis, o que exige dos voluntários e profissionais de saúde acolhimento
ético e torna essa área campo em que a bioética pode contribuir para solucionar
conflitos durante a atenção residencial transitória. Pela escassa abordagem ética de
comunidades terapêuticas na literatura mundial, em especial na brasileira, este artigo
enfatiza alguns princípios e referenciais bioéticos, como autonomia, sigilo e
confidencialidade, alteridade, espiritualidade, solidariedade e cuidado respeitoso. Por
fim, estimula a comunidade acadêmica a contribuir para enriquecer a reflexão bioética
sobre o cuidado às pessoas nessas instituições.
A AUTONOMIA DO ACOLHIDO
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autônomos e, se houver, por alguma razão, redução da autonomia, todos têm o direito
de ser protegidos.
1) aqueles que são capazes de deliberar sobre seus objetivos pessoais e agir
sob a orientação dessa deliberação;
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dependentes e, portanto, considerando que são capazes de ter consciência e
governabilidade sobre suas decisões, espera-se que se tenha respeito à autonomia
dos acolhidos na perspectiva das condutas éticas referidas. Cabe reportar aqui ao
valor “respeito” como o mais citado pelos dirigentes das CT catarinenses , pois vai ao
encontro da responsabilidade moral dessas instituições de preservar a dignidade, a
autonomia e respeitar os valores do acolhido. Estando presente este valor na prática
diária das CT, será possível conquistar a confiança dos acolhidos para estabelecer o
cuidado necessário.
A PRIVACIDADE E A CONFIDENCIALIDADE
A garantia da preservação de informações, relacionada ao diagnóstico, exame
complementar ou ao tratamento é dever prima facie (uma obrigação que se deve
cumprir) de todos os profissionais e também das instituições . Por sua vez, esse
aspecto pode ser abordado tanto pela questão da privacidade quanto pela da
confidencialidade.
Por sua vez, a confidencialidade, como pilar ético da relação entre acolhedor
e acolhido, é a garantia do resguardo das informações dadas pessoalmente em
confiança e a proteção contra a sua revelação não autorizada. Os pacientes ou os
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dependentes são os proprietários de suas informações, enquanto os profissionais e
as instituições são apenas seus fiéis depositários – todos que entram em contato com
as informações por necessidade profissional têm apenas autorização para acessá-
las, mas não o direito de usá-las livremente .
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documentos internacionais que valorizam essa dimensão no âmbito dos cuidados e
da assistência à saúde (Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos,
Declaração de Lisboa sobre os Direitos dos Pacientes) e a Carta dos Direitos dos
Usuários da Saúde no Brasil, que reconhecem a importância do cuidado espiritual o
direito à assistência religiosa do usuário .
Outra pesquisa sobre o tema indica que aproximadamente 80% dos estudos
sobre religião/espiritualidade e saúde são sobre saúde mental e que a maioria deles
apresenta relações significativas entre essas esferas e para a melhora da saúde . Ao
enfatizar o papel da educação espiritual, foi constatado que 100 das 141 faculdades
de medicina dos EUA e Canadá têm cursos sobre este tema e que 70% deles são
curriculares .
É a espiritualidade que une, liga e re-liga e integra. Ela e não a religião ajuda
a compor as alternativas de um novo paradigma civilizatório . Por sua vez, como
acentua De Leon , os dependentes não estão apenas tratando sua doença ou
mudando seus comportamentos e atitudes, mas sendo forjados para mudar a si
mesmos. A CT, além de contemplar o residente em sua integralidade de espírito, alma
e corpo, é, por natureza, um modelo (re)educativo por preparar o residente para o
regresso à vida social . Dessa forma, cabe concluir que estudar cientificamente a
espiritualidade é uma empreitada muito entusiasmante e perigosa.
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A SOLIDARIEDADE COMO REFERENCIAL BIOÉTICO
Do ponto de vista humano, a solidariedade assume valor social que nos une
uns aos outros, formando uma comunidade que deve defender os mesmos
interesses, e sua inclusão como referencial da bioética visa utilizá-la nas deliberações
acerca de valores . A solidariedade poderia subsidiar as resoluções bioéticas, pois seu
objetivo principal é permitir a caracterização do referencial tendo em vista ações
éticas mais adequadas.
O conceito de solidariedade pode ser visto como conjunto de laços que une os
indivíduos na constituição de um grupo social , que tem como função primordial
manter a coesão do grupo e conservar a vida , expressões que nos permitem entender
sua adequação às vivências nas Comunidades Terapêuticas. A solidariedade foi
ignorada até início deste século diante do predomínio da visão individualista e
autonômica. No entanto, com o surgimento de abordagens sociais e políticas, passou
a ser mais valorizada na perspectiva bioética .
35
A solidariedade deve ser entendida como a capacidade de o agente discernir
as dimensões sociais e políticas que estão indissociavelmente presentes na ação
solidária .
36
individualismo, ou seja, reforçando a teoria do cuidar respeitoso.
37
significante, razão para se concluir que somente o cuidado respeitoso constitui-se
numa atitude verdadeiramente moral e, por conseguinte, é absolutamente necessário
para a bioética atual.
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INTRODUÇÃO
39
Figura: Internação compulsória. Por Mauricio Vlamir Ferreira.
40
Em síntese, a Reforma Psiquiátrica contribuiu na mudança por dispor sobre os
direitos do portador do transtorno mental, relacionar as obrigações do Estado, definir
e regulamentar os tipos de internações, tratar das pesquisas envolvendo esses
pacientes e colocar a encargo do Conselho Nacional de Saúde, a criação da
Comissão Nacional para o acompanhamento da implementação da lei.
Ainda que haja um laudo que determine a internação, ela deve ocorrer no
menor tempo possível, de acordo com a necessidade, e a família deve ser procurada
até mesmo como forma de responsabilizar-se pelo pós-internação e participar de
todas as etapas do tratamento.
A internação compulsória deve ser vista sempre como última medida, dentro
de um projeto terapêutico singular, ou seja, deve haver um acompanhamento anterior,
41
em que o médico constatou a necessidade de internar a pessoa e não há familiares
que poderiam solicitar tal medida, sempre com vistas a proteger o paciente e
terceiros. O grande problema é que como tal determinação é sempre judicial, a alta
geralmente é condicionada a uma outra ordem judicial, o que gera demora, às vezes
de semanas, para a alta efetiva mesmo quando o dependente já teve alta médica.
A e B:
42
No segundo parágrafo do mesmo artigo, o término da internação involuntária
é definido por meio de solicitação formal do familiar ou, responsável legal do
internando. Nesse sentido, a Lei de
2001 aborda “a universalidade de
acesso e direito a assistência,
valorizando a territorialização do
atendimento, edificando redes
assistenciais com vistas à
reinserção social e ressocialização
dos usuários”.
Até meados do ano de 2003, conforme explicam Correia e Ventura (2013), dois
diplomas legais, a Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976 – conhecida como lei
antitóxicos e, sua substituta a Lei nº 10.409 de 2002, eram as normas responsáveis
por regulamentar os aspectos relacionados às drogas, seguindo o viés proibicionista.
43
Ainda segundo a Equipe Médica da Unidade de Psiquiatria de Adição do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (Instituto Crack Nem pensar, 2014) a redução
de danos pode ser entendida como:
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I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
45
Figura: Usuários de crack foram levados para instituição de reabilitação em São Paulo em
2013. Para senadora Rose de Freitas, autora do projeto, nessa situação, Estado deve prover a
proteção que as pessoas precisam. Fonte: Agência Senado
46
Dessa forma, ao mesmo tempo em que o Principio da Legalidade garante no
artigo 5º, inciso II da Constituição Federal (1988) que “ninguém será obrigado a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, permanece a questão sobre
a capacidade de discernimento do drogodependente, pois, considerando as variações
individuais de vício, sabe-se que o individuo se encontra numa situação, de autonomia
reduzida, sob constante influência das drogas .
A iniciativa da submissão voluntária ao tratamento por parte do dependente,
por diversas vezes não se concretiza devido à presença de sintomas compulsivos
característicos do abuso destas substâncias psicoativas, essas alterações
decorrentes de uma ingestão contínua são classificadas como cognitivas,
comportamentais e fisiológicas. Conforme explica Ballone (2013), a existência de um
ciclo de consumo repetitivo favorece o estabelecimento de três fatores normativos da
dependência: tolerância, abstinência e compulsão.
Seguindo tal pensamento, o deputado federal Osmar Terra (as cited in Correia
Junior e Ventura, 2013) argumenta que “aquele que está intoxicado não tem a
capacidade de discernir o que é certo do que é errado, pois as drogas, a exemplo do
crack, comprometem o funcionamento do cérebro”. Reitera ainda que o uso
desencadeia um estado irracional, provocado pelo vicio, no qual o individuo vende
todos os seus bens, envolve-se em brigas com amigos e familiares, passa a dormir
no relento, alimenta-se precariamente e não consegue estabelecer qualquer
compromisso com trabalho e estudo.
RELAÇÕES SOCIAIS
Sabe-se que o uso compulsivo de substâncias ilícitas, após desestabilizar o
indivíduo, provoca a ruptura dos laços de convivência e vínculos afetivos outrora
47
firmados, este enfraquecimento qualitativo e quantitativo da rede social do
dependente químico interfere, desde a primeira relação social disponível que é o
núcleo familiar.
As demandas apresentadas por estes familiares afetados pelas consequências
do vício são das mais variadas ordens, face a este problema, dentre elas, dificuldade
para lidarem com as crises e conflitos emergentes, com a culpa, com o isolamento
social a que ficam sujeitos e a desesperança, além do desgaste físico e emocional
provocado por consequentes insucessos no relacionamento com o dependente
químico, bem como pelo desconhecimento da doença propriamente dita, dentre
tantas outras insatisfações.
Desta forma, a família não deve ficar à margem dos conflitos relacionados às
drogas e, deve receber atenção especial no que tange a elaboração de políticas e
programas sociais que atendam os contornos e suas especificidades, tanto nas
questões materiais e financeiras, quanto no que se refere aos problemas cotidianos
estabelecidos em suas relações sociais.
Portanto, a compreensão desses aspectos é fundamental no sentido de se
discutir quais as estratégias de intervenções eficazes e coerentes, em sintonia com a
posição do dependente químico na atualidade e a forma de como a droga vem
evoluindo ao longo dos anos. Assim, é correto afirmar que a drogadição, progrediu
em conjunto com as culturas, com os padrões, a frequência de utilização e os tipos
de drogas consumidos mudam de uma época para outra de acordo com as condições
socioculturais existentes.
Diante do exposto, percebeu-se ao falar sobre internação compulsória ou
involuntária que, não é um assunto simples do qual todos os estudiosos concordam
quanto às formas de lidar, uma vez que a dependência química começou a ser
trabalhada sob outra ótica, principalmente no final do século XX, novas abordagens
a respeito do usuário ou do dependente ganharam força contra as de cunho
assistencialistas psiquiátricas.
Justamente porque a droga tornou-se mais que um problema social,
contribuindo diretamente para o aumento dos índices de criminalidade em todos os
estados brasileiros. Esses sujeitos formam um grupo vulnerável a estigmatização e a
exclusão, devido à estreita correlação entre estar nas ruas e usar drogas, ser vítima
e estar sujeito à violência.
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DROGODEPENDENTE E CRIMINOSO
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sua maioria, rurais de difícil acesso. Essas unidades de tratamento são conhecidas
como Comunidades Terapêuticas e, de acordo com George de Leon (2003):
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Neste estudo buscou-se fazer uma reflexão acerca da proposta da internação
compulsória, em virtude da problemática relacionada ao consumo e ao comércio de
drogas, não ter retrocedido em todos esses anos de enfrentamento, apesar das
alterações jurídicas e sociais. De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre
Drogas e Crime a prevalência do uso de substâncias ilícitas no mundo é estável.
Essa legislação foi responsável por trazer um tratamento mais humano aos
pacientes, em consonância com os direitos humanos, no campo da cidadania e da
inclusão. Seu objetivo foi o de romper com o longo histórico de internações
compulsórias de doentes mentais, acompanhadas do registro de denúncias terríveis
acerca de maus tratos, superlotação, mortes, permanências vitalícias em manicômios
e similares.
Voluntária,
Involuntária e
Compulsória e, regulamentou os critérios de sua ocorrência.
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A internação foi criada para intervir na crise, especificamente quando o
individuo estiver colocando em risco a sua vida e a de outras pessoas. Não são
encontradas ressalvas quando se refere à internação voluntaria, porém, é
amplamente questionável a aplicabilidade dos tratamentos obrigatórios ao
dependente químico. As criticas são por conta do paradoxo que apresentam, por um
ângulo intentam proteger a vida, mas, por outro constituem violação da liberdade e
punição. Sobre esses aspectos, foi discutida a capacidade do drogodependente em
decidir ou não sobre a intervenção de terceiros em sua saúde.
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outras propostas de intervenção, mediante locais adequados e fiscalizações
permanentes.
Gilmar Mendes (2013, p. 622-623) considera que, do direito à saúde, pelo fato
de o mesmo ter sido qualificado pelo constituinte originário como um “direito de todos”,
decorre uma relação jurídica obrigacional a envolver, de um lado, todos os indivíduos,
singularmente considerados e, de outro, o Estado; para aquele, o direito a saúde
reveste-se do caráter de direito subjetivo a políticas públicas sociais e econômicas,
pautadas por escolhas alocativas, objetivando a redução de doenças, a promoção, a
proteção e a recuperação da saúde, enquanto que, para este, enseja sua atuação do
sentido de garanti-lo.
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eficácia em relação ao tratamento baseado na redução de danos e, por isso, faz-se
necessário que haja um debate científico, o que impõe o diálogo do Direito com as
outras ciências.
Assim, cabe à população exigir tanto a instituição de uma política pública que
melhor privilegie o direito à saúde dos dependentes químicos bem como uma política
fiscalizatória das instituições destinadas à internação, com fundamento no fato de que
o direito à saúde exige prestações positivas por parte do Estado para ser concretizado
e é dotado do caráter de fundamentalidade em sentido formal, o que significa que,
pelo fato de estar positivado no “Título II”, denominado “Dos direitos e garantias
fundamentais”, na CRFB/88, que é o documento supremo do país, em se
considerando a estrutura escalonada do ordenamento jurídico, bem como pelo fato
de que se trata de um documento rígido e dotado de força normativa, o direito à saúde,
em última análise, vincula as ações dos Poderes Constituídos.
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no documento constitucional, deve gozar, antes de mais, de primazia em sede da
elaboração orçamentária.
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REFERÊNCIAS
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VORONOSKI, C. (2013). O DIREITO À SAÚDE E OS DEVERES DO ESTADO
PARA COM O TRATAMENTO DE DEPENDENTES QUÍMICOS. Revista da
Academia Brasileira de Direito Constitucional, vol. 5,(n. 8), pp.p. 48-75.
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