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CENTRO UNIVERSITÁRIO JORGE AMADO

CURSO DE PSICOLOGIA

LUCAS NASCIMENTO DOS SANTOS

RESENHA CRÍTICA

SALVADOR
2021
A temática da medicalização no Brasil, representa uma construção social que
está em ativa ascensão e é preciso discutir, refletir e apontar os fatos sobre essa
realidade apresentada no produto do Conselho Federal de Psicologia, que de forma
abrangente expõe os dados sobe a medicalização e a desconstrução desta.
É assustador o quanto de transtornos vem sendo postulados no CID e no
DSM, em que a cada vez mais as pessoas não se veem mais como humanas e
estão se afastando da sua subjetividade, devido ao fato de se enquadrar em conduta
de vida de por um lado ser portadora de uma doença e por outro de encontrar
formas de se prevenir ou mediar certas situações e vivências cotidianas e isso nada
mais é do que estar condicionado há um controle do corpo e de si mesmo
manipulado pelo poder.
Diante disso, fortalece-se a indústria farmacêutica, que vem como a solução
para essa problemática na sociedade atual. Há um fármaco para todo tipo de
doença, transtorno e mal-estar e isso tem gerado fortes repercussões em como a
sociedade tem lidado com suas emoções e com sua própria vivência como um todo.
Atualmente, prega-se uma cultura do bem-estar a todo momento e nisso encontra-se
um forte problema que é o não reconhecimento do limite, uma vez que está tendo
um excesso de medicalização e automedicação na sociedade brasileira. A busca
excessiva pela felicidade constante e pela fuga das frustrações de uma vida ideal
tem gerado fortes repercussões que no geral são prejudiciais.
É preciso apontar sobre a gravidade da medicalização da educação, uma vez
que isso, como posto, é uma lógica da sociedade capitalista, que através de um
discurso alienante pressuposto de uma ideologia, fomenta pela manutenção do
poder, um afastamento da compreensão do fato real desse cenário. Isso porque, são
duas categorias em discussão, a saúde (físico, orgânico) e o social (história, cultura,
escola, economia e política), sendo que a saúde está sendo utilizada para encobrir
uma irresponsabilidade por parte do Estado que é prover recursos de forma efetiva
para uma transformação do sistema educacional brasileiro, porém isso não é uma
prioridade, uma vez que irá gerar “muitos gastos”, que na verdade seria uma
investimento em um direito garantido em lei, mas pela lógica capitalista isso seria
algo inviável. Logo, é muito mais confortável justificar que os estudantes não têm um
desempenho escolar satisfatório devido à alguma condição orgânica patológica,
principalmente cognitiva.
Urge que se combata essa intensa medicalização e é preciso de uma
fortalecida rede de construção de um novo discurso, para que assim possa-se lidar
com a medicação de forma saudável, consciente e responsável. Para isso, é
necessário intensificar nas academias o debate e divulgação de conhecimento sobre
os impactos negativos dos fármacos na vida das pessoas, bem como convocar a
uma nova reflexão da sociedade como um todo a de fato se comprometer em lidar
com medicação de uma forma segura. Portanto, o acesso e a compreensão da
informação e o questionamento são de fundamental importância para a mudança
dessa prática cultural da medicalização na sociedade brasileira.
Por fim, esse produto construído pelo Conselho Federal de Psicologia, bem
como os movimentos de diversas entidades legais tem contribuído de forma
significativa para a desconstrução da necessidade extrema e excessiva de
medicação. Mas é preciso dar continuidade e colaborar de todas as formas
possíveis para questão, seja no exercício profissional, no diálogo (entre família,
amigos), nas produções científicas, porque com isso podemos alcançar uma
sociedade que saiba lidar e se implicar melhor no processo de medicalização
individual ou social.

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