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Redação nota 1.

000 de Isabella Gadelha, PA

Redação Nota 1000 no Enem 2020, de Isabella Gadelha, do Pará —


Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

"Nise da Silveira foi uma renomada psiquiatra brasileira que, indo contra a
comunidade médica tradicional da sua época, lutou a favor de um tratamento
humanizado para pessoas com transtornos psicológicos. No contexto nacional atual,
indivíduos com patologias mentais ainda sofrem com diversos estigmas criados. Isso
ocorre, pois faltam informações corretas sobre o assunto e, também, existe uma
carência de representatividade desse grupo nas mídias.
Primariamente, vale ressaltar que a ignorância é uma das principais causas da
criação de preconceitos contra portadores de doenças psiquiátricas. Sob essa ótica, o
pintor holandês Vincent Van Gogh foi alvo de agressões físicas e psicológicas por
sofrer de transtornos neurológicos e não possuir o tratamento adequado. O ocorrido
com o artista pode ser presenciado no corpo social brasileiro, visto que, apesar de
uma parcela significativa da população lidar com alguma patologia mental, ainda
são propagadas informações incorretas sobre o tema. Esse processo fortalece a ideia
de que integrantes não são capazes de conviver em sociedade, reforçando estigmas
antigos e criando novos. Dessa forma, a ignorância contribui para a estigmatização
desses indivíduos e prejudica o coletivo.
Ademais, a carência de representatividade nos veículos midiáticos fomenta o
preconceito contra pessoas com distúrbios psicológicos. Nesse sentido, a série de
televisão da emissora HBO, "Euphoria", mostra as dificuldades de conviver com
Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), ilustrado pela protagonista Rue, que possui a
doença. A série é um exemplo de representação desse grupo, nas artes, falando sobre
a doença de maneira responsável. Contudo, ainda é pouca a representatividade
desses indivíduos em livros, filmes e séries, que quando possuem um papel, muitas
vezes, são personagens secundários e não há um aprofundamento de sua história.
Desse modo, esse processo agrava os esteriótipos contra essas pessoas e afeta sua
autoestima, pois eles não se sentem representados.
Portanto, faz-se imprescindível que a mídia - instrumento de ampla abrangência -
informe a sociedade a respeito dessas doenças e sobre como conviver com pessoas
portadoras, por meio de comerciais periódicos nas redes sociais e debates televisivos,
a fim de formar cidadãos informados. Paralelamente, o Estado - principal promotor
da harmonia social - deve promover a representatividade de pessoas com transtornos
mentais nas artes, por intermédio de incentivos monetários para produzir obras
sobre o tema, com o fato de amenizar o problema. Assim, o corpo civil será mais
educado e os estigmas contra indivíduos com patologias mentais não serão uma
realidade do Brasil."
Redação nota 1.000 de Julia Vieira, MA
Redação nota 1000 de Julia Vieira, MA, no Enem 2020 — Foto:
Arquivo Pessoal

"No filme estadunidense “Coringa”, o personagem principal, Arthur Fleck, sofre de um


transtorno mental que o faz ter episódios de riso exagerado e descontrolado em
público, motivo pelo qual é frequentemente atacado nas ruas. Em consonância com a
realidade de Arthur, está a de muitos cidadãos, já que o estigma associado às doenças
mentais na sociedade brasileira ainda configura um desafio a ser sanado. Isso ocorre,
seja pela negligência governamental nesse âmbito, seja pela discriminação desta
classe por parcela da população verde-amarela. Dessa maneira, é imperioso que essa
chaga social seja resolvida, a fim de que o longa norte-americano não mais reflita o
contexto atual da nação.
Nessa perspectiva, acerca da lógica referente aos transtornos da mente, é válido
retomar o aspecto supracitado quanto à omissão estatal neste caso. Segundo a OMS
(Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o país que apresenta o maior número de
casos de depressão da América Latina e, mesmo diante desse cenário alarmante, os
tratamentos às doenças mentais, quando oferecidos, não são, na maioria das vezes,
eficazes. Isso acontece pela falta de investimento público em centros especializados
no cuidado para com essas condições. Consequentemente, muitos portadores,
sobretudo aqueles de menor renda, não são devidamente tratados, contribuindo para
sua progressiva marginalização perante o corpo social. Este quadro de inoperância
das esferas de poder exemplifica a teoria das Instituições Zumbis, do sociólogo
Zygmunt Bauman, que as descreve como presentes na sociedade, mas que não
cumprem seu papel com eficácia. Desse modo, é imprescindível que, para a refutação
da teoria do estudioso polonês, essa problemática seja revertida.
Paralelamente ao descaso das esferas governamentais nessa questão, é fundamental
o debate acerca da aversão de parte dos civis ao grupo em pauta, uma vez que ambos
são impasses para sua completa socialização. Esse preconceito se dá pelos errôneos
ideais de felicidade disseminados na sociedade como metas universais. Entretanto,
essas concepções segregam os indivíduos entre os “fortes” e os “fracos”, em que tais
fracos, geralmente, integram a classe em discussão, dado que não atingem essas
metas estabelecidas, como a estabilidade emocional. Por conseguinte, aqueles que
não alcançam os objetivos são estigmatizados e excluídos do tecido social. Tal
conjuntura segregacionista - os que possuem algum tipo de transtorno, nesse caso --
na teia social. Dessa maneira, essa problemática urge ser solucionada para que o
princípio da alemã seja validado no país tupiniquim.
Portanto, são essenciais medidas operantes para a reversão do estigma associado às
doenças mentais na sociedade brasileira. Para isso, compete ao Ministério da Saúde
investir na melhora da qualidade dos tratamentos a essas doenças nos centros
públicos especializados de cuidados, destinando mais medicamentos e contratando,
por concursos, mais profissionais da área, como psiquiatras e enfermeiros. Isso deve
ser feito por meio de recursos autorizados pelo Tribunal de Contas da União - órgão
que opera feitos públicos - com o fito de potencializar o atendimento a esses
pacientes e oferecê-los um tratamento eficaz. Ademais, palestras devem ser
realizadas em espaços públicos sobre os malefícios das falsas concepções de prazer e
da importância do acolhimento dos vulneráveis. Assim, os ideais inalcançáveis não
mais serão instrumentos segregadores e, finalmente, a cotação de Fleck não mais
representará a dos brasileiros."
Redação nota 1.000 de Raíssa Piccoli Fontoura,
MS
Redação nota 1000 no Enem 2020 de Raíssa Piccoli Fontoura, de MS
— Foto: Reprodução

"De acordo com o filósofo Platão, a associação entre saúde física e mental seria
imprescindível para a manutenção da integridade humana. Nesse contexto, elucida-
se a necessidade de maior atenção ao aspecto psicológico, o qual, além de estar
suscetível a doenças, também é alvo de estigmatização na sociedade brasileira. Tal
discriminação é configurada a partir da carência informacional concatenada à
idealização da vida nas redes sociais, o que gera a falta de suporte aos necessitados.
Isso mostra que esse revés deve ser solucionado urgentemente.
Sob essa análise, é necessário salientar que fatores relevantes são combinados na
estruturação dessa problemática. Dentre eles, destaca-se a ausência de informações
precisas e contundentes a respeito das doenças mentais, as quais, muitas vezes, são
tratadas com descaso e desrespeito. Essa falta de subsídio informacional é grave,
visto que impede que uma grande parcela da população brasileira conheça a
seriedade das patologias psicológicas, sendo capaz de comprometer a realização de
tratamentos adequados, a redução do sofrimento do paciente e a sua capacidade de
recuperação. Somada a isso, a veiculação virtual de uma vida idealizada também
contribui para a construção dessa caótica conjuntura, pois é responsável pela crença
equivocada de que a existência humana pode ser feita, isto é, livre de obstáculos e
transtornos. Esse entendimento falho da realidade fez com que os indivíduos que não
se encaixem nos padrões difundidos, em especial no que concerne à saúde mental,
sejam vítimas de preconceito e exclusão. Evidencia-se, então, que a carência de
conhecimento associado à irrealidade digitalmente disseminada arquitetam esse
lastimável panorama.
Consequentemente, tais motivadores geram incontestáveis e sérios efeitos na vida dos
indivíduos que sofrem de algum gênero de doença mental. Tendo isso em vista, o
acolhimento insuficiente e a falta de tratamento são preocupantes, uma vez que os
acometidos precisam de compreensão, respeito e apoio para disporem de mais
energia e motivação no enfrentamento dessa situação, além de acompanhamento
médico e psicológico também ser essencial para que a pessoa entenda seus
sentimentos e organize suas estruturas psicológicas de uma forma mais salutar e
emancipadora. O filme “Toc toc” retrata precisamente o processo de cura de um
grupo de amigos que são diagnosticados com transtornos de ordem psicológica,
revelando que o carinho fraternal e o entendimento mútuo são ferramentas
fundamentais no desenvolvimento integral da saúde. Mostra-se, assim, que a
estigmatização de doentes mentais produz a escassez de elementos primordiais para
que eles possam ser tratados e curados.
Urge, portanto, que o Ministério da Saúde crie uma plataforma, por meio de recursos
digitais, que contenha informações a respeito das doenças mentais e que proponha
comportamentos e atitudes adequadas a serem adotados durante uma interação
com uma pessoa que esteja com alguma patologia do gênero, além de divulgar os
sinais mais frequentes relacionados à ausência de saúde psicológica. Essa medida
promoverá uma maior rede informacional e propiciará um maior apoio aos
necessitados. Ademais, também cabe à sociedade e a mídia elaborar campanhas que
preguem a contrariedade ao preconceito no que tange os doentes dessa natureza, o
que pode ser efetivado através de mobilizações em redes sociais e por intermédio de
programas televisivos com viés informativo. Tal iniciativa é capaz de engajar a
população brasileira no combate a esse tipo de discriminação. Com isso, a ideia
platônica será convertida em realidade no Brasil."
Redação nota 1.000 de Aécio Fernandes, RN
Redação nota 1.000 de Aécio Fernandes, RN — Foto: Arquivo pessoal

Manoel de Barros, grande poeta pós-modernista, desenvolveu em suas obras uma


“teologia do traste”, cuja principal característica reside em dar valor às situações
frequentemente esquecidas ou ignoradas. Segundo a lógica barrosiana, faz-se
preciso, portanto, valorizar também a problemática das doenças mentais no Brasil,
ainda que elas sejam estigmatizadas por parte da sociedade. Nesse sentido, a fim de
mitigar os males relativos a essa temática, é importante analisar a negligência
estatal e a educação brasileira.
Primordialmente, é necessário destacar a forma como parte do Estado costuma lidar
com a saúde mental no Brasil. Isso porque, como afirmou Gilberto Dimenstein, em
sua obra “Cidadão de Papel”, a legislação brasileira é ineficaz, visto que, embora
aparente ser completa na teoria, muitas vezes, não se concretiza na prática. Prova
disso é a escassez de políticas públicas satisfatórias voltadas para a aplicação do
artigo 6 da “Constituição Cidadã”, que garante, entre tantos direitos, a saúde. Isso é
perceptível seja pela pequena campanha de conscientização acerca da necessidade a
saúde mental, seja pelo pouco espaço destinado ao tratamento das doenças mentais
nos hospitais. Assim, infere-se que nem mesmo o princípio jurídico foi capaz de
garantir o combate ao estigma relativo a doenças psíquicas.
Outrossim, é igualmente preciso apontar a educação, nos moldes predominantes no
Brasil, como outro fator que contribui para a manutenção do preconceito contra as
doenças psiquiátricas. Para entender tal apontamento, é justo relembrar a obra
"Pedagogia da Autonomia", do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, na
medida em que ela destaca a importância das escolas em fomentar não só o
conhecimento técnico-científico, mas também habilidades socioemocionais, como
respeito e empatia. Sob essa ótica, pode-se afirmar que a maioria das instituições de
ensino brasileiras, uma vez que são conteudistas, não contribuem no combate ao
estigma relativo às doenças mentais e, portanto, não formam indivíduos da forma
como Freire idealiza.
Frente a tal problemática, faz-se urgente, pois, que o Ministério Público, cujo dever,
de acordo com o artigo 127 da "Constituição Cidadã", é garantir a ordem jurídica e a
defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis, cobre do Estado ações
concretas a fim de combater o preconceito às doenças mentais. Entre essas ações,
deve-se incluir parcerias com as plataformas midiáticas, nas quais propagandas de
apelo emocional, mediante depoimentos de pessoas que sofrem esse estigma, deverão
conscientizar a população acerca da importância do respeito e da saúde mental.
Ademais, é preciso haver mudanças escolares, baseadas no fomento à empatia, por
meio de debates sobre temas socioemocionais.
Redação nota 1.000 de Adrielly Clara Enriques
Dias, MG
Redação nota 1.000 de Adrielly Clara Enriques Dias, MG — Foto:
Arquivo pessoal

No filme estadunidense "Joker", estrelado por Joaquin Phoenix, é retratado a vida de


Arthur Fleck, um homem que, em virtude de sua doença mental, é esquecido e
discriminado pela sociedade, acarretando, inclusive, piora no seu quadro clínico.
Assim como na obra cinematográfica abordada, observa-se que, na conjuntura
brasileira contemporânea, devido a conceitos preconceituosos perpetuados ao longo
da história humana, há um estigma relacionado aos transtornos mentais, uma vez
que os indivíduos que sofrem dessas condições são marginalizados. Ademais, é
precisa salientar, ainda, que a sociedade atual carece de informações a respeito de
tal assunto, o que gera um estranhamento em torno da questão.
Em primeiro lugar, faz-se necessário mencionar o período da Idade Média, na
Europa, em que os doentes mentais eram vistos como seres demoníacos, já que,
naquela época, não havia estudos acerca dessa temática e, consequentemente, ideias
absurdas eram disseminadas como verdades. É perceptível, então, que exista uma
raiz histórica para o estigma atual vivenciado por pessoas que têm transtornos
mentais, ocasionando um intenso preconceito e exclusão. Outrossim, não se pode
esquecer que, graças aos fatos supracitados, tais indivíduos recebem rótulos
mentirosos como, por exemplo, o estereótipo de que todos que possuem problema
psicológicos são incapazes de manter relacionamentos saudáveis, ou seja, não
conseguem interagir com outros seres humanos de forma plena. Fica claro, que as
doenças mentais são tratadas de forma equivocada, ferindo a dignidade de toda a
população.
Em segundo lugar, ressalta-se que há, no Brasil, uma evidente falta de informações
sobre os transtornos mentais, fomentando grande preconceito estranhamento com
essas doenças. Nesse sentido, é lícito referenciar o filósofo grego Platão, que em sua
obra "A República", narrou o intitulado "Mito da Caverna", no qual homens,
acorrentados em uma caverna, viam somente sombras na parede, acreditando,
portanto, que aquilo era a realidade das coisas. Dessa forma, é notório, que, em em
situação análoga à metáfora abordada, os brasileiros, sem acesso aos conhecimentos
acerca dos transtornos mentais, vivem na escuridão, isto é, ignorância disseminando
atitudes preconceituosas. Logo, é evidente a grande importância das informações,
haja vista que a falta delas aumenta o estigma relaciado às doenças mentais,
prejudicando a qualidade de vida das pessoas que sofrem com tais transtornos.
Destarte, medidas são necessárias para resolver os problemas discutidos. Isto posto,
cabe à escola, forte ferramenta de formação de opinião, realizar rodas de conversa
com os alunos sobre a problemática do preconceito com os transtornos mentais, além
de trazer informações científicas sobre tal questão. Esse ação pode se concretizar por
meio da atuação de psiquiatras e professores de soicologia, estes irão desconstruir a
visão discriminatória dos estudantes, enquanto que aqueles irão mostrar
dados/informações relevantes sobre as doenças psiquiátricas. Espera-se, com essa
medida, que o estigma associado às doenças mentais seja paulatinamente
erradicado.
Redação nota 1.000 de Aline Soares Alves, PB
Redação nota 1.000 de Aline Soares Alves, PB — Foto: Arquivo
pessoal

O filme O Coringa retrata a história de um homem que possui uma doença mental e,
por não possuir atendimento psiquiátrico adequado, ocorre o agravamento do seu
quadro clínico. Com essa abordagem, a obra revela a importância da saúde
psicológica para um bom convívio social. Hodiernamente, fora da ficção, muitos
brasileiros enfrentam situação semelhante, o que colabora para a piora da saúde
populacional e para a persistência do estigma relacionado à doença psicológica.
Dessa forma, por causa da negligência estatal, além da desinformação populacional,
essas consequências se agravam na sociedade brasileira.
Em primeiro lugar, a negligência do Estado, a escassez de projetos estatais que visem
a assistência psiquiátrica na sociedade contribui para a precariedade desse setor e
para a continuidade desse estigma envolvendo essa temática. Dessa maneira, parte
da população deixa de possuir tratamento adequado, o que resulta na piora de sua
saúde mental e na sua exclusão social. No entanto, apesar da Constituição Federal de
1988 determinar como direito fundamental do cidadão brasileiro e acesso à saúde de
qualidade, essa lei não é concretizada, pois não há investimentos estatais suficientes
nessa área. Diante dos fatos apresentados, é imprescindível uma ação do Estado para
mudar sua realidade.
Nota-se, outrossim, que a desinformação na sociedade é outra problemática em
relação ao estigma dos distúrbios mentais. Nesse aspecto, devido à escassez de
divulgação de informações nas redes sociais sobre a importância da identificação e
do tratamento das doenças psicológicas, há a relativização desses quadros clínicos
na sociedade. Desse modo, como é retratado no filme "O Lado Bom da Vida", o qual
mostra a dificuldade de inclusão de pessoas com doenças mentais na sociedade, parte
da população brasileira enfrenta esse desafio. Com efeito, essa parcela da sociedade
fica à margem do convívio social, tendo em vista a prevalência do desrespeito e do
preconceito na população. Nesse cenário, faz-se necessária uma mudança de postura
das redes midiáticas.
Portanto, vistos os desafios que contribuem para o estigma associado aos transtornos
mentais, é mister uma atuação governamental para combatê-los. Diante disso, o
Ministério de Saúde deve intensificar a criação de atendimentos psiquiátricos
públicos, com o objetivo de melhorar a saúde mental da população e garantir o seu
direito. Para tal, é necessário um direcionamento de verbas para a contratação dos
profissionais responsáveis pelo projeto, a fim de proporcionar uma assistência de
qualidade para a sociedade. Além disso, o Ministério das Comunicações deve divulgar
informações nas redes midiáticas sobre a importância do respeito às pessoas com
doenças psicológicas e da identificação precoce desses quadros. Mediante a essas
ações concretas, a realidade do filme O Coringa tão somente figurará nas telas dos
cinemas.
Redação nota 1.000 de Nathaly Nobre, AL
Redação nota 1.000 de Nathaly Nobre — Foto: Arquivo pessoal

A obra cinematográfica brasileira “Nise: O Coração da Loucura” retrata a luta de


Nise da Silveira pela redução dos estigmas nas alas psiquiátricas e nas formas de
tratamento enfrentadas por pacientes com enfermidades mentais, na medida em que
desumanizavam estes. Nesse contexto, é evidente a perpetuação do preconceito em
relação às doenças psíquicas, pois são, em sua maioria, menosprezadas e omitidas no
cenário moderno do Brasil. Assim, faz-se necessário investir em educação voltada à
questão da saúde mental, bem como romper com paradigmas da forma de vida
contemporânea.
A princípio, sob a óptica do filósofo grego Aristóteles, a educação é um caminho
fundamental para a formação da vida pública, à proporção que coopera para o bem-
estar da cidade. Diante dessa perspectiva, a manutenção da estrutura deficitária da
propagação de conteúdo de saúde mental, na sociedade brasileira, agrava o
desenvolvimento de doenças psíquicas, visto que retira do cidadão o acesso ao
conhecimento. Portanto, a não ministração de aulas e de eventos os quais abordem
sobre essa temática promove, lamentavelmente, a disseminação de tabus falaciosos e
a redução da busca por tratamento adequado - ao passo que o crescimento das
enfermidades é avassalador.
Além disso, o modo de vida extremamente exaustivo atual é catalisador da
problemática, uma vez que nega o cultivo das práticas do autocuidado em prol do
máximo rendimento. De maneira análoga, de acordo com Byung-Chul Han, filósofo
sul-coreano, em seu ensaio “Sociedade do cansaço”, vive-se a insana procura do ser
humano pela alta produtividade em quaisquer meios, mesmo que retire dele os
prazeres e a sanidade física e mental. Destarte, há a banalização do aspecto psíquico,
porquanto é visto como desnecessário na vivência hodierna e, por conseguinte, a
ansiedade e a depressão são absurdamente neutralizadas em razão das poucas
políticas públicas incentivadoras e conscientizadoras.
Logo, cabe ao Ministério da Educação o investimento em aulas específicas sobre a
saúde mental, por meio de Planos Nacionais da Educação e de eventos tanto
escolares quanto ao grande público, haja vista a importância do máximo alcance
possível, com a ministração de psicólogos e psiquiatras, a fim de garantir a visão
aristotélica e de romper com os tabus preconceituosos. Ademais, o Estado deve
promover políticas públicas de incentivo ao autocuidado, a exemplo de espaços
destinados ao convívio humano e ao bem-estar, com o fito de quebrar com os
paradigmas vivenciados por Nise da Silveira.
Como fazer a redação nota mil no Enem

O fundamental para você conseguir uma redação nota mil no Enem é ler o
enunciado do Tema com atenção, e ter capacidade para entender o tema e a
proposição. São os primeiros passos sobre como escrever um texto dissertativo-
argumentativo.

É preciso seguir a estrutura da redação com os blocos clássicos: 1 – Introdução; 2


– Desenvolvimento; e, 3 – Conclusão. Exercitar a escrita de redações durante o
ano também é fundamental! Veja como escrever a redação do Enem com aulas

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rápido e mais fácil para você dominar as cinco competências da redação do Enem.

A redação em 1 hora
Sem essa de ficar refém do nervosismo e se perder no controle do tempo na
hora da prova. Veja com a professora Daniela Garcia como fazer a Redação do
Enem em uma hora:

COMO FAZER A REDAÇÃO EM UMA HORA | Redação para o Enem

Para você ter sucesso na elaboração da Redação do Enem, o primeiro passo é


você ter sempre em mente que o resultado da sua produção precisa estar
dividido em três partes para atender o estilo de texto dissertativo-
argumentativo exigido pelo Enem. As três partes essenciais são estas:

1. Introdução (tese);
2. Desenvolvimento (argumentação);
3. Conclusão (proposta de intervenção).

A ligação entre essas três partes,, ou seja, entre a introdução, o


desenvolvimento e a conclusão, deve fluir na sua escrita, observando os critérios
de coerência e coesão. Mas como fazer isso em apenas uma hora?

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parágrafos: a) um na Introducão; b) dois no Desenvolvimento; c) um na
Conclusão. Veja no e-book.

A introdução de uma redação nota mil


Não é sem razão que o primeiro parágrafo é chamado de introdução. É nessa
parte do texto que você vai expor (apresentar na sua Tese e no Ponto de Vista)
as principais questões a serem abordadas no restante da sua redação nota mil.

No primeiro parágrafo, o leitor terá uma dimensão geral do assunto e vai


entender as razões pelas quais a discussão do problema é relevante.

Veja como a professora Dani de Floripa, do canal do Curso Enem Gratuito,


destaca a importância do primeiro parágrafo na construção de como fazer uma
redação nota mil:

COMO ESCREVER A INTRODUÇÃO DA REDAÇÃO DO ENEM

É nessa hora da introdução que você deve envolver o leitor (avaliador) e ser
criativo o bastante para instigá-lo a continuar a leitura.

Uma boa forma de fazer isso é relacionar o tema a aspectos pessoais e/ou
sociais. Mostre como essa questão pode afetar a vida do leitor ou como ele está
relacionado a ela.

O desenvolvimento da Redação Enem


Essa parte da sua redação pode ser resumida em uma única palavra:
argumentação. A argumentação é ponto chave quando falamos de como fazer
uma redação nota mil.

É aqui no desenvolvimento que as informações mais polêmicas devem aparecer.


Nesse espaço, você também pode dar voz a visões opostas sobre o assunto e
construí-las de maneira coerente para adquirir a redação nota mil.

Tudo o que foi levantado na introdução deve ser discutido aqui. A dica é que
você reserve ao menos dois parágrafos para que todos os dados e referências
fiquem claras para o leitor. Desenvolva uma ideia diferente para cada
parágrafo.
A conclusão da redação Enem
Se a palavra-chave do desenvolvimento é argumentação, no último parágrafo o
termo que você deve ter em mente é solução. Você levantou uma determinada
questão ao longo do texto, certo?

Agora é a hora de apresentar as possíveis saídas para o problema, com uma


pegada de interesse social e com foco em garantias dos direitos humanos.

Com a estrutura da redação completa, as chances de obter uma redação nota


mil aumentam muito. Mas, antes de entregar sua redação, não esqueça: revise
todos os parágrafos e veja se você deixou passar algum erro!

Temas de redação
Treinar diversos temas de redação pode ser o diferencial na hora da prova. Isso
porque você já estará preparado e, se acertar o tema, com certeza vai ganhar
tempo e distribuir melhor os seus argumentos.

A chance de acertar o tema da redação é bem pequena, mas só o ato de treinar


já ajuda na argumentação, na coesão e na coerência. Esses, com certezas, são
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absorver o máximo de conhecimento que você conseguir! Fique de olho no
início dos parágrafos, como cada ideia é ligada e como os textos são coerentes
do início ao fim.

10 exemplos de redação nota mil no Enem

Redação da candidata Raíssa Picolli Fontoura


A redação abaixo foi escrita pela Raíssa Picolli Fontoura, do Mato Grosso do Sul.
O seu texto também recebeu a nota máxima dos avaliadores do Enem 2020.

De acordo com o filósofo Platão, a associação entre saúde física e mental seria
imprescindível para a manutenção da integridade humana. Nesse contexto,
elucida-se a necessidade de maior atenção ao aspecto psicológico, o qual, além
de estar suscetível a doenças, também é alvo de estigmatização na sociedade
brasileira. Tal discriminação é configurada a partir da carência informacional
concatenada à idealização da vida nas redes sociais, o que gera a falta de suporte
aos necessitados. Isso mostra que esse revés deve ser solucionado urgentemente.

Sob essa análise, é necessário salientar que fatores relevantes são combinados na
estruturação dessa problemática. Dentre eles, destaca-se a ausência de
informações precisas e contundentes a respeito das doenças mentais, as quais,
muitas vezes, são tratadas com descaso e desrespeito. Essa falta de subsídio
informacional é grave, visto que impede que uma grande parcela da população
brasileira conheça a seriedade das patologias psicológicas, sendo capaz de
comprometer a realização de tratamentos adequados, a redução do sofrimento do
paciente e a sua capacidade de recuperação. Somada a isso, a veiculação virtual
de uma vida idealizada também contribui para a construção dessa caótica
conjuntura, pois é responsável pela crença equivocada de que a existência
humana pode ser feita, isto é, livre de obstáculos e transtornos. Esse entendimento
falho da realidade fez com que os indivíduos que não se encaixem nos padrões
difundidos, em especial no que concerne à saúde mental, sejam vítimas de
preconceito e exclusão. Evidencia-se, então, que a carência de conhecimento
associado à irrealidade digitalmente disseminada arquitetam esse lastimável
panorama.

Consequentemente, tais motivadores geram incontestáveis e sérios efeitos na vida


dos indivíduos que sofrem de algum gênero de doença mental. Tendo isso em
vista, o acolhimento insuficiente e a falta de tratamento são preocupantes, uma
vez que os acometidos precisam de compreensão, respeito e apoio para disporem
de mais energia e motivação no enfrentamento dessa situação, além de
acompanhamento médico e psicológico também ser essencial para que a pessoa
entenda seus sentimentos e organize suas estruturas psicológicas de uma forma
mais salutar e emancipadora. O filme “Toc toc” retrata precisamente o processo
de cura de um grupo de amigos que são diagnosticados com transtornos de
ordem psicológica, revelando que o carinho fraternal e o entendimento mútuo são
ferramentas fundamentais no desenvolvimento integral da saúde. Mostra-se,
assim, que a estigmatização de doentes mentais produz a escassez de elementos
primordiais para que eles possam ser tratados e curados.

Urge, portanto, que o Ministério da Saúde crie uma plataforma, por meio de
recursos digitais, que contenha informações a respeito das doenças mentais e que
proponha comportamentos e atitudes adequadas a serem adotados durante uma
interação com uma pessoa que esteja com alguma patologia do gênero, além de
divulgar os sinais mais frequentes relacionados à ausência de saúde psicológica.
Essa medida promoverá uma maior rede informacional e propiciará um maior
apoio aos necessitados. Ademais, também cabe à sociedade e a mídia elaborar
campanhas que preguem a contrariedade ao preconceito no que tange os doentes
dessa natureza, o que pode ser efetivado através de mobilizações em redes sociais
e por intermédio de programas televisivos com viés informativo. Tal iniciativa é
capaz de engajar a população brasileira no combate a esse tipo de discriminação.
Com isso, a ideia platônica será convertida em realidade no Brasil.
Como abordar o tema para chegar na redação nota mil
Veja com a professora Dani como você pode abordar um tema de redação
sobre o qual você não sabe nada. Veja a aula e depois continue conferindo os
exemplos de redação nota mil.

COMO ESCREVER UMA REDAÇÃO SOBRE QUALQUER TEMA NO ENEM | Redação


Enem

Redação nota mil 2018: Thais Saeger


É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas
esferas, a exemplo da saúde, dos transportes e das relações sociais. No que
concerne ao uso da internet, a rede potencializou o fenômeno da massificação do
consumo, pois permitiu, por meio da construção de um banco de dados, oferecer
produtos de acordo com os interesses dos usuários. Tal personalização se observa,
também, na divulgação de informações que, dessa forma, se tornam, muitas
vezes, tendenciosas. Nesse sentido, é necessário analisar tal quadro,
intrinsecamente ligado a aspectos educacionais e econômicos.

É importante ressaltar, em primeiro plano, de que forma o controle de dados na


internet permite a manipulação do comportamento dos usuários. Isso ocorre, em
grande parte, devido ao baixo senso crítico da população, fruto de uma educação
tecnicista, na qual não há estímulo ao questionamento.

Sob esse âmbito, a internet usufrui dessa vulnerabilidade e, por intermédio de


uma análise dos sites mais visitados por determinado indivíduo, consegue rastrear
seus gostos e propor notícias ligadas aos seus interesses, limitando, assim, o modo
de pensar dos cidadãos. Em meio a isso, uma analogia com a educação
libertadora proposta por Paulo Freire mostra-se possível, uma vez que o
pedagogo defendia um ensino capaz de estimular a reflexão e, dessa forma,
libertar o indivíduo da situação a qual encontra-se sujeitado – neste caso, a
manipulação.

Cabe mencionar, em segundo plano, quais os interesses atendidos por tal controle
de dados. Essa questão ocorre devido ao capitalismo, modelo econômico vigente
desde o fim da Guerra Fria, em 1991, o qual estimula o consumo em massa.
Nesse âmbito, a tecnologia, aliada aos interesses do capital, também propõe aos
usuários da rede produtos que eles acreditam ser personalizados.

Partindo desse pressuposto, esse cenário corrobora o termo “ilusão da


contemporaneidade” defendido pelo filósofo Sartre, já que os cidadãos acreditam
estar escolhendo uma mercadoria diferenciada mas, na verdade, trata-se de uma
manipulação que visa ampliar o consumo.
Infere-se, portanto, que o controle do comportamento dos usuários possui íntima
relação com aspectos educacionais e econômicos.

Desse modo, é imperiosa uma ação do MEC, que deve, por meio da oferta de
debates e seminários nas escolas, orientar os alunos a buscarem informações de
fontes confiáveis como artigos científicos ou por intermédio da checagem de
dados, com o fito de estimular o senso crítico dos estudantes e, dessa forma, evitar
que sejam manipulados.

Visando ao mesmo objetivo, o MEC pode, ainda, oferecer uma disciplina de


educação tecnológica nas escolas, através de sua inclusão na Base Comum
Curricular, causando um importante impacto na construção da consciência
coletiva. Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida.

Redação nota mil 2017: Marcus Vinícius,ex-aluno da Rede Plataforma SAS


No Brasil, o início do processo de educação de surdos remonta ao Segundo
Reinado. No entanto, esse ato não se configurou como inclusivo, já que se
caracterizou pelo estabelecimento de um “apartheid” educacional, ou seja, uma
escola exclusiva para tal público, segregando-o dos que seriam considerados
“normais” pela população. Assim, notam-se desafios ligados à formação
educacional das pessoas com dificuldade auditiva, seja por estereotipação da
sociedade civil, seja por passividade governamental. Portanto, haja vista que a
educação é fundamental para o desenvolvimento econômico do referido público
e, logo, da nação, ela deve ser efetivada aos surdos pelos agentes adequados, a
partir da resolução dos entraves vinculados a ela.

Sob esse viés, pode-se apontar como um empecilho à implementação desse


direito, reconhecido por mecanismos legais, a discriminação enraizada em parte
da sociedade, inclusive dos próprios responsáveis por essas pessoas com limitação.
Isso por ser explicado segundo o sociólogo Talcott Parsons, o qual diz que a
família é uma máquina que produz personalidades humanas, o que legitima a
ideia de que o preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação
pelos surdos.

Tal estereótipo está associado a uma possível invalidez da pessoa com deficiência
e é procrastinado, infelizmente, desde o Período Clássico grego, em que
deficientes eram deixados para morrer por serem tratados como insignificantes, o
que dificulta, ainda hoje, seu pleno desenvolvimento e sua autonomia.

Além do mais, ressalte-se que o Poder Público incrementou o acesso do público


abordado ao sistema educacional brasileiro ao tornar a Libras uma língua
secundária oficial e ao incluí-la, no mínimo, à grade curricular pública. Contudo,
devido à falta de fiscalização e de políticas públicas ostensivas por parte de
algumas gestões, isso não é bem efetivado.
Afinal, dados estatísticos mostram que o número de brasileiros com deficiência
auditiva vem diminuindo tanto em escolas inclusivas – ou bilíngues -, como em
exclusivas, a exemplo daquela criada no Segundo Reinado. Essa situação abjeta
está relacionada à inexistência ou à incipiência de professores que dominem a
Libras e à carência de aulas proficientes, inclusivas e proativas, o que deveria ser
atenuado por meio de uma maior gerência do Estado nesse âmbito escolar.

Diante do exposto, cabe às instituições de ensino com proatividade o papel de


deliberar acerca dessa limitação em palestras elucidativas por meio de exemplos
em obras literárias, dados estatísticos e depoimentos de pessoas envolvidas com o
tema, para que a sociedade civil, em especial os pais de surdos, não seja
complacente com a cultura de estereótipos e preconceitos difundidos socialmente.

Outrossim, o próprio público deficiente deve alertar a outra parte da população


sobre seus direitos e suas possibilidades no Estado civil a partir da realização de
dias de conscientização na urbe e da divulgação de textos proativos em páginas
virtuais, como “Quebrando o Tabu”.

Por fim, ativistas políticos devem realizar mutirões no Ministério ou na Secretaria


de Educação, pressionando os demiurgos indiferentes à problemática abordada,
com o fito de incentivá-los a profissionalizarem adequadamente os professores –
para que todos saibam, no mínimo, o básico de Libras – e a efetivarem o estudo
da Língua Brasileira de Sinais, por meio da disponibilização de verbas e da
criação de políticas públicas convenientes, contrariando a teórica inclusão da
primeira escola de surdos brasileira.

Ainda com dúvidas no modelo de redação nota mil?


A estrutura do texto nota 1000

Veja uma aula de cinco minutos em vídeo com a professora Tharen Teixeira
para entender de vez o passo a passo do texto dissertativo-argumentativo da
Redação do Enem:

COMO ELABORAR A REDAÇÃO DO ENEM - Manual do Texto Dissertativo-


Argumentativo | Redação para o Enem

Muito boa esta aula-resumo da professora Tharen. É um vídeo campeão no


youtube com a proposta de orientar os candidatos para produzir a Redação
nota mil no Enem.

Redação nota mil 2017: Isabella Barros Castelo Branco


Na obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o realista Machado de Assis expõe,
por meio da repulsa do personagem principal em relação à deficiência física (ela
era “coxa), a maneira como a sociedade brasileira trata os deficientes.Atualmente,
mesmo após avanços nos direitos desses cidadãos, a situação de exclusão e
preconceito permanece e se reflete na precária condição da educação ofertada
aos surdos no País, a qual é responsável pela dificuldade de inserção social desse
grupo, especialmente no ramo laboral.

Convém ressaltar, a princípio, que a má formação socioeducacional do brasileiro


é um fator determinante para a permanência da precariedade da educação para
deficientes auditivos no País, uma vez que os governantes respondem aos anseios
sociais e grande parte da população não exige uma educação inclusiva por não
necessitar dela.

Isso, consoante ao pensamento de A. Schopenhauer de que os limites do campo


da visão de uma pessoa determinam seu entendimento a respeito do mundo que
a cerca, ocorre porque a educação básica é deficitária e pouco prepara cidadãos
no que tange aos respeito às diferenças.

Tal fato se reflete nos ínfimos investimentos governamentais em capacitação


profissional e em melhor estrutura física, medidas que tornariam o ambiente
escolar mais inclusivo para os surdos.

Em consequência disso, os deficientes auditivos encontram inúmeras dificuldades


em variados âmbitos de suas vidas. Um exemplo disso é a difícil inserção dos
surdos no mercado de trabalho, devido à precária educação recebida por eles e ao
preconceito intrínseco à sociedade brasileira.

Essa conjuntura, de acordo com as ideias do contratrualista Johm Locke,


configura-se uma violação do “contrato social”, já que o Estado não cumpre sua
função de garantir que tais cidadãos gozem de direitos imprescindíveis (como
direito à educação de qualidade) para a manutenção da igualdade entre os
membros da sociedade, o que expõe os surdos a uma condição de ainda maior
exclusão e desrespeito.

Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação
de cidadãos que respeitem às diferenças e valorizem a inclusão, por intermédio de
palestras, debates e trabalhos em grupo, que envolvam a família, a respeito desse
tema, visando a ampliar o contato entre a comunidade escolar e as várias formas
de deficiência.

Além disso, é imprescindível que o Poder Público destine maiores investimentos à


capacitação de profissionais da educação especializados no ensino inclusivo e às
melhorias estruturais nas escolas, com o objetivo de oferecer aos surdos uma
formação mais eficaz.
Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de deficientes por
empresas privadas, por meio de subsídios e Parcerias Público-Privadas,
objetivando a ampliar a participação desse grupo social no mercado de trabalho.
Dessa forma, será possível reverter um passado de preconceito e exclusão,
narrado por Machado de Assis e ofertar condições de educação mais justas a esses
cidadãos.

Modelo de texto nota máxima: Marcela Sousa Araújo – Enem 2016


No meio do caminho tinha uma pedra
No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas que o
Brasil foi convidado a administrar, combater e resolver. Por um lado, o país é laico e
defende a liberdade ao culto e à crença religiosa. Por outros, as minorias que se
distanciam do convencional se afundam em abismos cada vez mais profundos, cavados
diariamente por opressores intolerantes. O
Brasil é um país de diversas faces, etnias e crenças e defende em sua Constituição Federal
o direito irrestrito à liberdade religiosa. Nesse cenário, tomando como base a legislação e
acreditando na laicidade do Estado, as manifestações religiosas e a dissseminação de
ideologias fora do padrão não são bem aceitas por fundamentalistas. Assim, o que
deveria caracterizar os diversos “Brasis” dentro da mesma nação é motivo de
preocupação. Paradoxalmente ao Estado laico,
muitos ainda confundem liberdade de expressão com crimes inafiançáveis. Segundo
dados do Instituto de Pesquisa da USP, a cada mês são registrados pelo menos 10
denúncias de intolerância religiosa e destas 15% envolvem violência física, sendo as
principais vítimas fieis afro-brasileiros. Partindo dessa verdade, o então direito
assegurado pela Constituição e reafirmado pela Secretaria dos Direitos Humanos é
amputado e o abismo entre oprimidos e opressores torna-se, portanto, maior.

Parafraseando o sociólogo Zygmun Bauman, enquanto houver quem alimente a


intolerância religiosa, haverá quem defenda a discriminação. Tomando como norte a
máxima do autor, para combater a intolerância religiosa no Brasil são necessárias
alternativas concretas que tenham como protagonistas a tríade Estado, escola e mídia.

O Estado, por seu caráter socializante e abarcativo deverá promover políticas públicas
que visem garantir uma maior autonomia religiosa e através dos 3 poderes deverá
garantir, efetivamente, a liberdade de culto e proteção; a escola, formadora de caráter,
deverá incluir matérias como religião em todos os anos da vida escolar; a mídia, quarto
poder, deverá veicular campanhas de diversidade religiosa e respeito às diferenças.
Somente assim, tirando as pedras do meio do caminho, construir-se-á um Brasil mais
tolerante.

Redação nota mil 2015: Isadora Peter Furtado, do Rio Grande do Sul
A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira é um
problema muito presente. Isso deve ser enfrentado, uma vez que, diariamente,
mulheres são vítimas desta questão. Neste sentido, dois aspectos fazem-se
relevantes: o legado histórico-cultural e o desrespeito às leis. Segundo a História,
a mulher sempre foi vista como inferior e submissa ao homem.

Comprova-se isso pelo fato de elas poderem exercer direitos, ingressarem no


mercado de trabalho e escolherem suas próprias roupas muito tempo depois do
gênero oposto.Esse cenário, juntamente aos inúmeros casos de violência contra as
mulheres corroboram a ideia de que elas são vítimas de um histórico-cultural.
Nesse ínterim, a cultura machista prevaleceu ao longo dos anos a ponto de
enraizar-se na sociedade contemporânea, mesmo que de forma implícita, à
primeira vista.

Conforme previsto pela Constituição Brasileira, todos são iguais perante à lei,
independente de cor, raça ou gênero, sendo a isonomia salarial, aquela que prevê
mesmo salário para mesma função, também garantidas por lei. No entanto, o que
se observa em diversas partes do país, é a gritante diferença entre os salários de
homens e mulheres, principalmente se estas forem negras. Esse fato causa
extrema decepção e constrangimento a elas, as quais sentem-se inseguras e sem
ter a quem recorrer. Desse modo, medidas fazem-se necessárias para corrigir a
problemática.

Diante dos argumentos supracitados, é dever do Estado proteger as mulheres da


violência, tanto física quanto moral, criando campanhas de combate à violência,
além de impor leis mais rígidas e punições mais severas para aqueles que não as
cumprem. Some-se a isso investimentos em educação, valorizando e capacitando
os professores, no intuito de formar cidadãos comprometidos em garantir o bem-
estar da sociedade como um todo.

Redação nota mil Enem 2015: Mariana Moura Goes, do Ceará


A mulher vem, ao longo dos séculos XX e XXI, adquirindo valiosas conquistas,
como o direito de votar e ser votada. Entretanto, a violência contra este gênero
parece não findar, mesmo com a existência de dispositivos legais que protegem a
mulher. A diminuição dos índices deste tipo de violência ocorrerá no momento em
que os dispositivos legais citados passarem a ser realmente eficazes e o machismo
for efetivamente combatido, desafios esses que precisam ser encarados tanto pelo
Estado quanto pela sociedade civil.A Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio,
por exemplo, são dispositivos legais que protegem a mulher.

Entretanto, estes costumam ser ineficazes, visto que a população não possui
esclarecimentos sobre eles. Dessa forma, muitas mulheres são violentadas
diariamente e não denunciam por não terem conhecimento sobre as ditas leis e
os agressores, por sua vez, persistem provocando violências físicas, psicológicas,
morais, etc., por, às vezes, não saberem que podem ser seriamente punidos por
suas ações.
Somado a isso, o machismo existente na sociedade brasileira contribui
decisivamente para essa persistência. Na sociedade de caráter patriarcal em que
vivemos é passado, ao longo das gerações, valores que propagam a ideia de que a
mulher deve ser submissa ao homem. Essa ideia é reforçada pela mídia ao
apresentar, por exemplo, a mulher com enorme necessidade de casar, e, quando
consegue, ela deve ser grata ao homem, submetendo-se, dessa forma, às suas
vontades. Com isso, muitos homens crescem com essa mentalidade, submetendo
assim, suas esposas aos mais diversos tipos de violência.

Visto isso, faz-se necessária a reversão de tal contexto. Para isso, é preciso que o
Poder Público promova palestras em locais públicos nas cidades brasileiras a fim
de esclarecer a população sobre os dispositivos legais existentes que protegem a
mulher, aumentando, desse modo, o número de denúncias.

Aliado a isso, é preciso que as escolas, junto com a equipe de psicólogos,


promovam campanhas, palestras, peças teatrais, etc. , que desestimulem o
machismo entre crianças e adolescentes para que, a longo prazo, o machismo na
sociedade brasileira seja findado. Somado a isso, a população pode pressionar a
mídia através das redes sociais, por exemplo, para que ela passe a propagar a
equidade entre gêneros e pare de disseminar o machismo na sociedade.

Redação modelo em 2015: Amanda Carvalho Maia Castro


A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos significativos
nas últimas décadas. De acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de
mortes por essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010. Além da
física, o balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência contra
a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que essa
problemática persiste por ter raízes históricas e ideológicas.

O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal.


Isso se dá porque, ainda no século XXI, existe uma espécie de determinismo
biológico em relação às mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de
Beavouir “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, a cultura brasileira, em grande
parte, prega que o sexo feminino tem a função social de se submeter ao
masculino, independentemente de seu convívio social, capaz de construir um ser
como mulher livre.

Dessa forma, os comportamentos violentos contra as mulheres são naturalizados,


pois estavam dentro da construção social advinda da ditadura do patriarcado.
Consequentemente, a punição para este tipo de agressão é dificultada pelos
traços culturais existentes, e, assim, a liberdade para o ato é aumentada.

Além disso, já o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso ocorre porque


a ideologia da superioridade do gênero masculino em detrimento do feminino
reflete no cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, as mulheres são objetificadas e
vistas apenas como fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde cedo a
se submeterem aos mesmos e a serem recatadas.

Dessa maneira, constrói-se uma cultura do medo, na qual o sexo feminino tem
medo de se expressar por estar sob a constante ameaça de sofrer violência física
ou psicológica de seu progenitor ou companheiro. Por conseguinte, o número de
casos de violência contra a mulher reportados às autoridades é baixíssimo,
inclusive os de reincidência.

Pode-se perceber, portanto, que as raízes históricas e ideológicas brasileiras


dificultam a erradicação da violência contra a mulher no país. Para que essa
erradicação seja possível, é necessário que as mídias deixem de utilizar sua
capacidade de propagação de informação para promover a objetificação da
mulher e passe a usá-la para difundir campanhas governamentais para a
denúncia de agressão contra o sexo feminino.

Ademais, é preciso que o Poder Legislativo crie um projeto de lei para aumentar a
punição de agressores, para que seja possível diminuir a reincidência. Quem sabe,
assim, o fim da violência contra a mulher deixe de ser uma utopia para o Brasil.

Redação nota máxima em 2015: Cecília Maria Lima Leite


Violação à dignidade feminina

Historicamente, o papel feminino nas sociedades ocidentais foi subjugado aos


interesses masculinos e tal paradigma só começou a ser contestado em meados
do século XX, tendo a francesa Simone de Beauvoir como expoente. Conquanto
tenham sido obtidos avanços no que se refere aos direitos civis, a violência contra
a mulher é uma problemática persistente no Brasil, uma vez que ela se dá- na
maioria das vezes- no ambiente doméstico. Essa situação dificulta as denúncias
contra os agressores, pois muitas mulheres temem expor questões que acreditam
ser de ordem particular.

Com efeito, ao longo das últimas décadas, a participação feminina ganhou


destaque nas representações políticas e no mercado de trabalho. As relações na
vida privada, contudo, ainda obedecem a uma lógica sexista em algumas
famílias. Nesse contexto, a agressão parte de um pai, irmão, marido ou filho;
condição de parentesco essa que desencoraja a vítima a prestar queixas, visto que
há um vínculo institucional e afetivo que ela teme romper.

Outrossim, é válido salientar que a violência de gênero está presente em todas as


camadas sociais, camuflada em pequenos hábitos cotidianos. Ela se revela não
apenas na brutalidade dos assassinatos, mas também nos atos de misoginia e
ridicularização da figura feminina em ditos populares, piadas ou músicas. Essa é a
opressão simbólica da qual trata o sociólogo Pierre Bordieu: a violação aos
Direitos Humanos não consiste somente no embate físico, o desrespeito está –
sobretudo- na perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da
pessoa humana ou de um grupo social.

Destarte, é fato que o Brasil encontra-se alguns passos à frente de outros países o
combate à violência contra a mulher, por ter promulgado a Lei Maria da Penha.
Entretanto, é necessário que o Governo reforce o atendimento às vítimas, criando
mais delegacias especializadas, em turnos de 24 horas, para o registro de queixas.
Por outro lado, uma iniciativa plausível a ser tomada pelo Congresso Nacional é a
tipificação do feminicídio como crime de ódio e hediondo, no intuito de endurecer
as penas para os condenados e assim coibir mais violações. É fundamental que o
Poder Público e a sociedade – por meio de denúncias – combatam praticas
machistas e a execrável prática do feminicídio.

Texto nota mil em 2015: Tainá Rocha Josino, do Ceará


Apesar de destacar enquanto potência econômica mundial, o Brasil ainda
vivencia problemas sociais arcaicos, como a persistência da violência contra a
mulher. Diante da gravidade desta questão urge a mobilização conjunta do
Estado e da sociedade para seu efetivo combate.A violência contra a mulher no
Brasil está atrelada, entre outros fatores, ao processo histórico do país.

A herança do patriarcalismo colonial ainda é sensível em nossa cultura, sendo


evidenciada, inclusive, em discursos de várias pessoas públicas, como candidatos
à presidência ou à liderança de comissão de Direitos Humanos. Mesmo que
extremamente retrógrado, o machismo segue sustentando o consciente coletivo
de suposta superioridade masculina, e, lamentavelmente, proporcionando a
inúmeras mulheres cotidianos humilhantes, com afronta a seus direitos humanos
mais básicos.

É justo reconhecer, no entanto, as iniciativas públicas e privadas que têm como


objetivo a debelação dessa triste realidade. Por exemplo, a lei Maria da Penha, em
vigor desde 2006, já um marco democrático para o Brasil, pois contribui
exemplarmente para a proteção da dignidade e soberania da mulher, em uma
tentativa legítima de reverter o cenário violento contra esse gênero. Juizados e
varas especializadas neste âmbito foram criados, denúncias de opressões foram
estimuladas, entre outras ações admiráveis, contudo, isso não tem sido suficiente
para anular o número de vítimas.

Dentre os agentes e impossibilidades do fim desse tipo de agressão, destaca-se a


infraestrutura inadequada para este tipo de investigação de possíveis abusos,
apreensão de agressores e sua devida prisão. A falha acarreta constante
impunidade e altos índices de reincidência de agressões, que podem se agravar e
se tornar fatais. Também há carência de profissionais preparados para acolher a
vítima e dar-lhe apoio psicológico.

Além disso, o desconhecimento ou até descrédito da população quanto ao


amparo jurídico dado às vítimas de violência resulta na escassez de denúncias
frente ao real número de agressões.

Portanto, para que haja o fim deste cenário violento contra a mulher, é
imprescindível esforço coletivo. O Estado deve otimizar a infraestrutura destinada
a essa seara, ampliando o número de delegacias da mulher, por exemplo, além de
se unir a instituições profissionalizantes, com o fito de capacitar cada vez mais
profissionais que lidem de forma mais positiva possível com a proteção dos
direitos femininos.

A população, previamente orientada por campanhas públicas e por eventos


culturais, contribuirá denunciando agressões. A educação é ponto nevrálgico deste
processo, de forma que as escolas precisam promover debates e seminários acerca
do tema, a fim de consolidar valores morais e éticos nesta geração e nas futuras.

Através dessas e outras medidas de promoção da cidadania a sociedade brasileira


se tornará cada vez mais sensata e consciente de sua responsabilidade no
combate à violência (covarde, desproporcional e insustentável) contra a mulher.

Conferiu que texto bem escrito, coeso e consistente? Então, é uma inspiração
para você também conseguir uma Redação nota mil no Enem.

Carlos Eduardo Lopes Marciano (Enem 2014, Rio de Janeiro)


O verdadeiro preço de um brinquedo

É comum vermos comerciais direcionados ao público infantil. Com a existência de


personagens famosos, músicas para crianças e parques temáticos, a indústria de
produtos destinados a essa faixa etária cresce de forma nunca vista antes. No
entanto, tendo em vista a idade desse público, surge a pergunta: as crianças
estariam preparadas para o bombardeio de consumo que as propagandas
veiculam?

Há quem duvide da capacidade de convencimento dos meios de comunicação. No


entanto, tais artifícios já foram responsáveis por mudar o curso da História. A
imprensa, no século XVIII, disseminou as ideias iluministas e foi uma das causas
da queda do absolutismo. Mas não é preciso ir tão longe: no Brasil
redemocratizado, as propagandas políticas e os debates eleitorais são capazes de
definir o resultado de eleições. É impossível negar o impacto provocado por um
anúncio ou uma retórica bem estruturada.
O problema surge quando tal discurso é direcionado ao público infantil.
Comerciais para essa faixa etária seguem um certo padrão: enfeitados por
músicas temáticas, as cenas mostram crianças, em grupo, utilizando o produto
em questão.Tal manobra de “marketing” acaba transmitindo a mensagem de que
a aceitação em seu grupo de amigos está condicionada ao fato dela possuir ou
não os mesmos brinquedos que seus colegas. Uma estratégia como essa gera um
ciclo interminável de consumo que abusa da pouca capacidade de discernimento
infantil.

Fica clara, portanto, a necessidade de uma ampliação da legislação atual a fim de


limitar, como já acontece em países como Canadá e Noruega, a propaganda para
esse público, visando à proibição de técnicas abusivas e inadequadas. Além disso,
é preciso focar na conscientização dessa faixa etária em escolas, com professores
que abordem esse assunto de forma compreensível e responsável. Só assim
construiremos um sistema que, ao mesmo tempo, consiga vender seus produtos
sem obter vantagem abusiva da ingenuidade infantil.

A Redação Nota máxima do João Pedro


João Pedro Maciel Schlaepfer (Enem 2014, Rio de Janeiro)
Quem Sabe o que é Melhor Para Ela?Desde o final de 1991, com a extinção da
antiga União Soviética, o capitalismo predomina como sistema econômico. Diante
disso, os variados ramos industriais pesquisam e desenvolvem novas formas e
produtos que atinjam os mais variados nichos de mercado. Esse alcance, contudo,
preocupa as famílias e o Estado quando se analisa a publicidade voltada às
crianças em contraponto à capacidade de absorção crítica das propagandas por
parte desse público-alvo.

Por ser na infância que se apreende maior quantidade de informações, a


eficiência da divulgação de um bem é maior. O interesse infantil a determinados
produtos é aumentado pela afirmação do desejo em meios de comunicação,
sobretudo ao se articular ao anúncio algum personagem conhecido. Assim, a
ânsia consumista dos mais jovens é expandida.

Além disso, o nível de criticidade em relação à propaganda é extremamente


baixo. Isso se deve ao fato de estarem em fase de composição da personalidade,
que é pautada nas experiências vividas e, geralmente, espelhada em um grupo de
adultos-exemplo. Dessa forma, o jovem fica suscetível a aceitar como positivo
quase tudo o que lhe é oferecido, sem necessariamente avaliar se é algo
realmente imprescindível.

Com base nisso, o governo federal pode determinar um limite, desassociando


personagens e figuras conhecidas aos comerciais, sejam televisivos, radiofônicos,
por meios impressos ou quaisquer outras possibilidades. A família, por outro lado,
tem o dever de acompanhar e instruir os mais novos em como administrar seus
desejos, viabilizando alguns e proibindo outros.

Nesse sentido, torna-se evidente, portanto, a importância do acessoria parental e


organização do Estado frente a essa questão. Não se pode atuar com descaso,
tampouco ser extremista. A criança sabe o que é melhor para ela? Talvez saiba,
talvez não. Até que se descubra (com sua criticidade amadurecida), cabe às
entidades superiores auxiliá-la nesse trajeto.

Modelo de redação nota mil 2014: José Querino de Macêdo Neto, de


Alagoas
Se o conceito censitário de publicidade entende o uso de recursos estilísticos da
linguagem, a exemplo da metáfora e das frases de efeito, como atrativo na
vendagem de produtos, a manipulação de instrumentos a serviço da propaganda
infantil produz efeitos que dão margem mais visível ao consumo desnecessário.
Com base nisso, estabelecem-se propostas de debate social acerca do limite de
conteúdos designados a comerciais televisivos que se dirigem a tal público.Faz-se
preciso, no entanto, que se ressaltem as intenções das grandes empresas de
comércio: o lucro é, sobretudo, ditador das regras morais e decisivo na escolha das
técnicas publicitárias.

Para Marx, por exemplo, o capital influencia, através do acúmulo de riquezas, os


padrões que decidem a integração de um indivíduo no meio em que ele se
insere — nesse caso, possuir determinados produtos é chave de aceitação
social, principalmente entre crianças de cuja inocência se aproveita ao inferir
importâncias na aquisição.

Em contraposição a esses avanços econômicos e aos interesses dos grandes


setores nacionais de mercado infanto-juvenil, os órgãos de ativismo em proteção
à criança utilizam-se do Estatuto da Criança e do Adolescente para defender os
direitos legítimos da não-ludibriação, detidos por indivíduos em processo de
formação ética. Não obstante, a regulamentação da propaganda tende a
equilibrar os ganhos das empresas com o crescente índice de consumo
desenfreado.

Cabe, portanto, ao governo, à família e aos demais segmentos sociais estimular o


senso crítico a partir do debate em escolas e creches, de forma a instruir que as
necessidades individuais devem se sobrepor às vontades que se possuem, a fim de
coibir o abuso comercial e o superconsumo.

Gostou do texto elaborado pelo João Pedro para conseguir esta Redação
nota mil no Enem? Muito bem elaborado, e com todos os elementos de
Introdução, Desenvolvimento, e Conclusão.
Juan Costa da Costa, do Pará – Redação premiada em 2014
Muito se discute acerca dos limites que devem ser impostos à publicidade e
propaganda no Brasil – sobretudo em relação ao público infantil. Com o advento
do meio técnico-científico informacional, as crianças são inseridas de maneira
cada vez mais precoce ao consumismo imposto por uma economia capitalista
globalizada – a qual preconiza flexibilidade de produção, adequando-se às mais
diversas demandas. Faz-se necessário, portanto, uma preparação específica
voltada para esse jovem público, a fim de tornar tal transição saudável e gerar
futuros consumidores conscientes.

Um aspecto a ser considerado remete à evolução tecnológica vivenciada nas


últimas décadas. Os carrinhos e bonecas deram lugar aos “smartphones”,
videogames e outros aparatos que revolucionaram a infância das atuais gerações.
Logo, tornou-se essencial a produção de um marketing voltado especialmente
para esse consumidor mirim – objetivando cativá-lo por meio de músicas,
personagens e outras estratégias persuasivas. Tal fator é corroborado com a
criação de programas e até mesmo canais voltados para crianças (como Disney,
Cartoon Network e Discovery Kids), expandindo o conceito de Indústria Cultural
(defendido por filósofos como Theodor Adorno) – o qual aborda o uso dos meios
de comunicação de massa com fins propagandísticos.

Somado a isso, o impasse entre organizações protetoras dos direitos das crianças
e os grandes núcleos empresariais fomenta ainda mais essa pertinente discussão.
No Brasil, vigoram os acordos isolados com o Poder Público – sem a existência de
leis específicas. Recentemente, a Conanda (Comissão Nacional de Direitos da
Criança e do Adolescente) emitiu resolução condenando a publicidade
direcionada ao público infantil, provocando o repúdio de empresários e
propagandistas – que não reconhecem autoridade dessa instituição para atuar
sobre o mercado. Diante desses posicionamentos antagônicos, o debate persiste.

Com o intuito de melhor adequar os “consumidores do futuro” a essa realidade, e


não apenas almejar o lucro, é preciso prepará-los para absorver as muitas
informações. Isso pode ser obtido por meio de campanhas promovidas pelo Poder
Público nas escolas (com atividades lúdicas e conscientizadoras) e na mídia (TV,
rádio, jornais impressos, internet), bem como a criação de uma legislação
específica sobre marketing infantil no Brasil – fiscalizando empresas (prevenindo
possíveis abusos) – além de orientação aos pais para que melhor lidem com o
impulso de consumo dos filhos (tornando as crianças conscientes de suas reais
necessidades). Dessa forma, os consumidores da próxima geração estarão prontos
para cumprirem suas responsabilidades quanto cidadãos brasileiros (preocupados
também com o próximo) e será promovido o desenvolvimento da nação.
Maria Eduarda de Aquino Correa Ilha – Enem 2014, Rio de Janeiro
Consumidores do futuroDe acordo com o movimento romântico literário do
século XIX, a criança era um ser puro. As tendências do Romantismo
influenciavam a temática poética brasileira através da idealização da infância.
Indo de encontro a essa visão, a sociedade contemporânea, cada vez mais,
erradica a pureza dos infantes através da influência cultural consumista presente
no cotidiano. Nesse contexto, é preciso admitir que a alegação de uma
sociedade conscientizada se tornou uma maneira hipócrita de esconder os
descaso em relação aos efeitos da publicidade infantil no país.

Em primeiro plano, deve-se notar que o contexto brasileiro contemporâneo é


baseado na lógica capitalista de busca por lucros e de incentivo ao consumo.
Esse comportamento ganancioso da iniciativa privada é incentivado pelos meios
de comunicação, que buscam influenciar as crianças de maneira apelativa no
seu dia-a-dia. Além disso, a ausência de leis nacionais acerca dos anúncios
infantis acaba por proporcionar um âmbito descontrolado e propício para o
consumo. Desse modo, a má atuação do governo em relação à publicidade
infantil resulta em um domínio das influências consumistas sobre a geração de
infantes no Brasil.

Por trás dessa lógica existe algo mais grave: a postura passiva dos principais
formadores de consciência da população. O contexto brasileiro se caracteriza
pela falta de preocupação moral nas instituições de ensino, que focam sua
atuação no conteúdo escolar em vez de preparar a geração infantil com um
método conscientizador e engajado. Ademais, a família brasileira pouco se
preocupa em controlar o fluxo de informações consumistas disponíveis na
televisão e internet. Nesse sentido, o despreparo das crianças em relação ao
consumo consciente e às suas responsabilidades as tornam alvos fáceis para as
aquisições necessárias impostas pelos anúncios publicitários.

Torna-se evidente, portanto, que a questão da publicidade infantil exige


medidas concretas, e não um belo discurso. É imperioso, nesse sentido, uma
postura ativa do governo em relação à regulamentação da propaganda infantil,
através da criação de leis de combate aos comerciais apelativos para as crianças.
Além disso, o Estado deve estimular campanhas de alerta para o consumo
moderado.

Porém, uma transformação completa deve passar pelo sistema educacional, que
em conjunto com o âmbito familiar pode realizar campanhas de conscientização
por meio de aulas sobre ética e moral. Quem sabe, dessa forma, a sociedade
possa tornar a geração infantil uma consumidora consciente do futuro, sem
perder a pureza proposta pelo Movimento Romântico.
Parabéns pela revisão completa de Redação Enem
Conhecer os modelos de Redação nota mil no Enem é básico para o seu
sucesso na elaboração do texto dissertativo-argumentativo. Muito bom você ter
chegado até aqui. Mostrou que tem disciplina e determinação.

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