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Proposta/Enem 2020:  

" O estigma associado às doenças mentais na sociedade


brasileira."

Na obra intitulada Sociedade do Cansaço, o filósofo Byung-Chul Han analisa


a contemporaneidade e uma de suas marcas principais: a exaustão oriunda de uma
cultura da alta performance e da produtividade que produz ausência de saúde mental.
Nesse sentido, a autocobrança por desempenho e felicidade desse modelo seriam
responsáveis por um estado constante de sofrimento psíquico. Porém, quando a
sociedade não compreende esse contexto, desemboca numa cultura que estigmatiza
doenças mentais como consequência de desinformação e preconceito os quais criam
barreiras para que esse modelo seja repensado e, ao mesmo tempo, impede que aqueles
que precisam de tratamento recebam a atenção devida e o respeito necessário.

Esse modelo de vida que se exaure em cobrança é alimentado pelas redes


sociais. Assim, os feeds estão repletos de sorrisos e prazer, ao passo que a realidade de
muitos está cheia de angústia, ansiedade e dor. Esse imperativo da felicidade, conjugado
à falta de informação e preconceito a respeito das diferenças entre o sofrimento humano
e as doenças mentais fazem com que muitos que precisam de tratamento não procurem
ajuda, pois são vistos como “frescurentos” e “fracos”. Enquanto isso, alimenta também
a negligência e a precariedade das políticas de tratamento.

Além disso, tal estigmatização é agravada pelo descaso governamental. O corte


de verbas destinadas aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) recentemente
noticiado é uma validação institucional do desprezo pelas pessoas psicoatípicas. Nesse
contexto, há 11,5 milhões de brasileiros depressivos, de acordo com dados da
Organização Mundial de Saúde, os quais precisam de ajuda, mas acabam tendo sua
inserção social ainda mais comprometida. Dessa forma, o abandono do Estado endossa
discursos capacitistas, responsáveis por taxar essas pessoas de “loucas”, “retardadas”,
entre outros exemplos do uso da língua, que reforçam esse preconceito.

Portanto, é fundamental que o estigma relacionado às doenças mentais


existente na sociedade brasileira seja combatido. Nesse sentido, de imediato, o Governo
Federal, através do Ministério da Saúde, deve retomar as verbas às Caps e aprofundar as
políticas públicas de tratamento das doenças mentais. Além disso, as escolas, em todos
os níveis, ou seja, do ensino infantil ao universitário, devem promover o acolhimento e
o mapeamento do tema, por meio de uma educação crítica e informativa a respeito do
que é sofrimento e do que é doença. Isso pode acontecer em palestras, que expliquem o
capacitismo, rodas de conversa para diferenciar terapia, voltada ao sofrimento, e
programas de tratamento psiquiátrico, voltados ao controle das doenças, por exemplo.
Somente assim será possível oferecer ajuda a quem precisa, combater a estigmatização e
repensar nosso modelo de vida, analisado por Byung-Chul Han, que cada vez mais nos
torna doentes.
Fabíola

Vejam o depoimento da estudante:

Fabíola ressalta que, para que o candidato do Enem consiga uma boa nota na redação, é
essencial que ele destaque os elementos avaliados em cada uma das cinco competências
utilizadas pelos corretores, são eles:

1. Compreender a proposta de redação e o gênero textual exigido: adequação ao tipo


dissertativo-argumentativo e ao tema com a utilização das palavras-chave
(estigma/doenças mentais/sociedade/brasileira) em mais de um momento do texto; 

2. Presença de repertório utilizado em diversos níveis: referência superficial ao corte de


verbas das Caps, uso do termo capacitismo como integrante da argumentação (uso
mediano) e referência ao livro Sociedade do Cansaço que caracterizou um uso mais
produtivo por ser pertinente ao tema e atuar como contexto e base para a análise; 

3. Desenvolvimento argumentativo organizado: ou seja, há correspondência entre a tese e


a análise explicada, exemplificada e comprovada no segundo e terceiro parágrafos; (tese
= “...quando a sociedade não compreende esse contexto, desemboca numa cultura que
estigmatiza doenças mentais como consequência de desinformação e preconceito os
quais criam barreiras para que esse modelo seja repensado e, ao mesmo tempo, impede
que aqueles que precisam de tratamento recebam a atenção devida e o respeito
necessário.”); 

4. Demonstrar conhecimento de mecanismos linguísticos: inserção recorrente de


elementos coesivos intra e interparágrafos;

5. Proposta de intervenção: sugerir uma intervenção relacionada ao desenvolvimento


argumentativo e que apresenta todos os elementos constitutivos: agente, ação, modo,
finalidade e detalhamento).

#rumoaoMIL

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