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constituição
Em primeiro lugar, a negligência do Estado, no que range à saúde mental, é um dos fatores
que impedem esse processo. Nessa perspectiva, a escassez de projetos estatais que visem à
assistência psiquiátrica na sociedade contribui para a precariedade desse setor e para a
continuidade do estigma envolvendo essa temática. Dessa maneira, parte da população deixa
de possuir tratamento adequado, o que resulta na piora de sua doença mental e na sua
exclusão social. No entanto, apesar da Constituição Federal de 1988 determinar como direito
fundamental do cidadão brasileiro o acesso à saúde de qualidade, essa lei não é concretizada,
pois não há investimentos estatais suficientes nessa área. Diante dos fatos apresentados, é
imprescindível uma ação do Estado para mudar essa realidade.
constituição
Outrossim, vale ressaltar que de acordo com o artigo sexto da constituição federal brasileira, a
saúde é um direito humano de qualquer cidadão brasileiro. Nesse viés, o atendimento
desqualificado bem como a falta de profissionais qualificados, impõe a quebra desses direitos,
pois, os tratamentos para as doenças mentais são inacessíveis a maior parte de seus
portadores. Destarte, constata-se que a falta atendimento qualificado, interfere na visão social
sobre os portadores de psicopatologias ferindo os princípios constitucionais e impedindo a
desestigmação das doenças mentais no Brasil.
Instituições zumbis
Isso acontece pela falta de investimento público em centros especializados no cuidado para
com essas condições. Consequentemente, muitos portadores, sobretudo aqueles de menor
renda, não são devidamente tratados, contribuindo para sua progressiva marginalização
perante o corpo social. Este quadro de inoperância das esferas de poder exemplifica a teoria
das Instituições Zumbis, do sociólogo Zygmunt Bauman, que as descreve como presentes na
sociedade, mas que não cumprem seu papel com eficácia. Desse modo, é imprescindível que,
para a refutação da teoria do estudioso polonês, essa problemática seja revertida.
teoria da justiça
Ademais, a ausência de compromisso do Estado para com a saúde mental dos cidadãos é outro
ponto que fomenta a problemática. De certo, a falta de incentivos na área da psiquiatria e na
acessibilidade é a realidade enfrentada no país, resultando nos diagnósticos tardios e na
própria exclusão de uma parcela significativa da sociedade. Segundo o filósofo John Rawls, em
sua obra “Uma teoria da justiça”, um governo ético é aquele que disponibiliza recursos
financeiros para todos os setores públicos, promovendo uma igualdade de oportunidades a
todos os cidadãos. Sob essa óptica, torna-se evidente que o Brasil não é um exemplo do
pensamento desse teórico, visto que negligencia as dificuldades enfrentadas pelos portadores
de doenças mentais, submetendo-os à periferia da cidadania.
É necessário pontuar, de início, o rompimento do contrato social proposto pelo filósofo Jean-
Jacques Rousseau, no qual é responsabilidade do Estado a garantia da harmonia social. De
maneira análoga, isso pode ser comprovado pela ineficiência da Esfera Pública na punição de
diversos crimes, como a invasão de uma cerimônia religiosa do Candomblé, no Rio de Janeiro,
em 2010. Dessa maneira, a Constituição é desrespeitada e, apesar da laicidade ser
formalmente característica do país, a discriminação é veemente e o sincretismo entre as
crenças é dificultado.
Desinformação
esterotipação
Naturalização de...
Primordialmente, deve-se pontuar que aqueles que possuem algum tipo de transtorno
psicológico são, normalmente, os primeiros a reafirmarem um juízo de valor negativo com
relação à sua própria saúde. Nesse aspecto, evidencia-se que, na sociedade brasileira, existe
um notório construto de naturalização dos sintomas indicadores de problemas psíquicos, o
que desencoraja a busca por auxílio médico. Nesse viés, pode-se analisar o olhar sob a
perspectiva da filósofa Simone de Beauvoir. De acordo com sua análise, mais escandalosa que
a existência de uma problemática é o fato de a sociedade se habituar a ela. Ao traçar um
paralelo com a temática das doenças psiquiátricas, aponta-se que os indícios da existência de
um problema de ordem mental são comumente vistos como frescura e, assim, são
normalizados. Dessa maneira, torne-se uma realidade a resistência à busca por ajuda
psicológica e, consequentemente, a associação de estigmas às doenças mentais.
Estigmatização (preconceito)
Em segundo lugar, ressalta-se que já, no Brasil, uma evidente falta de informações sobre
transtornos mentais, fomentando grande preconceito e estranhamento com essas doenças.
Nesse sentido, é lícito referenciar o filósofo grego Platão, que, em sua obra à República, narrou
o intitulado “Mito da Caverna”, no qual homens, acorrentados em uma caverna, viam somente
sombras na parede, acreditando, portanto, que aquilo era a realidade das coisas. Dessa forma,
é notório que, em situação análoga à metáfora abordada, os brasileiros, sem acesso aos
conhecimentos acerca dos transtornos mentais, vivem na escuridão, isto é, ignorância,
disseminando atitudes preconceituosas. Logo, é evidente a grande importância das
informações, haja vista que a falta delas aumenta o estigma relacionado às doenças mentais,
prejudicando a qualidade de vida das pessoas que sofrem com tais transtornos.