Você está na página 1de 11

Análise do conjunto de redações nota 1000

23/08/21

Hi, pale face! As redações nota 1000 de 2020 foram divulgadas e, com elas,
surgiram algumas questões importantes. Por isso, vamos analisar esse conjunto,
entendendo-o como um modelo possível para nossa inspiração e nossa busca à nota
máxima! Diz aí quem quer tirar 1000 em 2021??

Parte I - Correção de redação


Parte II - Redação Maria Julia Passos
"A obra “O Holocausto brasileiro”, da escritora e jornalista Daniela Arbex, retrata as
péssimas condições do maior hospital psiquiátrico do país, na cidade de Barbacena.
Nesse livro, os pacientes são tratados por meio de métodos arcaicos e invasivos, desde
agressões até choques elétricos, demonstrando a violência sofrida por indivíduos
portadores de transtornos psíquicos. Assim, além de expor os abusos do sistema de
saúde da época, o texto também é muito atual, uma vez que o preconceito e a omissão
estatal perpetuam o estigma associado às doenças mentais.
Em primeiro lugar, cabe ressaltar que a desinformação da sociedade brasileira é o
principal catalisador da discriminação. De fato, o avanço da tecnologia é responsável pela
rápida disseminação de notícias, principalmente no mundo digital, mas isso não significa
que os cidadãos se encontram mais conscientes. Dessa forma, mesmo que diversos
estudos atuais comprovem a relevância dos cuidados para com a saúde mental e a
legitimidade dos distúrbios psicológicos, os flagelos da intolerância ainda se mostram
presentes. Consequentemente, os indivíduos com depressão, ansiedade ou outras
condições especiais convivem em um ambiente degradante, o qual é marcado por
preconceitos e tabus estruturais, enfrentando constantemente a invisibilidade social. De
acordo com a escritora nigeriana Chimmamanda Adichie, a rotulação das pessoas através
de certa característica física marcante é responsável pela criação de histórias únicas que
não representam a realidade. Nesse viés, ao criar estigmas baseados no estereótipo de
que pessoas com doenças mentais seriam inferiores ou incapazes, a sociedade míope
alimenta uma visão eugenista e tóxica, limitando as diversas possibilidades de
manifestação do ser humano e a importância da pluralidade.
Ademais, a ausência de compromisso do Estado para com a saúde mental dos
cidadãos é outro ponto que fomenta a problemática. De certo, a falta de incentivos na
área da psiquiatria e na acessibilidade é a realidade da política do país, resultando nos
diagnósticos tardios e na própria exclusão de uma parcela significativa da sociedade.
Segundo o filósofo John Rawls, em sua obra “Uma teoria da justiça”, um governo ético é
aquele que disponibiliza recursos financeiros para todos os setores públicos, promovendo
uma igualdade de oportunidades a todos os cidadãos. Sob essa óptica, torna-se evidente
que o Brasil não é um exemplo do pensamento desse teórico, visto que negligencia as
dificuldades enfrentadas pelos portadores de doenças mentais, submetendo-os à periferia
da cidadania.
Fica exposta, portanto, a necessidade de medidas para mitigar o estigma
associado aos transtornos psíquicos. Destarte, as Secretarias de Educação devem
desenvolver projetos nas escolas, por meio de palestras e de dinâmicas educativas,
levando médicos e pacientes para debaterem sobre o preconceito enfrentado no
cotidiano, uma vez que o depoimento individual sensibiliza os estudantes, com a
finalidade de ultrapassar estereótipos negativos. Outrossim, o Ministério da Saúde deve
redistribuir as verbas, priorizando as áreas da psiquiatria e psicologia, direcionando
maiores investimentos nesse setor negligenciado pelo Estado. Por fim, será possível criar
um país mais democrático, afastando a realidade dos absurdos retratados na obra da
escritora Daniela Arbex."
Parte III - Análise

"A obra “O Holocausto brasileiro”, da escritora e jornalista Daniela


Arbex, retrata as péssimas condições do maior hospital psiquiátrico do
país, na cidade de Barbacena. Nesse livro, os pacientes são tratados por
meio de métodos arcaicos e invasivos, desde agressões até choques
elétricos, demonstrando a violência sofrida por indivíduos portadores de
transtornos psíquicos. Assim, além de expor os abusos do sistema de
saúde da época, o texto também é muito atual, uma vez que o
preconceito e a omissão estatal perpetuam o estigma associado às
doenças mentais.

Introdução:
Em primeiro lugar, cabe ressaltar que a desinformação da sociedade brasileira é o
principal catalisador da discriminação. De fato, o avanço da tecnologia é responsável pela
rápida disseminação de notícias, principalmente no mundo digital, mas isso não significa
que os cidadãos se encontram mais conscientes. Dessa forma, mesmo que diversos
estudos atuais comprovem a relevância dos cuidados para com a saúde mental e a
legitimidade dos distúrbios psicológicos, os flagelos da intolerância ainda se mostram
presentes. Consequentemente, os indivíduos com depressão, ansiedade ou outras
condições especiais convivem em um ambiente degradante, o qual é marcado por
preconceitos e tabus estruturais, enfrentando constantemente a invisibilidade social. De
acordo com a escritora nigeriana Chimmamanda Adichie, a rotulação das pessoas através
de certa característica física marcante é responsável pela criação de histórias únicas que
não representam a realidade. Nesse viés, ao criar estigmas baseados no estereótipo de
que pessoas com doenças mentais seriam inferiores ou incapazes, a sociedade míope
alimenta uma visão eugenista e tóxica, limitando as diversas possibilidades de
manifestação do ser humano e a importância da pluralidade.
Ademais, a ausência de compromisso do Estado para com a saúde mental dos
cidadãos é outro ponto que fomenta a problemática. De certo, a falta de incentivos na
área da psiquiatria e na acessibilidade é a realidade da política do país, resultando nos
diagnósticos tardios e na própria exclusão de uma parcela significativa da sociedade.
Segundo o filósofo John Rawls, em sua obra “Uma teoria da justiça”, um governo ético é
aquele que disponibiliza recursos financeiros para todos os setores públicos, promovendo
uma igualdade de oportunidades a todos os cidadãos. Sob essa óptica, torna-se evidente
que o Brasil não é um exemplo do pensamento desse teórico, visto que negligencia as
dificuldades enfrentadas pelos portadores de doenças mentais, submetendo-os à periferia
da cidadania.
Desenvolvimentos:
Fica exposta, portanto, a necessidade de medidas para mitigar o
estigma associado aos transtornos psíquicos. Destarte, as Secretarias de
Educação devem desenvolver projetos nas escolas, por meio de palestras e
de dinâmicas educativas, levando médicos e pacientes para debaterem sobre
o preconceito enfrentado no cotidiano, uma vez que o depoimento individual
sensibiliza os estudantes, com a finalidade de ultrapassar estereótipos
negativos. Outrossim, o Ministério da Saúde deve redistribuir as verbas,
priorizando as áreas da psiquiatria e psicologia, direcionando maiores
investimentos nesse setor negligenciado pelo Estado. Por fim, será possível
criar um país mais democrático, afastando a realidade dos absurdos
retratados na obra da escritora Daniela Arbex."

CONCLUSÃO:
Parte IV - Redação Alan Albuquerque

"Na obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, o protagonista


Policarpo é caracterizado como um doente mental por familiares e colegas de profissão
devido ao seu ufanismo, sendo segregado da sociedade em um hospício. Atualmente, na
realidade brasileira, os verdadeiros doentes mentais são tão estigmatizados quanto o
fantasioso Policarpo, sendo tratados e observados com preconceito por considerável
parcela da população. Assim, faz-se necessário analisar os alicerces que sustentam esse
estigma, a citar, a ausência de ensino sobre a temática e a falta de empatia característica
da contemporaneidade, no sentido de buscar desbancar tais bases prejudiciais.
Inicialmente, a falta de um conteúdo voltado aos transtornos mentais na formação
educacional brasileira possibilita o desenvolvimento de concepções preconceituosas. No
conto “O Alienista”, de Machado de Assis, um médico acaba encarcerando a população de
uma cidade inteira, já que não existiam métodos precisos para reconhecer as doenças
mentais, ou seja, todas as decisões dele estavam permeadas de desconhecimento.
Analogamente à obra, o cidadão que não conhece, minimamente, os transtornos da mente
tenderá a criar suposições erradas, tomando ações equivocadas. Logo, a ignorância e o
preconceito prevalecem.
Ademais, a manutenção dessa ignorância é fortalecida pelos ideais narcisistas
valorizados hodiernamente, os quais, muitas vezes, desvalorizam o diferente. Segundo o
filósofo Byung Chul-Han, o século XXI é dominado por uma sociedade do desempenho, na
qual a individualidade é extremada em detrimento do altruísmo. Nesse panorama, o
indivíduo, imerso em si mesmo, não consegue enxergar e aceitar a pluralidade de seres
humanos que o circundam. Dessa forma, o cidadão brasileiro, inserido nessa lógica, nega
o doente mental e classifica-o como anormal, reforçando estigmas danosos.
Infere-se, portanto, que o preconceito associado às doenças mentais no Brasil
precisa ter suas fundações desfeitas. Para tanto, o Ministério da Educação deve, com o
suporte do Ministério da Saúde, inserir a discussão acerca das doenças mentais nas
escolas, por meio de alterações na Base Nacional Curricular Comum, as quais afetarão as
disciplinas de filosofia, sociologia, biologia e literatura, a fim de formar cidadãos mais
tolerantes e conhecedores dos transtornos mentais. Além disso, o Ministério da Família
deve fomentar a empatia social, utilizando-se de publicidades que valorizem atitudes
altruístas, visando à redução do individualismo. Quiçá, nessa via, os policarpos modernos
não serão segregados."
"Na obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, o
protagonista Policarpo é caracterizado como um doente mental por
familiares e colegas de profissão devido ao seu ufanismo, sendo segregado
da sociedade em um hospício. Atualmente, na realidade brasileira, os
verdadeiros doentes mentais são tão estigmatizados quanto o fantasioso
Policarpo, sendo tratados e observados com preconceito por considerável
parcela da população. Assim, faz-se necessário analisar os alicerces que
sustentam esse estigma, a citar, a ausência de ensino sobre a temática e a
falta de empatia característica da contemporaneidade, no sentido de buscar
desbancar tais bases prejudiciais.
Inicialmente, a falta de um conteúdo voltado aos transtornos mentais
na formação educacional brasileira possibilita o desenvolvimento de
concepções preconceituosas. No conto “O Alienista”, de Machado de Assis,
um médico acaba encarcerando a população de uma cidade inteira, já que
não existiam métodos precisos para reconhecer as doenças mentais, ou seja,
todas as decisões dele estavam permeadas de desconhecimento.
Analogamente à obra, o cidadão que não conhece, minimamente, os
transtornos da mente tenderá a criar suposições erradas, tomando ações
equivocadas. Logo, a ignorância e o preconceito prevalecem.
Ademais, a manutenção dessa ignorância é fortalecida pelos ideais
narcisistas valorizados hodiernamente, os quais, muitas vezes, desvalorizam
o diferente. Segundo o filósofo Byung Chul-Han, o século XXI é dominado por
uma sociedade do desempenho, na qual a individualidade é extremada em
detrimento do altruísmo. Nesse panorama, o indivíduo, imerso em si mesmo,
não consegue enxergar e aceitar a pluralidade de seres humanos que o
circundam. Dessa forma, o cidadão brasileiro, inserido nessa lógica, nega o
doente mental e classifica-o como anormal, reforçando estigmas danosos.
Infere-se, portanto, que o preconceito associado às doenças mentais
no Brasil precisa ter suas fundações desfeitas. Para tanto, o Ministério da
Educação deve, com o suporte do Ministério da Saúde, inserir a discussão
acerca das doenças mentais nas escolas, por meio de alterações na Base
Nacional Curricular Comum, as quais afetarão as disciplinas de filosofia,
sociologia, biologia e literatura, a fim de formar cidadãos mais tolerantes e
conhecedores dos transtornos mentais. Além disso, o Ministério da Família
deve fomentar a empatia social, utilizando-se de publicidades que valorizem
atitudes altruístas, visando à redução do individualismo. Quiçá, nessa via, os
policarpos modernos não serão segregados."

Você também pode gostar