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A ideia de que o homem é soberano sobre seu próprio corpo e mente, proferida

pelo filósofo John Stuart Mill, transmite uma ideia equivocada sobre o atual
cenário psíquico da população brasileira. Sabe-se, entretanto, que os
transtornos psicológicos, a exemplo da ansiedade, estão cada vez mais
presentes na vida dos indivíduos, ainda que como uma "epidemia silenciosa",
devido ao grande tabu em conversar sobre. Nesse sentido, faz-se necessária
uma abordagem criteriosa do tema, a fim de solucioná-lo.

Em um primeiro momento, é possível correlacionar o aumento dos casos de


ansiedade com a atual Era Contemporânea, em que a constante auto cobrança
para seguir um ideal de predileção a ser alcançado, somada ao medo da
frustração e da incógnita que é o futuro, acaba por projetar a ansiedade, um
transtorno psíquico que, como tal, foge do controle do indivíduo, afetando
negativamente suas atividades corriqueiras. Nessa intempérie, surge o
paradoxo que é essa desordem: o ansioso passa a lutar contra si mesmo para
aniquilar os pensamentos que causam a ansiedade, a fim de poder continuar
sua busca em torno desse ideal que o adoece. E, diante disso, a Organização
Mundial da Saúde destacou, em 2017, que o Brasil é o país com maior número
de ansiosos do mundo, corroborando a grande presença dessa doença na vida
da população.

Por outro lado, a diminuta busca por ajuda acaba por expandir ainda mais o
número de ansiosos. Nesse ínterim, a frase "não há nada mais difícil do que
tomar a frente por uma mudança", proferida por Maquiavel, reflete a situação
que muitos dos ansiosos passam- a dificuldade de enfrentar os preconceitos e
tabus para admitir que precisa de ajuda. Preconceito pois, uma grande parcela
da sociedade acredita que os problema psicológicos são falta de ir à igreja ou,
simplesmente, drama. Ademais, os que sofrem desse mal, por vezes,
acreditam que podem curar-se sozinhos, negando a si mesmos seu quadro
clínico, o que acarreta em um número cada vez mais exponencial desses.

Diante do exposto, conclui-se que urge a necessidade do Ministério da Saúde


disponibilizar, mensalmente, psicólogos e neurologistas nas escolas e
faculdades, a fim de tornar mais acessível o atendimento a quem está mais
vulnerável. Somado a isso, as propagandas comerciais na televisão, cumprindo
com seu papel social, deverão encorajar as pessoas a procurarem ajuda,
desmistificando os tabus acerca do assunto. Dessa forma, tratando das causas
e consequências da ansiedade, pode ser que, de fato, o homem seja soberano
sobre seu próprio corpo e mente.

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