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Gabriel Fontenelle Micas Psicólogo 27/04/2020

Residência de Saúde Mental do Adulto ESCS/FEPECS

Resenha Tutorial Reforma Psiquiátrica 5

Objetivos – Tutor
1. Diferenciar Psiquiatria de Setor da Psiquiatria Comunitária e quais críticas propunham às
reformas psiquiátricas anteriores
2. Compreender como a psiquiatria enfocou a saúde mental e não mais o foco na doença.
3. Entender como sugeriam promover saúde mental, bem como prevenir transtornos mentais.
4. Conceituar os três níveis de prevenção para Caplan.
5. Compreender como a desinstitucionalização é uma meta essencial no cuidado com os
indivíduos com sofrimento psicológico.

1. Diferenciar Psiquiatria de Setor da Psiquiatria Comunitária e quais críticas


propunham às
reformas psiquiátricas anteriores.

A psiquiatria de Setor busca contestar o fator asilar da psiquiatria. Inspira-se nas ideias de
Bonafé e psiquiatras progressitas no pós guerra. Levar a psiquiatria à população, evitando
segregação e isolamento do doente. Paciente será tratado no seu meio social e passagem no
hospital será uma etapa transitória no tratamento. Principal momento é na comunidade.

Com essa política os territórios são divididos em setores geográficos, com uma equipe
multiprofissional, para assegurar tratamento, prevenção e pós-cura das doenças mentais.

Críticas: psiquiatria asilar é onerosa aos cofres públicos; inadequação da instituição asilar
para responder às novas questões patológicas criadas pelo capitalismo avançado; crise dos
valores burgueses, colocando em crise a ideologia dominante: Mediação das técnicas psis nos
problemas sociais.

Já a Psiquiatria Comunitária se situa num cruzamento entre a psiquiatria de setor e a


socioterapia inglesa. Nasce nos estados Unidos. Intervêm se nas causas e no surgimento das
doenças mentais, não almeja-se só a prevenção das doenças, mas promoção da saúde mental.
Novo objeto: saúde mental.

Produz-se um imaginário de salvação, até pros problemas americanos. Pode-se prevenir e


erradicar os males da sociedade. Urge identificar pessoas potencialmente doentes.
Começa-se a ir à população mapear e reconhecer os “suspeitos”. Principalmente por
questionários (screening).

Psiquiatria teve de ir a teorias além do soma para explicar sua prática. Absorve-se conceitos
da sociologia e behaviorismo.
Novidades: saúde mental, prevenção da doença mental, coletividade (sujeito de tratamento),
equipes comunitárias, comunidade (espaço de tratamento), unidade biopsicossocial.

Psiquiatria do setor se diferencia da Comunitária no sentido que essa comunitária tem uma
grande característica de maior promoção. As duas aparentemente buscam estar no meio extra-
hospitalar, atendendo a população. Porém a comunitária buscou-se enfocar mais na saúde
mental. Via-se fatores de riscos através de censos e, assim, buscava-se atender aos fatores de
riscos sociais e individuais e promover uma maior saúde mental na população.
Aparentemente na comunitária também se ofereciam mais serviços extra-hospitalares, em vez
apenas a equipe. ENTENDI ISSO: na de setor a equipe do hospital cuida da comunidade, mas
não são oferecidos serviços externos. Perguntar.

Aula: parece que a de setor ainda era bastante hospitalocêntrica e apolítica, enquanto a
Comunitária foi mais pra comunidade mesmo. Setor mais no tratamento da doença.
Preventiva: identificava indivíduos suscetíveis e evitar que eles piorassem.

2. Compreender como a psiquiatria enfocou a saúde mental e não mais o foco na


doença.

Caráter menos repressor, mas mais participativo. Ausência de doença é o conceito de Saúde.
É assim que é chamada a Saúde Mental. E era o que se buscava na Prevenção da Psiquiatria
Americana. Prevenir antes que a doença apareça, para que ela não ocorra, e as pessoas
estejam saudáveis.

3. Entender como sugeriam promover saúde mental, bem como prevenir transtornos
mentais.

Crises podem levar a uma doença mental, Crises evolutivas são diferentes de crises
acidentais. Crise pode ser oportunidade para crescimento, se amparada por uma boa equipe.
Na crise evolutiva, existe um período em que não há identificação ou caracterização com
estado anterior, nem posterior, podendo levar a uma desadaptação, se não bem elaborados, a
uma doença mental.
Na crise acidental, se dão por alguma perda ou questão externa, a perturbação emocional
pode gerar uma crise e eventualmente uma doença mental. Dessa forma, a saúde mental deve
ser promovida nesses momentos de crises, tanto as acidentais, quanto evolutivas, para a
pessoa se reestabelecer e, possivelmente, crescer com a situação
As crises se tornaram base da intervenção, tanto individuais, familiares e sociais.
A crise, dessa forma, não é algo que deve ser rapidamente calado e silenciado, mas que pode
ser utilizado criativamente como uma transformação pessoal.
Também uma forma de prevenir os transtornos mentais se dava através de censos, ou
“screening” da população. Pode-se prevenir e erradicar os males da sociedade. Urge
identificar pessoas potencialmente doentes.
Começa-se a ir à população mapear e reconhecer os “suspeitos” (palavra que o próprio
Caplan utilizou)

Dessa forma, se intervém nas condições sociais ou individuais, nos fatores de riscos,
apresentado no censo. Assim como a promoção de maior recursos e rede extra-hospitalar.

4. Conceituar os três níveis de prevenção para Caplan.


3 ordens prioritárias da psiquiatria preventiva:
1. Prevenção primária, reduzir transtornos mentais numa comunidade, promovendo
sanidade mental. Intervenção nas condições etiológicas da doença mental, de origem
individual ou do meio.
2. Prevenção secundária, encurtar duração dos transtornos mentais, identificando-os e
tratando-os precocemente.
3. Prevenção terciária: minimizar deterioração que resulta dos transtornos mentais.
Readaptação à vida social.

5. Compreender como a desinstitucionalização é uma meta essencial no cuidado com os


indivíduos com sofrimento psicológico.

Desinstitucionalização surgiu nos EUA no contexto preventivista, medidas de


desospitalização. A institucionalização promove um processo de dependência pelo paciente,
acelera perda dos elos com familiares, comunidades, e conduz à cronificação.
Correspondência direta entre desinstitucionalizar e desospitalizar. Diminuir ingresso e tempo
de permanência em hospitais e aumentar oferta de serviços extra-hospitalares. Esse arsenal de
serviços alternativos são oferecidos pela reforma preventivista, contra a alienação e exclusão
social dos indivíduos. Também se propõe despsiquiatrização, retirar exclusividade do médico
no tratamento.

Aumenta-se oferta preventiva, aumenta-se usuários nos serviços preventivos, enquanto


pacientes internados seguem em hospital, ou até aumentam em número, por haver uma maior
rede preventiva.

Controle e normatização dos segmentos sociais, medicalização da ordem social.

Para Basaglia, a desinstitucionalização é uma desconstrução dos saberes e práticas que estão
comprometidos com a objetivação da loucura e sua redução à doença.
É além de desospitalizar, é entender o sentido dinâmico e complexo, são formas de entender e
relacionar os fenômenos sociais e históricos. É aparentemente, desconstruir esses saberes e
práticas sociais que estão tão embricados na vida do indivíduo.

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