Você está na página 1de 13

É PRECISO FALAR: PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DE SAÚDE

MENTAL EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

Lidyane Costa Feitosa¹, Laís de Menezes Carvalho Arilo²

¹Psicóloga pela Universidade Federal do Piauí. Discente da especialização em Saúde


da Família e Comunidade da Universidade Federal do Piauí, Ininga, Teresina, CEP:
64049-550. E-mail: lidyanefeitosapsi@hotmail.com
²Psicóloga pela Faculdade Santo Agostinho, Tutora do curso de Especialização em
Saúde e Comunidade da Universidade Federal do Piauí, Docente do curso de
Psicologia na FAESPI e UNINASSAU; Mestre em Saúde da Mulher pela Universidade
Federal do Piauí.

RESUMO

Diante do crescimento do número de pessoas com transtorno mental; como o aumento


de óbitos por suicídio no mundo, principalmente entre os jovens, assim como a
dificuldade de inserção de ações efetivas em saúde mental na atenção básica,
percebeu-se a necessidade de trabalhar com a prevenção, promoção e psicoeducação
em saúde mental na situação de transtorno já instalada, através de grupos
motivacionais e de valorização da vida, com o intuito de trabalhar temas afins em
encontros quinzenais e com busca ativa. As atividades de sensibilização, como sala
de espera (psicofobia), roda de conversa (valorização da vida) e busca ativa já tiveram
início, conseguindo atrair um público dentro do número esperado para a realização do
grupo, além de permitir que se analisasse, com mais cuidado, a complexidade inerente
às relações que os sujeitos estabelecem nesse espaço. Almeja-se que as pessoas
vejam os grupos com função terapêutica podem se configurar como espaço de
fortalecimento, passagem, para que possam ser ressignificadas, reparadas, as
dificuldades de viver, ser acompanhadas e acolhidas, diminuindo assim a ausência do
atendimento individual visto como necessário.

Descritores: Grupo Terapêutico; Saúde Mental; Atenção Básica

MENTAL HEALTH PREVENTION AND PROMOTION IS REQUIRED IN A


BASIC HEALTH UNIT

ABSTRACT

Faced with the growth of the number of people with mental disorders; such as the
increase in deaths due to suicide in the world, especially among young people, as well
as the difficulty of inserting effective actions in mental health in primary care, the need
to work with prevention, promotion and psychoeducation in mental health in the
situation was perceived. of already installed disorder, through motivational groups and
valuation of life, with the intention of working on similar topics in fortnightly meetings
and with active search. Awareness activities, such as a waiting room (psychophobia), a
conversation wheel (life enhancement) and an active search have already begun,
attracting an audience within the number expected to perform the group, and allowing it
to be analyzed, with more careful, the inherent complexity of the relationships that
subjects establish in this space. It is hoped that people see the groups with therapeutic
function can be configured as a space of strengthening, passage, so that they can be
redefined, repaired, the difficulties of living can be followed and welcomed, thus
reducing the absence of individual care seen as necessary.

Keywords:Therapeutic Group; Mental health; Basic Attention

INTRODUÇÃO

No mundo contemporâneo observa-se que a construção da identidade vem


sendo permeada pelo entrecruzamento de pontos de insegurança, em um ambiente de
risco institucionalizado e permanente (1). Dessa forma em um meio muitas vezes
hostil, cercado de conflitos e angústias, somado com as modificações biológicas,
sociais e psicológicas, tem-se constatado um crescimento de transtornos mentais e
comportamento suicida entre os jovens (2).
Em números gerais, anualmente a cada 45 segundos uma pessoa se suicida
em algum lugar do planeta, ou seja, cerca de800 mil pessoas tiraram a própria vida no
mundo(3-4). Tal prática faz com que atualmente o suicídio seja a terceira maior causa
de morte entre a população entre 15 e 44 anos, e a segunda entre a população de 15
a 19 (5).
Por volta de 20% das pessoas que tentam se matar, o fazem novamente no
ano seguinte, e aproximadamente metade desses conseguem efetivar o suicídio nos
10 anos seguintes (6). A falta de manejo, preparo técnico, conhecimento para lidar
com pessoas em contexto de suicídio, bem como o preconceito (7-9) e dificuldade de
detecção de sinais e sintomas de transtornos mentais ligados, (10), fazem com que
tais números aumentem.
A capacitação dos profissionais de políticas públicas para problemas da ordem
de saúde mental se torna cada vez mais necessária, uma vez que estudos comprovam
que cerca de 90% dos casos apresentavam sinais e/ou sintomas que caberia um
diagnóstico de transtorno mental na época do suicídio (11), sendo os mais recorrentes:
depressão, transtorno do humor bipolar, dependência de álcool e/ououtras drogas
psicoativas, além de transtornos de personalidade (12).
O distúrbio mental mais associado ao suicídio pela literatura, a depressão,
pode atingir o ser humano nos diferentes estágios da vida (13), no entanto vem
tornando-se cada vez mais recorrente entre os adolescentes (14), encontrando-se a
prevalência de3,3 a 12,4% de depressão maior nessa faixa etária (15), sendo
responsável por cerca de 75% das internações psiquiátricas (16), tornando-se assim
um problema de saúde pública (17).
Diferente de outros problemas de saúde o suicídio é amplamente evitável e
possível de reduzir utilizando ferramentas com ação coletiva para reconhecer e tratar,
bem como compromisso para intervenções eficazes, apoiadas por vontade e recursos
políticos (4).
Diante disso e tendo os princípios do SUS e os fundamentos da Atenção
Básica (AB), além das garantias dadas pela Constituição Federal de 1988: saúde
como direito, integralidade da assistência; universalidade, equidade, resolutividade,
intersetorialidade, humanização do atendimento e participação social, acredita-se que
tais problemas de saúde mental deveriam ter seu lugar de destaque nas ações das
equipes ligadas diretamente a Atenção Básica (18).
Atualmente existem diretrizes para a organização das ações em saúde mental
na Atenção Básica, sendo estas: apoio matricial da Saúde Mental às equipes da
Atenção Básica, formação como estratégia prioritária para a inclusão da saúde mental
na AB e a inclusão da Saúde Mental no Sistema de Informações da Atenção Básica
(SIAB), tendo a equipe de saúde mental de apoio, a tarefa de supervisionar as ações,
realizar atendimentos coletivos e específicos, além de qualificar os profissionais da
AB. Contudo sabe-se que na maioria dos municípios do Brasil, a equipe de saúde
mental é reduzida, portanto fica inviável que tais tarefas fiquem restritas a estes
serviços; tornando necessário que haja articulação com as demais políticas públicas
para a efetivação dessa rede de proteção, refletindo melhoria nas condições de vida e
saúde das pessoas que necessitam, o que ainda, infelizmente, não é alcançado (19).
A urgência em pôr em prática as diretrizes acima citadas também se justifica
por muitas vezes a atenção básica ser a porta de entrada para muitas pessoas em
sofrimento psíquico, uma vez que mais de 75% das vítimas de suicídio procuraram
algum serviço de atenção primária à saúde no ano e 45% no mês que morreram (20).
O quadro da saúde mental observado no município de Parnaíba não destoa
dos dados apresentados acima, tanto no crescimento do número de pessoas com
transtorno mental, como o aumento de óbitos por suicídio, estando atualmente em
segundo lugar no estado do Piauí (21), assim como nas dificuldades de inserção de
ações efetivas em saúde mental na atenção básica (22).
Apesar de possuir uma rede de atenção psicossocial por muitos considerada
razoável, contando com 37 equipes de Saúde da Família (ESF), quatro equipes do
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), um Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS) tipo II, um CAPS AD III, além dos leitos em hospitais públicos: Hospital
Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA) e Santa Casa de Misericórdia (21), a mesma ainda
é insuficiente para a demanda crescente.
Frente a tal situação percebeu-se a necessidade de atuar de forma mais direta
nos casos ligados às questões de saúde mental que surgem na Atenção Básica do
município. Para tanto optou-se pela Unidade Básica de Saúde (UBS) Iracema Feitosa,
local este que vinha sendo estudado durante a Especialização em Saúde da Família e
Comunidade da Universidade Federal do Piauí.
O presente trabalho foi direcionado ao módulo 43 da UBS que têm como
população adscrita 2522 pessoas. Atualmente conta com Equipe de Saúde da Família,
Equipe de Saúde Bucal e apoio do NASF, mas devido a transição de governo
municipal e finalização de contratos, encontra-se com déficit de alguns profissionais
em cada equipe.
Devido à falta de profissionais da saúde mental na atenção primária, a grande
demanda de jovens com comportamento de automutilação, depressão e tendência
suicida, somado a falta de manejo das pessoas que lidam diretamente com os casos,
optou-se por trabalhar com a prevenção e psicoeducação diante da situação instalada,
através de grupos motivacionais e de valorização da vida, com o intuito de trabalhar
temas afins em encontros quinzenais e com busca ativa semanal.
Portanto os objetivos do presente trabalho são construir um Projeto de
Intervenção que promova acolhimento aos jovens com comportamento depressivo,
autolesivo e suicida; promover espaços de escuta; desenvolver um grupo de apoio;
promover ações de autoconhecimento e valorização à vida com as pessoas que
procuram a UBS Iracema Feitosa, módulo 43.

MÉTODO

O presente trabalho trata de umprojeto de intervenção em andamento, na fase


de sensibilização da equipe e da comunidade adscrita pelo módulo 43 da Unidade
Básica de Saúde Iracema Feitosa.
Por a literatura mostrar que trabalhar em grupo com pessoas que são
acometidas por transtornos mentais é bastante eficiente, uma vez que oficinas e
grupos terapêuticos se propõem que, por meio da escuta, haja a possibilidade de o
indivíduo compartilhar diálogos, experiências e sentimentos, além de perceber queo
profissional de saúde (mediador) pode contribuir para sua reabilitação psicossocial
(23-24), optou-se por trabalhar tais demandas em grupos dentro da UBS.
O Plano Operativo foi pensado em etapas articuladas, que se sucedem e se
complementam, dispostas no quadro abaixo:
SITUAÇÃO OBJETIVOS METAS/ AÇÕES/ RESPONSÁVEIS
PROBLEMA PRAZOS ESTRATÉGIAS

Sensibilizar Trabalho em salas


profissionais e de espera e rodas
população de conversa sobre
sobre a a relevância de
importância do falar de transtornos
acolhimento em mentais e sua As Equipes que
questões de ligação com compõem a
saúde mental, situações extremas Unidade de
Geral: Saúde Iracema
tornando-se como o suicídio.
Construir um Projeto de ação constante, Feitosa, módulo
Demanda Intervenção que promova no prazo de um Realização de 43, Agentes
crescente de acolhimento aos jovens com ano. busca ativa dos Comunitários de
problemas em comportamento depressivo, casos ligados a Saúde(ACS) e a
saúde mental autolesivo e suicida; Convite do questões de saúde acadêmica que
recebidas na público-alvo mental (risco de propôs o projeto
Atenção Básica Específicos: para a suicídio) que já de intervenção.
e ausência de participação nos passaram pela
Promover espaços de escuta; eventos a UBS, para
profissionais
capacitados acontecer, no “monitoramento” e
Desenvolver um grupo de
para o decorrer do ano. convite para
apoio;
atendimento. participação das
Construção de atividades a serem
Promover ações de
um grupo fixo desenvolvidas.
autoconhecimento e
para
valorização à vida
acolhimento, Convidar as
psicoeducação demandas
e terapia grupal espontâneas que
para pessoas surgirem na UBS
acometidas por com questões
transtornos ligadas a
mentais, no autodestruição
prazo de um para participar das
ano. atividades.

Realização dos
grupos
terapêuticos com
as pessoas que
atenderem aos
convites
realizados.

Figura1: Quadro que representa as etapas que elencam o projeto de intervenção.


Como o exposto acima a intervenção proposta com o presente projeto visa
primeiramente a sensibilização das pessoas envolvidas no processo através da
realização de salas de espera e rodas de conversa, sobre temas como psicofobia,
manejo com pessoas acometidas por transtornos mentais, valorização da vida, dentre
outros, com os profissionais e pacientes em geral que se encontrem na UBS durante
os eventos.
As visitas domiciliares serão de fundamental importância na busca ativa dos
casos referente ao tema que já passaram pelo módulo 43, para tanto serão utilizadas
as visitas semanais programadas realizadas pelos ACS, equipe de enfermagem e
NASF. As visitas também terão por finalidade a observação da situação em que as
pessoas se encontram atualmente, para realizar um filtro daquelas que ainda teriam
necessidade de intervenção. O convite as pessoas que procurarem a unidade por
demanda espontânea ficará a cargo de todos os profissionais do módulo 43.
Os grupos serão formados por no máximo dez pessoas, procurando sempre o
maior grau de homogeneidade possível, para que a coesão e adesão dos integrantes
ocorra naturalmente. Espera-se que o momento grupal seja quinzenal, com duração
de uma hora e trinta minutos, iniciando a partir das 18 horas, para que não
comprometa as atividades cotidianas dos integrantes.
Para atingir os objetivos traçados no projeto de intervenção foram pensadas as
atividades dos quatro primeiros encontros, trazendo elementos artísticos (fotos,
música, teatro) e dinâmicas de grupo, com o intuito de intermediar a vinculação do
grupo e favorecer o processo de fala/escuta, como o apresentado a seguir, sendo que
os demais serão organizados de acordo com as demandas que forem trazidas pelos
participantes.
1º Encontro: Para que mesmo participar desse grupo?
Deverão ser apresentados os objetivos do Projeto É Preciso Falar! Seguido
da realização do contrato grupal, ressaltando os direitos e deveres dos participantes,
no qual cada participante deverá contribuir com a elaboração do documento e depois
assinar. Para o momento de apresentação propõem-se que seja realizada a dinâmica
do átomo social/familiar adaptada para grupo, vinda de técnicas do psicodrama (25).
A técnica do átomo social pode ser direcionada para qualquer espaço temporal,
no entanto para a atividade buscar-se-á o presente. Para a realização será solicitado
que um integrante vá ao centro da sala e cite para o grupo quem são as pessoas mais
próximas dele na vida, depois que a pessoa aponte alguém para representá-la e as
que foram citadas como significativas do seu mundo. O primeiro participante ainda
será convidado a organizar toda a cena colocando-as perto ou longe da pessoa que
estará lhe representando, considerando a distância emocional que as percebe. Após a
configuração da imagem, o protagonista deverá entrar no lugar da pessoa que ocupou
seu lugar, de dentro da imagem, vai verbalizando como se sente em relação a esta
posiçãoque ocupa, a cada pessoa escolhida. Devendo inverter papéis e dialogar,
confrontar-se, com pelo menos um dos elementos que colocou no seu átomo,
buscando que fale sobre como aquela pessoa o vê. Tal atividade pode ser realizada
por todos os participantes de forma voluntaria, mas quem preferir pode utilizar a
apresentação tradicional só falando seu nome e motivação para participar do projeto.
Ao final do encontro será proposto que todos tragam uma música que de
alguma forma marcou sua vida, que retrate a si mesmo ou a relação com alguém que
seja representativo para sua vida.
2º Encontro: Meu mundo e minhas conquistas
No segundo encontro os participantes serão convidados a expor a música que
trouxeram como indicado na tarefa do primeiro encontro, para tanto estará disponível
um tablet com acesso à internet e uma caixa de som, e a medida que a música for
passando as pessoas serão convidadas a expressar os sentimentos que a música que
cada um trouxe remete. Tal atividade enfatizará esse tipo de arte como elemento
marcante na história de vida do ser humano, pedindo que reflitam sobre que música
marcou as conquistas que tiveram em suas vidas.
Antes da finalização do 2º momento será solicitado que enumerem as quatro
maiores conquistas de suas vidas e tragam no terceiro encontro por escrito, em
pequenos pedaços de papel (que serão entregues), ordenadas por grau de
importância.
3º Encontro: Às vezes me sinto impotente e sem importância
Logo ao adentrar a sala os participantes do grupo serão convidados a, com
uma fita, colar no peito a conquista que enumerou com o maior grau de valoração e
passear pela sala para que os demais conheçam o seu maior feito e compartilhem as
deles também. Após esse momento serão convidados a sentar-se e segurar a
conquista numerada com o grau de relevância dois, com a mão direita e o colega
sentado ao lado a puxar e jogar no lixo, sem olhar. Todos serão convidados a falar
sobre a experiência de ver sua conquista sendo jogada fora por alguém que nem ao
menos a conhecia.
A atividade visa que os participantes repensem o valor das conquistas e o
quanto foram fortes para consegui-las, consigam perceber que muitas vezes as
pessoas ao redor se desfazem da vida dos demais sem dar-se o trabalho de conhecer
e que muitas vezes a própria pessoa desconhece o valor que tem.
Nesse encontro também será realizado um momento destinado a
psicoeducação sobre sinais e sintomas de transtornos mentais que são ligados ao
suicídio, com o intuito de demonstrar que alguns dos sentimentos que permeiam a
vivência deles podem estar associados a ordem da saúde mental, se muitas vezes
tratável.
4º Encontro: Pensando no futuro
Será utilizada uma técnica de dinâmica de grupo através de imagens de
revistas, jornais e fotografias que retratem emoções, as quais serão dispostas no chão
e nas paredes da sala. As imagens representarão medo, amor, angústia, ambição,
felicidade, energia, equilíbrio, passividade, pavor, paz, perseverança, ânimo, dentre
outros. Será solicitado que os participantes escolham uma figura que mais representa
o sentimento associado a palavra futuro, em seguida comente o motivo da escolha e
como se imagina daqui a 10 anos (26). Ao final será aberta a oportunidade para que
cada aluno fale de como se sentiu ao falar do futuro e os sentimentos que surgiram ao
dividir isso com os demais.
Em cada encontro será aberto espaço de fala para todos os participantes que
possam destoar do proposto da semana, pois o intuito do esquema traçado é apenas
nortear para que os objetivos sejam alcançados, não sendo algo rígido. A proposta
principal é de que o grupo seja um espaço de fala e escuta, para que no meio de
tantas dificuldades vividas no cotidiano, os mesmos tenham um espaço de cuidado,
refúgio e oportunidade de descobertas. Dessa forma apesar da programação das
atividades como o disposto acima, as mesmas poderão sofrer alterações de acordo
com as demandas que surgirem no decorrer das buscas ativas e necessidades que se
fizerem aparente pelas equipes envolvidas na execução do projeto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como retratado no início da apresentação do método, o projeto se encontra em


execução, tendo sido desenvolvida sala de espera, com o tema Psicofobia, no primeiro
semestre de 2018 e uma roda de conversa, sobre Valorização da Vida, no mês de
setembro do corrente ano, ambas as atividades trabalhando a sensibilização da
comunidade e profissionais para o desenvolvimento do grupo a se formar.
A primeira atividade contou com a participação de oito pessoas que se
encontravam nos corredores da UBS, aguardando o atendimento com a enfermeira
que estava no turno. Observou-se a necessidade de trabalhar com esse tema devido a
estigmatização das pessoas com transtornos mentais, o que provoca a perca
cidadania, sofram preconceito e sejam segregadas pela sociedade (27).
No evento foram esclarecidas dúvidas sobre o preconceito e o medo da
população em geral acerca das pessoas que tem transtorno mental, como também do
receio que as pessoas têm em buscar um profissional de saúde mental, quando
percebe que algo não está bem e como este comportamento pode agravar alguma
enfermidade que pode estar se instalando.
As pessoas foram bastante participativas, perguntaram sobre sintomas de
ansiedade e depressão, além de trazerem relatos pessoais de vivências que envolvem
as questões trabalhadas, bem como a dificuldade de conseguir atendimento gratuito
para os profissionais de saúde mental. Segue abaixo imagem do dia do evento:

Figura 2: Sala de espera - Psicofobia

A segunda atividade realizada foi a roda de conversa com o tema Valorização


da Vida, no mês de alusão a Prevenção do Suicídio. O evento contou com a
participação dos enfermeiros da UBS, além de estagiários do curso de enfermagem da
Faculdade Maurício de Nassau e sua tutora.
As atividades desenvolvidas foram: dinâmica do balão (Meio cheio ou meio
vazio); a construção da linha da vida dos momentos que nos fortalece e o bingo
Setembro Amarelo: Motivos para viver. A atividade contou com a participação de vinte
pessoas que perguntaram, trouxeram relatos e se emocionaram ao se identificar com
a fala dos demais. Segue imagens do evento:

Figura 3: Modelo do Bingo realizado

Figura 4: Linha da Vida Figura 5: Equipe de Organização

As atividades realizadas conseguiram atingir o objetivo de sensibilizar e mostra


que grupos com função terapêutica podem se configurar como espaço de
fortalecimento, passagem, para que possam ser ressignificadas, reparadas, as
dificuldades de viver possam ser acompanhadas e acolhidas (28), nos permitiu
também analisar, com mais cuidado, a complexidade inerente às relações que os
sujeitos estabelecem nesse espaço.
Os participantes que se identificaram com a proposta já se dispuseram a
participar do grupo a se formar. Os encontros do grupo estão previstos para iniciar
em meados de dezembro e atualmente conta com seis pessoas interessadas
em participar, as buscas ativas vem ocorrendo de forma sistemática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho tem por objetivo promover o acolhimento e um espaço de fala e


escuta para jovens com comportamento depressivo, autolesivo e suicida, através de
oficinas e grupos terapêuticos em uma unidade básica de atenção, com a utilização de
arte e dinâmicas de grupo como instrumentos de facilitação.
Almeja-se que a população que o projeto atinja ao máximo as pessoas do
território direta ou indiretamente; que se consiga diminuir o número de óbitos ligados a
transtornos mentais, principalmente o suicídio, que como o exposto só vem
aumentando no mundo; além de informar e diminuir o preconceito a questões dessa
ordem.

REFERÊNCIAS

1. Nascimento YCML, Brêda MZ, Albuquerque, MCS. Adoecimento Mental:


percepções sobre a identidade da pessoa que sofre. Interface (Botucatu). 2015;
19(54):479-90.
2. Araújo LC, Vieira KFL, Coutinho MPL. Ideação suicida na adolescência: um enfoque
psicossociológico no contexto do ensino médio. Psicologia - Universidade São
Francisco, 2010, 15(1), 47-57.
3. Assumpção GLS, Oliveira LA, Souza MFS. Depressão e Suicídio: uma correlação.
Pretextos - Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas v. 3, n. 5, jan./jun.
2018 – ISSN 2448-0738.
4. Wor ea t r ani ation. Public health action for the prevention of suicide: a
framework, 2012. World Health
Organization. http://www.who.int/iris/handle/10665/75166.
5. Patton GC, Coffey C, Sawyer SM, Viner RM, et al (2009). Global patterns of
mortality in young people: a systematic analysis of population health data. Lancet, 374:
881-892.
6. Botega NJ. Prática Psiquiátrica no Hospital Geral: interconsulta e emergência. Porto
Alegre: Artmed; 2002.
7. Freitas APA, Martins-Borges L. Tentativas de suicídio e profissionais de saúde:
significados possíveis. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 2014, 14(2), 560-577.
Recuperado de: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
42812014000200010&lng=pt&tlng=pt
8. Botega NJ. Crise suicida: avaliação e manejo. Porto Alegre, Artmed, 2015.
9. Kishi Y, Kurosawa H, Morimura H, Hatta K, Thurber, S. Attitudes of Japanese
nursing personnel toward patients who have attempted suicide. General Hospital
Psychiatry, 2011, 33, 393-397. doi: 10.1016/j.genhosppsych.2011.02.005
10. Barbosa FO, Macedo PCM, Silveira RMC. Depressão e o Suicídio. Rev. SBPH,
2011, vol.14 no.1, Rio de Janeiro - Jan/Jun.
11. Bertolote JM, Fleischmann A. Suicide and psychiatric diagnosis: a worldwide
perspective. World Psychiatry (2002) 1:181. [PMC free article] [PubMed].
12. Associação Brasileira de Psiquiatria e Conselho Federal de Medicina.
Comportamento Suicida: Conhecer para prevenir, 2017. Recuperado em:
http://www.proec.ufpr.br/download/extensao/2017/abr/suicidio/manual_cpto_suicida_co
nhecer_prevenir.pdf.
13. Crivelatti MMB, Durman S, Hofstatter LM. Sofrimento psíquico na adolescência.
Texto & Contexto – Enfermagem, 2006, 15(n esp), 64-70.
https://doi.org/10.1590/S0104-07072006000500007.
14. Melo AK, Siebra AJ, Moreira V. Depressão em Adolescentes: Revisão da Literatura
e a Pesquisa Fenomenológica. Psicologia: Ciência e Profissão Jan/Mar. 2017 v. 37
n°1, 18-34.
15. Cruvinel M, Bowchovitch E. Sintomas depressivos, estratégias de aprendizagem e
rendimento escolar de alunos do ensino fundamental. Psicologia em Estudo, Maringá,
2004, v.9, n.3, p 369-379, mar./abr.
16. Schneider ACN, Ramires VRR. Vínculo parental e rede de apoio social: relação
com a sintomatologia depressiva na adolescência. Aletheia, 2007, 26, 95-108.
17. Marques NNC. Depressão em Adolescentes e suas consequências: uma revisão
de literatura. Centro Universitário de Brasília, 2014. Recuperado em:
http://repositorio.uniceub.br/bitstream/235/5663/1/m1.pdf.
18. Mendes EV. A atenção primária à saúde no SUS. Fortaleza: Escola de Saúde
Pública do Ceará; 2002.
19. Souza AC, Rivera FJU. A inclusão das ações de saúde mental na Atenção Básica:
ampliando possibilidades no campo da saúde mental. Rev Tempus Actas Saúde Colet.
2010;4(1):105-14.
20. Luoma JB, Martin CE, Pearson JL. Contact with mental health and primary care
providers before suicide: a review of the evidence. Am J Psychiatry. 2002;159(6):909-
21. Secretaria de Saúde do Piauí. Plano de Ação para Prevenção do Suicídio no
Estado do Piauí, 2017. Recuperado em:
http://www.saude.pi.gov.br/ckeditor_assets/attachments/830/SEPPS_-
_PLANO__RESUMIDO_.pdf
22. Nogueira FJS, Brito FMG. Diálogos entre saúde mental e atenção básica: relato de
experiência do Pet-saúde no município de Parnaíba – PI. Pesquisas e Práticas
Psicossociais, 2017, 12 (2), São João del Rei.
23. Bechelli LPC, Santos MA. O paciente na psicoterapia de grupo. Revista Latino-
Americana de Enfermagem. São Paulo, 2005, vol.13, n.1, p. 118-125, fev.
24. Pinho LB, Kantorski LP, Wetzel C, Schwartz E, Lange C, Zillmer JCV. Atividades
terapêuticas: compreensão de familiares e profissionais de um centro de atenção
psicossocial. Esc Anna Nery [Internet]. 2013 Aug; [cited 2015 Sep 10]; 17(3):534-41.
25. Williams A. Temas Proibidos: ações estratégicas para grupos. São Paulo:
Ágora, 1998.
26. Serrão M, Baleeiro MC. Aprendendo a ser e a conviver. São Paulo: FTD, 1999.
27. Spadini LS, Souza MCBM. A doença mental sob o olhar de pacientes e familiares.
Rev Esc Enferm USP 2006; 40(1):123-7.
28. Zallena M, Luz HHV. Medicalização e saúde mental: estratégias alternativas.
Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental,2016, nº 15.

Você também pode gostar