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Tutoria de Campo

Residente: Yngrid D’ Lanuse


Tutor: Luiz

1) Como trabalhar a promoção e a prevenção a partir da ferramenta da Educação


Permanente visando a integralidade do cuidado em Saúde Mental?
O desenvolvimento da prevenção e promoção em saúde mental por meio da
Educação permanente, pode ser facilitado através da inserção de profissionais da
atenção especializada dentro das unidades básicas, em um trabalho conjunto com a
equipe. Na ocasião pode-se utilizar espaços como as reuniões de equipe, consultas
compartilhadas, condução de grupos de forma compartilhada, visitas domiciliares
compartilhadas, espaços destinados a discussões de caso de modo que a educação
permanente não se restrinja a um único momento e sim aconteça com certa
frequência no decorrer de um período estipulado.
Em uma experiência de matriciamento que ocorreu no Município de São José
do Rio preto, foi possível trabalhar a prevenção e promoção em saúde mental por
meio de etapas. Os matriciadores inicialmente elaboraram uma “ficha de detecção
de risco e identificação de transtornos mentais'' e esse documento poderia ser
preenchido por qualquer profissional da APS por não se tratar de um diagnóstico e
sim de um mapeamento e compreensão da demanda.
Nela constavam os dados pessoais do cliente, de alguém de sua rede de
apoio que pudesse ser contactado, e perguntas norteadoras acerca de fatores de
risco, como abuso de drogas, ser vítima de violência, negligência intrafamiliar, prisão
ou exclusão social, conflitos familiares, dentre outros. Outra forma de conhecer a
população e os fatores de risco se deu por meio de visitas compartilhadas com os
ACS, uma vez que estes têm maior contato com a comunidade.
A partir da compreensão dos fatores de risco na qual são expostos a
comunidade elaborou-se momentos de educação permanente que contemplasse
alguns tópicos, tais como:
● Distinções entre sofrimento psíquico e distúrbio mental, consciência crítica
com relação à patologização e medicalização da vida;
● a história da loucura e a reforma psiquiátrica na Saúde Pública, o estigma e
as propostas atuais de atuação na atenção básica (políticas públicas de
Saúde Mental);
● Utilização de instrumentos formulados para o trabalho, planejamento como
modalidade do núcleo de atenção integral ao usuário.
● estimular a visão de saúde mental integrada às várias dimensões da vida
educativa, cultural, política, econômica, social, psicológica e orgânica na
comunidade;
● criar formas de monitoração de clientes psicóticos, viciados em drogas,
crianças e adolescentes em situação de risco (violência intrafamiliar,
negligência, etc.), auxiliando seus familiares e articulando com os serviços de
atenção secundária, terciária e a intersetorialidade;
● auxiliar na detecção de riscos de distúrbios mentais e formular ações de
prevenção junto à comunidade, tais como realização de grupos, formulação
de PTS que contemplasse outros pontos da rede para além da APS, dentro
outros.
As ações de EP podem acontecer a todo o momento, por meio
principalmente de visitas domiciliares, atendimentos compartilhados, e troca de
diálogo dentro das reuniões de equipe que geralmente ocorrem semanalmente.
Todas as ações estipuladas são necessárias serem revisitadas para que se possa
avaliar sua eficácia na proposta de prevenção e promoção em saúde mental. Assim
sendo, o ponta-pé inicial é o conhecimento da população, seus fatores de risco,
potencialidades e dispositivos do território para que ações de prevenção e promoção
tenham maior eficácia.

2) Quais são os impactos do modelo biomédico na fragmentação do cuidado dos


usuários de Saúde Mental ?

O modelo biomédico foca somente na doença e esquece de olhar os determinantes sociais


da saúde que impactam diretamente a saúde mental das pessoas, colocando-as em risco
de adoecimento. Esse modelo também coloca o indivíduo submisso à questão biológica e
orgânica e com isso dá-se ênfase a medicação como único tratamento possível.
Esse comportamento deixa o sujeito sentindo-se desamparado e impotente frente a
sua dor, e coloca no médico, que está estranho a sua dor ou a natureza dela, a
responsabilidade sobre a mesma. Há hoje no mercado mais de 500 tipos descritos de
transtornos mentais, o que sugere que seria muito difícil que qualquer pessoa não se
enquadrasse, em algum momento da vida, em algum diagnóstico (HORWITZ,
WAKEFIELD, 2009). Esse avanço de categorias diagnósticas parece interessar muito
mais à indústria do que propriamente a saúde dos pacientes. Qualquer sintoma
considerado fora da norma pode ser considerado patológico, e o sofrimento humano
vem sendo negado e tratado como mera abstração. deslocando toda a explicação
para a entidade biológica, no intuito de que a sociedade possa neutralizar esse
sujeito. não permite ao sujeito dar significado a seu sofrimento, prejudica ações de
prmoção e prevenção,
ZANELLA (2016)

Referências

Barban, E. G., & Oliveira, A. A. (2007). O modelo de assistência da equipe matricial de saúde mental
no programa saúde da família do município de São José do Rio Preto (Capacitação e educação
permanente aos profissionais de saúde na atenção básica). Arq. Cienc. Saude, 14(1), 52-63.
ZANELLA, Michele et al. Medicalização e saúde mental: Estratégias alternativas. Revista Portuguesa
de Enfermagem de Saúde Mental, v. 15, p. 53-62, 2016.
Zanella, M., Luz, H. H. V., Benetti, I. C., & Roberti Junior, J. P. (2016). Medicalização e saúde mental:
Estratégias alternativas. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, 15, 53-62.

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