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Infância e Adolescência

Saúde Mental
Breve Histórico

A infância, como a concebemos hoje, nem sempre existiu.


Até o século XII, na Europa, as crianças eram tratadas como adultos em
miniatura.
Fim da Idade Média - mudanças sociais e econômicas – família nuclear.
Os filhos passam a serem vistos como uma continuação das obras dos
pais – criança se tornou um aprendiz que precisava ser preparado e
educado para a vida adulta (nascimento da experiência da infância)
Na maior parte do século XIX não se considerava que uma criança
pudesse adoecer mentalmente.
Breve Histórico
De 1880 até 1920 a Psiquiatria passou a procurar na criança os mesmos
quadros que afetavam os adultos.
Nesse período não havia muita preocupação em se identificar o que
existia de particular nos transtornos mentais na infância.
Em 1930 começa a surgir uma psiquiatria infantil mais autônoma.
A partir do final de 1980, o movimento de “remedicalização” chega à
esfera infantil, levando à criação e disseminação de “novos”
transtornos. E, também ao aumento do numero de casos considerados
tratáveis por medicamentos.
É nesse quadro que a psiquiatria infantil e juvenil se encontra
atualmente.
Normal x Patológico
O que seria considerado normal e patológico em uma sociedade, em um
dado período?
Como definir o que é normal e o que patológico ao se falar sobre saúde
mental de crianças e adolescentes?
Ciência cria a patologia – Ciência se propõe a resolver.
A doença seria algo objetivo que a pessoa porta ou não porta? Tem ou não
tem?
O normal seria o que é mais comum em uma população e o anormal seria o
que foge à regra?
Anormal, patológico, seria aquilo que a limita a vida dos sujeitos, bem como,
suas capacidades criativas e adaptativas?
Saúde é um valor, não um fato.
Um breve comentário da realidade Brasileira
Na dec de 2000, a OMS, detectou que 90% dos países não tinham politicas
publicas de saúde mental que incluísse crianças e adolescentes.
Na realidade brasileira, até o fim do século passado, a maioria das crianças
com problemas mentais graves estava fora do sistema formal de saúde.
Ressalta-se também que, para esses quadros, a abordagem medicamentosa
costumava ser a única modalidade terapêutica oferecida.
Mesmo na Reforma Psiquiátrica, grande parte das questões que envolviam o
âmbito infantil permaneceram fora da pauta. Isso porque, grande parte das
crianças e dos adolescentes institucionalizados estavam em abrigos fora da
saúde mental. Dessa forma, a proposta de desconstrução do hospital
psiquiátrico não os atingia diretamente.
Crianças e adolescentes: sujeitos de direitos
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1945)
Declaração dos Direitos da Criança (1959)
Convenção dos Direitos da Criança (1989)
Estatuto da Criança e do Adolescente (1990)
Art 3º do ECA: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral
de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios,
todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de
liberdade e de dignidade.
Rede de Atenção Psicossocial - RAPS

Portaria MS/GM nº3.088, de 21/12/2011,


provê a criação, a ampliação e a
articulação de pontos de atenção saúde
para pessoas com sofrimento ou
transtornos mental e com necessidades
decorrentes do uso de Crack, álcool e
outras drogas no âmbito do SUS.

FONTE:BRASIL,2014
Rede de Atenção Psicossocial - RAPS
A RAPS tem os objetivos gerais de:

Ampliar o acesso à atenção psicossocial da população em geral;


Promover a vinculação das pessoas com transtornos mentais e com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas e de suas
famílias aos pontos de atenção; e
Garantir a articulação e a integração dos pontos de atenção das redes de
saúde no território, qualificando o cuidado por meio do acolhimento, do
acompanhamento contínuo e da atenção às urgências.

FONTE:BRASIL,2014
Rede de Atenção Psicossocial - RAPS
Além dos citados objetivos gerais, destacam-se os seguintes objetivos
específicos:
Promover cuidados em saúde especialmente a grupos mais vulneráveis
(crianças, adolescentes, jovens, pessoas em situação de rua e populações
indígenas);
Prevenir o consumo e a dependência de álcool e outras drogas e reduzir
os danos provocados pelo consumo;
Promover a reabilitação e a reinserção das pessoas com transtornos
mentais e com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas
por meio do acesso ao trabalho, à renda e à moradia solidária;

FONTE:BRASIL,2014
Rede de Atenção Psicossocial - RAPS

Além dos citados objetivos gerais, destacam-se os seguintes


objetivos específicos:

Produzir e ofertar informações sobre os direitos das pessoas, as medidas


de prevenção e cuidado e os serviços disponíveis na rede; e) regular e
organizar as demandas e os fluxos assistenciais da Rede de Atenção
Psicossocial;
Monitorar e avaliar a qualidade dos serviços mediante indicadores de
efetividade e resolutividade da atenção.

FONTE:BRASIL,2014
Rede de Atenção Psicossocial - RAPS
Componentes da Rede de Atenção Psicossocial
Rede de Atenção Psicossocial - RAPS

A RAPS encontra-se
organizada nos seguintes
componentes:

FONTE:BRASIL,2014
Rede de Atenção Psicossocial - RAPS

FONTE:BRASIL,2014
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

A atenção primária à saúde (APS) é caracterizada por um conjunto


ações e serviços, no âmbito individual e coletivo, que abrange a
promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o
diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a
manutenção da saúde, com objetivo de desenvolver uma atenção
integral, que impacte positivamente na situação de saúde das
coletividades.
A (APS) NO ACOMPANHAMENTO INFANTIL

A equipe da (APS) acompanham as famílias


durante um longo período, protegendo e
compreendendo as crianças em suas
particularidades, após o nascimento das
crianças são realizadas várias ações junto as
famílias. Um dos principais instrumentos
utilizados pelos profissionais, é a caderneta
de saúde da criança.
Objetivos da Caderneta

- Coleta do teste do pezinho (entre o 3° e o 5° dia de vida);


- Exame físico completo do bebê;
- Apoio ao aleitamento materno, por meio da avaliação da técnica e da condição
das mamas;
- Verificar o Cartão de Referência da Maternidade quanto ao registro de risco
social e/ou biológico (RNR), segundo códigos da Declaração de Nascimento Vivo;
- Avaliam o risco do bebê (Icterícia, secreções, má sucção e outras) etc.
No acompanhamento e desenvolvimento da primeira
infância

O acompanhamento do desenvolvimento da primeira infância, está


relacionado, a partir do cuidado promovido por sua família, cuidadores ou
responsáveis pela alimentação, proteção e comunicação.Elas precisam de
estímulos para melhor se desenvolverem fisicamente e psicologicamente.
Quando identificado atraso no desenvolvimento da fala, dificuldade na
interação, comunicação, aprendizado, presença de isolamento social, pode
indicar a necessidade intervenção imediata.
Fatores de risco e de proteção para o desenvolvimento infantil
Problemas relacionados ao desenvolvimento da criança, na sua maioria é a soma
de múltiplos fatores de risco, podemos considerar fatores de risco: elementos que
influenciam de forma negativa no desenvolvimento integral da criança. Por outro
lado os fatores de proteção, são aqueles que modificam ou alteram a resposta
pessoal da criança em relação a algum risco ambiental, que dispõe a um
resultado disfuncional.
Sinais e Sintomas de Violências contra as crianças

- Irritabilidade frequente, sem causa aparente; Olhar indiferente e apatia; Tristeza


constante; Distúrbios do sono; Sintomas de hiperatividade; Tiques ou manias etc.
- Em casos de suspeitas ou confirmação de violência contra crianças ou adolescentes,
a notificação é obrigatória através da Ficha de notificação/investigação individual de
violência, em até 24 horas.
Identificação de Alterações no desenvolvimento
infantil

Por que o rastreio de risco psíquico não é recomendado?


- Por falta de evidências que forneçam suporte para a realização de rastreamento
universal de risco psiquico, em especial as criança de 0 a 18 meses.

- As crianças não apresentam sinais ou sintomas ou preocupação dos pais,


cuidadores ou da equipe de saúde que a acompanha, recomenda-se a
vigilância/acompanhamento do desenvolvimento infantil. Uma outra sugestão para
explorar e conhecer melhor a criança, é identificar fatores de risco para o
desenvolvimento emocional.
Saúde Mental na Infância

- Principais sinais e sintomas em saúde mental na infância e adolescência na


Atenção Primaria a saúde;

- Problemas relacionados a comportamentos ou sofrimento Mental, quando não


recebem cuidados durante a infância, tendem a persistir ao longo da vida;

- Aspectos essenciais para avaliação psicossocial na infância.


Saúde Mental dos Adolescentes
SAÚDE MENTAL DOS ADOLESCENTES

ADOLESCENTES.
QUEM SÃO!?
PROTEÇÃO INTEGRAL
Art. 227 Constituição Federal de 1998
ALGUMAS ESTRATÉGIAS PARA PRODUZIR CUIDADOS EM SAÚDE MENTAL

1. Uma avaliação contextualizada e singular do sujeito e das relações que estabelece para se
pensar a conduta mais adequada;
2. Um olhar cuidadoso sobre a especificidade, pois se trata de um sujeito em desenvolvimento;
3. Garantir acesso à escuta, a contação de sua história e localizar o contexto ou situação do
insuportável da vida;
4. Saber que nem todo uso de drogas ou sofrimento psíquico é sinal de patologia. Por isso a
indicação de tratamento deve ser discutida com os profissionais da saúde mental.
5. A proteção integral enfatiza ainda mais a urgência em se trabalhar com as várias dimensões
da vida, cabendo a corresponsabilização de todos os entes intersetoriais.
Princípios do
Diagnóstico

Grupos
Psicopatológicos
MOMENTO MEMÉTICA
affthehype
Lima, 2014

DIAGNÓSTICO O diagnóstico não é tarefa ultracomplexa nem processo


resolvido em poucos minutos.

Algumas vezesé épercebido


Algumas vezes percebido a procura
a procura do serviço
do serviço de SM de
por SM por
questões
questões
ligadas aosligadas
pais. aos pais.

Geralmente exigemais
Geralmente exige maisdedeumumencontro
encontro
comcom a criança
a criança e
e seus
seus responsáveis.
responsáveis.

A patologia mental sempre leva a limitações, prejuízos ou


A patologia mental sempre leva a limitações, prejuízos ou malestares
malestares
persistentes. persistentes.

Pode sernecessário
Pode ser necessário entrevistas
entrevistas sóoscom
só com pais.os pais.
subgrupos Transtornos do desenvolvimento.

Transtornos
Algumas vezesdisruptivos
é percebido aou externalizantes.
procura do serviço de SM por questões .

Transtornos emocionais ou internalistas.

Transtornos da corporeidade.

Outros.

Lima, 2014
“Devemos ter especial cuidado com a
‘armadilha nosológica’: nem tudo que ‘vai mal’
na vida emocional, relacional ou no
comportamento de uma criança corresponde a
um transtorno psiquiátrico”

Lima, 2014
Transtornos do desenvolvimento
Habilidade sociais;
Cognitivas – Linguagem

Síndrome de Transtorno
Lima, 2014

TEA Asperger Desintegrativo


Transtornos disruptivos
Algumas vezes é percebido ou externalizantes
a procura do serviço de .

– Inquietude
– Impulsividade
– Agressividade
– Desafio
Lima, 2014

TDAH TDO
Transtornos emocionais
Algumas vezes é percebido oude internalistas
a procura do serviço .

– Mais interno
– Menos ruidosa

Ansiedade Depressão
Lima, 2014
Transtornos daacorporeidade
Algumas vezes é percebido procura do serviço de .

– Alimentares

Anorexia Bulimia
Lima, 2014
Temas relevantes

Uso e dependência de drogas


O papel da escola
Proteção social integral
Medidas socioeducativas
Atenção às crianças, aos adolescentes e às suas famílias em
situação de violência
Estratégias de Cuidado em Saúde Mental na
infância
Abordagem da família, dos cuidadores ou dos responsáveis;

- A Abordagem Familiar consiste na articulação do cuidado considerando a organização familiar.


- Para conhecer melhor a família, o profissional pode utilizar instrumentos como Genograma, Círculo Familiar e
Ecomapa, os quais informam sobre as relações intrafamiliares.
Estratégias de Cuidado em Saúde Mental na
infância
Projeto Terapêutico Singular – PTS;

- Organização e sistematização do cuidado construído entre a equipe de saúde e o


usuário que deve considerar a singularidade do sujeito e a complexidade de cada
caso;
- Um PTS deve ser elaborado com o usuário, a partir de uma primeira análise da
equipe sobre as múltiplas dimensões do sujeito;
- O PTS pode ser feito para planejamento e articulação do cuidado em saúde nos
casos mais complexos, que demandem maior atenção da equipe.
Estratégias de Cuidado em Saúde Mental na
infância
A construção do PTS pode ser dividida em quatro momentos:

Diagnóstico e
análise

Definição de ações e
Reavaliação
metas

Divisão de
responsabilidades
Estratégias de Cuidado em Saúde Mental na
infância
Articulação intra e intersetorial;

- A articulação das unidades de Atenção Primária com os diversos dispositivos do


território, dentro e fora do campo da saúde, proporciona uma maior
contextualização dos casos, promovendo a integralidade, maior resolutividade,
promoção da autonomia e da cidadania,

Atuação conjunta com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF;


Redes de Atenção à Criança em risco no
desenvolvimento infantil

- As redes de atenção à saúde são arranjos organizativos de


ações e serviços de saúde que têm por objetivo garantir a
integralidade do cuidado;

- Amplie e qualifique a oferta de cuidado colaborativo e


continuado entre diferentes serviços, incluindo os Núcleos de
Apoio à Saúde da Família – NASF, Centros de Atenção
Psicossocial infanto-juvenil – CAPSi, Centros Especializados
em Reabilitação –CER, ambulatórios de especialidades e
outros serviços integrados ao SUS.
Redes de Atenção à Criança em risco no
desenvolvimento infantil
Centros de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi): critérios de encaminhamento e
compartilhamento de casos
- São serviços de saúde de caráter aberto e comunitário voltados aos casos de saúde mental
considerados graves e persistentes, com necessidade de permanência num dispositivo de
cuidado intensivo e comunitário,
- São considerados casos graves e persistentes, crianças e adolescentes que apresentam intenso
sofrimento psíquico, incluindo os relacionados ao uso prejudicial de substâncias psicoativas e
outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de
vida, aliado a um maior risco psicossocial (pouca autonomia, alta vulnerabilidade social,
fragilidade de vínculos sociais e afetivos, redes de sociabilidade frágeis, expostos a violências
graves, discriminação, marginalização e condições socioeconômicas desfavoráveis.
Redes de Atenção à Criança em risco no
desenvolvimento infantil
Ambulatório de Saúde Mental: critérios de encaminhamento e compartilhamento de casos;
- Situam-se nas Policlínicas de Especialidades e nos Centros Municipais de Saúde. Os ambulatórios de saúde
mental estão voltados ao acompanhamento de casos de saúde mental de complexidade moderada, ou seja,
casos que possuem um grau de sofrimento mental ou alterações de comportamento que afetam
consideravelmente a vida da criança ou adolescente e de suas famílias, não necessitando de tratamento
intensivo, como o ofertado no CAPSi;

Centro Especializado de Reabilitação (CER): critérios de encaminhamento e compartilhamento de casos;


- São serviços de referência regulados via SISREG, que oferecem atenção especializada em reabilitação para
pessoas com deficiência temporária ou permanente; progressiva, regressiva ou estável; intermitente e
contínua; severa e em regime de tratamento intensivo.

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