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Atenção à Saúde Mental na

Saúde das Crianças e


Adolescentes

Pedro de Sousa Leite


Médico formado pela Estácio-FMJ
Especialização em Psiquiatria Clinica- IBCMED
Especialização em Terapia Cognitiva Profissional – Ethos
Mestrando em Saúde Publica – Funiber
Médico atuante no SAMU CE
Médico atuante no CAPS 1 - Ico

Instagram.:dr.pedrols
Infanto-Juvenil: crianças e
adolescentes sofrem e adoecem

- Sofrimento psíquico X prejuízo no


desenvolvimento;
- Impacto nas famílias;
- Risco de TMs na vida adulta.
Pensar sobre crianças e adolescentes é pensá-los a
partir de seus contextos: seu desenvolvimento singular,
sua família e outros laços sociais; as rotinas diárias; a
sua comunidade e os outros espaços de socialização, a
creche, a pré-escola, a escola, o lazer.
Saúde Mental das
Crianças e
Adolescentes
• Crianças e adolescentes x escola;
• Fase de Adolescência;
• Suicídio e tentativa de suicídio na
adolescência.
Experimentalismos múltiplos: o uso de
drogas na adolescência
- Maconha, bala (LSD-ácido lisérgico), doce (ecstasy- MDMA=
Metileno Dióxido Metanfetamina), cocaína, crack, cristal
(metanfetamina potente), etc... circulam, “soltos”, na vida dos
adolescentes.

- De acordo com estudos, a maconha apresenta um risco potencial


para o desenvolvimento de transtornos esquizofrênicos,
particularmente em indivíduos vulneráveis.

- Esse risco parece estar diretamente relacionado à freqüência e ao


uso precoce

- Sindrome Amotivacional: desinteresse generalizado, mas


principalmente pelos estudo/escola. Risco de evasão escolar.
Experimentalismos múltiplos: o uso de
drogas na adolescência

-Iniciativas com o objetivo de reduzir o uso de maconha entre os

jovens: impacto positivo na prevenção de futuros casos de


esquizofrenia.

-Campanhas esclarecedoras sobre esses achados p/ jovens são

necessárias e relevantes.
Os principais grupos
diagnósticos

• Problemas internalizantes / transtornos emocionais: mais comuns em


meninas;
• Problemas externalizantes / transtornos do comportamento disruptivo:
mais comuns em meninos;
• Transtornos do desenvolvimento.

A manifestação desses quadros clínicos está


associada a determinadas características
individuais, familiares, contextuais e experiências
de eventos traumáticos e/ou estressores.
Eventos Estressores
• Eventos de vida negativos;
• Rupturas de vínculos/perdas de laços;
• Violência;
• Doenças crônicas, hospitalizações.
Associações entre problemas de comportamento e variáveis do
ambiente familiar têm sido constantemente verificadas. A quantidade e
qualidade de eventos de vida negativos provenientes da família vem sendo
apontadas como particularmente prejudicial ao desenvolvimento infantil,
sendo fator predisponente aos problemas de saúde mental.
Ambiente Familiar

- Associações entre problemas de


comportamento e variáveis do ambiente
familiar têm sido constantemente
verificadas.

- A quantidade e qualidade de eventos de


vida negativos provenientes da família vem
sendo apontadas como particularmente
prejudicial ao desenvolvimento infantil,
sendo fator predisponente aos problemas
de saúde mental.
Ambiente Familiar
•Problemas de SM dos pais: depressão, uso de
álcool e outras drogas, explosividade, etc;
•Estresse materno x problemas internalizantes;
•Vínculos frágeis com o pai;
•Depressão materna X supervisão positiva X agravos
no desenvolvimento infanto-juvenil;
•Violência intra-familiar x problemas externalizantes e
internalizantes x uso de drogas.
A Violência como Estressor
Máximo
- A família serve como modelo para o aprendizado de
padrões comportamentais, emocionais e sociais dos
filhos. Quando existe violência, a família atua como
um modelo negativo, gerando comportamentos
prejudiciais à interação social e à SM das
crianças e adolescentes.

- Situações de violência física, abuso sexual e


violência psicológica causam enorme impacto no
desenvolvimento emocional e cognitivo.

- Crianças e adolescentes abrigados e a alta


vulnerabilidade psicossocial;
Condições financeiras
desfavoráveis

- Condições de pobreza configuram-se como


situações de violência.

- Instabilidade do ambiente familiar, privações,


falta de estímulos adequado, exclusão social,
restrição do espaço físico, violência intra-familiar,
violência urbana.
Saúde Mental das Crianças
e Adolescentes

Prevalência:
Segundo estimativas da Organização das
Nações Unidas (ONU), as crianças e
adolescentes representam respectivamente
cerca de 30% e 14,2% da população mundial.

Em revisão de literatura internacional: a média


global da taxa de prevalência de transtornos
mentais nessa população foi de 15,8%.
Saúde Mental das
Crianças e
Adolescentes
No Brasil:
- 10-20% sofre com transtornos mentais;
- 3-4% necessita de tratamento intensivo;
- Estudos entre 1980 e 2006 apontam
prevalência de 12,6%-35% (informantes eram
os pais ou as crianças) e de 7%-12,7%
(através de entrevista diagnóstica).
Saúde Mental das
Crianças e
Adolescentes
Estudos no Brasil realizados entre 1980 e
2006:
- Pré-escolares (0-6 anos): 10,2%
- Pré-Adolescentes (6-12,13 anos): 13,2%
- Adolescentes (12 ou 13 anos – 19 anos):
16,5%
Transtornos mais
prevalentes
• Transtornos ansiosos;
• Depressão;
• Transtornos de Comportamento, incluindo o
TDAH;
• Uso de substâncias.
Os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
têm se mostrado cada vez mais visíveis e
prevalentes.
Saúde Mental das
Crianças e Adolescentes
Estudo da OMS:
- Escassez de recursos para promoção da
saúde mental infanto-juvenil é de várias
ordens: econômica, humana, fragilidades nos
serviços de atendimento, falta de programas
de capacitação e de políticas de saúde
mental específicas para essa faixa etária.
Política de Saúde Mental Infanto-Juvenil:
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)

• Atenção Básica: ESF e UBS;


• Equipes de AB para populações específicas:
equipes de consultório de rua;
• NASF;
• CAPS i Centros de Convivência e Cultura;
• Atenção de Urgência e Emergência: UPAS,
SAMU;
• Atenção hospitalar
Fatores relacionados ao baixo
reconhecimento de PSM pelos
pediatras da AB:

- Falhas no processo de organização do


trabalho:
- O tempo curto das consultas;
- A falta de profissionais especializados
que possam servir de suporte;
- Dificuldade para encaminhamento para os
serviços especializados.
Fatores relacionados ao baixo
reconhecimento de PSM pelos
pediatras da AB:
Desvalorização das tecnologia leves da SM:
- As tecnologias de intervenção privilegiam
medicamentos e intervenções “duras” e
valorizam pouco outras abordagens;
- Dar atenção, ver e conversar mais vezes,
escutar não são consideradas tecnologias
de cuidado.
Fatores relacionados ao baixo
reconhecimento de PSM pelos
pediatras da AB:
Dificuldades na incorporação dos aspectos
psicossociais nas práticas cotidianas:
- “quando a gente entra neste campo
parece que a gente não é mais médico”;
- Processo saúde-doença fica restrito aos
seus componentes físicos, biológicos e
visíveis.
Tecnologias Leves de Cuidado
(Mehry):
- Acolhimento e escuta qualificada;
- Trabalhar com a lógica do Projeto Terapêutico
Singular (PTS) ou Individual;
- Na avaliação das crianças pode-se lançar mão de
questionários padronizados como o Questionário
de Capacidades e Dificuldades (SDQ);
Tecnologias Leves de Cuidado
(Mehry):

- Equipes com suporte de profissionais


especializados em SM - psicóloga, psiquiatra,
fonoaudióloga, psicopedagoga, terapeutas
ocupacionais etc - e não especializados em SM:
educador físico, arte educador, etc /
INTERPROFISSIONALIDADE;
-Psicoterapia individual e em grupo.
Tecnologias Leves de
Cuidado
- Oficinas de autoexpressão, grupos de
conversa, grupos educativos e de
protagonismo;

- Grupo de pais: rodas de conversa sobre o


cuidado dos filhos;
Tecnologias Leves de
Cuidado
- Na abordagem de relações conflituosas: promover o
fortalecimento de vínculos familiares através de incentivo à
criação de acordos de convivência quanto à organização da
rotina; material educativo com orientações aos cuidadores
sobre como estimular os filhos;

- Para abordar as dificuldades de acesso ao lazer:


projetos de brinquedoteca comunitária, biblioteca
comunitária, hortas, projetos esportivos, caminhadas em
família;
Tecnologias Leves de Cuidado
- Na abordagem de problemas escolares:
Projeto Saúde-Escola / parceria do Ministério
da Saúde e Ministério da Educação: ações
estendidas ao ambiente escolar;

- Solicitar relatório escolar; estabelecer espaço


e horários para o estudo em casa, criando
rotina e participação dos pais ou cuidadores.
Para Concluir
- Reconhecimento e diagnóstico precoce das
situações de risco e do sofrimento/sintomas;
- Cuidado multiprofissional;
- Cuidado compartilhado com famílias e escolas;
- Reflexão entre as equipes sobre os PSM de crianças
e adolescentes;
- Educação permanente e qualificação das equipes;
- Compartilhamento das experiências exitosas.
Fontes / Bibliografia
-Atenção Psicossocial a Crianças e Adolescentes no SUS:
tecendo redes para garantir direitos / Ministério da Saúde,
Conselho Nacional do Ministério Público. -Brasília: Ministério da
Saúde, 2014.
-Barata, MFO; Nóbrega KBG; Jesus, KCS; Lima, MLLT;
Facundes, VLD. Rede de cuidado a crianças e adolescentes em
sofrimento psíquico: ações de promoção à saúde. Rev Ter Ocup
Univ São Paulo. 2015 maio-ago:225-33.
-Ciência & Saúde Coletiva. Violência e Saúde Mental na Infância
e Adolescência. ABRASCO. Volume 14 número 2. Março/Abril
2009.
-Couto, Maria Cristina Ventura; Delgado, Pedro Gabriel Godinho.
Crianças e Adolescentes na Agenda Política da Saúde Mental
Brasileira: Inclusão tardia, Desafios atuais. UFRJ, 2014.
-Ferriolli, SHT; Marturano, EM; Puntel, LP. Contexto Familiar e
Problemas de Saúde Mental Infantil no Programa Saúde da
Família. Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental. FMRP.
USP
Outras Indicações
Autismo:
https://promolifepro.com/autismo/
Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH): orientações
para a família. Rosimeire C. S. Desidério*; Maria Cristina de O. S.
Miyazaki**
Suicídio na adolescência: fatores de risco, depressão e gênero 
Luiza de Lima Braga; Débora Dalbosco Dell'Aglio
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rua Ramiro Barcelos,
2600, sala 115, 90035-003, Porto Alegre/RS.  

Percepção de professores de escola pública sobre saúde mental.


Soares, AGS; Estanislau,G; Brietzkel,E; Lefèvre, F; Bressan, R.
In: Rev Saúde Pública 2014;48(6):940-948

O Começo da Vida. Estela Renner. RS/ Brasil. Filme / documentário


- está disponível no NETFLIX
Bebês. Filme / documentário - está disponível no Youtube
GUIA PRÁTICO de Manual do
Matriciamento MS
em Saúde Mental

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