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PSICOTERAPIA INFANTO JUVENIL

Profa.: Rosário Afonso Ribeiro Avelino


SAÚDE MENTAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

* Crianças e adolescentes x escola;


* Fase de Adolescência
* Suicídio e tentativa de suicídio na
adolescência.
CRIANÇAS E ADOLESCENTES SOFREM E ADOECEM

- Sofrimento psíquico X prejuízo no


desenvolvimento;

- Impacto nas famílias;

- Risco de adoecimento na vida adulta


Pensar sobre crianças e adolescentes é
pensá-los a partir de seus contextos: seu
desenvolvimento singular, sua família e
outros laços sociais; as rotinas diárias; a
sua comunidade e os outros espaços de
socialização, a creche, a pré-escola, a
escola, o lazer.
Os principais grupos diagnósticos

• Problemas internalizantes / transtornos emocionais: mais


comuns em meninas;
• Problemas externalizantes / transtornos do comportamento
disruptivo: mais comuns em meninos;
• Transtornos do desenvolvimento.

A manifestação desses quadros clínicos está associada a


determinadas características individuais, familiares,
contextuais e experiências de eventos traumáticos e/ou
estressores.
PRICIPAIS EVENTOS EXTRESSORES

• Eventos de vida negativos;

• Rupturas de vínculos/perdas de laços;

• Violência;

• Doenças crônicas, hospitalizações.

Associações entre problemas de comportamento e


variáveis do ambiente familiar têm sido
constantemente verificadas. A quantidade e qualidade
de eventos de vida negativos provenientes da família
vem sendo apontadas como particularmente prejudicial
ao desenvolvimento infantil, sendo fator predisponente
aos problemas de saúde mental.
AMBIENTE FAMILIAR

- Associações entre problemas de comportamento e


variáveis do ambiente familiar têm sido constantemente
verificadas.

- A quantidade e qualidade de eventos de vida negativos


provenientes da família vem sendo apontadas como
particularmente prejudicial ao desenvolvimento infantil,
sendo fator predisponente aos problemas de saúde mental .
AMBIENTE FAMILIAR

•Problemas de SM dos pais: depressão, uso


de álcool e outras drogas, explosividade, etc;
•Estresse materno x problemas
internalizantes;
•Vínculos frágeis com o pai;
•Depressão materna X agravos no
desenvolvimento infanto-juvenil;
•Violência intra-familiar x problemas
externalizantes e internalizantes x uso de
drogas.
A Violência como Estressor Máximo

- A família serve como modelo para o aprendizado de padrões


comportamentais, emocionais e sociais dos filhos. Quando existe
violência, a família atua como um modelo negativo, gerando
comportamentos prejudiciais à interação social e à SM das crianças e
adolescentes.

- Situações de violência física, abuso sexual e violência psicológica


causam enorme impacto no desenvolvimento emocional e cognitivo.

- Crianças e adolescentes abrigados e a alta vulnerabilidade psicossocial;


Condições financeiras desfavoráveis

-Condições de pobreza configuram-se como situações


de violência.

- Instabilidade do ambiente familiar, privações, falta


de estímulos adequado, exclusão social, restrição do
espaço físico, violência intra-familiar, violência
urbana.
Transtornos mais prevalentes

• Transtornos ansiosos;
• Depressão;
• Transtornos de Comportamento, incluindo o TDAH;
• Uso de substâncias.

Os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) têm se


mostrado cada vez mais visíveis e prevalentes.
DIFICULDADES REFERENTES AO ADOECIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Estudos da OMS apontam uma necessidade de investimento em

políticas públicas para cuidado de crianças e adolescentes.

Afirma haver uma escassez de recursos para promoção da saúde

mental infanto-juvenil é de várias ordens: econômica, humana,

fragilidades nos serviços de atendimento, falta de programas de

capacitação e de políticas de saúde mental específicas para essa

faixa etária.
LENDA DO PÉGASO
Moraes Moreira
 Era uma vez, vejam vocês, um passarinho feio
Que não sabia o que era, nem de onde veio
Então vivia, vivia a sonhar em ser o que não era
Voando, voando com as asas, asas da quimera
Sonhava ser uma gaivota porque ela é linda e todo mundo nota
E naquela de pretensão queria ser um gavião
E quando estava feliz, feliz, ser a misteriosa perdiz
E vejam, então, que vergonha quando quis ser a sagrada cegonha
E com a vontade esparsa sonhava ser uma linda garça
E num instante de desengano queria apenas ser um tucano
E foi aquele, aquele ti-ti-ti quando quis ser um colibri
Por isso lhe pisaram o calo e aí então cantou de galo
Sonhava com a casa de barro, a do joão-de-barro, e ficava triste
Tão triste assim como tu, querendo ser o sinistro urubu
E quando queria causar estorvo então imitava o sombrio corvo
E até hoje ainda se discute se é mesmo verdade que virou abutre
E quando já estava querendo aquela paz dos sabiás
Cansado de viver na sombra, voar, revoar feito a linda pomba
E ao sentir a falta de um grande carinho então cantava feito um
canarinho
E assim o passarinho feio quis ser até pombo-correio
Aí então Deus chegou e disse: Pegue as mágoas
Pegue as mágoas e apague-as, tenha o orgulho das águias
Deus disse ainda: é tudo azul, e o passarinho feio
Virou o cavalo voador, esse tal de Pégaso
 
Fatores relacionados ao baixo reconhecimento de problemas
Associados à Saúde Mental de Crianças e Adolescentes

- Deficiência na formação:

- Foco nos aspectos físicos x desvalorização dos aspectos

psicossociais;

- Consultas focalizam na pesquisa de sintomas que podem ser

comprovados pelos exame físico e exames complementares.


Dificuldades enfrentadas pelos profissionais

O tempo curto das consultas;


- A falta de profissionais especializados que
possam servir de suporte;
- Dificuldade para encaminhamento para os
serviços especializados.

Desvalorização das tecnologia leves da SM:

- As tecnologias de intervenção privilegiam medicamentos e

intervenções “duras” e valorizam pouco outras abordagens;

- Dar atenção, ver e conversar mais vezes, escutar não são

consideradas tecnologias de cuidado.


Sobre a dificuldade de acolher as questões
de Saúde Mental, os pediatras,
mencionaram:
- A linguagem rebuscada do campo da
Saúde Mental (especialmente a
psicanálise)
- As características de personalidade do
profissional
- As deficiências na formação que
privilegia os aspectos físicos/biológicos
- Ausência de instrumentos de intervenção
práticos.
HIPOTÉSES DIAGNÓSTICAS MAIS COMUNS

• Aquelas relacionadas à área dos transtornos específicos do

desenvolvimento (linguagem) ou somática (enurese,

bruxismo) foram as hipóteses diagnósticas mais freqüentes.

• Hipóteses diagnósticas de transtornos ansiosos ou

depressivos - que na literatura internacional correspondem

a uma prevalência média de 10% - não foram feitas pelos

médicos.
PAPEL DOS PAIS X PROBLEMAS DE SAÚDE MENTAL DE CRIANÇAS
E ADOLESCENTES

- Boa sensibilidade dos pais em relação aos PSM dos


filhos.

- A presença da preocupação dos pais não aumentou a


capacidade de diagnóstico pelos pediatras o que
aponta problemas na abordagem de questões da área
da saúde mental durante o atendimento médico.

As pesquisas demonstram que os pais, muitas vezes,


não trazem, espontaneamente, queixas sobre o
comportamento dos filhos para a consulta médica.
Tecnologias Leves de Cuidado

-Na abordagem de relações conflituosas: promover o

fortalecimento de vínculos familiares através de incentivo à

criação de acordos de convivência quanto à organização da

rotina; material educativo com orientações aos cuidadores

sobre como estimular os filhos;

- Para abordar as dificuldades de acesso ao lazer: projetos de

brinquedoteca comunitária, biblioteca comunitária, hortas,

projetos esportivos, caminhadas em família;


Tecnologias Leves de Cuidado

-Na abordagem de problemas escolares: Projeto

Saúde-Escola / parceria do Ministério da Saúde e

Ministério da Educação: ações estendidas ao

ambiente escolar;

- Solicitar relatório escolar; estabelecer espaço e

horários para o estudo em casa, criando rotina e

participação dos pais ou cuidadores.


Tecnologias Leves de Cuidado

- Trabalhar com a lógica de Projetos

Terapêuticos singular ou individual;

- Na avaliação das crianças pode-se lançar

mão de questionários padronizados de

avaliação

-Acolhimento e escuta qualificada;

- Oficinas de autoexpressão, grupos de


conversa, grupos educativos e de
protagonismo;

- Grupo de pais: rodas de conversa sobre o


cuidado dos filhos;
PROPOSTAS PARA POLÍTICAS PÚBLICAS / SAÚDE
MENTAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

-Equipes com suporte de profissionais

especializados em Saúde Mental - psicóloga,

psiquiatra, psicopedagoga, terapeutas

ocupacionais etc - e não especializados em SM:

educador físico, fonoaudiólogos, arte educador,

etc / INTERPROFISSIONALIDADE;

-Psicoterapia individual e em grupo


CONCLUINDO

- É necessário haver um reconhecimento e

diagnóstico precoce das situações de risco e do

sofrimento/sintomas;

- Cuidado multiprofissional;

- Cuidado compartilhado com famílias e escolas;

- Reflexão entre as equipes sobre os PSM de crianças

e adolescentes;

- Educação permanente e qualificação das equipes;

- Compartilhamento das experiências exitosas.


Resumo

• O bem-estar mental é uma das dimensões básicas da vida saudável

• Os profissionais de saúde devem promover o bem-estar mental de


seus pacientes por meio do reconhecimento de fatores de risco e de
proteção, da intervenção precoce, do tratamento e da reabilitação de
portadores de transtornos mentais

• Aspectos relacionais e psicológicos estão sempre presentes nos


contatos entre os profissionais de saúde, seus pacientes e as famílias
• Mente e corpo representam duas facetas complementares da
realidade, interagindo de maneira complexa

• A mente humana se desenvolve ao longo da vida, pela interação das


tendências biológicas inscritas na programação genética e das
experiências, em especial as experiências afetivas com outras pessoas
• O desenvolvimento psicológico humano, base da futura
saúde mental, é dependente dos cuidados que a criança
recebe dos pais. Os cuidados à criança influenciam o
aprendizado, a formação de relações, a regulação das
emoções e o comportamento

• Perturbações nas relações interpessoais se inscrevem no


cérebro em desenvolvimento, gerando problemas mentais

• Existem duas vias de apreensão dos fenômenos mentais, a


objetiva (pela observação do comportamento e das mudanças
fisiológicas decorrentes de emoções) e a subjetiva
(apreensível por meio da empatia).
FONTES /BIBLIOGRAFIA

- PEREIRA Maria Cristina Riesinger Atenção à Saúde Mental na


Saúde das Crianças e Adolescentes
-Atenção Psicossocial a Crianças e Adolescentes no SUS:
tecendo redes para garantir direitos / Ministério da Saúde,
Conselho Nacional do Ministério Público. -Brasília: Ministério da
Saúde, 2014.
-Barata, MFO; Nóbrega KBG; Jesus, KCS; Lima, MLLT; Facundes,
VLD. Rede de cuidado a crianças e adolescentes em sofrimento
psíquico: ações de promoção à saúde. Rev Ter Ocup Univ São
Paulo. 2015 maio-ago:225-33.
-Ciência & Saúde Coletiva. Violência e Saúde Mental na Infância
e Adolescência. ABRASCO. Volume 14 número 2. Março/Abril
2009.
-Couto, Maria Cristina Ventura; Delgado, Pedro Gabriel
Godinho. Crianças e Adolescentes na Agenda Política da Saúde
Mental Brasileira: Inclusão tardia, Desafios atuais. UFRJ, 2014.
-Ferriolli, SHT; Marturano, EM; Puntel, LP. Contexto Familiar e
Problemas de Saúde Mental Infantil no Programa Saúde da
Família. Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental. FMRP.
USP

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