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MENTAIS NA
INFÂNCIA
Lia Sanders
Alexandre Aquino
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
▪ Descrever o panorama atual e a epidemiologia dos transtornos mentais na
população pediátrica
▪ Reconhecer quais são os transtornos de ansiedade típicos da infância e
adolescência
▪ Avaliar e manejar quadros depressivos na infância e adolescência
▪ Diferenciar Transtorno de Oposição Desafiante (TOD) de Transtorno da
conduta
▪ Identificar sinais e sintomas característicos do Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade
▪ Identificar os sinais precoces de Transtorno do Espectro Autista (TEA)
EPIDEMIOLOGIA
Descrever o panorama atual e a epidemiologia dos
transtornos mentais na população pediátrica
EPIDEMIOLOGIA
▪ Uma entre quatro a cinco crianças e adolescentes no mundo apresenta
algum transtorno mental.
▪ Crianças e adolescentes representam respectivamente cerca de 30% e
14,2% da população mundial.
▪ Prevalência mundial de transtornos mentais nessa população: 15,8%
▪ Pré-escolares: 10,2%
▪ Adolescentes,: 16,5%
▪ No Brasil: 7 a 12,7%
OU
TRANSTORNO DE
OPOSIÇÃO
DESAFIANTE
(TOD)
CRITÉRIOS DO DSM-5
B. A perturbação do
comportamento causa
comprometimento
clinicamente
significativo do
funcionamento social,
acadêmico ou
ocupacional
C. Os comportamentos
não ocorrem
exclusivamente durante
o curso de um
Transtorno Psicótico ou
Transtorno do Humor
Forma de
Intensidade Duração
apresentação
EXEMPLO
▪ Pode ser considerado normal que um aluno irrite-se ao
receber uma repreensão de um professor por um
comportamento inadequado, mas será motivo de
preocupação se essa irritação for expressa com reações
como xingamentos e agressões verbais e se esse
comportamento for persistente e não estiver
relacionado a apenas uma pessoa ou situação.
EPIDEMIOLOGIA
▪ 5 a 10% das crianças e dos adolescentes têm comportamentos
de oposição ou de agressividade de forma persistente;
▪ Meninos: maior prevalência;
▪ Meninas: manifestação indireta de agressividade (verbal e
relacional)
HISTÓRICO DO TDAH
Dostoiévski (1821-1881): romance
Niétotchka Niezvânova (1849):
[...] mas a menina travessa mal
vinha passar ali alguns
instantes; não conseguia parar
quieta. Movimentar-se
continuamente, correr, pular,
fazer barulho por toda a casa,
era para ela uma necessidade
imperiosa. Por esse motivo,
declarou-me, já no primeiro
dia, que se aborrecia
horrivelmente de ficar sentada
comigo[...]
HISTÓRICO DO TDAH
SÉCULO XX
George F. Still (1868-
1941): primeira descrição
médica detalhada do
TDAH (Lancet, 1902).
“Defeito permanente ou
temporário do controle
moral”.
HISTÓRICO DO TDAH
TDAH NO SÉCULO XX
▪ Economo (1876-1931): “transtorno comportamental pós-encefalítico” durante
epidemia de influenza de 1918-19
▪ Déc. 30 e 40: “Lesão cerebral mínima”
▪ Déc. 50 a 70: “Disfunção cerebral mínima”
▪ Strother (1973): “Síndrome hipercinética”
▪ Bradley (1937): efeito terapêutico de anfetaminas no controle de distúrbios do
comportamento em crianças
▪ Leandro Panizzon (1944): sintetiza o metilfenidato, indicado para tratar astenia e
depressão.
▪ Final da déc. 50: uso sistemático em crianças com TDAH
▪ Déc. 70: uso em adultos com TDAH
(Barkley, 1998)
DSM-II (1968): reação
hipercinética da infância
ou adolescência
DSM-III (1980):
transtorno de déficit de
atenção
DSM-IV (1994) e DSM-IV
TR (2000): TDAH
(Barkley et al., 2002; Fayad et al., 2007; Visser e Lesesne, 2003; Polanczyk et al., 2007)
EPIDEMIOLOGIA
▪ Prevalência no Brasil
▪ 3,5% em amostra de 484 crianças da 1ª série do Ensino
Fundamental de Porto Alegre (RS) (Guardiola, 1994)
▪ 5,8% em amostra de 1013 adolescentes entre 12 e 14 anos
de Porto Alegre (RS) (Rohde et al., 2000)
▪ 8,6% em estudantes de uma escola no Rio de Janeiro (RJ)
(Pastura, Mattos e Araújo, 2007)
Reprovação escolar TDAH
< escolaridade
Gravidez na adolescência
DSTs
Abuso de substâncias
Suscetibilidade a acidentes
Acidentes de carro
Prisões
Encarceramentos Por que tratar o
Demissões TDAH?
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
1. Barkley. Attention-deficit hyperactivity disorder, 1998; 2. Barkley et al. JAACAP 1990; 3. Biederman et al. Arch Gen Psych 1996; 4. Weiss et al. JAACAP 1985; 5. Satterfield, Schell. JAACAP 1997;
6. Biederman et al. Am J Psych 1995.
É só um problema
psicológico? Falta de
limites pelos pais?
NEUROIMAGEM FUNCIONAL E TDAH
▪ Kim et al. (2002): amostra de 40 crianças com TDAH e um grupo-controle de
17 crianças – perfusão diminuída no córtex pré-frontal lateral, temporal
medial direito e cerebelo, e aumentada nas regiões posteriores (parietal e
occiptal)
▪ Durston et al. (2003): estudo com PET e com o teste neuropsicológico go/no
go, crianças com TDAH não ativaram a região frontoestriatal tão
eficientemente quanto as crianças do grupo controle.
▪ Durante tarefas envolvendo controle inibitório, hipoativação no córtex pré-
frontal e hiperativação no cíngulo anterior em crianças com TDAH com
maior dificuldade de inibição de resposta (Rubia et al.,1999; Schulz et al., 2005; Zang et
al., 2005; Smith et al.,2006).
BIEDERMAN, J.; FARAONE, S.V. Attention-deficit hyperactivity disorder. Lancet. 2005 Jul 16-22;366 9481):237-48.
SOUTULLO- ESPERÓN, C.; DIEZ-SUÁREZ, A. Manual de diagnóstico y tratamiento del TDAH. Madrid: Médica Panamericana, 2007, 176p.
GENÉTICA DO TDAH
▪ Fenótipo complexo e de herança multifatorial: participação de genes e
agentes mbientais (Thapar et al., 2007; Walis, Russell, Muenke, 208).
▪ 40% de efeito ambiental na variância do TDAH (Waldman e Gizer, 2006)
▪ Estudos com gêmeos: herdabilidade em torno de 76% (Mick, Faraone,
2008)
▪ Prevalência entre pais biológicos 3X maior do que entre pais adotivos de
de crianças com TDAH.
▪ Risco 2-8X maior nos pais das crianças afetadas do que na população
(Thapar et al., 2007; Mick, Faraone, 2008)
TDAH E GÊNERO
▪ Meninos têm de 5 a 9 vezes mais chances de serem encaminhados,
pois apresentam mais comportamento desafiador de oposição,
agressividade, confrontos, brigas e problemas de conduta (Bierderman et
al., 2002).
Hiperatividade Impulsividade
Quadro clínico
do TDAH
MUDANÇAS NO DSM-5
▪ Diagnóstico mais dimensional e respeitando os estágios de desenvolvimento
da criança
▪ Maior ênfase no comprometimento funcional
▪ Sintomas presentes antes dos 12 anos
▪ Retirada dos transtornos invasivos do desenvolvimento nos critérios de
exclusão
▪ Descrição de sintomas acompanhada de exemplos para ajudar na avaliação
▪ Often loses things needed for tasks and activities (e.g., school materials, pencils,
books, tools, wallets, keys, paperwork, eyeglasses, or mobile telephones).
DIAGNÓSTICO
▪ O diagnóstico do TDAH é clínico, baseado nos sintomas.
▪ Não há, até o momento, marcadores biológicos para o transtorno.
(Remschmidt; Global ADHD Working Group, 2005).
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente
(p. ex., parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de qualquer distração
óbvia).
d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos
escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (p. ex., começa as tarefas, mas
rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo).
1. Desatenção
e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p. ex.,
dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter materiais e
objetos pessoais em ordem; trabalho desorganizado e desleixado; mau
gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos).
e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado” (p. ex., não
consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em
restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como inquieto ou difícil de
acompanhar).
2. Hiperatividade
f. Frequentemente fala demais.
g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta
sido concluída (p. ex., termina frases dos outros, não consegue aguardar
de falar).
h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (p. ex.,
aguardar em uma fila).
i. Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., mete-se nas
conversas, jogos ou atividades; pode começar a usar as coisas de outras
pessoas sem pedir ou receber permissão; para adolescentes e adultos,
pode intrometer-se em ou assumir o controle sobre o que outros estão
fazendo).
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
B. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-
impulsividade estavam presentes antes dos 12 anos de idade.
C. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-
impulsividade estão presentes em dois ou mais ambientes (p.
ex., em casa, na escola, no trabalho; com amigos ou parentes;
em outras atividades).
D. Há evidências claras de que os sintomas interferem no
funcionamento social, acadêmico ou profissional ou de que
reduzem sua qualidade.
DIAGNÓSTICO DO TDAH
Com base nesses critérios, três apresentações de TDAH são
identificados:
▪ TDAH, Combinado: se ambos os critérios A1 e A2 estão reunidas nos
últimos 6 meses
▪ TDAH, Predominantemente Desatento: se o critério A1 for cumprido,
mas A2 critério não é satisfeito durante os últimos seis meses.
▪ TDAH, Predominantemente Hiperativo-Impulsivo: se for cumprido o critério
A2, mas não o critério A1, nos últimos seis meses.
COMORBIDADES
▪ Em 80% dos casos (Rohde; 2013)
▪ Transtornos disruptivos: 50-80%
▪ Transtornos de humor e de ansiedade: 20-50%
▪ Transtornos de aprendizagem: 25%
▪ Retardo mental e autismo
▪ Dependência química
▪ Tiques: 50%
▪ Transtornos de linguagem e do processamento auditivo
As medicações são
perigosas? Meu filho
vai ficar dopado?
TRATAMENTO
(Conners, 2002)
PSICOESTIMULANTES
▪ Tamanho de efeito: 0,8 a 1,1, o maior dos tratamentos
psiquiátricos
▪ Resposta clínica em 65 a 75% dos casos, em comparação com
5 a 30% tratados com placebo.
▪ Além da melhora dos sintomas centrais do TDAH:
▪ Progresso nas relações sociais
▪ Redução na agressividade
METILFENIDATO
Questões atuais no tratamento farmacológico do TDAH em adultos com metilfenidato. J. bras.
psiquiatr. vol.56 suppl.1 Rio de Janeiro 2007
LISDEXANFETAMINA
▪ Aprovada para crianças e adultos
▪ Eficácia semelhante ao metilfenidato
▪ Pró-droga: potencial de abuso reduzido
▪ 1/3 da dose ativa após a metabolização em lisina e d-anfetamina
▪ Efeito de longa duração
▪ 30, 50 e 70 mg
Existe um
superdiagnóstico de
TDAH?
TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
(TEA)
Identificar os sinais precoces de Transtorno do
Espectro Autista (TEA)
AUTISMO