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CURSO DE

Paralisia
Cerebral
Aula: Ensino de Habilidades

Material de Estudo

Professora Responsável:
Psicopedagoga Jéssica Cavalcante

www.institutoneuro.com.br
Paralisia
Cerebral

Curso com carga horária de 80 horas.

Elaborado e ministrado por Jéssica Cavalcante.

Disponível em www.institutoneuro.com.br
A autora reserva-se no direito de
proibir o compartilhamento e distribuição
desse documento.
Protegido por direitos autorais.
Manuseio exclusivo dos alunos do curso,
vinculados no site do Instituto Neuro.

Todo o conteúdo apresentado nesse


documento foi baseado em livros
renomados e artigos científicos. Algumas
citações são feitas ao longo do documento,
outras estão apresentadas na seção de
Referências, no final do mesmo.
Ensino de habilidades
Paralisia Cerebral
Em geral, a PC é caracterizada pela dificuldade em
medir força, distância e direção dos movimentos. Há também
falta de estabilidade do tronco ao movimentar os braços,
desorientação espacial, deficiência intelectual, entre outros.
Segundo Lou e Jiménez (1999), essas são algumas das
principais características que acompanham o PC. Ocorrem
também afecções na área da linguagem, especificamente na
expressão oral, apresentando alterações como:
Disartria: distúrbio da articulação dos fonemas decorrentes de
lesões das áreas do SNC que regem os músculos fonatórios.
Dislalia: comprometimento da capacidade de pronunciar
corretamente um fonema ou um determinado grupo de fonemas.
Disfemia: defeito de elocução caracterizado pela repetição de
sílabas ou palavras, com paradas espasmódicas que interrompem
a fluência verbal.
Disprosódia: distúrbios de sotaque, tom e ritmo da fala.
Disfonia: afetação na voz em qualquer uma de suas qualidades
timbre, altura, tom ou intensidade.
Noutras áreas de desenvolvimento, tem repercussões nas seguintes áreas:
- Causa sérias dificuldades de alimentação.
- Distúrbios respiratórios.
- Problemas de audição.
- Distúrbios visuais como estrabismo, anormalidades de rastreamento visual, baixa acuidade
visual.
- Distúrbios da sensibilidade tátil, térmica e da sensibilidade dolorosa.
- Distúrbios cognitivos, principalmente perceptivos.
- Atraso mental.
- Distúrbios convulsivos, as convulsões podem assumir a forma clássica de convulsões tônico-
clônicas como as convulsões focais (parciais) menos óbvias nas quais os únicos sintomas podem
ser tiques musculares.
- Atraso no crescimento e desenvolvimento: uma síndrome chamada falha de crescimento é
comum em crianças com paralisia cerebral moderada a grave.
- Mudanças emocionais e comportamentais.
- A incontinência é uma complicação comum da PC, causada pelo mau controle dos músculos
que mantêm a bexiga fechada.
A aprendizagem dos comportamentos e o desenvolvimento
das capacidades "perceptivo-motoras, comunicativo-linguísticas,
cognitivas e sócio-afetivas" (Puyuelo e Arriba, 2000, p. 73) surgem
das interações com o mundo que os rodeia. Alteração em qualquer
uma das áreas mencionadas traz repercussões nas demais, sendo
importante realizar atividades que permitam ao sujeito com PC ter
o máximo de oportunidades de ação sobre objetos e de interação
com adultos e pares.
A intervenção educativa com alunos que têm PC deve
oferecer todos os recursos para promover a aprendizagem, fazer as
adequações necessárias no processo de ensino-aprendizagem,
para que possam ser assumidas pela escola e pela família.
Durante a infância:
1. Desenvolvimento e habilidades sensório-motoras.
2. Habilidades de comunicação incluindo fala e linguagem.
3. Habilidades de ajuda pessoal.
4. A socialização e o desenvolvimento da capacidade de interagir
com os outros.
5. A aplicação das competências acadêmicas básicas nas atividades
da vida cotidiana.
6. A aplicação de raciocínio e juízo adequado no domínio do
ambiente.
7. Habilidades sociais e participação em atividades de grupo e
relacionamento interpessoal.
Durante a fase da adolescência e vida adulta, além das
anteriores:
8. Responsabilidades e ações profissionais sociais.
Embora o estudo do comportamento adaptativo seja
recente, em geral, as definições mencionadas acima
concordam em aspectos comuns como as expectativas de
desenvolvimento variam de acordo com a idade e o contexto
social e cultural em que o indivíduo cresce. Por isso é o estudo
e avaliação é importante , pois isso permitirá uma intervenção
psicopedagógica adequada.
Classificação de habilidades de
comportamento adaptativo
As habilidades de adaptação propostas pela American Association of
Intellectual and Developmental Disabilities (AAIDD) diferenciam dez
áreas, cada uma delas composta por uma ampla gama de habilidades. As
dez áreas ou dimensões das habilidades adaptativas são:
1. Comunicação: habilidades que incluem a capacidade de compreender
e transmitir informações através de comportamentos simbólicos como a
palavra falada, palavra escrita, sinais gráficos ou comportamentos não
simbólicos como expressão facial, expressão corporal, gestos.
2. Autocuidado: habilidades envolvidas em se arrumar, comer, vestir,
higiene e aparência física.
3. Competências para a vida no lar: competências relacionadas com o
funcionamento do lar, como cuidar da roupa, tarefas domésticas,
planejar e preparar refeições, entre outras.
4. Habilidades sociais: relacionadas às trocas sociais com outros
indivíduos, reconhecer sentimentos, regular o próprio comportamento,
enfrentar as demandas dos outros e adaptar o comportamento às
normas da sociedade em que está inserido.
5. Uso da comunidade: habilidades relacionadas ao uso adequado dos
recursos da comunidade, como usar transporte, fazer compras, ir à
escola, usar serviços médicos e áreas de lazer, entre muitos outros.
6. Autodireção: habilidades relacionadas a realizar ações como
aprender, seguir horários, interesses pessoais, buscar ajuda, completar
atividades, resolver problemas e habilidades de autodefesa.
7. Saúde e segurança: habilidades relacionadas à manutenção da saúde
como alimentação, identificação de sintomas de doença, sexualidade,
atendimento médico e hábitos pessoais. Habilidades relacionadas que
também incluem proteger-se do comportamento criminoso, usar o
comportamento apropriado na comunidade, expressar preferências e
desconforto, etc.
8. Acadêmicos funcionais: habilidades cognitivas relacionadas à
aprendizagem escolar, que têm aplicações diretas na vida, por exemplo,
leitura e escrita. É importante referir que estes não estão apenas
relacionados com a formação acadêmica mas com a aquisição de
competências funcionais em termos de vida autónoma.
9. Lazer e tempo livre: refere-se ao desenvolvimento de interesses no
tempo livre e no lazer, as competências incluem escolhas e interesses
por iniciativa própria, uso e fruição das possibilidades de lazer do lar e
da comunidade.
10. Trabalho: competências relacionadas com o exercício de um trabalho
a tempo inteiro ou parcial na comunidade, enquanto que em termos de
trabalho as competências específicas são o comportamento social
adequado e as competências relacionadas com o trabalho.
Como pode ser visto, o comportamento adaptativo
implica na conquista das habilidades necessárias para uma
adaptação satisfatória ao contexto em que o indivíduo se
desenvolve. Portanto, seu estudo torna-se uma necessidade
que permite o desenvolvimento de teorias que servem de
guia na pesquisa e na prática.
Conselho aos pais ou profissionais da educação para que
conheçam o desenvolvimento da criança, o que podem fazer sozinhos,
como cuidá-la e apoiá-la sem fazer por eles e sim fazendo com que se
esforcem por si:
- Considerar principalmente as características da criança, verificando
quais os comportamentos que venham desenvolver novas habilidades
e etc.
- Avaliar antes da intervenção se a criança tem noção do seu esquema
corporal básico (braços, pernas, cabeça, mãos, etc.), se reconhece as
noções de cima, baixo, dentro, fora, na frente e atrás, cores, formas,
tamanhos e se ele tem habilidades motoras que permitem que ele se
abaixe, vire, etc.
- A avaliação da criança nunca deve ser baseada em testes de
desempenho intelectual, pois muitas pessoas com PC apresentam QI
normal, mas seu desempenho pode ser limitado por distúrbios nas
habilidades motoras, de comunicação e visuais.
- Respeite os próprios ritmos de desenvolvimento da criança.
- Confie plenamente nas habilidades da criança.
- Dê segurança emocional à criança com relacionamentos estáveis ​e calorosos.
- Acompanhar a criança no desenvolvimento de um sentimento de eficácia e auto-
estima que a encoraje a explorar suas próprias habilidades e a apropriação das regras
de comportamento da sociedade, o que por sua vez lhe permite entrar no sistema de
limites e proibições sem grandes consequências ou frustrações.
- Oferecer reforços e empatia solidária pelos esforços da criança.
- Gerenciar uma linguagem que possa ser compreendida pela criança e seus pais ou
responsável.
- Considerar o material como ferramenta primordial, pois isso fortalecerá a
aprendizagem significativa, que deve estar ao alcance da criança, ser de cores
marcantes e de bom tamanho para que ela possa manipulá-lo com facilidade.
- Acompanhar a rotina diária com a mãe, pai ou responsável, para que eles vejam como
e quando devem fazer e estimulem a criança nas rotinas diárias como parte do dia a
dia.
ESTRATÉGIAS PARA O
ENSINO DE HABILIDADES
Reforço positivo: Processo de reforçar um comportamento
alvo para aumentar a probabilidade de que ele seja repetido

1. Escolha um comportamento alvo.


2. Reforçar o comportamento cada vez que ocorre e
imediatamente após se manifestar.
3. Ajude o sujeito quando for conveniente.
4. Variar o reforço.
5. Abordar o assunto com interesse na conduta que está
realizando.
Moldagem: Consiste em reforçar imediata e sistematicamente
aproximações sucessivas do comportamento-alvo até que o
comportamento-alvo seja estabelecido.

1. Escolha o comportamento alvo.


2. Obter dados de linha de base.
3. Escolher reforçadores eficazes.
4. Reforçar aproximações sucessivas do comportamento alvo cada
vez que ele ocorre.
5. Reforce o comportamento sempre que ocorrer.
Contrato de contingência: Método que pode ser usado para
individualizar a instrução, controle comportamental.

1. Escolha o comportamento alvo.


2. Escolha os reforçadores.
3. Avalie os resultados.
Economia de fichas: Um sistema de reforço no qual se ganham fichas,
qual são obtidos para uma variedade de comportamentos e usados ​para
adquirir uma variedade de reforçadores substitutos.

1. Escolha um comportamento alvo.


2. Apresentar o comportamento alvo ao indivíduo.
3. Desenvolvimento das regras.
4. Escolha o arquivo ou recurso apropriado.
5. Estabeleça os reforçadores pelos quais as fichas podem ser trocadas.
6. Elaboração de uma lista de recompensas.
7. Reforçar o comportamento aceitável.
8. Reelaboração da lista de recompensas.
Modelagem: Consiste em apresentar um comportamento
individual ou grupal para que o indivíduo o imite.

1. Escolha o comportamento alvo.


2. Apresente o modelo.
3. Escolha o reforçador.
4. Reforce o sujeito cada vez que ele imita.
HABILIDADES DE ATENÇÃO

A área de Habilidades de Atenção é composta


pelos seguintes Programas de Ensino:
1. Sentar
2. Esperar
3. Contato visual.
HABILIDADES DE LINGUAGEM RECEPTIVA

A área de Habilidades de Linguagem Receptiva é composta pelos


seguintes Programas de Ensino:
1. Seguir instruções de um passo
2. Seguir instruções de dois passos
3. Identificar partes do corpo
4. Identificar pessoas familiares
5. Identificar objetos
6. Identificar figuras.
A área de linguagem receptiva abrange habilidades relacionadas
à compreensão da fala de outras pessoas. Para que esse tipo de
compreensão aconteça é necessário relacionar aquilo que é ouvido a
outros estímulos do ambiente ou a ações.
HABILIDADES DE LINGUAGEM EXPRESSIVA

A área de Habilidades de Linguagem Expressiva é composta pelos


seguintes Programas de Ensino:
1. Apontar em direção a itens desejados
2. Produzir sons com função comunicativa
3. Imitar sons
4. Aumentar os pedidos vocais
5. Nomear pessoas familiares
6. Nomear objetos
7. Nomear figuras.
A área de linguagem expressiva abrange habilidades relacionadas a
fazer pedidos, comentários, recusas, oferecer e buscar informações, expressar
emoções, desejos, cumprimentar pessoas e narrar acontecimentos.
HABILIDADES PRÉ-ACADÊMICAS

A área de Habilidades Pré-Acadêmicas é composta pelos


seguintes Programas de Ensino:
1. Coordenação olho mão
2. Emparelhar objetos
3. Emparelhar figuras
4. Emparelhar figuras e objetos
5. Usar o lápis
6. Usar a tesoura.
O objetivo geral dos programas dessa área é ensinar habilidades
básicas, de caráter pedagógico, que são fundamentais para a realização
de atividades escolares e que também são requisitos para
aprendizagens mais complexas como a leitura, a escrita e a matemática.
Olhar para o que está fazendo (coordenação olho mão) é
fundamental para o comportamento de escrever. Perceber a diferença
entre estímulos e conseguir separá-los, considerando diferenças e
semelhanças (emparelhamentos), é importante para a leitura e para a
matemática. Fazer relação entre estímulos que são fisicamente
diferentes, mas que apresentam propriedades em comum
(emparelhamentos entre figuras e objetos) é necessário para a leitura
com compreensão.
Ser capaz de utilizar o lápis e a tesoura é imprescindível para a
realização da maioria das atividades escolares realizadas em sala de
aula.
É importante ressaltar que todas as atividades dessa área devem
ser realizadas com a criança sentada à mesa, semelhante ao que é feito
em ambiente escolar.
HABILIDADES DE AUTO-CUIDADO

As habilidades de autocuidado são um conjunto de habilidades


práticas que as pessoas desenvolvem para o autocuidado e o
funcionamento na vida diária. Eles abrangem atividades diárias que são
aprendidas a realizar automaticamente de acordo com a idade e as
demandas do ambiente. As habilidades de autocuidado também são
chamadas de habilidades de cuidado pessoal, autoajuda ou autonomia
pessoal, dentre as quais estão: alimentação, controle esfincteriano, vestir-
se, arrumar-se...
No entanto, as pessoas com PC podem ter grandes dificuldades em
desenvolver essas habilidades, devido ao distúrbio motor que sofrem e aos
problemas associados a ela. Muitas crianças com e sem deficiência
aprendem habilidades de autocuidado observando seus pais ou irmãos e
imitando o que eles fazem. Nesse sentido, Bender e Valletutti (1981)
indicam que os problemas apresentados por crianças com algum tipo de
transtorno podem estar relacionados à incapacidade de se manterem como
pessoas autônomas e independentes nas atividades da vida diária.
A maioria dos indivíduos possui habilidades básicas nas
áreas biológica, psicológica e social que os distinguem de outras
espécies, tais como: desenvolvimento físico, habilidades
perceptivas, habilidades de aprendizado e resolução de problemas,
comunicação, desenvolvimento emocional, socialização,
autocuidado, hábitos de trabalho e ajuste a ela, que será definido
nos parágrafos seguintes, retornando a Macotela e Romay (1992):
- Desenvolvimento físico: Refere-se tanto ao desenvolvimento
motor quanto ao desenvolvimento perceptivo.
- Habilidades perceptivas: Inclui a percepção de estímulos
auditivos, visuais, táteis, olfativos e gustativos.
HABILIDADES DE APRENDIZAGEM E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Eles estão relacionados às habilidades cognitivas de pensamento


e conhecimento.
- Comunicação: Inclui habilidades verbais, gestuais e escritas
relacionadas à linguagem receptiva e expressiva.
- Desenvolvimento emocional: Refere-se ao comportamento que afeta o
relacionamento do indivíduo com outras pessoas, bem como interesses,
habilidades, valores ou expressões emocionais.
- Socialização: Aponta a relação social do indivíduo com as pessoas ao
seu redor e a interação nas atividades sociais.
- Cuidados pessoais: Habilidades que permitem ao indivíduo satisfazer
suas necessidades básicas de subsistência.
- Hábitos de trabalho e adaptação a ele: Inclui as habilidades para
realizar rotinas de trabalho de forma independente.
DESENVOLVIMENTO MOTOR

A maioria das crianças desenvolve habilidades motoras na mesma


ordem e aproximadamente na mesma idade. Sheridan (2002) indica que no
desenvolvimento motor normal as crianças seguem orientações bastante
semelhantes, porém, se a idade em que determinada habilidade deve ser
adquirida não for adequada, deve ser considerada como um sinal de alerta,
pois isso terá repercussões desenvolvimento. o progresso da criança. “O
desenvolvimento motor normal é caracterizado por uma aquisição gradual do
controle postural, tônus ​muscular, reações de endireitamento e equilíbrio,
progressão nas habilidades motoras manuais, desaparecimento dos reflexos
primitivos” (Puyuelo, 2000, p. 19).
No entanto, uma criança com PC apresenta grandes diferenças no
padrão e na idade em que domina certas habilidades motoras, em casos graves
pode nunca desenvolvê-las e os reflexos primitivos persistem. Segundo
Puyuelo (2000), o tônus ​muscular, o controle postural ou os esquemas de
movimento serão realizados de acordo com um padrão anormal em indivíduos
com essa alteração.
DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

Para Puyuelo (2000), o desenvolvimento da linguagem normal se dá


pouco a pouco desde o nascimento da criança, começando pelo choro,
depois pelos gestos, balbucios, palavras, até chegar a uma comunicação
compreensível e socialmente aceitável, que em este aspecto indica o
seguinte:
O desenvolvimento da linguagem na criança é realizado de forma
interrompida desde o nascimento. Durante o primeiro ano a criança
desenvolve as bases da comunicação por meio das interações que realiza
com sua família, nas quais são muito importantes a mímica facial, a
entoação, a prosódia, a voz etc. funções de comunicação (p. 24).
No entanto, o desenvolvimento da linguagem da criança com PC
pode ser muito diferente, pois pode apresentar desde dificuldades leves até
problemas graves que impedem a criança de se expressar verbalmente.
Puyuelo (2000) aponta que a capacidade de comunicação dependerá do
desenvolvimento intelectual, mas também dependerá da capacidade de
controlar os músculos da boca, língua, palato e cavidade oral.
DESENVOLVIMENTO SOCIAL

A criança desde o nascimento começa a explorar e reconhecer as


pessoas e objetos que estão em seu ambiente. Com o passar do tempo,
desenvolve a linguagem que é o ponto de partida para interagir de
forma aceitável com a sociedade, adquirindo assim padrões de
comportamento social. Algumas teorias sugerem que a socialização só
se aprende por imitação, entretanto, outras destacam fatores cognitivos
e perceptivos do pensamento e do conhecimento, afirmando que a
maturidade social requer a compreensão das regras do comportamento
social (Puyuelo, 2000 ).
O desenvolvimento social da criança com PC pode ser muito
diferente, pois apresenta dificuldade ou incapacidade de interagir com
as pessoas. Para Puyuelo (2000), desde o momento do nascimento, o
distúrbio motor e a dificuldade comunicativa limitam a capacidade da
criança de explorar e interagir com o contexto, tendo impacto
significativo na forma como a criança é percebida pelos outros e como
ela se percebe.
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

O desenvolvimento cognitivo está relacionado ao conjunto de


transformações que ocorrem ao longo da vida para aumentar o conhecimento
e as habilidades de perceber, pensar e compreender. Em relação ao
desenvolvimento da criança com PC, é difícil falar em características específicas
derivadas da lesão cerebral. Geralmente, a menos que existam transtornos
associados, como deficiência intelectual ou outros, as alterações observadas
são consequência da PC que podem afetar a disposição para adquirir, organizar
e assimilar esquemas de conhecimento.
Algumas pessoas com PC têm problemas intelectuais, mas nem
sempre é assim, podem até ter um QI normal ou superior, uma vez que o a
localização da lesão cerebral pode não ter influência no comprometimento
cognitivo. Nesse sentido, Busto (1988) indica que a avaliação da inteligência
vem sendo discutida, pois se diz que não é viável medir o QI de uma criança
com PC, pois os testes exigem expressão verbal e habilidades motoras que a
criança pode não possui e isso está fora de suas possibilidades.

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