Você está na página 1de 48

Psicofarmacologia na infância

Prof. Genilson Júnior


• Condições caracterizadas por
alterações doentias de pensar ou
Transtornos do humor e do comportamento
mentais associados à angústia expressiva
ou deterioração do
funcionamento psíquico global.

OMS
Um comportamento anormal ou
um curto período de anormalidade
não implica em transtorno mental
ou de comportamento.
Transtornos
mentais
Devem ser persistentes ( 6 meses
ou mais)
Infância e a adolescência –
A REALIDADE... períodos de despreocupação e
bênçãos.

Mascaramento de sinais e
sintomas – menosprezo, “coisas
da idade”

Entre 15-20% apresenta um ou


mais distúrbios mentais
diagnosticáveis.
Os distúrbios mentais mais comuns entre as
crianças e os adolescentes

• Depressão
• Transtornos do humor
• Transtornos de ansiedade
• Transtornos relacionados a estresse
• Transtorno obsessivo-compulsivo
• Transtornos comportamentais disruptivos (p.
ex., transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade [TDAH], transtorno de
conduta e transtorno desafiador opositivo)

• Psicoses (esquizofrenia) são bem menos comuns.


Irritabilidade

Comportamento despreocupado
Os sintomas
mais comuns e Explosões frequentes
semelhantes na
maioria dos Isolamento social
transtornos
mentais
Reclamações físicas frequentes

- Difícil identificação, é necessário avaliar os prejuízos funcionais


apresentados (dificuldades de se realizar atividades do dia a dia:
Relações interpessoais, escola, lazer. Etc.)
Interposição de sintomas
• É frequente que crianças e adolescentes tenham sintomas e problemas que se
interpõem e cruzam os limites diagnósticos.

P. Ex. > 25% das crianças com TDAH também têm transtorno de ansiedade, e 25%
atendem os critérios para transtorno de humor.
Psicológicos
- Capacidade de lidar com estresse;
- Abuso ou negligência
- Ausência de figura materna ou paterna
- Perdas

Ambientais
- Alteração de ritmos biológicos
Fatores - Estilo de vida errático
- Eventos adversos precoces

Biológicos
- Sistema límbico – desequilíbrio de aminas
biogênicas
- Eixos endócrinos
- Anormalidades do sono
- Alterações de ritmos cicardianos
- Herança genética
A avaliação mentais em crianças difere
dos adultos
• O contexto de desenvolvimento é muito importante nas crianças.
• Comportamentos normais na infância podem tornar doenças mentais graves nos adultos.

• As crianças geralmente não têm a sofisticação linguística e cognitiva necessárias para


descrever os seus sintomas de modo preciso. Portanto, o médico deve confiar em suas
observações diretas confirmadas pelas observações dos pais, professores e psicólogos.

• Em muitos casos, os problemas de desenvolvimento e comportamento (progresso


acadêmico insatisfatório, atraso na aquisição da linguagem, habilidades sociais deficitárias)
são difíceis de separar dos que resultam dos distúrbios mentais. Nestes casos, os testes de
desenvolvimento e neuropsicológicos devem fazer parte do processo de avaliação.
• Devido a estes fatores, a avaliação dos distúrbios mentais de uma
criança é muito mais complexa do que a de um adulto.

• Entretanto, a maioria dos casos não são graves e podem ser


conduzidos por um profissional competente e cuidadoso.

• Os casos graves devem ser encaminhados ao psiquiatra especialista


na área.
Absorção

Distribuição

Farmacocinética
Metabolização

Excreção
Diferente entra
crianças e adultos

• Sistema imaturo de metabolização


e excreção
• Substância fique mais tempo no
corpo do que o tempo necessário
• Efeito tóxico
Faixa terapêutica
Diferenças em
transtornos Infantis x
Adultos

• De modo global
- Comportamento fisiológico do organismo muda
em várias idades;
Esvaziamento, formação hepática (enzimas),
mecanismos de excreção

- Fatores associados ao medicamento;


Concentração, posologia, formulação
Diferença em
posologias...

• Não há consenso em relação à


determinação da posologia em
crianças. Em geral, os cálculos
usam peso, superfície corporal
e idade.
Transtornos mentais mais comuns em crianças e adolescentes
Depressão
• Transtorno sério em crianças e
adolescentes, aumento em sua
prevalência nos últimos anos.

• 2,5% das crianças e 8,3% dos jovens


podem apresentar depressão a
qualquer hora, e até 7% desses
adolescentes deprimidos podem
cometer suicídio.
Sintomas
- Tristeza frequente, persistente ou choro;
- Diminuição do interesse em atividades
agradáveis;
- Isolamento social ou comunicação
pobre;
- Quantidade incomum de tempo
sozinho;
- Aumento da irritabilidade, raiva e
hostilidade;
- Reclamações físicas frequentes;
- Comportamento autodestrutivo ou
conversas sobre suicídio
- Baixa autoestima e sentimentos de
culpa
• Todo o sistema de neurotransmissão
monoaminérgica de todas as três
monoaminas – Noradrenalina (NA),
Serotonina (5TH) e dopamine,
encontram-se deficientes.
Tratamento para crianças -
Antidepressivos
• Inibidores seletivos da recaptação da
serotonina (ISRSs) atualmente são considerados
os agentes de primeira escolha no tratamento da
depressão na criança.
• FLUOXETINA, SERTRALINA, Paroxetina ou
Citalopram.

- A escolha da medicação deve ser individualizada para cada


criança, e a opção por um remédio deve estar baseada
nos sintomas apresentados e no quadro clínico, após
avaliação detalhada.
• Outras situações que também podem influenciar nesta
escolha são a idade, as condições de saúde geral da
criança e o uso de outros medicamentos.
• Técnica de terapia, é muito importante para o tratamento
da criança, pois auxilia a um melhor enfrentamento dos
problemas, e permitindo a criação de melhores hábitos.

• É importante estimular todo o contexto social da criança,


envolvendo a participação dos pais e professores para
manutenção das orientações no dia-a-dia, que são
essenciais para ajudar na manutenção do foco e da
Psicoterapia atenção da criança.

e ações • Além disso, para prevenir o aparecimento da depressão


psicossociais infantil os pais devem dar atenção e ser carinhosos com os
filhos e fazer com que a criança pratique algum esporte ou
atividade, como teatro ou dança, para ajudar a desinibir e
ter maior facilidade em fazer amigos, o que são formas de
tratamento natural.

• Maior responsável na aceitação do tratamento (duas


semanas para começarmos a termos efeitos) e retiradas de
maneira escalonada.
Efeitos dos
antidepresivos
Efeitos colaterais
• Dor de cabeça, enjoo e tonturas, dor abdominal,
secura na boca, prisão de ventre, visão turva, e
devem ser sempre relatados ao médico para
avaliar a possibilidade de alterar a dose ou tipo
de medicamento.
• É diagnosticado geralmente
na adolescência.

• Períodos alternados de
Mania e Depressão

Transtorno bipolar
Mania:
Autoestima inflada;
Diminuição da necessidade de
sono e aumento da vigília;
Comportamento de alto risco;
Fala ou pensamentos rápidos
(por vezes, desorganizado)
Pensamentos faraônicos,
positividade excessiva!

Sintomas
É importante diagnosticar o transtorno
bipolar prematuramente.
- Risco de suicídio para essas pessoas.

Diagnóstico erroneamente como tendo


“apenas depressão”, medicamentos
utilizados podem ser incorretos e agravar
ainda mais os sintomas.
Tratamento, O poder da psicoterapia
Pesquisas feitas revelam que intervenções proporcionam o
desenvolvimento de habilidades que, sem nenhuma intervenção, não
possibilitam os pequenos e os jovens a uma vida com mais bem-
estar.
• Os procedimentos psicoterápicos proporcionam:
- Adesão – é fundamental aumentar a adesão do paciente ao
tratamento;
- Funcionamento social e ocupacional – melhorar o desempenho dos
pacientes em atividades sociais;
- Melhorar a detecção de sinais precoces de recorrências;
- Educar o paciente acerca de sua doença e suas medicações
(explicar os vários sintomas, esclarecer sobre prognóstico, instalar
esperança, envolver familiares);
- Promover um estilo de vida saudável, por exemplo, regularizar o
ciclo sono–vigília;
Tratamento: Medicamentoso

• Estabilizadores de humor: Lítio


• Medicamentos antipsicóticos que estabilizam o humor ( aripiprazol, quetiapina
e risperidona)
• Anticonvulsivantes que estabilizam o humor (carbamazepina e valproato).
• Antidepressivos: Fluoxetina

Devem ser usados com muito cuidado, pois o seu uso pode aumentar o risco de virada
maníaca, isto é, a passagem de um episódio depressivo para um episódio maníaco. Por isso,
são usados, sempre, em conjunto com o estabilizador de humor, a fim de diminuir este risco.
Transtornos de ansiedade
• Altamente prevalentes na
infância.
• Não confundir com ansiedade
habitual.
• O transtorno interfere no
comportamento normal e
funcional, na escola, lazer,
familia, etc.

• 13% das crianças e


adolescentes

• Os transtornos de ansiedade
também estão associados a
extensa comorbidade, inclusive
sobreposição de sintomas com
a depressão maior
Sintomas

• Muitas preocupações sobre coisas antes


de estas acontecerem;
• Preocupações ou interesses constantes
sobre o desempenho escolar, amigos,
jogos esportivos, etc...
• Pensamentos ou ações repetitivos;
• Medos extremos de cometer erros;
• Baixa autoestima
Neurotransmissor inibitório

Mecanismo
Elevação da atividade neuronal
• A TCC costuma ser a primeira escolha.
• O uso da medicação está associado à intensidade

• Mas se a pessoa não responde, se não há uma


Tratamento participação total do paciente e da família –
principalmente no caso de crianças menores -, “não
para funciona.”
ansiedade
• Quando esse tratamento não tem sucesso, a
combinação de medicação e terapia costuma ser eficaz.
São indicados antidepressivos inibidores da captação da
serotonina, começando por um período de seis meses,
um ano.
Tratamento para
ansiedade
• Os sintomas, os circuitos e os
neurotransmissores ligados a TA
apresentam grande sobreposição com os
do transtorno depressivo maior.

• Geralmente ISRSs para tratamento a


longo prazo e algumas vezes
benzodiazepínicos para aliviar sintomas
agudos.
- Fluoxetina,
- Diazepam, Alprazolam e clonazepam.
Transtorno Opositor Desafiador
• Pode acontecer em qualquer idade (prevalência maior entre os 6 a 12 anos de idade)
Frequentemente os sintomas são:
- Perda da calma;
- Discute com adultos (mesmo em situações lógicas)
- Desacata ou reusa obedecer solicitações ou regras;
- Adota comportamentos incomodativos;
- Responsabiliza os outros por seus erros ou mau comportamento
- Irrita-se com facilidade;
- Rancoroso ou vingativo.
Transtorno de conduta
• Enquanto todas as crianças, às vezes, exibirão
comportamentos de oposição, crianças e
adolescentes com transtorno de conduta
apresentam problemas mais sérios no
funcionamento social e familiar.

• 5,5% apresentam comportamento agressivo

• Essa desordem também coloca uma criança ou


adolescente em risco mais alto para o
comportamento suicida
Sintomas
• Agressão dirigida a pessoas ou animais.
• Destruição de propriedade;
• Furto ou roubo;
• Violação séria de regras

• É especialmente importante observar,


porém, que crianças ou adolescentes
que exibem tais sintomas podem ter
outros problemas de saúde mental = O
que exige um diagnóstico diferencial
Tratamento
• Transtorno desafiador opositivo = Um programa de
modificação do comportamento baseado em
recompensas projetado para tornar os
comportamentos da criança mais socialmente
apropriados. Terapia de grupo que edifica
habilidades sociais.

• Já nos transtornos de conduta: Cuida-se das


comorbidades com fármacos e psicoterapia =
melhorar a autoestima e o autocontrole e,
essencialmente, melhorar o transtorno de
conduta.

- Os fármacos: Estimulantes, estabilizadores do


humor e antipsicóticos atípicos, especialmente o uso
a curto prazo de risperidona.
Transtorno de
déficit de
atenção e
hiperatividade
(TDAH)
Considerado “um problema de saúde pública cujas
implicações consistem em atividades motoras
excessivas, na dificuldade em sustentar a atenção e,
no controle dos impulsos. Estas características podem
comprometer o comportamento funcional do
indivíduo no âmbito familiar, social, laboral e,
acadêmico.”

TDAH
Epidemiologia
• O TDAH é um problema de saúde mental
bastante frequente em crianças,
adolescentes e adultos em todo o mundo.

• As pesquisas internacionais e nacionais


indicam uma prevalência (frequência) do
transtorno entre 7 a 8% na população de
crianças em idade escolar e 4% dos adultos.
Desconstruindo...
Psicoterapia
• Indicada Terapia Cognitivo
Comportamental.

*Não existe até o momento nenhuma


evidência científica de que outras formas de
psicoterapia auxiliem nos sintomas de TDAH.
Psicofarmacologia TDAH
• Estimulantes (Lis-dexanfetamina, Metilfenidato)

• Caso o primeiro estimulante não tenha obtido o resultado esperado, tentar outro estimulante

• Atomoxetina

• Antidepressivos (imipramina, nortriptilina, brupropriona)


• Caso o primeiro antidepressivo não tenha obtido o resultado esperando, tentar outro antidepressivo

• Alfa-agonistas: Guanfacina, clonidina (anti-hipertensivo)



• RECOMENDAÇÃO DE LEITURA!

Tratamentos futuros do TDAH, pág.


712 (capítulo 12) STAHL, Stephen
M. Psicofarmacologia: bases
neurocientíficas e aplicações práticas.
4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2017.

Você também pode gostar