Você está na página 1de 117

PSICOFARMACOLOGIA

Metabolizadores Ultra-Rápidos: Indivíduos com duplicação de alelos


funcionais, o que leva a um aumento da velocidade de metabolização. Nestes
indivíduos, o medicamento é inativado e eliminado tão rapidamente que em
doses normais não exerce o seu efeito terapêutico. Nesta categoria incluem-se
muitos pacientes que não melhoram com nenhum medicamento em doses
convencionais.

Metabolizadores Normais/Extensivos: Indivíduos com dois alelos funcionais,


sem presença de polimorfismos. Para estas pessoas são recomendadas as
doses indicadas pela bula do psicofármaco, sendo esperada uma resposta
adequada ao tratamento.

Metabolizadores Intermediários: Apresentam variações das CYPs que


metabolizam os medicamentos mais lentamente que os normais. Nestes
casos, doses médias dos medicamentos poderão fazer seu efeito terapêutico.
Todavia, com o tempo, por ser eliminado mais lentamente, o medicamento se
acumula no corpo e poderá causar efeitos colaterais.

Metabolizadores Lentos: Indivíduos com dois alelos não funcionais que


causam deficiência da enzima, levando a um acúmulo do medicamento no
organismo em concentrações muito acima do desejável. Estes indivíduos
apresentam sérios efeitos colaterais e principalmente efeitos tóxicos, mesmo
com o uso de doses baixas ou médias dos medicamentos
As principais enzimas do citocromo P450 são o
CYP2D6, CYP2C19, CYP3A4, CYP2C9 e CYP1A2.
Estas cinco enzimas são responsáveis por
aproximadamente 90% de todos os fármacos
prescritos. Na área da psiquiatria são responsáveis
pela metabolização da maioria dos fármacos
prescritos dentro das várias classes de psicofármacos
Conclui-se, portanto, que o uso de psicofármacos tem a possibilidade de
causar hepatopatias, necessitando então de grande discernimento para
prescrevê-los, cuidado para associá-los e precaução com a realização de
exames, tanto antes do início da terapia quanto durante ela, para
monitorização do funcionamento do organismo do paciente.

Caso já haja doença hepática instalada, os cuidados com a administração


devem ser ainda maiores, para que o quadro do paciente não progrida,
levando ao aumento da morbimortalidade.

Uma das causas de insuficiência hepática aguda que podem originar


encefalopatia hepática é a hepatite medicamentosa. Um dos principais
eventos precipitantes da EH na doença hepática crônica é o uso de
fármacos com efeito sedativo, em particular psicofármacos.
Tipos de Psicofármacos
• Ansiolíticos / Hipnóticos
• Antidepressivos
• Antipsicóticos
• Estabilizadores do Humor
Os Inibidores da Monoaminoxidade (IMAO) foram os primeiros
fármacos com propriedades Antidepressivas a serem
utilizados. Estes medicamentos inibem a Monoaminoxidade
(enzima responsável pela destruição das vários
Neurotransmissores) e assim aumentam a quantidade de
Neurotransmissores disponíveis na Sinapse. Estes fármacos
demonstravam-se eficazes mas tinham elevada toxicidade e
risco de interações medicamentosas e alimentares.
Os Antidepressivos Tricíclicos apareceram no final
dos anos 50 do século XX. O primeiro Antidepressivo
desta classe e a ser descoberto foi a Imipramina. A
sua atividade antidepressiva ocorre por inibição da
recaptação da Serotonina e da Noradrenalina.
Exemplos de Antidepressivos Tricíclicos :
• Clomipramina (Anafranil®)
• Imipramina (Tofranil®)
• Amitriptilina (ADT®, Tryptizol®)
• Nortriptilina (Norterol®)
• Maprotilina (Ludiomil®)
Nos anos 80 foi descoberta a Fluoxetina (Prozac), o
primeiro Inibidor Seletivo da Recaptação da
Serotonina (ISRS). Este medicamento assim como os
outros desta classe revolucionaram o tratamento da
Depressão e de outras doenças psiquiátricas como as
perturbações de Ansiedade. São fármacos seguros e
eficazes no tratamento da Depressão e apresentam
baixa incidência de efeitos adversos.

• Fluoxetina (Prozac®, Digassim®, Tuneluz®,


Psipax®,etc.)
• Paroxetina
• Sertralina
• Escitalopram
• Citalopram
Mais recentemente apareceu uma nova classe
de Antidepressivos designados de IRSN. Entre
estes encontram-se a Venlafaxina (Efexor®,
Zarelix®) e a Duloxetina (Cymbalta®). A sua
atividade antidepressiva ocorre por inibição da
recaptação da Serotonina e da Noradrenalina.
O Valeriane é um medicamento usado como sedativo moderado e como
auxiliar no tratamento de distúrbios de sono associados à ansiedade. Este
remédio tem na sua composição extrato da planta medicinal Valeriana
officinalis, que age no Sistema Nervoso Central, exercendo um leve efeito
calmante e auxiliando na regularização dos distúrbios do sono.

Possíveis efeitos colaterais

Geralmente, o Valeriane é um medicamento bem tolerado, no entanto, em


algumas pessoas, podem surgir alguns efeitos colaterais, como tontura,
indisposição gastrointestinal, alergias de contacto, dor de cabeça e dilatação
da pupila.

Com o uso a longo prazo, também podem surgir alguns efeitos adversos,
como cansaço, insônia e desordens cardíacas.
Passiflora incarnata L. em drágeas ou solução oral é indicado para distúrbios
emocionais leves, insônia, ansiedade e irritabilidade.

Além disso, também pode ser usado para ajudar a adormecer.

Quando não devo usar?

Este remédio não deve ser usado por pessoas com hipersensibilidade a algum
componente da fórmula.

Além disso, não deve ser usado no primeiro trimestre de gravidez, em


menores de 2 anos de idade, asmáticos, pessoas com úlcera péptica ativa,
doença grave no fígado ou nos rins ou problemas de coagulação do sangue
A agomelatina é o primeiro fármaco antidepressivo que
apresenta um mecanismo de ação totalmente novo; possui
uma ação agonista sobre os receptores de melatonina
(MT1/MT2) e uma ação antagonista sobre os receptores de
serotonina (5-HT2C).
De acordo com as diretrizes para o tratamento da
depressão, as estratégias de intervenção que
devem ser utilizadas quando um paciente não
responde ao tratamento com antidepressivo
consistem em:

a) aumento de dose;
b) potencialização;
c) associação de antidepressivos;
d) troca de antidepressivo;
OBS) Sempre fazer associação com psicoterapia
ANSIOLÍTICOS
A ativação dos receptores facilita a ação do GABA, que
resulta na abertura de canais de cloreto e incremento do
influxo de cloreto no neurônio, o que leva a uma
diminuição da excitabilidade neuronal.

Já a buspirona, diferente dos benzodiazepínicos, age


como agonista parcial dos receptores de serotonina do
tipo 1A (5-HT1A), e sobre os receptores de dopamina
tipo 2 (D2), atuando tanto como agonista quanto
antagonista destes receptores.
Os Ansiolíticos são medicamentos que controlam a
Ansiedade ao passo que os Hipnóticos são
medicamentos cujo objetivo é a indução do sono.

Entre os fármacos com propriedades Ansiolíticas


encontram-se:
• Benzodiazepinas (BZD ́s)
• Buspirona
• Antidepressivos SSRI ́s e SNRI ́s
• Pregabalina e Gabapentina
Os ansiolíticos são indicados: a) no Transtorno de ansiedade generalizada
(BDZ, buspirona); b)no Transtorno de pânico (BDZ); c) na Fobia social
(BDZ); d) na insônia (BDZ); e) na Dependência ao álcool (BDZ); f) no delirium
tremens (BDZ); g) como coadjuvantes na mania (BDZ); h) na agitação; i) na
epilepsia (BDZ) e j) na acatisia.

A escolha por um ou outro BDZ baseia-se: a) na meia-vida; b) na rapidez do


início de ação; c) no metabolismo e d) na potência do fármaco.
Propriedades farmacológicas dos
benzodiazepínicos :

Sedativos – Hipnóticos - Ansiolíticos


Relaxantes musculares
Anticonvulsivantes
Estas propriedades variam de acordo
com os BZDs
Benzodiazepínicos atuam como agonistas
no complexo receptor de GABA.
∗ Sonolência excessiva diurna (“ressaca”)
∗ Piora da coordenação motora fina;
∗ Piora da memória (amnésia anterógrada);
Tontura, zumbidos;
∗ Quedas e fraturas;
∗ Reação Paradoxal: Consiste de excitação, agressividade e desinibição,
ocorre mais frequentemente em crianças, idosos e em deficientes mentais ;
∗ “Anestesia emocional” – indiferença afetiva a eventos da vida
∗ Idosos: maior risco de interação medicamentosa, piora dos desempenho
psicomotor e cognitivo (reversível), quedas e risco de acidentes no trânsito
Os BDZs não devem ser utilizados em pacientes com
hipersensibilidade a essas drogas, ou que apresentem
problemas físicos como glaucoma de ângulo
fechado, insuficiência respiratória ou doença pulmonar
obstrutiva crônica, miastenia gravis, doença hepática ou
renal graves (usar doses mínimas), bem como em
alcoolistas e drogaditos (Ballenger).
Custos sócio-econômicos do uso prolongado de BDZs
(12 meses ou mais)

∗ Risco aumentado de acidentes: no tráfego, em casa, no trabalho


∗ Risco aumentado de overdose em combinação com outras drogas
∗ Risco aumentado de tentativas de suicídio, especialmente em
depressão
∗ Risco de atitudes anti-sociais
∗ Contribuição para problemas na interação interpessoal
∗ Redução da capacidade de trabalho, desemprego
∗ Maior custo com internações, consultas, exames diagnósticos
As BZD´s foram introduzidas nos anos 60 e encontram-se entre os
fármacos mais prescritos na atualidade.

Os BZD s exercem um efeito Ansiolítico rápido e eficaz, mas induzem


dependência física e psicológica. O tratamento crónico com BZD´s não é
recomendado, devem sem utilizadas por períodos de tempo o mais curtos
possíveis e de preferência em SOS.
Há alguns cuidados a ter quando estas substâncias são prescritas dado o
risco de dependência e de dificuldades cognitivas (principalmente
memória).
Existem muitas BZD ́s no mercado sendo as mais utilizadas:
• Alprazolam
• Lorazepam
• Diazepam
• Clonazepam
Os Antidepressivos SSRI ́s mais utilizados no tratamento das Perturbações
de Ansiedade são: Paroxetina, Escitalopram, Sertralina, Citalopram. Os
Antidepressivos SNRI ́s utilizados nestas doenças são a Venlafaxina e a
Duloxetina.
Efeitos colaterais e reações adversas

Os principais efeitos colaterais dos benzodiazepínicos são:


a) sedação e sonolência;
b) fadiga;
c) perda de memória;
d) incoordenação motora;
e) diminuição da atenção e da concentração;
f) desinibição e descontrole e
g) piora da apnéia do sono.
Estes efeitos adversos são potencializados quando
outras substâncias sedativas e depressoras do SNC,
como o álcool, são ingeridas concomitantemente.

.
Atualmente um dos fármacos mais eficazes no
tratamento da Ansiedade é a Pregabalina.
Este fármaco não induz dependência e é bem
tolerado. A Pregabalina e a Gabapentina são
medicamentos que atuam de forma distinta dos
outros Psicofármacos. Estes medicamentos são
designados por moduladores dos canais de cálcio e
também apresentam atividade anticonvulsivante e
analgésica.

A Buspirona (Buspar®, Ansiten®) é um ansiolítico que


não induz a dependência.
Entre as substâncias utilizadas como hipnóticos
encontram-se as BZD´s, o Zolpidem e os
Antidepressivos com perfil sedativo.
Fármacos Z: zolpidem, zopiclona, zaleplon e
eszopiclona

Em casos de insônia mais grave podem ser utilizados


como adjuvantes Neurolépticos sedativos ou
Antipsicóticos Atípicos.

Os Antihistamínicos possuem efeitos hipnóticos e


baixa toxicidade pelo que a sua utilização é segura.
Os Estabilizadores do Humor, como o nome indica,
estabilizam o Humor. Estão indicados principalmente
no tratamento da Doença Bipolar.

O Lítio foi o primeiro fármaco a demonstrar eficácia


como agente Antimaníaco e é considerado o
Estabilizador do Humor clássico. Foi durante várias
décadas o fármaco padrão no tratamento da Doença
Bipolar. É um fármaco em que é necessário
monitorização sanguínea dos seus valores (litiemia).
Com a implementação do tratamento medicamentoso
espera-se atingir também um melhor prognóstico uma
redução nas taxas de suicídio, um aumento na
expectativa de vida e uma melhor adaptação
psicossocial
Estes não são medicamentos que curam
alguma coisa, mas sim que previnem das
oscilações entre a euforia e depressão tão
comuns no transtorno.
São ainda utilizados no tratamento da Doença Bipolar
Anticonsulsivantes como a Carbamazepina
(Tegretol®) e o Valproato de Sódio (Ácido
Valpróico, Diplexil®, Depakine®). São ainda
utilizados como adjuvantes no tratamento da Doença
Bipolar Anticonvulsivantes como o Topiramato, a
Lamotrigina e a Gabapentina.

Recentemente foi demonstrado que os Antipsicóticos


Atípicos (Olanzapina, Quetiapina, Risperidona,
Ziprazidona, Aripiprazol,) possuem propriedades
estabilizadoras do Humor e atualmente são muito
utilizados no tratamento da Doença Bipolar.
Lítio
O lítio é sal existente na natureza, componente
nutricional do ser humano que, em dose
adequada, como um remédio, serve para
normalizar as alterações patológicas do humor.
O lítio está sendo utilizado como medicamento
para transtornos psiquiátricos desde 1949.
O lítio não é um calmante e não causa
dependência ou vício.
Metabolismo: Nenhum

Excreção: Praticamente toda pela urina. O lítio é


eliminado 95% de forma pelo rim, a eliminação é
rápida e a pós um tratamento prolongado torna-se
mais lenta.
A Clorpromazina foi o primeiro Antipsicótico a ser descoberto
(1953). Estes fármacos foram inicialmente designados de
Neurolépticos devido à inibição psicomotora que induziam. São
fármacos muito eficazes no tratamento da Esquizofrenia e de
outras perturbações psicóticas.

Com o advento dos Antipsicóticos Atípicos, o termo


Neuroléptico passou a ser sinónimo de Antipsicótico Clássico.

Os Antipsicóticos Atipicos são medicamentos mais recentes, a


sua utilização clínica iniciou-se na década de 80 do seculo XX.
O primeiro a ser descoberto foi a Clozapina.
Estes medicamentos estão indicados em qualquer doença do
foro médico ou psiquiátrico que curse com sintomas psicóticos.

Antipsicóticos Clássicos ou Típicos:


• Flufenazina
• Clorpromazina
• Haloperidol

Antipsicóticos Atípicos:
• Clozapina
• Olanzapina
• Risperidona
• Quetiapina
• Ziprazidona
• Aripiprazole
Tradicionais de alta potência Doses diárias em mg/dia
Haloperidol (Haldol®) 5-15
Flufenazina(Anatensol®) 2-20
Pimozida (Orap®) 2-6

Tradicionais de média potência


Trifluoperazina (Stelazine®) 5-30

Tradicionais de baixa potência


Clorpromazina (Amplictil®) 200-1200
Levomepromazina (Neozine®)
Efeitos colaterais e reações adversas

Dentre os efeitos colaterais dos antipsicóticos destacam-se os efeitos


extrapiramidais: acatisia, distonias e discinesias nos tradicionais. Devem-se
ao bloqueio dos receptores D2 no sistema nigro-estriatal e são comuns
durante o uso dos antipsicóticos tradicionais especialmente os de alta
potência.

Acatisia é a sensação subjetiva de inquietude motora, ansiedade,


incapacidade para relaxar, dificuldade de permanecer imóvel e a necessidade
de alternar entre estar sentado ou de pé.
Distonias ou discinesias agudas são contraturas musculares ou movimentos
estereotipados de grupos musculares que surgem minutos ou horas depois do
início do uso de um neuroléptico.

Distonias ou discinesia tardias são movimentos estereotipados de grupos


musculares, periorais, da língua, da cabeça, do tronco ou dos membros, que
surgem geralmente depois do uso crônico de altas doses dos antipsicóticos.
Pode ainda manifestar-se sob a forma de crises oculógiras, opistótono,
torcicolo, abertura forçada da boca, protusão da língua, disartria, disfagia ou
trismo com deslocamento da mandíbula. Ocorre mais em homens (jovens),
com menos de 40 anos.

Parkinsonismo neuroléptico é a diminuição dos movimentos dos braços, da


expressão e mímica faciais, marcha em bloco (semelhante ao andar de um
robô), rigidez, tremor de extremidades e da língua, hipersalivação, bradicinesia
(movimentos lentos), acinesia (diminuição da espontaneidade dos
movimentos)
Sintomas Positivos: delírios e alucinações, fala
e comportamento desorganizados, afeto
incongruente
Sintomas Negativos: isolomento social, redução
da produção e fluência do pensamento (alogia)
e da produção da fala, anedonia, avolição,
embotamento afetivo
MEDICAMENTOS QUE CAUSAM SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS
ACICLVIR: alucinações, hiperacusia, paranoia, depressão e insônia

ANTIINFLAMATÓRIOS NH: Psicose, depressão, alucinações

BETA BLOQUEADORES: depressão, psicose, pesadelos e alucinações

CORTICÓIDES: Psicose, hipomania, depressão, irritabilidade, prejuízo cognitivo

DIURÈTICOS TIAZÌDICOS: Depressão, ideação suicída

DIGOXINA: depressão, psicose, alucinação visual

ESTRÔGENOS: Ataques de pânico e depressão


ESTATINAS: Depressão, ansiedade, ideação suicída

ISONIAZIDA: Psicose, alucinação

LIDOCAÍNA: Alicinações, agitação

METILDOPA: Depressão, amnésia, pesadelos

METOCLOPRAMIDA: Ansiedade, mania, depressão

TIABENDAZOL: psicose

Sulfametoxazol + Trimetoprim: Piscose

Você também pode gostar