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Psicofarmacologia

Geral
Profº Ms. Marcelo Elias Pereira
Monoaminas
Monoaminas são substancias bioquímicas derivadas de aminoácidos através do processo
de descarboxilação. As principais monoaminas são:

Catecolaminas a saber:
• Dopamina (as mais abundantes no SNC),
• Os receptores de dopamina são subdivididos em D1, D2, D3, D4 e D5 de acordo com
localização no cérebro e função.
A dopamina também está envolvida no controle de movimentos, aprendizado, humor,
emoções, cognição e memória.
• O receptor D2 de dopamina (DRD2) mutações nesses receptores têm sido associadas
com a esquizofrenia.

• Noradrenalina (É a que mais influencia o humor, ansiedade, sono e alimentação junto


com a Serotonina, Dopamina e Adrenalina.) 

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Monoaminas
Serotonia (5-hidroxitriptamina ou 5-HT).
Acredita-se que a serotonina representa um papel importante no sistema nervoso central
como neurotransmissor na inibição da ira, agressão, temperatura corporal, humor, sono,
vômito e apetite.
Estas inibições estão diretamente relacionadas com os sintomas da Depressão.

Histamina
Regula a secreção do suco gástrico, gatilho do vômito, centro do despertar e da fome.

As monoaminas atuam no corpo humano como neurotransmissores.


Geralmente, tais substâncias estão ligadas a distúrbios emocionais.
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Depressão
• Hipóteses Biológicas
– Hipótese monoaminérgica
• Depressões noradrenégicas
– ⇓ NA
» Utilização de fármacos inibidores da recaptação da NA (nortriptilina,
desipramina)

• Depressões serotonérgicas
– ⇓ 5-HT
» Utilização de fármacos bloqueadores da recaptação da 5-HT (fluoxetina,
sertralina)

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Neurotransmissão Normal

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Alterações Neuroquímicas da Depressão

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HIPÓTESE DAS MONOAMINAS
PONTOS FALHOS
• Nem todos os pacientes apresentam deficiências de metabólitos das
monoaminas (medidos no sangue, líquor,tecido cerebral post mortem de
pacientes deprimidos)
• certas drogas que aumentam os níveis de monoaminas não são
antidepressivas (cocaína, anfetamina)
• existem drogas que não aumentam os níveis de monoaminas e são
antidepressivas (mianserina, iprindol)

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Depressão
• Hipóteses Biológicas
– Hipótese sobre alterações nos receptores
• Depressão: hipersensibilidade de receptores
monoaminérgicos
– Feedback diminuindo a síntese e liberação de neurotransmissores

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EIXO HIPOTÁLAMO HIPÓFISE ADRENAL

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ANTIDEPRESSIVOS: considerações sobre o uso
• São eficazes
• Demoram no mínimo 15-30 dias para o efeito
• Não causam dependência
• Não perdem a eficácia quando usados por tempo prolongado
• Devem ser usado em doses e pelo tempo adequados
• A suspensão do tratamento deve ser feita com a retirada gradual

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Antidepressivos tricíclicos
• Mecanismo de ação

– Inibição da recaptação das aminas


(NA e 5-HT)

– ⇓ do n. de receptores β pós-
sinápticos e α-2 pré-sinápticos
(dessensibilização)

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Antidepressivos tricíclicos
Os antidepressivos tricíclicos (ATC) vem cedendo espaço para os ISRS em razão do seu perfil mais
favorável de efeitos colaterais.

Os ATCs são considerados por alguns como as drogas de escolha em depressões graves e em
pacientes hospitalizados.

Além disso, são efetivos no:

Transtorno do pânico (Imipramina e Clomipramina),


Transtorno de ansiedade generalizada (Imipramina),
Dor crônica: (Amitriptilina),
Déficit de atenção com hiperatividade (Imipramina e Nortriptilina),
Transtorno obsessivo-compulsivo (Clomipramina)

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ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS
• EFEITOS ADVERSOS-BLOQUEIO H1
Ganho de peso e sonolência.

• EFEITOS ADVERSOS-BLOQUEIO M1
Constipação intestinal, boca seca e visão turva.

• EFEITOS ADVERSOS-BLOQUEIO 1
Tontura e diminuição da pressão arterial.

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Contraindicações
Em pacientes com problemas cardíacos (bloqueio de ramo, insuficiência
cardíaca),
Após o infarto recente do miocárdio (3 a 4 semanas),
Em pacientes com hipertrofia de próstata, constipação intestinal grave e
glaucoma de ângulo estreito,
Devem ser evitados ainda em pacientes idosos pelo risco de hipotenção
postural e conseqüentemente de quedas,
Em pacientes com risco de suicídio, pois são letais em overdose.
São também contra-indicados em obesos, pois provocam ganho de peso.

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IMAO
• Mecanismo de ação
– Inibição da MAO

• Atividade MAO: Desaminação da NA, DA e 5-HT


– A redução da MAO leva ao acúmulo das aminas
– Dessensibilização dos resceptores.

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IMAO
• Classificação
– Irreversíveis
• Não-seletivos: Iproniazida, Isocarboxazida, fenelzina, trancipromina
• MAO-A: Clorgilina
• MAO-B: Pargilina, L-Deprenil

– Reversíveis
• MAO-A: Moclobemida, brofaromina, toloxatone, cimoxatone, harmalina,
amiflamina
• MAO-B: Almoxatone 17
IMAO: Interações
• Aminas e precursores (tiramina, triptamina, dopamina, L-dopa)
– Potencialização dos efeitos pressores.

• Drogas simpatomiméticas (anfetaminas, efedrina, fenilefrina, ADT)


– Potencialização dos efeitos pressores e hiperpiréticos.

• Cafeína, Analgésicos narcóticos (morfina, codeína e etc)


– Hipercinesia, agitação, hipertermia e tremores.

• Insulina
– Potencialização da hipoglicemia
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IMAO: Toxicidade e efeitos adversos
• SNC
• Insônia
• Irritabilidade
• Agitação
• Conversão de depressão inibida em ansiosa agitada com risco de suicídio
• Conversão de depressão em hipomania ou mania

• SNA
• Boca seca
• Retenção urinária
• Constipação
• Impotência, ejaculação precoce
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IMAO: Toxicidade e efeitos adversos
• ACV
• Hipertensão

• Outros
• Sindrome tipo lupus (hidralazina)
• Hepatotoxidade
• Discrasias sanguíneas
• Rashes (lesões na pele)

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ISRS
• Mecanismo de ação
– Inibição seletiva da recaptação da 5-
HT
– Pouca afinidade pelos receptores
histaminérgicos, alfa-adrenérgicos e
muscarínicos (menor incidência de
efeitos colaterais)

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CITALOPRAM – Cipramil Parmil

ESCITALOPRAM - Lexapro

FLUOXETINA – Eufor, Deprax, Fluxene, Nortec, Prozac, Verotina

NEFAZODONA – Serzone

PAROXETINA – Aropax, Pondera, Cebrilin

SERTRALINA – Zolof, Novativ, Tolrest

FLUVOXAMINA – Luvox, Dumyrox


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ISRS: VANTAGENS EM RELAÇÃO AOS ADT E IMAO
Ausência de efeitos anticolinérgicos  maior aceitação pelo paciente
Ausência de cardiotoxicidade  escolha em pacientes cardiopatas
Não aumentam o peso
Baixa toxicidade aguda
Ausência de interações com alimentos
Os antidepressivos ISRS são mais bem tolerados que os antigos ADT e
pode-se iniciar com a dose mínima recomendada.
O efeito terapêutico não é dose dependente.
A reação adversa mais comum é a náusea: recomenda-se a ingestão
destas drogas durante ou logo após as refeições.
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Indicações e contraindicações
Além de serem utilizados na depressão unipolar, os ISRS se revelaram eficazes no tratamento de:
Transtorno obsessivo-compulsivo,
Transtorno do pânico,
Distimia, em episódios depressivos do transtorno bipolar,
Bulimia nervosa (fluoxetina em doses elevadas),
Fobia social (fluoxetina, paroxetina, sertralina),
Ansiedade generalizada (paroxetina),
Stress póstraumático (sertralina).

Estão contraindicados em pacientes com:


Hipersensibilidade a estas drogas,
Com problemas gastrintestinais como gastrite, ou refluxo gastro-esofágico.
Pacientes que utilizam múltiplas drogas devem evitar a fluoxetina pois ela apresenta interações
medicamentosas bastante complexas.
Devem ser evitados ainda em pacientes que apresentam disfunções sexuais não decorrentes de
depressão, pois podem agravar estes quadros.
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ISRS: EFEITOS COLATERAIS
• Mais comuns: náuseas, vômitos, insônia (tomar pela
manhã)
• Agitação e acatisia (fluoxetina)
• Disfunções sexuais (todos)
• Cefaleia
• Diminuição do apetite e tremores
• A Paroxetina é suavemente sedativa.
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IRSN – Venlafaxina (Efexor®) / Desvenlafaxina
(Pristiq®)

• Mecanismo de ação

– Inibição fraca da recaptação da 5-HT e NA


– Dessensibilização significativa
– Não possui afinidade pelos receptores histaminérgicos,
muscarínicos, alfa-adrenérgicos e dopaminérgicos.

Estes fármacos vem sendo largamente utilizados no tratamento


da ansiedade generalizada.
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Venlafaxina – Effexor – Effexor XR e Desvenlafaxina
(Pristiq®)

• Toxicidade e efeitos colaterais


– Vômitos e náuseas (25%), agitação leve e disfunção sexual (semelhante
ISRS) 28
DULOXETINA
• Inibires seletivos da recaptação da Serotonina e Noradrenalina (SSNRIs).
• Cymbalta, Xeristar, Cymbi

• Teoricamente não possui ação no sistema colinérgico, histamínico e no bloqueio dos


receptores alfa – 1 - adrenérgicos, contudo apresenta efeitos adversos
característicos de ação anticolinérgica, como constipação e boca seca.

• Também é utilizada para tratamento de sintomas dolorosos em pacientes


portadores de neuropatia diabética.

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VORTIOXETINA - Brintellix ®
É indicado para o tratamento do transtorno depressivo maior em adultos.

Mecanismo de Ação:
Modulação direta da atividade de receptores serotoninérgicos e a inibição do transportador de
serotonina (5-HT). Vortioxetina é uma antagonista dos receptores 5-HT3, 5-HT7, e 5-HT1D,
agonista parcial do receptor 5-HT1B, agonista do receptor 5-HT1A e inibidora do transportador
de 5-HT, levando à modulação da neurotransmissão em diversos sistemas, o que inclui os
sistemas de serotonina, noradrenalina, dopamina, histamina e acetilcolina, GABA e glutamato.
Acredita-se que essa atividade multimodal seja responsável pelos efeitos ansiolítico e
antidepressivo, e pela melhora da função cognitiva, aprendizado e memória.

Efeitos Colaterais:
Náuseas, diminuição do apetite, tontura, sonhos anormais, constipação ou diarreia.
Não causa alterações sexuais e pode o tratamento pode ser interrompido abruptamente.

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Antidepressivos Atípicos
MAPROTILINA e REBOXETINA (Prolift ®)
– inibidor seletivo da recaptação de NA
- efeitos indesejáveis semelhantes ao da atropina
- sedação
- convulsões
- erupções alérgicas
- toxicidade aguda semelhante aos ADT

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Antidepressivos Atípicos
TRAZODONA (Donaren®)
- bloqueador fraco da recaptação de 5 HT
- bloqueia os receptores 5 HT2 e 2
Efeitos Colaterais
- Sedação, confusão, hipotensão, arritmias
- Xerostomia (boca seca), náusea.
- Priapismo (ereção prolongada)

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Antidepressivos Atípicos
MIANSERINA (Tolvon®)
- bloqueio dos receptores 2, 5 HT2 e H1
- nenhum efeito sobre a captação de monoamina
- sedação, convulsões, reações de hipersensibilidade
- ausência de efeitos da atropina e cardiovasculares

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Antidepressivos Atípicos
BUPROPIONA (Wellbutrin®, Bup®)
Inibidor seletivo da recaptação de noradrenalina e dopamina, com efeito mínimo
na receptação de serotonina e que não inibe a MAO.

Vertigem, ansiedade e convulsões


Em princípio não causam disfunções sexuais.
Segura em superdosagens

É uma alternativa no tratamento do Déficit de atenção com hiperatividade.


É utilizada em dependência química como auxílio na interrupção do tabagismo.
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Antidepressivos Atípicos
MIRTAZAPINA (Remeron®)
Facilitação da transmissão 5HT e NA
NEFAZODONA (Serzone®)
Inibição da recaptação 5HT e NA, e bloqueio 5HT2

A nefazodona e a mirtazapina têm um efeito sedativo bem marcado, e


eventualmente são preferidas em quadros depressivos acompanhados de
ansiedade.

Não causam disfunções sexuais.


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Antidepressivos Atípicos
AGOMELATINA (Valdoxan®)
- Agonista seletivo dos receptores de melatonina (MT1 e MT2).

- Também agi simultaneamente como antagonista dos receptores de serotonina (5-


HT).
- Possui efeitos sobre o sistema circadiano tratando a doença por meio da regulação
dos ritmos biológicos.
- Vantagem de não apresentar os mesmos efeitos colaterais dos outros
antidepressivos, uma vez que, a agomelatina não possui nenhuma afinidade sobre os
receptores adrenérgicos, muscarínicos, dopaminérgicos, colinérgicos ou
histaminérgicos.
- Além disso, pacientes tratados com o novo fármaco relataram melhora na qualidade
do sono e sensação de bem-estar desde os primeiros dias.
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NOVIDADE NO TRATAMENTO DA
DEPRESSÃO
SPRAVATOTM Esketamina (Janssen, a unidade farmacêutica de Johnson & Johnson’s)

Significativa efetividade e a velocidade de ação da Esketamina em poucos dias, quando


leva de seis a oito semanas para um antidepressivo convencional.

O spray nasal tem relação de risco-benefício positiva para os adultos que sofrem uma
depressão resistente aos tratamentos atuais e permite combater os pensamentos
suicidas.

O tratamento deve ser administrado em um centro de


saúde para monitorar o paciente.
E só será feito acompanhando outros medicamentos
antidepressivos tradicionais.
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Qual é mecanismo de ação da Esketamina?
Regula o metabolismo do sistema límbico, córtex cingulado, hipocampo,
córtex frontal, regiões responsáveis pela modulação do humor, cognição,
autocontrole.

Atua como um antagonista do receptor do N-metil-D-aspartato (NMDA),


diminuindo a ação excitatória do Glutamato.

Também altera o funcionamento dos receptores dopaminérgicos,


serotoninérgicos, colinérgicos e opióides e dos canais de sódio. A
Esketamina interfere na ação dos aminoácidos excitatórios incluindo o
glutamato e o aspartato.

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EFEITOS COLATERAIS DA ESKETAMINA

Pequenas doses: entorpecimento, pensamento aéreo, tendência a tropeçar,


movimentos desajeitados ou “robóticos”, sensações atrasadas ou reduzidas, vertigem
e sociabilidade.

Doses mais elevadas: dificuldade extrema de movimentos, náuseas, dissociação


completa, experiência de quase morte, visões, apagões, etc.

TRATAMENTO COM A ESKETAMINA


Duas sessões semanais no 1ª mês de treinamento e, depois, uma aplicação semanal
ou quinzenal, a depender dos resultados obtidos.
O tratamento é caro: cada sessão custa entre US$ 590 (R$ 2,2 mil) e US$ 885 (R$ 3,3
mil), dependendo da dosagem utilizada.

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SIBUTRAMINA - Reductil ®, Plenty ®
Inúmeros estudos controlados com placebo com o cloridrato de sibutramina, têm
demonstrado tratar-se de uma medicação eficaz e segura no tratamento da obesidade
em adultos e adolescentes.

Mecanismo de Ação:
Inibe a recaptação da serotonina e noradrenalina sem atividade de liberação e, dessa
forma, modula a neurotransmissão e aumenta a saciação e a saciedade (sacietógeno).
Estudos sugerem que a sibutramina tem propriedades termogênicas, afetando o balanço
energético por aumentar a taxa metabólica.

Efeitos Colaterais:
Taquicardia, elevação da pressão arterial, boca seca, cefaleia, insônia e constipação
intestinal.
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A escolha do antidepressivo
Quando existem comorbidades associadas ao quadro depressivo elas devem ser consideradas na escolha do
medicamento:

No transtorno do pânico, deve-se preferir as drogas de eficácia comprovada neste transtorno
(Clomipramina, Imipramina, Fluoxetina, Paroxetina, Sertralina);
No transtorno obsessivo-compulsivo, preferir drogas bloqueadoras da recaptação da serotonina, como os
ISRS;
Em quadros com presença de dor, a Amitriptilina, e no estresse pós-traumático a Sertralina.
Em episódios depressivos do transtorno bipolar, dar preferência ao Lítio isolado (se não estava sendo
utilizado) ou associado a um antidepressivo (Bupropriona, Paroxetina) por curto período de tempo,
Em pacientes idosos deve-se evitar os tricíclicos e os IMAO: agravam sintomas como hipotensão, confusão
mental, constipação intestinal, retenção urinária, hipertrofia prostática. As doses utilizadas devem ser
menores.
Na gravidez, a Fluoxetina tem sido a droga mais utilizada e em princípio tem se revelado segura.
 A Sertralina é pouco excretada no leite e tem sido sugerida durante a amamentação .

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ESTABILIZADORES DO HUMOR
O transtorno do humor bipolar (THB) é um transtorno mental grave que
acomete indivíduos jovens, cujo curso em geral é crônico e muitas vezes
incapacitante.

Lítio, Ácido Valpróico, Carbamazepina são as drogas consideradas de


primeira linha.

Recentemente outros anticonvulsivantes como o Topiramato, a Lamotrigina,


a Gabapentina vem sendo testados, bem como a Olanzapina.

A eficácia destes novos compostos, no THB não está estabelecida de forma


consistente.
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Estabilizadores do Humor
Íon orgânico administrado por via oral na forma de Carbonato de
Lítio
Provável mecanismo de ação:
- interferência na formação de IP3
- interferência na formação de cAMP
Controla a fase de mania, bem como a depressão
Profilaxia do transtorno bipolar
Meia vida plasmática longa
Janela terapêutica pequena
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Estabilizadores do Humor
Efeitos indesejáveis:
– náuseas, sede, poliúria, hipotereoidismo, tremor, fraqueza,
confusão mental e teratogênese,
– acne, aumento do apetite, edema, fezes amolecidas,
– ganho de peso, gosto metálico, leucocitose, tremores finos.

- É importante destacar que o lítio tem uma faixa de níveis séricos


terapêuticos bastante estreita, podendo facilmente atingir níveis tóxicos
(vômitos, dor abdominal, ataxia, tonturas, tremores grosseiros, disartria,
nistagmo, letargia, fraqueza muscular, que podem evoluir para o
estupor, coma, queda acentuada de pressão, parada do funcionamento
renal e morte).
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CARBAMAZEPINA - TEGRETOL
É um anticonvulsivante utilizado em diferentes tipos de epilepsia,
especialmente epilepsia do lobo temporal, e que desde a década de 80 vem
sendo utilizada no tratamento de quadros maníacos. Sua eficácia é
comparável à do lítio, no tratamento agudo da mania.

Mecanismos de ação
As ações anticonvulsivantes da carbamazepina parecem ser exercidas em nível
da amígdala por meio de receptores benzodiazepínicos centrais. Estimularia a
formação da pregnenolona, um esteroide neuroativo, que atuaria em tais
receptores. Atuaria ainda sobre a noradrenalina e o GABA (diminui o
turnover do GABA), e sobre receptores glutamatérgicos do tipo NMDA.

Efeitos colaterais e reações adversas


Ataxia, diplopia, dor epigástrica, toxicidade hepática, náuseas, prurido, rash
cutâneo, sedação, sonolência, tonturas.
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VALPROATO DE SÓDIO, ÁCIDO VALPRÓICO - DEPAKENE® OU
DIVALPROATO – DEPAKOTE ®
 Mecanismo de ação
Acredita-se que ele atue tanto na mania quanto na epilepsia através do aumento da atividade GABA: inibiria
o catabolismo do GABA, aumentando sua liberação e aumentando a densidade de receptores GABA B.
Pode ser de liberação gástrica (ácido valpróico) ou entérica (divalproato), que é melhor tolerada.

 Efeitos colaterais e reações adversas


Os efeitos colaterais mais comuns são: ataxia, aumento do apetite, ganho de peso, desatenção, fadiga,
náuseas sonolência, sedação, diminuição dos reflexos, tremores, tonturas .

 Contra-indicações
O uso do ácido valpróico deve ser evitado em pacientes que apresentam insuficiência hepática,
hepatite, hiperensibilidade à droga e durante a gravidez.

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Outros estabilizadores do humor
Outros anticonvulsivantes estão sendo propostos para o uso como
estabilizadores do humor: a Lamotrigina, o Topiramato, Olanzapina e a
Gabapentina.

Embora os primeiros resultados sejam promissores sua eficácia no THB,


entretanto, não foi ainda firmemente estabelecida.

O Topiramato apresenta uma vantagem sobre os demais: a perda de peso.

A Olanzapina foi recentemente aprovada pelo FDA para o uso no


transtorno bipolar, em monoterapia.
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Mecanismo de Ação
• TOPIRAMATO: potencialização da atividade do GABA, a diminuição
da atividade dos canais de sódio voltagem-dependentes (diminuindo
assim sinapses desnecessárias) e o antagonismo da atividade do
glutamato nos receptores AMPA (relacionados com a memória).

• LAMOTRIGINA: é mediado pela inibição dos canais de sódio e


possivelmente de cálcio voltagem dependente. Deste modo
a lamotrigina previne a liberação de aminoácidos excitatórios
particularmente o glutamato.

• GABAPENTINA: possui estrutura semelhante ao GABA, causando


aumento na síntese e a libertação de GABA na fenda sináptica.
Diretrizes para o tratamento
farmacológico do Transtorno Bipolar
 Mania aguda e hipomania
Inicia-se, em geral com um dos estabilizadores do humor de primeira linha (lítio, ácido valpróico), associado
ou não a benzodiazepínicos ou antipsicóticos.

A resposta pode demorar de duas a 4 semanas.

Se associado ao quadro de mania existe inquietude ou insônia intensas, pode-se associar benzodiazepínicos
potentes como o clonazepam.

Se ocorrerem sintomas psicóticos, agitação psicomotora ou agressividade, são utilizados antipsicóticos:


haloperidol, risperidona ou a olanzapina.

Os novos antipsicóticos eventualmente estão sendo propostos como terapia isolada nos episódios maníacos
agudos (risperidona, olanzapina, ziprazidona).
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 Ciclagem rápida
A ciclagem rápida é definida como a ocorrência de 4 ou mais episódios durante um ano, e é comum com
o uso prolongado do lítio. Neste quadro é melhor utilizar ácido valpróico e a carbamazepina.
 Episódio misto
A resposta ao lítio de episódios mistos é pobre. Por este motivo o ácido valpróico tem sido a droga
preferida.
Se houver inquietude ou insônia intensas, pode-se associar o clonazepam, e se o paciente apresenta
também sintomas psicóticos, associa-se antipsicóticos, como no episódio maníaco.
 Episódio depressivo
O lítio tem sido usado na depressão bipolar, mas nem sempre é eficaz.
Caso não haja resposta e ele esteja sendo utilizado nas doses máximas recomendadas, a alternativa é
associar um antidepressivo: bupropriona ou ISRS (paroxetina, citalopram) que, em princípio, tenderiam
a provocar menos viradas maníacas, do que os tricíclicos, mantendo-se o antidepressivo pelo menor
tempo possível. Uma alternativa é o uso da lamotrigina.

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Neurolépticos / Antipsicóticos
• Conceitos: São drogas usadas no tratamento sintomático de algumas
psicoses como; esquizofrenia e mania da PMD psicose maníaco
depressivo.

• Sinonímia:
- Tranquilizantes maiores
- Drogas antiesquizofrênicas
- Drogas antipsicóticas

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Indicações
Os antipsicóticos são indicados:

Esquizofrenia (episódios agudos, tratamento de manutenção, prevenção de recaídas),


Transtornos delirantes,
Em episódios agudos de mania com sintomas psicóticos ou agitação,
Transtorno bipolar do humor,
Depressão psicótica em associação com antidepressivos,
Em episódios psicóticos breves,
Em psicoses induzidas por drogas,
Psicoses cerebrais orgânicas,
Controle da agitação e da agressividade em pacientes com retardo mental ou demência,
Transtorno de Tourette (haloperidol, pimozida, risperidona).
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Bases Neuroquímicas da Esquizofrenia
Hipótese Dopaminérgica:
hiperfunção da dopamina.

Mecanismo de Ação:
Bloqueiodos receptores dos sistemas dopaminérgicos mesolímbico e
mesofrontal, podendo haver forte bloqueio de todos os subtipos de
receptores (D1, D2, D3, D4 e D5).
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CLASSIFICAÇÃO
• Derivados da Fenotiazina
- Clorpromazina (Amplictil) - Flutinazina (Permitil)
- Tioridazina (Melleril) -Prometazina (Fenergan)

• Derivados da Butirofenona
- Haloperidol (Haldol) - Droperidol (Droperidol)

• Neurilépticos Atípicos
- Sulpiride (Equilid) - Clozapina (Leponex)
- Premozina (Orap)
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Contraindicações
Deve-se evitar o uso de antipsicóticos quando há:

Hipersensibilidade à droga,
Discrasias sangüíneas (especialmente a clozapina),
Em estados comatosos ou depressão acentuada do SNC,
Nos transtornos convulsivos (tradicionais de baixa potência e a clozapina),
Paciente apresenta doença cardiovascular grave (tradicionais e a clozapina).

Em pacientes idosos: evitar os tradicionais por causarem problemas


cardiocirculatórios e cognitivos.
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EFEITOS ADVERSOS
Parksonismo
Distonia ou Discinesia Aguda (contração muscular)
Acatisia (inquietação motora)
Discinesia Tardia (movimentos involuntários)

Devido ao bloqueio de receptores D2 na região nigro – estriatal

Obs: Na região Nigro – estriatal, a Dopamina impede o aumento da liberação de


impulsos nas vias extrapiramidais e a diminuição da Dopamina aumenta os
estímulos na musculatura.
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OUTROS EFEITOS ADVERSOS
Endócrinos por aumento dos níveis de prolactina: aumento e dor nos seios,
galactorréia, amenorréia e da lubrificação vaginal, desencadeamento de diabete;
aumento do colesterol.

Cardiociculatórios por bloqueio de receptores α-1 adrenérgicos: hipotensão


ortostática, e taquicardia mais comuns nos tradicionais mais sedativos
(clorpromazina, tioridazina, levomepromazina);

Centrais: sedação, sonolência, tonturas e ganho de peso especialmente com a


clozapina e a olanzapina .

Diversos: hipersalivação (clozapina), boca seca, visão borrada, constipação


intestinal; disfunções sexuais diversas: ejaculação retrógrada, diminuição do
volume ejaculatório, ejaculação dolorosa, diminuição da libido, disfunção erétil,
anorgasmia e orgasmo retardado.
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Uso clínico doses diárias
A potência está relacionada com a dose necessária para o bloqueio dos receptores D2 e para obter
um determinado efeito clínico e não com sua eficácia clínica. A Clozapina tem eficácia maior e
todos os demais têm uma eficácia semelhante quando utilizados em doses equivalentes.

Escolha do antipsicótico
Os antipsicóticos tradicionais (provocam reações extrapiramidais e mais efeitos colaterais) podem
constituir-se na primeira escolha para o tratamento dos quadros psicóticos da fase aguda da
esquizofrenia, como coadjuvantes nos episódios maníacos do transtorno bipolar do humor (TBH).

Os antipsicóticos atípicos em geral não causam efeitos extrapiramidais nas doses usuais, são mais
bem tolerados e na atualidade vem sendo cada vez mais preferidos como primeira escolha:
- Risperidona quando há sintomas positivos proeminentes, hostilidade, agitação, obesidade,
tabagismo, hiperglicemia ou diabetes;
- Olanzapina quando há tendência a ocorrerem sintomas extrapiramidais ou acatisia, ou a
clozapina quando ocorreu discinesia tardia.

Além de um melhor perfil de efeitos colaterais uma metanálise recente constatou uma melhor
eficácia de alguns representantes dos atípicos: clozapina, amisulprida, risperidona e olanzapina
em relação aos tradicionais (haloperidol), e não de outros como a quetiapina, a ziprazidona, o
aripriprazol.
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LURASIONA – LATUDA®
Novo antipsicótico  utilizado para o tratamento dos sintomas de
esquizofrenia e depressão causada pelo transtorno bipolar.

Mecanismo de ação
É um bloqueador seletivo dos efeitos da dopamina e da monoamina. A
lurasidona liga-se fortemente ao receptor dopaminérgico D2 e aos
receptores serotoninérgicos.

Possui melhorias em relação a antipsicóticos mais antigos, como


menores alterações do metabolismo, tendo menor efeito sobre ganho
de peso e alterações no perfil de gorduras e glicose do organismo.
ANSIOLÍTICOS E HIPNÓTICOS

62
Ansiedade
A ansiedade está presente na maioria dos transtornos psiquiátricos, em muitos dos quais é
um sintoma secundário.

Entretanto, nos chamados Transtornos de Ansiedade, ela é a manifestação principal. O


tratamento desses quadros, em particular, modificou-se de forma radical nestes últimos
20 anos.

Os Benzodiazepínicos (BDZ), que no passado eram os medicamentos preferenciais para o


seu tratamento vêm cedendo progressivamente o lugar para os antidepressivos.

Dentre as drogas utilizadas consideradas ansiolíticas destacam-se os BDZs e a Buspirona.


Recentemente foram lançadas algumas drogas novas para o uso na insônia como o
Zolpidem, a Zopiclona e o Zaleplon. Vejamos estes grupos de medicamentos.

63
Os BZD promovem
Tranquilização: alÍvio da ansiedade – paciente relaxado e indiferente aos estímulos ao seu
redor.

Sedação: diminuição da atividade cerebral, modera os estados de hiperexcitação.

Hipnótico: produz sonolência, facilita o início e a manutenção do sono. Embora todos


produzam efeitos hipnóticos, este efeito é mais marcante com o Nitrazepan, o Flurazepan, o
Flunitrazepan e o Midazolan.

São ainda relaxantes musculares, anticonvulsivantes, produzem dependência e reações de


abstinência. Têm poucos efeitos sobre o aparelho cardio-circulatório e respiratório o que
explica sua larga margem de segurança.

64
65
MECANISMO DE AÇÃO
Aumentam a afinidade do GABA pelo receptor GABAA, potencializando a transmissão
GABAérgica no SNC, provocando a hiperpolarização exacerbada dos neurônios pelo
aumento da frequência e duração da abertura dos canais de cloreto e a perda de atividade
cerebral (droga depressiva do SNC).
Cérebro depois da ingestão de benzodiazepínico
(entrada de muito cloro – hiperpolarização)

66
CONTRA - INDICAÇÕES:
Os BDZs não devem ser utilizados:

Pacientes com hipersensibilidade a essas drogas,

Ou que apresentem problemas físicos como:


- glaucoma de ângulo fechado,
- insuficiência respiratória ou doença pulmonar obstrutiva crônica,
- miastenia gravis,
- doença hepática ou renal graves (usar doses mínimas),

Bem como em alcoolistas e drogaditos,

67
Efeitos adversos
sedação, fadiga, perdas de memória, sonolência, incoordenação motora, diminuição da
atenção, da concentração e dos reflexos,

Em pessoas idosas estão associados a quedas e fraturas do colo do fêmur.

Superdosagem: sono prolongado sem depressão grave da respiração e função


cardiovascular.

Segurança maior do que dos barbitúricos


– Raramente fatal com overdose
– Exceto quando combinado com álcool

Tolerância: doses progressivas para produzir os efeitos procurados.


Dependência: suspensão do tratamento apos semanas ou meses ↑ os sintomas de
ansiedade e insônia.
68
BARBITÚRICOS
• Até 1960 eram os sedativos-hipnóticos mais utilizados,
• profundos depressores do SNC inclusive do Centro Respiratório.
• Pentobarbital meia vida de aprox. 6hs. raramente utilizado como
hipnótico.
• Tiopental meia vida de aprox. 3hs utilizado como anestésico.

69
Potencializam a ação do GABA 70
Efeitos Farmacológicos
• SNC: sedação, hipnose, anticovulsivante e anestesia geral.
• Aparelho respiratório: depressão do centro da respiração (causa de morte
por parada respiratória).
• ACV: hipotensão, bradicardia, arritmia cardíaca e as vezes parada cardíaca.
• Ap. Urinário: oligúria ou anúria (aumento da liberação do ADH).

71
PRINCIPAIS EFEITOS ADVERSOS
• Sedação, lassidão, ataxia, redução das funções físicas e mentais, diminuição
da velocidade de raciocínio, disartria.

• Cefaléia, visão turva, náuseas, vômitos, desconforto epigástrico e diarréia.

• Dependência psíquica e física, tolerância.

72
Buspirona (Buspar e Ansitec)
Antagonista da Serotonina (Ansiolítico de 2ª geração)

Foi lançada com a expectativa de não apresentar os inconvenientes dos


BDZ: sedação e dependência.

E efetivamente não induz sedação, prejuízo cognitivo ou psicomotor,


hipnose, relaxamento muscular, não tem ação anticonvulsivante,
dependência física ou tolerância e não interage com o álcool.

Efeitos colaterais e reações adversas


Mais comuns são tonturas, cefaléia, náusea, fadiga, inquietude, sudorese,
geralmente leves. 73
Zolpidem, Zopiclona e Zaleplon
São hipnóticos que atuam através de receptores BDZ alternativos, do tipo Omega-1, e w-1, com meia vida
curta (2 a 6 horas), e pouco efeito mio-relaxante.
A meia vida curta gera pouca ou nenhuma sedação no período diurno, podendo inclusive ser ingeridas no
meio da noite. Não causam dependência.
Efeitos colaterais e reações adversas
Zolpidem e zaleplon: amnésia, diarréia, fadiga, sonolência, tonturas.
Zopiclona: boca seca, gosto amargo, sonolência.

Uso clínico e doses diárias


Utilizadas predominantemente no tratamento da insônia em doses que variam de ½ a 2 cp de 10 mg
(zolpidem e zaleplon) e de 7,5 mg (Zopiclona). Em idosos as doses devem ser menores.
No tratamento da insônia deve-se sempre tentar identificar a causa, que pode ser depressão, ansiedade generalizada, etc.
Nestes casos eventualmente o uso de antidepressivos pode ser suficiente. Entretanto se for necessário o uso de hipnóticos
deve-se tentar restringi-lo a 7 a 10 dias. Se for necessário o uso por mais de 3 semanas reavaliar o paciente. Evitar
prescrever quantidades superiores a um mês de tratamento.

74
TRATAMENTO do TRANSTORNO de DÉFICIT de
ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE

75
TDAH e as Bases Biológicas
O TDAH ainda não possui sua etiologia totalmente
elucidada.
Estudos indicam um transtorno de origem
neurobiológico.

Com disfunção da neurotransmissão dopaminérgica em algumas áreas


cerebrais, como o córtex pré-frontal e região límbica (Amígdala), que
resultam nos sintomas de esquecimento, distraibilidade, impulsividade e
desorganização.

Se trata de uma doença de causas genéticas já que os genes implicados no


TDAH codificam transportadores da dopamina e noradrenalina e receptores
dopaminérgicos (D4 e D5).
76
MEDICAÇÕES UTILIZADAS NO TRATAMENTO DO TDAH
 
NOME QUÍMICO NOME COMERCIAL DOSAGEM DURAÇÃO DO
EFEITO
 
PRIMEIRA ESCOLHA (ESTIMULANTES)
 
Lis - Dexanfetamina VENVANSE 30, 50 ou 70mg pela manhã 12 horas

Metilfenidato (ação RITALINA 5 a 20mg de 2 a 3 vezes ao dia 3 a 5 horas


curta)
Metilfenidato (ação CONCERTA 18, 36 ou 54mg pela manhã 12 horas
prolongada)

Metilfenidato (ação RITALINA LA 20, 30 ou 40mg pela manhã 8 horas


prolongada)

SEGUNDA ESCOLHA: Caso o primeiro estimulante não tenha obtido o resultado esperado,
deve-se tenta o segundo estimulante
77
TERCEIRA ESCOLHA

Atomoxetina STRATTERA 10, 18, 25, 40 ou 60mg 24 horas


uma vez ao dia

 
QUARTA ESCOLHA: antidepressivos
 

Imipramina TOFRANIL 2,5 a 5mg por Kg de peso divididos em 2 doses


 

Nortriptilina PAMELOR 1 a 2,5mg por Kg de peso divididos em 2 doses


 

Bupropiona WELLBUTRIN SR 150mg 2 vezes ao dia

QUINTA ESCOLHA: Caso o primeiro antidepressivo não tenha obtido o resultado esperado,
deve-se tenta o segundo antidepressivo
78
 SEXTA ESCOLHA: alfa-agonista
 
Clonidina ATENSINA 0,05mg ao deitar ou 12 a 24 horas
anti-hipertensivo 2 vezes ao dia
 
OUTROS MEDICAMENTOS
 
Modafilina STAVIGILE 100 a 200mg por dia, no café
(medicamento para
distúrbio do sono)

Outros medicamentos que ainda não existem no Brasil:

Focalin – um “derivado” do metilfenidato (na verdade, uma parte da própria molécula).


Daytrana – um adesivo (para colocar na pele) de metilfenidato.
Dexedrine – uma anfetamina (Dextroanfetamina); existe a formulação de ação curta e de ação prolongada.
Adderall – uma mistura de anfetaminas; existe a formulação de ação curta e de ação prolongada.
79
MECANISMO DE AÇÃO DO METILFENIDATO

 A Ritalina é um composto racêmico que consiste de uma mistura 1:1 de


d-metilfenidato e l-metilfenidato.
O Concerta também como princípio ativo o metilfenidato.
 
O metilfenidato é um fraco estimulante do sistema nervoso central, com efeitos
mais evidentes sobre as atividades mentais do que nas ações motoras.

Acredita – se que o Metilfenidato inibe transportadores de dopamina e


noradrenalina, aumentando a disponibilidade desses neurotransmissores na
fenda sináptica e produzindo efeito excitatório no SNC.

80
METILFENIDATO
Ritalina® comprimidos de liberação imediata.
Ritalina LA® cápsulas de liberação modificada.
Concerta® comprimidos de liberação prolongada.

Não é recomendado em crianças menores de 6 anos, pois não são estabelecidos os


critérios de segurança e efetividade para essa faixa etária.

Contraindicações: angina do peito, arritmias cardíacas, glaucoma, insuficiência


cardíaca, hipertensão severa, hipertireoidismo, pacientes com tiques motores e
história familiar ou diagnóstico de síndrome de Tourette.

Efeitos adversos: diminuição do apetite, insônia, boca seca e dor de cabeça.

Possíveis eventos graves: agressivo, função anormal do fígado, acidente


cerebrovascular, diminuição do crescimento.
81
Lis – Dexanfetamina / VENVANSE ®
A Lis-dexanfetamina é um pró-fármaco da dextroanfetamina.

Mecanismo de ação: acredita-se que bloqueie a recaptação de noradrenalina e


dopamina no neurônio pré-sináptico e aumentem a liberação destas monoaminas
para o espaço extraneuronal.

Contraindicações: angina do peito, arritmias cardíacas, glaucoma, insuficiência cardíaca,


hipertensão severa, hipertireoidismo.

Efeitos adversos: diminuição do apetite, insônia, boca seca e dor de cabeça.

Possíveis eventos graves: agressivo, função anormal do fígado, acidente cerebrovascular,


diminuição do crescimento.
82
Atomoxetina / STRATTERA ®
Não é estimulante do SNC.

Segunda linha de tratamento no TDAH.

Mecanismo de ação: inibição da recaptação da noradrenalina em


neurônios pré-sinápticos, com efeitos secundários sobre o sistema
dopaminérgico.

Efeitos adversos: fadiga e a hiperidrose.

83
Clonidina / Atensina ®
A Clonidina é um agonista adrenérgico de ação direta do receptor adrenérgico α2 nos
neurônios pré-sinápticos, fazendo um feedback negativo que diminui a liberação de
noradrenalina.

Utilizada em conjugação com estimulantes para tratar TDAH.

Administrada na parte da tarde ou à noite para ajudar a dormir e também porque modera a
condução impulsiva e opositiva associada ao TDAH.

Pode reduzir os tiques.

Também pode ser usada na Síndrome de Tourette.

Efeitos adversos: tontura, enjoo, boca seca, desmaios, constipação, hipotensão e pode
causar a inibição do orgasmo na mulher.
84
Modafilina / STAVIGILE ®
A Modafinila é um estimulante não anfetamínico que promove o estado de vigília.

Mecanismo de ação: seu efeito parece estar ligado à potencialização da atividade


dopaminérgica e possivelmente alfa1- adrenérgica especificamente no cérebro.

Seu perfil farmacocinético não é idêntico ao das aminas simpatomiméticas


(anfetamina e metilfenidato).

Contraindicações: hipersensibilidade, hipertensão moderada a grave não controlada,


arritmias cardíacas e menores de 18 anos de idade.

Efeitos adversos: diminuição do apetite, visão turva, boca seca e dor de cabeça.

85
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Os psicofármacos, atualmente utilizados no tratamento do TEA, não agem sobre a
patologia propriamente dita, mas sim sobre sintomas-alvos que prejudicam a convivência
da criança como:

Raiva
Agressividade
Distúrbio do sono

Das classes mais prescritas estão os antidepressivos e antipsicóticos, porém além de não
atuarem na evolução da comunicação e interação social, deve-se levar em consideração
que estes medicamentos podem estar atrelados a diversas reações adversas.

86
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Os psicofármacos, atualmente utilizados no tratamento do TEA, não agem sobre a
patologia propriamente dita.

Antidepressivos e Antipsicóticos atuam sobre sintomas-alvos que prejudicam a


convivência da criança como:
◊ Raiva ◊ Agressividade ◊ Distúrbio do sono
Não atuam na evolução da comunicação e interação social e possuem reações adversas.

Pesquisas apontam terapias com derivados da Cannabis sativa voltadas ao tratamento de


sintomas como:
◊ Ansiedade ◊ Agressividade ◊ Pânico ◊ Acessos de raiva ◊ Auto agressão/Autoflagelação

87
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
ANTIPSICÓTICOS

RISPERIDONA (Risperdal®) possui apresentação em gotas 1mg/mL

Mecanismo de ação: Antagonista de receptores da Dopamina e Serotonina.

Sintomas do autismo melhorados: dificuldade de interação social, prejuízo na


comunicação, comportamentos repetitivos, hiperatividade, dificuldade de atenção,
agressividade e ataques de raiva.
Geralmente é bem tolerada, não apresentando efeitos colaterais extrapiramidais ou convulsões.

Efeitos colaterais: sonolência e aumento de apetite, obesidade, fadiga, tontura e


alterações metabólicas. 88
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
ANTIPSICÓTICOS

Aripiprazol (Aristab®, Abilify®) possui apresentação em gotas 1mg/mL

Mecanismo de ação: agonista parcial da dopamina. Seu mecanismo de ação de baseia na


capacidade dele se ligar com receptores dopaminérgicos pré-sinápticos e serotoninérgicos,
atuando como bloqueador da liberação de serotonina.

Apresenta efeitos semelhantes à Risperidona, porém, apresenta efeitos colaterais mais


leves.

89
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
ANTIPSICÓTICOS

Clozapina: terapia alternativa em alguns casos, mas seu uso é limitado devido à
possibilidade de efeitos colaterais hematológicos (agranulocitose).

Olanzapina: significativo ganho de peso e diabetes induzida pelo fármaco.

Quetiapina: foi pouco tolerada e ineficaz em um estudo com poucos pacientes.

Ziprazidona: resultados promissores, mas precisa de mais estudos.

Haldol: utilizado por conto do baixo custo, mas apresente muitos efeitos colaterais. 90
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
ANTIDEPRESSIVOS

Inibidores seletivos de receptação de serotonina (ISRSs):

Fluoxetina: apresenta-se eficaz em pacientes com TEA, levando à diminuição de


comportamentos repetitivos, porém, seu uso gera efeitos colaterais como hipomania,
agitação e hiperatividade.

Escitalopram, Fluvoxamina, Paroxetina e Sertralina: apresentaram os mesmos


benefícios potenciais, bem como os efeitos colaterais.

91
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
PSICOESTIMULANTES

Metilfenidato: melhora os sintomas do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade


em crianças com TEA.
Porém, são menos eficazes quando comparados com o efeito terapêutico causado em
crianças que apresentam TDAH típica e, os efeitos adversos causados favorecem a
descontinuidade do tratamento.

92
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
BALAVOPTAN

Mecanismo de ação: Inibidor do receptor 1ª da Vasopressina (V1AR).

A Vasopressina modula circuitos cerebrais que regulam comportamentos sociais, como


agressividade, comportamento sexual e esquizofrenia.
É produzida no hipotálamo e age no sistema olfativo, no córtex pré-frontal, no córtex
entorrinal e na amígdala.
Possui três V1a (todo cérebro), V1b (hipocampo) e V2 (rins e vasos).

Em estudos recentes a inibição do receptor V1a melhorou os comportamentos sociais e a


comunicação dos pacientes. Estudos clínicos de fase 3, com conclusão em 2022, sendo o 1º
medicamento específico do TEA. 93
CANABINÓIDES
Derivados da Cannabis sativa
delta 9-tetraidrocanabinol (Δ9 - THC)
e Canabidiol (CBD)

Sistema Endocanabinóide
Receptores: CB1 (SNC e outros órgãos)
CB2 (sist. imunológico e outros órgãos)
Neurotransmissores Endocanabinóides:
Anandamida e 2 – araquidonilglicerol (2-AG) e Virodamina

USOS: Espectro Autista, TDAH, Esquizofrenia, Epilepsia, Ansiedade, Parkinsonismo,


Alzheimer, Glaucoma, Retinopatia diabética, Anorexia (AIDS e Câncer), Esclerose múltipla,
Dor neuropática. 94
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
CANABINÓIDES - Estudo da Revista Nature

Foram coletados e analisados dados de 188 pacientes com TEA tratados com cannabis medicinal entre os
anos de 2015 e 2017 – o grupo tinha média de idade de 12,9 anos e alguns pacientes apresentavam
comorbidades associadas, sendo epilepsia (14,4%) e TDAH (3,7%) as mais prevalentes.

Foi utilizado óleo de cannabis contendo 30% de CBD e 1,5% de THC (proporção de 20 CBD para 1 THC)
durante 6 meses.

Concluiu-se melhora ou desaparecimento de sintomas como inquietação, ataques de raiva, agitação,


problemas do sono, ansiedade, constipação e problemas na digestão foram relatado em 75% dos pacientes
ou mais. A mesma eficácia não foi observada na melhora ou desaparecimento de distúrbios da fala, déficits
cognitivos, incontinência, mobilidade limitada, apetite aumentado e falta de apetite.

Efeitos colaterais foram observados por 25,2% dos pacientes, sendo inquietação.
95
MUITO OBRIGADO!!!

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BIBLIOGRAFIA
• BAR-LEV SCHLEIDER, LIHI; MECHOULAM, RAPHAEL; SABAN, NAAMA; MEIRI, GAL; NOVACK, VICTOR. Real life
Experience of Medical Cannabis Treatment in Autism: Analysis of Safety and Efficacy. Scientific Reports.
2019.
• ANDRADE, K.K.P.M et al. Percepção dos responsáveis por crianças autistas sobre o uso de canabinóides no
tratamento de sintomas desencadeados pelo espectro autista. Faculdade Pernambucana de Saúde. 2019.
• MARTINS, A.C.F.; MELO, E.B. O autismo e o potencial uso de inibidores do receptor tipo 1A de Vasopressina
para seu tratamento. Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 2, p.2087-2112 mar./apr. 2020.
• BRASIL, Ministério da Saúde – MS. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento
de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Risperidona no Transtorno do Espectro do Autismo
(TEA). 2014.
• ARIMA, E. S. Avaliação Psicológica e Intervenção Farmacológica de Crianças Autistas em Dois Serviços
Públicos. Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília – UNB, Instituto de Psicologia, Programa de Pós
– graduação em Ciências do Comportamento. 2009.
• MOREIRA, M. T. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: Prevalência e uso de psicofármacos em
crianças de um ambulatório no sul de Santa Catarina. Arq. Catarin Med. 2017 jul-set; 46(3):106-117.
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