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Fundamentos do

Psicodiagnóstico
Avaliação em Psicologia
3º período em Psicologia
Prof. Me. Pedro Junior Rodrigues Coutinho
• Primeira metade do séc. XX: psicólogo visto
como “testólogo” pelos leigos
• Atualmente: psicólogos utilizam os testes com
objetivos bem definidos
• “A testagem pode ser um passo importante do
processo, mas constitui apenas um dos recursos
de avaliação possíveis” (CUNHA, 2007)
Avaliação
psicológica
• 1ª. Metade do séc. XX: predominaram
conceituações comportamentais e psicanalíticas
• 2ª. Metade do séc. XX: revolução cognitiva

• Para cada linha de pensamento correspondia


estratégias de avaliação específicas, isto é,
métodos e instrumentos típicos.
Entrevista

Embora a entrevista estruturada tenha boas


características psicométricas, a questão
diagnóstica “permanece mais complexa do
que seria desejável” (Kendall & Clarkin, 1992,
apud Cunha)

• Posteriormente voltou a ganhar seu status na


psiquiatria, num formato estruturado, com
propriedades psicométricas bem estabelecidas.
Entrevista
• Psicologia: a entrevista estruturada não teve tão
grande aceitação, uma vez que, na avaliação com
propósitos clínicos, o psicólogo, em princípio, não
se limita a um único método (como a entrevista),
mas tende a aliar enfoques quantitativos e
qualitativos e, assim, consegue testar, até certo
ponto, a consistência e a fidelidade dos subsídios
que suas estratégias lhe oferecem
Psicodiagnóstico
• Etimologicamente, psicodiagnóstico é o
conhecimento de sintomas psíquicos, vem de
diagnostikos = hábil em discriminar, em discernir,
de gnosis= conhecimento.
Psicodiagnóstico
• Procura avaliar forças e fraquezas no
funcionamento psicológico, com um foco na
existência ou não de psicopatologia. Tem
propósitos clínicos.
• Para medir forças e fraquezas no funcionamento
psicológico, devem ser considerados como
parâmetros os limites da variabilidade normal.
Psicodiagnóstico

- Propósitos clínicos (forças e fraquezas,


presença e psicopatologia)
- Variadas perspectivas teóricas (tentativa de
unificação e bom trânsito entre as
abordagens)
- Idiográfica e/ou nomotética
- Qualitativa e/ou quantitativa
Histórico
psicodiagnóstico
• Sua paternidade é atribuída a Galton (introduziu
o estudo das diferenças individuais), Cattell
(criador dos primeiros testes mentais), Binet
(propôs utilização do exame psicológico como
coadjuvante da avaliação pedagógica).
• Continua ligado ao modelo médico até o início
do século passado ganhando força com o
desenvolvimento da psicometria, da biologia
e da divisão dos transtornos psiquiátricos em
orgânicos e funcionais (ênfase nas classificações
nosológicas).
• O processo psicodiagnóstico tem características
específicas: tempo limitado para entrevista e
aplicação de técnicas e testes que facilitem o
diagnóstico, que é feito embasado num modelo
teórico específico.
Fundamentos
do
psicodiagnóstico
- Importante: Conhecer a finalidade,
o propósito antes de realizar um
psicodiagnóstico.

Por quê?
Fundamentos
do
psicodiagnóstico
- Importante: Conhecer a finalidade, o
propósito antes de realizar um
psicodiagnóstico.
- Para poder responder com pertinência
ao solicitante
- Não oferecer mais informações do que
as necessárias para responder a
questão
Finalidades do
psicodiagnóstico
• Diagnóstico(sem rótulos): primeira e principal
finalidade => envolve testes e entrevistas =>
permite extrair conclusões para prever o vínculo
terapêutico, momentos mais difíceis do
tratamento, riscos de deserção.
• Avaliação do tratamento: o andamento do
tratamento (re-testes), observando os avanços,
impasses ou prevendo altas.
• Na investigação: para criar novos instrumentos
de exploração da personalidade, planejar a
investigação para o estudo de uma determinada
patologia, algum problema trabalhista,
educacional ou forense.
O psicodiagnóstico
• Processo científico, limitado no tempo, que
utiliza técnicas e testes psicológicos, em nível
individual ou não, seja para entender problemas
à luz de pressupostos teóricos, identificar e
avaliar aspectos específicos, seja para classificar
o caso e prever seu curso possível, comunicando
os resultados e propondo soluções quando for o
caso.
O Psicodiagnóstico:
OBJETIVOS
1. Classificação simples: compara a amostra do
comportamento do examinando com os resultados
de outros sujeitos ou grupos específicos. Parte de
dados quantitativos para classificar o examinando.
O Psicodiagnóstico:
OBJETIVOS

2. Descrição: ultrapassa a simples classificação e


interpreta diferenças dos escores encontrados,
identificando forças e fraquezas, descrevendo
o desempenho detalhada e comparativamente.
O Psicodiagnóstico:
OBJETIVOS

3. Classificação nosológica: testagem de hipóteses


iniciais, tendo como referência critérios
diagnósticos e não testes.
O Psicodiagnóstico:
OBJETIVOS

4. Diagnóstico diferencial: investigação de irregularidades


ou inconsistências do quadro sintomático a fim de
diferenciar hipóteses diagnósticas
O Psicodiagnóstico:
OBJETIVOS

5. Avaliação compreensiva: examinam-se o nível de


funcionamento da personalidade, as funções do ego
e os sistemas de defesa para facilitar a indicação de
abordagens ou recursos terapêuticos e prever a
possível resposta aos mesmos
O Psicodiagnóstico:
OBJETIVOS

6. Entendimento dinâmico: ultrapassa o objetivo anterior


por propor mais inferências, como sugerir explicações
comportamentais para as questões apresentadas e
prever quais as possíveis dificuldades em terapia
O Psicodiagnóstico:
OBJETIVOS

7. Prevenção: avaliação de risco, identificação


precoce de problemas,
8. Prognóstico: determina o provável curso do
caso
9. Perícia forense: fornece subsídios para tomada de
decisão em casos de insanidade, competência para
o exercício das funções de cidadão, guarda de
filhos, etc.
Como se faz?
Cunha (capítulo
11)
Psicodiagnóstico

• Para que? Responder ao


encaminhamento.

• Como se faz?
Ponto de
partida
• Qual é o ponto de partida quando o
psicólogo vai iniciar um psicodiagnóstico?

R: Encaminhamento.

• Possíveis fontes de encaminhamento.


Contrato de
trabalho
• Após o levantamento inicial dos dados, o
psicólogo tem como saber qual o tipo de
avaliação é adequada para chegar às conclusões
e prever o tempo necessário para realizá-lo.
Contrato de
trabalho
• No momento em que é possível ter uma
previsão, deve-se formalizar com o paciente os
termos em que o processo psicodiagnóstico vai
se desenvolver, definindo papéis, obrigações,
direitos e responsabilidades mútuas.
Contrato de
trabalho
• Número de sessões
• Duração das sessões
• Horário determinado
• Sigilo
• Profissionais a serem contatados
• Honorários
• Forma de pagamento
Contrato de
trabalho
• Quando fazer o contrato de trabalho?

• E se o psicólogo, no tempo combinado, não se sentir


confiante para fechar um diagnóstico e precisar de
mais sessões para que possa cumprir com o seu
trabalho, o que fazer?
Plano de
Avaliação
• Programar a administração de uma série de
instrumentos adequados ao sujeito específico e
especialmente selecionados para fornecer subsídios
para a compreensão do caso.

• O que utilizar?
Plano de
Avaliação
• Entrevistas
• Observações
• Testagem psicológica
• Outras fontes de informação
• Informações vindas de outros profissionais
• Exames médicos
• Cadernos escolares etc
Bateria de testes
psicológicos
Por que utilizar?
• Porque nenhum teste isoladamente pode
proporcionar uma avaliação abrangente da
pessoa.

• Possibilitar a validação intertestes dos dados


obtidos, fornecendo um melhor fundamento
para se chegar a conclusões clínicas.
Levantamento, Análise e
Interpretação dos dados
• Independente dos resultados, as observações
feitas pelo psicólogo durante o processo de
avaliação, já podem ser uma parte introdutória
do laudo.
• Convém também fazer um exame da história
clínica, que poderá auxiliar na interpretação dos
dados obtidos.
Levantamento, Análise e Interpretação
dos dados
• É necessário recapitular, então, as hipóteses
levantadas inicialmente e no decorrer do processo,
tendo em mente os objetivos do exame.

• Os dados produzidos durante o processo devem


servir como respostas para as hipóteses
formuladas.

• O objetivo da avaliação norteará a organização das


informações.
Diagnóstico e
Prognóstico
• Para se chegar ao diagnóstico, o psicólogo deve
examinar os dados que obteve durante o
processo.

• Com base em tal diagnóstico, poderá fazer


predições sobre o curso provável do transtorno
(prognóstico) e planejar a intervenção
terapêutica adequada.
Classificação
diagnóstica
“Fica facultado ao psicólogo o uso do
internacional de doenças código CID, ou
códigos
– de diagnóstico, científica e outros
socialmente
reconhecidos, como fonte de enquadramento de
diagnóstico”.
Classificação
diagnóstica
“Fica facultado ao psicólogo o uso do
internacional de doenças código CID, ou
códigos
– de diagnóstico, científica e outros
socialmente
reconhecidos, como fonte de enquadramento de
diagnóstico”.
Comunicação dos
resultados
Podem ser feitos:
• Laudos – mais extensos, abrangentes e
minuciosos.
• Pareceres – mais focalizados,
resumidos e curtos.

• Dependendo dos objetivos, pode ser


necessário vários tipos de encaminhamento, tais
como:
Comunicação dos
resultados
Por exemplo:
• Entrevista de devolução com os pais e com o sujeito

• Laudo encaminhado ao pediatra

• Laudo encaminhado à escola


Comunicação dos
resultados
• Oconteúdo da comunicação é definido
pela identidade do receptor.

• Existem questões cuja resposta é do interesse de


um receptor, mas não do outro.

• Além do sigilo das informações que devem


ser resguardadas.
Comunicação dos
resultados
• A forma é definida pela identidade e qualidade do
receptor. Deve-se prestar atenção à terminologia e
a linguagem utilizadas.
Comunicação dos
resultados
Em princípio, quem solicita um psicodiagnóstico,
deve ter assegurado seu direito à comunicação
dos resultados, o que deve constar já no contrato
de trabalho.

O paciente deve ter acesso aos resultados da


avaliação?
Psicodiagnóstico Tradicional e
Interventivo

O psicodiagnóstico tem caráter


de avaliação ou
intervenção?
Psicodiagnóstico Tradicional
• A avaliação e a intervenção são claramente
diferenciadas, o que implica na primeira não ter
lugar para as intervenções.

• Teria como objetivo conseguir uma descrição e


compreensão profunda e completa da
personalidade do paciente, par a partir daí
formular recomendações terapêuticas.
Psicodiagnóstico Interventivo
• Sistematizado a partir da década de 90.

• O processo de avaliação e intervenção ou de coleta


e análise de dados ocorrem concomitantemente.

• Assim, o conhecimento é construído de maneira


conjunta no momento da interação entre paciente
e terapeuta.
Psicodiagnóstico Interventivo
• Oterapeuta faz sua interpretação do
material
oferecido pelo paciente, que o aceita,
rejeita,
amplia, reformando o que foi dito e devolvendo-o
ao psicólogo, que efetua revisões necessárias.
Psicodiagnóstico Interventivo
• O início de um processo diagnóstico interventivo
não é o momento mais importante do processo,
mas apenas uma tarefa entre outras.

• Com isso, não há o estabelecimento sistemático de


passos a serem seguidos e, consequentemente, o
número de sessões não é definido de maneira
precisa.
Referência Bibliográfica
CUNHA, Jurema Alcides. Fundamentos do
psicodiagnóstico. In Jurema Alcides CUNHA (Org.),
Psicodiagnóstico-V. 5 ed. Porto Alegre: Artmed,
2007. P. 23-31.

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