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CACHOEIRA
2021
CRISTINA SANTOS DA MATA
Pereira de Jesus
CACHOEIRA
2021
CRISTINA SANTOS DA MATA
COMISSÃO JULGADORA:
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(nomemembro externo com titulação em fonte 12, negrito)
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(nomemembro interno com titulação em fonte 12, negrito)
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(professor orientador com titulação em fonte 12, negrito)
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3.4.1 ESCOLA
INTRODUÇÃO
questões importantes que precisam ser tratadas não somente no âmbito acadêmico,
com imersões nas discussões ligadas a etnia/raça que produzam novas ciências,
novos conhecimentos dentro de outras visões antropológicas, considerando
efetivamente a participação de negros brasileiros e diaspóricos como também
construtores da nossa história.
Tantas outras linhas foram escritas no livro da minha caminhada até aqui,
incluindo maravilhosas personagens no enredo, sobretudo mulheres pretas, irmãs
de militâncias, professoras e professores que marcaram a minha trajetória de vida.
Não posso esquecer de citar as inúmeras trajetórias que também marquei, de tantas
outras mulheres e homens nos espaços escolares e não escolares por onde andei e
ando. Temos muitas marcas positivas. Nossas marcas continuam, as marcas que
deixam me fortalecem, ao mesmo tempo em que me norteia na construção desta
pesquisa, pois: “Uma vez que a escolha do objeto põe em condição de reciprocidade
e intercâmbio os lugares do objeto e é situado de uma forma bastante singular, pelo
posicionamento ético e teórico diante dele, uma voz que não é neutra e por isso
mesmo se ver autorizada” (JESUS, 2010, p.21).
Os caminhos da pesquisa
válido. É por via do conhecimento válido que uma dada experiência social
se torna intencional e inteligível. Não há, pois, conhecimento sem práticas e
atores sociais. E como umas e outros não existem senão no interior de
relações sociais, diferentes tipos de relações sociais podem dar origem a
diferentes epistemologias (BOAVENTURA, 2009, p. 49)
Assim, dialogamos com autores como Minayo, André, Roberto Sidney que,
via categorização específica, nos sinaliza possibilidades de teorizar as práticas da
Comunidade do Kaonge, das práticas das mulheres e homens nas suas relações de
produção e consumo e transmissão e difusão e reconstruções.
Ao começar o percurso que nos trouxe até aqui (2022), fomos modificando os
olhares e, em determinado ponto, alguns objetivos da pesquisa, aja vista da
natureza da pesquisa, a saber a etnográfica, de natureza qualitativa, a qual, é
descrita por GALLEFF, foram alterados e ampliados, a exemplo da
necessidade de ampliar a escrita no que tange a historiografia oficial dos
povos nativos brasileiros, a saber os “indígenas” e dos povos africanos
trazidos para cá, como forma de problematizar ao máximo a nossa
constituição identitária ancestral, o que nos possibilita também reafirmar os
processos de exclusão e exploração por parte dos estrangeiros (que também
compõe a nossa formação identitária), a saber, inicialmente, os portugueses.
Desta forma vamos trazer aqui algumas legislações e ações das políticas de
“reparação” e “inclusão” que vem fortalecendo as bandeiras de combate ao
Racismo Estrutural (Silvio Almeida, 2017 ) suas variadas formas de expressão e
representação.
A leitura minunciosa da carta de Pero Vaz de Caminha, séc. XVI, nos auxilia a
compreender a imagem estereotipada que a historiografia descreve dos povos
nativos das terras denominada Brasil.
CITAÇÕES ABOLICIONISTAS.....
Esses dados trazidos por Marta Azevedo, tendo como fonte o órgão oficial que trata
das questões dos povos indígenas no Brasil, a FUNAI – Fundação Nacional do
Índio, mostra o decréscimo dessas populações, o que, mais uma vez atesta os
processos de extermínios de populações e todo seu legado cultural.
Mais uma vez nos encontramos presas a escrita dessa parte da história, porém
sem ela não podemos situar a comunidade do centro dessa pesquisa, a saber,
uma comunidade quilombola, com tantas histórias que se cruzam as dos
povos indígenas e africanos e afro brasileiros dos séculos XVI e XVII.
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Séc. XVI
Séc. XVII
Séc. XIX
Séc. XX
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Outro marco legal, foi o Parecer 23/2007, reexaminado pelo Parecer 03/2008,
que deram origens as Orientações para o atendimento a Educação do Campo
Indispensável citar essa Resolução pois a mesma é o grande marco legal para a
consolidação das Políticas Públicas para a Educação do Campo, e demarcar a
vultuosa participação popular na promulgação das mesmos: “Houve inteira
concordância dos participantes com o Parecer, os quais se manifestaram de forma
muito positiva e apresentaram algumas sugestões sobre o Projeto de Resolução,
para consolidação das políticas públicas para a Educação do Campo.” (RESOLUÇÃO
03/2008)
Para além do conceito básico de Cultural, aqui optamos por trazer (in)
cultura na perspectiva de como mesmo exerce forças nas relações concretas, dos
sujeitos concretos, nas relações entre si. Kaonge comprova os riscos de
entendermos culturas meramente como conceito, mas encontra no texto de Ramose
elementos para inculturar-se, para ver cultura de dentro para fora,para exportar
culturas.
Os caminhos que essa pesquisa foi percorrendo por vezes nos pareceu
emperrar em busca por literaturas atuais que corroborassem com algumas
características específicas das histórias do Kaonge, por sua singularidade enquanto
existência de um núcleo familiar “principal”, principal inclusive do ponto de vista da
quantidade dos membros de uma família, considerando nosso incansável olhar e
discurso em busca de reais representações tradicionais de comunidades
tradicionais, incluindo as quilombolas, e isso trazemos aqui por identificar a presença
expressiva de uma família em todos os espaços de produção, difusão e
gerenciamento dessas produções e difusões, o que nos levou a realizar algumas
imersões na comunidade em busca de elementos que melhor expressasse o perfil
cultural do Kaonge.
Foi um percurso longo, por vezes com “retrocessos” de entendimentos,
porém, como caminhos da pesquisa, fomos juntando elementos que nos fizeram
buscar conceitos menos colonizados de cultura, a saber que dentro de um mesmo
núcleo familiar ou comunitário co existem vários perfis culturais, incluindo os
diversos caminhos encontrados pela comunidade para construção dos seus traços
culturais, os quais se entrelaçam diretamente com as relações e como os sujeitos
históricos desses espaços se estabelecem (historicamente) com os espaços
formativos, principalmente a escola.
Algo que essa pesquisa mostrou foi o encadeamento das principais práticas
culturais, com as necessidades de sobrevivência material dos seus atores. Os
entrelaçamentos do familiar com o comunitário e o individual no sentido dos
gerenciamentos dos espaços e práticas, o que nos pareceu diretamente ligado a
formação escolar e de engajamento político da comunidade.
E as falas dos sujeitos sociais, coautores e autoras desta pesquisa foi aos
poucos nos conduzindo a olhar as múltiplas culturas que habitam no cotidiano do
Kaonge, nas formas como os quilombolas se relacionam entre si e com os outros,
podendo assim se apresentar como uma bricolagem cultural, cultura como
resultados dessas interações e intensos movimentos de cunho social, político,
econômico, educacional e religioso.
E ainda:
na esperança de encontrar seu objeto de pesquisa numa organização
quase perfeita, o pesquisador iniciante vive uma perplexidade
desestruturante ao se deparar, para efeito de análise, com o corpus
de informações que sua pesquisa produziu, onde ele terá a
responsabilidade e a competência de torná-los inteligíveis e fecundos
em termos heurísticos.
Temos registros fílmicos do exposto acima, temos registros das vozes dos
atores que evidenciam suas convicções de verdadeiros construtores de cultura, de
saberes, de fazeres ancestrais, de práticas solidárias e coletivas, de
empreendedores sociais sustentáveis, de inventores científicos usando a terra com
novas tecnologias.
Essas relações imbricadas, por vezes nos remeteu aos processos de como
se dá a definição de ocupação dos espaços de gestão, de criação e de difusão na
(nas) comunidades, por vezes não foi fácil associar e nem dissociar, para tanto foi
necessário buscar compreender essas divisões de forma mais particularizada, a
exemplo de buscar acompanhar e classificar o que é familiar-coletivo-individual.
dinâmicas, que por vezes se funde com o individual, aqui me refiro aos
gerenciamentos dos espaços produtivos e de difusão dos
conhecimentos/produtos/serviços da Comunidade.
Partindo do que Macedo traz, encontramos, através das falas das lideranças
da comunidade, uma forte necessidade de implementar uma educação quilombola
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pautada nas suas práticas e saberes, bem como nas suas bandeiras de lutas para
fortalecer as identidades dos mais jovens, das crianças e de toda as Comunidades.
Como já mencionada nesse texto, é muito difícil falar do Kaonge sem fazer
alusão as outras comunidades quilombolas da Bacia do Iguape, principalmente
pelos movimentos atuais do CQVBI e das pessoas alfabetizadas na década de 90 e
anos 2000 à 2010 na Escola São Cosme e São Damião, as quais eram (muitas
ainda são) moradoras dos 18 quilombos do Vale, e que hoje são as professoras da
escola, as lideranças e ativistas das comunidades, as/os intelectuais do Recôncavo
e do Mundo, pessoas que se consideram quilombolas da Bacia e Vale do Iguape.
1
Griôt foi o chamamento dado a Juvani Viana Juvelino, matriarca da comunidade, Guia religiosa do
Centro de Umbanda existente no Kaonde, ativista, professora leiga, fundadora e mãe da atual
gestora da Escola
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O que muito nos interessa aqui é dizer do lugar que a Escola enquanto
instituição formadora e mobilizadora ocupa no Kaonge, é apresentar os impactos
que esse micro embrião provocou no cenário local e regional no que tange aos
processos de escolarização, acrescentando ai a instalação de uma Universidade
Federal atenta as pretensões da Lei 10.639/2003 e 11.645/2008, bem como
Decretos e Portarias e Resoluções diversas que vem, principalmente nessas duas
últimas décadas, aumentando expressivamente o número de homens e mulheres no
Ensino Superior e Pós Graduação na região do Recôncavo da Bahia.
atendendo 68 crianças e adolescentes (Tiago Silva, 2018. Pág. 38) exercia o que
posteriormente definiu essa Resolução.
REFERÊNCIAS
https://www.google.com/search?
q=cultura&oq=cultura&aqs=chrome..69i57j0i131i433i512l2j0i512j0i433i512l6.3520j0j
15&sourceid=chrome&ie=UTF-8