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Suicídio (do latim sui, "próprio", e caedere, "matar") é o ato intencional de matar a si mesmo. Pensar em Suicídio é
se entregar a uma busca incansável dos porquês. É refletir sobre quais sentimentos, faltas, lacunas ou mistérios
rondavam aquela existência. Muitos questionamentos surgem, como por exemplo, por que as pessoas se matam, o
que aconteceu com aquela pessoa para desistir de viver e se matar, etc. Isto consequentemente nos leva a uma
busca por respostas no sentido de aliviar o sofrimento e a sensação de indignação e inconformismo, por alguém ter
decidido acabar com sua própria vida.
Refletir sobre Suicídio é também analisar por que este fenômeno tem sido silenciado ao longo dos anos pela
sociedade, autoridades responsáveis, profissionais de saúde e familiares, camuflando assim um grave problema de
saúde pública no Brasil e no mundo (Botega, 2002). O fato é que este silêncio não ajuda, é preciso abordar o
suicídio de forma responsável e realística, para ajudar na prevenção.
Comportamento Suicida
Um comportamento não é, necessariamente uma
doença de modo que os comportamentos suicidas
não constituem uma doença, embora na maioria
estejam associados a diversos transtornos mentais
Ideação
envolver nuances que vão desde
pensamentos passageiros de que a vida não
vale à pena ser vivida até preocupações
intensas sobre por que viver ou morrer
Tentativa
qualquer tipo de comportamento
autolesivo não fatal, com evidências, sejam
elas implícitas ou explícitas de que a pessoa Suicídio
tinha a intenção de morrer.
morte autoprovocada com evidências,
sejam elas implícitas ou explícitas de
que a pessoa pretendia/tinha a
intenção de morrer
Comportamento suicida ao longo do ciclo vital
População Infanto-Juvenil
A infância e adolescência como partes do ciclo da vida humana se caracterizam por serem períodos de baixa
morbidade e mortalidade. Contudo, as principais causas de morte nestas etapas estão relacionadas à: doenças
oncológicas e mortes por motivos de violência, tais como homicídio e suicídio (Bella et al., 2010).
O suicídio é a terceira causa de morte entre os jovens estadunidenses (Joe et al., 2007). Na América Latina, há maior
incidência de conduta suicida nos jovens entre 15 e 19 anos de idade (Gutiérrez et al., 2009), havendo estimativas
que apontam para o fato de que, a cada oito jovens, um tenta se suicidar (Psic, 2011). É válido ressaltar ainda que,
conforme aponta a OMS (WHO, 2001), entre os adolescentes, os comportamentos de risco ao interagir com fatores
sócio-ambientais, tais como família e demais relações interpessoais, também aumentam os níveis de
comportamentos suicidas.
SCHLOSSER, Adriano; ROSA, Gabriel Fernandes
Camargo; MORE, Carmen Leontina Ojeda
Ocampo. Revisão: comportamento suicida ao
longo do ciclo vital. Temas psicol., Ribeirão Preto
, v. 22, n. 1, p. 133-145, abr. 2014
Comportamento suicida ao longo do ciclo vital
População Adulta
As taxas mundiais de suicídio tiveram um aumento de 60% nos últimos 45 anos, sendo que, em alguns países, está
entre a principal causa de mortalidade de 15 a 44 anos (Botega et al., 2009; Minayo, Pinto, et al., 2012). No Brasil, as
taxas de suicídio em homens com menos de 60 anos atingiu, em 2005, a marca de 11/100mil habitantes, com
declínio, em 2006, para 7,1/100mil. Referente ao sexo feminino, a média, em 2006, fora de 3,4 suicídios de homens
para cada mulher.
Estes autores discutem que alguns aspectos do papel social da masculinidade podem ter importante relação nesse
sentido, haja vista que questões como reveses econômicos - empobrecimento ou desemprego - são fatores de
estresse para o homem que está envolto por uma cultura patriarcal, abalando seu status de provedor.
Complementando esta questão, é válido lembrar que a economia brasileira passou por diversas alterações ao longo
da década de 90, período em que o número de suicídios aumentou.
SCHLOSSER, Adriano; ROSA, Gabriel Fernandes
Camargo; MORE, Carmen Leontina Ojeda
Ocampo. Revisão: comportamento suicida ao
longo do ciclo vital. Temas psicol., Ribeirão Preto
, v. 22, n. 1, p. 133-145, abr. 2014
Comportamento suicida ao longo do ciclo vital
Adultez Emergente
Uma nova fase desenvolvimental denominada adultez emergente tem sido identificada em países industrializados,
na qual jovens que saem da adolescência têm postergado a assunção de papéis adultos como o casamento, a
independência financeira dos pais e a constituição de uma família. A adultez emergente é caracterizada por um
período de exploração da identidade, uma vez que neste período da vida, os jovens buscam maior identidade social
e profissional. Trata-se de uma etapa perpassada por inseguranças, visto que os jovens são inseridos em novos
contextos sociais que exigirão habilidades especificas, as quais os jovens podem não possuir, deixando-os
vulneráveis.
A adultez emergente também tem sido apontada como um período de exposição a situações de risco, como uso de
drogas e sexo desprotegido. Isso ocorre justamente por eles estarem em um período alongado de exploração de
suas identidades e o fato de postergarem comprometimentos definitivos (ex.: casamento, filhos, trabalho fixo). Este
conjunto pode levá-los a ter sentimentos de negatividade e instabilidade, o que pode explicar seu envolvimento em
comportamentos de risco.
Pereira, Willhelm, Koller, Almeida. Fatores de
risco e proteção para tentativa de suicídio na
adultez emergente. Ciência. Saúde coletiva, 23
(11) nov, 2018.
Comportamento suicida ao longo do ciclo vital
População Idosa
Assim como nas demais faixas etárias, o suicídio na terceira idade também se constitui como um fenômeno
importante a ser investigado, levando em consideração que tal população é a que mais cresce, tanto no Brasil
quanto na maior parte do Mundo (Minayo & Cavalcante, 2010). De acordo com Baptista et al. (2006), as taxas de
suicídio em pessoas idosas obtiveram um aumento quando comparadas à população jovem, que realiza mais
tentativas de suicídio, uma vez que idosos tendem a comunicar menos suas ideações, bem como são mais letais em
seus comportamentos suicidas.
Fatores
precipitantes
“Não há como prever quem cometerá ou não suicídio, mas é possível avaliar o risco
individual que cada paciente apresenta, baseado nos fatores de risco e de proteção
investigados na entrevista clínica. Uma boa entrevista permanece o melhor meio de se
avaliar o risco de comportamentos suicidas. Numa situação clínica, sempre há
oportunidade para explorar esses riscos, embora muitíssimas vezes essa oportunidade seja
perdida, com a consequente perda de inúmeras vidas. Por isso, o profissional deve estar
preparado e bem treinado para a abordagem destes pacientes”.
Bertolote, Mello-Santos, Botega. Detecção do
risco de suicídio nos serviços de emergência
psiquiátrica. Revista Brasileira de Psiquiatria, vol
32, Supl II, out 2010.
Identificação do risco de comportamentos
suicidas no contexto clínico
Crenças sobre o
suicídio
• Oferecer apoio emocional; trabalhar •Oferecer apoio emocional; •Acolher, prestar os primeiros
sobre os sentimentos que motivam a •Trabalhar sobre os sentimentos que cuidados, chamar um
autoagressão (por ex., automutilação) motivam os pensamentos suicidas; familiar/responsável, não
e/ou pensamentos suicidas; •Focar na ambivalência do desejo e deixar a pessoa sozinha e
•Focalizar nos aspectos positivos; explorar alternativas; encaminhar ao serviço de
•Levar a pessoa à autorreflexão; •Chamar um familiar/responsável; referência de urgência e
•Manter encontros regulares; •Contratualizar (acordo de não emergência (pronto
•Indicar inserção em atividades efetivar o suicídio); atendimento hospitalar, SAMU,
comunitárias/grupos/oficinas; •Manter encontros regulares; UPA, etc.);
•Solicitar apoio matricial ou •Seguir na Unidade com apoio •Manter contato regular
encaminhar para CAPS/ambulatório matricial ou encaminhar ao
quando a pessoa não consegue CAPS/ambulatório.
refletir sobre sua condição e não
apresenta melhora
Disposição do Terapeuta
Precisa-se ouvir muito, pois o paciente necessita falar sobre seus
pensamentos e sentimentos. Há situações, no entanto, em que o
profissional precisa ser mais ativo, incentivando o diálogo em
busca de soluções, ou tomar ele próprio decisões emergenciais de
proteção à vida;
Um ponto de apoio, como uma boia a qual a dupla terapeuta/ paciente possa tomar
fôlego e continuar depois. Às vezes, já ao fim do primeiro contato, é preciso
vislumbrar um ponto por onde começar a organizar o caos emocional. Um ponto de
esperança, poderíamos também dizer.
Bertolote, Mello-Santos, Botega. Detecção do
risco de suicídio nos serviços de emergência
psiquiátrica. Revista Brasileira de Psiquiatria, vol
32, Supl II, out 2010.
“Numa tentativa de orientar, principalmente o pessoal clínico sem formação psiquiátrica (médicos
e pessoal de enfermagem), a OMS publicou uma série de documentos sobre a prevenção do
suicídio, sendo um deles destinado a clínicos gerais e outro ao pessoal de cuidados primários de
saúde”.
Bráulio Bessa
Obrigada
Email: deborabrendac@outlook.com
Referências