Você está na página 1de 78

SUICÍDIO:

CONHECER PARA PREVENIR E PARA


ACOLHER

Renata Amado
Psicóloga Clínica e Hospitalar
CRP 01/17628
 Situações de sofrimento intolerável podem levar
ao impulso para esse processo (de sofrimento)
resultando no ato suicida.
 Há sinais que indicam riscos e, sendo
acompanhados, podem favorecer fatores de
proteção. O problema é que esses sinais podem
não estar claros, ou são camuflados porque a
pessoas não quer que ninguém saiba da sua
decisão. Por outro lado, há pessoas que querem e
precisam ser resgatadas.
 O ato suicida é um pedido de socorro e demanda
ajuda. Entretanto, há aqueles que querem, de
fato, morrer. Os suicídios estão permeados de

AMBIGUIDADE
 Para cada ato suicida, há várias
TENTATIVAS que podem indicar a
ambiguidade entre terminar uma vida sofrida
e buscar um recomeço.
 Por isso é muito importante levar a sério cada
tentativa, cada menção a querer se matar,
ouvindo o que a pessoa precisa falar.
 Tentativas de suicídio, principalmente se
recorrentes, são fatores de grande risco para
a consumação do suicídio.
 Suicídios desafiam a sua compreensão, na busca
de explicações e de motivações.
 Neste evento COMPLEXO, qualquer
resposta simplista, única, certamente leva a
equívocos; não há uma causa única que explique
por que as pessoas se matam. Suicídios são
eventos MULTIFATORIAIS de alta
complexidade.
 Quem sabe da verdade sobre a razão suicida é a
pessoas, mesmo para ela as razões nem sempre
estão claras, podendo oscilar entre o desejo de
morrer e o de viver, de não mais viver a vida
atual com sofrimento.
 Há suicídios impulsivos, em que a tentativa resulta
em morte. Há aqueles pensados por muito tempo, com
um planejamento meticuloso e silencioso.
 O importante é que cada indivíduo tem a sua história,
que precisa ser conhecida – não adivinhada. Na base
há um elemento comum: o sofrimento que não
consegue ser expresso de outra forma. É a
comunicação importante de que algo não vai bem na
vida da pessoa.
 Todos necessitam de respeito, atenção e cuidados, e
quem se sente vulnerável, humilhado, desamparado.
Há formas de diminuir os riscos, e elas devem ser
buscadas, mas sem a onipotência de que suicídios
serão zerados. É muito importante diminuir seu
número, mas o essencial é cuidar, da melhor forma
possível, do sofrimento presente na vida das pessoas.
Nós não somos
salvadores,
somos cuidadores!
TABUS
DESCONSTRUIR CRENÇAS!

 A morte é um tabu: escondida, não dita, negada.


 Morte: o suicídio é o mais estigmatizado: o silenciamento tem
relação com constrangimento que ele provoca e do sofrimento
que ele causa.
 Suicídio não tem “cara”.
 Depressão e outros transtornos não tem “cara”.
 Percepção equivocada de que falar sobre o tema estimula a
ideação e a tentativa de suicídio.
 Falar de maneira correta e perguntar, abre espaço para
comunicação, para acolhimento.
 O silenciamento pode levar, por exemplo, à internet na busca
de respostas para as suas questões.
PROFISSIONAIS DA MÍDIA
E O SUICÍDIO
 Inferências a respeito de saúde mental só podem ser feitas a partir de estudos
realizados com o rigor científico necessário. Ainda mais quando relacionadas
ao suicídio, fenômeno multifatorial e complexo, e que, por ser uma questão de
saúde pública de ordem global, enseja uma abordagem eticamente adequada
nos meios de comunicação.
 No mundo todo tem havido investimentos em pesquisas e monitoramento de
ações a fim de trazer propostas cada vez mais eficazes à prevenção do suicídio.
Além da questão ética, o aprimoramento das práticas na área da comunicação
contribui para uma maior eficácia das políticas públicas.
 A exposição na mídia de casos de suicídio sem o devido cuidado pode ter efeitos
prejudiciais à saúde mental da população: OMS publicou o Manual
“Prevenção do suicídio: um manual para profissionais da mídia”
(OMS, 2000), que traz recomendações para profissionais de mídia sobre a
divulgação de suicídios.
 Não divulgar o método empregado, fotos ou cartas de de despedida;
evitar coberturas sensacionalistas, com glamourização da pessoa,
julgamentos morais e visões simplistas sobre a motivação. Igualmente,
em consideração às repercussões possíveis, a divulgação deve
priorizar o aspecto educativo e a abordagem ética e sensível, seja na
mídia tradicional ou nas redes sociais, de forma a promover a
conscientização da população.

(Fonte: Conselho Federal de Psicologia)


 No Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros (artigo 11) é determinado
que o jornalista não divulgue informações de caráter mórbido,
sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em
cobertura de crimes e acidentes.

 “Efeito Werther”: Goethe publicou, em 1774, “Sofrimentos do Jovem


Werther”; Werther cometeu suicídio, por um amor inviável. Houve um
aumento nos casos de suicídio na Europa nos anos que seguiram, de modo
semelhante. Duzentos anos depois, em 1974, David Philips propôs o termo
“Efeito Werther” para descrever o aumento de casos de suicídio após um
caso amplamente relatado, por identificação com um personagem, uma
pessoa pública, ou mesmo amigos de escola. O termo “suicídio por
imitação” também tem sido usado.

 “Efeito Papageno”: um personagem de A Flauta Mágica, de Mozart,


que decide tirar a própria vida, mas, ao falar sobre sua intenção, é
convencido por três amigos a abandonar a ideia e buscar alternativas e
possibilidades. Quando a divulgação de informações voltadas à
prevenção é adequada, tem-se o chamado efeito Papageno, que
provoca a diminuição do comportamento suicida. É preciso
destacar que a adoção de estratégias de enfrentamento positivas
diante do público com acesso amplo à mídia é fundamental para
que esse fenômeno ocorra.
FRASES QUE NÃO CORRESPONDEM COM A REALIDADE:

 Se eu perguntar sobre suicídio irei induzir a pessoa a isso.

 A pessoa está ameaçando se matar apenas para manipular


ou para chamar a atenção.

 Quem quer se matar, se mata mesmo.

 O suicídio só ocorre quando há uma doença mental.

 Veja se da próxima vez você se mata mesmo

 Uma vez suicida, sempre suicida.


A menção ao suicídio
deve ser levada a sério!
ESTATÍSTICAS
MUNDO:
 700 mil pessoas / ano.
 As taxas mundiais de suicídio estão diminuindo, mas na
região das Américas os números vêm crescendo.
 Entre 2000 e 2019, a taxa global diminuiu 36%.
 No mesmo período, nas Américas, as taxas aumentaram
17%.
 Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio aparece como a
quarta causa de morte mais recorrente, atrás de acidentes
no trânsito, tuberculose e violência interpessoal.
(Dados OMS)

Os números são maiores: subnotificação. Mais ou menos 20%.


ESTATÍSTICAS
BRASIL:
 2010 a 2019 → 112.230 mortes por suicídio.
(Dados Ministério da Saúde)

 O consumo de álcool e substâncias psicoativas


durante a infância e adolescência possuem relação
direta com casos de suicídio entre jovens, segundo
Antônio Geraldo da Silva, psiquiatra e presidente da
Associação Brasileira de Psiquiatria. “O abuso de
álcool e outras drogas funciona atuando no ponto
desencadeador do suicídio, que é a doença mental
chamada depressão, ou seja, os transtornos afetivos.
Esse fator representa de 36% a 37% da população que
cometeu suicídio”.
 2019 → 124.709 lesões autoprovocadas.
Aumento de 39,8% em relação à 2018.
(Dados Ministério da Saúde)
ESTATÍSTICAS
DISTRITO FEDERAL:
 804 tentativas e 41 mortes por suicídio (jan-mai/2018).
 215 tentativas (jan-fev/2019).
(Dados GDF)

UBERLÂNDIA - MG:
 2011 a 2017 → HC/UFU
33 suicídios
577 tentativas de suicídio
(FACAS,2022 – trabalho de conclusão de curso enfermagem)

 2018 → 323 óbitos: causas externas (não doenças): acidentes,


homicídios, suicídio: 2/3 dos óbitos da cidade.
 Tem reduzido a cada ano (mas de qual)?
(Dados Relatório de gestão 2018 da Prefeitura de Uberlândia)
 Maioria: idosos (acima de 70 anos).
 Aumento: jovens de 15 a 29 anos.

 Morte por suicídio: enforcamento, armas de fogo,


envenenamento.
 Tentativas de suicídio: ingestão excessiva de
medicamentos ou de veneno.

 Homens: morte por suicídio.


 Mulheres: tentativas de suicídio.
(Dados Ministério da Saúde)
RISCO
FATORES DE RISCO PARA O SUICÍDIO:

 Fatores sociodemográficos:
- Sexo masculino;
- Adultos jovens (15 a 29 anos) e idosos;
- Estados civis viúvo, divorciado e solteiro;
- População LGBT;
- População indígena;
- População negra jovem.
 Transtornos mentais:

- Depressão, Bipolar, Abuso/dependência álcool e


drogas, Delirium, Esquizofrenia, Borderline;
- Falta de tratamento ativo e continuado em saúde
mental;
- Ideação ou plano suicida;
- Tentativa de suicídio pregressa;
- História familiar de suicídio (culpa, como não
percebi ou silêncio).
 Fatores psicossociais:

- Abuso físico ou mental;


- Instabilidade familiar;
- Ausência de apoio social;
- Isolamento social;
- Perda afetiva recente ou outro acontecimento
estressante;
- Perda de emprego;
- Vergonha / Humilhação
- Pouca flexibilidade para enfrentar adversidades.
 Outros:

- Acesso a meios letais;


- Falta de adesão ao tratamento.
TRANSTORNOS MENTAIS
 Transtornos mais comuns, que aumentam o risco
de suicídio?

- Depressão;
- Transtorno bipolar;
- Dependência de álcool e outras drogas;
- Esquizofrenia;
- Transtorno personalidade borderline.
DEPRESSÃO
DEPRESSÃO
EQUÍVOCOS:
 Chamar de tristeza um quadro depressivo intenso, estável e
duradouro;
 Crença de que o esforço pessoal consegue vencer a depressão;
 Descumprimento de regras básicas do tratamento farmacológico.

 Alerta início medicação:


 O suicídio é um ato que requer capacidade de organização e
iniciativa. Um período de especial risco é o início do tratamento com
antidepressivos, quando a ativação (energia, motivação) pode
melhorar antes dos sintomas cognitivos (que podem incluir a
ideação suicida).
 Nesta fase a atenção tem que ser redobrada, pois o paciente já tem
condições de agir de acordo com seus pensamentos e plano suicida.
Psicoterapia em conjunto com suporte familiar são essenciais.
TRANSTORNO BIPOLAR
TRANSTORNO BIPOLAR

 É um transtorno que pode ser confundido com depressão, pois a


pessoa passa por longos períodos de depressão, aí é tratado como
depressão. E os episódios hipomaníacos podem passar
despercebidos pelo médico, familiares, retardando o diagnóstico. É
aí que entra o risco, pois tem que ter o diagnóstico certo, a
medicação correta, o manejo correto na psicoterapia. Diálogo com
psiquiatra e com familiares.
DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL E OUTRAS
DROGAS
DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL E OUTRAS
DROGAS

 O paciente pode negar ou minimizar o problema.


 Atenção com pessoas que usam o álcool ou drogas como remédio pra
diminuir a dor física ou psíquica.
 Pergunte que tipo de bebida, que tipo de droga. Atenção tanto com a
fase de intoxicação quanto na fase de abstinência.
 Recolha informações com o acompanhante.
ESQUIZOFRENIA
ESQUIZOFRENIA

 Pacientes que possuem delírios persecutórios e delírio somático


(órgãos apodrecendo, sensação de insetos que mordem ou rastejam
sob a pele), ou alucinações auditivas agressivas têm risco
aumentado de suicídio, merecem atenção.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE
BORDERLINE
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE
BORDERLINE

 Borderline é o que mais se associa ao suicídio e às tentativas de


suicídio, por causa de algumas características, como: impulsividade,
autolesões repetitivas, instabilidade afetiva, ideação paranóide
transitória.
DELIRIUM
DELIRIUM

 É um quadro clínico de instabilidade marcante. Também conhecido


como estado confusional agudo ou síndrome cerebral orgânica,
caracterizado pelo rebaixamento do nível da consciência, prejuízo
na atenção, geralmente presente em pacientes hospitalizados há
muito tempo, paciente em UTI. Se acompanhado de agitação
psicomotora e de delírio, pode aumentar o risco de suicídio.
AVALIAÇÃO

Qual a probabilidade/risco da
pessoa vir a se matar?
QUESTÕES INTRODUTÓRIAS GERAIS:
 Dificuldades e perdas (reais ou imaginárias) nos
relacionamentos afetivos;
 Mudança de situação socioeconômica
(principalmente dificuldades financeiras);
 Discórdia e violência no ambiente familiar;

 Abuso ou negligência (física, sexual, emocional);

 Fracasso e humilhação (relacionamentos,


profissão, escola).

(Evite perguntas de sim ou não. Introduza a


palavra como).
 Quais são as fantasias em torno da própria morte? O
que a pessoa acha que vai resolver?

 Pensamento rígido (não tem perspectiva de futuro);


 Ambivalência (viver e morrer);
 Impulsividade (não conseguiu se dar tempo e se dar
chance / quer se libertar rapidamente do sofrimento).
 Comportamentos autodestrutivos: repetição, sempre
do mesmo jeito, tentando resolver os problemas
sempre do mesmo jeito.
 Mudanças bruscas de comportamento: expansivo se
isola.
ESTADO MENTAL GERAL ATUAL
 Aparência, higiene e postura.
 Nível da consciência, orientação, atenção.

 Dor psíquica intolerável, desespero, sensação de


que a vida entrou em colapso e que o suicídio é a
única saída.
 Ansiedade, inquietude e insônia.

 Impulsividade e agressividade.

 Vergonha e vingança.
REGRA DOS D’S:
 Estados afetivos que se associam a um maior risco de
suicídio:

Dor psíquica
Depressão
Desespero
Desesperança
Desamparo
Dependência química
Delírio
Delirium
 Nos casos anteriores o suicídio pode ser visto
como solução para situações:

Intolerável
Inescapável
Interminável
IDEAÇÃO E INTENCIONALIDADE SUICIDA
 “Diante das dificuldades que você me contou, algumas
pessoas poderiam pensar que a vida ficou difícil
demais. Você chegou a pensar que não vale mais a
pena viver?”
 “Você pensa muito sobre morte, sobre pessoas que já
morreram, ou sobre a sua própria morte?”
 “Quando você diz que preferiria estar morto, isso é, por
exemplo, um desejo de morrer devido a uma doença, ou
chega a pensar em suicídio?”
 “Você pensou em suicídio durante essa última
semana?”
 “Você se arrepende do que você fez?”
 “Você planeja fazer novamente?”
 “Você acha que os problemas atuais têm solução?”
 “A vida vale à pena ser vivida?”
 “Você tem planos para o futuro?”
Perguntar abre um espaço
para o acolhimento!
SEQUÊNCIA DE PERGUNTAS QUE
INVESTIGAM O GRAU DE INTENÇÃO:
 Há meios acessíveis para cometer suicídio? (Armas,
andar onde mora, remédios ou inseticidas).
 Qual a letalidade do plano e a concepção da
letalidade pelo paciente?
 Alguma preparação foi feita? (Carta, testamento ou
acúmulo de comprimidos).
 Quão próximo o paciente esteve de completar o
suicídio? O paciente praticou anteriormente o ato
suicida ou já tentou?
 O paciente tem habilidade de controlar seus
impulsos?
 Há fatores estressantes recentes que tenham
piorado as habilidades de lidar com as dificuldades
ou de participar no plano de tratamento?
 Há fatores protetores? Quais os motivos para o
paciente se manter vivo?
COMPORTAMENTOS DE
AUTOMUTILAÇÃO
 Exemplos: cortar-se, queimar-se, arranhar-se, bater-se.
 Principalmente adolescentes e jovens adultos.
Causas:
 Crença de que provocar ferimentos em si mesmo é uma forma de
tentar diminuir ou resolver um sofrimento ou uma dor emocional (A
dor física é mais específica e, as vezes, mais fácil de se lidar do que
uma tristeza profunda, uma raiva intensa ou uma sensação de vazio
no peito, de não pertencimento).
 Entranhamento do próprio corpo, não aceitação do próprio corpo.
 Sentimento de culpa, crença de que deve ser punido por algo errado
que fez.
(Dados: Ministério da saúde)

 Lei nº 13.819/2019: Lei Vovó Rose: Política nacional de prevenção da


automutilação e do suicídio.
 Notificação compulsória: violência autoprovocada (com ou sem
ideação), tentativa de suicídio, suicídio.
 Capacitações gratuitas para profissionais de saúde da rede pública.
OBSERVAÇÕES:
 Traz desconforto ou traz alívio?
 Ocultar (responder de modo evasivo, ocultar o
planejamento).
 Pacientes psicóticos (não costumam verbalizar suas ideias
de suicídio. Estas se articulam com outras fantasias e
dificilmente são discriminadas).
 Pacientes intoxicados por álcool ou por substâncias
psicoativas (podem verbalizar a ideação suicida enquanto
as suas defesas psicológicas estão enfraquecidas, e negá-las
quando sóbrios).
 Poder letal (Um paciente ingere 4 comprimidos de algum
antidepressivo e para ele pode ter um poder letal, pois ele
tinha certeza que aquilo levaria ele à morte. Pode haver
uma próxima tentativa realmente letal. Esse acontecimento
quer dizer alguma coisa pra gente.
 Detalhes do plano suicida. (Perguntar sobre os detalhes de
um plano suicida. A existência de um plano suicida já
coloca o paciente em um grau moderado ou alto de risco
suicida. Quanto mais detalhado o plano, maior o risco de
suicídio).
OBSERVAÇÕES:

 O risco é aumentado pelas seguintes


circunstâncias: escolhas de métodos violentos e
altamente letais e irreversíveis; acesso ao meio
letal e a capacidade para colocar o plano em
prática; providências tomadas em preparação
para a morte; exclusão da chance de socorro
médico; proposta de pacto suicida a outrem; plano
de homicídio seguido de suicídio.
OBSERVAÇÕES:

 O risco de suicídio não é estático


 A postura profissional na condução

 Avaliação de várias informações

 Tempo limitado e condução de forma direta

 Informações de fontes secundárias

 O paciente consegue dizer algo?

 Cuidado com as negações


 Apoio social
 Avaliar a resiliência

 Tentativa anterior e autoagressão


 Sempre levar a menção ao suicídio a sério!

 Frases de alerta:
“A vida não vale a pena ser vivida”
“Eu preferiria estar morto”
“Não tem solução”
“Eu queria poder dormir e nunca mais acordar”
Atenção:

 Alta hospitalar psiquiátrica recente (primeiros dias


de alta hospitalar exige atenção redobrada –
readaptação, novo ambiente e novas pessoas).
 Falsas melhoras (início de recuperação da
depressão, inicio de medicação).
FORMULAÇÃO DO RISCO DE SUICÍDIO
Registro em prontuário!

Dados sobre a avaliação, medidas realizadas,


recomendações de segurança a serem realizadas.
As informações também devem ser repassadas para a
equipe de saúde e para a rede de apoio familiar.
O QUE FAZER?

 Ética profissional.

 Manter o paciente seguro (a curto prazo)


Manter o paciente estável (a longo prazo).
 Rede de apoio: psiquiatra, família, líderes
espirituais.

 A família é convocada/convidada para ajudar.


Risco baixo
Manejar:
 Escuta acolhedora para compreensão e amenização de sofrimento;
 Facilitar a vinculação do sujeito ao suporte e ajuda possível ao seu redor –
social e institucional;
 Acolhimento das questões emocionais;
 Tratamento de possível transtorno psiquiátrico.

Risco médio
Manejar:
 Total cuidado com possíveis meios de cometer suicídio que possam estar no
próprio espaço de atendimento;
 Escuta terapêutica que o possibilite falar e clarificar para si sua situação de
crise e sofrimento;
 Investimento nos possíveis fatores protetivos do suicídio;
 Faça da família e amigos do paciente os verdadeiros parceiros no
acompanhamento.

Risco alto
Manejar:
 Estar junto da pessoa o máximo de tempo que for possível;
 Total cuidado com possíveis meios de cometer suicídio que possam estar no
próprio espaço de atendimento;
 Informar a família da forma já sugerida.
 Internação?
 Internação domiciliar.
 A questão do contrato de não agressão
A questão do contrato de não agressão é questionável, pois gera uma
falsa sensação de segurança. É melhor confiar em reavaliações
frequentes do risco de suicídio, acompanhadas de ações que de fato
proporcionam segurança. Exemplos: Você me dirá como está se
sentindo, se sente que ainda há o perigo de um suicídio,
continuaremos com os nossos encontros, eu farei ligações
esporádicas, você fará ligações quando se sentir mal.

 Unidade de urgência/emergência
 O manejo terá três objetivos: reduzir o risco imediato; manejo
dos fatores predisponentes; e acompanhamento.
 Vigilância 24 horas deve ser estruturada por alguém da equipe
de saúde ou cuidador, se for avaliado como capacitado, até a
reavaliação médica.
 Utensílios que podem ser usados para machucar (facas,
instrumentos pontiagudos, remédios, cintos e cordas) devem
ser retirados do acesso do paciente , assim como a bolsa do
mesmo deve ser revistada para avaliar a presença destes.
Portas, inclusive do banheiro, não devem ser trancadas.
 A transferência de pacientes entre instituições deve ser feita
de ambulância, e não pelos familiares;
 Os pacientes com alto risco de suicídio e frágil suporte social
devem ser internados em instituição especializada.
 Se salvar (desorganização, dor, analogia leão), honra (oriental), desistir dele
(dor insuportável – psycache), desistir do mundo (o que te faria ficar?), punir o
outro (com a sua falta, ausência).

 Multifatorial – Suicídio para o psicótico é perseguição, fugir de uma opressão. É


diferente do que para um depressivo existe a falta de sentido. Desonra
(desemprego, mata a sua família e se mata).

 Trabalhar com o resgate da potência da pessoa ou com a descoberta da


potência.
 Gangorra: Impotência / Onipotência. Potência.

 Espaço e ações para que a pessoa se fortaleça, para que ela possa falar sem
vergonha, sem julgamento.
 Escuta: é só isso? Não, é tudo isso! Por isso que o CVV faz tanto sucesso e
acolhe.

 Respeitar a vida realmente pode ser dura mesmo, sem sentido. Ao mesmo
tempo a gente não deve sancionar. Ela precisa falar, naquele momento ela
precisa dividir.

 Estigma do sobrevivente: o suicida. Não pode apagar todo uma história. A


pessoas não é somente o suicídio, a morte. São pessoas como eu, como você.

 Cuidado na forma de falar: cometer dá a ideia de crime, pecado...

 Não há culpados. Multifatorial.


PRINCÍPIOS
 Empatia
Colocar-se na situação do outro e permitir-se sentir o que ele sente. Mas, o perigo disso é
se identificar tão intensamente com a pessoa a ponto de se confundir e não conseguir
separar o que é de si próprio do que é do outro, e isso machuca. É uma troca de lugares.
Compaixão.

 Limites
Ao lidar com comportamento suicida deve ficar claro para o terapeuta o limite da sua
responsabilidade, de forma a tomar todas a iniciativas e a procurar todos os recursos que
resultem em ações de proteção à vida.
 Ficar paralisado
Sentir uma grande angústia diante dos tormentos avassaladores de uma pessoa em crise
e, em alguns momentos não saber o que pensar é normal. Precisamos dessa angústia e
tensão para depois transformá-la em pensamentos calmos e aceitáveis, para conseguir ir
buscando a teoria e a experiência na mente. Reflita até que ponto é esse “ficar paralisado”.
É literalmente paralisado e te atrapalha a atender, a trabalhar? Repensar: eu dou conta
desse tipo de demanda?

 Sentir-se manipulado
Muitos pacientes aprenderam a usar ameaças suicidas de maneira coerciva e
manipuladora, como um meio de controlar as pessoas ao seu redor. Pode ser uma forma
do paciente se sentir seguro e receber atenção. Se o terapeuta reagir com distanciamento
ou indiferença, provocará sentimentos de desvalorização na pessoa, às vezes alimentando
uma necessidade de vingança. Cuidado com a responsabilização que o paciente impõe
sobre o terapeuta, e cuidado com a responsabilização que você, como terapeuta coloca.
PRINCÍPIOS
 Atenção, carinho, respeito e técnica.
 Habilidade para se dispor com atenção, carinho, respeito e
técnica.
 Não somos salvadores! Somos cuidadores!
 Entenda as suas limitações!
 Não consigo ajudar quem não quer se ajudar.
 A gente precisa lidar com a situação de impotência e de
fracasso.
 Aprender a tolerar a falta de sentido do outro. A falta de
sentido é uma questão subjetiva, única. Cuidado para não
impedir alguém de fazer algo que no fundo vai me agredir.
 Não necessariamente é um fracasso, é um ato humano, que
mostra o que nós temos de trágico, de desespero, de vida sem
sentido.
 Aceitar esse lugar de não saber. A questão morre com o outro.
 Errado a gente achar que sabe mais da pessoa do que ela
mesma.
O CUIDAR
“Atender, cuidar de um paciente com intenções
suicidas é uma tarefa desafiadora e estressante.
É preciso suportar a angústia e circular pelo
inferno pessoal do paciente. Ainda que o caráter
letal da crise suicida exija ação (providências
para manter o paciente salvo), em muitos
momentos deve-se simplesmente ouvir, mantendo
o silêncio atento e digno de um companheiro de
jornada. Ao mesmo tempo, em uma atitude de
introspecção, vamos examinando os sentimentos
que aquela situação desperta em nós”.
(Botega, 2015)
MORTE DE PACIENTE
Há diferença entre ser responsável pelo
tratamento de um paciente e ser responsável pela
vida dele. Quando o profissional se permite
aceitar que o paciente, apesar de todos os seus
esforços, poderá sim se matar, paradoxalmente o
profissional consegue se sentir mais seguro,
tranquilo e capaz. Temos uma limitada
capacidade para prever, tratar e prevenir o
suicídio: esta é a mensagem que o terapeuta deve
sempre repetir a si mesmo. Essa mensagem deve
ser passada aos pacientes e familiares.
Se ame e seja amor. Se permita errar.
Bráulio Bessa

https://www.youtube.com/watch?v=cBU
MVBbG3E8&t=28s

Recomece
(Bráulio Bessa / Thathi) – Thathi feat. Ana Vilela

https://www.youtube.com/watch?v=esUYcvzFfVA
 BOTEGA, N. J. Crise Suicida: avaliação e manejo. Porto Alegre:
Artmed; 2015.
 Brasil. Conselho Federal de Psicologia. Exposição na mídia de casos
de suicídio pode ter efeitos prejudiciais à saúde mental da população.
Brasília, 2021.
 FACAS, Maria Eduarda Sulino. Casos de suicídios e tentativas de
suicídio atendidos em um Hospital Universitário em Uberlândia,
Minas Gerais. 2021. 33 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação
em Enfermagem) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,
2022.
 Brasil. Ministério da Saúde. Lei Federal nº 13.819, 2019. Institui a
política nacional de prevenção da automutilação e do suicídio.
 Scavacini, K. Suicídio: um problema de todos. Como aumentar a
consciência pública na prevenção e na posvenção. Novo Hamburgo:
Sinopsys Editora, 2022.
 Uberlândia. Prefeitura da cidade de Uberlândia. Relatório de gestão,
2018.

 Imagens: Instagram @ellehell


ONDE ENCONTRAR INFORMAÇÕES:
 OMS
https://www.who.int/pt
 Ministério da Saúde

https://www.gov.br/saude/pt-br
 Associação Brasileira de Psiquiatria

https://www.abp.org.br/
 Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio

https://abeps.org.br/
 Conselho Federal de Psicologia

https://site.cfp.org.br/
 Instituto Vita Alere

https://vitaalere.com.br/
 Setembro Amarelo

https://www.setembroamarelo.com/
 CVV

https://www.cvv.org.br/
 Google acadêmico

https://scholar.google.com.br/?hl=pt

Você também pode gostar