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INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

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INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS
Núcleo de Educação a Distância

PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.

O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.

GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO


Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino

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Prezado(a) Pós-Graduando(a),

Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!


Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a
ascensão social e econômica da população de um país.
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Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-


de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos
conhecimentos.

Um abraço,

Grupo Prominas - Educação e Tecnologia

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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!

É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha


é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização.
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.
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Estude bastante e um grande abraço!

Professora: Thais Palmeira Moraes

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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao
seu sucesso profisisional.

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Na área da Psicologia, existem diversas correntes teórico-
-metodológicas, de forma geral, é possível afirmar que todas compar-
tilham o interesse pelo estudo do ser humano, muito embora cada
uma delas tenha uma forma específica de concebê-lo. Assim, certas
abordagens privilegiam o inconsciente, outras direcionam o foco aos
comportamentos; algumas estão próximas a outras áreas do saber,
como a biologia, enquanto outras aproximam-se da antropologia e da
sociologia. As terapias cognitivo-comportamentais têm como aporte
teórico subjacente o modelo cognitivo, segundo o qual pensamentos
e crenças distorcidos determinam emoções e comportamentos disfun-
cionais; ou seja, a atividade cognitiva é concebida como mediadora de
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sintomas e comportamentos considerados disfuncionais e o sofrimen-


to psicológico que produzem pode ser revertido quando os pensamen-
tos distorcidos são modificados. Para tanto, a abordagem cognitiva é
combinada com estratégias comportamentais. Esta unidade tem como
foco as terapias cognitivo-comportamentais, nomeadamente: suas ori-
gens e história, principais definições e características, os conceitos
centrais com que trabalham, as possibilidades de aplicabilidade clínica
e as bases das funções cognitivas.

Terapia Cognitivo-comportamental. Cognições Distorcidas. Comportamentos


Disfuncionais. Reestruturação Cognitiva. Técnicas Comportamentais.

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Apresentação do Módulo ______________________________________ 11

CAPÍTULO 01
INTRODUÇÃO À TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

Conceitos e Definições Técnicas ________________________________ 12

Principais Características das TCCs _______________________________ 19

História das TCCs _______________________________________________ 24

Recapitulando ________________________________________________ 27

CAPÍTULO 02

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MODELOS COMPORTAMENTAL E COGNITIVO E PRINCÍPIOS BÁSI-
COS DAS TERAPIAS COGNITIVO-COMPORTAMENTAIS

Modelo Comportamental ______________________________________ 32

Modelo Cognitivo ______________________________________________ 39

Princípios Norteadores das Terapias Cognitivo-comportamentais ___ 43

Recapitulando _________________________________________________ 47

CAPÍTULO 03
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E BASES DAS FUNÇÕES
COGNITIVAS

Terapias Cognitivo-comportamentais: Aplicabilidade Clínica ___ 52

Bases das Funções Cognitivas __________________________________ 57

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Recapitulando __________________________________________________ 67

Fechando a Unidade ____________________________________________ 72

Referências _____________________________________________________ 75
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As terapias cognitivo-comportamentais (TCCs) baseiam-se no
modelo cognitivo segundo qual as atividades cognitivas são concebidas
como mediadoras de comportamentos e emoções. Dito de outra forma,
as cognições, também chamadas de pensamentos ou crenças, determi-
nam o estado emocional do indivíduo e a forma como ele responde às
situações e relações interpessoais que fazem parte de seu ambiente de
vida. Assim, pensamentos distorcidos estão na base de emoções e com-
portamentos disfuncionais, ou seja, mal adaptados à realidade do indiví-
duo. O que interessa não são as situações ou eventos em si, mas a forma
como são pensados, interpretados pelo indivíduo. Muitas vezes, tal forma
de pensar o mundo, de interpretá-lo, pode estar distorcida e tal distorção
repercute no modo como a pessoa se sente e se comporta. As terapias
cognitivo-comportamentais visam, de um modo geral, trabalhar com as
cognições e comportamentos distorcidos, de forma que eles possam ser
modificados. Esse é o assunto principal da presente unidade.
No capítulo 1, foram apresentados os conceitos e definições
técnicas das TCCs, suas principais características, bem como alguns
elementos de sua história, a começar pelo seu surgimento por volta
dos anos de 1960 e 1970. Deste capítulo, é importante compreender
que ainda que, atualmente, existem diversas abordagens de terapias

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cognitivo-comportamentais, há tanto um denominador comum quanto
princípios básicos do tratamento que as reúnem.
No capítulo 2, foram aprofundados dois assuntos já mencio-
nados no primeiro capítulo: os modelos comportamental e cognitivo a
partir dos quais as terapias cognitivo-comportamentais se desenvolve-
ram e os princípios básicos das TCCs. É importante ter em mente que a
literatura sobre os temas das TCCs e dos modelos comportamentais e
cognitivos é vasta e diversa, de forma que é possível encontrar entre os
autores e pesquisas variações ou diferentes informações sobre os mes-
mos temas. O esforço esteve em procurar captar as ideias mais gerais
e algumas das principais referências em cada assunto.
O terceiro e último capítulo começou por abordar a aplicabilidade
clínica das TCCs; para tanto, foi apresentada uma lista parcial de trans-
tornos psiquiátricos, problemas psicológicos e problemas médicos (com
componentes psicológicos) que são tratados em terapias cognitivo-com-
portamentais, bem como três transtornos específicos (pânico, depressão
e adição), com suas características principais e eixos centrais a serem se-
guidos pelo tratamento baseado nas terapias cognitivo-comportamentais.

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INTRODUÇÃO À TERAPIA COGNITIVO-


COMPORTAMENTAL

CONCEITOS E DEFINIÇÕES TÉCNICAS

Dentre as abordagens teórico-metodológicas destinadas à


compreensão e tratamento do sofrimento psíquico que ao psicotera-
peuta é apresentado em diversos contextos clínicos, existem as tera-
pias cognitivo-comportamentais (TCCs), que podem ser utilizadas no
tratamento de crianças, adolescentes e adultos.
O termo terapia cognitivo-comportamental é empregado para
designar um conjunto de técnicas psicoterapêuticas que combinam uma
abordagem cognitiva e estratégias comportamentais.
Fala-se em terapias cognitivo-comportamentais (no plural) de-
vido à diversidade de abordagens que existem e que, segundo Knapp
e Beck (2008), podem ser classificadas em três principais modelos con-
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ceituais:
• Terapias de habilidades de enfrentamento: visam desenvolver
um repertório de habilidades que permita ao paciente enfrentar situa-
ções geradoras de sofrimento.
• Terapia de solução de problemas: enfatiza o desenvolvimento
de estratégias gerais para que o paciente lide com diferentes tipos de
dificuldades pessoais.
• Terapias de reestruturação: partem do entendimento de que o
sofrimento emocional decorre de pensamentos mal adaptativos e tem a
finalidade de reformulá-los a fim de que possam se tornar adaptativos.
Para se ter uma ideia da diversidade de psicoterapias de
orientação cognitivo-comportamental, seguem algumas que são con-
sideradas como estando entre as principais: terapia racional emotiva
comportamental (TREC), proposta por Albert Ellis; treinamento em au-
toinstrução e treinamento de inoculação de estresse, ambos elaborados
por Donald Meichenbaum; tratamentos de autocontrole, como a reestru-
turação racional sistemática (RSS), criada por Marvin Goldfried.
Alguns aspectos podem ser considerados como delineadores
das diversas abordagens que existem dentro do conjunto de terapias
cognitivo-comportamentais, ou seja, podem ser apontados alguns ele-

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mentos que distinguem as diversas TCCs. Eis alguns destes elementos:
a diferença entre os termos e definições de cognição que são emprega-
das; dessa forma, em algumas abordagens, fala-se em “cognição”, em
outras, “pensamentos”, e, ainda, “crenças”, “autoafirmações”, “ideias”,
“suposições”, entre outras terminologias. Além dos termos e definições,
as abordagens também podem variar na descrição que fazem dos pro-
cessos cognitivos. Outro aspecto que pode ser um ponto de distinção
entre as várias abordagens diz respeito à especificidade da modalidade
das técnicas empregadas no processo psicoterapêutico, isso pode não
ter importância na prática clínica (onde diferentes modalidades de téc-
nicas podem ser utilizadas), mas merece atenção quando se pretende
compreender, do ponto de vista teórico, o modelo terapêutico proposto,
e, por último, a diferença entre as abordagens pode se dar conforme o
tipo de transtorno para o qual elas estão mais indicadas (pensando-se
em termos de eficácia de tratamento) (DOBSON; DOZOIS, 2010).
Apesar de tal diversidade, as terapias cognitivo-comportamen-
tais têm como denominadores comuns o foco nos aspectos cognitivos
relacionados aos comportamentos e o pressuposto segundo o qual uma
mudança prévia do pensamento altera o comportamento, o que significa
que a atividade cognitiva é assumida como mediadora das respostas
que o indivíduo dá ao seu ambiente de vida e dita o grau de ajuste ou
desajuste do indivíduo. Dessa forma, abordagens psicológicas que vi-
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sam estritamente alterar o comportamento não são consideradas tera-
pias cognitivo-comportamentais; do mesmo modo, abordagens que se
baseiam unicamente em mudanças cognitivas não fazem parte do con-
junto de terapias cognitivo-comportamentais. Do ponto de vista teórico,
as TCCs definem-se pelo entendimento de que a cognição é a media-
dora de sintomas e comportamentos considerados disfuncionais e de
que o sofrimento psicológico que produzem pode ser revertido quando
o pensamento e as crenças são modificados.
Os pensamentos distorcidos, bem como as emoções e com-
portamentos disfuncionais, podem limitar o indivíduo em diferentes es-
feras de sua vida, como a familiar e a profissional. Para citar alguns
problemas decorrentes de modos de pensar distorcidos: ansiedade, de-
pressão, questões relacionadas ao autocontrole e às habilidades para
resolução de problemas. Através do processo psicoterapêutico, o modo
de pensar disfuncional pode ser identificado e modificado a fim de que
melhor qualidade de vida seja alcançada (LOTUFO NETO, 1998).
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Apesar de existirem diferentes abordagens de terapias


cognitivo-comportamentais, todas elas baseiam-se no conceito de
que a cognição é uma variável de suma importância para explica-
ção de comportamentos e emoções disfuncionais e que, por isso,
ela (a cognição) é o foco primário da intervenção psicoterapêutica.

Como referido anteriormente, as TCCs integram conceitos e


técnicas advindos de duas abordagens psicológicas principais, a terapia
comportamental e a terapia cognitiva. Muitas vezes, os termos terapia
cognitivos e terapia cognitivo-comportamental são utilizados como sinô-
nimos. Alguns estudiosos defendem que todas as estratégias comporta-
mentais envolvem aspectos cognitivos e que, portanto, as terapias cog-
nitivo-comportamentais englobam as terapias comportamentais. Outros
autores afirmam que a terapia comportamental é conceitualmente e his-
toricamente a área principal e que a terapia cognitivo-comportamental
é, em grande parte, uma divisão ou ramificação da área “mãe”, a terapia
comportamental. Tal controvérsia não será aprofundada nesta unidade
e a fim de manter certa clareza conceitual, admite-se que as terapias
comportamentais têm como foco principal o comportamento e que seus
princípios podem ser atribuídos mais diretamente ao condicionamento
clássico e operante, já as terapias cognitivo-comportamentais têm como
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foco principal a cognição e suas diretrizes remetem mais diretamente às
teorias cognitivas.
Ainda que de forma sucinta, porque em capítulo posterior será
aprofundado, é importante apresentar as duas principais teorias, uma
vez que alguns de seus princípios foram integrados nas TCCs e lança-
ram as bases de seu aporte teórico.
As teorias comportamentais, de base behaviorista, dominaram o
cenário norte-americano durante a primeira metade do século XX. Burrhus
Frederic Skinner (1904-1990) foi o maior expoente desta corrente teóri-
co-metodológica chamada behaviorismo. Suas pesquisas caminharam no
sentido de mostrar que o ambiente externo era o responsável pelas apren-
dizagens de cada pessoa e que a aprendizagem acontecia por um proces-
so denominado condicionamento. O condicionamento clássico, proposto
por Pavlov (1849-1936), consiste em associar um estímulo, até então neu-
tro, a um dado motivador para produzir uma resposta (comportamento). O
condicionamento operante, sistematizado por Skinner, envolve as ideias de
reforço e de punição e parte do entendimento de que as consequências de
um dado comportamento influenciam a probabilidade de ele ocorrer ou não
novamente. Para o behaviorismo, mesmo as diferenças de comportamen-
to das pessoas, que outras linhas teóricas atribuem a questões de perso-
nalidade, podem ser explicadas pelo repertório de aprendizagens. Segue

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um exemplo: Joana é sociável, Ana é retraída e ambas estão no mesmo
ambiente; segundo Skinner, a diferença de comportamento entre as duas
é explicada pela história dos reforços que cada uma recebeu ao longo da
vida, ou seja, a sociabilidade de Joana deve ter sido, ao longo de sua vida,
reforçada por conversas agradáveis, enquanto Ana, em suas tentativas de
socialização, deve ter recebido pouco ou nenhum incentivo (SKINNER,
1969,1971 apud GLEITMAN; FRIDLUND; REISBERG, 2011).

CAMPOS, Victor. Condicionamento clássico: experimentos


em um cão e uma criança. Youtube. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=ThrSiJNVggw>. Acesso em: 21 set. 2020.
DIDATCS. Skinner (4) – condicionamento operante / beha-
viorismo (segunda temporada). Youtube, 17/10/2019. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=-19AF7ocYEE>. Acesso
em 21 set. 2020.
Filme sobre o assunto: Laranja mecânica (1971)

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Como se verá adiante, muitas técnicas utilizadas de forma fre-
quente nas terapias cognitivo-comportamentais provieram da aborda-
gem comportamental, como a participação ativa do terapeuta, o estabe-
lecimento de objetivos, de curto e médio prazo, para serem alcançados
durante o processo de psicoterapia e os deveres de casa a serem reali-
zados pelos pacientes entre as sessões.
Já a terapia cognitiva tem como uma de suas principais referências
os estudos realizados por Aaron Beck, psiquiatra norte-americano, que, até
então, dedicava-se ao estudo e aplicação da teoria e método psicanalítico,
mas que não encontrava nele respostas satisfatórias para compreender
a depressão. Suas investigações e prática clínicas realizadas com seus
pacientes levaram-no a propor que a depressão poderia ser explicada por
fatores cognitivos e, mais especificamente, por uma interpretação distor-
cida que envolvia uma visão negativa de si mesmo, do ambiente/vida e
do futuro (tríade cognitiva característica de pacientes com depressão). A
elaboração de sua teoria avançou juntamente com a definição das bases
do processo terapêutico que deveria focar problemas presentes e questões
psicológicas acessíveis, conscientes, tal proposta distanciava-se daquela
da psicanálise que tinha a finalidade de trabalhar o inconsciente e desvelar
traumas surgidos em momentos da vida pregressa do paciente. O foco da
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terapia cognitiva, tal como postulado por Beck, é compreender as experi-


ências conscientes da pessoa e tratar os significados que ela confere aos
acontecimentos de sua vida (KNAPP e BECK, 2008).
O princípio fundamental do modelo cognitivo consiste no entendi-
mento de que a forma como cada pessoa percebe e interpreta a realidade
repercute no modo como ela se sente e se comporta. A figura 1 a seguir
ilustra a tríade pensamento-emoção-comportamento através do caso, hipo-
tético, de um jovem que deve se preparar para uma entrevista de emprego.

Figura 1 – A tríade pensamento-emoção-comportamento

Fonte: Autor, 2020.


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De acordo com as terapias cognitivas, as pessoas que se sentem
mal emocionalmente e/ou comportam-se de forma mal adaptativa assim o
fazem porque estão envolvidas em pensamentos irracionais ou ilógicos, o
que perturba a pessoa não é aquilo que diz ou faz, mas aquilo que pensa
sobre o que diz ou faz. Pensamentos disfuncionais, como autoafirmações
inadequadas, irracionais e sem lógica, são o reflexo de suposições e cren-
ças que a pessoa tem sobre si própria e sobre o mundo que a rodeia.
Segue o quadro 1 com alguns exemplos de pensamentos dis-
torcidos ou disfuncionais.

Quadro 1 – Distorções cognitivas

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Fonte: Knapp e Beck, 2008.

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Os transtornos psicológicos são os resultados de um modo dis-
funcional de perceber os acontecimentos e o cerne da terapia cognitiva
proposta por Beck está em modificar as suposições e crenças funda-
mentais do indivíduo.
Os conceitos principais que fundamentam a terapia cognitiva e
que foram integrados nas TCCs são os conceitos de pensamento auto-
mático, de crença central/nuclear e de esquema.
Os pensamentos automáticos são uma interpretação imediata
(e que pode estar distorcida) de qualquer situação; surgem de forma es-
pontânea, são rápidos e aparecem sob forma de sentenças (por exem-
plo: “Eu não me sairei bem na entrevista para o emprego que almejo”)
e de imagens (por exemplo: “Ter a visão de ficar calado, sem conseguir
responder a nenhuma das perguntas feitas durante a entrevista, como
se estivesse paralisado). Caso o paciente não seja convidado e ensina-
do, em psicoterapia, a identificar e monitorar seus pensamentos auto-
máticos, ele não os percebe.
Já os esquemas são definidos como:

(...) estruturas cognitivas internas relativamente duradouras de armazena-


mento de características genéricas ou prototípicas de estímulos, ideias ou
experiências que são utilizadas para organizar novas informações de manei-
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ra significativa, determinando como os fenômenos são percebidos e concei-


tualizados. (CLARK; BECK; ALFORD, apud KNAPP; BECK, 2008, p. S57).

Formados precocemente, os esquemas, quando são bons ou


positivos, permitem que a pessoa tenha uma avaliação realista de si e
do mundo a sua volta, mas, quando desajustados, são geradores de
transtornos. As situações que a pessoa experimenta em seu dia a dia
ativam os esquemas e, quando estes são disfuncionais, a capacidade
de raciocinar e avaliar objetivamente as situações é prejudicada.
Nos esquemas, estão embutidas as crenças chamadas nucle-
ares ou centrais. Essas são formadas a partir das experiências pesso-
ais, são rígidas e modelam o estilo de pensamento que a pessoa irá
apresentar ao longo de sua vida (KNAPP; BECK, 2008).
As crenças centrais e os pensamentos automáticos atuam de
modo interligado e estão relacionados com as emoções e comporta-
mentos. Exemplo: sou tedioso, estranho e não tenho nada a oferecer
aos outros (crença central de desamor) –> sinto-me triste (emoção) –>
não vou sair de casa (comportamento de isolamento).
Além da crença central de desamor, existem outras, como as
crenças de desamparo, relacionadas a ideias de vulnerabilidade, fragi-
lidade, de não existir apoio com que possa contar e suporte emocional,
e as crenças de desvalor, associadas às ideias de incapacidade para
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resolver as questões que surgem na vida e de desvalorização das pró-
prias habilidades.
As crenças centrais têm outras crenças adjacentes que estão
relacionadas diretamente com as situações, sob forma de regras ou
suposições. Retomando o exemplo anteriormente apresentado, uma
suposição adjacente à crença nuclear de desamor poderia ser: “Se eu
não tenho amigos, é porque não sou bom o suficiente para ser amado.”.
Portanto, o modelo cognitivo identifica três níveis de pensamento:
os pensamentos automáticos e, em um nível mais profundo, as crenças
condicionais/suposições adjacentes e as crenças centrais. É importante
dizer que todos eles são vividos pelas pessoas como verdades absolutas.
Segundo as investigações realizadas por Aaron Beck, os trans-
tornos psiquiátricos têm um perfil cognitivo. Por exemplo, pessoas vul-
neráveis a temas de fracasso e de perda experimentarão desdobra-
mentos emocionais e comportamentais, como a tristeza e o isolamento
social, característicos de quadros depressivos (KNAPP; BECK, 2008).
Dito de outra forma, Beck propõe que cada transtorno psíquico tem um
perfil ou um repertório de esquemas, pensamentos automáticos e cren-
ças centrais/adjacentes próprio.

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HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE. Modelo cog-
nitivo. Youtube, 20/05/ 2020. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=enc7YNNZLxk>. Acesso em: 22 set. 2020.

Apresentadas as duas abordagens psicológicas que são as ra-


ízes das terapias cognitivo-comportamentais, na sequência, serão apre-
sentadas as principais características das TCCs.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS TCCS

Apesar de comporem um todo heterogêneo, de forma geral, as


terapias cognitivo-comportamentais têm como objetivo terapêutico iden-
tificar, corrigir e reestruturar os pensamentos distorcidos e, de forma
colaborativa, psicoterapeuta e paciente devem desenvolver soluções
pragmáticas para que haja mudança e melhora do transtorno que aco-
mete o paciente. As TCCs seguem uma orientação teórica e conjugam
características técnicas em comum. Quase todas têm uma duração limi-
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tada; são objetivas, estruturadas e, geralmente, voltadas a problemas e/
ou transtornos psíquicos específicos; enfocam o “aqui e agora”; utilizam
um modelo colaborativo em que o paciente é convidado a participar ati-
vamente de seu tratamento, já que é considerado o agente de sua pró-
pria vida, capaz de tomar o controle sobre seus pensamentos e ações;
são educativas e, por isso, ao paciente são comunicadas tanto uma
explicação sobre o seu tipo de problema quanto a lógica da intervenção
realizada, a fim de que ele possa aprender o modelo terapêutico; visam
habilitar o paciente, que já passou pelo processo educativo, a conseguir
prevenir recorrências e a aplicar as habilidades aprendidas em outros
tipos de problemas que possam vir a surgir em sua vida.
Em tal abordagem, colaborativa e psicoeducativa, também o
psicoterapeuta deve ser ativo e assertivo e a sua intervenção visa en-
sinar o paciente a observar e identificar os seus pensamentos automá-
ticos, a perceber a ligação direta que existe entre aquilo que pensa,
sente e os comportamentos que apresenta, a testar a validade de seus
pensamentos automáticos e crenças centrais já identificados e, quando
distorcidos, substituí-los por outros mais ajustados à realidade.
As metas básicas das TCCs são: aumentar a autoconsciência,
facilitar o entendimento que a pessoa em sofrimento tem de si própria
e melhorar o autocontrole pelo desenvolvimento de habilidades cogniti-
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vas e comportamentais adequadas; identificar pensamentos e crenças


disfuncionais, negativos e autocríticos; ensinar o automonitoramento,
a psicoeducação, a experimentação e testagem para substituir pensa-
mentos e crenças negativas; e ensinar novas habilidades cognitivas e
comportamentais para resolução de problemas.
De forma geral, as terapias cognitivo-comportamentais visam
reduzir o sofrimento psicológico e o comportamento desajustado, al-
terando processos cognitivos (KAPLAN, 1995) e, para que tais metas
sejam alcançadas, o psicoterapeuta dispõe de uma ampla variedade de
técnicas cognitivas e comportamentais.

As TCCs, baseadas no modelo cognitivo que entende que


a forma como cada pessoa pensa/interpreta o seu mundo tem in-
fluência sobre o seu estado emocional e comportamental, objeti-
vam possibilitar à pessoa avaliar seu pensamento e, se este for
disfuncional, modificá-lo.

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É importante dizer que, nas TCCs, o psicoterapeuta e o paciente
devem estabelecer uma boa relação de confiança, respeito mútuo, em-
patia e de colaboração. Inicialmente, deve ser realizada uma anamnese
e exame mental do paciente, assim como este deve apresentar, ainda
que brevemente, suas queixas e os motivos que o levaram a procurar
ajuda profissional. O terapeuta deve explicar ao paciente o funcionamen-
to da TCC e, desde o início do processo psicoterapêutico, deve elaborar
a conceitualização cognitiva do paciente. A conceitualização cognitiva é
definida como uma técnica que visa compreender o caso clínico e con-
siste em elaborar um panorama do funcionamento do paciente para que,
a partir desse entendimento, possa ser definido um plano de tratamento.
A conceitualização cognitiva consiste, portanto, na formulação do caso
clínico. É uma etapa fundamental, porque orienta o trabalho terapêutico
a ser desenvolvido, permitindo que sejam definidos e planejados os pro-
cedimentos mais indicados para o caso clínico específico. Além disso, a
conceitualização cognitiva funciona como uma proposta, direcionada ao
paciente, de que ele adira ao tratamento, porque, conforme os objetivos
traçados vão sendo alcançados, o paciente tende a sentir-se motivado
e pode melhor compreender todo seu processo terapêutico (NEUFELD;
CAVENAGE, 2010). Tal plano deve ser compartilhado e discutido com o

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paciente e, conforme o processo terapêutico avança, a conceitualização
cognitiva pode sofrer alterações ou atualizações; ela não é estanque, ao
longo da terapia vão aparecendo novas informações e dados clínicos.
As sessões das terapias cognitivo-comportamentais são es-
truturadas, focadas em problemas específicos, diretivas e ativas; cada
sessão é guiada por uma pauta e, incialmente, é verificado o humor do
paciente, e, na sequência, é feita uma ponte entre a pauta da sessão
anterior e aquela do dia; terapeuta e paciente conferem a tarefa de casa
e seguem para o desenvolvimento da pauta do dia. Nova tarefa de casa
é definida, para ser apresentada na sessão seguinte, e regularmente é
solicitado ao paciente que dê um feedback sobre o andamento da ses-
são a fim de que qualquer mal-entendido possa ser esclarecido.
Nas sessões, é utilizado um procedimento através do qual o
psicoterapeuta guia o paciente por um caminho que o conduza a perce-
ber a sua estrutura de pensamento. Diante de pensamentos distorcidos,
não cabe ao terapeuta tentar convencer o paciente de que tais pen-
samentos são disfuncionais, mas, sim, conduzi-lo de forma que venha
a fazer tal descoberta. Esse procedimento é denominado descoberta
guiada, baseia-se no questionamento socrático e é por meio dele que é
aberta, ao paciente, a possibilidade de identificar seus pensamentos au-
tomáticos e crenças centrais rígidas. Esses, ao serem confrontados com
dados da realidade que não confirmam seus conteúdos, podem deixar
21
de ser verdades absolutas para o paciente e tornarem-se hipóteses.
Além do confronto entre os pensamentos do paciente e as evidências
da realidade, deve haver a reflexão sobre explicações alternativas à si-
tuação até então vivida (pensada, sentida e atuada) pelo paciente como
problemática porque através de tal reflexão o paciente pode perceber o
equívoco de suas interpretações e passar a fazer novas atribuições e a
dar novos significados àquela situação. Para tanto, ao paciente pode ser
perguntado: “Consegue pensar em outras explicações possíveis para a
situação que está relatando?”. A fim de que os pensamentos automáti-
cos possam vir a ser identificados, pode ser feito o seguinte questiona-
mento: “O que está passando pela sua cabeça agora?”. Outros tipos de
perguntas: “O que você quer dizer com isto?” (pergunta que serve para
esclarecimento); “Como você pode ter certeza disto?” ou “Quais são as
evidências da sua conclusão?” (perguntas para questionar a validade
do pensamento que é tido como verdade absoluta). Assim, terapeuta e
paciente vão desenvolvendo um trabalho que consiste em identificar os
pensamentos automáticos e as crenças centrais, testar a validade deles
e, quando não condizentes com os dados de realidade do ambiente
de vida do paciente, substituí-los por outros mais realistas. A ideia é ir
mostrando para o paciente que o problema não está nas situações em
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

si, mas na forma como ele as interpreta (KNAPP; BECK, 2008).


O foco da intervenção não são apenas os pensamentos auto-
máticos, associados ao transtorno específico que o paciente apresenta,
mas, num nível mais profundo e estrutural, as crenças centrais. Para
acessá-las, o paciente também é conduzido pelo procedimento de des-
coberta guiada, através dos questionamentos colocados pelo terapeu-
ta, da submissão das crenças identificadas ao teste de realidade e da
construção de pensamentos alternativos e mais adaptados, torna-se
possível a reestruturação cognitiva.
Ao longo do processo terapêutico, pode ser empregada uma
diversidade de técnicas cognitivas e comportamentais. Elas são selecio-
nadas conforme o tipo de transtorno que o paciente apresenta. A seguir,
serão apresentadas algumas delas a fim de que o leitor possa ter uma
melhor compreensão acerca de como, na prática, o processo de identi-
ficação-testagem-modificação de cognições distorcidas pode acontecer.
Para que o paciente possa aprender a monitorar seus pensa-
mentos e a perceber que eles estão diretamente relacionados com as
emoções e os comportamentos, pode ser utilizada, durante a sessão ou
como tarefa de casa, a técnica de Registro de Pensamentos Disfuncio-
nais (RPD). Funciona da seguinte maneira: quando o paciente percebe
que o seu humor mudou para pior, ele deve perguntar-se “O que está
passando pela minha cabeça?” e anotar, na coluna reservada para o
22
registro dos pensamentos automáticos, o que lhe vier como resposta;
em outra coluna, destinada às emoções, ele deve escrever a emoção,
sentimento ou humor desencadeado por aquele pensamento. Na sequ-
ência, ele deve tentar verificar se o pensamento registrado corresponde
à realidade e, quando não condizente, deve pensar, elaborar e registrar,
na coluna das respostas adaptativas, respostas cognitivas alternativas
mais adequadas para a situação que desencadeou a tríade pensamen-
to-emoção-comportamento. Uma vez feitos tais registros, o paciente
deve então avaliar e refletir sobre a diferença entre seus pensamentos/
emoções iniciais e o que mudou diante de novos pensamentos alterna-
tivos propostos para interpretar a situação vivenciada.
Relativamente às tarefas de casa, já mencionadas anterior-
mente, estas são técnicas que visam motivar o paciente, diminuir sua
inatividade e o tempo que pode passar preocupado com ideias/pensa-
mentos disfuncionais.
Uma técnica comportamental indicada para o tratamento de
quadros depressivos graves é a técnica de ativação comportamental.
Nesses quadros, os pacientes costumam reduzir a diversidade e a frequ-
ência das coisas que costumavam fazer e a ativação comportamental é
indicada para auxiliá-los a resgatar, gradativamente, um melhor nível de

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


atividade. Dessa forma, o paciente pode começar o processo de ativação
pela retomada de algo que costumava fazer e sentir prazer, ainda que
não seja mais percebido por ele como sendo prazeroso. Exemplos: pra-
ticar um esporte, encontrar um amigo, ouvir música, ler, viajar. A ativação
comportamental pode ser combinada, entre terapeuta e paciente, como
tarefa de casa. No caso hipotético de um jovem que apresenta um qua-
dro grave de depressão e que não acredita ainda ser capaz de ir à praia,
como fazia anteriormente. A ida à praia pode ser agendada como tarefa
de casa; antes de ir, o jovem deve anotar as expectativas que tem sobre a
capacidade de ir e de sentir prazer com a atividade, posteriormente à ida,
ele deve avaliar o que está pensando sobre a experiência e como está
se sentindo a fim de poder comparar com suas expectativas prévias. Tal
comparação pode surpreendê-lo positivamente e a realização da tarefa,
elogiada positivamente pelo terapeuta, vai propiciando que ele teste seus
pensamentos e sentimentos prévios, perceba o quanto estes podiam es-
tar equivocados e como podem ser modificados.
Outra técnica que pode ser utilizada é o ensaio cognitivo. O
paciente é convidado, durante a sessão ou como tarefa de casa, a ima-
ginar a situação que ele teme ou que provoca desconforto, incômodo.
Através de tais imagens mentais, o paciente deve então pensar em for-
mas de enfrentamento e soluções, além de treinar a assertividade ne-
cessária a fim de que tal situação possa vir a ser superada.
23
Quando o paciente tem dificuldade para vivenciar as situações
que lhe provocaram sofrimento, utilizando apenas o recurso da imagi-
nação, pode ser empregada a técnica de role-play ou interpretação de
papéis. Em situações que envolvem relações interpessoais, a técnica
pode ser mais eficaz. O paciente relata a situação que viveu com outra
pessoa, a cena é reproduzida, e o terapeuta interpreta o comportamento
da outra pessoa; o paciente interpreta a si mesmo. Tal encenação pode
ser realizada diversas vezes e oferece ao paciente a possibilidade de
aprender e treinar novas habilidades sociais. Posteriormente, o terapeuta
pode incentivar ou convidar o paciente a testar as habilidades aprendidas
em situações de sua vida, ou seja, fora do espaço/contexto terapêutico.
É importante referir que o uso das técnicas e a progressão do
processo terapêutico devem caminhar sempre respeitando o ritmo do
paciente, ou seja, conforme o nível de capacidade de enfrentamento
que ele apresenta em cada etapa. E conforme apontam Knapp e Beck
(2008), a distinção entre técnicas cognitivas e técnicas comportamen-
tais é meramente didática, uma vez que intervir junto à cognição provo-
ca alterações comportamentais e vice-versa, ou seja, cognição, emoção
e comportamento influenciam-se mutuamente.
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HISTÓRIA DAS TCCS

A terapia cognitivo-comportamental é tida, nos dias de hoje,


como a terapia que mais reúne evidências de eficácia no tratamento
de diversos transtornos psicológicos, como a depressão, transtornos
de ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, dependências e fo-
bias. Ao longo do tempo, diversos teóricos, pesquisadores e clínicos
investigaram, elaboraram e propuseram uma extensa variedade de mo-
delos cognitivo-comportamentais para compreensão e tratamento de
diferentes tipos de problemas psicológicos. Inclusive, a diversidade de
abordagens e modelos de terapias cognitivo-comportamentais pode ser
atribuída ao fato de que os estudiosos que foram os pioneiros de seu
desenvolvimento provieram de diferentes campos teóricos.
A literatura situa, nos anos de 1970, o momento em que as
investigações em terapia cognitivo-comportamental ganharam fôlego,
anteriormente, e desde a década de 1960, já tinham surgido algumas
primeiras TCCS. Alguns estudiosos e psicoterapeutas adeptos do beha-
viorismo radical começavam a questionar este modelo teórico, segundo
o qual o comportamento humano é puramente respondente aos estímu-
los do meio externo.
As terapias comportamentais, provenientes do behaviorismo ra-
24
dical, predominaram durante certo tempo, mas, nos anos de 1960 e 1970,
começaram a ser questionadas. Alguns estudiosos, até então adeptos de
tal corpo teórico e metodológico, passaram a considerar que, talvez, o en-
tendimento segundo o qual era direta, ou seja, sem mediações, a relação
entre o meio externo e o comportamento humano poderia não ser sufi-
ciente para explicar todos os comportamentos apresentados pelos indiví-
duos. A insatisfação com as terapias comportamentais também provinha
da necessidade, cada vez mais assinalada, de outros comportamentos
encobertos, ou não verbais, como o pensamento, serem considerados e
investigados. De forma geral, ganhava força a ideia de que o behavioris-
mo radical não conseguia explicar de forma satisfatória uma diversidade
de outros fenômenos que estavam para além dos comportamentos ma-
nifestos ou observáveis. E, mesmo quando a terapia comportamental era
aplicada no tratamento de transtornos que tinham sintomas comporta-
mentais, notava-se que, embora estes pudessem ser revertidos, a com-
plexidade do transtorno contava com outras componentes ou elementos
que ficavam a descoberto, à medida em que não eram alcançados pelas
intervenções comportamentais (DOBSON; DOZOIS, 2010). Naquele pe-
ríodo, surgiram importantes pesquisas e contribuições, como os traba-
lhos desenvolvidos por Albert Bandura, que caminharam no sentido de

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


construir as bases das terapias cognitivo-comportamentais.
O próprio surgimento e desenvolvimento do cognitivismo ope-
raram transformações no campo da Psicologia e na esfera das inter-
venções clínicas e contribuíram para o desenvolvimento das terapias
cognitivo-comportamentais. A prática clínica foi a base a partir da qual
diversos estudos foram conduzidos, direcionados a melhor perceber
como certos transtornos, como a ansiedade e a depressão, funciona-
vam e como podiam ser tratados de forma mais efetiva.
Nesse sentido, estudiosos, que até então estudavam e intervi-
nham segundo o campo psicanalítico e que estavam insatisfeitos com o
alcance ou resultados dos tratamentos baseados em tal referencial te-
órico-metodológico, empreenderam novas investigações que impulsio-
naram as teorias cognitivo-comportamentais e seus modelos psicotera-
pêuticos. Esse foi o caso de Aaron Beck e Albert Ellis que se tornaram
umas das principais referências de terapia cognitiva.
Outro evento que também foi importante para a evolução histórica
das terapias cognitivo-comportamentais e para o avanço e consolidação
deste subcampo do saber foi a publicação, a partir de 1977, de um jornal
específico acerca da área. Diversos estudiosos, pesquisadores e terapeu-
tas passavam a ter um espaço para compartilharem ideias, investigações,
práticas clínicas para, dessa forma, conhecerem-se e comunicarem-se.
Tal publicação recebeu o nome de Cognitive Therapy and Research, teve
25
como primeiro editor Michael Mahoney, também um dos autores que se
tornou umas das principais referências no campo das terapias cognitivo-
-comportamentais (DOBSON; DOZOIS, 2010), que ainda hoje existe.
Um último aspecto que faz parte da história das TCCs e que
deve ser mencionado porque foi um dos fatores fundamentais que per-
mitiram a consolidação das terapias cognitivo-comportamentais foram
as pesquisas desenvolvidas sobre o tratamento de transtornos psicoló-
gicos específicos. Tais pesquisas comprovaram que as TCCs eram tão
ou mais eficazes do que as terapias estritamente comportamentais, en-
quanto as investigações acerca da eficácia das terapias psicodinâmicas
mostravam-se inexpressivas.
Ao longo do tempo, as TCCs passaram por várias adaptações
e foram ampliadas para o tratamento de diversos transtornos psíqui-
cos. Estudiosos, pesquisadores e clínicos criaram uma variedade de
modelos para alteração das cognições e comportamentos, assim como
técnicas para serem aplicadas no contexto clínico. As investigações ca-
minharam no sentido de comprovar e atestar que a eficácia dos trata-
mentos baseados nos modelos propostos é relevante.
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26
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: COPESE - UFPI Órgão: UFPI Prova: Psicólogo
São características da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC),
EXCETO:
a) Com o advento do modelo de seleção por consequências, a análise
funcional estará associada a uma noção selecionista, não mecanicista,
de causalidade. No lugar da busca por um agente originador do com-
portamento, a análise estará voltada para o reconhecimento da múltipla
e complexa rede de determinações de instâncias de comportamento,
representada pela ação em diferentes níveis (filogênese, ontogênese
e cultura) das consequências do comportamento sobre a probabilidade
de respostas futuras da mesma classe.
b) A TCC se fundamenta na racionalidade teórica de que os pensamen-
tos, sentimentos e comportamentos se encontram estreitamente interli-
gados. Conforme essa premissa, a maneira como a pessoa se compor-
ta e se sente é diretamente associada pela sua forma de processar e
estruturar a realidade através de suas cognições.
c) As crenças centrais ou nucleares são ideias e percepções tidas como

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verdades absolutas e imutáveis. Elas são caracterizadas como globais,
rígidas, hipergeneralizadas e transituacionais que o indivíduo desenvol-
ve desde a infância sobre si mesmo, os outros e o futuro.
d) O Modelo Cognitivo postula que os problemas psicológicos e os
transtornos clínicos são uma acentuação do funcionamento adaptativo
normal do indivíduo. A ligação entre funcionamento adaptativo normal
e funcionamento desadaptativo parece ser o resultado do exagero dos
vieses encontrados no processamento de informação típico. O viés ne-
gativo normalmente exagera a ameaça ou o desafio enquanto o viés
positivo exagera a recompensa. Quando uma nova informação que
contradiz as crenças tendenciosas é introduzida nos esquemas, estes
podem tornar-se desativados, e os sintomas podem diminuir.
e) No que diz respeito às principais características da TCC, ela possui
um estilo de comunicação centrado no paciente e é um tipo de terapia
breve e focal, tendo como princípio norteador a relação terapêutica co-
laborativa estabelecida pela dupla terapêutica na qual o terapeuta é o
especialista na abordagem psicológica e científica e o paciente é o es-
pecialista de sua própria vida.

QUESTÃO 2
Ano: 2017 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: Prefeitu-
ra de Bela Vista de Minas - MG Prova: Psicólogo
27
São características básicas da Terapia Cognitiva, descritas por
Rangé e Souza (1998), EXCETO:
a) É uma abordagem ativa, pois o terapeuta e o paciente estão con-
tinuamente agindo de forma cooperativa no sentido de solucionar os
problemas, de maneira a permitir que o próprio paciente aprenda a iden-
tificar e a modificar seus pensamentos.
b) É uma abordagem diretiva, pois foca os problemas apresentados no
“aqui e agora”, trabalhando pensamentos, sentimentos e comportamen-
tos atuais do cliente.
c) É uma abordagem educativa, pois o terapeuta ensina ao paciente o
modelo cognitivo, a natureza de seus problemas.
d) É uma abordagem modelar, pois estimula a prática do comportamen-
to assertivo, iniciando com situações nas quais a chance do reforço
positivo é grande.

QUESTÃO 3
Ano: 2017 Banca: FUNRIO Órgão: SESAU-RO Prova: Psicólogo
Sobre a chamada terceira onda da terapia cognitiva comportamen-
tal, são técnicas incorporadas de maneira mais recente, EXCETO:
a) Ativação comportamental.
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b) Terapia comportamental dialética.


c) Terapia de aceitação e compromisso.
d) Dessensibilização sistemática.
e) Mindfulness.

QUESTÃO 4
Ano: 2017 Banca: COMPERVE Órgão: UFRN Prova: Psicólogo Clínico
A terapia cognitivo-comportamental é uma espécie de intervenção
psicológica que, nos últimos anos, tornou-se uma das mais utili-
zadas no campo da psicologia. Nesse sentido, são técnicas desse
modelo terapêutico:
a) Técnicas operantes, de exposição e relaxamento.
b) Técnicas cognitivas, renascimento e monodrama.
c) Técnicas de habilidades sociais, respiração holotrópica e cadeira quente.
d) Técnicas de enfrentamento, terapia regressiva integral e amplificação.

QUESTÃO 5
Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: IFF Prova: Psicólogo
Os dois elementos principais que formam as estruturas cognitivas
são:
a) Exemplares e abstrações.
b) Estigma e atração física.
28
c) Efeito de primazia e traços centrais.
d) Contexto social e engraçamento.
e) Esquemas e atribuições.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Apesar de existirem diferentes abordagens de terapias cognitivo-com-
portamentais, há pontos em comum que remetem às bases teóricas do
modelo cognitivo e a características técnicas provenientes da aborda-
gem científica da terapia comportamental. Discorra sobre os princípios
fundamentais das terapias cognitivo-comportamentais, bem como so-
bre suas principais características técnicas.

TREINO INÉDITO
Leia a situação hipotética e assinale a distorção cognitiva presen-
te: “Cenário – unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica. A pa-
ciente X tem 1 ano de vida e está internada com um quadro gra-
ve de cardiopatia. Ao longo da internação, ela vai apresentando
piora progressiva e a equipe médica, a fim de preparar a família
para o desfecho provável que é o óbito, solicita acompanhamento
psicológico para os genitores. Paralelamente aos boletins médi-

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cos que diariamente são fornecidos aos pais, o psicólogo realiza
atendimentos psicológicos para verificar se estão conseguindo
compreender as informações médicas e perceber o real estado de
saúde da filha. Os pais afirmam que, apesar da gravidade do qua-
dro, sentem que a filha irá melhorar, que já está no caminho de
recuperação e que, em breve, estará de volta à casa”.
a) Abstração seletiva.
b) Polarização.
c) Raciocínio emocional.
d) Minimização.
e) Imperativos.

NA MÍDIA
SETEMBRO AMARELO: QUEM FALA SOBRE TIRAR A VIDA DEVE
SER LEVADO A SÉRIO
A notícia chama atenção para o dia Mundial de Prevenção do Suicídio
(10 de setembro) e traz alguns dados sobre a realidade no Brasil e re-
gistros da Organização Mundial da Saúde que apontam que, a cada 40
segundos, uma pessoa comete o suicídio em algum lugar do mundo.
Relatos de familiares que perderam entes queridos por suicídio foram
apresentados, bem como uma breve entrevista realizada com o pre-
sidente da Associação Brasileira de Psiquiatria. Na entrevista, foram
29
mencionados os comportamentos e sinais que uma pessoa com perfil
suicida apresenta e é possível identificar crenças centrais e compor-
tamentos disfuncionais. As crenças referidas foram: “O mundo estaria
melhor sem mim” (crença de desvalor), “Eu não aguento mais” (crença
de desamparo) e “A vida não vale à pena” (crença de desesperança).
Tais pensamentos revelam como o indivíduo percebe a si próprio e o
mundo e são exemplos de cognições destorcidas que repercutem no
estado emocional e não permitem que o indivíduo vislumbre saídas ou
soluções a não ser aquela de colocar fim à própria vida.
Fonte: Uol
Data: 10 set. 2020.
Leia a notícia na íntegra: THERRIE, Bárbara. Setembro amarelo: quem
fala sobre tirar a vida deve ser levado a sério. Uol, 10/09/2020. Dispo-
nível em:
<https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/09/10/setem-
bro-amarelo-quem-fala-sobre-tirar-a-vida-deve-ser-levado-a-serio.
htm>. Acesso em 20 set. 2020.

NA PRÁTICA
As terapias cognitivo-comportamentais podem ser empregadas como
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

tratamento de adultos, crianças e adolescentes em diversos contextos


clínicos. Por exemplo, na cidade do Porto (em Portugal), durante a fase
de confinamento decorrente da Pandemia de Coronavírus, o principal
centro hospitalar do município contratou psicólogos para realizarem
atendimentos psicológicos, por telefone, com doentes contaminados
pelo COVID e internados. Segundo o relato dos profissionais, entre
os temas que apareceram de forma frequente, nos atendimentos, foi a
ideia que os pacientes tinham de, possivelmente, terem contaminado
outros familiares e serem, portanto, culpados pelo adoecimento de seus
entes queridos. Conforme os assuntos abordados no capítulo, os psicó-
logos relataram trabalhar com tais pensamentos (distorcidos, segundo
o modelo cognitivo-comportamental), abrindo aos pacientes a possibili-
dade de verificarem que a situação era excepcional e de considerarem
que o único culpado era o próprio vírus e suas características ainda
bastante desconhecidas. Os resultados desta proposta de atendimen-
to psicológico, via telefone, com pacientes internados e infectados por
COVID ainda estão por ser mensurados e analisados, contudo, pode
ser colocada a hipótese de que tais atendimentos, ao intervirem em
possíveis pensamentos distorcidos que os pacientes tinham acerca de
seu adoecimento e do estado de saúde de seus familiares, contribuíram
positivamente para a implicação dos pacientes em seu tratamento e
recuperação durante o período de internação.
30
Título: Covid 19 - Apoio psicológico
Data de publicação: 13 mar. 2020.
Fonte: COVID 19 - APOIO PSICOLÓGICO. Serviço Nacional de Saúde,
13/03/2020. Disponível em: <https://www.sns.gov.pt/noticias/2020/03/13/
covid-19-chusj-presta-apoio-psicologico/>. Acesso em: 24 set. 2020.

PARA SABER MAIS


Filme sobre o assunto: As faces de Helen (2009)
Vídeo: CENTRO DE MINDFULNESS. Paulo Knapp demonstra uma
sessão de terapia cognitivo-comportamental – TCC. Youtube. Disponí-
vel em: <https://www.youtube.com/watch?v=VS6YMAjdGZA>. Acesso
em: 24 set. 2020.

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31
MODELOS COMPORTAMENTAL E
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COGNITIVO E PRINCÍPIOS BÁSI-


COS DAS TERAPIAS COGNITIVO-
-COMPORTAMENTAIS

Conforme introduzido no capítulo anterior, os modelos com-


portamental e cognitivo estão na base das terapias cognitivo-comporta-
mentais e, por isso, no presente capítulo, serão aprofundados.

MODELO COMPORTAMENTAL

Existem diversas abordagens teóricas e metodológicas que têm


por finalidade estudar o ser humano. Cada uma delas tem uma visão es-
pecífica sobre os eventos, oferece um tipo de conhecimento e a definição
do que é a verdade, bem como o processo a ser seguido a fim de que o
conhecimento válido venha a ser alcançado (VIEGA e VANDENBERGHE,
3232
2001). O behaviorismo nasceu nos Estados Unidos e é atribuída ao psicó-
logo norte-americano John B. Watson (1878-1958) a sua fundação. Wat-
son definiu a Psicologia como a ciência do comportamento e conferiu-lhe
a denominação de Behaviorismo. Ele defendia que a Psicologia deveria
firmar-se como ramo objetivo e experimental da ciência e distanciava-se da
psicologia tradicional, que tinha por foco de interesse o estudo da consci-
ência. Watson entendia que as vivências do indivíduo só importavam para
a sua vida pessoal, ou seja, ele considerava que algo se passava no inte-
rior do sujeito humano, mas acreditava que isso não deveria ser objeto de
estudo da psicologia. Assim, ele não negava a existência da consciência,
mas orientava o seu interesse para a investigação dos comportamentos
observáveis e das interações entre estes e o ambiente.
Watson interessou-se pelo estudo do comportamento não para
alcançar a compreensão dos processos mentais, mas porque entendia
que o comportamento em si tinha valor e, ainda, porque, em sua con-
cepção, a mente, era, em grande parte, comportamento. Relativamente
ao conceito de comportamento, esse era concebido como uma resposta
observável, dada por um organismo a um estímulo também observável
e, portanto, proveniente do ambiente onde o organismo estava inserido.
Já os estímulos eram concebidos como excitações que agiam sobre o

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


organismo, provenientes tanto do meio externo quanto do interno, um
exemplo de estímulo externo pode ser o frio do inverno, um elogio rece-
bido ou os raios solares, já as contrações do estômago quando estamos
com fome podem ser um exemplo de estímulo interno. Assim, na abor-
dagem behaviorista, o comportamento é determinado por um conjunto
de estímulos que constituem uma situação e que provém do meio físico
ou social em que o indivíduo está inserido. A relação entre causa (estí-
mulo) e efeito (resposta) é a essência do behaviorismo (VIEGA e VAN-
DENBERGHE, 2001) e, a partir dela, são analisados desde os compor-
tamentos mais simples até aqueles considerados mais complexos.
O objeto de estudo do behaviorismo foi, dessa forma, definido
como sendo o comportamento e entendia-se que a organização desse
seguia uma ordem baseada na relação entre um estímulo e uma respos-
ta. O estudo do comportamento tinha por objetivo prevê-lo e controlá-lo.

A essência do behaviorismo é a relação entre o estímulo


e a resposta, o comportamento é toda e qualquer resposta obser-
vável que um organismo emite ao ser provocado por um estímulo.
33
Pouco antes do início do século XX, o fisiologista russo Ivan
Pavlov (1849-1936) iniciou seus estudos sobre os reflexos condicionais,
através de experimentos realizados com cães e suas secreções digesti-
vas. Tal experimento foi descrito no capítulo anterior e é importante referir
que, graças às investigações de Pavlov, foi possível compreender que
existem reflexos incondicionados e reflexos condicionados. Os reflexos
incondicionados são repertórios inatos, que já nascem com o organismo
e que não dependem de aprendizagem, por exemplo: quando o alimento
é introduzido na boca (estímulo incondicionado), as glândulas produzem
a salivação (resposta incondicionada). Já os reflexos condicionados são
aprendidos e adquiridos no decurso da vida, por exemplo: o cão saliva
quando o alimento é colocado em sua boca; uma campainha passa a
ser tocada anteriormente à oferta do alimento; este esquema (som se-
guido da apresentação do alimento) é repetido algumas vezes e o cão
passa a salivar ao ouvir a campainha, mesmo antes de ser-lhe oferecido
o alimento, assim, a salivação desencadeada pelo toque da campainha
torna-se uma resposta condicionada, ou seja, aprendida após repetidas
apresentações do som (estímulo condicionado) seguidas da oferta de ali-
mento (estímulo incondicionado) (GLEITMAN; FRIDLUND; REISBERG,
2011). As relações entre estímulos e respostas condicionados e incondi-
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

cionados constituem a base do que é conhecido como condicionamento


clássico e, na figura 2, estão resumidas.

Figura 2 – Condicionamento clássico

Fonte: Gleitman; Fridlund; Reisberg, 2011.

Portanto, para o behaviorismo, nascemos com um repertório


limitado de reflexos que, por meio de um processo de aprendizagem,
34
pode ser expandido. A contribuição das investigações de Pavlov foi im-
portante ao mostrar, experimentalmente, como os reflexos condicionais
podiam ser não somente adquiridos, mas também extintos, por exem-
plo: se a campainha (estímulo condicionado) é tocada repetidas vezes,
sem a oferta subsequente de alimento (estímulo incondicionado), o cão
deixa de salivar (resposta condicionada) ao ouvir o som da campainha,
ou seja, a resposta de salivação ao som do toque é extinta.
É importante dizer que, após a fundação do behaviorismo en-
cetada por Watson, a abordagem evoluiu e diversificou-se. Por exemplo,
surgiu uma vertente interessada exclusivamente nos comportamentos
acessíveis, observáveis, e que excluía a análise dos processos psíquicos
por considerar que esses escapavam ao rigor metodológico. Já outra ver-
tente defendia que todos os processos psicológicos podiam ser analisa-
dos à luz da teoria comportamental (VIEGA e VANDENBERGHE, 2001).
Nos anos de 1930, Skinner começou a publicar seus estudos a
respeito do comportamento. Sua ideia fundamental consistia no enten-
dimento segundo o qual o comportamento pode ser controlado por suas
consequências, ou seja, pelo que o acompanha. Skinner acreditava que
tanto um animal quanto o ser humano poderiam ser treinados para de-
sempenharem praticamente qualquer ação, e que o tipo de reforçamen-

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


to que fosse dado posteriormente ao comportamento apresentado pelo
organismo seria o responsável por determiná-lo. Para Skinner, o reforço
é a base do comportamento e ele distinguiu o condicionamento clássico
do condicionamento instrumental, que já vinha sendo estudado por ou-
tro psicólogo norte-americano chamado Thorndike.
Diferentemente do condicionamento clássico, onde o alimento
(estímulo incondicionado) é oferecido independentemente se o cão sali-
va ou não, no condicionamento instrumental, a recompensa (alimento) só
é oferecida quando o organismo apresenta uma resposta específica, por
exemplo, o alimento é oferecido apenas quando o cão obedece ao co-
mando de se sentar. Enquanto no condicionamento, clássico a resposta
é forçada, uma vez que é desencadeada incondicionalmente ou involun-
tariamente (por exemplo, assim que o alimento é introduzido na boca do
cão, a resposta de salivação acontece), no condicionamento instrumen-
tal, o organismo deve escolher a resposta e apresentá-la voluntariamente
(GLEITMAN; FRIDLUND; REISBERG, 2011). Assim, para Skinner, há dois
tipos de comportamento: o respondente e o operante. O comportamento
respondente é uma resposta produzida ou originada a partir de estímulos
ambientais específicos, não é adquirida, ocorrendo de forma automática e
involuntária, como a contração do joelho quando é atingido pelo martelinho
do médico ou a própria salivação. Já o comportamento operante é uma
resposta emitida voluntariamente e que atua no meio para realizar uma
35
mudança que leva à recompensa, este tipo de comportamento é controla-
do conscientemente, por exemplo, o cão se senta para receber o alimento.
A abordagem skinneriana tem como princípio fundamental a
premissa de que o comportamento pode ser controlado por suas con-
sequências, assim, o tipo de reforço que se segue ao comportamento
é o responsável por determiná-lo ou por enfraquecê-lo. Nesse sentido,
três são os aspectos do comportamento considerados: a frequência e
situação em que ocorre e o reforço a ele associado.
Para Skinner, o reforço é o ato de fortalecer uma resposta com
a adição de uma recompensa (estímulo apetitivo ou positivo) ou subtra-
ção de algo considerado pelo organismo como sendo aversivo (estímu-
lo aversivo ou negativo). A resposta que o organismo emite é sempre
originada em seu interior e sofre influência considerável de estímulos
externos. Um exemplo de reforço positivo é o elogio que o professor faz
ao aluno que cumpre a tarefa que lhe foi dada. Já o reforço negativo
é a repreensão que o professor faz ao aluno toda vez em que ele não
apresenta as tarefas de casa; as repreensões levam o aluno a fazer as
tarefas e, quando ele as apresenta ao professor, este não mais o repre-
ende (o que reforça o comportamento que deseja que o aluno tenha, ou
seja, fazer os deveres de casa). Ambos os reforços têm a finalidade de
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

aumentar a frequência de um comportamento desejado, o reforço posi-


tivo através da introdução de uma recompensa e o reforço negativo por
meio da retirada de um estímulo aversivo.
Entre os principais fenômenos do condicionamento operante, há
a discriminação e a generalização, por exemplo: um pombo aprende que o
alpiste é liberado sempre que ele toca um botão; quando é acesa uma luz
verde, o botão, se ativado, libera o alpiste; já quando está acesa uma luz
amarela, nenhum alpiste é liberado, ainda que o pombo aperte o botão; o
pombo aprende este padrão, onde a luz verde funciona como um estímulo
discriminativo positivo e a luz amarela atua como estímulo discriminativo
negativo, e passa a apertar o botão para receber alpiste apenas quando a
luz verde está acesa. Ou seja, o estímulo discriminativo positivo diz ao ani-
mal que, se ele responder voluntariamente apertando o botão, será recom-
pensado pelo ganho do alimento, já o estímulo negativo diz que não vale a
pena emitir a resposta (de apertar o botão), pois não haverá recompensa.
A generalização diz respeito à possibilidade de, por exemplo, alterar as
tonalidades ou as cores das luzes e observar a intensidade das respostas
apresentadas pelo organismo; quanto maior é a mudança operada no tipo
de estímulo (nesse caso, as cores das luzes), mais fraca é a resposta apre-
sentada (GLEITMAN; FRIDLUND; REISBERG, 2011).
A moldagem é outro fenômeno do condicionamento operante e
tem por finalidade fazer com que o organismo emita uma determinada
36
resposta. Para tanto, o organismo vai sendo reforçado à medida em que
vai se aproximando, sucessivamente, da resposta desejada. Por exem-
plo, ensinar um rato a apertar um botão que está acima de sua altura, o
que demanda que ele se erga sobre as patas traseiras, primeiramente,
soa um apito e o rato recebe uma bolinha de ração, ainda que, inicialmen-
te, ele fique assustado com o som do apito, até então desconhecido, a
recompensa, em forma de alimento, faz com que seu medo seja suprimi-
do após a repetição (apito - alimento), assim que soa o apito, o rato já se
aproxima do lugar onde o alimento é liberado. O rato vai aprendendo, as-
sim, a permanecer próximo do local onde recebe a ração, gradativamen-
te, as exigências vão sendo aumentadas; para receber a ração, agora
ele passa a ter que estar próximo ao botão e, assim que ele se aproxima
deste, é imediatamente reforçado (recebe uma bolinha de ração); assim
que ele aprende que ele só recebe o alimento se está próximo do botão, a
exigência aumenta e ele passa a ser recompensado apenas quando ligei-
ramente se ergue em direção ao botão, e, assim, as exigências vão au-
mentando e fazendo com que o rato vá se aproximando, gradativamente,
da resposta desejada (que é erguer-se e tocar o botão); o treino acaba
quando o rato realiza plenamente a resposta de erguer-se sobre as patas
traseiras e tocar o botão (GLEITMAN; FRIDLUND; REISBERG, 2011).

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


Até aqui se tem falado em reforços que têm a função de fazer
com que determinada resposta volte a ser repetida. Mas, há também res-
postas não desejadas que podem ser extintas, assim, os estímulos aver-
sivos, apresentados logo após a emissão da resposta indesejada, têm a
função de punir o organismo e fazer com que ele diminua a frequência ou,
simplesmente, deixe de apresentar aquela resposta. Dito de outra forma,
se por um lado a probabilidade de voltar a emitir uma resposta aumenta
quando as consequências são positivas, por outro lado as chances de
repetição diminuem quando as consequências são negativas.

Reforço negativo e punição não são a mesma coisa. O re-


forço negativo visa, através da retirada de um estímulo aversivo,
aumentar a frequência de um comportamento desejado. Já a puni-
ção, através de estímulos aversivos, tem a finalidade de diminuir a
frequência e/ou extinguir determinado comportamento indesejado.

Os estímulos aversivos também podem ser empregados como


forma de fortalecer determinadas respostas, assim, as respostas de
37
fuga são aprendidas quando estímulos aversivos são apresentados,
por exemplo: um rato pode aprender a apertar um botão para interrom-
per um choque elétrico. As respostas de evitação também podem ser
aprendidas através da apresentação de estímulos aversivos, assim, a
criança, ao aproximar-se da vela acesa e, consequentemente, queimar
o dedo, aprenderá a manter-se distante da chama.
A diferença entre a resposta de fuga e a de esquiva consiste
em a resposta de fuga ser emitida quando o estímulo aversivo já está
acontecendo, exemplo, toma-se um analgésico (resposta de fuga) para
eliminar a dor de cabeça (estímulo aversivo que já está em curso). Já
a resposta de esquiva é emitida anteriormente ao estímulo aversivo e
com a finalidade de evitá-lo, preveni-lo, por exemplo, o uso de filtro solar
(resposta de esquiva) para prevenir/evitar queimaduras na pele (estí-
mulo aversivo) ao expor-se ao sol.
Existem inúmeros contextos em que o condicionamento ope-
rante pode ser aplicado. Talvez, ao longo deste tópico, tenha sido apre-
sentado um maior número de exemplos com animais em ambiente de
laboratório, contudo, no contexto clínico das psicoterapias e mesmo no
cotidiano, por exemplo, em instituições (escolares, prisionais etc.) e nas
formas empregadas pelos pais para ensinarem seus filhos, são inúmeras
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

as aplicações dos princípios apresentados, como o reforço e a punição.


As terapias comportamentais têm como foco a eliminação de
comportamentos concretos e observáveis, considerados mal adaptati-
vos, eles são o problema e o alvo da intervenção. O psicoterapeuta dis-
põe de diversas técnicas, adaptadas dos princípios do condicionamento
clássico e do condicionamento operante, que visam à modificação com-
portamental, por meio da aprendizagem e eliminação de comportamen-
tos dos quais o paciente se queixa.

Livro que traz uma lista (apêndice A) de técnicas compor-


tamentais: LEAHY, R. L.; HOLLAND, S. J. Treatment plans and in-
terventions for depression and anxiety disorders. New York: The
Guilford Press, 2000.
DUNWO, Elton. Supernanny 04-02-2017 Episódio 5. Youtu-
be. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MrbqId-
5nkkY>. Acesso em: 1 out. 2020.

Para concluir, o behaviorismo ou comportamentalismo é “uma


38
perspectiva teórica que dá ênfase ao papel do ambiente e da apren-
dizagem e insiste em que as pessoas devem ser estudadas de forma
objetiva e do exterior.” (GLEITMAN; FRIDLUND; REISBERG, 2011, p.
1225). O behaviorismo radical, que remete aos trabalhos desenvolvidos
por Skinner, tem como foco os comportamentos que são manifestos,
observáveis, sem referência aos processos internos.

MODELO COGNITIVO

Segundo Ingram e Siegle (2010), as terapias cognitivo-compor-


tamentais não estão baseadas na ciência cognitiva, e seus conceitos fun-
damentais têm raízes muito mais profundas, sendo possível encontrar
na filosofia ideias que remetem à premissa fundamental das TCCs, se-
gundo a qual os pensamentos disfuncionais são precursores de compor-
tamentos disfuncionais. O filósofo grego Aristóteles (385 a.C.-322 a.C.)
já propunha uma teoria sobre a influência recíproca entre os humores e
as faculdades mentais, e ao filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804)
é atribuída a afirmação que diz que se o indivíduo sofre por alguma coi-
sa externa a ele, o que, na verdade, o perturba não é o evento externo
em si, mas, sim, o julgamento que faz deste. Muito embora nem todas

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


as terapias cognitivo-comportamentais estejam baseadas em tais pers-
pectivas filosóficas, Ingram e Siegle (2010) afirmam que estas são indis-
cutivelmente o fundamento do referencial teórico-metodológico cognitivo
proposto por Aaron Beck e que é o núcleo das TCCs contemporâneas.
Beck já foi apontado, anteriormente, como uma das principais
referências neste subcampo de saber e o modelo cognitivo também deve
à filosofia fenomenológica as raízes de seu desenvolvimento. A terapia
cognitiva assenta-se numa antiga linha que tem como foco a razão. Di-
ferentemente dos filósofos, Beck elaborou e propôs um método que per-
mite que os pensamentos sejam testados, comparados com a realidade.
Os autores também reconhecem que, apesar das TCCs não te-
rem sido originalmente embasadas na ciência cognitiva, algumas ideias
podem ser vistas como o fundamento das terapias cognitivo-comporta-
mentais contemporâneas. Portanto, a fim de compreendê-las, torna-se
imprescindível conhecer alguns conceitos do modelo cognitivo.
Antes de passarmos ao modelo propriamente dito, é importan-
te apontar a definição que a palavra pensamento tem quando o assunto
são as atividades ou processos cognitivos. Para o senso comum, o ato
de pensar contempla uma variedade de significados e, assim, pode re-
meter ao exercício de tentar recordar, por exemplo, “eu penso no jeito
como ela costumava falar”, a atenção, “pense na prova de matemática
39
que você tem pela frente”, a crença, “ele pensa que sabe tudo”, a refle-
xão e ponderação, “agora que você está aposentado, pense em como
deseja reorganizar a sua vida”. A palavra pensamento, portanto, con-
templa uma grande variedade de processos psicológicos, e os teóricos,
pesquisadores, psicólogos clínicos que estudam o pensamento e pro-
curam intervir sobre ele para tratar dificuldades psicológicas estão inte-
ressados no pensamento enquanto atividade que envolve os processos
de reflexão, ponderação e raciocínio. Ou seja, eles estão interessados
no pensamento enquanto atividade interna que é utilizada para resolu-
ção de problemas, avaliação da verdade ou inverdade que contém as
afirmações e ponderação de riscos, custos, benefícios envolvidos em
situações em que o indivíduo tem que escolher entre diferentes alterna-
tivas (GLEITMAN; FRIDLUND; REISBERG, 2011).
Também, é importante apontar a diferença que existe entre pen-
samento e sentimento. O sentimento é uma experiência interna associada
às emoções, como o medo, a alegria e a tristeza. No modelo cognitivo, os
sentimentos não são questionados. O que é questionado é o pensamento
que confere significados, ainda que distorcidos, às situações e relações
interpessoais, e que dá origem aos sentimentos. Pelas terapias cognitivas,
é examinada a validade de pensamentos, afirmações e crenças que, para
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

tanto, são confrontados com evidências e dados de realidade que podem


contradizê-los. Por sua vez, a realidade sempre está em aberto, porque
não é possível conhecer todos os fatos e porque em se tratando da realida-
de, existem apenas probabilidades e não certezas (LEAHY, 2007).
Conforme mencionado anteriormente, entre as décadas de 1960
e 1970, o behaviorismo dominava a psicologia experimental e começava
a mostrar bons resultados no tratamento de problemas psicológicos e
transtornos. Publicava-se um jornal da área comportamental e os beha-
vioristas radicais mantinham o foco nos comportamentos que podiam ser
observados, enquanto não consideravam científicos os construtos cogni-
tivos que não eram observáveis. Naquele tempo, na área da psicologia
clínica, vinha sendo retirada a ênfase da teoria e método psicanalíticos
propostos por Freud e, ainda que o behaviorismo estivesse ganhando
terreno, começava-se a constatar que ele não conseguia explicar e tratar
problemas psicológicos de maior complexidade. Portanto, naquele mo-
mento histórico, entrecruzavam-se tais questões e da insatisfação com o
behaviorismo e com a psicanálise, os pesquisadores, clínicos e estudio-
sos voltavam-se para o estudo da cognição, interessados em investigar o
papel que ela tinha sobre o comportamento humano.
Muitos estudiosos que passaram a dedicar-se às TCCs provie-
ram da psicologia comportamental e, por isso, adotaram o termo cog-
nitivo-comportamental para descrever os tratamentos que tinham como
40
foco e elemento principal a cognição.
Os estudos e investigações caminhavam no sentido de incor-
porar a cognição em paradigmas de avaliação clínica e tratamento e,
gradativamente, as perspectivas cognitivas e clínicas uniram-se.
Alguns fatores podem ser apontados como responsáveis pela
introdução dos conceitos cognitivos na prática clínica. Por exemplo, o
desenvolvimento da teoria social da aprendizagem e o foco nos proces-
sos vicários de aprendizagem, propostos por Albert Bandura e Walter
Mischel (INGRAM; SIEGLE, 2010). Segundo tais autores, as variáveis
cognitivas são comportamentos encobertos e têm relação com os com-
portamentos observáveis ou manifestos. Diferentemente dos behavio-
ristas radicais, esses já assumiam que tanto as pessoas quanto o meio
externo e a relação entre ambos importavam e explicavam as diferen-
ças entre as personalidades. Estas, por sua vez, não se reduziam ao
comportamento das pessoas, mas também àquilo que pensavam e ao
modo como pensavam, ou seja, eles entendiam que o indivíduo não
era apenas um repertório de comportamentos aprendidos ao longo de
sua história de vida, mas também as qualidades cognitivas que reunia.
Nesse sentido, Mischel definiu algumas qualidades cognitivas em que
as pessoas podem ser diferentes: as competências, que consistem nas

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


coisas que uma pessoa é capaz de fazer e compreender; as estratégias
de codificação, que são a forma como a pessoa interpreta as situações
que vive; as expectativas, qualidade cognitiva relacionada às crenças
que a pessoa tem acerca do que gera determinados resultados ou con-
sequências; os valores subjetivos, que dizem respeito aos resultados
que a pessoa valoriza; e os sistemas autorreguladores que remetem
à forma como a pessoa controla ou regula os seus próprios comporta-
mentos (GLEITMAN; FRIDLUND; REISBERG, 2011).
Tais estudos foram importantes e podem ser considerados os
predecessores das atuais aproximações aos problemas tratados na clí-
nica. E, ao proporem que a cognição era um tipo de comportamento
encoberto, posicionavam-na dentro do modelo comportamental, o que
lhe conferia certa legitimidade científica.
Outras perspectivas pioneiras sobre o processo de tratamento
cognitivo foram desenvolvidas por estudiosos clínicos provenientes das
áreas psicodinâmicas e humanistas, como foi o caso de Aaron Beck e
Albert Ellis, e, nessa fase da evolução do modelo cognitivo, o foco esteve
mais em desenvolver estratégias para o tratamento de transtornos do que
elaborar uma explicação e compreensão conceitual do sistema cognitivo.
O psicólogo norte-americano Albert Ellis desenvolveu a terapia
racional emotiva comportamental (TREC), que também foi importante
para o desenvolvimento do modelo e terapia cognitiva. Ele postulou 12
41
crenças irracionais básicas, consideradas fontes dos problemas emocio-
nais e comportamentais, e propôs que todo evento (A) ativa crenças indi-
viduais (B), que, por sua vez, desencadeiam emoções, comportamentos
e reações fisiológicas (C). A TREC propõe, dessa forma, a identificação
das crenças irracionais e modificação dessas valendo-se, para tanto, de
questionamentos, desafios, debates lógico-empíricos e disputas.
É importante dizer que os pioneiros do modelo cognitivo não
negaram a importância do comportamento, mas estavam interessados
em responder outras questões, por exemplo, “que eventos cognitivos
ocorrem entre um estímulo e uma resposta?”.
As investigações realizadas e os modelos de tratamento pro-
postos foram fundamentais para tornar a cognição legítima detentora
de um status próprio não mais mera representante de comportamentos
encobertos.
Nas últimas cinco décadas, a teoria e terapia cognitivas têm
sido desenvolvidas e o modelo cognitivo refinado sem que, no entanto,
tenham mudado suas características fundamentais.
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

CENTRO DE MINDFULNESS. Entrevista com Prof. Al-


bert Ellis – Terapia Racional Emotiva Comportamental. Youtube,
12/05/2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?-
v=sgnTZ6wbxd8>. Acesso em: 30 set. 2020.

O modelo cognitivo tem como foco principal a atividade cogniti-


va. O ser humano é concebido como quem continuamente e ativamen-
te procura, seleciona e utiliza informações, inserido em um processo
de construção do modo de ver a realidade ou o mundo que o rodeia.
Essa é a atividade considerada essencial do sistema cognitivo e produz
diferentes conteúdos. E a estrutura, através da qual o conhecimento
sobre o mundo é organizado, é composta pelas estruturas cognitivas
concebidas como esquemas hipotéticos e inacessíveis que orientam o
processamento de informações, pelos processos por meio dos quais os
eventos externos ganham significado, e pelos produtos, que são pensa-
mentos e imagens (DUNKLEY; BLANKSTEIN; SEGAL, 2010).
Nesse modelo, é enfatizado o papel central da cognição nas
emoções e comportamentos e o que interessa não são os eventos ex-
teriores, mas a forma como são significados, interpretados, construídos
pelo pensamento ou atividade cognitiva do indivíduo. Assim, a modifica-
42
ção do modo de pensar e conceber as situações que o indivíduo experi-
menta em sua vida reflete em seu estado emocional e em seus compor-
tamentos. Por exemplo: a mulher ouve um barulho dentro de sua casa
(situação) – ela pensa que pode ser um assaltante (pensamento ou
modo de interpretar a situação) – ela sente medo (emoção consequen-
te) – ela telefona para a polícia (comportamento que se segue).
Os transtornos psicológicos são concebidos como decorrentes
de modos disfuncionais de perceber ou interpretar as situações e as
terapias cognitivas visam ao processo de reestruturação e modificação
cognitiva, para tanto, trabalham com alguns conceitos que são funda-
mentais no modelo cognitivo: pensamentos automáticos, crenças cen-
trais e adjacentes e esquemas.

PRINCÍPIOS NORTEADORES DAS TERAPIAS COGNITIVO-COM-


PORTAMENTAIS

Conforme apresentado no capítulo anterior, pode-se afirmar


que a essência das terapias cognitivo-comportamentais está no princí-
pio segundo o qual a atividade cognitiva é a mediadora das respostas
emocionais e comportamentais que o indivíduo dá ao mundo que o cer-

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


ca. Muitas vezes, tais respostas são disfuncionais ou mal adaptadas à
realidade e podem ser modificadas por meio da alteração e reestrutura-
ção das cognições distorcidas.
Segundo Beck (2007), existem dez princípios que norteiam as
terapias cognitivo-comportamentais. Tais princípios serão apresentados
na sequência.
O primeiro princípio norteador diz respeito à formulação do
caso clínico que o psicoterapeuta deve fazer (conceitualização cogniti-
va) e atualizar conforme novos dados clínicos vão surgindo e sendo tra-
zidos pelo paciente. Desde o primeiro momento, deve ser elaborado um
panorama das principais dificuldades que o paciente apresenta: seus
pensamentos atuais e os comportamentos problemáticos, sendo que
estes tanto se originam dos pensamentos distorcidos quanto o refor-
çam. Além da identificação dos pensamentos e comportamentos apre-
sentados como queixas pelo paciente, também devem ser identificadas
as situações que propiciam ou ativam os pensamentos e comportamen-
tos disfuncionais e elaboradas hipóteses acerca do padrão (cognitivo e
comportamental) que o paciente emprega para interpretar as situações
de sua vida. Conforme referido, a formulação do caso vai sofrendo alte-
rações ao longo do processo psicoterapêutico e deve ser compartilhada
com o paciente, em momentos chaves, a fim de que ele verifique se a
43
formulação de seu próprio caso lhe parece verdadeira.
O segundo princípio consiste na aliança de trabalho entre te-
rapeuta e paciente, que deve ser sólida e segura. Para que o processo
terapêutico tenha mais chances de alcançar bons resultados, é funda-
mental que o paciente tenha confiança no terapeuta, assim, é importan-
te que esse faça declarações empáticas, ouça com atenção o que lhe
é dito, respeite genuinamente o paciente e seja competente. Inclusive,
o feedback que ao paciente é solicitado fazer no final de cada sessão
também permite que o terapeuta verifique se o paciente se sentiu aco-
lhido, compreendido e como foi a sessão para ele.
Os focos na colaboração e na participação ativa do terapeuta e
do paciente são apontados como o terceiro princípio norteador das te-
rapias cognitivo-comportamentais. O paciente é gradativamente e con-
tinuamente encorajado a colaborar ativamente durante todo o processo
terapêutico, por exemplo, na decisão da frequência das sessões, nos
tópicos que deseja abordar, na definição das tarefas de casa, na iden-
tificação de seus pensamentos distorcidos, no feedback dado em cada
sessão, com um resumo dos pontos debatidos – tais decisões não só
podem como devem ser compartilhadas entre terapeuta e paciente.
O quarto princípio norteador consiste em as TCCs serem fo-
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

cadas em problemas específicos e orientadas por metas. Ou seja, é


solicitado ao paciente que ele aponte seus problemas, e, com base ne-
les, são pensadas metas a serem alcançadas. Beck (2007) apresenta
o exemplo de uma paciente que se queixa de sentir-se isolada (proble-
ma); junto do terapeuta, é sugerida a meta comportamental de fazer
novas amizades. Entre o problema e a realização da meta, terapeuta
e paciente vão trabalhando juntos com o intuito de modificar os pensa-
mentos distorcidos que são obstáculos para a realização da meta, por
serem a origem do problema (o isolamento), assim, os pensamentos
disfuncionais, por exemplo “não tenho nada de bom para oferecer às
pessoas”, vão sendo identificados; no consultório, são buscadas evi-
dências da realidade que contradizem tais pensamentos e, assim, eles
vão sendo testados. Em posterior momento, o terapeuta pode sugerir
ou convidar o paciente a testar aqueles pensamentos em sua vida co-
tidiana, em outro contexto que não seja aquele do consultório. Dessa
forma, o paciente vai se dando conta de que seus pensamentos iniciais
não correspondem à realidade que encontrou, nesse momento, ele tem
a possibilidade de modificar seus pensamentos iniciais, substituindo-os
por outros que estão mais de acordo com a realidade. Há casos em que
o paciente deve aprender estratégias para resolução de problemas, e,
em outros casos, o paciente deve apenas avaliar as crenças disfuncio-
nais que o impedem de utilizar as habilidades de que já dispõe.
44
O foco no presente, no “aqui e agora”, é o quinto princípio norte-
ador das TCCS. A maior parte das intervenções realizadas focam-se em
problemas atuais e em situações específicas. Contudo, existem alguns ca-
sos em que o terapeuta pode voltar-se para o passado do paciente. Tais
casos são os seguintes: quando o paciente tem, de forma acentuada, esta
tendência ou preferência; quando o processo psicoterapêutico voltado para
as questões atuais não produz bons resultados cognitivos, emocionais e
comportamentais, e, por último, quando o terapeuta considera importante,
para o avanço do processo terapêutico, retroceder à vida pregressa do
paciente a fim de poderem compreender quando e como foram originados
os pensamentos que, no presente, perturbam o paciente.
O sexto princípio consiste no fato das TCCs serem educativas,
elas visam ensinar ao paciente a ser seu próprio terapeuta e focam à
prevenção de recaídas. Dessa forma, logo na primeira sessão, o tera-
peuta explica ao paciente em que consiste o processo psicoterapêutico
e o modelo cognitivo, ou seja, que os pensamentos influenciam as emo-
ções e os comportamentos. Ao paciente também vai sendo ensinado a
natureza e a forma como o seu transtorno se desenvolve. Durante as
sessões, o paciente é encorajado a tomar nota das principais coisas que
aprendeu, para que, assim, possa retomar, sempre que necessário, tais

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


registros escritos (durante e mesmo após a conclusão da psicoterapia).
Deve ser considerado o caso de pacientes que apresentam difi-
culdades que demandam um tempo maior para poderem ser ultrapassa-
das, contudo, usualmente, as TCCs têm um tempo limitado, por exemplo,
quatorze sessões para o tratamento de depressão e transtornos de an-
siedade. Esse é o sétimo princípio básico e, ao longo do tempo delimi-
tado, de forma geral, o processo psicoterapêutico deve contemplar as
seguintes etapas: alívio dos sintomas apresentados pelo paciente; remis-
são do transtorno que o aflige; resolução dos problemas presentes e mais
urgentes; e aprendizagem, por parte do paciente, de ferramentas e estra-
tégias que possam ajudá-lo a resolver tanto os problemas atuais quanto
os que possam aparecer no futuro, além de prevenir recaídas.
O oitavo princípio norteador das terapias cognitivo-comporta-
mentais é serem estruturadas, estrutura essa que se mantem constante
ao longo de toda a duração da terapia. A estrutura consiste em: verificar
o humor que o paciente apresenta naquele dia de sessão; solicitar que
ele faça uma breve revisão de como foi a sua semana, desde a sessão
anterior; definir, para a atual sessão, a pauta de assuntos que deverão ser
abordados e trabalhados; solicitar um feedback sobre a sessão anterior;
revisar a tarefa de casa; desenvolver a pauta do dia; definir a nova tarefa
de casa a ser apresentada na sessão seguinte; resumir a sessão atu-
al e solicitar feedback. A sessão estruturada permite ao paciente melhor
45
compreender como funciona todo o processo e, assim, a conseguir fazer
autoterapia após o término daquela realizada junto do terapeuta.
O nono princípio apontado por Judith Beck é que, nas terapias
cognitivo-comportamentais, os pacientes devem ser ensinados a iden-
tificar, testar a validade e responder aos seus pensamentos e crenças
disfuncionais. Para tanto, o terapeuta pode se valer do questionamento
socrático e da descoberta orientada a fim de conduzir o paciente rumo
à identificação e avaliação de suas cognições destorcidas, com vistas a
elaborar um plano de ação.
O décimo e último princípio básico ou norteador das TCCs con-
siste na diversidade de técnicas que podem ser empregadas para pro-
mover a modificação dos pensamentos, emoções e comportamentos.
As técnicas são escolhidas conforme o tipo de problema ou transtorno
que o paciente apresenta e de acordo com as metas que pretendem
ser alcançadas. Assim, por exemplo, em quadros de depressão severa,
está indicada a técnica de ativação comportamental, os casos de trans-
tornos alimentares, como a anorexia, requerem técnicas que conduzam
o paciente a modificar crenças pessoais de valor pessoal e de controle,
já no tratamento de ataques de pânico, as técnicas devem propiciar ao
paciente o teste de cognições distorcidas catastróficas. É importante
apontar que o questionamento socrático e a descoberta orientada são
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

estratégias centrais, utilizadas um pouco que independentemente do


caso clínico que se apresenta.

46
QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2019 Banca: Avança SP Órgão: Prefeitura de Pereiras - SP
Prova: Psicólogo
Como se sabe, o modelo cognitivo da depressão postula a tríade
cognitiva desse transtorno, qual seja:
a) Lentificação motora, baixo nível de motivação para enfrentar as de-
mandas da vida diária e inibição emocional.
b) Distorção da percepção da realidade, anormalidades funcionais de
neurotransmissores cerebrais e pensamentos automáticos negativos.
c) Sofrimento do indivíduo deprimido pela visão negativa de si próprio,
do ambiente em que se insere e do futuro que o aguarda.
d) Acentuada dificuldade no processamento de informações, na atribui-
ção de significados e na medição das informações captadas.
e) Crenças nucleares dominadas pelo pessimismo, pensamentos auto-
máticos e crenças subjacentes.

QUESTÃO 2
Ano: 2019 Banca: CESGRANRIO Órgão: UNIRIO Prova: Psicólogo

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


As terapias cognitivo-comportamentais partem da premissa de
que as mudanças de comportamento desejadas ocorrem por meio
das mudanças cognitivas. Há diversos modelos nessa premissa,
com algumas variações.
Um ponto em comum entre esses modelos é o fato de essas terapias:
a) Ensinarem o modelo terapêutico ao cliente/paciente, caracterizando
uma intervenção educativa, o que a difere de outras abordagens.
b) Terem ênfase no controle do terapeuta sobre o cliente/ paciente em
detrimento do desenvolvimento do autocontrole.
c) Serem de duração mais longa, visto que é difícil interferir no pensa-
mento para modificá-lo.
d) Fundamentarem-se sempre nos testes psicológicos como recurso de
avaliação e intervenção.
e) Proporem ênfase em um tipo de filosofia racional, em busca da mini-
mização da perturbação emocional.

QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Sertãozinho - SP
Prova: Psicólogo
O modelo cognitivo para compreensão e intervenção junto aos
pacientes com depressão postula três princípios para explicar o
substrato psicológico desse transtorno. Esses princípios são:
47
a) O evento similar, a alexitimia e a dissonância cognitiva.
b) A tríade cognitiva, os esquemas e as distorções cognitivas.
c) A expectativa de fracasso, a instabilidade e o pensamento mágico.
d) A fobia social, o pensamento negativo e a falta de resiliência.
e) O deslize mental, a incongruência e o sentimento de inadequação.

QUESTÃO 4
Ano: 2017 Banca: COVEST-COPSET Órgão: UFPE Prova: Psicólogo
Segundo alguns autores, a terapia cognitiva baseia-se na teoria da
aprendizagem social e usa uma mistura de técnicas, muitas das
quais baseadas em modelos de condicionamento operante e clás-
sico. A respeito da terapia cognitiva com crianças e adolescentes,
podemos afirmar que:
a) A terapia cognitiva com adultos não difere da terapia cognitiva com
crianças e adolescentes.
b) A terapia cognitiva com crianças permanece focalizada no problema,
é ativa e orientada para o objetivo, diferentemente do que ocorre na
terapia com adultos.
c) Crianças menores tendem a beneficiar-se de técnicas mais sofistica-
das que exigem análises racionais, enquanto os adolescentes se bene-
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

ficiarão de técnicas cognitivas simples como autoinstrução e interven-


ções comportamentais.
d) O reforço explícito não se configura como uma parte central do tra-
balho terapêutico, apenas dirige as crianças para o que é importante e
deve ser lembrado.
e) As recompensas comunicam expectativas e correspondem a funções
de motivação, atenção e retenção.

QUESTÃO 5
Ano: 2017 Banca: COVEST-COPSET Órgão: UFPE Prova: Psicólogo
A partir de 1995, uma variedade de publicações traduzidas para o
português sugere que a terapia cognitiva começa a se tornar popu-
lar no Brasil. O modelo cognitivo propõe que os transtornos psico-
lógicos decorrem de um modo distorcido de perceber os aconteci-
mentos. Assinale a alternativa que corresponde a essa abordagem.
a) A terapia cognitiva identifica dois níveis distintos de pensamento:
pensamento automático e crenças centrais.
b) Os pensamentos modulam e mantêm as emoções disfuncionais, in-
dependentemente de suas origens.
c) Os pensamentos automáticos são rígidos e não podem ser identifica-
dos após um treinamento terapêutico.
d) As crenças centrais constituem o nível mais superficial da estrutura
48
cognitiva e são compostas por ideias recentes.
e) A terapia cognitiva ainda não possui evidência empírica de sua efeti-
vidade frente a diversos transtornos.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


As terapias cognitivo-comportamentais estão fundamentadas tanto em
conceitos do modelo cognitivo quanto em procedimentos advindos do
modelo comportamental. Ambos os modelos foram criados para abor-
dar e conceitualizar a experiência humana. Aponte as premissas bási-
cas de cada modelo.

TREINO INÉDITO
Segundo Skinner, o comportamento operante é:
a) Uma resposta involuntária emitida pelo organismo dotado de um re-
pertório inato de respostas.
b) Um comportamento que não pode ser observado, produzido por pro-
cessos psíquicos.
c) Uma resposta originada no interior do organismo e que é emitida
voluntariamente para realizar uma mudança, no ambiente, que leva à
recompensa.

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


d) Uma resposta emitida após a associação entre um estímulo incondi-
cionado e um estímulo condicionado.
e) Um comportamento adaptado à realidade e resultante da modifica-
ção de pensamentos disfuncionais.

NA MÍDIA
GOVERNO PUBLICA LEI QUE AUMENTA PENAS DE MAUS-TRA-
TOS CONTRA CÃES E GATOS
A notícia informa que, no dia 30 de setembro deste ano, foi alterada a Lei
de Crimes Ambientais (criada no ano de 1998) e essa passou a incluir um
item específico sobre a proteção de cães e gatos. Para prevenir ou dimi-
nuir os abusos, maus-tratos, ferimentos e mutilações contra tais animais,
as penas previstas passaram a incluir reclusão, além de multa e proibição
de guarda. Tal como foi abordado no capítulo 2 desta unidade, a punição,
que consiste na aplicação de estímulos aversivos com a finalidade de
diminuir a frequência ou mesmo eliminar determinados comportamentos
indesejados, pode ser empregada em inúmeras situações. Nesse caso,
as penas de reclusão, multa e perda da guarda dos animais de estimação
foram os estímulos aversivos propostos para que os comportamentos in-
desejados de maus-tratos possam diminuir rapidamente.
Fonte: Uol
Data: 30 set. 2020.
49
Leia a notícia na íntegra: MANFRINI, Sandra. Governo publica lei que
aumenta penas de maus-tratos contra cães e gatos. Uol, 30/09/20. Dis-
ponível em:
<https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-esta-
do/2020/09/30/governo-publica-lei-que-aumenta-penas-de-maus-tra-
tos-contra-caes-e-gatos.htm>. Acesso em: 29 set. 2020.

NA PRÁTICA
Estudantes de Psicologia foram convidados a realizarem estágio com
uma turma de alunos do ensino fundamental de uma escola pública. O
estágio desenvolveu-se sob a orientação de um professor de Psicolo-
gia Comportamental e os alunos foram bem recebidos pela direção da
escola. A diretora apresentou as queixas que tinha, que diziam respei-
to a alguns alunos, relacionadas com comportamentos de indisciplina;
a diretora entendia por indisciplina a falta de respeito que certos alunos
mostravam ao dirigirem-se aos professores, o descompromisso com as
atividades propostas (em sala de aula e como dever de casa) e a agi-
tação (gritar, correr) que apresentavam durante as aulas. A fim de pos-
teriormente elaborarem um plano de intervenção para modificação dos
comportamentos considerados indesejados, os estagiários propuseram
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

que, em um primeiro momento, fosse realizada a observação de uma


aula e, assim, foi autorizado. No dia da observação, a atividade proposta
em sala de aula foi replicar, no caderno, o mapa do mundo. As crianças
iniciaram as atividades e a professora pôs-se a caminhar pela sala. Ao
dirigir-se aos alunos, ela aumentava o tom da voz e, de forma frequente,
gritava; ela não emitia elogios, incentivos ou esclarecimentos e, quando
falava com os alunos, apontava uma crítica ou repreendia. Por exemplo,
ao perceber que duas alunas estavam trabalhando juntas, a professora
as repreendeu dizendo que deveriam trabalhar sozinhas, após tal comen-
tário, uma das alunas começou a chorar e a professora gritou com ela,
exigindo que parasse de chorar. Outro aluno mostrou seu desenho à pro-
fessora e perguntou-lhe se estava ficando bom, a professora respondeu
que não estava e que não era apenas aquilo que havia pedido que os
alunos fizessem, após esse feedback, a aluna voltou para a sua carteira,
proferiu um xingamento, amassou o papel onde estava seu desenho e
jogou-o no lixo. Outro aluno corria e brincava continuamente pela sala
de aula, diante de tal comportamento, a professora sorria e calmamente
conversava com ele. A cena brevemente apresentada mostra as possibi-
lidades de intervenção do psicólogo e baseado no modelo comportamen-
tal observa-se que os comentários negativos emitidos pela professora
funcionaram como estímulos aversivos que não fortaleceram a resposta
desejada (que os alunos realizassem de forma satisfatória a atividade
50
proposta, que a aluna parasse de chorar), pelo contrário, diminuíram as
chances de que ela acontecesse, por outro lado, o aluno que apresentou
um comportamento considerado, pela direção do colégio, indisciplinado,
foi reforçado positivamente pelo sorriso da professora, seu tom de voz
baixo e sua aparente calma, assim, ele continuou a comportar-se da mes-
ma forma e não fez a atividade proposta.

PARA SABER MAIS


CICLO CEAP. Entrevista com Aaron T. Beck – Terapia Comportamental
Cognitiva. Youtube, 12/07/2018. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=bOdRJ9hN1ls>. Acesso em: 28 set. 2020.
MELO, Nívea (psicóloga). Judith S. Beck fala sobre Terapia Cognitiva
(legendas pt-br). Youtube, 08/01/2009. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=REfORV5ddlQ>. Acesso em: 28 set. 2020.

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

51
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

E BASE DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

TERAPIAS COGNITIVO-COMPORTAMENTAIS: APLICABILIDADE


CLÍNICA

Nos capítulos anteriores, foram abordados a origem das tera-


pias cognitivo-comportamentais, seu desenvolvimento ou evolução no
tempo, seus princípios básicos, bem como seus principais conceitos e
definições técnicas. O presente tópico incidirá sobre a aplicabilidade clí-
nica das TCCs. Mas, antes de passarmos ao assunto, vale apresentar,
de forma sucinta, alguns pontos apresentados anteriormente.
A origem das TCCs é situada, usualmente pela literatura, entre
os anos de 1960 e 1970 e, ao longo do tempo, diversas correntes foram
desenvolvidas. Aaron T. Beck é um dos pioneiros e uma das principais
referências no campo das TCCs. Seu trabaho inicial propôs uma psicote-
5252
rapia de curta duração para tratar pacientes que apresentavam quadros
depressivos. Ele identificava, em seus próprios pacientes, a presença de
pensamentos e crenças negativos e distorcidos e esses passavam a as-
sumir, na perspectiva de Beck, a posição de características principais da
depressão. A sua proposta de terapia afastava-se da psicanálise, que era
o referencial que até então tinha guiado sua atuação clínica, e recebeu o
nome de terapia cognitiva. De forma frequente, tal terminologia é empre-
gada como sinônimo de terapia cognitivo-comportamental (BECK, 2013).
Albert Bandura e Walter Mischel também são autores cujos
trabalhos foram importantes para o desenvolvimento das TCCs, assim
como para a introdução de conceitos cognitivos na prática clínica. Pro-
venientes do referencial teórico e metodológico comportamental, suas
investigações já apontavam para as qualidades cognitivas do ser hu-
mano, ou seja, eles assumiam que o indivíduo não se resumia ao seu
repertório comportamental aprendido nas experiências de vida e que
as diferenças entre as personalidades estavam assentes em diferentes
maneiras de ver o mundo, de pensar sobre ele e de interagir com ele.
O psicólogo norte-americano Albert Ellis também é uma das
principais referências na área das TCCs, com a proposição de sua te-
rapia racional emotiva-comportamental, baseada no modelo ABC, se-

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


gundo qual entre um acontecimento (A) e os estados cognitivos/emo-
cionais/comportamentais (C) está a forma como o indíviduo interpreta,
pensa, concebe (B) o referido acontecimento.
As interfaces das TCCs são muitas e perceber isso é fácil ao ter
em mente que os próprios pioneiros responsáveis pelas investigações e
modelos teóricos e clínicos que impulsionaram o desenvolvimento das
TCCs provieram de diferentes áreas do saber, como a psicanálise, o
behaviorismo e a psiquiatria. A literatura aponta as raízes filosóficas das
terapias cognitivo-comportamentais e, atualmente, há investigações
que cruzam as TCCs com a Neuropsicologia, disciplina que investiga as
relações entre o cérebro e as funções cognitivas/mentais.
A premissa teórica que fundamenta as TCCs é o modelo cog-
nitivo, segundo o qual pensamentos disfuncionais influenciam o estado
emocional e os comportamentos e são o cerne dos transtornos psico-
lógicos. Examinar e testar, guiado pela psicoterapia, tais pensamentos
abre a possibilidade de que o paciente os modifique e construa novas
formas, mais realistas e funcionais ou adaptativas, de interpretar as si-
tuações, pessoas, objetos que fazem parte de seu ambiente de vida.
Relativamente à aplicabilidade clínica, Beck (2013) afirma que
existem mais de quinhentas pesquisas científicas concluídas que atestam
a eficácia das TCCs no tratamento de diferentes transtornos e problemas.
Segue uma lista parcial de transtornos e problemas tratados pelas TCCs.
53
Tabela 2 – Lista parcial de transtornos tratados com sucesso pela terapia
cognitivo-comportamental
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

Fonte: Beck, 2013.

Epp e Dobson (2010) também afirmam que as TCCs têm rece-


bido grande apoio e atenção de investigações científicas, além de se-
rem amplamente adotadas como abordagem preferencial de tratamento
de diversos problemas, tanto em crianças quanto em adultos.
Na sequência, será apresentada a aplicabilidade das terapias
cognitivo-comportamentais em alguns transtornos específicos.
No transtorno de pânico, o indivíduo sofre ataques que surgem
abruptamente e que se caracterizam por medo intenso e/ou desconforto
intenso.O pico dos ataques é atingido em alguns minutos e são acompa-
nhados por sintomas físicos e/ou cognitivos (DSM-5, 2014). Os ataques
54
podem surgir de forma inesperada e de forma esperada, neste último caso,
ele surge em resposta a uma situação ou objeto que é temido pelo indi-
víduo. O medo e a ansiedade relacionados à possibilidade de surgirem
novos ataques estão presentes, assim como comportamentos de evitação
de situações em que, anteriormente, os ataques aconteceram. Segundo
os modelos cognitivo-comportamentais, os ataques de pânico decorrem
de cognições distorcidas e catastróficas relacionadas a sintomas corporais,
ou seja, o indivíduo interpreta como sendo um ataque cardíaco a acelera-
ção de seus batimentos cardíacos; a interpretação equivocada, por sua
vez, aumenta a excitação corporal, reforça a ideia de perigo iminente e,
consequentemente, intensifica a ansiedade e pensamentos catastróficos.
Os estudos apontam que as terapias cognitivo-comportamentais, ao com-
binarem técnicas cognitivas e comportamentais específicas, como a psico-
educação e a exposição interoceptiva, conduzem à remissão significativa
dos sintomas agudos e à manutenção da melhora após a conclusão do
processo terapêutico (MANFRO; HELDT; CORDIOLI; OTTO, 2008).
Os transtornos depressivos têm algumas características co-
muns, como a presença do humor triste, irritável ou ainda uma sensação
de vazio interno, e alterações somáticas e cognitivas que interferem na
capacidade de funcionar do indivíduo (DSM-5, 2014). Assim, pode haver

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


redução ou mesmo perda de interesse em atividades que antes eram
experimentadas com prazer, o sono pode sofrer alterações, assim como
o peso corporal e o desempenho/ritmo psicomotor (retardo ou agitação);
pode haver, ainda, uma diminuição da capacidade de concentração e
perda de energia ou fadiga, ideias de morte ou de suicídio podem fazer-
-se presentes, assim como pensamentos e sentimentos de culpa e de
desvalor. O modelo cognitivo proposto por Aaron T. Beck para os quadros
depressivos contempla uma tríade cognitiva composta por três elemen-
tos: a visão negativa que o indíduo tem sobre si próprio, por exemplo,
“sou uma pessoa desinteressante”; a visão negativa que o indivíduo tem
sobre o mundo, por exemplo, “as pessoas não gostam da minha presen-
ça/companhia”; e uma visão negativa sobre o futuro, por exemplo, “as
coisas nunca irão mudar e eu nunca serei feliz”. A característica central
é que pacientes com quadros depressivos enxergam e pensam suas ex-
periências de uma forma negativa e antecipam um futuro negativo ou
resultados desfavoráveis para os seus problemas. O processo psicote-
rapêutico baseado no modelo cognitivo-comportamental tem como foco
os pensamentos automáticos e esquemas depressogênicos, que costu-
mam ser rígidos e absolutistas, o modo como a pessoa se relaciona com
os outros e o comportamento, que precisam ser modificados a fim de
que as situações enxergadas como problemas possam ser enfrentadas
de forma mais eficaz. Gradativamente, o psicoterapêuta vai encorajando
55
a participação ativa do paciente nas sessões e nos intervalos entre as
sessões (por exemplo, na realização das tarefas de casa) e, conforme
referido em capítulo anterior, a ativação comportamental é uma estratégia
importante e pode consistir, por exemplo, no monitoramento e agenda-
mento de atividades a serem realizadas nos intervalos entre as sessões.
A reestruturação cognitiva também é um dos focos da TCCs. Terapeuta
e paciente, em uma relação de colaboração, vão identificando os pen-
samentos automáticos e as crenças distorcidas presentes, assim como
as reações fisiológicas que o paciente apresenta em decorrência de tais
cognições disfuncionais; os comportamentos consequentes também vão
sendo assinalados, assim como as experiências anteriores que reforça-
ram tais crenças e pensamentos. Uma vez realizada a identificação das
cognições, vão sendo aplicadas outras técnicas a fim de que o paciente
aprenda a manejar os seus próprios sintomas e a reestruturar suas cren-
ças e pensamentos (POWELL; ABREU; OLIVEIRA; SUDAK, 2008).
O transtorno por uso de substâncias contempla sintomas cogni-
tivos, fisiológicos e comportamentais. O transtorno se desenvolve quando
é estabelecido um padrão patológico de comportamentos relacionados ao
uso de determinada substância. Quando isso acontece, o indivíduo passa
a poder consumir quantidades maiores da substância, comparativamente
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

à quantidade que usava inicialmente. O indivíduo pode tentar reduzir ou


mesmo parar o uso da substância e fracassar em tais tentativas e, nos
casos mais graves, toda a rotina passa a girar em torno de conseguir a
substância e consumi-la. Há prejuízos na esfera de vida social, ou seja, o
desempenho (profissional, escolar, em casa) cai, as atividades (sociais,
profissionais, de lazer, etc.) podem ser abandonadas e, ainda assim, o
uso da substância é mantido. O indivíduo pode até perceber os problemas
que o uso está causando, por exemplo, ameaças a sua integridade física
e a deterioração da saúde, mas, ainda assim, fracassa em abster-se da
substância; a fissura, descrita como um desejo intenso e incontrolável de
consumir a substância, manifesta-se. As drogas, ainda que quimicamente
sejam diferentes entre si, ativam diretamente o sistema de recompensa
do cérebro, assim, as sensações de prazer deixam de ser obtidas através
de comportamentos adaptativos e passam a ser alcançadas diretamente
pelo uso da substância (DSM-5, 2014). Segundo Silva e Serra (2004), os
tipos de crenças que, geralmente, aparecem relacionadas à dependência
química e que impulsionam o consumo da substância são as crenças de
expectativas positivas e as crenças facilitadoras. As crenças de expectati-
vas positivas consistem, por exemplo, no indivíduo pensar que, diante de
uma atividade árdua que deve ser realizada (por exemplo, uma atividade
profissional), ele merece sair para beber com os amigos; ele pensa que
a bebida aliviará o estresse e que será bom encontrar os amigos; já as
56
crenças facilitadoras surgem nos momentos de fissura, quando há um
desejo intenso de cosumir a substância; assim, o indivíduo pode pensar
“eu não consigo controlar a minha vontade de usar” e ainda “se não há
como controlar essa vontade, a única saída é usar”. Em psicoterapia, as
crenças e pensamentos automáticos são trabalhados e são empregadas
técnicas que permitem, por exemplo, a identificação do estado de moti-
vação e das situações de risco, a mudança do estilo de vida e os fatores
cognitivos presentes no processo de recaída. Habilidades também po-
dem ser treinadas e aprendidas, com a finalidade do paciente enfrentar
situações, por exemplo, eventos sociais onde ele deve recusar a bebida.
Assim como esses exemplos brevemente apresentados, exis-
tem muitos outros. Conforme referido anteriormente, as TCCs têm sido
desenvolvidas em diferentes contextos clínicos e empregadas no trata-
mento de diversos transtornos psquiátricos e problemas psicológicos.

BASES DAS FUNÇÕES COGNITIVAS

O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC)


e sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é composto pelo encéfalo
e pela medula espinhal e é todo protegido por ossos. Assim, o crânio

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


protege o encéfalo e a coluna vertebral resguarda a medula espinhal.
O cérebro integra, junto com o cerebelo e o tronco encefálico, o
encéfalo e é composto por dois tecidos que se sobrepõem.
Um tecido tem coloração branca, é chamado núcleo cerebral
e é composto por fibras nervosas responsáveis por estabelecerem o
contato entre o córtex cerebral, os órgãos do sentido e os músculos de
todo o corpo.
O outro tecido é chamado córtex cerebral, é mais extenso e
mais externo, tem coloração cinza e é constituído por neurônios e por cé-
lulas nervosas denominadas células de Glia. O córtex cerebral humano
é um tecido fino (como uma membrana) que tem uma espessura entre 1
e 4 mm e uma estrutura laminar formada por seis camadas distintas de
diferentes tipos de corpos celulares de neurônios. Perpendicularmente
às camadas, existem os neurônios piramidais, estes representam cerca
de 85% dos neurônios no córtex e são responsáveis pela ligação entre
as várias camadas. Os neurônios piramidais estão entreligados uns aos
outros através de ligações excitatórias e pensa-se que a sua rede é a
estrutura da organização cortical. Podem receber entradas de milhares
de outros neurônios e podem transmitir sinais a distâncias da ordem dos
centímetros e atravessando várias camadas do córtex.
O córtex cerebral é dividido em cinco áreas chamadas de lobos
57
cerebrais e cada uma delas tem funções diferenciadas e especializa-
das. Quatro lobos foram designados pelos nomes dos ossos cranianos
que estão nas suas proximidades e que os recobrem. O lobo frontal
está localizado na região da testa; o lobo occipital, na região da nuca; o
lobo parietal encontra-se na parte superior central da cabeça; os lobos
temporais ficam nas regiões laterais da cabeça, por cima das orelhas,
e o lobo da ínsula, também chamado de lobo límbico, está localizado
no interior do cérebro, ao abrir o sulco lateral. A figura 3 a seguir ilustra
quatro lobos do córtex cerebral.

Figura 3 – Córtex cerebral e lobos cerebrais


INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

Fonte: Infoescola. Acesso em 2020.

O lobo frontal inclui o córtex motor e o córtex pré-frontal, está


envolvido no planejamento de ações e movimento, assim como no pen-
samento abstrato. Em pessoas cujas funções cognitivas estão plena-
mente preservadas, a atividade no lobo frontal aumenta quando têm
que executar tarefas difíceis que envolvem a descoberta de uma sequ-
ência de ações para minimizar o número de manipulações necessárias.
A parte da frente do lobo frontal, o córtex pré-frontal, diz respeito à es-
tratégia: decidir que sequências de movimento ativar, em que ordem e
avaliar os resultados. As suas funções parecem incluir o pensamento
abstrato e criativo, a fluência do pensamento e da linguagem, respostas
afetivas e capacidade para ligações emocionais, julgamento social, von-
tade e determinação para ação e atenção seletiva. Traumas no córtex
pré-frontal fazem com que uma pessoa fique presa obstinadamente a
estratégias que não funcionam ou que não consiga desenvolver uma
sequência correta de ações. Os lobos parietal, temporais e occipital es-
tão envolvidos no processamento de estímulos e percepções (auditivos,
visuais, etc.) detectados pelos órgãos sensoriais. O lobo da ínsula ou
límbico está relacionado com as emoções.
58
Sobre a localização e estruturas do lobo da ínsula ver:
BUENO, Leandro. O lobo da ínsula. Youtube, 12/01/2020. Disponí-
vel em: <https://www.youtube.com/watch?v=-dQ4hx7A5ac&t=11s
>. Acesso em:08 out. 2020.

O córtex cerebral não funciona sozinho, mas, sim, integrado


com as demais estruturas do sistema nervoso, e é imprescindível para
a maioria dos processos mentais (GUYTON; HALL, 2011).
O cérebro também é formado por duas metades, a direita e a es-
querda, chamadas de hemisférios cerebrais. Os hemisférios distinguem-se
pelas pregas nas suas superfícies que formam giros, os quais são separa-
dos por sulcos ou fendas. Cada hemisfério controla o lado oposto do corpo
e é resposável por funções específicas. O hemisfério esquerdo é respon-
sável pelo pensamento lógico e competência comunicativa. Enquanto o
hemisfério direito é responsavel pelo pensamento simbólico e criatividade.
O hemisfério esquerdo diz-se dominante, pois nele estão localizadas duas

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


áreas especializadas: a Área de Broca, responsável pela motricidade da
fala, e a Área de Wernicke, responsável pela compreensão verbal.
A estrutura que conecta os dois hemisférios cerebrais é deno-
minada corpo caloso e está localizada no fundo da fissura inter-hemisfé-
rica, ou fissura sagital. Essa estrutura composta por fibras nervosas de
cor branca é responsável pela troca de informações entre as diversas
áreas do córtex cerebral.

Funções Cognitivas

O cérebro é o órgão da cognição e esta diz respeito à recep-


ção, processamento e geração de respostas diante dos estímulos a que
o organismo é submetido. A cognição só é possível de existir graças à
atividade de aproximadamente 100 bilhões de neurônios - células que
compõem o sistema nervoso e que são constituídas pelos dendritos,
corpo celular e axônios (FONSECA, 2014).
A cognição pode ser definida como sendo o ato ou o processo
por meio do qual conhecemos o mundo que nos rodeia, não se trata
apenas de receber o estímulo ou as informações do meio externo e in-
terno, o que é possível através da experiência sensorial e dos órgãos do
sentido (visão, olfato, audição, tato e paladar), mas de entender o que
59
é aquilo que se está a ver (ou ouvir ou sentir etc.). Segundo Fonseca
(2014, p. 238-239):

Além de processar informação que espelha a sua consciência cognitiva, o


ser humano sente-a, registra-a, internaliza-a e tem tendências preferenciais,
emocionais, motivacionais e motoras por ela. É portanto, possuidor de uma
consciência conativa (...) e de uma consciência executiva, pois somos a úni-
ca espécie que tem consciência que tem consciência.

Para fins explicativos, a literatura sobre as funções superiores


do cérebro comparam-no a um computador e, na figura 4, a seguir, tal
comparação é ilustrada.

Figura 4 – Modelo de processamento de informação da aprendizagem


INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

Fonte: Guyton; Hall, 2011.

As operações mentais podem ser agrupadas em três esfe-


ras, segundo a proposta do psicólogo Reuven Feuerstein (1921-2014)
(CUNHA, 2017; FONSECA, 2014):
• As funções de entrada (ou input): são responsáveis pela recep-
ção ou captação dos estímulos que são apresentados ao organismo; en-
volvem a percepção clara e precisa das informações recebidas, ou seja, a
captação correta das propriedades do objeto; a exploração dos dados re-
cebidos, uma vez que o organismo não consegue captar, de uma só vez,
todos os objetos que estão em seu campo visual, tornando-se necessário
selecionar, organizar e sequenciar aquilo que é observado; o uso de con-
ceitos, ou seja, a transformação dos objetos concretos sensorialmente
percebidos em abstrações; a orientação espacial e temporal que permite
60
ao organismo deslocar-se, inserir-se e orientar-se; a percepção e conser-
vação de constâncias, tais como a profundidade, a forma, as dimensões
e o movimento, entre outras propriedades dos objetos; a precisão e per-
feição na coleta de dados, que dizem respeito à atenção que filtra o que
é importante, relevante, daquilo que não é, e que, portanto, não merece
o foco da atenção; a consideração de diferentes fontes de informação em
simultâneo, que permite o estabelecimento de relação entre os objetos,
dados, informações e a captação simultânea de diversos elementos que
compõem um mesmo objeto.
• Funções de integração, retenção e planejamento (elaboração):
responsáveis pela elaboração das informações recebidas. São funções
de elaboração: a definição detalhada das situações-problemas, sua na-
tureza e características; a discriminação e seleção de dados que são
relevantes; minimização e exclusão de dados irrelevantes; a compara-
ção, categorização e apuração das propriedades comuns e não comuns
aos dados, o que permite generalizações e abstrações; elaboração de
conceitos; formulação de ideias; exploração de evidências; construção
de estratégias; uso do raciocínio lógico; ampliação do campo mental, ou
seja, uma função que coloca em relação os conhecimentos previamente
adquiridos e os conhecimentos novos, enquanto todos eles vão compon-

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


do um repertório que é mantido pela mente; estabelecimento de relações
virtuais, ou seja, relações que não podem ser concretamente observa-
das; planejamento, antecipação de objetivos, meios e resultados.
• Funções de saída (ou output): são responsáveis pela execu-
ção, ou seja, pela resposta que o organismo apresenta e que represen-
ta toda a elaboração e contrução mentais resultantes e decorrentes do
estímulo inicial ou informação entrada e processada; tais funções são: a
comunicação clara e sem bloqueio, ou seja, que apresente fluidez entre o
sujeito que comunica, o conteúdo do que é comunicado e a comunicação
em si; respostas corretas e fundamentadas em argumentos, expressão
verbal adequada; avaliação das respostas elaboradas para solução de
problemas; conduta controlada, que diz respeito à mediação, realizada
pela cognição, que impede os atos impulsivos, entre outras funções.

SANTOS, Alex dos. Funções cognitivas (INPUT, elabora-


ção, OUTPUT). Youtube, 02/07/2018. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=tw92pBHaV_k>
FEUERSTEIN, Reuven; FEUERSTEIN, Refael; FALIK, Lou-
61
is H. Além da inteligência: aprendizagem mediada e a capacidade
de mudança do cérebro. Petrópolis: Vozes, 2014. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4437266/mod_resource/
content/1/Reuven%20Feuerstein_Al%C3%A9m%20da%20intelig%-
C3%AAncia.pdf>. Acesso em: 21 set. 2020.

As funções cognitivas são processos mentais envolvidos no


processo de aquisição de informações (externas ou internas ao orga-
nismo), processamento e raciocínio. A cognição emerge, portanto, do
cérebro e envolve o funcionamento integrado e coerente de diferentes
funções cognitivas. Entre elas, podemos citar: a atenção, a memória, a
linguagem e as funções executivas.
A atenção é uma função cognitiva que envolve a seleção de
informações, a definição de um alvo ou objetivo que será o foco da
atenção, enquanto uma série de outros estímulos ou dados serão pre-
teridos. A atenção pode ser definida como o direcionamento da consci-
ência, um estado de concentração direcionado à determinada atividade,
a objeto ou pessoa. Prestar atenção, como se costuma dizer, é uma
operação mental que envolve um foco (em um aspecto de um mesmo
objeto ou em um objeto) e a capacidade de manter-se concentrado, o
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

que exige esforço e motivação durante o período em que determinada


tarefa deve ser desempenhada (BOLFER, 2014; TANAKA, 2007). Três
fatores podem determinar a seleção de um estímulo: o volume de estí-
mulos, segundo o qual a atenção varia; a estabilidade do estímulo que
acaba por predomiar sobre os demais e que consiste na duração deste
estímulo dominante; as oscilações da atenção. A tenacidade consiste
na capacidade que o indivíduo tem para fixar sua atenção em determi-
nada atividade ou objeto e a vigilância é também apontada como pro-
priedade da atenção que permite que o foco de atenção varie entre dife-
rentes estímulos. Usualmente, os estudos sobre a atenção dividem-na
em três tipos. A atenção seletiva, ou focada, diz respeito à capacidade
de discriminar estímulos relevantes e irrelevantes, de selecionar, entre
diversos estímulos, aquele que será o foco; um estímulo de cada vez é
o foco da atenção seletiva. A atenção sustentada remete à capacidade
de manter o foco da atenção (seletiva) durante determinado tempo. A
atenção alternada refere-se à capacidade de alternar o foco da atenção
entre estímulos diferentes. A literatura também aponta outros dois tipos
de atenção: a voluntária e a involuntária. A atenção voluntária seleciona
os objetos que serão o foco da atenção e desconsidera os demais es-
tímulos ao redor que não receberão atenção. Segundo alguns teóricos,
a maturação da atenção voluntária se dá ao longo do desenvolvimento
infantil. Já a atenção involuntária é considerada parte do repertório com
62
o qual cada indivíduo nasce e consiste no direcionamento involuntário
ou automático da atenção a estímulos fortes, chamativos ou novos; por
exemplo, ao caminhar pela rua, o som da buzina de um carro faz com
que o pedestre olhe em direção ao carro.
O desenvolvimento não adequado da função cognitiva da aten-
ção pode resultar, por exemplo, em dificuldades de aprendizagem. O
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) tem como uma
das principais características fundamentais a dificuldade que a pessoa
apresenta em sustentar a atenção.
A memória diz respeito à organização de ideias e eventos que
aconteceram no passado. É a capacidade de adquirir, armazenar e recu-
perar/evocar informações disponíveis. A aquisição é a capacidade que os
seres vivos têm de tomar posse de conhecimentos, quer sejam motores,
cognitivos, psicológico ou cinestésicos. Para que se tenha um aquisição,
é necessário que os aparelhos de recepção e processamento de infor-
mações estejam funcionando adequadamente e que a informação apre-
sentada tenha valor para a pessoa, pois só assim poderá ser 'impressa'
e, posteriomente, fixada nas regiões de memória. De forma geral, arma-
zenamento é o ato ou efeito de guardar, juntar qualquer coisa em algum
lugar de forma que seja possível resgatá-la, consultá-la e/ou usá-la pos-

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


teriormente. A evocação é a capacidade que os seres vivos têm de bus-
car na memória, o que foi aquisição importante e, por isso, armazenado,
podendo agora ser trazido à tona para o uso que for necessário.

Estaríamos condenados a viver num presente estreitamente circunscrito, que


nem sequer reconheceríamos como nosso, pois sem memória dos aconteci-
mentos que deram forma à nossa vida, não pode haver sentido do eu. Este
sentimento de identidade pessoal assenta, evidentemente, na continuidade
das recordações que ligam o passado com o presente. (GLEITMAN; FRI-
DLUND; REISBERG, 2011, p. 343)

Existem três tipos de memórias, classificadas de acordo com o


tempo de duração. A memória imediata, também chamada de memória
de trabalho, tem uma duração muito curta; os conteúdos que estão nesta
plataforma de entrada, geralmente, não são transferidos para a plataforma
de memórias de longo prazo; são conteúdos que dizem respeito a even-
tos momentâneos que vêm a ser rapidamente esquecidos. Por exemplo,
mentalmente, organiza-se uma lista de itens que devem ser comprados
no supermercado; tão logo a compra é feita, a lista mental é esquecida. É
nessa plataforma em que é analisado se o conteúdo deverá ser esquecido
ou se será encaminhado para as memórias de curta ou longa duração.
Essas localizam-se nas mesmas regiões cerebrais, porém a memória de
curta duração dura até seis horas e é bioquimicamente mais simples do
63
que a memória de longa duração; essa implica alteração do funcionamento
cerebral, dura por períodos mais longos e, por vezes, durante toda a vida.
A passagem da informação que inicialmente esteve na plataforma da me-
mória de trabalho à memória de longo prazo depende da importância que
a informação tem para a pessoa, a frequência com que é repetida e se foi
adequadamente codificada na memória de longa duração.
A memória ainda pode ser classificada de acordo com seus
conteúdos. A memória declarativa ou explícita refere-se ao armaze-
namento de conhecimentos que podem ser declarados, que estão na
consciência da pessoa e que, por isso, podem ser controlados, ou seja,
a pessoa consegue decidir acessá-los e utilizá-los. A memória implícita
refere-se aos casos em que sofremos influência de eventos ou experi-
ências passados sem nos darmos conta de que estamos a relembrá-
-los. As memórias implícitas são insconscientes, armazenam um reper-
tório de habilidades e procedimentos (por exemplo, andar de bicicleta) e
são automáticas, ou seja, a influência que exercem foge ao controle da
pessoa (GLEITMAN; FRIDLUND; REISBERG, 2011).
Nas demências, por exemplo, na doença de Alzheimer, há uma
perda progressiva da memória. Inclusive, um dos sintomas iniciais e sutis
dessa doença neurodegenerativa costumam ser os lapsos de memória.
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

A linguagem é uma função utilizada por todos os seres huma-


nos. Segundo Descartes, essa é a função que distingue a espécie hu-
mana dos demais animais e, apesar de existirem diferentes idiomas, é
possível afirmar que todos compartilham características comuns. Por
exemplo, em todas as línguas, palavras organizadas em uma certa or-
dem formam frases e as frases são empregadas para organização e
comunicação de ideias. De acordo com Gleitman, Fridlund e Reisberg
(2011), a liguagem tem cinco propriedades essenciais: é criadora, ou
inovadora, é estruturada, é significativa, é referencial e é interpessoal
ou comunicativa. A propriedade de criação ou inovação refere-se ao
fato de que, apesar de cada pessoa ter um repertório limitado de pala-
vras, não há limite para todas as possibilidades de combinação entre
elas (criação), compondo frases novas, assim como novas formas de
expressão e/ou comunicação de ideias (inovação). A língua é altamen-
te estruturada porque segue princípios estruturais; essas não são as
regras ou normas gramaticais ensinadas na escola, que prescrevem
aquilo que é definido como sendo a forma correta de falar e de escrever,
mas são regularidades que todas as pessoas que não têm alguma per-
turbação na fala cumprem sem esforço e sem o treino formal realizado
pela escola. Por exemplo, todos dizem “a mesa” ao invés de dizerem
“mesa a”. Os princípios estruturais, ainda que inconscientes, orientam
a forma como a língua é usada, prevenindo que sejam comunicadas
64
palavras que quando estão desordenadas não compõem uma frase. A
linguagem é significativa porque cada palavra tem um significado, um
conceito, assim como as frases; nestas, o significado depende da forma
como as palavras foram ordenadas, ou seja, as mesmas palavras, de-
pendendo da sequência, podem comunicar significados diferentes. Por
exemplo, as palavras carro, ultrapassa e pedestre podem ser ordena-
das das seguintes formas: o carro ultrapassa o pedestre ou o pedestre
ultrapassa o carro. A linguagem também é referencial porque diz res-
peito (descreve, refere-se, etc.) a coisas, pessoas, eventos do mundo
real. Por último, a liguagem é interpessoal ou comunicativa, porque não
está restrita à individualidade; ela envolve o pensamento de diversas
pessoas e a comunicação entre pessoas e, por isso, é considerada uma
atividade social. Nesse sentido, a escolha das palavras e frases para
descrever uma situação ou objeto que existe no mundo real depende de
quem é o interlocutor da pessoa que pretende comunicar-se; o próprio
desenvolvimento da liguagem só é possível por meio da exposição à
liguagem, ou seja, através do contato com outras pessoas.
As perturbações da linguagem podem ser de origem neurobio-
lógica, genética ou mesmo decorrente de fatores ambientais, podem
também estar relacionadas a déficits de audição, aos quadros de atraso

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


mental e de autismo, a traumatismos cranioencefálicos, entre outros.
As funções executivas podem ser definidas como um conjunto
de habilidades que permitem à pessoa controlar de forma consciente e
deliberada ações, pensamentos e emoções. Quando as funções exe-
cutivas estão preservadas e funcionam de forma adequada, o indíviduo
é capaz de fazer escolhas, tomar decisões com independência e res-
ponsabilidade. São três as dimensões fundamentais das funções exe-
cutivas. A memória de trabalho já foi explicada anteriormente, contudo
é importante dizer que ela contempla dois conjuntos de habilidades: um
relacionado a representações verbais e o outro relacionado a conteúdos
não verbais, como representações auditivas, visuais, olfativas, gustati-
vas e táteis. O controle inibitório diz respeito à filtragem de pensamen-
tos e ao controle sobre a atenção e os comportamentos, de forma a
evitar distrações, por exemplo, graças ao controle inibitório, é possível
ler o jornal em um café, mesmo estando rodeado de diversos estímulos
(o vai e vem de pessoas, os sons do ambiente, etc.). Há um aspecto do
controle inibitório, chamado inibição cognitiva, que consiste em resistir a
pensamentos e lembranças que podem interferir no foco da atenção. O
autocontrole também faz parte do controle inibitório e remete à capaci-
dade de manter o domínio sobre os comportamentos, mesmo diante de
emoções e impulsos que, muitas vezes, apontam um caminho deseja-
do, mas contrário à alternativa de agir de forma mais segura ou menos
65
propensa a erros. A terceira dimensão fundamental das funções execu-
tivas é a flexibilidade cognitiva; essa permite que o indivíduo considere
diferentes aspectos envolvidos na tomada de uma decisão e, quando
necessário, mude de opinião/perspectiva, corrija erros e redirecione
suas decisões. Em decorrência da flexibilidade cognitiva os indivíduos
podem identificar erros cometidos, buscar outras formas de resolver os
problemas, adaptar-se a mudanças de prioridades. É considerado que,
a partir dessas três principais dimensões, são construídas outras, como
o raciocínio, o planejamento, a resolução de problemas, e também ha-
bilidades como a criatividade, o respeito mútuo, a flexibilidade, entre
outros (COSTA; LOUZADA; MACEDO; SANTOS, 2016).
A literatura aponta uma série de estudos que investigam as
alterações das funções cognitivas relacionadas a transtornos como o
TDAH, o transtorno bipolar, o autismo, entre outros.
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

66
QUESTÃO DE CONCURSO
QUESTÃO 1
Ano: 2019 Banca: IBADE Órgão: Prefeitura de Seringueiras - RO
Prova: Psicopedagogo
Para o atendimento psicopedagógico aos portadores de deficiên-
cia, é essencial que seja realizado um bom diagnóstico para a reali-
zação de intervenções. A característica fundamental da deficiência
intelectual é o significativo prejuízo cognitivo. As funções cog-
nitivas correspondem à capacidade de aprender e compreender,
sendo funções superiores que se estabelecem a partir do sistema
nervoso central.
a) Linguagem - aquisição da informação – percepção - memória - racio-
cínio - pensamento.
b) Retórica - aquisição da informação – argumentação - memória - ra-
ciocínio - pensamento.
c) Retórica – elaboração de conteúdo – percepção - memória - raciocí-
nio - pensamento.
d) Linguagem - argumentação – percepção - memória - raciocínio - pen-
samento.

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


e) Linguagem – elaboração de conteúdo – percepção - memória - racio-
cínio - pensamento.

QUESTÃO 2
Ano: 2019 Banca: COSEAC Órgão: UFF Prova: Psicólogo - Clínica
No que se refere à avaliação das funções cognitivas em adultos,
Oliveira e Silva indicam que a cognição é compreendida como um
conjunto de funções mentais que envolvem aquisição, armazena-
mento, retenção e uso do conhecimento. Estas funções incluem:
a) Sensação, atenção, percepção, memória, linguagem e funcionamen-
to executivo.
b) Inteligência, sensação, percepção, memória, linguagem e funciona-
mento executivo.
c) Inteligência, atenção, sensação, memória, linguagem e funcionamen-
to executivo.
d) Inteligência, atenção, percepção, memória, sensação e funciona-
mento executivo.
e) Inteligência, atenção, percepção, memória, linguagem e funciona-
mento executivo.

QUESTÃO 3
Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TRE-BA Prova: Psi-
67
cologia
Caso clínico 9A1AAA
Uma criança de seis anos de idade foi levada pela mãe para ava-
liação psicológica por apresentar enurese noturna, ansiedade,
compulsão alimentar, insônia, baixo rendimento escolar e medo
de pássaros, de acordo com o relato materno. O pai da criança não
quis acompanhá-las na consulta porque se posicionou contra a
intervenção psicológica.
Na escolha da técnica de entrevista adequada para a anamnese da pa-
ciente do caso clínico 9A1AAA, o psicólogo deve evitar a entrevista:
a) De livre estruturação, pois crianças tendem a omitir informações
quando os pais estão presentes.
b) Estruturada, devido a sua baixa aplicabilidade clínica, já que não con-
sidera suficientemente as demandas do paciente.
c) Semiestruturada, porque ela dificulta a aplicação de testes psicológi-
cos, procedimento ideal para o caso em questão.
d) De triagem, devido à tenra idade da paciente.
e) De triagem, por ser irrelevante para a decisão acerca da intervenção
a ser adotada no caso.
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

QUESTÃO 4
Ano: 2019 Banca: EDUCA Órgão: Prefeitura de Várzea - PB Prova:
Psicólogo Educacional
A Terapia Comportamental (TC) preocupa-se, inicialmente, em rea-
lizar uma avaliação detalhada dos problemas do paciente: quais os
sintomas, as condições que determinam seu aparecimento, seus
antecedentes e suas consequências, bem como eventuais desen-
cadeantes. São avaliadas ainda as situações nas quais se manifes-
tam os fatores que auxiliam a mantê-los (atitudes reforçadoras do
ambiente familiar), as cognições (pensamentos automáticos) que os
acompanham, os mecanismos desenvolvidos pelo paciente para di-
minuir a ansiedade (ex. evitação, realização de rituais). A TC exige
do paciente uma alta motivação para aderir ao tratamento, expor-se
a situações provocadoras de ansiedade e uma boa aliança para levar
adiante tarefas estabelecidas em comum acordo com o terapeuta.
Qual das contraindicações da Teoria Comportamental é falsa:
a) Depressão severa.
b) Dependência de drogas (alcoolismo, nicotina e outras drogas).
c) Em pacientes que não toleram o aumento dos níveis de ansiedade.
d) Personalidade esquizoide.
e) Uso concomitante de benzodiazepínicos ou do álcool.

68
QUESTÃO 5
Ano: 2019 Banca: Quadrix Órgão: Prefeitura de Jataí - GO Prova:
Psicólogo
Um terapeuta cognitivo que recebe um paciente com sintomas de
depressão clínica visa auxiliar o paciente na mudança de crenças e
comportamentos relacionados a seus estados de humor. As estra-
tégias terapêuticas são, geralmente, concebidas em fases. Assina-
le a alternativa que apresenta a(s) fase(s) da estratégia terapêutica
para o tratamento da depressão.
a) Foco no estilo relacional do paciente e nos pensamentos positivos.
b) Tomada de consciência e treinamento comportamental.
c) Mudança de comportamentos deprimidos.
d) Foco em pensamentos e esquemas relacionados à depressão, foco
no estilo pessoal de relacionamento e mudança de comportamentos.
e) Foco em pensamentos depressivos e positivos.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Explique o que são as funções cognitivas e cite 3 exemplos.

TREINO INÉDITO

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


Para que o ato de recordar seja bem-sucedido, três etapas devem
funcionar de forma adequada. As três etapas são:
a) INPUT, elaboração e OUTPUT.
b) Memória de trabalho, memória de curto prazo e memória de longo
prazo.
c) Atenção, linguagem e funções cognitivas.
d) Aquisição, armazenamento e evocação.
e) Identificação das cognições distorcidas, avaliação e modificação.

NA MÍDIA
TDAH: TRANSTORNO APARECE NA INFÂNCIA E ACOMPANHA A
PESSOA POR TODA A VIDA
A notícia publicada no Blog da Saúde, do Ministério da Saúde, chama
a atenção para o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperativida-
de (TDAH), que, segundo a Associação Brasileira de Déficit de Aten-
ção, acomete de 3% a 5% de crianças em idade escolar. É noticiada a
importância de que um correto diagnóstico seja feito a fim de que um
adequado tratamento multiprofissional possa ser iniciado, possibilitan-
do à criança viver bem nos diferentes ambientes (escolar, em casa, no
lazer) que fazem parte de sua vida. Conforme apresentado no capítulo,
a atenção é uma das funções cognitivas, seu funcionamento baseia-se
em mecanismos neurológicos inatos e involuntários e, gradativamente,
69
pode ser submetida ao controle voluntário, existem diferentes tipos de
atenção, assim como patologias da atenção, entre as quais o TDAH,
transtorno que tem como uma das principais características a dificulda-
de em manter a atenção.
Fonte: Blog da Saúde - Ministério da Saúde.
Data: 13 ago. 2019
Leia a notícia na íntegra: TINÉ, Luíza. TDAH: transtorno aparece na
infância e acompanha a pessoa por toda a vida. Blog da Saúde – Minis-
tério da Saúde, 13/08/19. Disponível em:
<http://www.blog.saude.gov.br/index.php/promocao-da-saude/53946-t-
dah-transtorno-aparece-na-infancia-mas-acompanha-a-pessoa-por-to-
da-a-vida>. Acesso em: 07 out. 2020.

NA PRÁTICA
Nos hospitais brasileiros, torna-se cada vez mais frequente a presença
de psicólogos clínicos nas equipes multiprofissionais. Nesse contexto
de atuação, os psicólogos intervêm com pacientes e seus respectivos
familiares durante o período de internação. Muitas vezes, nos atendi-
mentos psicológicos, o sofrimento psíquico aparece não apenas relacio-
nado com a doença física que o paciente apresenta e que é o motivo de
sua internação, mas também decorrente de transtornos mentais que já
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

fazem parte do histórico de vida do paciente, por exemplo, transtornos


depressivos, transtornos do pânico, dependências químicas, entre ou-
tros. Nesses casos, a intervenção psicológica é fundamental por alguns
motivos: o adoecimento físico e o contexto de internação, que envol-
vem a novidade de uma doença física, a necessidade de tratamento,
o afastamento de casa, de amigos e familiares, podem, muitas vezes,
agravar os transtornos mentais; o tratamento do adoecimento físico
pode demandar que as medicações psiquiátricas (no caso de pacientes
que fazem tratamento farmacológico) tenham suas doses reajustadas
ou que sejam substituídas, o que pode ter efeitos colaterais físicos e
emocionais. Nesse contexto de importante vulnerabilidade física e emo-
cional do paciente, o psicólogo, muitas vezes, é solicitado e, baseado
no aporte teórico e técnico das terapias cognitivo-comportamentais, en-
contra possibilidades de trabalhar com as cognições distorcidas que os
pacientes apresentam; muitas vezes, as distorções estão relacionadas
com os transtornos psiquiátricos, já nos casos de pacientes que não
têm histórico de doença mental, as cognições distorcidas podem es-
tar relacionadas com o contexto de adoecimento e de internação. Em
ambos os casos, a intervenção psicológica contribui para a melhora do
estado geral do paciente e para a sua implicação no tratamento.

70
PARA SABER MAIS
Filme: Para sempre Alice (2015).
Filme: O menino selvagem (1970).

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

71
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSO

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

Apesar de existirem diversas abordagens de terapias cognitivo-compor-


tamentais, alguns princípios fundamentais guiam-nas e delimitam o seu
espaço teórico, metodológico e técnico. Tais proposições fundamentais
são: a cognição (ou atividade cognitiva) é a mediadora das respostas que
o indivíduo dá ao seu ambiente e define se essas são bem ajustadas/
funcionais ou não. Dito de outra forma, a atividade cognitiva afeta as emo-
ções e o comportamento; a cognição pode ser monitorada e modificada;
a mudança no estado emocional ou comportamental pode ser alcançada
através da modificação cognitiva. Já as características técnicas princi-
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

pais das TCCs seguem uma orientação teórica, são diretivas e focadas
em problemas específicos, têm como foco o “aqui e agora” e trabalham
questões/problemas acessíveis ao paciente, ou seja, que estão no nível
da consciência, são colaborativas, o que significa que terapeuta e pacien-
te têm um papel ativo durante todo o processo terapêutico, têm duração
limitada; são educativas e têm o objetivo de tornar o paciente capaz de
utilizar as habilidades aprendidas e as soluções construídas em outros
tipos de problemas que vierem a surgir em sua vida.

TREINO INÉDITO
Gabarito: C

72
CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSO

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

O modelo comportamental refere-se a uma abordagem teórico-meto-


dológica cuja essência está na relação entre um estímulo (interno, ex-
terno / físico, social) e uma resposta. A ênfase é colocada no ambiente
e na aprendizagem e o ser humano é estudado de forma objetiva e a
partir do exterior. No behaviorismo mais radical, o interesse exclusivo
está nos comportamentos que são manifestos e, portanto, observáveis,
de forma que os processos internos psíquicos não são abordados. As
formas de aprendizagens por meio das quais os organismos (huma-
nos, animais) expandem o seu repertório de comportamentos ou res-
postas são o condicionamento clássico e o condicionamento operante.
No condicionamento clássico, um estímulo, até então neutro, passa a
ser associado a um estímulo incondicionado e o que o organismo deve

INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


aprender é a relação entre os dois; no condicionamento operante, um
reforço é dado ao organismo apenas quando ele emite uma resposta
determinada e, assim, ele deve aprender a relação que existe entre a
sua resposta e o reforço. O modelo cognitivo tem como foco principal
a atividade cognitiva e parte do princípio segundo o qual estados emo-
cionais e padrões comportamentais são mantidos ou intensificados pela
forma como o indivíduo pensa o mundo que o cerca. Quando tal forma
de ver, pensar, interpretar as situações de vida não é condizente com
as evidências que a realidade aponta, a atividade cognitiva é conside-
rada disfuncional/destorcida e influência para o surgimento de emoções
e comportamentos também disfuncionais. A cognição é, portanto, con-
siderada mediadora das respostas comportamentais e emocionais e,
quando é modificada, repercute nos comportamentos e emoções. Os
conceitos básicos empregados no modelo cognitivo são: pensamento
automático, crenças centrais e adjacentes, e esquema.

TREINO INÉDITO
Gabarito: C

73
CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSO

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO


DE RESPOSTA

As funções cognitivas são processos mentais envolvidos na aquisição


de informações (externas ou internas ao organismo), no processamento
de tais informações e no racioncínio. Três exemplos de funções cogniti-
vas são a memória, a linguagem e as funções cognitivas.

TREINO INÉDITO
Gabarito: D
INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS

74
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual diagnósti-
co e estatístico de transtornos mentais (DSM-5). Porto Alegre: Artmed,
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INTRODUÇÃO E CONCEITOS DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL - GRUPO PROMINAS


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75
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